Arthur Ramos, antropologia e psicanálise no Brasil

June 12, 2017 | Autor: L. Duarte | Categoria: Psychoanalysis, Social and Cultural Anthropology, Brazil
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REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva Ministro da Cultura Gilberto Gil FUNDA²AO BIBLIOTECA NACIONAL Presidente Pedro Corrêa do Lago

Assistentes Editoriais Ana Cecília Martins Catarina d’Amaral Monique Sochaczewski Marcela Miller Estagiárias Maria Mostafa Raquel Rego ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL, V. 119, 1999

Diretoria Executiva Luiz Eduardo Conde

Editor Marcus Venicio Toledo Ribeiro

Gerência de Gabinete Maria Izabel Augusta F. Mota de Almeida

Conselho Editorial Carla Rossana C. Ramos, Eliane Perez e Marcus Venicio T. Ribeiro

Coordenação-Geral de Planejamento e Administração Maria da Glória Lopes Pereira

Assistência Editorial Elizabeth Menezes e Luíza Helena Coimbra Cunha

Coordenação-Geral do Livro e da Leitura Luciano Trigo

Revisão Denise Teixeira Viana, José Bernardino Cotta e Leonardo Fróes

Coordenação-Geral de Pesquisa e Editoração João Luiz Bocayuva Centro de Processamentos Técnicos Célia Ribeiro Zaher Centro de Referência e Difusão Esther Caldas Bertoletti Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas Maria Regina Simões Salles Coordenação Editorial Lúcia Garcia Verônica Lessa

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Design Gráfico Glenda Rubinstein Impressão Graftipo Gráfica e Editora ltda.

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U M A R I O

APRESENTA²AO ................................................................................................5 SEMINARIO DIARIOS DO CAMPO. ARTHUR RAMOS, OS ANTROPOLOGOS E AS ANTROPOLOGIAS ............................9 Arthur Ramos, antropologia e psicanálise no Brasil ......................................11 Luiz Fernando Duarte Arthur Ramos e a militância na Unesco ........................................................29 Marcos Chor Maio Cartas marcadas: Arthur Ramos e o campo das relações raciais no final dos anos 1930 ..............................................................................................35 Mariza Corrêa Minha adorável lavadeira: uma etnografia mínima em torno do Edifício Tupi ............................................................................................59 Olívia Maria Gomes da Cunha Brasil: uma nação vista através da vidraça da raça........................................109 Verena Stolke Mesa-redonda. ............................................................................................125 Luitgarde O. Cavalcanti Barros, Orlando Valverde, Waldir da Cunha O CORPUS JURIS CIVILIS, DE 1478: DA HISTORICIDADE DO INCUNABULO A SALVAGUARDA DA MEMORIA IMPRESSA – OS PAPEIS DA RESTAURA²AO ..........157 Carmem Lucia da Costa Albuquerque INVENTARIO ANALITICO DO ARQUIVO DARCI DAMASCENO ..........................169 Ana Regina de Castro, Cíntia Cecília Barreto e Clara Maria Ferreira Santos Um brilhante barnabé ................................................................................171 Carmen Tereza Moreno PRECIOSIDADES DO ACERVO As xilogravuras do artista alemão Albert Dürer ..........................................309 Sandra Daige Antunes Corrêa Hitner RELATORIO DA PRESIDENCIA ........................................................................321 An. Bibl. Nac.

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Biblioteca Nacional (Brasil) Anais da Biblioteca Nacional – Vol. 119 (1999) – Rio de Janeiro: A Biblioteca, 2004. 375 p.: v.: 19 il.; 17,5 x 26cm Continuação de: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. ISSN 0100-1922 1. Biblioteca Nacional (Brasil). 2. Biblioteca Nacional (Brasil) – Catálogos. 3. Manuscritos – Brasil. 4. Brasil – História. 5. Brasil – Bibliografia, I. Título. CDD 027.581

Copyright©Fundação BIBLIOTECA NACIONAL

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brem este volume dos Anais da Biblioteca Nacional as palestras do seminário Diários do Campo. Arthur Ramos, os Antropólogos e as Antropologias, realizado em outubro de 1999 com tríplice objetivo: celebrar os 50 anos da morte de um notável explicador do Brasil, os 60 anos da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (casa de Arthur Ramos e co-promotora do seminário, por iniciativa do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) e apresentar aos pesquisadores o inventário do arquivo de Arthur Ramos, que então acabava de ser concluído pela Divisão de Manuscritos. Além de atualizarem o significado da obra e da atuação de Arthur Ramos, matéria que os participantes mostraram ser imprescindível à história do pensamento social brasileiro, essas palestras remetem ao momento de afirmação no país da pesquisa em ciências sociais e por isso muito fecundo e polêmico. Em “Antropologia e psicanálise no Brasil”, Luiz Fernando Duarte destaca o papel pioneiro de Arthur Ramos, um dos primeiros estudiosos no país das teorias freudianas, na “psicologização” do campo intelectual brasileiro. Seus estudos avançados sobre infância, educação e “culturas” – investigando o carnaval, a loucura, a sexualidade desviante, o consumo de drogas e a cultura afro-brasileira – teriam sido decisivos para que viesse a assumir funções importantes, como a de diretor do Departamento de Ciências Sociais da Unesco. Marcos Chor, em “Arthur Ramos e a militância na Unesco”, observa que foi, em parte, sob a influência de Arthur Ramos, que em 1950, cinco anos depois do término da Segunda Grande Guerra e um ano depois de sua morte, a Unesco divulgou a Primeira Declaração sobre Raça, uma dura crítica ao determinismo biológico. Contemporâneo de Gilberto Freyre, Arthur Ramos acreditava que o Brasil oferecia um modelo de sociedade

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baseado na miscigenação e no intenso intercâmbio de culturas, o que acentuaria a necessidade de estudá-las e compreendê-las. Em “Cartas marcadas: Arthur Ramos e o campo das relações raciais no final dos anos 30”, Marisa Corrêa debate os principais conflitos teóricos (e pessoais) entre a norte-americana Ruth Landes – para quem, por exemplo, as religiões afrobrasileiras na Bahia estavam dominadas pelo princípio feminino, inclusive na figura dos homossexuais – e os de Arthur Ramos, “o padrinho dos estudos sobre o negro no Brasil”, segundo o qual “é o homem que domina a cena”, enquanto os casos de homossexualismo deviam ser vistos como “desvios sexuais individuais”. A autora afirma que Ruth Landes foi a primeira pesquisadora a feminizar os cultos afro-brasileiros, tendo influído bastante para transformar a figura da baiana de “realidade intratável” em símbolo cultural. Verena Stolke, em “Brasil: uma nação vista através da vidraça da raça”, também trata das relações interétnicas, discorrendo sobre a participação de Arthur Ramos no desenvolvimento das investigações a respeito do tema. Crítico da herança colonial, que cristalizara a idéia de que o negro seria biologicamente atrasado, ele acreditava, no entanto, que o Brasil iria oferecer ao mundo um modelo de tolerância e de cordialidade entre as etnias. A miscigenação biológica e cultural era para ele, segundo Stolke, uma das bases do nacionalismo cultural, então em plena formulação e que o faria aproximar-se de Mário de Andrade. Já Olívia Gomes da Cunha, em “Minha adorável lavadeira: uma etnografia mínima em torno do Edifício Tupi”, analisa os métodos de investigação adotados pelo médico que se converteu em antropólogo. Respaldada em ampla bibliografia teórica e no exame detido do arquivo de Ramos, ela trata particularmente dos procedimentos adotados por ele nas pesquisas de campo, como sua rede heterodoxa de informantes, constituída por lavadeiras, porteiros, faxineiros e membros de terreiros espíritas, ou ainda o hábito de transformar suas viagens em situações de observação especializada. Ao final, a mesa-redonda organizada por Luitgarde Cavalcanti Barros, com a participação de dois ex-alunos de Arthur Ramos, o geógrafo Orlando Valverde e o ex-chefe da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, Waldir da Cunha, apresenta aspectos da trajetória profissional de Ramos, como a publicação do seu primeiro livro, um estudo sobre tradições afro-brasileiras, escrito aos 19 anos, quando ainda era estudante de medicina; a convivência com Nise da Silveira, Josué de Castro, Théo de Barros, Anísio Teixeira, Tales de Azevedo, Édson Carneiro; o fato de ter sido um autodidata em ciências sociais que trabalhou por sua institucionalização no Brasil e divulgação no exterior; a criação da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnografia, ou ainda as perseguições policiais do

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famigerado Dops, que em relatórios confidenciais o tratava, pasmem, como “o marginal”. Este volume publica também o meticuloso estudo de Carmem Lúcia da Costa Albuquerque, da Divisão de Conservação da Biblioteca Nacional, em que ela apresenta o conceito e as etapas do trabalho de restauração do incunábulo Corpus Juris Civilis, o código civil do Império Bizantino promulgado em 529 por Justiniano e que contém a compilação da legislação imperial. Impresso pela primeira vez em 1478 na Suíça, o livro integra o acervo de Obras Raras da Instituição Nacional. Segue-se o Inventário do Arquivo de Darci Damasceno, tradutor, poeta, ensaísta e chefe da Divisão de Manuscritos (1952 a 1982), cuja publicação dá continuidade à ampla divulgação dos inventários que vem sendo preparados pelo Programa de Organização e Descrição de Acervo da Divisão de Manuscritos. Arquivo técnico, como observa Carmen Moreno, nele se destacam documentos sobre Cecília Meireles, sobre o Conservatório Dramático Brasileiro – entidade privada que exercia a censura teatral a serviço do Ministério do Império, no século XIX no Brasil –, e os referentes às obras de Gregório de Matos e à Flora Fluminense do frei José Mariano da Conceição Velloso, assuntos de interesse maior do titular. Na seção Preciosidades do Acervo, os resultados da pesquisa altamente especializada de Sandra Hitner, doutora em Artes, sobre a autenticidade e procedência das mais de 100 gravuras de Albrecht Dürer (1471-1528) existentes no acervo da Divisão de Iconografia. Por fim, como de praxe, publica-se também neste volume o Relatório Geral da Presidência da Fundação Biblioteca Nacional.

