Arremedo! - O Sentido de Ver e Barbarizar Hemorragicamente

June 8, 2017 | Autor: J. Fleck | Categoria: Franz Kafka, Albert Einstein, Contracultura, Literatura Alemã
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Arremedo! - O Sentido de Ver e Barbarizar Hemorragicamente! Na atual conjuntura, seria total mostra de insanidade não se curvar ante os mais sinceros e legítimos apelos que recebemos por email. Veja-se o caso de um astro, o site governamental Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br), que tantos diligentes usuários de informática têm se apressado em defender. Há de se usar tais fontes devidamente, com a urgência de quem atende a um doente. Assim, lá encontrei referência a outro sítio (http://virtualbooks.terra.com.br/) e alguns textos dos quais pude dispor a fim de insuflar conteúdo a formular solução da derradeira pergunta proposta entre as 3 lavradas em lauda pelo mestre da disciplina de Narrativa em Língua Alemã II, a quem submeto estas mal-traçadas. Pincei - se é que qualquer verbo que indica ação pode ser de fato, e de direito, utilizado bem quando se trata de realizar (realizar?) qualquer evento por meios eletrônicos, intermediados por interfaces ocultas em seu funcionamento complexo -, então, ou, cliquei, como e se queira, dois textos de poucos caracteres: Um Incidente Cotidiano e Uma Velha Página . http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/traduzidos/download/um_incidente_cotidiano.pdf http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/traduzidos/uma_velha_pagina.htm Destarte, considerando as letras reunidas por Kafka, tomadas e transformadas pela interface do senhor Silveira de Souza, e os sons pronunciados em classe, além das projeções e exibições, sobre essas fundarei o meu despacho, que agora começa. Fim da Introdução “Ein Mißverständnis ist es, und wir gehen daran zugrunde.” “Ein alltäglicher Vorfall; sein Ertragen ein alltäglicher Heroismus.” Em tais citações, reside a obviedade. Da forma como estão, resumem e finalizam este trabalho. Cabe, ainda, no entanto, dizer que tais citações somente têm valor levando-se em conta o contexto real do autor, que não é alemão. Logo, como a própria erudição, isto é uma farsa. P.S.

Silêncio! Não há conforto! Quando o clichê demais mastigado perdeu o sabor, e a percepção da humanidade alterou-se, finalmente pudemos jogar fora todos os aforismos, agiotas da erudição, e assumir o evangelismo do não-saber. A máxima da clareza, imanada de outro judeu-germânico, sobre “o pensamento lógico levar você de A até B, enquanto a imaginação leva a qualquer lugar do espaço” faz já parte da atual cultura gospel, mas não deixa de ser válida para o entendimento do fluxo hipertrofiado da consciência hipertrofiada no texto Kafkiano. Logicamente, o mérito do autor não reside apenas no rompimento com a ordem estática do tempo, substituindo o

cronológico pelo psicológico analógico. Há muito se sabia, principalmente na época da composição dos títulos em análise, que essa grandeza era relativa. Assim, tanto quando o herói de Um Incidente Cotidiano, A., anuncia, prestes a empreender sua segunda viagem de retorno da aldeia H. rumo a seu povoado, que irá “sem especiais cogitações a respeito”, não nos surpreende que perfaça “o caminho de volta a bem dizer num instante”, como também quando pensa que “isso iria exigir provavelmente um tempo maior”, obviamente a viagem leva muito mais tempo. E isso fica mais claro quando o autor faz troça do já derrocado princípio científico de que um mesmo experimento, realizado em mesmas condições, com os mesmos componentes, sempre apresente o mesmo resultado: “a despeito de todas as circunstâncias serem, ..., inteiramente semelhantes às do dia anterior”, a personagem leva dez vezes mais tempo para fazer o mesmo caminho. No nosso atual paradigma, então, sabemos com absoluta certeza de que não houve qualquer intenção de questionamento ou inovação, por parte do autor, nesse rompimento com a ordem natural das coisas. Não há choque. P. P. S. De mesma forma, esse foco na realidade inquestionável pode ser também encontrado em Uma Velha Página. Quando, no final, o autor coloca a frase citada no início deste trabalho, podemos focalizar em todo o conto uma alegoria para a natural dificuldade de um cidadão comum em aceitar uma mudança em sua realidade. O “mal-entendido” é de percepção, de mal lidar com fatos novos, de defender sua visão de mundo pequeno até o fim. De encerrar-se novamente num útero simulado, com todo o tipo de “roupas, cobertores e almofadas sobre o corpo” para não ouvir os gritos da realidade, da mudança, chamando lá fora. A consciência atenta do autor, nas palavras do personagem, demonstra todo o processo, todas as concessões efetuadas e inventadas, para evitar que haja uma mudança de rumo na vida da personagem. É descrito todo o processo de defesa do próprio paradigma de entendimento, da ótica de apreensão do mundo. Os valores imutáveis da personagem são apostos ao novo contexto, mas são ridiculamente incabíveis. A própria aceitação de uma vida com os nômades por parte dos cidadãos da cidade e sua passibilidade inquestionável são o ridículo exposto de uma situação que pode ser parelhada ao mundo em si. Não há um mal-entendimento, simplesmente não é possível entender uma nova situação com velhos parâmetros. Essa é a piada. P. P. P. S. Filosofia da Geração Espontânea deste Texto Nada está claro e nada está óbvio. O objetivo da forma escolhida para compor o texto foram de confundir absolutamente a leitura. A tentativa foi de inverter os pontos de vista e transformar o duvidoso em realidade e vice-versa. A busca pela farsa deveria era fazer confundir o leitor em todos os pontos possíveis. Conceitos como “autor”, “verdade” e o que é de “conhecimento comum” sofreram absoluta tentativa de distorção. Igualmente, muitas expressões foram usadas fora de contexto, com objetivo de subverter a língua e a forma. A tentativa foi de realçar um dos pontos de vista sobre a obra de Kafka: a subversão, submissão, da realidade. Kafka joga, nestes dois textos, com alguns dos elementos que cito acima. Tentei fazer ver que a sociedade é uma ilusão e que a realidade factídica é um mero detalhe. No texto Kafkiano, a capacidade de apreensão, a percepção, captação da realidade, estão em foco, seja para com o leitor (que se vê ante uma narrativa de difícil compreensão, em Um Incidente Cotidiano) ou para a própria personagem (que vê sua realidade passar de

“uma praça tranqüila” a “um verdadeiro estábulo” em Uma Velha Página), que usa dos recursos mais absurdos para tentar fugir a uma completa compreensão da situação. Não há um questionamento (daqueles com interrogação no final) claro na obra de Kafka, mas uma exposição de fatos e formas inaceitáveis ao senso comum. São narrados eventos surreais, mas com máscara de realidade aceita apenas pelas personagens. Uma exacerbação livre disso seria dizer que Kafka utiliza o mesmo mecanismo das piadas populares, o “ridículo” e o “absurdo” com intenção de fazer graça ou, no caso, chocar. Certamente que esse foi só um caminho.

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