Apresentação - História da infância e da juventude

June 15, 2017 | Autor: J. Pacheco dos Sa... | Categoria: History of Childhood and Youth
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Publicação dos Pós-graduandos em História Econômica e História Social da Universidade de São Paulo Ano V – Nú m ero 8 – 20 14 – IS S N 2179 -5487

“H

á um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu.” Walter Benjamin, Sobre o conceito de história Conselho editorial André Sekkel Cerqueira (Mestrando em História Social, FFLCH-USP); Breno Ferraz Leal Ferreira (Doutorando em História Social, FFLCH-USP); Dirceu Franco Ferreira (Mestrando em História Econômica, FFLCH-USP); Fabrício Leal de Souza (Doutorando em História Social, FFLCH-USP); Gustavo Velloso (Mestrando em História Social, FFLCH-USP); José Pacheco dos Santos Júnior (Mestrando em História Econômica, FFLCHUSP); Julia Gumieri (Mestranda em História Social, FFLCH-USP); Luciano Thomé (Doutorando em História Social, FFLCH-USP); Marina Maria de Lira Rocha (Doutoranda em História Social, FFLCH-USP); Pâmela de Almeida Resende (Doutoranda em História Social, FFLCH-USP). Conselho científico Adriana Zierer (UEMA); Adriano Correia Silva (UFG); André de Melo Araújo (UnB); Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron (USP); Carlos Almeida Bacellar (USP); Carlos Augusto Ribeiro Machado (University of St. Andrews); Claudia Wasserman (UFRGS); Francisco Pereira Costa (UFAC); James Green (Brown University); Jean Rodrigues Sales (UFRRJ); João Paulo Garrido Pimenta (USP); John D. French (Duke University); José Luís Cardoso (Universidade de Lisboa); Laura de Mello e Souza (USP e Université Paris-Sorbonne); Luiz Otávio de Magalhães (UESB); Maria de Fátima Costa (UFMT); Pedro Meira Monteiro (Princeton University); Rafael Chambouleyron (UFPA); René Ernaini Gertz (PUC-RS e UFRGS); Robério Santos Souza (UNEB); Samantha Viz Quadrat (UFF); Sebastião Vargas (UFRN); Susana Sosenski (Universidad Nacional Autónoma de México); Thiago Lima Nicodemo (UERJ). Pareceristas que colaboraram com esta edição Adalberto de Paula Paranhos (UFU); Adriana Koyama (APESP/UNICAMP); Alcileide Cabral do Nascimento (UFRPE); Ana Claudia Berwanger (UFES); Ana Luíza de Castro Pereira (Pós-dra. Pela Universidade Nova de Lisboa); Anderson Fernandes de Alencar (UFRPE); Angélica Müller (UNIVERSO); Caroline Silveira Bauer (UFPel); Cláudio Aguiar Almeida (Dr. pela USP); Danielle Franco da Rocha (Faculdade Sumaré/PUC-SP); Deivison Gonçalves Amaral (Dr. pela UNICAMP); Dislane Zerbinatti Moraes (USP); Dominichi Miranda de Sá (FIOCRUZ); Eduardo Netto Nunes (Unicastelo/UniSant'Anna); Faustino Teatino Cavalcante Neto (UFCG); Francisco Pereira Costa (UFAC); Grayce Mayre Bonfim Souza (UESB); Heloisa Helena Pacheco Cardoso (UFU); Ismael Gonçalves Alves (UNESC); Iuri Andréas Reblin (EST); Karoline Carula (UERJ); Katiene Nogueira da Silva (USP); Laurinda Abreu (Universidade de Évora); Lidia Noemia Silva Santos (UECE); Lisandra Ogg Gomes (UERJ); Marcio Santos de Santana (UEL); Marcos Roberto de Faria (UNIFAL); Maria Zélia Maia de Souza (UERJ); Marilene Antunes Sant'Anna (UERJ); Marina de Moura (Dra. pela Universidade Presbiteriana Mackenzie); Olga Brittes (PUC-SP); Paulo Cruz Terra (Dr. pela UFF); Rebeca Gontijo Teixeira (UFRRJ); Reuber Gerbassi Scofano (UFRJ); Ricardo Alexandre Ferreira (UNESP); Rinaldo José Varussa (UNIOESTE); Susani Silveira Lemos França (UNESP); Ronald Raminelli (UFF); Rosane Kaminski (UFPR); Sônia de Oliveira Camara Rangel (UERJ); Thiago Cavaliere Mourelle (Arquivo Nacional, dr. pela UFF); Vanderlei Sebastião de Souza (UNICENTRO); Vinicius de Rezende (UFBA); Virginia de Almeida Bessa (Dra. pela USP); Wanderson da Silva Chaves (Pós-dr. pela USP).

