Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul injustiçado

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“É imperativo que se conheça este Grande Português, um valoroso Homem da História Universal!”

28 dezembro 2015

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Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul injustiçado

mata, sendo o seu salário reduzido enviado para a reforma, com ¼ do salário, ou seja, Aristides começou a passar necessidades, pois era chefe de uma família numerosa. A comunidade judaica de Lisboa foi o seu apoio e alento durante estes anos, tendo os

Há exatos 130 anos, a 19 de julho de 1885, nascia Aristides de Sousa Mendes, um homem que pôs de lado a sua individualidade e dispôs-se a trabalhar em prol do salvamento de milhares de pessoas em risco. Também foi contra as ordens do seu superior, desrespeitando as instruções de Oliveira Salazar, e que acabou por sofrer as duras consequências do seu ato. Sousa Mendes foi um dos maiores exemplos de respeito pela integridade humana da História recente do Mundo. Figura na minha lista dos 10 maiores portugueses da História. Corria o ano de 1940, a Alemanha nazi avançava sobre a Europa Ocidental, milhares de pessoas fugiam do III Reich e dos campos de concentração de Hitler. É neste cenário de guerra e de crueldade humana, que surgiu Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português em Bordéus. Diplomata e com passagem por embaixadas importantes, Aristides de Sousa Mendes foi convidado por Salazar a dirigir o consulado em Bordéus. Sousa Mendes recebeu do Presidente do Conselho de Ministros, assim como todas as embaixadas portuguesas, a Circular 14, na qual Salazar ordenava que os consulados recusassem passar vistos a "estrangeiros de ou em litígio; os apátridas; os judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos”. Mesmo com ordens superiores, Sousa Mendes começou a passar vistos e recebeu advertência de Salazar. Segundo se diz, terá exclamado: "Se há que desobedecer, mens do que a uma ordem de Deus". Assim, Sousa Mendes iniciou um caminho sem volta e entre 20 e 23 de junho de 1940, passam agora exatos 75 anos, com a ajuda da família e de alguns colaboradores, passou mais de 30 mil vistos, sendo 10 mil para judeus. Com o armistício francês a 22 de junho de 1940 e a pressão do Governo português, Aristides saiu de França, mas no percurso para Espanha, continuou a passar vistos a todos aqueles que pediram ajuda. Na chegada a Lisboa, Aristides foi privado, por um ano, de exercer as funções de diplo-

e feito carreira por lá, sendo que dois deles participaram no Desembarque da Normandia. Nos anos seguintes, Aristides de Sousa Mendes tentou recuperar os seus direitos, mas Salazar jamais podia aceitar que um funcionário seu fosse contra as suas ordens e não sofresse, com isso, um exemplar castigo. O “Cônsul injustiçado” morreu a 3 de abril de 1954, na mais absoluta miséria. Em 1967, Aristides passou a ser o único português a fazer parte dos Righteous Among the Nations (Justo entre as Nações), no Yad Vashem Memorial em Israel, além de ter uma raelita com 10 mil árvores, o número de judeus que salvou. Em Portugal, só em 1988, teve seu nome reabilitado. A Associação dos Diplomatas Portugueses criou o Prémio Aristides de Sousa Mendes para a investigação anual de política internacional mais relevante para as relações externas portuguesas, em sua homenagem. Aristides de Sousa Mendes desrespeitou as ordens superiores, porque decidiu que o valor real da vida humana era mais importante que a política, um princípio cívico que hoje não praticamos e continuamos a esquecer diariamente. Criticando ou não a sua posição de contrariar Salazar, que era o Presidente do Governo do seu país, a realidade é que Aristides salvou mais de 30 mil pessoas e manteve a Atualmente, o valor humano perdeu força, há um grande desrespeito pelo “outro”, pelo apoio e inter-ajuda, as pessoas deixaram de conviver por amizade, mas por interesse, parece que os valores perderam o seu rumo e, ao analisar a vida deste “Grande Português”, percebemos que é importante pararmos e darmos valor a quem nos rodeia, valorizar as relações humanas…olhar para os outros com “olhos de ver”. É imperativo que se conheça este Grande Português, um valoroso Homem da História Universal! Francisco Miguel Nogueira

Nota: No ano em que se celebram os 75 anos da intervenção de Aristides de Sousa Mendes no salvamento de 30 mil pessoas e também se comemora o 130º aniversário do seu nascimento, foi lançado a 19 de julho o Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes: http://mvasm.sapo.pt/

Em 1 de janeiro de 1980

Em 1 de janeiro de 1980, o maior sismo ocorrido em Portugal nos últimos 200 anos, atingiu Angra do Heroísmo, cidade que durante três séculos foi um dos principais portos das rotas transatlânticas. Foi a reconstrução de Angra que fez ressaltar a possibilidade da elevação a Património da UNESCO, com os vários técnicos da organização interessados na arquitectura da cidade açoriana. Um ano depois, começaram as diligências para transformar Angra na primeira cidade-centro histórico português. A candidatura angrense sofreu alguns problemas, sobretudo devido à indiferença nacional, mas vários organismos regionais desenvolveram todas as acções necessárias ao processo de elevação. Dois anos depois, a 7 de dezembro de 1983, Angra do Heroísmo era elevado a Património ter sido escala obrigatória das frotas de África e das Índias (critério IV) e de estar directa e materialmente associada aos Descobrimentos Marítimos (critério VI), além do traçado urbanístico original, copiado em vários pontos dos Impérios coloniais europeus. Angra do Heroísmo representa um exemplo de cidade dos

se conhece. Angra do Heroísmo foi, durante anos, um dos grandes exemplos de respeito pelas normas da UNESCO, o que infelizmente não tem acontecido do, sem respeitar minimamente este nosso “bem cultural.” As entidades políticas responsáveis têm por obrigação ter os olhos abertos e saber conservar a história que receberam. Seria também muito importante que os angrenses, terceirenses e açorianos em geral, fossem os paladinos e defensores de Angra do Heroísmo e possivelmente a conhecessem melhor. É necessário preservar o centro histórico da cidade e a sua riqueza. Angra do Heroísmo é o melhor testemunho da História do Atlântico, por isso, é necessário não deixar que os “velhos do Restelo” impeçam a divulgação da História da cidade, que haja mais roteiros históricos, que se aposte nas recriações históricas de acontecimentos importantes no centro da cidade. Chegou o momento da nova geração, a minha, saber mais da sua cidade e apostar no desenvolvimento cultural de um dos pontos que, ouso dizer, mudaram a História do Mundo!

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