Arte nas Imagens da Cultura no Second Life

May 18, 2017 | Autor: I. Janjii Rugani | Categoria: Avatar, Virtual Arts, ação cultural em metaversos
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Arte nas Imagens da Cultura no Second Life Isaura da Cunha Seppi Centro Universitário Senac-SP.Br; UNICAMP-SP.Br; Universidade Aberta de Portugal ([email protected]) Paula Justiça Escola Secundária da Gafanha da Nazaré.Pt ; CEMRI Universidade Aberta de Portugal ([email protected])

Resumo O desenvolvimento das Imagens da Cultura no SL foi uma ideia que surgiu quando se deu inicio aos seminários das Imagens da Cultura / Cultura das Imagens. Foi criado um espaço para concretizar essa ideia e durante quatro anos fizeram-se encontros, palestras e tertúlias no mundo virtual. Alguns dos participantes desses encontros, que tiveram percursos diversos, continuam a desenvolver projetos no Second Life. A arte virtual é um dos focos de interesse que mantêm em comum, pois é um dos aspetos mais atrativos e que possibilita uma sensação de total imersão no mundo virtual. É estudada também a nível académico, realçando-se ultimamente a possibilidade de interação entre os dois mundos, real e virtual. 1. Introdução Avatares no Second Life Uma plataforma virtual pode ser utilizada como um jogo, mas também pode ser considerada como uma continuidade da vida quotidiana, em que se desenvolvem projetos semelhantes aos que poderíamos realizar sem a utilizarmos. A diferença é que esta plataforma, ao contrário de outras redes sociais, como o facebook, permite uma imersão semelhante à da vida real e possibilita a comunicação próxima entre pessoas que se encontram fisicamente afastadas. Tal como noutras plataformas virtuais, no Second Life cada utilizador pode ter um ou mais avatares, que o representam e que lhe possibilitam essa sensação de imersão. Este mundo virtual, tal como o real, é constituído por continentes e ilhas, a que facilmente se pode aceder por teletransporte, bastanto para isso colocar o endereço correto ou clicar em locais predefenidos. Há ilhas temáticas, públicas ou privadas, mas a maioria assemelha-se por ser rodeada de águas calmas e por possibilitar aos seus habitantes a construção do mundo em que escolheram viver. O que distingue o Second Life de outras plataformas virtuais é o número de utilizadores e a facilidade de socializarem uns com os outros. A diversidade de plataformas semelhantes não conseguiu superar esta faceta social, que continua a atrair novos utilizadores, apesar da maioria serem adultos e já habituados à comunicação através de redes sociais virtuais. Sendo a língua mais usada o inglês, há muitas ilhas em que a maioria dos utilizadores são brasileiros e portugueses. Nalgumas delas mantem-se as tradições culturais do país de

origem dos habitantes, noutras criam-se espaços imaginários, mas na maioria delas predominam os locais dedicados à vida privada, ao consumo e ao lazer. Este pode ser direcionado para os jogos, para os encontros sexuais, para eventos cultuais ou artísticos. Um avatar é um deus menor que, na plataforma virtual Second Life, tem o poder de criar tudo o que está à sua volta, inclusive o seu corpo e a sua identidade. Apesar da maioria dos utilizadores deste mundo virtual não se dedicar à construção, alguns deles só o utilizam para isso e outros desenvolvem aqui os seus projetos artísticos. Por isso mesmo, convidamos quatro avatares para viajarem conosco no mundo virtual e nos falarem das suas experiências como construtores1, nomeadamente Genius Bikcin, Mauro Enyo, Sophia Bandler e Wan Laryukov. Este texto é apenas introdutório e, apesar dos nossos viajantes nos acompanharem ao longo dele, deixaremos as suas intervenções para o mundo virtual. Tal como outros, estes avatares participaram em muitas das sessões das Imagens da Cultura, realizadas ao longo dos últimos quatro anos, mas também mantiveram projetos individuais e grupais, que continuam a desenvolver, nomeadamente no domínio artístico. A intenção desta reunião é a de constituir uma dinâmica que promova a interação entre realidades e apresentar o metaverso como possibilidade de partilha e produção de conhecimento. Proposta para comunicação em evento científico: Apresentação: Isa Seppi/ Janjii Rugani (Centro Universitário Senac – SP Brasil) - participação presencial e inworld (Second Life) Paula Justiça/ PaulaJ Galicia (Esgn - Portugal) - participação inworld (Second Life) Participação inworld (Second Life) - avatares: José Saldarriaga / Mauro Enyo - Peru Paulo Fernandes / Genius Bikcin - Portugal Vânia Assumção / Sophia Bandler – Brasil Wanda Campos / Wan Laryukov – Portugal Participação RL (RealLife): participantes do X ICCI 2. Imagens da Cultura A ideia de criar um grupo online pararelo ao dos participantes nos seminários das Imagens da Cultura / Cultura das Imagens surgiu em 2009, quando se colocou a hipótese de poder comunicar com todos os membros do grupo através de uma plataforma virtual. O edíficio das Imagens da Cultura foi construído no Second Life por Genius Bikcin, nesse mesmo ano, numa das ilhas da Utopia, em Alma land, Gaia Portugal. Um dos objetivos era a criação de um grupo que pudesse fazer apresentações online das experiências ou das investigações no mundo virtual. Isso só sucedeu passado um ano, já numa outra ilha, na Costa de Aveiro.

