Aproximações da Hermenêutica Filosófica à Educação Química

June 25, 2017 | Autor: R. Simplicio de S... | Categoria: Chemistry Education, Hermeneutics
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Aproximações da Hermenêutica Filosófica à Educação Química Robson Simplicio de Sousa1 (PG)*, Maria do Carmo Galiazzi1 (PQ) [email protected] 1

Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde. Grupo CEAMECIM–Comunidades Aprendentes em Educação Ambiental, Ciências e Matemática. Av. Itália, km 8, Carreiros, Rio Grande, RS, Brasil. Palavras-Chave: Educação em ciências, educação química, hermenêutica.

Área Temática: História e Filosofia da Ciência no Ensino (HC) RESUMO: O PRESENTE TRABALHO TRAZ ALGUMAS APROXIMAÇÕES DA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA À EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E À EDUCAÇÃO QUÍMICA. INICIAMOS TRAZENDO ELEMENTOS QUE NOS LEVARAM A BUSCAR APORTES DA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA À EDUCAÇÃO EM QUÍMICA DENTRO DO GRUPO CEAMECIM, SEGUIDOS DA APRESENTAÇÃO DE ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DE TEÓRICOS QUE FAZEM ESTA APROXIMAÇÃO. FINALIZAMOS TRAZENDO ALGUNS AUTORES QUE SE CONCENTRARAM EM UM OLHAR HERMENÊUTICO À QUÍMICA EM DUAS REVISTAS DE FILOSOFIA DA QUÍMICA. ESTE ENCONTRO – HERMENÊUTICA-EDUCAÇÃO QUÍMICA – PODE CONTRIBUIR PARA PENSARMOS SOBRE QUE QUÍMICA É ESTA QUE SE MOSTRA.

INTRODUÇÃO O grupo Comunidades Aprendentes em Educação Ambiental, Ciências e Matemática (CEAMECIM) da Universidade Federal do Rio Grande – FURG se apresenta interessado na hermenêutica especialmente para análises de suas pesquisas (GALIAZZI e SCHMIDT, 2009; ARIZA et al., 2015), que são influenciadas pelas contribuições do professor Roque Moraes com a Análise Textual Discursiva e as características hermenêutica e dialética desta metodologia de análise qualitativa (MORAES e GALIAZZI, 2007, p. 149). Em nossas pesquisas, buscamos superar a ideia cientificista de explicar e controlar fenômenos, voltando-nos para compreendê-los qualitativamente dentro de um contexto educacional cercado de implicações sócio-histórico-culturais. Por isso, a hermenêutica dentro do grupo CEAMECIM influencia o modo como fazemos pesquisa em educação em ciências, especialmente no aspecto metodológico. Como grupo de pesquisa na área de educação em ciências, podemos nos direcionar não apenas para o caráter metodológico da hermenêutica, mas também para as contribuições dessa abordagem filosófica à educação em ciências. Além disso, nossa comunidade aprendente (WENGER, 1998) é, em grande parte, constituída por professores de química interessados em compreender as questões da educação química, o que nos leva a repertórios compartilhados de investigação.

Provocados pela necessidade de compreensão dessas questões, iniciamos estudos em hermenêutica a partir das contribuições do filósofo HansGeorg Gadamer, ao qual é atribuído o estabelecimento da hermenêutica filosófica. Entendemos a hermenêutica gadameriana como a busca pela compreensão interpretativa que se dá de forma dialógica, influenciada pelas preconcepções do mundo experienciado dos interlocutores mediada pela linguagem. No CEAMECIM, dedicamo-nos a pensar a educação química sob esse viés dialógico e interpretativo que busca a compreensão da química e seu ensino e, por isso, entendemos que é possível uma articulação entre a hermenêutica e aquilo que queremos compreender em nossas investigações em educação química. Diante disso, neste trabalho temos a intenção de olhar para o repertório compartilhado do CEAMECIM – educação em ciências/química, hermenêutica e suas aproximações, além de buscar aspectos que se mostram acerca de algumas produções em filosofia da química que as articulem. Para isto, iniciaremos trazendo algumas acepções históricas da hermenêutica, seguidas pela apresentação de alguns pesquisadores que a aproximaram à educação em ciências e, por fim, destacaremos alguns autores que a articularam à educação química em duas revistas de filosofia da química. ACEPÇÕES HISTÓRICAS DA HERMENÊUTICA A hermenêutica tem sido tratada historicamente com diferentes acepções que vão da arte de interpretação à teoria de compreensão e interpretação de expressões linguísticas e não-linguísticas. Jean Grondin1 apresenta três acepções do que se entende por hermenêutica (2012, p. 12). No sentido clássico, designava a arte de interpretar os textos sagrados, com a finalidade de auxiliar a prática de interpretação de forma normativa – caso de Santo Agostinho 2 (354-430). Esta acepção persistiu até Friederich Schleiermacher (1768-1834) que, mesmo dentro desta tradição, buscava desenvolver uma hermenêutica universalizada que possuía uma carência de “mais método” (ibid., p. 28), o que anunciava uma segunda concepção de hermenêutica. Wilhelm Dilthey (1833-1911) buscou um sentido mais metodológico para a hermenêutica que propunha uma fundamentação “lógica, epistemológica e metodológica” própria para as ciências humanas e a entendia como “a arte da interpretação das manifestações vitais fixadas por escrito”, em que a interpretação seria entender a individualidade (o interior) a partir de nossos sinais sensoriais externos (ibid., p. 34-35). A terceira concepção nasce 1