Marcus Venicio T. Ribeiro Editor

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Seminário Diários do Campo. Arthur Ramos, os antropólogos e as antropologias

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A RT H U R R A M O S , A N T RO P O LO G I A E PSICANALISE NO BRASIL Luiz Fernando Dias Duarte Antropólogo, Museu Nacional, UFRJ

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ntre as muitas facetas da atividade de Arthur Ramos na vida pública brasileira do entreguerras, avulta o modo muito peculiar como combinou os saberes da antropologia e da psicanálise no desenvolvimento de sua obra. Esses saberes, então ainda completamente incipientes no meio nacional, aparecem aí – como não poderia deixar de ser – fortemente condicionados por um ambiente intelectual marcado pelos debates a propósito da “civilização” do Brasil e dos desafios representados pela “raça” e pela “educação”. O interesse precoce de Arthur Ramos pela obra de Freud o colocou desde cedo em interlocução com os psiquiatras precursores da divulgação e interesse pela psicanálise no Brasil (cf. Perestrello, 1988, e Russo, 2000). Ao mesmo tempo, a vinda para o Rio permitiu que seu já grande interesse pelas questões da “infância” se transformasse em investimentos concretos na “educação”, ao assumir – por indicação de Anísio Teixeira – a Seção Técnica de Ortofrenia e Higiene Mental do Departamento de Educação da Secretaria Geral de Educação e Cultura do então Distrito Federal (1934), onde desenvolveu uma intensa atividade. Logo depois, acompanharia Anísio Teixeira na organização da Universidade do Distrito Federal, como encarregado da cadeira de Psicologia Social (enquanto Gilberto Freyre ocupava a de Antropologia Social e Cultural). Na Faculdade Nacional de Filosofia – em seguida –, viria a ocupar a cadeira de Antropologia Física e Cultural (1939), até sua indicação para a recém-criada Diretoria de Ciências Sociais da Unesco (1949). A antropologia de Arthur Ramos desenvolveu-se com forte inspiração das teses de Lévy-Bruhl sobre o “pensamento pré-lógico”, supostamente característico da psicologia dos “primitivos”. Arthur Ramos acrescentou à combinação de Freud e Lévy-Bruhl muitos outros autores – todos caracteristicamente compro-

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metidos com o estudo do “desenvolvimento” da vida psíquica – de que se pode citar Jung, Pfister, Adler, Stekel, Ferenczi, Piaget1(além de Anna Freud e Melanie Klein). Embora a marca lévy-bruhliana tenha empalidecido ao longo de sua carreira, Ramos permaneceu comprometido com o grande horizonte das inquietações sobre o estatuto da “civilização”, tão característico do pensamento ocidental desde o início do século XVIII. Acrescentou a essa inquietação geral a preocupação específica com o estatuto das populações negras no continente americano – onde serviram tão vivamente para encarnar a Diferença resistente à expansão da racionalidade oficial do Ocidente.2 Arthur Ramos contribuiu, porém, decisivamente para uma inflexão crítica dessa problemática, ao despojá-la do organicismo “racializante” dos teóricos do final do século XIX e metamorfoseá-la paulatinamente na questão “educacional” em que a subsumiu ao longo de sua obra. Uma vez que no Brasil o ideal da igualdade civil só encontrou plena sustentação legal no final do século XIX, às portas da República, o desafio da Diferença como que se precipitou muito mais acelerada e dramaticamente em torno da “questão negra” na passagem do século.3 Os intelectuais inventores da “questão”, como Sílvio Romero, Raimundo Nina Rodrigues e João Batista de Lacerda, tiveram que se haver diretamente com o estado dos saberes sobre o humano hegemônicos à época no mundo metropolitano. Esses saberes, quer partissem da antropologia física, da psiquiatria, da medicina legal, quer do direito penal, estavam fundamente marcados pela questão da “degenerescência”. Essa teoria representava o apogeu das inúmeras tentativas de restauração ideológica da Diferença, que tinham vindo à luz na Europa desde que os ideais da Liberdade e da Igualdade se tinham institucionalizado em estruturas e procedimentos políticos regulares. Era como se – de certo modo – os determinismos sociais expulsos da representação democrática do mundo político viessem então se refugiar em múltiplas formas de determinismos físicos (mais precisamente “físico-morais”), escudados pelo crescente prestígio das “ciências” e do “cientificismo”.4 No Brasil, a tese do “embranquecimento progressivo” da população brasileira – apesar de sua aparente refutação do determinismo eugenista –, apenas adequava o modelo internacional às peculiaridades da situação e – digamos assim – ao ethos nacional (cf. Seyferth, 1989). Montava-se assim, com os aportes sucessivos de Arthur Ramos, Gilberto Freyre, Edgar Roquette-Pinto e Roger Bastide, a hipótese do caráter não discriminante das relações interétnicas no Brasil, que viria a ser contestado apenas durante a década de 1950, sob o influxo reavivado das idéias igualitárias decorrente da derrota do nazifascismo na II Guerra. Na verdade, a trama da invenção da “afro-brasilidade” foi constituída na confluência do reconhecimento da inevitabilidade da presença vultosa dos negros na

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população brasileira5 e da consciência aguçada da Diferença que se tinha de enfrentar para produzir a “civilização” na nação. É assim que a palavra-chave dos movimentos da intelectualidade nacional nas quatro primeiras décadas do século veio a ser a da “educação”, ou seja, os recursos gerais de transformação do diferente em “civilizado” que se haviam formalizado no Ocidente como uma área específica de especulação e experimentação, pelo menos desde Rousseau.6 Quer se tratasse da educação “escolar”, “técnica” ou “cívica”, quer se tratasse da educação “sanitária” brandida pela onipresente higiene (física e mental) e pelo movimento sanitarista, quase todas as preocupações convergiam para os mecanismos de transformação dos sujeitos e das populações que pudessem fazer confluir os esforços civilizatórios na construção da nação “moderna” – que a todos tão distante se afigurava.7 Na história das instituições nacionais, não só avultam as iniciativas dedicadas explicitamente à infância e à educação nos anos 1920 e 1930, como é difícil discernir as fronteiras entre a educação, a higiene, a psiquiatria e a psicanálise. A Associação Brasileira de Educação, fundada em 1924, mantinha estreitas relações com a influente Liga Brasileira de Higiene Mental, fundada no ano anterior pelo psiquiatra Gustavo Riedel (cf. Freire-Costa, 1981). Porto Carrero criou nesta última uma clínica psicanalítica, em 1926, e ministrou, na primeira, cursos de psicanálise aplicada à educação em 1928. Em 1926 foi fundado o Instituto de Higiene de São Paulo e, no ano seguinte, também em São Paulo, a primeira e malograda Sociedade Brasileira de Psicanálise (a Seção do Rio seria fundada em 1928). Em 1927 foi criado o Serviço de Assistência aos Doentes Mentais do Distrito Federal, que viria a se transformar em serviço nacional ao ser incorporado ao Ministério da Educação e Saúde, instituído em 1930. Em 1928 deu-se a famosa primeira reforma do ensino público do Distrito Federal, com Fernando de Azevedo. Em 1929, ainda no Rio de Janeiro, organizava-se o primeiro Gabinete de Psicanálise no Hospício Nacional de Psicopatas. Finalmente, em 1932, era divulgado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, conciliando as tendências lideradas por Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, que se haviam enfrentado na IV Conferência Nacional de Educação, realizada em Niterói no ano anterior (cf. Cunha, 1980).8 Esse processo não era desconectado evidentemente dos movimentos internacionais ligados à “civilização” – e particularmente do tom “dirigista” ou “autoritário”, que caracterizou crescentemente a ação do Estado e o pensamento social do entreguerras. A adoção no Brasil do Dia da Criança, em 1924, seguia uma proposta da Liga das Nações, embora ecoassem também os efeitos do I Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, realizado em 1922. A promulgação do Código de Menores em 1927 foi contemporânea das primeiras legislações de proibição

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Cartão de Sigmund Freud a Arthur Ramos, agradecendo o envio da tese Primitivo e Loucura e pedindo desculpas por não dominar a língua portuguesa. Viena, 20 de maio de 1927.

