Arte Rupestre da Idade do Bronze e da Idade do Ferro na Bacia Hidrográfica do Médio/Alto Tejo Português

June 6, 2017 | Autor: Fernando Coimbra | Categoria: Rock Art (Archaeology), Arte Rupestre, Arte Rupestre Prehistórico
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ARKEOS 35

RUPTEJO - ARQUEOLOGIA RUPESTRE DA BACIA DO TEJO l. Arte Rupestre da Idade do Bronze e da Idade do Ferro na Bacia Hidrográfica do Médio/Alto Tejo Português

Síntese descritiva l Fernando Augusto Coimbra |

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Volume editado com í colaboração da:

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COMPETE

OOQ INSTITUTO TERRA E MEMÓRIA

TOMAR l 2013

s

ÍNDICE 9 l

Preâmbulo O projecto Ruptejo e o centro de investigação em arte rupestre em Mação Luiz Oosterbeek

13 |

Introdução

15 |

1. Âmbito Geográfico e Geológico

19 |

2. Metodologia

25 |

3. Corpus da Arte Rupestre da Idade do Bronze e da Idade do Ferro na Bacia Hidrográfica do Médio/Alto Tejo Português

20 26 35 62 77 79

| | | | | j

3.1. Motivos efectuados por picotagem 3.1.1. Mação 3.1.2. Vila Velha de Ródão 3.1.3. Nisa 3.1.4. Sertã 3.1.5. Oleiros

85 86 90 91 96 97

| j | | | j

3.2. Motivos efectuados por incisão 3.2.1. Mação 3.2.2. Nisa 3.2.3. Sertã 3.2.4. Oleiros 3.2.5. Proença-a-Nova

99 99 107 112 123

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4. Tipologia e Paralelos 4.1. Tipologia dos motivos picotados 4.1.1. Paralelos em Portugal 4.2. Tipologia dos motivos incisos 4.2.1. Paralelos na Europa

135 |

5. Enquadramento Cronológico

141 |

Considerações Finais

145 |

Bilbiografia

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Anexos

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Agradecimentos

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Introdução

A arte rupestre existente na Bacia Hidrográfica do Médio/Alto Tejo Português atribuível à Idade do Bronze e à Idade do Ferro não foi até hoje objecto de um estudo monográfico, dedicando-se geralmente os investigadores a períodos mais recuados. Como é do conhecimento geral, o Vale do Tejo alberga um dos complexos de arte rupestre pós-paleolítíca mais importantes em termos europeus, embora cerca de 80% a 90% das rochas historiadas se encontrem infelizmente submersas, devido, principalmente, à albufeira da barragem de Fratel. Este conjunto artístico foi descoberto em 31 de Outubro de 1971 por elementos do Grupo para o Estudo do Paleolítico Português. Todavia, anteriormente, o etnólogo Paulo Caratão Soromenho já havia recolhido informações através de gentes locais sobre a existência de "pedras escritas"1 no rio Tejo (Nobre, 2006). Contudo, as insculturas não se limitam às margens do rio e dos seus afluentes, uma vez que motivos dos períodos aqui abordados se localizam também em encostas e cumeadas de regiões mais afastadas. Assim, o presente trabalho não foca apenas a Arte do Vale do Tejo propriamente dita, mas aborda ainda gravuras, com outra tipologia, que se encontram sobretudo em regiões mais interiores da sua Bacia Hidrográfica. Visto que se trata de uma área muito extensa, optou-se por delimitar o âmbito geográfico desta síntese por razões que explicamos na secção intitulada Âmbito geográfico c geológico. Relativamente à arte rupestre que é objecto do nosso estudo, venfica-se que as gravuras são elaboradas, de modo geral, através de duas técnicas: picotagem e incisão. No âmbito desta última existem motivos com traço médio/grosso e outros com traço muito fino, ao qual se tem convencionado chamar filiforme.2 Algumas insculturas efectuadas por incisão são por vezes abrasionadas, facto que acontece também com gravuras obtidas por picotagem, mas apenas raramente. Em termos legais, este trabalho enquadra-se no Projecto de Arqueologia Rupestre da Bacia Hidrográfica do Tejo denominado RUPTEJO, coordenado por Luiz Oosterbeek e Hipólito Collado e aprovado pelo IGESPAR, no qual o signatário se insere como membro da equipa de investigação. Precisamente um dos objectivos deste projecto, que o presente trabalho procura colocar em prática, é organizar os corpora de grafismos inventariados, de forma sistemática, com particular atenção às gravuras obtidas por incisão, em relação às quais não foi ainda elaborada uma tipologia de motivos, que a descoberta de novos locais com arte filiforme pós-paleolítica tem vindo a diversificar. De facto, até hoje, nenhum investigador estudou de modo aprofundado este tipo de arte no vale do Tejo, que deve ser analisada em