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Não iremos aqui referir-nos a essas experiências, pois a sua apresentação será feita online por cada um deles, em PEACE (http://maps.secondlife.com/secondlife/Peace/228/152/53), no Second Life, mas gostaríamos de lhes agradecer a disponibilidade, assim como o apoio incondicional.

Durante aproximadamente três meses, os apresentadores dessas sessões, que na altura eram semanais, participaram e partilharam conhecimentos com uma série de visitantes ou de habitantes do Second Life. Alguns deles participaram também no Seminário anual, que nesse ano se realizou no início de Julho, no Porto, em que duas das apresentações foram realizadas através do Second Life. Para além dos encontros temáticos, as Imagens da Cultura foram animadas por exposições de design, de pintura, de poesia, de fotografias reais e virtuais, de arte virtual, assim como por espectáculos de música ao vivo, nomeadamente de músicos portugueses, entre eles Arménio Pessoa e Dubai Avril. Entretanto, como a ilha anterior acabou, as Imagens da Cultura migraram para Portucalis, uma ilha com caraterísticas diferentes das anteriores, o que fez com que o tipo de público se modificasse e que no início diminuisse. Depois de se ter experimentado que as sessões temáticas abrangessem assuntos que não fossem específicos do mundo virtual, como o artesanato em Portugal, e de se ter variado o tipo de encontros, incluindo sessões de poesia, aulas sobre construção básica no Second Life, sessões de Yoga do Riso, decidiu-se, em 2011, dar inicio às conversas às quartas. Estas aconteciam semana sim semana não, ou com um tema apresentado por um dos membros do grupo e posteriormente debatido por todos os presentes, ou com uma tertúlia temática em que todos participavam. Com o fim de Portucalis, a sede das Imagens da Cultura passou para Portugal Center, apesar da maioria das sessões passar a ser realizada na ilha minhota de Portugal Center, no edifício das Imagens da Cultura, quinzenalmente, incluindo conversas sobre os mais variados temas, geralmente com uma apresentação prévia acerca da temática a abordar. Este novo edíficio foi construído por JoalLuis5858 Foden que, juntamente com Ana Varghon, foram os criadores e mentores destas ilhas, dedicadas à cultura portuguesa, que se mantiveram ativas até ao final de Setembro de 2014. A última sessão das Imagens da Cultura já tinha sido em Abril deste ano, no entanto continuaram a apoiar eventos específicos, direcionados para a divulgação cultural, principalmente no Second Life. De seguida, passamos a enumerar as várias sessões realizadas ao longo dos últimos anos, anotando o nome do avatar que as apresentou ou introduziu, dando depois lugar ao diálogo sobre o tema exposto. Nem sempre foram realizadas nos espaços das Imagens da Cultura, pois tentaram adaptar-se à temática escolhida e ao próprio apresentador. Muitas delas ultrapassam os assuntos académicos e foram direcionadas para um público habituado à utilização de plataformas virtuais, enquanto outras poderiam ter lugar fora do Second Life e seriam acessíveis a qualquer participante. É de realçar que, apesar do público ter diminuido nos últimos anos, manteve-se um grupo nuclear dinamizador e alguns destes encontros conseguiram atrair novos visitantes para o Second Life. 2010 Abril 7- CampwAter Piek e Kamal Verino - Inauguração do seminário no SL 14 - Genius Bikcin - Evolução na construção SL 21 - Spyvspy Aeon - Machinima 28 - Jazz62 Masala - Mostra de fotografia em WEB 3D Reviriato Merlin - Fotos RL no universo Metaverso Maio