do consumo de drogas (como a maconha e a cocaína), por uma pressão conjugada sobre o Estado brasileiro da diplomacia norte-americana e da Academia Nacional de Medicina, preocupada com os supostos efeitos antieugênicos do consumo dessas substâncias (cf. Brito, 1996). Em 1929, aliás, ocorre o I Congresso Brasileiro de Eugenia, seguido em 1931 pela criação, por Renato Kehl, da Comissão Central Brasileira de Eugenia. Sérgio Carrara estudou minuciosamente esse período (desde o fim do século XIX até a II Guerra) do ponto de vista das regulamentações morais referidas à sexualidade, à prostituição e a sífilis, demons-

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trando justamente a sua articulação com a dinâmica internacional e as características próprias das formas assumidas no Brasil (cf. Carrara, 1996). A psicanálise lida por Arthur Ramos (e por todos os psiquiatras seus contemporâneos)9 era fundamentalmente uma teoria da “civilização” ou “educação” individual.10 Como já apontaram outros dos comentadores de Ramos (cf. Corrêa, 1982; Mokrejs, 1993; e Carvalho, 1995), a teoria freudiana era consumida sobretudo pela via da oposição entre um “inconsciente” mais “primitivo” (com todas as ambigüidades dessa palavra) e uma “consciência” capaz de se “educar”, de se controlar (e eventualmente se autocontrolar) pela própria via dos novos recursos psicoterapêuticos colocados à disposição do processo civilizatório.11 Daí a importância que tiveram para Arthur Ramos, por exemplo, tanto a obra de Pfister (referida à psicanálise freudiana, mas nitidamente mais “moralizante” ou “didática”) quanto a de Piaget (cujo mentalismo é de caráter diferente do da psicanálise, mas fundamentalmente comprometido com a “educação” individual). Esse modelo funciona assim como um regime subordinado ao trinômio Civilização/Nação/Educação, expressivo das condições gerais em que se podia constituir o campo intelectual brasileiro do entreguerras. A relação com a nação se impunha não apenas no plano dos ideais,12 mas também no plano mais pragmático das relações com o aparelho de Estado. Na ausência de uma estrutura de mediações institucionais razoavelmente autônoma para sustentar os projetos intelectuais (vejamse as vicissitudes da Universidade do Distrito Federal, por exemplo, nos anos 1930) e na dificuldade de manutenção de instituições civis alternativas,13 era inevitável ocupar posições dentro do aparelho de Estado. É assim que todas as análises da história dos intelectuais nesse país sublinham a sua enorme dependência da condição de “funcionários públicos”, no sentido literal do termo (cf. Corrêa, 1982, pp. 3-4). A rede médico-sanitária implantada desde o começo do século foi um dos principais veículos dessa “incorporação”.14 Foi nela que Arthur Ramos iniciou sua carreira pública na Bahia, seguindo as pegadas de Nina Rodrigues, como médico do Hospital São João de Deus e como médico-legista do Serviço Médico-Legal do Estado da Bahia. Como também ressalta Mariza Corrêa, porém, não se tratava apenas de ocupação passiva de funções no interior de um Estado pré-desenhado. Tratava-se também, e sobretudo, de criação ou transformação de instituições estatais, servindo à complexificação da rede de relações com a sociedade civil. Foi o papel desempenhado por Ramos ao apresentar, em 1928, um plano de construção do Manicômio Judiciário da Bahia e ao assumir, em 1934, a convite de Anísio Teixeira, o recémcriado Serviço de Higiene Mental e Ortofrenia da Secretaria de Educação e Saúde do Distrito Federal. A história das intensas atividades aí desenvolvidas por nosso autor até 1939 mal começou a ser realizada.15

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Carta de Roger Bastide a Arthur Ramos, elogiando-o pela segunda edição de O negro brasileiro e informando ter escrito um artigo sobre rituais afro-brasileiros em São Paulo. São Paulo, 5 de setembro de 1940.

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Meu interesse por Arthur Ramos cresceu no contexto de uma pesquisa sobre a “psicologização” no Brasil, ou seja, a difusão de uma visão de mundo baseada no pressuposto da existência (e relevância) de uma instância específica dos sujeitos humanos, interna a cada um deles (o “psiquismo” ou “vida psicológica”), e dotada de propriedades e dinamismo próprios, passíveis de intervenções propiciatórias (cf. Duarte, 2001). O desenvolvimento e difusão da psicanálise na primeira metade do século XX é uma das manifestações mais sistemáticas, explícitas e influentes desse processo. A. Ramos é um dos personagens eminentes da “psicologização” do campo intelectual brasileiro, pioneiro na transposição desse processo para o plano das interpretações da vida coletiva nacional. Para compreender melhor a posição específica de nosso autor nesse campo, pode ser útil apresentar uma chave mais abrangente de interpretação do período e de suas forças características. As relações acadêmicas intensas e sistemáticas da antropologia com a psicanálise se deram em dois diferentes momentos da história das ciências humanas no Brasil: o período “heróico” que vai – grosso modo – dos anos 1920 ao final dos 40 (o “entreguerras”) e o período “crítico”, aberto nos anos 1970 deste século (cf. Duarte, 2000). O primeiro período é caracterizado basicamente pela produção de dois autores – Arthur Ramos e Roger Bastide –, ambos considerados “antropólogos”16 e igualmente influenciados pela freqüentação da literatura psicanalítica – cujas problemáticas invocam explicitamente em suas obras. Os próprios contrastes entre os dois autores – muito grandes sob diversos aspectos – permitem precisar o foco de análise sobre o “regime” em que se processa sua articulação entre os dois saberes. O segundo período é, por sua vez, caracterizado basicamente pela produção de dois outros autores – Gilberto Velho e Sérvulo Figueira –, ao longo dos anos 1970 e 1980 no Rio de Janeiro. Nesse caso, chegou a haver interação produtiva imediata entre os dois autores, ensejando a articulação de uma rede mais especializada do que a do período “heróico”, em função de uma série de características diferenciais do campo acadêmico nos dois momentos. O primeiro autor é conhecido como antropólogo e o segundo como psicanalista, embora tenha produzido nesse período uma obra que era considerada (e que ele próprio considerava) de cunho antropológico. A psicanálise aparece como tema avantajado das duas obras, mas de uma forma muito diferente da do outro “regime”. No primeiro regime,17 que se caracteriza – no nível da análise “interna” – pela disposição de incorporação dos recursos de interpretação psicanalítica à análise dos fenômenos “culturais”, prevalece a continuada referência à “cultura negra” ou “cultura dos negros” no Brasil e, particularmente, aos fenômenos religiosos ligados à “raça” ou à “herança africana”. A questão do “transe” nos cultos atra-

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vessa crucialmente toda a produção desse “regime”, que nisso revela seu foco abrangente: trata-se de compreender como se organiza culturalmente o “pensamento” das camadas subalternas da sociedade brasileira a partir de uma característica vista como tipicamente “arcaica” ou “primitiva” (mesmo que se relativize até um certo ponto as implicações “evolucionistas” lineares dessa caracterização). Essa preocupação se constrói no interior da problemática relativa à “civilização” da “nação” brasileira, cuja fraqueza ou atraso se atribui de algum modo ao peso daquela “raça” ou “herança”. Contra as interpretações “pessimistas” oriundas dos saberes metropolitanos, produzem-se interpretações que enfatizam a capacidade de “redenção” cultural através de um processo de “educação” generalizada, o que não pode deixar de envolver nesse período altas expectativas de regulamentação e intervenção do Estado. Essa foi a principal condição ou modo de entrada das idéias psicanalíticas no campo intelectual brasileiro (e na sua apropriação pela antropologia).18 A interpretação que fez Mariza Corrêa da antropologia brasileira do entreguerras, à luz da teoria foucaultiana das disciplinas, é aqui extremamente pertinente. Esse horizonte “educativo” compartilhado pela antropologia e pela psicanálise corresponde diretamente ao que ela chama de “fiscalização” ou “repressão branda”, lembrando expressões de Arthur Ramos e Gilberto Freyre (cf. Corrêa, 1982, pp. 219 e 260) – por oposição aos defensores contemporâneos de uma repressão de tipo “policial” (ibidem, p. 242). No segundo regime, a imagem da psicanálise passa de instrumento de “civilização” e “educação” para sintoma de uma “civilização” de algum modo já ocorrida (sob a etiqueta da “modernização”). O tema antropológico privilegiado será não mais o da “raça” ou das “heranças culturais” em geral, mas o da “vida urbana”, com os seus fenômenos considerados próprios de “desvio” ou “desmapeamento” cultural. O interesse em questões etnográficas como a “loucura”, as “drogas” ou a “sexualidade desviante” aproxima os antropólogos examinados do mundo dos saberes psicológicos (já agora organizado em um campo institucionalmente complexo) e os torna interlocutores freqüentes, inclusive em torno de questões de regulação moral (a compreensão do consumo social das terapias psicanalíticas, por exemplo) ou mesmo de regulamentação pública importante (como a “reforma psiquiátrica” ou a “descriminalização” de drogas ilícitas) – em nome dos valores da “liberdade” e da “tolerância”. A chave de compreensão da problemática do regime será nesse caso – em vez da “educação” – a da “coerência” e “reflexividade” desses sujeitos (e “cidadãos”). As expectativas em relação ao Estado nesse último período são, sobretudo, negativas ou críticas (em relação a diversos tipos de regulamentação pública em cur-

