Apresentação de um Plano de Gestão de Resíduos Sólidos: um estudo de caso em uma empresa de serviço do ramo de malharia

June 19, 2017 | Autor: Elon Vieira Lima | Categoria: Sustentabilidade, Gestão de resíduos industriais
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APRESENTAÇÃO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE SERVIÇO DO RAMO DE MALHARIA. FRANCISCA ROGÉRIA DA SILVA LIMA - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHAO- UEMA ELON VIEIRA LIMA - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA DANIELE DA SILVA DUTRA - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO ALLISON PIRES DOS SANTOS - [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA Resumo:

HÁ ALGUMAS DÉCADAS, A GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PELAS EMPRESAS ERA ENTENDIDA COMO UMA CONSEQUÊNCIA INEVITÁVEL NOS PROCESSOS INDUSTRIAIS, PORÉM COM O PASSAR DO TEMPO, GRUPOS AMBIENTALISTAS ALIADOS ÀS EMPRESAS COMEÇARAM A DEMONSTRAR UMA PREEOCUPAÇÃO PARA COM ESTE ASSUNTO E BUSCAM ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE AÇÕES EFETIVAS, MINIMIZAR OS IMPACTOS AMBIENTAIS E CONSERVAR O MEIO AMBIENTE, ATRAVÉS DA REDUÇÃO OU ELIMINAÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. SENDO ASSIM ESTE ARTIGO TEM COMO OBJETIVO PROPOR UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA MALHARIA, LOCALIZADA NA CIDADE DE SÃO LUÍS/MA. A METODOLOGIA APLICADA FOI O LEVANTAMENTO DE DADOS, ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO E OBSERVAÇÃO DO LOCAL, ATRAVÉS DE VISITAS. DESTA FORMA, FOI FEITA A CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS PELA EMPRESA, E A PROPOSIÇÃO DE POSSÍVEIS SOLUÇÕES DE COLETA, MANEJO, ARMAZENAMENTO, TRANSPORTE E DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS GERADOS NESTE LOCAL. APÓS A ELABORAÇÃO DESTE ESTUDO DE CASO, CONCLUIU-SE QUE UM BOM GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS NAS EMPRESAS PODEM TRAZER BENEFÍCIOS, TAIS COMO REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS E CUSTOS NO PROCESSO PRODUTIVO E AMPLIAÇÃO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS POR PARTE DOS SEUS GESTORES, COLABORADORES E CLIENTES.

Palavras-chaves: IMPACTOS AMBIENTAIS, PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, MALHARIA, PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS. Área:

9 - GESTÃO AMBIENTAL

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Sub-Área: 9.4 - GESTÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS E PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO

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PRESENTATION OF A SOLID WASTE MANAGEMENT PLAN: A CASE STUDY IN A KNITTING COMPANY. Abstract: A FEW DECADES AGO, THE GENERATION OF SOLID WASTE BY THE COMPANIES WAS SEEN AS AN INEVITABLE CONSEQUENCE OF INDUSTRIAL PROCESSES, BUT OVER TIME, COMBINED ENVIRONMENTAL GROUPS TO COMPANIES BEGAN TO DEMONSTRATE A CONCERN FOR THIS ISSUE AND SEEEK BY CONDUCTING EFFECTIVE ACTIONS , MINIMIZE ENVIRONMENTAL IMPACTS AND PRESERVE THE ENVIRONMENT BY REDUCING OR ELIMINATING THE GENERATION OF SOLID WASTE.THUS, THIS ARTICLE AIMS TO PROPOSE A PLAN OF SOLID WASTE MANAGEMENT IN A KNITTING, LOCATED IN SÃO LUÍS / MA. THE METHODOLOGY APPLIED WAS THE SURVEY DATA, BY APPLYING QUESTIONNAIRE AND OBSERVATION OF THE PLACE, THROUGH VISITS. THUS, IT WAS DONE THE CHARACTERIZATION OF THE WASTE GENERATED BY THE COMPANY, AND TO PROPOSE POSSIBLE SOLUTIONS COLLECTING, HANDLING, STORAGE, TRANSPORT AND DISPOSAL OF WASTE GENERATED AT THIS LOCATION. AFTER THE PREPARATION OF THIS CASE STUDY, IT WAS CONCLUDED THAT A GOOD MANAGEMENT OF THE WASTE GENERATED IN BUSINESS CAN BRING BENEFITS, SUCH AS REDUCING WASTE AND COSTS IN THE PRODUCTION PROCESS AND EXPANSION OF SUSTAINABLE PRACTICES BY ITS MANAGERS, EMPLOYEES AND CUSTOMERS. Keyword: ENVIRONMENTAL IMPACTS , SOLID WASTE MANAGEMENT PLAN, KNITTING, SUSTAINABLE PRACTICES.