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'- Curiosamente, referencias a pedras escritas ou a pedras escrevidxs existem na toponímia não só de Portugal mas também de Espanha, França, Itália e Grécia, sendo um excelente indicador para a prospecção em arte rupestre.

Do Latim fiiiium (fio) c forma, ou seja, com a forma de fio, isto é, com uma forma muito fina (estreita). 2

j Fernando Augusto Coimbra |

3 Mais adiante, eui capítulo próprio, abordaremos dcseitvorvidamcntc a problemática relativa à cronologia.

articulação com os paralelos existentes em diversas regiões em Portugal (Trás-os-Montes, Alto Douro, Beira Interior e Guadiana), Espanha (Extremadura, Castilla e Léon, Comunidad Valenciana, Catalunha), em Andorra, França (Piriiiéus Orientais, Alpes Marítimos, Córsega) e Itália (Vale d'Aosta, Piemonte, Liguria, Lombardia e Pugha). Ao longo deste trabalho são analisadas gravuras existentes em cerca de cem rochas, quer submersas, através da sua reprodução em moldes, quer situadas fora de água, na sequência de observação directa. Não conseguimos aceder a todos os moldes de que necessitávamos, dado que alguns estavam a ser estudados por outros investigadores. Obviamente também não toi possível visitar todas as rochas ainda "sobreviventes", nomeadamente algumas descobertas há relativamente pouco tempo no concelho de Oleiros, cuja análise foi efectuada através de publicações entretanto produzidas. Em termos cronológicos, parece-nos haver ainda muito a precisar quanto à arte rupestre do Vale do Tejo1. De facto, um dos investigadores que mais tem publicado sobre este complexo artístico escreveu que "a arte do Vale do Tejo continuará, durante muitos anos, a necessitar de investigação aprofundada" (Gomes, 2000a: 97). Concordamos plenamente com estas afirmações, que, embora escritas há mais de uma década, ainda são actuais. Na realidade o tempo que se desenrolou entre a descoberta deste admirável conjunto de arte rupestre e a sua quase total submersão pela barragem de Fratel foi muito escasso para se efectuar o estudo de carácter aprofundado que a importância das gravuras necessitava. Para além disso, a própria elaboração de moldes em látex das insculturas terá sido efectuado em "contra-relógio", antes que as águas submergissem as rochas historiadas, trabalhando-se certamente a qualquer hora do dia e corn luz imprópria para a observação de gravuras rupestres, algumas delas já bastante desgastadas pelo tempo. Disso resultou que os limites de alguns moldes cortassem motivos que não estão reproduzidos na sua totalidade, porque, provavelmente, a iluminação desadequada não os permitiu visualizar de modo conveniente. Dado que os objectivos da investigação que aqui se apresenta se centram essencialmente na elaboração de um corpus de gravuras rupestres com uma determinada cronologia, no estabelecimento de tipologias e na apresentação de paralelos, não se justifica a abordagem de aspectos de carácter interpretativo sobre os motivos representados nas rochas da região estudada. A estrutura deste trabalho assenta, assim, em primeiro lugar, na apresentação do seu âmbito geográfico e geológico, abordando-se seguidamente os aspectos metodológicos utilizados. Passa-se depois à secção de inventário (Ponto 3), descrevendo-se separadamente, em fichas próprias, as gravuras picotadas e as obtidas por incisão, relativamente a cada um dos concelhos onde aparecem. No Ponto 4 apresenta-se, também separadamente, e através de tabelas ilustradas, a tipologia dos motivos picotados e dos incisos, indicando-se para os primeiros uma lista de paralelos em Portugal e, para os segundos um inventário de paralelos para a Europa. Estes últimos poderão ser analisados conjuntamente em duas tabelas comparativas. Por último discutem-se as questões cronológicas, após as quais se termina com algumas considerações de carácter conclusivo.