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so, por exemplo), mas também freqüentemente indiferentes – devido em boa parte à forte autonomização atingida pelo campo acadêmico-universitário (onde se encontram os antropólogos e alguns psicanalistas) e profissional-psicoterapêutico (onde se encontram os psicanalistas). Não poderei desenvolver – mas não posso, tampouco, deixar de evocar – a relação entre os dois “regimes” em análise e os “regimes políticos” sob os quais se desenvolveram. O primeiro é marcado pela Revolução de 1930, que é vista por boa parte dos intelectuais brasileiros como uma oportunidade de levar adiante as expectativas de “civilização” dirigida que se acumulavam desde o fim do Império, frustradas pela consolidação conservadora da República Velha.19 A vinda de Arthur Ramos para a capital logo após a revolução e sua rápida incorporação ao aparelho de Estado como agente da educação pública são expressivas das condições dessa primeira fase. O advento do Estado Novo corresponde certamente ao desencanto de uma boa fração dos portadores daquelas esperanças e corresponde – talvez não linearmente – ao momento de entrada dos nossos dois atores privilegiados no sistema universitário que acabava de se autonomizar. O período seguinte é marcado pelas inquietações da II Guerra, num contexto nacional politicamente ambíguo, que se encerra com a deposição, retorno e morte de Getúlio Vargas às voltas de 1950. Arthur Ramos se destacou no período da guerra como o autor de mais de um manifesto público e coletivo contra o racismo, o que lhe valeu provavelmente um lugar de destaque no contexto do pós-guerra (inclusive a oferta do cargo na Unesco, em cujo desempenho faleceu em Paris). O segundo regime emerge em plena vigência da ditadura militar instalada em 1964 (após o interregno democrático e “desenvolvimentista” dos anos 1950). Sua ênfase em valores associáveis aos ideais da liberdade e sua indisposição em participar diretamente do aparelho de Estado podem ser correlacionadas assim também – mesmo que não linearmente – ao amplo movimento intelectual de resistência ao governo autoritário (que só se encerra na primeira metade dos anos 1980). É contra esse pano de fundo que se recortam o interesse e a novidade da contribuição de Arthur Ramos. Como disse, ela se localiza sobretudo no plano da extensão de uma leitura psicologizada da experiência humana ao universo das manifestações culturais coletivas, sobretudo as “religiosas” e as “populares”. Sua primeira experiência nesse sentido foi uma interpretação psicológica do carnaval, publicada quando ainda estava no Nordeste, antes mesmo de ter ido para Salvador. Foi o primeiro testemunho de uma possibilidade de interpretação da cultura brasileira com instrumentos da psicanálise a que Arthur Ramos se continuou dedicando por toda sua vida e que serviu como ponte principal de suas relações

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com Roger Bastide, quando este chegou, em 1938, a São Paulo, para compor a leva dos primeiros professores estrangeiros da recém-criada Universidade de São Paulo. Bastide já conhecia a obra de Freud, mas foi apenas no Brasil que começou a aplicar conceitos psicanalíticos à interpretação cultural (cf. Duarte, no prelo). O mais notável, no caso desse processo de abertura de Arthur Ramos para a psicanálise, é o fato de que ele provinha, como boa parte dos produtores intelectuais brasileiros nos anos 1920, de uma formação quase exclusivamente médica. É claro que não eram apenas os médicos que estavam expostos às representações reducionistas fisicalistas, na medida em que o sistema de interpretação de mundo ligado à teoria da degenerescência atravessava fortemente todos os espaços intelectuais internacionais, inclusive brasileiros, nesse período. Mas, certamente, com muito mais razão, esse era um horizonte inescapável para quem vinha de uma formação médica típica, como a que teve, com excelente desempenho, na Faculdade da Bahia. A psicanálise podia ser atraente para os intelectuais do começo do século XX por diferentes motivos. No caso do Brasil (mas não apenas nele), prevaleceu inicialmente uma leitura feita por médicos e psiquiatras sequiosos de encontrar uma saída para os determinismos fisicalistas que apontavam para a danação de um país “racialmente” miscigenado. Foi também esse, sem dúvida, o gancho inicial do interesse de Arthur Ramos. Mas ele avançou mais do que muitos de seus contemporâneos na direção da citada interpretação “pedagógica” da teoria freudiana. Era, para tanto, fundamental a guinada psicologizante que caracterizou o melhor de sua obra. O interesse pelo pensamento afro-brasileiro (como, mais tarde, o de Bastide) decorria desse pressuposto de uma ordem de causalidade própria do psiquismo: “É uma conseqüência do pensamento mágico e pré-lógico, independentes da questão antropológico-racial, porque podem surgir em outras condições e em qualquer grupo étnico, nas aglomerações atrasadas em cultura, classes pobres das sociedades, crianças, adultos nevrosados, no sonho, na arte, em determinadas condições de regressão psíquica... Esses conceitos de primitivo, de arcaico, são puramente psicológicos e nada têm que ver com a questão da inferioridade racial” (Ramos, 1988: 23; citado por Schreiner, no prelo: 8 – meu grifo).

A influência de Nina Rodrigues foi reiteradamente enfatizada por ele como sendo a origem, a fonte, de sua preocupação com as dimensões culturais da experiência da diferença dentro do Brasil. Mas é claro também que ele transmutou essa herança – afirmada por ele –, em patamares muito diferentes, muito mais amplos e complexos de interpretação dos fenômenos culturais brasileiros. Seu diálogo com Bastide é exemplar dos modos pelos quais Arthur Ramos tentou re-

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criar a herança que ele, no entanto – retoricamente –, tanto exaltava da Escola de Nina Rodrigues. A diferença fundamental, nesse contexto, é a da progressiva afirmação de uma autonomia dos processos culturais. E, para sustentar essa autonomia, foi fundamental o recurso, da parte de ambos os autores, à psicanálise. Esse saber oferecia um sistema interpretativo da experiência humana em radical ruptura com os modelos fisicalistas de representação da pessoa e das perturbações da psiquiatria tradicional característicos do século XIX e, ao mesmo tempo, em aparente continuidade com as expectativas de uma redenção da experiência humana pelo esclarecimento das sombras de sua vida interior. Desenvolvi, em um outro trabalho, uma interpretação da obra de Roger Bastide que enfatiza sua dimensão “romântica”, notável em muitos sentidos (cf. Duarte, no prelo). Seria impossível dizer o mesmo de Arthur Ramos. Não há nele nenhum sinal de um interesse entranhado, abrangente, pela totalidade, pelo fluxo, pela sombra – sinais da cosmologia comum a Freud e a Bastide, por exemplo. O interesse de Arthur Ramos pela psicanálise sublinha justamente a dimensão universalista do pensamento freudiano, sua suposta capacidade de desvendar os mistérios do “inconsciente” e propiciar essa redenção propiciatória. Essa é a chave para a compreensão da dimensão da “educação” em sua obra e em sua vida pública (inclusive o cargo derradeiro junto à Unesco). Não se pode menosprezar, sem dúvida, o peso da herança da Bildung romântica em todos os investimentos na educação ocidental a partir de meados do século XIX, inclusive através dessa versão tão peculiar embutida na prática psicanalítica (cf. Lo Bianco, 1998). Ela foi, porém, subordinada em Arthur Ramos ao projeto iluminista, transformando-se num recurso de promoção da individualidade “quantitativa”, mais que da “qualitativa” (para usar das úteis categorias de Simmel). Isso não deixa de fazer sistema com outros aspectos importantes da vida de Arthur Ramos, como sua militância política pró-democrática, sua permanente disposição construtiva institucional ou sua agenda de pesquisa comparativa abrangente (que iria deixar impressa, como é notório, em sua rápida passagem pela Unesco). É tão importante para a compreensão da vida intelectual brasileira entender a contribuição pioneira e audaciosa de Arthur Ramos quanto entender os motivos e formas pelas quais sua obra se viu envolvida por um pesado silêncio já a partir dos anos 1950. Pode-se mesmo falar, a meu ver, de um enterro intelectual. Um personagem importante desse processo foi Florestan Fernandes, um dos representantes mais marcantes da geração de sociólogos que então se afirmava, parceiro de Bastide no monumental trabalho de revisão da relação entre a sociedade brasileira e a tradição afro-brasileira. Evoco particularmente dois artigos que Florestan Fernandes publicou nos primeiros anos da década de 1950, na Revista de Antropologia. Um sobre a psicanálise e outro sobre Lévy-Bruhl (cf. Fernandes,