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1. Introdução Qualquer atividade humana, principalmente no âmbito das empresas, apresenta aspetos ambientais, que podem acarretar em impactos. Com o aumento da extração em grande quantidade de insumos da natureza para a produção dos seus bens que serão destinados à população, os recursos naturais estão ficando cada vez mais escassos. Porém, a maioria das empresas, especialmente as de pequeno porte, ainda não despertou para uma maior consciência ambiental. Um dos principais desafios da sociedade contemporânea é como proceder corretamente com os resíduos sólidos gerados. Neste contexto, o ramo de malharias (assim como a maior parte da industrial têxtil de pequeno porte) não se atenta para a diminuição da geração de resíduos ou o descarte correto destes materiais porque o controle ambiental não é um fator que afeta diretamente sua competitividade. Sendo assim, o objetivo do artigo é propor um plano de gerenciamento de resíduos sólidos em uma empresa do ramo de malharia na capital São Luís/MA, através da caracterização da empresa participante deste estudo de caso, assim como a identificação dos resíduos gerados no processo produtivo da malharia, classificando-os quanto sua ameaça, grau de risco e contaminação do meio ambiente, e por fim, determinando como deve ser os procedimentos de: coletas, transporte, alocação e destino final dos materiais que restaram após uma ação ou processo produtivo.

2. Ramo Malharia e seus Impactos Ambientais A Confederação Nacional da Indústria (2012) ressalta que dentro da atividade têxtil, o segmento de malharia é um dos mais antigos, remontando sua origem ao processo manual de tricotagem. Esse setor é uma atividade empresarial que pertence à cadeia produtiva têxtil e de confecções, de grande importância sob o aspecto econômico para muitos países por ser grande empregadora de mão de obra, além de não exigir profundo conhecimento tecnológico para ser operada. Esta é a razão pela qual é uma atividade típica de pequenos negócios, tanto formais como informais. Já (ROMERO, 2015) ressalta que o ambiente de competitividade das empresas têxteis e de confecção brasileiras está se ampliando, como já vinha ocorrendo em todos os setores e em todo o mundo como resultado do processo de globalização. Esta ampliação introduz, paulatinamente, novas espécies organizacionais, mais diversificadas e bem adaptadas às condições da nova ordem econômica. Além do crescimento substancial desse ramo

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acompanhado com a evolução do tempo e das exigências do mercado, é necessária uma preocupação com o que é gerado na indústria têxtil. Como a maioria das atividades, com a destinação incorreta de produtos e utensílios, o processo de fabricação em uma malharia, pode contribuir com a degradação do meio ambiente. Dos principais produtos fabricados na malharia em estudo (abadás, fardamentos, banners e adesivos) geram-se retalhos de tecidos, tintas, colas, agulhas inutilizáveis, cartuchos e entre outros. De acordo com o que é descartado na malharia, foi possível destacar os principais impactos ambientais relacionados ao descarte incorreto dos resíduos, conforme Tabela 1. Tabela 1 – Relação do descarte incorreto dos resíduos e seu impacto gerado ao meio ambiente Resíduos Sólidos