R E V I S TA A N G E L U S N OV U S P U B L I C A Ç ÃO

DOS

PÓS-GRADUANDOS

EM

HISTÓRIA ECONÔMICA E HISTÓRIA SOCIAL DA

U N I V E R S I DA D E

História

da

Infância

DE

e

S ÃO

da

PA U L O

Juventude

Ano V – Número 8 – 2014 – ISSN 2179-5487

R E V I S TA A N G E L U S N OV U S

Disponível eletronicamente em: revistas.usp.br/ran

Ficha catalográfica Revista Angelus Novus / Publicação dos Pós-graduandos em História Econômica e História Social da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP – Ano V, n. 8, 2014. ISSN 2179-5487 1. História 2. Historiografia 3. Ciências Sociais

Indexada na base de dados em Sistema Regional de Información em Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal – LATINDEX Imagem da capa Detalhe de Newsies at Skeeter's Branch, fotografia de Lewis Hine, 1910. © The Metropolitan Museum of Art Imagem da folha de rosto Detalhe de Angelus Novus, de Paul Klee, 1920. ©Museu de Israel (CC BY-SA 3.0)

Editor-chefe Dirceu Franco Ferreira Vice-editora Julia Gumieri Secretário Breno Ferraz Leal Ferreira Divulgadores José Pacheco dos Santos Júnior e Pâmela de Almeida Resende Editor de arte Luciano Thomé

Endereço Av. Professor Lineu Prestes, 338 Cidade Universitária São Paulo – SP – CEP 05508-900 Caixa Postal 8105 Endereço eletrônico [email protected] O conteúdo dessa revista é licenciado em Creative Commons (CC BY 3.0)

SUMÁRIO EDITORIAL

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DOSSIÊ : História da infância e da juventude APRESENTAÇÃO José Pacheco dos Santos Júnior

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ENTREVISTA Entrevista com Susana Sosenski Juarez José Tuchinski dos Anjos Gizele de Souza

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ARTIGOS A assistência à infância desvalida no Alto Minho oitocentista : o caso do Asilo de Infância Desvalida D. Maria Pia de Ponte de Lima Alexandra Patrícia Lopes Esteves

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A ilegitimidade e a exposição de crianças : conexões historiográficas (América Latina, século XVIII-XIX) Jonathan Fachini Silva

57

Ensinando e Aprendendo : um estudo sobre os alunos da cidade de Kumamoto nos Escritos de Lafcadio Hearn Edelson Geraldo Gonçalves

79

El circuito de colocaciones laborales de niños y niñas asilados : Ciudad de Buenos Aires (fines del siglo XIX-principios del XX) María Marta Aversa

103

Mensagens oficiais dos governadores do estado do Paraná (1928-1945) : institucionalização para a proteção e assistência às crianças e adolescentes Ireni Marilene Zago Figueiredo Mariza Scheffer Freire

129

“Acossado” (1960) : uma representação da juventude no cinema francês Carlos Vinicius Silva dos Santos

157

Menoridade em pauta em tempos de ditadura : a CPI do Menor (Brasil, 1975-1976) Daniel Alves Boeira