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Considerações Finais

Como é sabido, um dos maiores problemas da arte rupestre é a sua datação. Deste modo, etectuar um corpus estabelecido, a priori, numa dada base cronológica é sempre muito complexo e até mesmo arriscado. Todavia achámos necessário reunir, numa mesma publicação, informações que se encontravam, algumas delas, dispersas por artigos diversos, sendo outras de carácter inédito, resultante de investigação do signatário, existindo ainda um conjunto de gravuras submersas, cuja réplica se efectuou em moldes nos anos 70, mas que ainda não tinham sido publicadas. Outro problema da arte rupestre, provavelmente até o maior, é a sua conservação. De tacto, a arte rupestre ao ar livre tem sobre si ameaças quase constantes de carácter natural e antrópico. Entre as primeiras destacam-se os fogos florestais, que com as altas temperaturas atingidas provocam danos irreparáveis nas superfícies gravadas das rochas, como aconteceu, por exemplo, no Centro de Portugal durante os grandes incêndios de 2003. Entre as segundas, a reflorestação e a plantação de novas espécies é um dos principais motivos de preocupação no que diz respeito à conservação da arte rupestre, sem esquecer o vandalismo puro e simples ou a realização de obras públicas, frequentemente questionáveis (Coimbra, 2008c; Coimbra, 2011b). Por todas estas razões, consideramos que a investigação em arte rupestre, com a sequente publicação dos resultados, é um processo fundamental para divulgar e proteger este frágil património que são as rochas insculturadas, herança de um passado muito longínquo mas que nos diz respeito como seres humanos e nos obriga deontologicamente a preservá-lo, como arqueólogos. Na sequência destas ideias e paralelamente a esta investigação de pós-doutoramento, articulando-se com a mesma, o signatário coordenou cientificamente uma exposição documental itinerante'j3 intitulada Arte Rupestre do Pinhal Interior, percorrendo, por ordem de apresentação ao público, os municípios de Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã e Mação, ou seja, quatro dos seis concelhos seleccionados para desenvolver os estudos referidos. Os objectivos dessa mostra foram, por um lado, retribuir apoios camarários prestados à investigação, e, por outro, sensibilizar as populações para a importância da arte rupestre como testemunho e herança dos seus antepassados longínquos. Ao colocá-los em prática, conseguiu-se, quer determinadas informações extremamente úteis para este trabalho, quer desenvolver um interesse crescente, no seio de alguns autarcas, pelas gravuras existentes nas suas regiões, o que se poderá traduzir em novas contribuições de carácter logístico para futuros trabalhos de campo. Para além disso, a possibilidade da inclusão de algumas estações rupestres destes concelhos num já projectado roteiro de arte rupestre | ARKEOS35 l 141 | RUPTEJO - ARQUEOLOGIA RUPESTRE DA BACIA DO TEJO |

''5 No âmbito desta exposição, baseada em vinte c dois painéis com textos c imagens, produziu-se unia publicação coul a reprodução exacta dos primeiros (Coimbra e Garcès, 2010).

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*' Esta temática, evidentemente, seria passível de glande desenvolvimento e discussão, mas não é objectivo do autor íazc-lo no âmbito deste trabalho.