Impacto Gerado

Por serem feitas de um derivado do aço, esse material tem um longo período de decomposição, além de proporcionar um grande perigo para quem efetua seu recolhimento, pois são objetos pontiagudos e oferecem perigo direto se não tomadas medidas de segurança adequadas. Esse tipo de resíduo não deve ser depositado diretamente ao solo, pois com a chuva os Retalhos de produtos químicos ali existentes, migram e infiltram-se no solo contaminando lençóis freáticos Malha ou córregos, além de condenar parte do terreno utilizado para deposito deste material. Caixas de Esses resíduos não oferecem risco ao meio ambiente, por se tratar de um material que tem fio e cones origem na celulose, que além de se decompor facilmente ainda serve como adubo. de papelão Utilizados para envolver as rocas de fios têm um tempo de decomposição maior, mais também Sacos não é considerado diretamente como um poluente, o que pode ocasionar além de prejudicar a Plásticos estética do ambiente seria entupimento de bocas de lobo e canalizações. Cartuchos As tintas contidas nos cartuchos das impressoras possuem quantidades significativas de metais. Quando dispostas em um ambiente qualquer, estarão sob o efeito do clima e do intemperismo, de Impressão podendo contaminar o solo e o lençol freático. Agulhas

3. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) Os planos de gerenciamento de resíduos sólidos são instrumentos previstos na Lei Nº 12.305/2010, conhecida como a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS (BRASIL, 2010). Neles devem conter as ações a serem desenvolvidas para realizar a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, tais como: a viabilidade de alternativas, estabelecendo ações integradas e diretrizes sob os aspectos ambientais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais. A PNRS abrange novos métodos de gestão dos resíduos, enfatizando conceitos como a Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos. A expressão “gestão integrada” engloba práticas, procedimentos e processos aderidos por empresas, ocasionando na união de gestões que amplie o conhecimento constitucional, devendo estar em função de países e municípios (NUNESMAIA, 2002).

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No geral, verifica-se que há a necessidade de ações diversas, que caracterizam o gerenciamento dos resíduos sólidos gerados nas unidades industriais de qualquer porte. A questão dos resíduos industriais está intimamente relacionada, além da reciclagem e reuso (FERREIRA, 2000): a) minimização na geração, que contempla, desde mudanças nas matérias primas, até o desenvolvimento de novos produtos com tecnologias mais limpas; b) produtos que, após o consumo, gerem menos resíduos ou que gerem produtos menos agressivos ao ambiente; c) legislação sobre embalagens de produtos que responsabilizem os produtores, utilizando-se o princípio do poluidor-pagador, com mudanças que diminuam o impacto ambiental das embalagens. A elaboração do PGRS deste trabalho foi baseada a partir do fluxograma representado na Figura 1.

Figura 1 – Etapas a serem seguidas para elaboração do PGRS na malharia

O PGRS deve envolver, após a caracterização (classificação, quantificação) dos resíduos na fonte geradora, o manuseio, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, reuso ou reciclagem, tratamento e disposição final adequados, de acordo com as características e classe de cada resíduo identificado. Gera-se assim um plano estruturado com metas e prazos definidos, as empresas podem se organizar para alcançar melhorias contínuas no gerenciamento dos resíduos (FIGUEIREDO, 2012).

4. Metodologia O presente trabalho é caracterizado como uma pesquisa exploratória, pois, segundo Gil (2002), proporciona maiores informações sobre o assunto que se vai investigar, assumindo a forma de um estudo de caso.

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É também uma pesquisa do tipo descritiva, onde é realizada a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou então, o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 2002). O procedimento adotado foi a visita ao empreendimento, com observações diretas e conversas informais com os funcionários e proprietário do estabelecimento, assim como a aplicação de questionário. Foi feita a caracterização dos resíduos produzidos de acordo com a Norma ABNT NBR 10.004 (ABNT, 2004), que dispõe sobre a classificação dos resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública para que possam ser gerenciados adequadamente. Esta norma classifica os resíduos em: Perigosos (Classe I), Não Perigosos (Classe II), Não Perigosos Não Inertes (Classe II A), Não Perigosos Inertes (Classe II B). Feito a caracterização na organização, irá se propor soluções para seu manejo, coleta, armazenamento e disposição final conforme recomendado na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Foi realizado o mapeamento da área do estabelecimento para uma possível mudança de layout e realizada a quantificação dos resíduos gerados semanalmente.