179

Indústrias e propaganda : anúncios de Honda e Yamaha na revista Veja (1974-1982) Cristiano José Pereira

199

Os uniformes no universo teen do colégio Marista : uma história de distinção social e gênero Débora Pinguello Morgado Ivana Guilherme Simili

231

Violência simbólica na mídia : reflexões acerca dos processos de socialização infantil Maria Soberana de Paiva Karlla Christine Araújo Souza

253

As políticas de educação às crianças pequenas : os processos de focalização e descentralização pós 1990 Suzana Pinguello Morgado

281

RESENHA Infância perdida… : os menores na Inquisição Portuguesa Angelo Adriano Faria de Assis

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E D I TO R I A L

É com muita satisfação que trazemos a público mais um número da revista Angelus Novus. Dessa vez, nossa alegria é ainda maior por apresentarmos uma edição inteiramente consagrada a um dossiê. Isso foi possível graças aos mais de quarenta autores que responderam com os mais diversos tipos de contribuição à nossa chamada para dossiê História da infância e da juventude. A todos fica nosso especial agradecimento. Devido ao grande número de artigos que recebemos, o que apresentamos agora é a primeira parte do dossiê, composta por onze artigos, uma resenha e uma entrevista, além de uma apresentação. Esperamos poder concluir o mais breve possível o processo de avaliação dos demais artigos, para que logo possamos lançar uma segunda parte. Somos também gratos a todos que tornaram possível esta edição, em particular aos pareceristas do número e àqueles que contribuíram com a ampla divulgação da chamada feita nas redes sociais, sobretudo aos membros do GT História da Infância e Juventude – ANPUH Nacional. Aproveitamos também para anunciar outra novidade deste número. Nosso Conselho Científico foi renovado, agora sendo composto por 24 historiadores de universidades de todo o Brasil e de outros países, que gentilmente aceitaram o nosso convite para colaborar conosco. Obrigado a todos os novos conselheiros! Por fim, desejamos a todos uma ótima leitura. Os Editores André Sekkel de Cerqueira Breno Ferraz Leal Ferreira Dirceu Franco Ferreira Fabrício Leal de Souza Gustavo Velloso José Pacheco dos Santos Júnior Julia Gumieri Luciano Thomé Marina Maria de Lira Rocha Pâmela de Almeida Resende 7

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Imagem da capa Newsies at Skeeter's Branch, Jefferson Near Franklin: They Were All Smoking, de Lewis Hine (1874-1940), registrada em Saint Louis - Missouri, às 11 horas da manhã do dia 9 de maio de 1910, uma segunda-feira. A revelação original aqui reproduzida, em papel de gelatina e prata (9,1 x 11,9 cm), encontra-se no Museu Metropolitano de Arte em Nova Iorque. Hine era fotógrafo e sociólogo e contribuiu com seu trabalho para reformas nas leis norteamericanas referentes à exploração do trabalho infantil.

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A P R E S E N TA Ç ÃO História da infância e da juventude

Não é de hoje que a idade, enquanto elemento demarcador das etapas da vida, tem recebido as críticas e a atenção do universo acadêmico. Disposto a nos alertar que a divisão entre as idades é algo arbitrário e que as classificações por idade vêm a ser sempre uma forma de consolidar hierarquias e sedimentar limites, Pierre Bourdieu polemiza: “a juventude não é mais do que uma palavra”.1 Transitando por diversas categorias etárias, papeis sociais e dimensões da prática social, crianças e adolescentes, são, indiscutivelmente, personagens na ordem do dia. Vistos como as supostas sementes da criminalidade ou, sob outro ângulo, como guardiões do futuro, responsáveis em potencial pelas esperanças legadas à posteridade, a eles são concedidas as representações, preocupações e anseios que respaldam as políticas das mais variadas naturezas, das assistencialistas às punitivas. Desafiando a invisibilidade que a historiografia de cunho mais tradicional conferiu às experiências e às representações sociais das crianças e dos jovens ao longo do tempo, negando-lhes historicidade, o dossiê História da infância e da juventude, vem, como uma via privilegiada, reunir e estimular pesquisas atinentes à temática e trazer à baila debates que poderão transcender o universo acadêmico e embasar políticas sociais de reconhecimento e defesa dos direitos infantojuvenis. A quantidade de artigos submetidos ao dossiê (mais de quarenta) sinaliza a vivacidade de uma área que não se mantém estática, mas ativa e em constante diálogo com outros ramos, linguagens e abordagens, dando o tom plural dos objetos, fontes e instrumentais utilizados. Se antes da década de 1960, tanto em nível internacional como no âmbito nacional, eram escassos os trabalhos historiográficos que se debruçassem sobre os pequenos no tempo, a conjuntura hodierna evidencia um cenário excepcional. Não há dúvidas quanto ao peso, influência e ousadia emanadas da historiografia francesa da nova Nouvelle Histoire, locus de 1