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1954 e 1956). Fernandes, ao retomar dois temas que eram absolutamente cruciais para o pensamento de Ramos – e sem mencionar Arthur Ramos –, engendra uma desautorização quase completa da sua obra, chamando atenção para o fato de que a importância possível, tanto da psicanálise quanto de Lévy-Bruhl, era exclusivamente metodológica. Ou seja, eles poderiam ser úteis para ensinar a pensar, mas certamente não seriam úteis – isso está razoavelmente claro na mensagem de Florestan Fernandes – para explorar diretamente, como instrumentos imediatos, os fenômenos sociais e culturais. Na verdade, o que estava em jogo era um julgamento mais abrangente contra o culturalismo, contra os matizes românticos das interpretações prevalecentes no entreguerras. O mesmo anátema da sociologia paulista incidiu sobre a obra de Gilberto Freyre, companheiro de Arthur Ramos no culturalismo (embora com matrizes diversas) e no processo de entronização da cultura de origem africana no panteão da identidade nacional.20 Não se pode atribuir o silenciamento das relações entre a psicanálise e as ciências sociais totalmente a essa intervenção de Florestan Fernandes no começo dos anos 1950, mas é certo que ela era emblemática de uma transformação muito mais ampla do horizonte intelectual brasileiro: a entrada em cena da sociologia e da economia – como saberes universalizantes, objetivistas – que se tornam muito mais empáticas com o modo pelo qual se passa a representar a nação. Inaugura-se a era do desenvolvimentismo, da análise baseada nas classes, com o desprezo sistemático do culturalismo como possibilidade de interpretação do Brasil. E nisso, também, o desprezo da psicanálise como recurso para a compreensão da cultura brasileira. A própria presença pública da psicanálise e da antropologia se retraiu consideravelmente. Sem as grandes ambições de interpretação da nação e de propiciamento da civilização que tinham marcado o primeiro regime, as duas disciplinas se voltaram para sua organização e fortalecimento institucional. As sociedades criadas nos anos 1950, tanto de psicanálise quanto de antropologia, são as que vão perdurar e prevalecer no âmbito nacional – diferentemente de suas predecessoras dos anos 1930 (inclusive aquela criada por Arthur Ramos). E é só nos anos 1970 que, dando as costas a essa longa latência das relações entre a psicanálise e a antropologia, se vai configurar o mencionado segundo regime de suas relações, juntamente com uma renovada influência acadêmica e ressonância pública dessas disciplinas. É preciso sublinhar, porém, que, nesse processo posterior – que é o de reconstituição da possibilidade de interlocução entre os saberes psicológicos e os saberes sociais (particularmente a antropologia) –, não se fez referência praticamente nenhuma a Arthur Ramos. Fez-se alguma a Roger Bastide pela via dos estudos de religião, especificamente, como até hoje se faz, com justiça. Mas não se fez quase nenhuma ao modo pelo qual o próprio Bastide tinha feito uso da psicanálise como

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recurso interpretativo, como estratégia instrumental de conhecimento dos fenômenos afro-brasileiros. A psicologização que se desencadeia a partir dos anos 1970 é muito mais generalizada e abrangente do que aquela de que participara Arthur Ramos no entreguerras. Não é mais um fenômeno erudito que afeta a sociedade apenas indiretamente, é uma característica da cultura de massa que se dissemina no último quartel do século XX por todo o Ocidente. É, em parte, sustentada pelo movimento da contracultura, ponta-de-lança do neo-romantismo triunfante do final do século. É um fenômeno de vasto alcance, mas dotado de grande ambigüidade, em função do caráter basicamente paradoxal do individualismo qualitativo e do romantismo no interior da cultura ocidental moderna (que continua tendo como viga mestra o universalismo). As ambigüidades de Arthur Ramos entre determinismo e consciência livre, entre reconhecimento da Diferença e expectativa de Civilização, são expressivas desse processo maior a que continuamos jungidos. Sua proposta de uma atenção sistemática aos processos “psicológicos” em que se afirmavam as diferentes lógicas culturais em ação no Brasil produziu efeitos ideológicos marcantes, encontráveis tanto do lado da organização do campo intelectual dos estudos afro-brasileiros quanto do lado das experiências sociais mais amplas posteriores, como a própria “psicologização” generalizada a que serviu de pioneiro.

Momento de contemplação: o antropólogo posa, de chapéu, às margens de um lago. [S.l.], década de 1940

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Por tudo isso, deve-se considerar fundamental propiciar todas as formas de revisitação do pensamento de Arthur Ramos, de compreensão do modo pelo qual tão fortemente contribuiu para a interpretação e para a problematização da cultura e da sociedade brasileira, e de explorar não só o modo como fez parte dessa plêiade de ideólogos do Brasil do entreguerras, mas também o modo pelo qual essa geração, esse regime e, particularmente, o autor Arthur Ramos foram menosprezados durante os anos 1950 e 1960. E permaneceram praticamente esquecidos (à exceção de Gilberto Freyre) até há pouco tempo quando, finalmente, trabalhos diversos – que nesse sentido vêm a ser de novo pioneiros – procuraram revisitar essa tradição e se aproveitar de suas lições, para permitir a calibragem de novos instrumentos de compreensão daquelas candentes questões de que se tinham ocupado e que certamente perduram entre nós.

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N OTA S : 1 – Arthur Ramos evoca Afrânio Peixoto se referindo a Piaget como “o Lévy-Bruhl dos meninos” (Ramos, 1934, p. 11). Ver bibliografia, pp. 22 - 3. 2 – Mariza Corrêa é particularmente esclarecedora sobre a articulação entre o problema da “civilização” e a “questão racial” nesse período (1982, pp. 26 e 34). 3 – Dante Moreira Leite já fazia, em 1954, essa associação histórica – depois muito retomada (cf. Moreira-Leite, 1976). 4 – Veja-se, além das já citadas obras de Carrara e Serpa Jr. Russo, 1997, e Venâncio, 1997 (para aspectos mais gerais dessa questão), como também Rohden, 1997, e Teixeira, 1997 (para aspectos mais pontuais). 5 – Mariza. Corrêa evoca a significativa expressão de Afrânio Peixoto para se referir à questão: “o eclipse negro” (1982, p. 349). 6 – Girolda. Seyferth nos lembra que “(...) mesmo autores como Bomfim, que viam na mistura de raças um caráter renovador, não escaparam do ideário do progresso, com seu significado evolucionista. Mesmo sem usar argumentos raciais, a inferioridade do negro e do índio, e até certo ponto também dos mestiços, está implícita na noção de civilização. Daí a ênfase tão grande na necessidade da educação – como aparece, por exemplo, em Roquette-Pinto. Educar significa tirar do atraso –- civilizar” (1989, p. 20). Sobre esse ponto, ver ainda Schreiner, 1997. 7 – Alexandre Schreiner lembra a esse respeito a expressão tão citada de Miguel Couto, de 1927: “Vitalizar pela educação e pela higiene” (Schreiner, 1996, p. 103). 8- Arthur Ramos, que passou a cooperar com seu conterrâneo baiano Anísio Teixeira em 1934, usou regularmente em sua obra posterior de uma retórica “escola-novista”. Ver particularmente o capítulo intitulado A Escola Nova e a Psicanálise, em Ramos, 1934. 9 – Ver Ropa, 1983; particularmente sobre Porto Carrero e Antônio Austregésilo – considerados como os mais importantes pioneiros da psicanálise no Rio de Janeiro. Encontramos aí a seguinte transcrição de Austregésilo, em seu Viagem interior, de 1934: “Penetremos cada dia dentro de nós mesmos e reconheçamos as nossas faltas e exaltemos os nossos deveres, façamos viagens diárias ao íntimo de nossa personalidade (...) saibamos vencer-nos, saibamos educar-nos, elevar-nos dentro de nós mesmos, porque só assim com a nossa melhoria individual o mundo melhora automaticamente” (Ropa, 1983, p. 28). 10 – É o próprio autor quem nos diz: “No Brasil, não têm passado despercebidos os aspectos pedagógicos da psicanálise. Desde 1926, por iniciativa deste incansável trabalhador que é o professor Ernâni Lopes, foi instalado na Liga Brasileira de Higiene Mental, por ele tão sabiamente dirigida, um serviço de psicanálise. Porto Carrero, o nosso grande estudioso desses assuntos, iniciou a propaganda daquele serviço em entrevistas de imprensa e irradiou uma conferência sobre psicanálise e educação, seguida depois de outros ensaios sobre o mesmo tema, e hoje reunidos em seus livros sobre psicanálise (...)” (Ramos, 1934, p. 24). 11 – “Mas a sublimação mais perfeita deve ser para um trabalho de rendimento à comunidade. A tarefa do educador é de adivinhar logo cedo as sublimações para que ten-