5. Estudo de Caso: Ponto 300 Malharia. 5.1. A empresa A empresa escolhida é uma malharia, localizada na Avenida Lourenço Vieira da Silva, 7- Jardim São Cristóvão, São Luís-MA e que já se apresenta estabilizada no mercado. Trata-se de uma microempresa, denominada “Ponto 300 Malharia”, que iniciou as suas atividades a partir de 2014, mas já possui um grande destaque no ramo de malharias do Maranhão, ganhando contratos exclusivos com grandes grupos, como por exemplo: SESC, SAMPAIO CORRÊA e MOTO CLUBE. Esta empresa também presta serviços no ramo de serigrafia e sublimação. Seu quadro atual é de 20 funcionários, (8 homens e 12 mulheres) e foi escolhida, pois atualmente a mesma não apresenta um plano de gerenciamento dos resíduos que produz, já que o manejo, armazenamento, coleta e descarte final dos resíduos não eram feitos de forma adequada. A maioria dos resíduos não era destinada de maneira adequada e o fato de ser uma empresa pequena, o estudo não focalizou em um setor específico, mas na empresa como um todo, devido à geração mútua dos mesmos resíduos. Em relação às características da empresa, a mesma apresenta uma área de 480 m² como apresentado na Figura 2. A partir da planta da empresa, podemos mapear em quais etapas são gerados os resíduos, levando em conta a classificação da NBR 10.004.

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Figura 2: Layout da Ponto 300 Malharia

5.2 Caracterização dos Resíduos O primeiro passo para o gerenciamento de resíduos para qualquer tipo de organização é fazer a caracterização dos resíduos, de acordo com a Norma ABNT NBR 10.004:2004, e quais os seus respectivos tipos de tratamento. Os retalhos de tecidos geralmente são descartados no lixo convencional, na qual são provenientes da mesa de corte e área de costura. Tratando-se o de maior volume e de maior desperdício, classificando-o como inerte. Na serigrafia é utilizada tinta à base de água, onde sua utilização é de total consumo. Na sublimação, usa-se um papel com tinta à base de solvente para fazer a estampa, logo, gera-se uma grande quantidade de resíduo de papel. Nessa situação a empresa, começou a disponibilizar o papel para o programa ECOCEMAR da CEMAR (Companhia Energética do Maranhão), que promove a troca de lixo reciclável por bônus na conta de energia elétrica dos consumidores. Os cartuchos provenientes da sala da direção e de arte são descartados no lixo comum junto ao papel e lixo da empresa sem nenhum tratamento adequado, mesmo com um descarte em pequena quantidade, porém aumentando essa quantidade em períodos de alta produção. Outro descarte perigoso é o de agulhas inutilizáveis, oriundos das máquinas de costura, onde existe o risco eminente de perfuração no ato do recolhimento. Em uma quantidade considerável, linhas e tubos plásticos são descartados no lixo normal, perdendo a possibilidade de ser reaproveitado e reciclado. Plásticos de embalagens são descartados também no mesmo destino. A empresa disponibiliza almoço, gerando lixo orgânico que é depositado no lixo comum. Não ocorre nenhum tipo de tratamento e/ou separação dos resíduos na organização. A coleta é realizada pela empresa de recolhimento da cidade de São Luís, que passa dias de

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terça, quinta e sábado. Entretanto, diariamente os resíduos da empresa são estocados temporariamente em um corredor no lado externo da empresa. A Tabela 2 mostra a quantidade gerada por semana, que foi estimada de acordo com as informações do proprietário, e a classificação dos resíduos. Tabela 2: Quantidade semanal produzida de resíduos sólidos Tipo de residuo