5 - Winter Wardhani - Solidariedade e Discriminação VMNF Korpov - Aprendizagem no Second Life suportada pelo LMS Moodle 12 - Ana Varghon - A importância do design no dia a dia PaulaJ Galicia - Corpo e identidade no Second Life 19 - Rafaela Avedon - Second Life: uma perspetiva pessoal Sophialan Bandler - Aventuras da Sophialan no SL 26 - Lena Bettencourt - Uma primeira abordagem sobre o SL como ambiente virtual de aprendizagem; Afrodite Ewry - Arte, cultura e comunicação em ambientes virtuais Junho 2 - Andabata Mandelbrot - SLACTIONS; Ams Rain - Da Aprendizagem Colaborativa à Comunidade de Prática 9 - Frapau Kling - A Projeção do Individuo e o retorno em emoções Guerreira Xue - Preconceitos na Rl versus imaginário no SL 16 - Palup Ling - Ideias sobre o património cultural nacional em Second Life CapCat Ragu - De Maria, de Mariana, de Madalena - arte e género no Second Life 24 - Eggy Lippmann - PLAYER: Play and Learn As Young EntrepreneuR Zoree Jupiter - My Real Life art in Second Life 30 - Morgen String - Aprendizagem real no mundo virtual do Second Life Fidalgo Falta - Sombras de Luz, um olhar sobre o SL e a RL Julho 7- CampwAter Piek - O jogo na era da interação digital: participação e alteridade Kamal Verino: Second Life: primeiros passos, primeiros contactos, primeiros olhares Outubro 13 – Arménio Pessoa - Divagações de uma pessoa-avatar no Second Life 20 – Amadeu Gazob – Second Life: 3 anos a navegar na costa… 27 – Eggy Lippmann – Como desenterrar o país da crise com empreendorismo inteligente Novembro 5 e 12 – Eunice Galaxy – Yoga do Riso 10 – Silvanaf Demina - A minha segunda vida! 17 - Fredyribeiro Writer - O Mundo Virtual também é Real Dezembro 8 – Hugo Morais - Artesanato real, artesanato virtual 2011 Janeiro 19 – Noite de Poesia nas Imagens da Cultura - Ousadia Fevereiro 2 - Hugo Morais - Conversas sobre artesanato 17 – Conversas às Quartas - Memórias do Second Life Março 2 – Conversas às Quartas – Amizades Virtuais 9 – Fejocama Ubble - Religiões no Second Life 16 – Conversas às Quartas - Atividade Física e Saúde 23 – Kamal Verino - Trabalho de campo em Antropologia no Second Life

30 - Ams Rain, Campwater Piek, Eunice Galaxy, PaulaJ Galicia - A utilização das Tic e do SL em contextos lúdico-educativos Abril 6 - Campwater Piek - Os princípios de aprendizagem nos videojogos 13 - Genius Bikcin - Um mundo chamado SL: Criar e Construir 27 – Conversas às Quartas - Arte Real e Virtual Maio 4 – Conversas às Quartas - Moda e massificação 11 - Conversas às Quartas - Porquê uma segunda vida? 18 - Betina Astride - eTICtar 25 – Conversas às Quartas - Infidelidade e paixões virtuais Junho 1 e 8 – Natem Andel - Noções Básicas de Construção no SL 15 – Amitaf Citron - Abordagem de aspectos fundamentais para o início de uma boa construção Junho / Julho 22 e 6 – JoaoLuis5858 Foden - Aspectos fundamentais para o início de uma boa construção 28 – Eunice Galaxy - Yoga do Riso Setembro 22 - Beto Sabretooth - Encontros e desencontros no mundo virtual Outubro 6 – PaulaJ Galicia - My life in Second Life Novembro 9 – Lena Lastchance - O poder das Imagens: Cinema, Internet e Televisão 23 – CapCat Ragu e Meilo Minotaur - Projecto Meta_Body Dezembro 14 - Mysa Randt - Comunicação e Aprendizagem no Ensino Superior à Distância 29 – Jazz62 Massala - Anti Natal, disparatar com música de fundo 2012 Janeiro 17 - Eggy Lippmann e Miguel Rotunno – OpenSim: Osgrid and others 25 – Fejocama Ubble - The use of Second Life in the teaching of religion Fevereiro 1 – Butler2 Evelin - Senses Places and Embodied Mixed Reality Interfaces 23 – Hugo Morais - As Máscaras da nossa Identidade Março 7 – Andabata Mandelbrot - Uma Grid nacional de OpenSim 28 - Isor Portland - Ensino Baseado em Projetos: uma atividade pedagógica no Second Life Abril 4 - Eunice Galaxy – Yoga do Riso 11- Vladimiro Renoir – Osgrid: cria a tua própria ilha 18 - Anemolif Petrovic - “Um percurso, muitos encontros e um mundo de aprendizagens”: como virtual e real se cruzaram na construção de um PLE Maio

