ARQUEOLOGIA E NACIONALISMO ESPANHOL. A PRÁTICA ARQUEOLÓGICA DURANTE O FRANQUISMO (1939-1955)

September 8, 2017 | Autor: R. Nakayama Rufino | Categoria: Arqueología, Franquismo, The Uses of Archaeology
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A R Q U E O L O G I A E N A C I O N A L I S M O E S PA N H O L A PRÁTICA ARQUEOLÓGICA DURANTE O FRANQUISMO (1939-1955) AUTOR

5DIDHO«5X¿QR Mestrando em História Cultural pelo IFCH/UNICAMP, sob orientação do Prof. Dr. Pedro Paulo Funari e Pesquisador do Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte – NEPAM/UNICAMP. Bolsista CNPq &RQWDWR [email protected]

RESUMO

INTRODUÇÃO

O objetivo do artigo é discutir a relação entre Arqueologia e Nacionalismo, centrando-se no caso espanhol durante o regime do General Francisco Franco. Inicia-se com uma exposição, em linhas gerais, das primeiras atividades de SUHVHUYDomR©GRV©YHVWtJLRV©DUTXHROyJLFRV©OHYDGDV©D©FDER©QD©(VSDQKD©QR©½QDO© do século XIX. Posteriormente, analisa-se o que seria a institucionalização de uma “Arqueologia franquista”, a partir da criação da Comisaría General de Excavaciones Arqueológicas – organismo que centralizou toda a atividade DUTXHROyJLFD© HQWUH© © H© © 3RU© ½P© D© GLVFXVVmR© WHP© FRPR© IRFR© D© Arqueologia durante o franquismo como uma Arqueologia a serviço do regime. 3DODYUDV÷FKDYH Arqueologia; Nacionalismo; Espanha franquista. Nos últimos tempos, o campo da Arqueologia tem recebido o aporte de uma discussão epistemológica que visa demarcar o aspecto discursivo GD© GLVFLSOLQD© ,Q¾XHQFLDGD© SRU© XPD© FUtWLFD© GLWD© SyVõPRGHUQD© D© DWHQomR© IRL© GLUHFLRQDGD© SDUD© D© LQ¾XrQFLD© GR© DPELHQWH© VRFLDO© FXOWXUDO© H© SROtWLFR© GR© pesquisador na produção do conhecimento arqueológico (LUMBRERAS, 1974 e UCKO, 1987). Isso quer dizer que suas interpretações devem ser entendidas a partir das motivações que o levaram a olhar para o objeto a partir de uma GHWHUPLQDGD©WHRULD©H©GH©SURFHGLPHQWRV©PHWRGROyJLFRV©HVSHFt½FRV© 1R©PDUFR©HVSHFt½FR©GD©KLVWyULD©GD©GLVFLSOLQD©DUTXHROyJLFD©p©LPSRUWDQWH© observar as considerações críticas de Margarita Díaz-Andreu a respeito dos que “adotam uma ótica internalista, isto é, que fundamentalmente discutem qual autor disse, o que disse, em que época, e os que suas idéias contribuíram SDUD© R© SURJUHVVR© GD© FLrQFLD²© © © ¯© JULIR© QR© RULJLQDO © $R© FRQWUiULR© p© QHFHVViULD©XPD©YLVmR©H[WHUQDOLVWD©YROWDGD©SDUD©D©GHVFRQVWUXomR©GRV©GLVFXUVRV© arqueológicos (PATTERSON, 2001 e FUNARI, 2003a). Isso implica tornar visíveis as “categorias discursivas utilizadas, que raramente constituem o tema de DQiOLVH© $QWHV© VmR© DFHLWDV© FRPR© GDGDV© H© FRQVWLWXHP© XPD© HVWUXWXUD© a priori SDUD©GHVFULomR©FODVVL½FDomR©H©LQWHUSUHWDomR²© -21(6©© ©%UXFH©7ULJJHU© H[SUHVVRX©VXD©RSLQLmR©DFHUFD©GR©DVVXQWR Acredito, como muitos outros que estudam a História da Arqueologia, que o enfoque histórico oferece uma posição especialmente vantajosa a partir da qual é possível examinar as relações de mudança entre a interpretação arqueológica e seu meio social e cultural. A perspectiva

WHPSRUDO©PHOKRU©TXH©D©½ORVy½FD©RX©D©VRFLROyJLFD©SURSRUFLRQD©XPD©EDVH© diferente para o estudo dos vínculos entre a Arqueologia e a sociedade.