Classe

Quantidade/ AcondicionaVolume mento

Tratamento adotado

Responsável

Receptor

Destino

Malhas

II-B

50kg

Lixo Comum

Disposição Final

Ponto 300 Malharia

Limpel

Aterro

Linhas

II-B

5kg

Lixo Comum

Disposição Final

Ponto 300 Malharia

Limpel

Aterro

Papel e Papelão

II-B

20kg

Lixo Comum

Disposição Final

Ponto 300 Malharia

Limpel

Aterro

Plásticos

II-B

10kg

Lixo Comum

Disposição Final

Ponto 300 Malharia

Limpel

Aterro

Cartuchos

I

2 und

Lixo Comum

Disposição Final

Ponto 300 Malharia

Limpel

Aterro

Material Orgânico

II-A

15kg

Lixo Comum

Disposição Final

Ponto 300 Malharia

Limpel

Aterro

6 Plano de Gerenciamento de Resíduos 6.1 Segregação e Estocagem Temporária. O segundo passo é a segregação onde houve a separação dos resíduos de modo apresentado no Quadro 1, de acordo com de acordo com Norma ABNT NBR 10.004:2004 e Resolução da Diretoria Colegiada- ANVISA - RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004.

RECICLÁVEL

NÃO RECICLÁVEL

PERIGOSO

Retalhos de tecidos, papéis usados na sublimação, papelão, plástico e material orgânico.

Linha, cola.

Cartuchos, agulhas inutilizáveis

Quadro 1: Segregação de Resíduos

Todos os resíduos gerados na empresa devem passar por uma triagem, separando-os de acordo com a sua classificação: Reciclável, Não Reciclável e Perigoso, para facilitar a coleta e a disposição. O acondicionamento é fundamental para a coleta adequada dos resíduos. É importante para o acondicionamento um recipiente que possa assegurar a reciclagem do resíduo de modo a não danificá-lo. Observou-se que a empresa apresenta um modelo de recipiente adequado

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para o acondicionamento dos materiais não recicláveis. Como os retalhos de malhas e os papéis gerados no processo de sublimação possuem grande volume, ambos possuirão recipientes diferentes e maiores para o seu descarte. Papéis gerados em outras atividades e plásticos terão recipientes de plásticos azul e vermelho respectivamente. Os cartuchos são materiais perigosos e devem ser cuidadosamente manuseados, pois contêm solventes tóxicos prejudiciais à saúde humana. O recipiente para acondicioná-lo deve ser seguro, por esta razão recomendou-se o uso de um container de plástico de 20 litros com tampa que trava, fundamental para fechá-lo corretamente. E quanto às agulhas, devem ser descartadas separadamente e sinalizadas na embalagem de descarte que é um material perfurocortante, para evitar acidentes no recolhimento da Limpel. A quantidade de matéria orgânica gerada foi considerado pequena, desta forma não é necessário realizar a compostagem, podendo ser depositada no coletor para “lixo comum”. O correto manuseio dos recipientes com sacos adequados para acondicionar os resíduos, deve ser observado. De acordo com a Resolução CONAMA nº 275 de 25 de abril de 2001, que estabelece o código de cores para diferentes tipos de resíduos, ficou definido o uso de sacos de polietileno com as cores estabelecidas. Aplicando à empresa o único diferencial que será a compra de sacos azuis para o papel e vermelho para os plásticos. A localização da disposição dos recipientes na empresa encontra-se na Figura 3.

Figura 3: Acondicionamento dos Resíduos.

A Estocagem temporária é o local onde os resíduos ficam acondicionados até o momento da coleta e destinação. Assim, para evitar a proliferação de insetos e a propagação de fogo (em caso de incêndios), essa estocagem deve ser feita no lado exterior do galpão (Figura 4).

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Figura 4: Estocagem Temporária.

6.2 Programa dos 3 R’s (Redução, Reutilização e Reciclagem). O Programa 3 R’s (redução, reutilização e reciclagem ) é uma ferramenta das gestão de resíduos sólidos. A elaboração do trabalho permitiu constatar que a maioria dos resíduos gerados pela empresa tem forte potencial de reuso e reciclagem. Para o papel A4 é possível usar as duas páginas da folha e se a impressão comum ou fotocópia possuir algum defeito, não descartá-las, mas utilizar como rascunho. Caso haja grande quantidade de papel, sendo maior do que o necessário para uso da própria empresa, a mesma pode doar o material para fabricação de artesanato ou uso em ONGs. Constatou-se que outro resíduo produzido em grande quantidade é o plástico, sendo produzidos 10 kg por semana. A conscientização ambiental é a melhor ferramenta para combater tal prática, sugerindo-se sensibilização e capacitação dos funcionários, no que diz respeito a redução do consumo de material plástico na malharia, tais como a utilização de copo descartável. Além destes, para diminuição da quantidade do consumo de cartuchos, seria possível utilizar a impressora em modo rascunho para impressões comum simples em papel A4 e quando chegar a tinta dele ao fim, reabastecê-los na medida do possível e não descartá-los no lixo comum. Em um estudo mais detalhado, poderia se avaliar a redução de resíduos na malharia, pois iria diminuir a quantidade dos mesmos gerados pela atividade e ainda ocorreria uma redução de custos com esse material.