2 - Mirror Amorosi - Prazer e paixões no SL 16 – Eros Reinard - Role Playing Game no reino da fantasia; 30 – Eros Reinard -Role Playing Game: as Raças I Junho 7 e 28 – Natem Andel - Alho Porro e Martelo de São João Julho 11 - Winter Wardhani - A igualdade da diferença Julho / Agosto 25 e 8 - Lena Lastchance e Sophialan Bandler - Behind every Avatar is a RL Setembro 5 - ҒIԼ IPє CѳßAԼ T - Role Playing Game: as Raças II 19 - Sophialan Bandler e PaulaJ Galicia - Thinking as an Avatar Outubro 3 - Betina Astride e Dreamstime Bia - Take a TP to eTwinning Novembro / Dezembro 28 e 5 - Janjii Rugan – Workshop: A construção do avatar: interculturalidade, transnacionalismo e género 2013 Janeiro 23 – Dreamstime Bia - CDU ou como arrumar o conhecimento Fevereiro 6 e 20 – Janjii Rugani, Butler2 Evelin, Wan Laryukov - Perspetivas acerca da Arte no Metaverso I e II Março 6 – Janjii Rugani e PaulaJ Galicia - Perspetivas acerca da Arte no Metaverso III Abril 24 – Conversas às Quartas - You say you want a revolution 28 – Wan Laryukov - Exposição de Pintura Maio 8 – Janjii Rugani e PaulaJ Galicia - Experimentação, imersão e criatividade 22 - Clark Abismo - O Second Life como Plataforma de Colaboração e Aprendizagem Junho 5 – Amitaf Citron e PaulaJ Galicia - A descoberta da identidade no Second Life 19 - Conversas às Quartas - Get a Life Julho 4 – Vitos Flores e Vitos Porta - Bienal Virtual (de Cerveira) no SL 24 - Venus Rosen - The Process of Building Turn of the Century Houses of Izmir in SL Setembro 18 - Conversas às Quartas - 1ª Bienal Virtual Outubro / Novembro 16 e 6 – PaulaJ Galicia e Winter Wardhani - Medos no SL 2014 Janeiro 29 – PaulaJ Galicia e Winter Wardhani - Second Life: que futuro?

Fevereiro 12 - Mauro Enyo - Mandalas cibernéticas no Metaverso 26 - Conversas às Quartas - O Carnaval dos Animais Março 12 - Conversas às Quartas - Todos os dias são dias da mulher Abril 9 - Winter Wardhani - Solidariedade e Discriminação Maio 1 - Conversas às Quartas - Memórias de Abril

