Apresentação do Livro de Resumos do I Congresso Brasileiro de Informática em Saúde Informática em Saúde no Brasil: Perspectivas

Apresentação do Livro de Resumos do I Congresso Brasileiro de Informática em Saúde

Informática em Saúde no Brasil: Perspectivas Não há dúvida de que 1986 será registrado, na curta história da Informática aplicada à Saúde no Brasil, como um ano de importantes transformações e progressos. Um ano de importância histórica, portanto. É fácil provar isto, se olharmos um pouco para trás e avaliarmos o que tem sido o campo de Informática em Saúde em nosso país. Até o momento, a evolução da Informática em Saúde no Brasil tem sido marcada por um intrigante paradoxo. Enquanto a indústria brasileira de informática, hoje, prima por uma pujança invejável, colocando-se em tamanho e dinamismo entre as 10 primeiras do mundo, o mesmo não acontece com os setores de aplicação social da informática em educação, saúde agricultura etc Na verdade estamos tremendamente atrasados neste setores, não só em relação ao que fazem outros países, como também em relação ao grau atual de desenvolvimento de nossa própria indústria. E por quê? O número de centros de pesquisa e desenvolvimento em Informática Médica no Brasil é extremamente baixo para as necessidades do país. Contam-se nos dedos os grupos de pesquisa que demonstram uma produtividade mínima e uma massa crítica de especialistas que permita manter seu ciclo de formação de novos especialistas. Da mesma forma nunca houve um investimento consciente e dirigido do Estado no sentido de desenvolver mais rapidamente o setor. Entretanto, observa-se que este número tem crescido enormemente nos últimos três anos. Aos centros pioneiros, como o NUTES da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Núcleo de Informática Médica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o programa de engenharia Biomédicas da COPPE/UFRJ, o Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e o Setor de Informática Médica do Instituto do Coração da USP em São Paulo agregaram-se recentemente grupos grandemente promissores e de ótima produtividade como o Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp, os centros de informática médica da Faculdade de Medicina da USP e da Escola Paulista de Medicina, o Núcleo de Computação em Saúde da UFMG e vários outros. O interesse dos usuários institucionais e individuais no setor saúde está crescendo vigorosamente. Uma pesquisa com 40.000 médicos realizada recentemente pelo NIB/Unicamp e a Associação Paulista de Medicina revelou que mais de 80% dos médicos têm interesse no uso da informática, e de que cerca de 10% já são usuários, a maioria com equipamento próprio. Constata-se uma grande demanda dos hospitais e órgãos estatais de saúde por especialistas em informática, demanda esta que não está sendo atendida pelo parco número de especialistas formados anualmente. Entrementes, como dissemos, algo de diferente aconteceu em 1986: com o formidável impulso proporcionado pela realização do primeiro Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, em Campinas, conseguimos bater diversos recorde sucessivamente. Mais de 250 especialistas e usuários avançados de Informática Médica foram catalogados, e foram apresentadas quase 200 comunicações livres no Congresso, a grande maioria de ótima qualidade.

Abre-se, pela primeira vez, a perspectiva para a criação de uma Sociedade Brasileira de Iformática em Saúde naturalmente forte e representativa, que assumirá, sem dúvida nenhuma, a defesa e o fomento do campo em nosso país. Foi lançada, também, a primeira Revista Brasileira de Informática em Saúde, única no gênero na América Latina, e que será um instrumento importantíssimo de divulgação de pesquisas e informações, tanto entre os especialistas quanto para os usuários e interessados. Finalmente, iniciou-se em 1985/1986 um ciclo de reconhecimento internacional da existência da Informática Médica brasileira através do primeiro Centro Colaborativo em Informática em Saúde reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) fora dos países desenvolvidos, situado no NIB/Unicamp, bem como as primeiras participações significativas de brasileiros no MEDINFO (Congresso Mundial de Informática Médica) e com artigos aceitos em publicações internacionais de prestígio As perspectivas são altamente animadoras. Os órgãos que apoiam a ciência e tecnologia em nosso país estão reconhecendo a necessidade de investir mais em informática especialmente suas aplicações sociais: os algures de uma verdadeira política nacional de informática em saúde diversas faculdades de medicina ou odontologia enfermagem etc estão implementando disciplinas de informática nível de graduação e pós-graduação. É preciso incrementar dramaticamente o processo de formação de recursos humanos especializados. É preciso fundar mais centros de excelência em pesquisa e desenvolvimento, e investir mais recursos em sua criação e manutenção. Chegou a nossa vez! Renato M. E. Sabbatini Presidente do I Congresso Brasileiro de Informática em Saúde Diretor do Núcleo Informática Biomédica da Unicamp Editor científico da Revista Brasileira de Informática em Saúde Citação deste artigo: Sabbatini, R.M.E.: Informática em Saúde no Brasil: Perspectivas. Em: Terzi, R.G.G. (Editor): Livro de Resumos do I Congresso Brasileiro de Informática em Saúde. Sociedade Brasileira de Informática em Saúde e Universidade Estadual de Campinas. Campinas, novembro de 1986, 155 pp. Disponível na Internet: http://www.renato.sabbatini.com/papers/editorialAnaisCBIS1986.pdf Copyright © 1986-2016 Renato Marcos Endrizzi Sabbatini, Campinas, Brazil Licença Creative Commons. Reprodução permitida com citação do autor.