Arte Contemporânea e Paquetá: encontros, diálogos, experiências

Arte Contemporânea e Paquetá: encontros, diálogos, experiências Ivair Reinaldim

Curador artes visuais

Paquetá Experimenta Arte Contemporânea apresenta um conjunto de propostas artísticas, produzidas nas mais variadas linguagens, visando estimular a construção de diálogos entre experiências contemporâneas de arte e a atmosfera peculiar de um dos bairros mais charmosos do Rio de Janeiro. O projeto, idealizado por Fernanda Metello, teve como ponto de partida seu trabalho Previsão da Memória, criado em 2005 e agora apresentado em nova versão, conjuntamente a um jogo da memória, para que os visitantes da mostra possam conviver com algumas imagens que a acompanham desde a infância. Desse modo, é possível observar aquilo que no decorrer do tempo teima em não mudar, assim como os eventos que sutilmente transformam a paisagem e a rotina daqueles que vivem e se deslocam pelas ruas e praias do lugar. No entanto, de modo diverso, os cinco artistas convidados para participar do projeto não apresentam uma relação afetiva anterior com Paquetá – além das histórias que sempre ouviram a seu respeito –, mas foram confrontando-se com o ambiente e a paisagem local em cada visita que fizeram à ilha nos últimos meses. Mediante tal condição, pretendeu-se criar um contexto experimental, encorajando a ocorrência de situações que atravessassem seus processos poéticos e ao mesmo tempo continuassem norteando o modo como os trabalhos seriam exibidos ao público. Além da obra de Fernanda Metello, a mostra reúne proposições artísticas inéditas de Floriano Romano, Jorge Menna

Barreto, Leo Ayres, Mayana Redin e Regina de Paula, a partir de suas impressões e apontamentos. Muitos desse trabalhos abordam questões como efemeridade e permanência, relações entre som e imagem, ação no espaço e no âmbito social; constroem uma atmosfera relacional, a partir das histórias narradas e de propostas de interação entre as pessoas. Outros, referem-se tanto ao aspecto turístico da ilha, suas paisagens bucólicas e idealizadas, quanto ao tempo vagaroso que tece as relações e os laços humanos, semelhante à dinâmica das pequenas cidades, do interior das moradias aos cachorros que caminham livremente pelas ruas, praças e praias; tratam daquilo que se consome àquilo que se transmite de geração a geração, por meio das falas, das conversas e de um olhar sempre renovado para a vida. Ao promover esses encontros, mais do que “levar” – ou “trazer”, dependendo do ponto de vista – arte contemporânea para a ilha de Paquetá, o projeto pretendeu desde o início estimular as relações de diálogo e convivência, para que tanto artistas quanto moradores e visitantes da ilha pudessem experimentar, se não o inusitado, pelo menos um pequeno deslocamento de suas práticas e rotinas cotidianas. Apresentamos aqui um pouco dessas experiências; convidamos os visitantes para partilharem de nossos processos e, desse modo, explorarem novas possibilidades de se relacionar com o mundo. Em outras palavras, o mote do projeto: “Vamos experimentar?”