BOURDIEU, P. La “juventud” no es más que una palabra. In: Grijalbo, Conaculta, 2002. p.163-173.

. Sociología y Cultura. México:

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um dos maiores expoentes do assunto: Philippe Ariès. Reflexo dos debates e olhares que hoje são lançados ao universo infantojuvenil, tanto em meio acadêmico como fora dele, apresentamos o primeiro número do dossiê História da infância e da juventude da Revista Angelus Novus. Interagindo com uma das historiadoras mais atuantes na área da história da infância mexicana e autora de produção científica considerável acerca do tema, Gizele de Souza e Juarez José Tuchinski dos Anjos, docentes da Universidade Federal do Paraná, abrem o dossiê com uma entrevista inédita com Susana Sosenski, professora da Universidad Nacional Autónoma de México. Da entrevista, podem ser extraídas sugestões metodológicas e percepções detalhadas sobre o campo da história da infância na América Latina. Com rigor e astúcia, as perguntas revolvem a trajetória acadêmica e as escolhas temáticas de Sosenski, assim como suas impressões sobre a historiografia da infância e objetos de investigação: crianças, infância, trabalho, cinema e consumo no México do século XX, além de valiosas dicas para a busca, que nos é tão cara e às vezes homérica, pelas experiências e vozes das crianças e dos adolescentes em tempos passados. Temas clássicos nas abordagens sobre a infância, o dossiê traz inovadas interpretações sobre assistência e abandono, como os artigos de Alexandra Patrícia Lopes Esteves, professora da Universidade Católica Portuguesa, A assistência à infância desvalida no Alto Minho oitocentista: o caso do Asilo de Infância Desvalida D. Maria Pia de Ponte de Lima, e de Jonathan Fachini Silva, doutorando em História na Universidade do Vale do Rio dos Sinos: A ilegitimidade e a exposição de criança: um fenômeno entre mundos (América Latina, século XVIII-XIX). Debruçando-se sobre os escritos de Lafcadio Hearn, professor estrangeiro que atuou no Japão entre 1890 e 1904, Edelson Geraldo Gonçalves, doutorando em História Social das Relações Políticas na Universidade Federal do Espírito Santo, nos contempla com a sua reflexão sobre o olhar de Hearn acerca dos jovens japoneses de Kumamoto, na transição do século XIX para o XX, em Ensinando e aprendendo: um estudo sobre os alunos da cidade de Kumamoto nos Escritos de Lafcadio Hearn. Da Ásia à América do Sul, o dossiê conduz o leitor à realidade argentina com o texto de María Marta Aversa, docente da Universidad de Buenos Aires. Intitulado El circuito de colocaciones laborales de niños y niña asilados: Ciudad de Buenos Aires (fines del siglo XIXprincipios del XX), o artigo de Aversa, em ousada proposta e bela contribuição aos estudos do trabalho infantil, explora a dimensão - muitas vezes oculta - dos destinos do labor em que meninos e meninas, que estavam sob os cuidados dos “defensores de menores”, foram remetidos sob a política assistencialista vigente à época.