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6.3 Coleta e Transporte Interno e Externo Dos Resíduos Como a empresa possui apenas um andar, é fundamental um manuseio seguro no transporte para área de estocagem temporária. Em relação ao manuseio, esse será manual devido ao limite de tecnologia aplicada. Para isso, devem ser usadas luvas e sacolas menores em todos os recipientes para facilitar o deslocamento. No transporte de malhas é aconselhado o uso de sacolas maiores, devido seu descarte ser maior. Caso haja vazamento de líquido perigoso durante o trajeto, é fundamental a imediata lavagem da área atingida, bem como a imediata substituição do recipiente por outro mais resistente. É de fundamental importância o uso de equipamentos de segurança com intuito de prevenir contatos que venham a causar danos à saúde humana. Os recipientes podem apresentar um forro de papel ou de plástico para que se evite o vazamento. Os reservatórios com resíduos orgânicos devem ser higienizados após o descarregamento do resíduo para evitar a contaminação do lixo por rejeitos de outro processo, e a proliferação de vetores, principalmente roedores, no caso dos orgânicos. É fundamental o uso de desinfetante e produtos naqueles, a fim de garantir uma limpeza que venha a se eliminar o risco. A Figura 5 demonstra a rota dos resíduos a ser seguido dentro da malharia.

Figura 5 – Rota dos Resíduos

6.4 Tratamento / Destinação Final Para orientar qual o tratamento adequado aos resíduos gerados, foi realizado o levantamento das normas vigentes relacionadas a eles e qual a situação da empresa perante as mesmas (Tabela 3), quanto a aplicabilidade ou não. Entende-se como aplicável aquele resíduo que a empresa produz em grande quantidade e o tratamento pode ser feito de forma satisfatória pela própria empresa. Neste caso, o único não aplicável é a matéria orgânica, que é gerada pela malharia em quantidade muito pequena.

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Tabela 3 – Tratamento Adequado Conforme legislação RESÍDUO

TRATAMENTO

NORMA

SITUAÇÃO

Papel de sublimação, papel de escritório, papelão.

Reciclagem e Reuso

Resolução CONAMA nº275 de 25 de abril de 2001.

Aplicável a empresa.

Retalhos de Tecidos

Reciclagem e Reuso

Resolução CONAMA nº275 de 25 de abril de 2001.

Aplicável a empresa.

Plásticos

Reciclagem e Reuso

Resolução CONAMA nº275 de 25 de abril de 2001.

Aplicável a empresa.

Matéria Orgânica

Compostagem

ABNT NBR 13591:1996

Não Aplicável a empresa

Agulhas Inutilizáveis

Embalagem especial para descarte

Aplicável a empresa.

Cartuchos

Reciclagem pela empresa.

Aplicável a empresa.

Os resíduos provenientes da sala da direção, sala de arte (impressão, papel branco, folhetos, papelão) não precisam de tratamento prévio. Sugere-se segregá-los dos demais para serem encaminhados a reciclagem por meio das cooperativas existentes. O mesmo pode ser feito com os plásticos, retalhos de tecidos. Os papéis com tinta e sublimação podem ser encaminhados para organizações para servir de matéria prima de produtos artesanais, sendo assim, reciclados. Já os cartuchos podem ser realimentados e reutilizados no processo. Se reduzindo consideravelmente o valor da compra de um novo cartucho. Os resíduos de matéria orgânica são poucos, assim, sua destinação final é o aterro sanitário, encaminhado pela empresa coletora da cidade, a Limpel, que realiza coleta a cada três dias. A Tabela 4 demonstra os locais corretos para a destinação final dos resíduos caracterizados e, como é possível visualizar na mesma, não são todos aplicáveis a realidade da empresa, pois são gerados pela malharia em quantidade muito pequena, além disso não compete a própria empresa realizar a incineração do papel com tinta ou a compostagem da matéria orgânica.

