Apropriação

May 24, 2017 | Autor: Marcos L. Rosa | Categoria: Urban Studies, Urban Design, São Paulo (Brazil), Microplanning
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1/14/2016

Humboldt - Arquivo temático - Retórica da crise - Goethe-Institut  Contato

 

 

SOBRE A HUMBOLDT A Humboldt promove e dá forma ao intercâmbio cultural entre a Alemanha e a América do Sul. Autores das áreas de linguagem ibérica e alemã têm a palavra. A Humboldt aborda discussões atuais relativas a temas da vida intelectual e cultural dos dois lados do Atlântico.

Retórica da crise Principal

Apropriação

Arquivo temático

Learning from São Paulo: o microplanejamento é ponto de partida para novas iniciativas e estratégias urbanísticas que possibilitam lidar de maneira criativa com situações de crise.

Passagens A educação – entre o coração e a razão Protesto 2.0 Mediação artística Retórica da crise A arte da Independência... e algumas reflexões sobre o heroico Cultura da tradução – Tradução da cultura A outra Língua Depois de mim o dilúvio? Natureza – Cultura: Arte Amistad: fisonomías de una relación compleja Presença da morte Revoltas 1968… e quarenta anos depois Trópicos adentro Apropriações da cidade Realidade? De mundos entre os mundos Religião Futebol Territórios do barroco Comer e ser comido Pesquisa

Uma nova forma de ler a cidade, focando em microintervenções no espaço urbano que indicam formas de reorganização do espaço: Marcos L. Rosa busca identificar ferramentas capazes de operar e recodificar os espaços do dia a dia na Região Metropolitana de São Paulo, mapeando práticas urbanas implementadas por um grupo de arquitetos, artistas, líderes comunitários e outras partes empenhadas na construção da coletividade.

Dicas litprom Instituto Ibero­Americano Informações on­line sobre a vida e obra de Alexander von Humboldt Universes in Universe

Se definimos o arquitetônico como um espaço aberto à intervenção, e se entendemos o arquiteto como todo aquele que age em seu ambiente, apontamos para a possibilidade de uma outra investigação da cidade e para outra forma de se planejar o urbano. Aceitamos a cidade real como um produto de decisões políticas, projetos e vontades coletivas e pessoais e acreditamos existir nessa cidade enorme potencial para reorganização, rearticulação, recodificação. Indicamos a tarefa de mapear os campos onde tais formas de reorganização acontecem, de identificar novos campos com abertura e capacidade para receber novos objetos que estimulem relações e, por fim, apontamos para a necessidade de entender e propor mecanismos coerentes aos campos e potencial identificados. Chamamos essa tarefa de microplanejamento. Práticas urbanas criativas: São Paulo Jardins comunitários esverdeiam a paisagem de tijolos vermelhos no extremo leste da cidade; um parquinho e um centro de artes ocupam o centro de uma densa favela; uma escola de boxe e academia de ginástica instalada sob um viaduto oferecem atividades esportivas na rota de percurso diário; um jovem artista estimula o uso coletivo do espaço comum através de sua residência em diferentes favelas; um cinema a céu aberto em terreno vazio leva atividades culturais a uma vizinhança isolada; navegação e iniciativas de arte chamam atenção para um rio poluído; um programa de reciclagem une uma comunidade carente de infraestrutura básica; um banco improvisado sob uma árvore serve de lugar para o encontro à beira de um córrego. A inexistência de registro abrangente de projetos dessa natureza em São Paulo explica seu caráter de invisibilidade, o desconhecimento de tais intervenções. Apontamos para o enorme potencial desses projetos, que indicam a escala local e as táticas urbanas – como definidas por Michel de Certeau – como uma (outra) forma de pensar a cidade. Pretende­se organizar uma rede, revelar formas de organização

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Pretende­se organizar uma rede, revelar formas de organização