9'

Também não é nossa intenção desenvolver de modo aprofundado a questão da conservação em arte rupestre, o que por si só seria tema para outro trabalho. Todavia pensamos que as as reflexões aqui efectuadas sobre esta temática se tornam necessárias pelo menos a nível deontológico. Para uma análise mais detalhada destes assuntos vcja-sc o que escrevemos anteriormente em 2008 (Conservation and destruction of rock art in Portugal: some case studies) c cm 2011 (Para os nossos bisnetos... Arqueologia Preventiva c Arte Rupestre), nomeadamente no que se refere à utilização de Scanners 3D como auxiliar na conservação de arte rupestre. Os dois artigos referidos indicam obviamente bibliografia especializada da responsabilidade de outros autores.

portuguesa, poderá contribuir para a divulgação das mesmas e para a criação de uma consciência pública sobre a necessidade da protecção e valorização destes vestígios deixados pelos nossos antepassados. Simultaneamente será uma boa oportunidade para a sua rentabilização em termos de turismo cultural. Deve-se ter em mente que a arqueologia, embora deva obviamente ser praticada por arqueólogos, não pode ser da sua exclusividade, tornando-se unia actividade hermética, pois, cada vez mais, ela só conseguirá sobreviver se for elaborada para a sociedade."6 Assim, a conservação da arte rupestre toma-se também uma questão educacional. Como F. Soleilhavoup (1999) já mencionou, "c'est donc naturellement à FEcole, dês lê plus jeune age, que tout doit être mis en place pour fixer Ia déontologie future dês citoyens, du public, dês amateurs et dês spécialistes en puissance, devant lê patrimoine narurel et culturel". Como já escrevemos em outra ocasião, em Portugal veriíica-se uma escassez de bibliografia arqueológica destinada ao público em geral, tratando-se de uma lacuna que importa preencher quanto antes. De facto, se nós, arqueólogos, queremos que a sociedade preserve os sítios arqueológicos, torna-se necessário demonstrar-lhe a importância que esse património possui e que poderá inclusivamente ser um veículo de coesão social. De acordo com M. Souza e G. Dimitriadis (2011), "o conceito de coesão social refere-se tanto à eficácia dos mecanismos instituídos de inclusão social como aos comportamentos e apreciações da parte dos sujeitos que contorniam a sociedade". Pensamos que é já tempo de educar, de modo eficaz, esses comportamentos dos indivíduos que constituem a sociedade, permitindo-lhes, através do ensino do passado, "a capacidade de ter viva a memória coletiva" (Souza; Dimitriadis, 2011) o que, em última análise, è arqueologia preventiva e contribui para a conservação dos vestígios arqueológicos97. Relativamente às gravuras obtidas por picotagem, com as cronologias aqui estudadas, verifica-se que a maior parte se localiza nos concelhos de Vila Velha de Ródão e de Nisa, encontrando-se, infelizmente, a maioria das rochas submersas pela albufeira da barragem de Fratel. Quanto aos exemplares existentes em Mação, destacam-se as duas rochas de Cobragança, lamentavelmente muito danificadas por um grande incêndio em 2003. No que diz respeito aos concelhos mais interiores, a recente descoberta de várias superfícies gravadas em Oleiros poderá ser o prenúncio de novos achados na Sertã e em Proença-a-Nova, sobretudo sendo este último município uma área com falta de prospecções sistemáticas. Na realidade, no que se refere a prospecção, gostaríamos de ter conseguido mais tempo disponível para tal actividade, mas imprevistos diversos impediram que assim fosse. Relativamente às gravuras obtidas por incisão, alguns investigadores franceses (Abélanet, 1990; De Lmnley, 1995) e italianos (Isetti, 1957; Seglie, 1982) denominam-nas "lineares", mas tal não nos parece completamente correcto. De facto, por exemplo, canais picotados que unem covinhas também constituem linhas, mas sem serem gravuras lineares. O mesmo sucede com círculos concêntricos, que têm linhas, embora curvas, e com muitos outros motivos elaborados por picotagem. Deste modo pensamos que será mais apropriado considerar as gravuras produzidas por incisão como gravuras incisas, distinguindo obviamente entre figuras de traço médio/grosso e figuras filiformes. Esta distinção já foi proposta por Arturo Domínguez Garcia e Ma Amparo