&RQFUHWDPHQWH© SHUPLWH© DR© LQYHVWLJDGRU© LGHQWL½FDU© IDWRUHV© VXEMHWLYRV©

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Arqueologia Pública | Campinas | n° 4 | 2011

mediante a observação de como e sob quais circunstâncias tem variado DV©LQWHUSUHWDo}HV©GR©UHJLVWUR©DUTXHROyJLFR© © ©

(VVD©SRVWXUD©HP©UHODomR©DR©FRQKHFLPHQWR©DUTXHROyJLFR©HVWi©LQVHULGD©HP© uma crítica ao modelo positivista na Arqueologia, representado, em grande PHGLGD© SHOD© FRUUHQWH© WHyULFD© GD© $UTXHRORJLD© 3URFHVVXDO© ±RV© SRVLWLYLVWDV© defendem que, sempre que os dados disponíveis sejam os adequados e DQDOLVDGRV© VHJXQGR© RV© PpWRGRV© FLHQWt½FRV© FRQYHQLHQWHV© D© YDOLGDGH© GDV© conclusões resultantes é independente das crenças do investigador” (TRIGGER, ©  © 3RU© RXWUR© ODGR© DOJXQV© DUTXHyORJRV© D½UPDP© TXH© DV© SHUJXQWDV© IRUPXODGDV©H©DV©UHVSRVWDV©FRQVLGHUDGDV©DFHLWiYHLV©VmR©GLQkPLFDV©H©PXWiYHLV© dependendo das condições sociais e culturais do pesquisador. Esse tipo de posicionamento alimentou a constituição de uma Arqueologia denominada Contextual ou Pós-Processual, que leva em conta o contexto na produção do FRQKHFLPHQWR©1HVVH©VHQWLGR©,DQ©+RGGHU©D½UPD©TXH© A Arqueologia Processual não se caracterizava precisamente por

XPD© DQiOLVH© PLQXFLRVD© GRV© FRQWH[WRV© VRFLDLV© GRV© DUTXHyORJRV© YLVWR© que o mais importante era a contrastação, independente das teorias, a

SDUWLU©GRV©GDGRV©HWQRJUi½FRV©H©DUTXHROyJLFRV©1R©HQWDQWR©QmR©ID]©PXLWR© tempo que os arqueólogos começaram a mostrar um maior interesse pela subjetividade dos passados que reconstruímos em relação às estratégias GH©SRGHU©FRQWHPSRUkQHDV© © ©

2© SUHVHQWH© DUWLJR© HVWi© LQVHULGR© QHVVD© SHUVSHFWLYD© WHyULFD© 'R© SRQWR© GH© YLVWD© WHPiWLFR© EXVFD© SHUFHEHU© RV© XVRV© GD© $UTXHRORJLD© GXUDQWH© R© regime franquista na Espanha (1939-1975) e compreender a relação entre a Arqueologia e a ideologia política do nacionalismo espanhol desenvolvida QHVVH©SHUtRGR©2©LQWHUHVVH©p©GLUHFLRQDGR©SDUD©D©DQiOLVH©GH©FRPR©RV©HVWXGRV© de Arqueologia, produzidos durante o regime, estavam de alguma forma conectados com as principais bandeiras defendidas pelo poder político, tais como a criação de uma identidade nacional, de uma unidade nacional, de uma origem comum a todos os espanhóis, entre outras, pois, como observa Pedro Paulo Funari, “a criação e a valorização de uma identidade nacional ou cultural relacionam-se, muitas vezes, com a Arqueologia”, visto que “a Arqueologia é sempre política, responde a necessidades político-ideológicas dos grupos HP©FRQ¾LWR©QDV©VRFLHGDGHV©FRQWHPSRUkQHDV²© ©õ ©&RP©HIHLWR©R© TXH©HVWi©FRORFDGR©p©D©UHODomR©HQWUH©R©QDFLRQDOLVPR©XP©JRYHUQR©GLWDWRULDO©H©R© papel da Arqueologia como portadora de uma legitimidade. O Nacionalismo é uma forma particular de ideologia que pode ser usada por uma nação para construir e fortalecer a unidade. Uma vez que a ideologia do nacionalismo é geralmente construída com base no entendimento das pessoas acerca de seu passado, a história e a arqueologia podem fornecer uma contribuição essencial para a sua criação. [...] A ditadura é um tipo político, um entre muitos, que pode optar por utilizar o nacionalismo. Os ditadores costumam usar o nacionalismo para reforçar o apoio para os seus anseios e, com isso, podem cultivar um LQWHUHVVH©SHOD©$UTXHRORJLD© *$/$7
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