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A P R E S E N TA Ç ÃO Na sequência, em Mensagens oficiais dos governadores do estado do Paraná (19281945): institucionalização para a proteção e assistência às criança e adolescentes, Ireni Marilene Zago Figueiredo e Mariza Scheffer Freire, ambas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, dissecam as mensagens dos governadores paranaenses Caetano Munhoz da Rocha e Affonso Alves de Camargo, assim como as dos interventores federais Mário Alves Monteiro Tourinho e Manoel Ribas, nelas identificando o processo e as propostas de institucionalização e proteção às crianças e adolescentes naquele estado. Por sua vez, Carlos dos Santos, doutorando em História Comparada na Universidade Federal do Rio de Janeiro, dá relevo à pluralidade de fontes que a historiografia da infância e da juventude se vale nos tempos atuais, apresentando suas observações acerca de “Acossado” (1960): uma representação da juventude no cinema francês, ao passo que Ivana Guilherme Simili, professora da Universidade Estadual de Maringá, e Débora Pinguello Morgado, mestranda em História na mesma instituição, exploram a questão da diferenciação de gênero e de classe social na indumentária escolar em Os uniformes no universo teen do Colégio Marista: uma história de distinção social e gênero. Tendo como pano de fundo o Brasil da ditadura civil-militar, Daniel Alves Boeira, doutorando em História na Universidade Estadual de Santa Catarina, e Cristiano José Pereira, pós-doutorando em História Econômica na Universidade de São Paulo, trazem, respectivamente, os resultados de suas investigações sobre juventude, política, economia e consumo em Menoridade em pauta em tempos de ditadura: A CPI do Menor (Brasil, 19741976) e Indústria e propaganda: anúncios da indústria Yamaha e Honda na revista Veja (1974-1982). Dialogando com o tempo presente, apresentamos o artigo Violência simbólica na mídia: reflexões acerca dos processos de socialização infantil, análise conjunta de Maria Soberana de Paiva, mestranda em Ciências Sociais e Humanas na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, e de Karlla Christine Araújo Souza, professora na mesma instituição. Mirando As política de educação às criança pequena: os processos de focalização e descentralização pós 1990, Suzana Pinguello Morgado, docente da Universidade Estadual do Paraná e doutoranda em Educação na Universidade Estadual de Maringá, reflete sobre as garantias ao direito à educação infantil no Brasil contemporâneo. Por fim, Angelo Adriano Faria de Assis, professor da Universidade Federal de Viçosa, na resenha intitulada Infância perdida… os menores na Inquisição portuguesa, à luz da dimensão da religiosidade, analisa o livro de Alex Monteiro Silva: Anjos ou Hereges? Infância e Inquisição Portuguesa na Época Moderna (Curitiba: Prismas, 2014). Visando decifrar histórias e sujeitos que poderiam estar ocultos em razão dos poucos canais que tiveram para registrar suas vozes e ações, a reunião de pesquisas que o número 8 da 11

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RAN apresenta pode ser considerada, de antemão, uma contribuição singular à historiografia contemporânea dedicada ao assunto. Através disso, os garotos que abrilhantam a capa deste número, flagrados em maio de 1910 pelas lentes do fotógrafo estadunidense Lewis Hine, vêm, como porta-vozes, nos convidar a conhecer e explorar seus mundos e, sobretudo, difundir um conjunto de narrativas onde crianças e adolescentes são tratados como sujeitos históricos. Ainda que os fins fossem outros, a inventividade e persistência de Hine em captar os ângulos, nomes e histórias de vida das crianças e adolescentes dos Estados Unidos, no limiar do século XX, de um certo modo se assemelha à engenhosidade dos pesquisadores que, nas últimas décadas, têm se lançado aos domínios de Clio - como também para além destes - em busca dos universos infantojuvenis nos quatro cantos do mundo. Boa leitura!

José Pacheco dos Santos Júnior Organizador do dossiê

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