Filósofo e professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade de Montréal (Canadá), especialista em Kant, Gadamer e Heidegger, com pesquisas que se concentram na hermenêutica e na fenomenologia. Agostinho, também conhecido como Santo Agostinho, foi uma figura importante na história da filosofia e da história da Igreja Católica. Foi importante no desenvolvimento da hermenêutica e suas obras sobre a interpretação e compreensão de textos tiveram influência sobre Heidegger e Gadamer (LAWN e KEAN, 2011, p. 15).

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em reação à compreensão metodológica da hermenêutica. Assumiu-se a forma de uma filosofia universal da interpretação em que o entendimento e a interpretação não são apenas métodos encontráveis nas ciências humanas, mas processos fundamentais que podemos encontrar no próprio núcleo da vida. Com isso, na concepção de Martin Heidegger (1889-1976), a hermenêutica tem a ver com a própria existência, já que esta é atravessada por interpretações que a hermenêutica pode esclarecer, constituindo uma filosofia da existência. Assim, passa-se de uma “hermenêutica de textos” para uma “hermenêutica da existência” (ibid., p. 14). Com a obra Verdade e Método 3, Hans-Georg Gadamer (1900-2002) tornou-se o centro dos debates filosóficos ao tentar repensar a hermenêutica a partir do existencialismo de Heidegger, buscando, assim, uma hermenêutica universal da linguagem. Para Gadamer, toda a compreensão é hermenêutica e, por isso, é universal e, assim, não há nada fora do domínio deste entendimento. É universal, pois: Tudo o que fazemos ou experenciamos no mundo (engajamento na ciência, ou nas ciências humanas, ou arte ou mesmo a filosofia) é, em última análise, um aspecto da hermenêutica universal a compreender na medida em que aquilo que fazemos tem a estrutura circular de incompletude. Toda compreensão é também linguística. A reivindicação aqui é que o que se pretende compreender também deve ser capaz de ser articulado; não pode haver entendimento nãolinguístico. Por esta razão, a própria linguagem tem esta aplicação universal. (LAWN e KEAN, 2011, p. 153-154)

Gadamer chamou de fusão de horizontes a mediação do passado e do presente. Para entender o passado, não é preciso sair do horizonte do presente e de seus pressupostos. No momento em que entende, o intérprete insere algo de seu (sua época, sua linguagem, seus questionamentos...). Dessa forma, o processo de entendimento e seu objeto são linguísticos, em que todo pensamento já é busca de linguagem e que esta envolve todo ser suscetível de ser entendido. Além disso, o próprio objeto de entendimento se constitui linguagem, já que o mundo se apresenta como linguagem e é nela que faz o ser no mundo aparecer, desdobrando-a nas próprias coisas. A hermenêutica gadameriana se constitui como uma reflexão universal sobre o caráter linguístico da experiência humana do mundo e do próprio mundo (GRONDIN, 2012, p. 73). É a partir dessa perspectiva que apresentamos a seguir algumas aproximações da hermenêutica filosófica com a Educação em Ciências. EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E HERMENÊUTICA FILOSÓFICA 3

Originalmente publicada Wahrheit und Methode (1960).