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dem as forças instintivas de cada criança, qual será esse trabalho social que deve ser escolhido não como uma tarefa pesada e desagradável, mas com alegria, com participação de toda a personalidade, pois que ele tem raízes instintivas, tendências elementares que se transformaram por via da sublimação. É todo um capítulo novo de orientação profissional” (Ramos, 1934, p. 157). 12 – Veja-se Peirano, 1981, sobre o mandamento de “explicar o Brasil” entre os cientistas sociais brasileiros. 13 – Veja-se que as primeiras sociedades psicanalíticas fundadas em São Paulo e no Rio de Janeiro no final dos anos 1920, assim como as primeiras associações de antropologia (a Sociedade de Etnografia e Folclore, criada em São Paulo em 1937, e a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia fundada por Ramos no início da década de 1940), não só tiveram vida curta como não foram simbolicamente recuperadas por suas congêneres bem-sucedidas dos anos 1950. 14 – A medicina foi uma das primeiras disciplinas (junto com o direito) a se institucionalizar no Brasil. As duas faculdades iniciais (da Bahia e do Rio de Janeiro) foram criadas em 1830, substituindo os antigos colégios médico-cirúrgicos. A Academia Nacional de Medicina (inicialmente Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro) foi fundada em 1829. A Gazeta Médica da Bahia surgiu em 1866 e o Brazil-Médico em 1887 (cf. Brito, 1996). A psiquiatria participou dessa implantação desde a criação do Hospício Pedro II, em 1841, que só começou, no entanto, a funcionar em 1852 e a ter uma administração plenamente médica com Teixeira Brandão em 1886 (cf. Teixeira, 1997). A primeira cátedra de psiquiatria foi instituída em 1881 e os Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins começaram a circular em 1905. A Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal foi criada em 1907. Para uma revisão dos compromissos de regulação moral da medicina no Brasil no século XIX, ver Freire-Costa, 1979 e 1981, e Machado et al., 1978. No período em que se centra minha análise, assiste-se a uma intensa reconversão dos horizontes profissionais da medicina, com o notável crescimento das funções reguladoras do Estado. O Congresso Nacional dos Práticos, realizado em 1922, parece ter-se voltado sobretudo para a reflexão sobre essas novas condições da carreira (cf. Pereira Neto, 1997). 15 – Mariza. Corrêa dá importantes pistas sobre isso (Corrêa, 1982, p. 354 e segs.) e o trabalho de Nunes (1994) apresenta alguma informação interessante. Seria necessário verificar particularmente o papel do Instituto de Pesquisas Educacionais aí sediado – como precursor da institucionalização específica da psicologia e de um atendimento psicanalítico oferecido nos órgãos de Estado – durante os anos 1950. 16 – Roger. Bastide, na verdade, era um “sociólogo”, dentro do sistema classificatório francês de que provinha. No Brasil, porém, seus interesses na “cultura” tornavam-no classificável como “antropólogo”. 17 – Chamo de “regime” ao estilo de produção acadêmica de um “período”, com articulações temáticas e horizontes analíticos comuns, sem constituir, porém, necessariamente um “grupo” ou uma “escola” – ou seja, sem um projeto sistemático (mesmo que inconsciente) de reprodução institucional. 18 – Mariza Peirano explora bem essa ênfase sobre a “educação” como chave de compreensão e transformação da nação, considerando-a como uma característica do pensamento social da década de 1930 (Peirano, 1981, p. 28 ou 39).

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19 – Seria interessante discutir esse “dirigismo civilizatório” à luz da noção de “poder tutelar”, utilizada sistematicamente por A. C. de Souza Lima para analisar as políticas públicas relativas às populações indígenas na República Velha (Souza Lima, 1995). Tanto M. Corrêa quanto M. Peirano utilizam a categoria “tutelar” para se referir a disposições políticas contidas no pensamento social brasileiro do entreguerras. 20 – É interessante, porém, que Gilberto Freyre tenha merecido um retorno quase triunfal no final do século XX, em parte como reconhecimento da preeminente dimensão romântica do seu boasianismo. A ausência dessa dimensão em Arthur Ramos torna-o certamente impalatável ao gosto pós-moderno ou, como prefiro, neo-romântico.

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A RT H U R R A M O S E A M I L I TA N C I A N A U N E S C O Marcos Chor Maio Pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz

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m meados de outubro de 1949, dois meses depois de assumir a direção do Departamento de Ciências Sociais da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Arthur Ramos (1903-1949) concluiu o delineamento de um plano de trabalho no qual estavam previstos estudos sociológicos e antropológicos no Brasil.1 Em sintonia com as crescentes preocupações da agência internacional devido à persistência do racismo no pósII Guerra Mundial e aos problemas socioeconômicos vividos pelos países subdesenvolvidos, Ramos considerava premente a incorporação de determinados estratos sociais marginalizados – representados no plano étnico-racial por negros e índios – à modernidade.2 No curto espaço de tempo que trabalhou na Unesco, Arthur Ramos organizou um fórum para debater o estatuto científico do conceito de raça. Dentro da programação de combate à discriminação racial aprovada pela quarta sessão da Conferência Geral da Unesco, em setembro de 1949, o antropólogo informava aos futuros participantes do encontro que seu objetivo era “reunir um comitê de especialistas em antropologia física, em sociologia, em psicologia social e em etnologia para formular uma definição preliminar das raças do ponto de vista interdisciplinar. Este será o ponto de partida indispensável para uma futura ação da Unesco em 1950 (…)”.3 Em junho de 1950, a Unesco divulgou a Primeira Declaração sobre Raça, a qual continha a seguinte afirmação: “Raça é menos um fato biológico do que um mito social e, como mito, causou severas perdas de vidas humanas e muito sofrimento em anos recentes.”4 Na mesma ocasião, a quinta sessão da Conferência Geral da Unesco, acontecida em Florença, aprovou a realização de uma pesquisa sobre as relações raciais no Brasil.5

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No final dos anos 1940, a Unesco procurou, em face da persistência da intolerância racial nos EUA e na África do Sul, do processo de descolonização asiático e africano e do surgimento da Guerra Fria, tornar inteligível os fatores que, em nome da raça, levaram aos resultados catastróficos da II Guerra Mundial. Foi nesse contexto que houve, simultaneamente, a emergência de uma crítica radical ao determinismo biológico e à busca de evidências científicas – a partir de uma experiência social julgada bem-sucedida em matéria racial –, que servissem de contraponto à ideologia das hierarquias raciais, em suma, ao racismo. A militância anti-racista de Arthur Ramos – antes, ao longo e depois da II Guerra Mundial – pode ser vista como um dos aspectos importantes no processo de conversão do médico-legista, sob influência racialista, em antropólogo cultural. Em manifestos anti-racistas, artigos e livros, Arthur Ramos insistia na crença de que o melhor antídoto ao nazismo seria a experiência brasileira em matéria étnico-racial. O “laboratório de civilização”, expressão cunhada pelo historiador Rudiger Bilden no final dos anos 1920 e utilizada com freqüência por Arthur Ramos, não destoava da recorrente visão de que a cultura ibérica, em solo brasileiro, criara um país que o perfil miscigenado da população, a mobilidade de mulatos e negros e a reduzida taxa de tensões raciais transformavam num modelo de sociedade a oferecer lições à humanidade. Ao participar de uma comissão convocada pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), no final do ano de 1944, com o objetivo de apresentar propostas para a criação de uma futura instituição internacional no campo da educação, embrião da futura Unesco, Arthur Ramos deixa um registro claro de sua ascendência nas resoluções finais, nas quais se destacam a importância atribuída ao Manifesto dos Intelectuais Brasileiros contra o Preconceito Racial, publicado em 1935, e outras manifestações contra o racismo durante a II Guerra Mundial, capitaneadas pela Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, da qual era presidente. Do relatório do comitê especial para oferecer subsídios à futura Organização das Nações Unidas para a Reconstrução Cultural e Educacional, constava a seguinte declaração: “Na verdade, está o comitê convencido de que ‘as desigualdades raciais e inferioridade biológica da mestiçagem, quando existam, são contingências ligadas a causas deficitárias do meio social e cultural’, como, aliás, estudos de antropólogos e sociólogos brasileiros sobejamente o têm demonstrado à base de dados objetivos; e de que, por isso mesmo, em um programa de reconstrução cultural e educacional, no pós-guerra, tal conclusão deverá inspirar as normas e processos de ação geral, no movimento que a projetada organização tem em vista empreender.”6