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Aldecoa Quintana (2007) e parece-nos mais consistente que as outras denominações. Através das tabelas que comparam o aparecimento de gravuras incisas em países da Europa ocidental, verificou-se que há um leque de motivos que surge com grande semelhança e frequência em Portugal, Espanha, Andorra, França e Itália. Entre os motivos de traço médio/grosso que existem simultaneamente nos países referidos estão os escalariformes e as linhas paralelas e convergentes. Os arboriformes98 as "cruzes gregas" e os quadrados com diagonais também se encontram bem representados, pois aparecem em quatro dos países mencionados. Relativamente aos motivos filífomies, os pentagramas, os reticulados, os arborifomies, os ziguezagues e as pontas de seta estão presentes, com uma tipologia praticamente igual, em Portugal, Espanha, Andorra, França e Itália. Os "asteriscos" com traço fino surgem em todos aqueles países, excepto no último, embora estejam representados com traço médio/grosso. No caso da inscrição com suástica, da Rocha l de Figueiredo, a campanha de 2008 possibilitou uma análise melhor da mesma, comparativamente com o estudo que foi publicado em 2004 (Batata, Coimbra e Gaspar). De facto, um dos incêndios que lavrou no local consumiu os líquenes que cobriam parcialmente esta inscrição, não danificando as gravuras e permitindo uma leitura mais correcta de alguns caracteres, como se poderá ver comparando a Fig.23 com a Fig.24. As diferenças notam-se sobretudo na segunda, na terceira e na quinta letras da primeira "palavra", tal como nos dois últimos caracteres da segunda "palavra".

''s Recorda-se que consideramos arboriíormes apenas os motivos que partem obliquamente a partir de um eixo central e não outros casos.

FIG. 23. Inscrição com suástica (Levantamento de 2008).

A £V\ & Trata-se evidentemente de uma inscrição complexa e de difícil leitura. Todavia, curiosamente, e apenas desse modo, sem para já pretender estabelecer comparações, o "N" invertido e o "D" que aparecem na Rocha l de Figueiredo encontram-se também na dita inscrição ibérica da Rocha 23 do Vale da Casa (Baptista, 2000: 30; Fig. 9), hoje infelizmente submersa por mais uma barragem, a do Focinho.

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FÍG. 24. Levantamento de 1996, publicado em 2004.

l í-urnando Augusco Coimbm |

'"' A suástica, como Serra, aparece em ,ilfabetos diversos, desde o mais antigo que conhecemos (niinóico, linear B) até ao mais recente (cirílico do século IX da nossa era), passando pelo mandarim antigo, onde se pronunciava wan, destinando-se a representar o número 10 000, símbolo do infinito, da perfeição, sendo utilizada como signo propiciador de longa vida, de grande felicidade (Coimbra, 2007a).

Embora esta inscrição da Sertã levante problemas diversos, somos tentados a considerá-la obra de um indígena, talvez já com contactos com a cultura romana. Apesar de algumas letras poderem ser consideradas latinas, há outras que existem em mais do que um alfabeto de povos pré-romanos. Para além disso, a suástica, como letra", não faz parte do alfabeto latino, surgindo, por exemplo, entre outras, na denominada escrita de Glozel (França), datada de cerca de 100 a.C. a 200 d.C. (Hitz, 2005). Em suma, esta inscrição necessita ainda do estudo aprofundado de mais do que um investigador e da respectiva discussão dos resultados, para que seja possível chegar a conclusões mais seguras.

FIG. 25. Fotografia da inscrição referida, após desaparecimento natural de líquenes que a encobriam parcialmente.

Tal como foi escrito há mais de três décadas, sobre a arte do Tejo, a nós também "mais do que tudo nos preocupa (...), deixar aos investigadores tuturos, elementos suficientes e positivos para que, por intermédio das suas técnicas evolucionadas" (Serrão et alli, 1973: 167) possam compreender melhor os admiráveis conjuntos de arte rupestre existentes na Bacia Hidrográfica do Médio/Alto Tejo Português. Esperamos que este trabalho tenha colocado, no sítio certo, mais algumas peças no imenso "puzzle" que é o estudo da arte rupestre, investigação nem sempre compreendida por governantes e até, lamentavelmente, por alguns arqueólogos, mas que, na realidade, é fascinante e enriquecedora, contribuindo para um melhor conhecimento das raízes das sociedades actuais. Fernando Augusto Coimbra

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