Em 2013 as sessões foram gradualmente diminuindo, quer devido ao desmenbramento progressivo do grupo inicial quer à proliferação de outros mundos virtuais, no entanto manteve-se o objetivo de encarar este espaço como um centro de aprendizagem, em que se aprende participando, dialogando, expondo as experiências e as dúvidas. Neste último ano, começou-se a centrar as aprendizagens na temática da arte virtual, dando lugar a outras possibilidades de abordagem da importância do mundo virtual para as Imagens da Cultura. 3. Perspetivas da Arte no Metaverso Em torno desta pesquisa e destas reflexões sobre Arte Virtual, as Imagens da Cultura no SL promoveram encontros, em que artistas convidados apresentaram seus trabalhos e com eles deflagraram debates entre o público presente. O último desses encontros, com a temática “Perspetivas da Arte no Metaverso"2, no dia 6 de março de 2013, aconteceu no ambiente virtual PEACE Arts Studio, uma ilha contruída para abrigar o projeto MADE in SAMPA.br. Este local atualmente funciona como um centro cultural no Second Life, em que Isa Seppi, com o seu avatar Janjii Rugani, desenvolve projetos artísticos e pesquisas para os doutoramentos em Média-arte Digital na Universidade Aberta de Portugal e em Multimeios na UNICAMP, workshops para estudantes e eventos artísticos, culturais e científicos, com artistas convidados. A atividade teve início com a apresentação da ilha PEACE Arts Studio: “Uma ilha no Second Life criada para nos conectar com a beleza e a alegria de viver. Inspirada no Centro de Arte Contemporânea de Inhotin, a ilha tem um complexo de edifícios integrados a um ambiente natural tropical. Construídos numa arquitetura surreal adequada ao ambiente, os edifícios abrigam um centro de informações sobre o projeto de pesquisa que ali se desenvolve, uma galeria de arte, um teatro e uma floricultura. No centro de informações estão disponíveis ao público um cinema, um estúdio fotográfico e espaços para reuniões, palestras e aulas ou simplesmente convivência. Na galeria, as exposições se alternam periodicamente, apresentando trabalhos que Janjii Rugani desenvolve nesse espaço atelier e também de artistas convidados. O teatro é utilizado para criação de coreografias, apresentações cénicas e musicais. A exemplo das lojas de museus e centros culturais, na floricultura estão à venda vasos decorativos e plantas ornamentais criadas por Janjii Rugani, a renda da loja se destina a auxiliar a manutenção do espaço. Os prédios estão suspensos no ar com o objetivo de 2

http://isaseppisite.weebly.com/eventos.html

preservar livre o espaço da superfície da ilha para o lazer do público, workshops e performances. Há ainda um espaço submarino, onde acontecem reuniões e festas temáticas, em que estão expostas obras de arte de Vrum Short e Wan Laryukov. Inaugurando a programação de 2013 dentro da programação do Seminário Imagens da Cultura, desta feita abordando o tema Perspectivas da Arte no Metaverso, no dia 6 de março foram inauguradas 3 exposições de arte: 1. Just Feelings on Canvas – site specific; 2. Santo de Casa Faz Milagre - mostra de trabalhos de 15 professores/artistas do Senac.SP; 3. Janjii on photo safari - snapshots realizados durante o I safari fotográfico de Portugal Center. A partir destas mostras, a intenção foi observar os diversos processos e transformações por que passa a imagem nas obras de arte cridas no metaverso Second Life. Just Feelings on Canvas Just Feelings on Canvas é um site specific, uma ponte suspensa que liga o centro de informações da ilha à galeria de arte. Construída com fragmentos de uma pintura que representa os sentimentos presentes na trajetória de vida da artista, estão organizados em uma linha, numa referência a uma cantiga de roda: “se esta rua fosse minha eu mandava ladrilhar”, representando esses sentimentos depurados em que a imagem original se desdobra em muitas imagens, sugerindo uma incursão à alma de Janjii Rugani. Esse trabalho encerrou um longo processo, iniciado em 2002, que neste exercício final permite observar também a trajetória de uma imagem desde sua versão original de pintura com técnicas mistas sobre papel e sua conversão para imagem digital em ambiente virtual tridimensional, em que foram utilizados diferentes processos, como o scanner e a fotografia digital ,os seus tratamentos em softwares como o photoshop e finalmente o upload para o metaverso, onde passou por um processo de modelagem tridimensional, que se torna um trabalho interativo/imersivo, posto que o avatar é convidado a caminhar livremente ou comandado por animações (instaladas na obra) sobre as imagens, experimentando sensações, como vertigem, por exemplo, e operando relações simbólicas, que o símbolo ponte sugere. Do ponto de vista do processo artístico, evidencia-se a relação entre o conteúdo a ser expresso e os meios para materialização das imagens, na relação entre arte e tecnologia na contemporaneidade. Santo de Casa Faz Milagre A exposição realizada em ambiente real em 2012 foi trazida para o ambiente virtual tridimensional, tendo como objetivos: atingir o público do Second Life divulgando trabalhos de artistas do mundo real no mundo virtual, apresentar o Second Life aos artistas/autores, verificar a tradução de um trabalho criado para ambiente real para o virtual, demonstrar que o Second Life pode ser utilizado como um simulador para projetos de curadoria de exposições. Essa experiência também propicia estudar as questões da imagem na contemporaneidade, mais especificamente na relação entre arte e tecnologia. A proposta curatorial da exposição é apresentada por sua curadora, a professora e designer Fabia T. Campos: “No ambiente universitário eles podem ser vistos a todo momento e em todos os lugares, mas é na sala de aula que brilham com toda a sua resplandecência. Possuem o dom, o talento, o poder de encaminhar, sugerir, provocar e transgredir. Enfim, abençoar nossas