espaciais inovadoras e disseminar essa informação aos agentes e às partes envolvidas no pensamento e na construção da cidade. Microplanejamento. Práticas Urbanas Criativas é o resultado de uma pesquisa de campo que buscou por formas alternativas de planejamento e novas operações arquitetônicas, encontradas em iniciativas que demonstram responsabilidades compartilhadas e organizam o lugar do encontro – espaços de discussão e experiência coletiva. As práticas urbanas coletivas estudadas revelam novas ferramentas capazes de lidar com estas realidades urbanas emergentes. A cidade real – interpretada como campo para experimentação – é um laboratório, espaço construído a ser revelado, passível de ação local. Pretende­se criar uma plataforma que exponha práticas urbanas criativas como formas de pensar a microescala urbana. O projeto começou em 2008, com base na plataforma criada pelo Deutsche Bank Urban Age Award (DBUAA), um prêmio conferido a projetos que se organizam através de parcerias e práticas cooperativas em busca de um ambiente urbano melhor. Tivemos então a chance de mapear em São Paulo projetos e iniciativas que manipulavam espaços com o objetivo de gerar qualidade urbana e ambientes melhores para se viver, na escala local. Como resultado dessa pesquisa, pudemos compilar uma ampla amostragem de projetos de naturezas diferentes, que, em sua heterogeneidade, parecem demonstrar formas de negociação de suas especificidades territoriais. Situações desenvolvidas desses exemplos são espaços de experimentação, espaços articulados onde existe uma reivindicação para uma vida sociocultural exercida, como desenvolve Sophie Wolfrum em Articular Espaços (2006). Buscamos por espaços que mostrem formas de reorganização na escala local e reflitam uma nova atitude com relação à vida coletiva no meio urbano: a apropriação do espaço por seus moradores através de uma resposta (pro)ativa, a ação e proposição em escala 1:1 – no sentido proposto por Nicolas Bourriaud –, em oposição à crítica passiva, à espera de mudanças. Pretendemos com isso indicar campos de oportunidade para a ação em São Paulo. Na Região Metropolitana de São Paulo, essas situações aparecem como urgências, descartando a necessidade de simulação prévia. A auto­ organização verificada nos projetos – o envolvimento da população que caracteriza práticas urbanas criativas – parece ser impulsionada pela falta de espaços de coexistência com qualidade na escala humana – resultado de escolhas tomadas no processo de urbanização da cidade de São Paulo. Curiosamente, esse mesmo processo produziu espaços urbanos desperdiçados, vazios, subutilizados, residuais que, quando interpretados como campos com potencial para a prática criativa, representam uma possibilidade de reestruturação urbana comprometida com a escala local. Esses pensamentos se traduzem na cidade aberta à brincadeira e à experimentação, no espaço aberto à criação, à ação coletiva e à ocupação – a reinterpretação de um cenário construído. Coletividade arquitetônica: espaços moldados culturalmente Urbanismo em rede? Ou microintervenções estrategicamente conectadas? Os casos estudados indicam uma rede social urbana de alcance metropolitanto – circuitos de resistência à cidade genérica que organizam microambientes na cidade, nutrindo a discussão das especificidades e dos lugares urbanos. Identificamos microarquiteturas sobrepostas a estruturas modernas monofuncionais, anexando a elas as complexidades capazes de induzir espaços urbanos de qualidade. Frequentemente vistos como atos isolados e frágeis engajados com a noção de responsabilidade sobre o espaço comum, pretendemos identificar e refletir sobre as estratégias associadas aos projetos selecionados. Essa abordagem situa uma série de campos específicos e táticas em conjunto, como uma rede de projetos, apontando para uma estratégia de práticas urbanas criativas em rede. Falar de arquitetura, nesses termos, significa questionar a possibilidade do aprendizado para a disciplina, à luz das novas questões trazidas pelos projetos mencionados. Tal posicionamento demanda um novo olhar e uma nova definição de arquitetura enquanto espaço construído culturalmente. Interessa­nos um entendimento abrangente do significado de arquitetura, para compreendermos o arquitetônico. O espaço concreto – importante em nossas rotinas – não é nada sem a vida; ele será constituído somente através da prática da vida, segundo Henri Lefebvre em Critique de la vie quotidienne (1961). O arquitetônico difere da arquitetura nestes termos: aceitando o desdobramento da disciplina para relações travadas no espaço que não

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desdobramento da disciplina para relações travadas no espaço que não

podem ser completamente antecipadas pela prática do planejamento. Dessa forma, como definem Alban Janson e Sophie Wolfrum, a arquitetura é entendida como um espaço construído e constituído a partir de práticas sociais e culturais. Falamos de um espaço não apenas disponibilizado para coisas e usos, mas de um espaço articulado para processos de vida mais complexos. O artista brasileiro Hélio Oiticica (1937­1980) define o artista como aquele que faz, qualquer pessoa ativa e propositiva em seu ambiente. Essa definição generosamente permite que qualquer indivíduo assuma papéis proativos em seus espaços urbanos. Segundo tal definição, criadores seriam aqueles que trabalham coletivamente, tratando da coletividade, de acordo com Lisette Lagnado em No Amor e na Adversidade (2006). “Participar é completar um esquema proposto”, afirma Nicolas Bourriaud (2002). Tomamos participação como a chave para definir e entender o espaço urbano (em oposição à noção de transmissão e recepção separadas). Coletividade – viver juntos na cidade – serve como uma base para se repensar questões sociais em termos urbanísticos. Ou, como apontam Julia Maier e Matthias Rick: “a cidade é nosso potencial, e nós somos seus construtores”. Não se trata de romantizar um imaginário de pobreza ou deficiências em meio a uma situação de crise. Tampouco pretendemos definir um padrão estético conveniente. Pelo contrário, acreditamos existir, nas iniciativas estudadas, potencial articulado em situações. Identificamos ferramentas com capacidade para operar e recodificar os espaços do dia a dia. A aproximação com a microescala (local) revela redes urbanas de importância para a vida cotidiana como uma nova estratégia possível.

Marcos L. Rosa (1980) é arquiteto e planejador urbano. Atualmente, leciona na Escola Politécnica Federal de Zurique. Coordenou o prêmio Deutsche Bank Urban Age Award São Paulo, participou das pesquisas do Urban Age South America e foi membro do grupo editorial da revista alemã Arch+ 190 sobre São Paulo. Copyright: Goethe­Institut e. V., Humboldt Redaktion Maio 2011

Links relacionados Urban Age    LSE Cities    SÃO PAULO ARCHITECTURE EXPERIMENT (PDF)   

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