Tabela 4 – Destinação Final Adequada RESÍDUO

DESTINAÇÃO

Papeis (escritório, sublimação, Usinas de Reciclagem

NORMA

SITUAÇÃO

Resolução SMA nº 51/97

Aplicável à

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impressão, branco) e papelão.

Papel com tinta Copos plásticos, sacos de polietileno

empresa Aterro Sanitário

Resolução nº 358, de 29 de

Não aplicável à

(restos da incineração)

Abril de 2005

empresa

Usinas de Reciclagem

Resolução SMA nº 51/97

empresa

PNRS, Lei nº 12.305, de 2

Aplicável à

de Agosto de 2010.

empresa

Usinas de

Resolução nº 358, de 29 de

Não aplicável à

Compostagem

Abril de 2005

empresa

Cartuchos

Matéria Orgânica

Aplicável à

Empresa HP

7. Conclusões Através da elaboração deste trabalho, observou-se que a falta de informação, tais como o manejo incorreto e a falta de coleta seletiva, acaba acarretando a maior geração de resíduos sólidos nos ambientes das malharias. A empresa em estudo não segregava seus resíduos de forma correta. Desta forma, foi proposto um plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS), a fim de realizar um tratamento adequado para estes resíduos. A elaboração do PGRS incluiu várias etapas, que vão desde a segregação até a destinação final, onde há a necessidade de comprometimento da direção da malharia. Em que esse compromisso é condição essencial para uma efetiva política de responsabilidade socioambiental que inclua a gestão de resíduos sólidos como uma questão fundamental. Nesse contexto, a conscientização de todos os envolvidos direta ou indiretamente nas atividades da empresa e treinamento adequado são fatores primordiais para a implementação e sucesso do PGRS.

REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE

NORMAS

TÉCNICAS.

NBR 10.004: Dispõe sobre a

classificação dos resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 306, DE 7DE DEZEMBRO DE 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília,DF. 10 dezembro 2004. Seção 1.

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BRASIL. Lei Nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF. 3 ago. 2010. Seção 1, p. 3. CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001.

Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília,DF. 19 junho 2001. Seção 1, p. 80. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO. Têxtil e Confecção: inovar, Desenvolver e Sustentar. Brasília : CNi/AbiT, 2012. FERREIRA, J. A. Resíduos sólidos: perspectivas atuais. In SISSINO, C.L.S. & OLIVEIRA, R.M. (Orgs). Resíduos sólidos, ambiente e saúde, uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000. FIGUEIREDO, Fábio Fonseca. A gestão de resíduos sólidos em Natal/RN: entre o controle dos resíduos na cidade e o tratamento final no aterro sanitário. In: Anais do VI Encontro Nacional da Anppas,Belém, 2012. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002. MACHADO, Poliana Gomes Silveira;LEONEL, Jordan Nassif. Práticas de reciclagem de resíduos têxteis: uma contribuição para gestão ambiental no Brasil. Revista de Educação Superior do SENACCompetencia.Vol.7, n.1,p.129-145.Porto Alegre- RS,2014. MARTINHO, M.G.M.; GONÇALVES, M.G.P. Gestão de resíduos. Universidade Aberta, 2000. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa Nacional de Educação Ambiental - PRONEA. 3. ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. NUNESMAIA, MARIA DE FÁTIMA. A gestão de resíduos urbanos e suas limitações, Revista Baiana de Tecnologia – TECBAHIA, v. 17, n. 1, p. 120 – 129. Salvador. 2002. ROMERO, L. L; VIEIRA, J. O. W. M.; MARTINS, R. F.; MEDEIROS, L. A. R. Malharias. Disponível em: . Acesso em 14 abr. de 2015.

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