escolhas. Um verdadeiro milagre, nos dias de hoje. Mas estes nossos santos, em momentos de verdadeira inspiração, também produzem arte, expressam-se por meio do sublime, do belo e do sentimento. Hoje, nesta catedral do saber, juntamos os santos e seus milagres, para o deleite daqueles que têm fé e o despertar daqueles que não a possuíam até agora.” Janjii on Photo Safari Esta pequena mostra apresentou os ensaios fotográficos de Janjii Rugani, em sua participação no I Safari Fotográfico do Portugal Center(SL). Os snapshots, conforme a proposta do evento, são trazidos sem tratamento do modo como foram capturados. Estão organizados em cinco slide shows, de acordo com as ilhas visitadas e fotogradas, Roche, Horizon Dream, Gilmour, Alirium e Cariacou. A proposta foi promover uma reflexão sobre as perspectivas da fotografia no metaverso e as questões a ela relacionadas. No espaço da mostra, os visitantes puderam ter acesso a todas as informações sobre o safari e ao catálogo da exposição, a fim de que possam compreender o contexto em que as imagens foram produzidas. Conclusão Pensar a respeito das perspetivas da arte no metaverso implica pensar nas perspetivas do metaverso em si, ou seja, diante dos avanços acelerados da tecnologia, que rumos irá tomar a realidade virtual, ou ainda, quantas formas mais irá assumir o que chamamos de realidade? Queremos com isso dizer que as múltiplas dimensões da realidade que a tecnologia e a internet hoje nos apresentam, acabam por provocar a rutura de paradigmas seculares e nos impelem a pensar em outros, para que possamos nos relacionar de novas maneiras com a realidade. Sob essa ótica, é possível identificar a matéria-prima do fazer artístico, que num primeiro momento se dedica a produzir e oferecer experiências estéticas, bem como trata diretamente de refletir e sentir a vida numa relação tempo/espaço. É uma das formas de produzir conhecimento, que busca compreender e dizer o indizível, o lado da vida humana que não se traduz de modo lógico, racional, as coisas acerca da nossa interioridade mais profunda. A arte mergulha nessas profundezas, de forma a trazer à tona subjetividades e inconsciências, que são consteladas na superfície material ou sensorial de modo simbólico, traduzindo-se em poéticas sonoras, visuais, cinestésicas e sinestésicas. Isso tem um impacto direto nos sentidos e na perceção humanas, afetando de modo significativo o que chamamos de consciência. No âmbito da Arte Virtual, a que se produz no metaverso tem, nas suas mais variadas formas e linguagens, a virtude de nos ajudar a entender esse novo ser que surge na era da cibercultura e do ciberespaço, a que Flusser chama de pós-humano, o homem-máquina imerso em ambientes virtuais tridimensionais. Nesta perspetiva é possível, do lugar do avatar, estudar os aspectos perceto-cognitivos implicados na experiência, em especial o sentimento de presença causado pela imersão interativa. A experiência pessoal e o contato com esses dados permite afirmar que é verdadeira essa sensação, apesar da perplexidade que causa naqueles que nunca tiveram uma experiência imersiva num metaverso, em que estão implicadas a rutura com alguns paradigmas, como a existência de uma única realidade, a material, e de uma única identidade, em direção à conceção de novas formas de compreensão, como a coexistência de mais de uma realidade, material e imaterial, acontecendo simultaneamente, o que remete à ideia da