O International Handbook of Research in History, Philosophy and Science Teaching destaca Martin Eger como um importante pesquisador que aproximou educação em ciências e a hermenêutica (SCHULZ, 2014, p. 1297). Ele questionou a dicotomia entre atividade da ciência e a atividade de estudá-la. Eger nos traz que, na ciência, “o estudo das coisas ainda é distante das coisas estudadas e que elas acabam sendo tratadas à distância” e que há, portanto, um duplo distanciamento: as ciências observam seus objetos de estudo com distanciamento, da mesma forma ocorre com o ensino de ciências em que o estudante as estuda fora delas (EGER, 1992, p. 342). O distanciamento entre as duas atividades que envolvem ciência – fazê-la e estudá-la – ocasiona problemas de interpretação que a hermenêutica busca suprir (ibid., p. 341). Sobre isto, Eger problematiza o contexto da educação em ciências provocado pela hermenêutica: A hermenêutica é interpretação e, especialmente, interpretações que não convergem - diferentes interpretações. Como isto pode estar presente no estudo de uma ciência estabelecida? Isto acontece por que, sempre foi uma função na educação mostrar que há respostas certas e erradas, em que é exigido o conhecimento seguro e que falamos brevemente para evitar retórica. (ibid., p. 345)

Por isso, ele sugere a partir de Gadamer uma transição da perspectiva epistemológica à ontológica, pois a hermenêutica ontológica visa questionar o modo como nos relacionamos com os “textos” deste mundo – também da ciência – e como a interpretação se configura no modo de ser naquilo que é interpretado (p. 341). Este modo de ser naquilo que é interpretado configura-se numa aproximação do estudante à ciência até então distante e que estava fora do seu mundo experienciado. Com a interpretação das expressões linguísticas desse mundo da ciência, possibilita-se uma fusão de horizontes que passa a constituir o estudante-intérprete, influenciando em sua própria existência. Emily Borda, uma das poucas químicas que se voltou à educação em ciências sob a abordagem hermenêutica filosófica, retomou argumentos a partir de Gadamer, identificando e descrevendo disposições, segundo ela, apropriadas às salas de aula de ciências de ensino médio e superior (2007, p. 1027). Por disposições, Borda apresentou como o cultivo de certos hábitos da mente, padrões intencionais de comportamento ou pensamento, tendências cognitivas (ibid., p. 1029). Em síntese, ela descreveu as disposições apontadas por Gadamer que são necessárias ao cientista hermenêutico – distração, dúvida, humildade e força –, bem como traçou elementos da teoria educacional gadameriana para o desenvolvimento dessas disposições. A autora fez uma aproximação dessas disposições que não se restringem aos cientistas, mas que são extensivas ao estudante de ciências, apresentando sugestões ao ensino de ciências que incluem a noção de viver com ideias, o uso de

linguagem negociatória, o uso de textos primários e os debates sobre tópicos controversos e ainda propôs uma avaliação a partir dos discursos dos estudantes que participam desta forma de apropriação de disposições, para além dos objetivos cognitivos de aprendizagem (ibid. 1038-1039). Borda pensou sobre a educação em ciências em uma abordagem hermenêutica, mas, mesmo com formação em química, não se dedicou às peculiaridades da educação química. A HERMENÊUTICA NA EDUCAÇÃO QUÍMICA A Foundations of Chemistry e a Hyle–International Journal for the Philosophy of Chemistry são revistas internacionais que se dedicam a discutir a filosofia da química e que apresentam em seu escopo a possibilidade de produção em educação química 4. Com a intenção de identificarmos trabalhos voltados à aproximação da hermenêutica e educação química, elas foram as fontes de busca de produções. Assim, nas ferramentas de busca de ambas as revistas, procuramos pelas palavras-chave “hermeneutic” e/ou “gadamer” e encontramos três ocorrências na Foundations of Chemistry e quatro na Hyle relativas às duas palavras-chave, cujas citações estão expressas no Quadro 1. Nas revistas em análise, não encontramos trabalhos completos que se dediquem a aproximar a hermenêutica de Gadamer e nenhuma outra vertente específica da hermenêutica articulada à educação química. O que encontramos foram breves menções às palavras-chave cujos sentidos interpretamos a partir de nosso horizonte de compreensão. Quadro 1: Citações das palavras "hermeneutic" e/ou "Gadamer" nas revistas Foundations of Chemistry (1999-2015) e Hyle-International Journal for the Philosophy of Chemistry (1997-2015). Revista Citação Jacob cita “hermeneutic approach” dentro do Método Exeter (análise de “declarações” científicas) que é sistemático e reproduzível que expõe as inconsistências científicas em relação à linguagem, argumentação, lógica, etc. (p. 102). O autor apresentou que este método já vem sendo usado na filosofia da bioquímica como uma ferramenta de análise: “O Método Exeter representa uma abordagem pragmática para permitir o Foundantions of uso na filosofia em bioquímica” (2002, p. 122). Chemistry Taber exemplifica uma “hermeneutic interpretation” como abordagem analítica em programas de pesquisa de aprendizagem com viés construtivista em ciências (2006, p. 221). Kim (2011) cita “Gadamer” (p. 216) para referenciar a data de invenção das palavras Erkenntnislehre e Erkenntnistheorie, “epistemologia”. 4 A Foundations of Chemistry é publicada desde 1999 em que os químicos, bioquímicos, filósofos, historiadores, educadores discutem questões relacionadas com a química. Mais detalhes: http://link.springer.com/journal/10698; A Hyle é publicada desde 1997 dedicada aos aspectos filosóficos da química: epistemológicos, metodológicos, ontológicos, de domínios científicos e não científicos, questões estéticas, éticas e ambientais, história, sociologia, linguística e a educação química. Mais detalhes: http://www.hyle.org/navigation.htm.