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Não obstante a crença no argumento da “cooperação entre povos e etnias no Brasil”, suposta marca de distinção da sociedade brasileira (RAMOS, 1943: 179), Arthur Ramos, em seus trabalhos, colocou em evidência a violência da escravidão, sem, no entanto, coisificar o escravo. Destacou também, no período pós-abolição, as acentuadas desigualdades sociais entre brancos e negros, bem como a existência do “preconceito de cor” no Brasil. O problema da inserção dos negros na sociedade brasileira estava presente em sua obra, ora visto como uma questão social, ora percebido como dificuldade afeita à condição de minoria nos estados do Sul. O emblemático “laboratório de civilização” parecia situar-se no ambíguo terreno dos valores, distante dos fatos sociais.7 O fim da II Guerra Mundial leva Arthur Ramos a um exercício de reflexão sobre as marcas do etnocentrismo e do racismo, ressaltando a importância da antropologia. Em 1945, Arthur Ramos escreveu o prefácio de As raças da humanidade, pequeno livro de divulgação da luta contra o racismo, elaborado pelas antropólogas Ruth Benedict e Gene Weltfish, da Universidade de Colúmbia. Os “boasianos” encontravam-se na linha de frente da luta contra o racismo desde os anos 1920. Ramos constatava que o saber antropológico viveu uma perversa combinação entre ciência e política, tendo servido a causas nada edificantes em nome “da falsa idéia da civilização-igual-a-domínio-europeu-do-mundo”. O racismo, em sua vertente nazista, parecia-lhe a última fronteira ideológico-política da racionalização do determinismo biológico. Entretanto, em face da ideologia racialista que grassava no senso comum, envolto por sistemas supostamente objetivos e fidedignos de classificação das raças, fazia-se necessário ampliar a divulgação de uma antropologia de corte boasiano, que pudesse contribuir para a superação das mazelas do racismo. Caberia aos antropólogos ressaltar “a universalidade das misturas (apontando para) a conclusão lógica (de) que a civilização nada tem a ver com a cor da epiderme, a forma dos cabelos ou a cor dos olhos”.8 O fim do Estado Novo e a democratização de 1945 acentuaram a convicção de Arthur Ramos no projeto de uma antropologia socialmente engajada. Sua aproximação da esquerda (especialmente do Partido Comunista do Brasil – PCB), suas aulas na Universidade do Povo, sua colaboração com o movimento negro, especialmente com o Teatro Experimental do Negro, importaram numa reelaboração dos afazeres antropológicos e da sua própria visão do Brasil. Nesse sentido, a conferência de Arthur Ramos por ocasião da tradicional Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo, em agosto de 1948, um ano antes de assumir a direção do Departamento de Ciências Sociais da Unesco, intitulada Os Grandes Problemas da Antropologia Brasileira, de caráter niti-

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damente programático, é um momento de inflexão no pensamento de Arthur Ramos. Nesse artigo, Arthur Ramos reiterava que o Brasil era um “laboratório de civilização”. Entretanto, registra que só a partir da década de 1940 as ciências sociais brasileiras haviam iniciado o seu processo de qualificação profissional para tornar realmente inteligível esse “laboratório”.9 Ramos acreditava que a institucionalização das ciências sociais em curso oferecia uma oportunidade singular para a superação da fase “livresca, literatóide dos estudos antropológicos sobre o índio e o negro”. A seu ver, destoando da experiência anterior de investigação dos cultos afro-brasileiros, conviria o estudo do passado escravocrata e suas implicações para o entendimento da situação racial brasileira, especialmente “a influência psicossociológica dos grupos dominantes, não negros, as relações de ‘raça’, os estereótipos de opiniões e atitudes, os fatores sociológicos da casta e da classe (...)”.10 Em seu Programa da antropologia brasileira, Arthur Ramos ressalta a importância da elaboração de análises sistemáticas sobre os diversos grupos raciais e étnicos, tendo em vista o entendimento dos processos de mudança social inseridos nos diversos contextos históricos. Com um viés sociológico, ele assinala a relevância do estudo da inserção dos indivíduos em grupos, estratos e classes sociais, procurando a partir daí entender as desigualdades étnico-raciais .11

O público lota o auditório na palestra de Arthur Ramos durante a Semana Euclidiana. S. José do Rio Pardo, SP, agosto/1948.

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Em sua perspectiva, “só depois de realizadas séries inteiras de pesquisas desta ordem, poderemos nos aventurar a propor ‘interpretações’ do Brasil, ensaios de conjunto ou planos normativos de ação, até agora reservados aos estudos impressionistas que podem ser muito interessantes, mas conduzem a generalizações apressadas e perigosas. (...) Do ponto de vista antropológico, não há uma ‘cultura’ brasileira, mas ‘culturas’ que só agora começam a ser estudadas e compreendidas. Ainda é cedo, portanto, para indagarmos do ‘caráter nacional’ do seu ethos, em visões generalizadoras que lancem mão do critério histórico ou social”.12 No final dos anos 1940, Arthur Ramos já colocava em questão a ensaística das consagradas chaves explicativas sobre o Brasil elaboradas nos anos 1920 e 1930. Assim, Arthur Ramos indagava-se a respeito da existência de uma visão uníssona sobre o Brasil e, por conseguinte, questionava sua própria interpretação anterior sobre o “laboratório de civilização”, isto é, “a solução mais científica e mais humana para o problema, tão agudo entre outros povos, da mistura de raças e culturas”.13 Sem dúvida, uma das razões que motivou Arthur Ramos a aceitar o convite para assumir a direção do Departamento de Ciências Sociais da Unesco foi a possibilidade de fortalecer institucionalmente o Departamento de Ciências Sociais da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), especialmente no campo da pesquisa. Na fase de elaboração do programa de 1951 do Departamento de Ciências Sociais da Unesco, a ser aprovado na Conferência de Florença, em 1950, afirmava em carta ao então reitor da Universidade do Brasil (atual UFRJ), Pedro Calmon, que “a nossa maior oportunidade virá com a apresentação dos nossos programas à Conferência de Florença, em maio do ano próximo. Tenho grandes planos que já fiz ver ao nosso eminente amigo, ministro (Clemente) Mariani, para o estudo dos grupos não mecanizados e os problemas conseguintes da assimilação e aculturação que eles apresentam para a sua integração ao mundo moderno. Se este plano for aprovado, teremos uma possibilidade enorme de estudar nossos grupos negro e indígena em seus contatos com as culturas dominantes, dentro dos pontos de vista que tantas vezes tenho defendido em meus cursos e meus trabalhos escritos”.14 Em tempos de frágil institucionalização das ciências sociais no Rio de Janeiro, Arthur Ramos, indo além, como intelectual convencido da importância do compromisso social das ciências sociais, concebia sua inserção na Unesco como a possibilidade de aproximação de uma coletividade de cientistas sociais das demandas das classes subalternas na sociedade brasileira. A Unesco seria um agente catalisador. A “antropologia de intervenção”, preconizada por Ramos, utilizou conceitos atualmente discutíveis, como “assimilação”, “aculturação” e “integração”. Parece

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que esse era o preço a ser pago por um membro da intelligentsia ao procurar exercer um papel missionário, condição característica do intelectual, pelo menos até os anos 1960, em países de capitalismo retardatário, como o Brasil, sob o signo das grandes desigualdades sociais. N OTA S : 1 – RAMOS, Arthur. Sciences Sociales, Programme pour 1951: Plan de Travail (Paris, 1949), Coleção Arthur Ramos, I: 36, 29, 13, Seção de Manuscritos, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. 2 – Carta de Arthur Ramos a Clemente Mariani (14 out. 1949). Coleção Arthur Ramos, I: 35, 17, 24 8a, Seção de Manuscritos, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. 3 – Carta convite de Arthur Ramos a Costa Pinto, 14 out. 1949, p. 1. In Reg. File 323.12 A 102. Part I (Box Reg. 146), Arquivos da Unesco. 4 – Unesco Launches Major World Campaign against Racial Discrimination. Paris: Unesco, 19 jul. 1950, p. 1. In Reg. File 323.12 A 102. Part I (Box Reg. 146), Arquivos da Unesco. 5 – As pesquisas foram realizadas no Norte, Nordeste e Sudeste e contaram com a participação de cientistas sociais brasileiros, franceses e norte-americanos. Sobre o Projeto Unesco, ver Os resultados das pesquisas do projeto Unesco, publicado em WAGLEY et alii (1952); AZEVEDO (1953); PINTO, L. E. C. (1953); BASTIDE, Roger, e FERNANDES, Florestan (1955); NOGUEIRA (1955); RIBEIRO (1956). Sobre a história do Projeto Unesco de relações raciais, ver MAIO, Marcos Chor, A História do Projeto Unesco – Estudos Raciais e Ciências Sociais no Brasil, tese de doutorado, Iuperj, 1997. 6 – Correio do IBECC, 1997 (1944), p. 107. 7 – RAMOS, Arthur. (1938), O Espírito Associativo do Negro Brasileiro, Revista do Arquivo Municipal, XLVII: 105-126. __________. (1939), The Negro in Brazil. Washington: The Associated Publishers, Inc. __________. (1942), A aculturação negra no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional. __________. (1947), Social Pioneering. In HILL, L. (org.), Brazil. California: University of California Press. RAMOS, Arthur. (1951), The Negro. In Brazil. In SMITH, T. L. e MARCHANT, A. (orgs.), Brazil: Portrait of Half a Continent. Nova York: The Dryden Press. 8 – __________. (1945), prefácio. In BENEDICT R. & WELTFISH, G., As raças da humanidade. Tradução de Édison Carneiro. Rio de Janeiro: Horizontes, pp. 5-6. 9 – RAMOS, Arthur. (1948), Os Grandes Problemas da Antropologia Brasileira. Sociologia, X, 4: 213. 10 – Idem, pp. 214-19. 11 – Idem, p. 223. 12 – Idem, p. 224. 13 – RAMOS, Arthur. (1943), Guerra e relações de raça. Rio de Janeiro: Departamento Editorial da União Nacional dos Estudantes, p. 179. 14 – Carta de Arthur Ramos a Pedro Calmon, 13 out. 1949. In Coleção Arthur Ramos, Seção de Manuscritos, Biblioteca Nacional.