existência de várias dimensões ou planos de consciência, assim como ao sentimento de onipresença e à possibilidade de ser muitos ao mesmo tempo, em direção à ideia de um ser múltiplo, que se contrapõe à de um ser único. Sendo assim, parece obsoleta a distinção entre realidade tangível e realidade virtual, posto que especificamente a Arte, que é aqui objeto de reflexão, cria um corte transversal no conhecimento, ligando todos os repertórios de experiências do ser num entendimento único indissolúvel, tanto naquele que cria quanto naquele que aprecia. Além do sentimento de presença, a experiência interativa imersiva é muito intensa na realidade virtual, em que não há gravidade e nem tampouco distância, pois tudo acontece numa velocidade muito maior que a da realidade física, alterando deste modo a relação com o tempo. Somando-se a isso, uma das principais características do ambiente é a efemeridade, em que os lugares surgem e desaparecem em curtos espaços de tempo, fazendo surgir o desejo e ao mesmo tempo o desafio de registar as experiências ali realizadas, para que possam ser compartilhadas. Muitas vezes, após a sensação de imersão no metaverso, depois de ver e interagir em ambientes que produzem experiências sensoriais extraordinárias, pensamos naqueles que nunca tiveram essa oportunidade e vem à mente a fala da cena final do personagem replicante Roy Batty, interpretado por Hutger Hauer em Blade Runner3: «Eu vi coisas que vocês humanos nunca acreditariam. Ataquei naves em chamas nas bordas de Orion. Observei Raios-C brilharem na escuridão dos ares dos Portões de Tannhauser. Todos estes momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva: hora de morrer.» (Hampton Fancher e David Peoples, 1982)

Bibliografia FLUSSER, Vilèm, 2007, O mundo Codificado, São Paulo: Cosac Naify. GREGOLIN, Maíra, 2008, O jogo eletrônico vai ao cinema: o Machinima, artigo apresentado no IV ENECULT- Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador-Bahia-Brasil. MANOVICH, Lev., 2000, The language of new media. Massachusetts: The MITPress. TORI, Romero, 2010, Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução das distâncias em ensino e aprendizagem, São Paulo: Editora Senac São Paulo. Referências online4 http://isaseppisite.weebly.com/eventos.html (acesso em: 28/09/2014) http://www.machinima.org/faq.html (acesso em: 25/06/2012) www.machinima.com (acesso em: 18-06-2012) www.mescher.com (acesso em: 18-06-2012) http://hitmewithyourbestshots.blogspot.com.br/ (acesso em: 25/06/2012) http://lindenarts.blogspot.com.br (acesso em: 25/06/2012) http://www.lea-sl.org/ (acesso em: 25/06/2012) 3

Blade Runner – o Caçador de Androides, 1982, Filme (Dir: Ridley Scott; E.U.A.; Warner Bros. Pictures). 4

Estas referências, que não se coadunam com uma Webgrafia, são apenas locais a pesquisar para quem desejar saber mais acerca dos assuntos abordados.

http://www.vistanimations.com/ (acesso em: 25/06/2012) http://secondlife.com/destination/myanimation---dances-ao-s-model-pose (acesso em: 25/06/2012) http://www.mocap-dancer.com/ (acesso em: 25/06/2012) http://www.phoenixviewer.com/ (acesso em: 25/06/2012) http://secondlife.com/ (acesso em: 25/06/2012) http://filefestival.org/site_2007/pagina_conteudo_livre.asp?a1=309&a2=846&id=1 (acesso em: 26/06/2012) http://www.youtube.com/watch?v=chIP3AvqLDo&feature=related (acesso em: 26/06/2012) Isaura da Cunha Seppi - Bacharel em Pintura (1981), Licenciada em Educação Artística (1982), Licenciada em Artes Plásticas e Artes Cênicas (1983), Especialista em Arte Educação (1985), Especialista em Ação Cultural (1986), Mestre em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo (2002), atualmente professora e pesquisadora do Centro Universitário Senac-SP, Doutoranda em Média Arte Digital plea Universidade Aberta de Portugal, Doutoranda em Multimeios pela UNICAMP, Universidade Estadual de Campinas – SP. Paula Justiça - Licenciada em Filosofia (1985), Mestre em Filosofia do Conhecimento pela Universidade do Porto (1997), Mestre em Relações Interculturais pela Universidade Aberta (2003) e Doutorada em Antropologia Visual (2013). Professora de Filosofia, Psicologia e Sociologia, no ensino secundário, atualmente exerce funções na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré.

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