Hyle–International Journal for the Philosophy of Chemistry

Laszlo (2003, p. 30-31) cita “Gadamer” para situar historicamente as disputas sobre a estética na obra de arte. Elkins (2003, p. 111) cita “hermeneutic” como sinônimo de interpretação que busca realizar sobre o sentimento de significado a partir das ilustrações feitas na alquimia. Obrist (2003, p. 157) cita “hermeneutic” quando relata em como as representações pictóricas alquímicas também influenciaram a interpretação de textos bíblicos. Kim (2014, p. 132) cita “hermeneutics” como uma forma apropriada de conhecer o passado para uma avaliação crítica da forma como fazemos ciência no presente, mas que a filosofia da química não deve se focar em historicizar objetos da química em seus estágios de evolução.

Compreendemos que há outras fontes que podem abordar hermenêutica e educação química, entretanto, por essas revistas estarem mais vinculadas ao propósito de pensar as questões da química sob o viés filosófico, poderíamos encontrar contribuições acerca da hermenêutica. De fato, encontramos sete ocorrências das palavras-chave com as quais tentaremos fazer algumas inferências. Jacob (2002) e Taber (2006) mencionam a hermenêutica sob o viés mais metodológico, o primeiro buscando inconsistências naquilo que se diz sobre bioquímica e o segundo ressaltando que é necessária uma avaliação mais profunda do que se faz no ensino de ciências no viés hermenêutico. Kim (2011) também cita “Gadamer” apenas como fonte de uma informação pontual, em relação a data de origem de um termo, a epistemologia, sem entrar na discussão que se faz entre a hermenêutica gadameriana e a epistemologia como fez Schulz (2014, p. 1298). Laszlo (2003), Elkins (2003) e Obrist (2003) estavam interessados em citar o caráter estético na química e na alquimia. Laszlo cita Gadamer apenas para situar historicamente as compreensões e tensões sobre a estética, mesmo sem ter se aproximado as contribuições de interpretação estética do filósofo (GADAMER, 1997). Elkins e Obrist a citaram e talvez tenham se aproximado de Gadamer (mesmo sem citá-lo) quando ressaltaram as influências interpretativas da experiência estética das ilustrações e representações simbólicas ao longo da história da química. A partir de Gadamer, entendemos que a experiência estética provocada por essas experiências influencia determinada tradição, seja ela na alquimia ou nos textos bíblicos e que isso é propagado historicamente, chegando até nós. O que chegou até nós pelo caminho da tradição de linguagem não é o que restou, mas o que é transmitido, isto é, nos é dito – seja na forma da tradição oral imediata, onde vivem o mito, a lenda, os usos e costumes, seja na forma da tradição escrita, cujos signos de certo modo destinam-se diretamente a todo e qualquer leitor que esteja em condições de os ler. (GADAMER, 1997, p. 504)

Kim (2014) ressaltou a hermenêutica como uma forma de conhecer o passado, mas que a filosofia da química não deve historicizar seus objetos e a evolução destes. Entretanto, Gadamer mostrou que é preciso escrever sobre as tradições, pois quando a tradição é escrita, ela se eleva acima do mundo passado, passando a uma continuidade da memória (1997, p. 505). Neste ponto, podemos nos questionar: que tradição da química estamos perpetuando como professores de química? Como a tradição da química se propaga em nossa linguagem de sala de aula? Esta é uma preocupação também de Gadamer (ibid.) que entende que “nossa compreensão permanece insegura e fragmentária naquelas culturas das quais não possuímos nenhuma tradição de linguagem, mas apenas monumentos mudos”. Será que estamos construindo uma tradição química com monumentos historicamente mudos? A pouca produção envolvendo educação química e a hermenêutica também ficou evidenciada nos trabalhos apresentados na reunião anual da International Society for the Philosophy of Chemistry realizada no Brasil em 2015 em que não houve qualquer produção dedicada a esta temática (ARAUJO-NETO & SILVA, 2015). Isto pode evidenciar a abertura de espaço para aprofundarmos essa discussão com a comunidade de filósofos e educadores da química, pois assim como Pierre Laszlo (2013, p. 1686) também percebemos a possibilidade de abertura desse espaço à hermenêutica filosófica quando ele escreve que seria útil pensar em uma ontologia hermenêutica a partir de Gadamer. CONCLUSÕES PARA AMPLIAÇÕES O encontro com a hermenêutica dentro da educação química nos mostra algumas brechas para ingressarmos em um círculo de compreensões das questões que nos constituem como professores. Entre elas está a de que precisamos compreender que química é esta, que tradição é esta pela qual foi/é construída e perpetuada em cursos de formação, na escola e em outros espaços institucionais e que nos constitui. Assim, a comunidade de educação química pode-se voltar para o dito por Bensaude-Vincent (2014, p. 73.) de que é promissor ouvir os químicos [e aqui ressalto especialmente os professores de química e aqueles em formação] e tentar distinguir suas questões de interesse com vistas a formular e discutir os seus pressupostos filosóficos por sermos perpetuadores dessa tradição. Acreditamos que a hermenêutica filosófica pode ser um caminho para esta compreensão.

REFERÊNCIAS ARAÚJO-NETO, W. N.; SILVA, R. B. (Eds.) Book of proceedings: International society for the philosophy of chemistry - ISPC: anual meeting 2015 - Rio de Janeiro - Brazil: 28 - 30 july. Instituto de Química, 2015. ARIZA, L. G. A.; DIAS, V. M. T.; SOUSA, R. S.; NUNES, B. R.; GALIAZZI, M. C.; SCHMIDT, E. B. Articulações metodológicas da Análise Textual Discursiva com o ATLAS.ti: compreensões de uma Comunidade Aprendente. 4º Congresso Ibero-americano em Investigação Qualitativa, p. 346-351, 2015. BENSAUDE-VINCENT, B. Philosophy of Chemistry or Philosophy with Chemistry?. HYLE– International Journal for Philosophy of Chemistry, v. 20, p. 59-76, 2014. BORDA, E. J. Applying Gadamer’s concept of disposition to science and science education. Science & Education, v. 16, n. 9-10, p. 1027-1041, 2007. EGER, M. Hermeneutics and science education: An introduction. Science & Education, v. 1, n. 4, p. 337-348, 1992. ELKINS, J. Four ways of measuring the distance between alchemy and contemporary art. HYLE–International Journal for the Philosophy of Chemistry, v. 9, n. 1, p. 105-18, 2003. GADAMER, H.G. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Editora Vozes, 2007. GALIAZZI, M. C.; SCHMIDT, E. B. CEAMECIM – Comunidades Aprendentes em Educação Ambiental, Ciências e Matemática. Ambiente & Educação, p. 155-162, 2009. GRONDIN, J. Hermenêutica. Trad. Marcos Marcionilo – São Paulo: Parábola Editorial, 2012. JACOB, C. Philosophy and biochemistry: research at the interface between chemistry and biology. Foundations of Chemistry, v. 4, n. 2, p. 97-125, 2002. KIM, M. G. From phlogiston to caloric: chemical ontologies. Foundations of Chemistry, v. 13, n. 3, p. 201-222, 2011. LASZLO, P. Foundations of chemical aesthetics. Hyle: International Journal for Philosophy of Chemistry, v. 9, p. 11-32, 2003. ____. Towards teaching chemistry as a language. Science & Education, v. 22, n. 7, p. 16691706, 2013. LAWN, C.; KEANE, N. The Gadamer Dictionary. A&C Black, 2011. MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. Análise Textual Discursiva. Ijuí: Unijuí, 2007. OBRIST, B. Visualization in medieval alchemy. Hyle: International Journal for Philosophy of Chemistry, v. 9, p. 131-70, 2003. SCHULZ, R. M. Philosophy of education and science education: A vital but underdeveloped relationship. In: International handbook of research in history, philosophy and science teaching. Springer Netherlands, 2014. p. 1259-1316. TABER, K. S. Constructivism’s new clothes: the trivial, the contingent, and a progressive research programme into the learning of science. Foundations of Chemistry, v. 8, n. 2, p. 189219, 2006. WENGER, E. Communities of Practice: Learning, Meaning, and Identity. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

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