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E O C A M P O D A S R E L A ² O E S R AC I A I S NO FINAL DOS ANOS

1930

Mariza Corrêa Professora do Departamento de Antropologia, IFCH/Unicamp e pesquisadora do Pagu/Núcleo de Estudos de Gênero

P RO LO G O

N

a década de 30 um número significativo de intelectuais baianos migrou para a capital do país, então a cidade do Rio de Janeiro, e lá instalou seu quartel-general para a divulgação do grupo que Arthur Ramos batizaria de “escola Nina Rodrigues”.1 Resumidamente, a estratégia que pode ser lida ex post facto, mas que era também uma atuação refletida à época dos eventos (ver RAMOS, A. 1937), se expressou na edição ou reedição dos trabalhos de Nina Rodrigues; na divulgação dos trabalhos de intelectuais do grupo, através da Biblioteca de Divulgação Científica, da Editora Civilização Brasileira, dirigida por Ramos – o mesmo nome tivera, aliás, a coleção coordenada por Afrânio Peixoto, na antiga Editora Guanabara – e na ocupação de postos importantes no aparelho de estado. Alguns desses intelectuais não eram nascidos na Bahia, como o próprio Nina Rodrigues (1862-1906) e seu autoproclamado discípulo, Arthur Ramos, mas todos tinham feito carreira, ou parte dela, lá. Podemos identificar três gerações de baianos no cenário carioca: Afrânio Peixoto (1876-47), o mais antigo e mais famoso integrante do grupo, foi professor das faculdades de Medicina e de Direito, membro da Academia Brasileira de Letras, reitor da Universidade do Distrito Federal e criador e organizador do Instituto Médico-Legal que depois levaria seu nome. O educador Anísio Teixeira (1900-1971), não reclamado como parte do grupo, era, no entanto, amigo de todos os outros e ocupou o cargo equivalente ao de secretário da Educação no município, ocupado antes por Afrânio, além de ter sido conselheiro da Unesco e criador e secretário-geral da Capes.

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Arthur Ramos (1903), durante algum tempo, foi funcionário da Secretaria de Educação, depois professor da Universidade do Distrito Federal e, em seguida, professor da Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1949 transferiu-se para Paris, para ocupar o cargo de chefe do Departamento de Ciências Sociais da Unesco, lá vindo a falecer cerca de dois meses após sua chegada. Édison Carneiro (1912-1972), também agregado à “escola” por A. Ramos, dela se desvinculou explicitamente em várias ocasiões. Jornalista e escritor, foi – também funcionário do SESI (Serviço Social da Indústria) e da Capes, mas sua principal atuação foi junto à Comissão Nacional do Folclore, ligada à Unesco, criada em 1947, e com a Campanha Nacional de Defesa do Folclore, de 1961 a 1964 – quando foi afastado pelo governo militar. A atuação conjunta desses baianos na capital do país multiplicou em muito o alcance que esses intelectuais de província teriam tido se restritos ao seu estado natal, ou de adoção. Vista de hoje, ela se assemelha a uma operação de guerrilha cujo objetivo parecia ser destronar a posição, que começava a ganhar foros Édison Carneiro: o antropólogo fazia de hegemonia, de Gilberto Freyre no campo parte na Bahia, juntamente com Jorge de estudos que, graças a ele, ganhou este nome: Amado e Aydano do Couto Ferraz, de tratava-se, justamente, de reivindicar a ênfase um grupo que se correspondia com Arthur Ramos. Esta fotografia, sem indi- em ‘estudos sobre o negro’, por oposição a escação do local e data, figurou original- tudos sobre relações raciais. Mais do que os mente no livro A cidade das mulheres, livros publicados nessa década,2 a organização da americana Ruth Landes, publicado de dois congressos afro-brasileiros, o primeiro em 1967 pela Editora Civilização em Recife, em 1934, por Gilberto Freyre, e o segundo na Bahia, em 1937, por Édison Carneiro e Áydano do Couto Ferraz, serviria de vitrine para as discordâncias entre pernambucanos e baianos. Em 1933 Gilberto Freyre publicara Casa-grande senzala, recebido com muitas críticas pela intelectualidade brasileira, antes de se tornar, poucos anos depois, a “síntese da cultura brasileira”. É importante lembrar a visita de Gilberto Freyre ao Rio de Janeiro em 1926, registrada por H. Vianna (1995), e seu encontro com músicos, negros ou mulatos, representantes do samba carioca, para contextualizar a sua proposta de um Brasil mestiço.3

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Carta de Edison Carneiro comunicando estar empenhado na luta pela liberdade religiosa dos negros, através do Conselho Africano da Bahia. O remetente pede o apoio de Ramos à causa e informa sobre a criação de um instituto afro-brasileiro. Bahia, 19 de julho de 1937.

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Numa entrevista concedida a um jornal local, e republicada em O Estado da Bahia, Gilberto Freyre fazia críticas à organização do Congresso da Bahia: “Receio muito que vá ter todos os defeitos das coisas improvisadas. Deveria ser muito maior o prazo para os estudos, para as contribuições dos verdadeiros estudiosos. Os verdadeiros estudiosos trabalham devagar. A não ser que os organizadores do atual congresso só estejam preocupados com o lado mais pitoresco e mais artístico do assunto: as ‘rodas’ de capoeira e de samba, os toques de ‘candomblé’, etc. (..) Creio que o fato de o Congresso Afro-Brasileiro do Recife ter encarado o negro e o mestiço do negro, não como um problema de patologia biológica, a exemplo do que fez o próprio Nina Rodrigues – que era um convencido da absoluta inferioridade do negro e do mulato – mas como um problema principalmente de desajustamento social, representa uma conquista notável para os estudos sociais brasileiros e de profunda repercussão política. Mas não me parece que os congressos afro-brasileiros devam resvalar para a apologia política ou demagógica da gente de cor.” 4

A resposta de Édison Carneiro a esta crítica ficaria inédita por mais de vinte anos, ainda que estivesse implícita na apresentação do volume que reuniu os trabalhos apresentados ao II Congresso Afro-Brasileiro: “Esta ligação imediata com o povo negro, que foi a glória maior do Congresso da Bahia, deu ao certame ‘um colorido único’, como já previra Gilberto Freyre. Arthur Ramos, em carta que me escreveu sobre a entrevista ao Diário de Pernambuco, dizia: ‘O material daí, que [Gilberto Freyre] julga apenas pitoresco, constituirá justamente a parte de maior interesse científico.’ O Congresso do Recife, levando os babalorixás, com a sua música, para o palco do [teatro] Santa Isabel, pôs em cheque a pureza dos ritos africanos. O Congresso da Bahia não caiu nesse erro. Todas as ocasiões em que os congressistas tomaram contato com as coisas do negro foi no seu próprio meio de origem, nos candomblés, nas ‘rodas’ de samba e de capoeira. (..) O Congresso prestou a homenagem que devia a Nina Rodrigues – inexplicavelmente negligenciado pelo Congresso do Recife – proclamando-o o pioneiro incontestável dos estudos sobre o negro no Brasil.” (CARNEIRO, 1964:101) 5

Três elementos pareciam constituir-se, assim, nos signos de diferenciação entre baianos e pernambucanos: a primazia nesse campo de estudos, atribuída pelos primeiros ao médico Nina Rodrigues, a evidente ênfase dos baianos na atuação política e, o que foi a marca do seu trabalho nessa época, a “africanização” da Bahia, com tudo o que isso implicava – a começar pela eleição de certos centros de culto como “puros”, por oposição aos cultos “híbridos”. 6

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Foi nesse cenário de constituição de um campo de estudos que a relação entre gênero e raça fez seu aparecimento na história de nossa disciplina. Nesses anos, as décadas de 30 e 40, o Brasil recebeu inúmeros pesquisadores de outros países – a maioria interessada em pesquisar os nativos do país.7 Ruth Landes foi quase uma exceção ao eleger o tema raça para sua pesquisa e foi uma exceção por se tratar de uma pesquisadora por conta própria já que, até então, as pesquisadoras que aqui chegaram eram doublés de esposas dos pesquisadores – como Dina LéviStrauss, Frances Herskovits, Yolanda Murphy, para lembrar algumas das poucas esposas cujos nomes a história registra. Aqui chegando, Ruth Landes seguiu o caminho habitual dos pesquisadores da época: apresentou-se a Heloísa Alberto Torres, ou d.Heloísa, como era mais comumente chamada, uma espécie de equivalente, para a antropologia de então, às mães-de-santo baianas sobre as quais Ruth Landes chamaria a atenção em sua pesquisa em Salvador.8 D. Heloísa era a madrinha dos estudos etnológicos no país – atuação garantida por sua posição como diretora do Museu Nacional e sua participação em várias agências que controlavam o acesso aos grupos indígenas do país – assim como Arthur Ramos era o padrinho dos estudos sobre o negro, tanto graças aos vínculos que mantinha com sua cidade de adoção, quanto graças aos que estabeleceu com os baianos na capital do país. Sem o saber, Landes estava transpondo o limiar de um campo já minado por dissensões teóricas, metodológicas e políticas cujo alcance ultrapassava as fronteiras do país.

A cidade das mulheres Ruth Landes (1908-1991) ficou cerca de um ano no Brasil, de 1938 a 1939, mas os ecos de sua estada aqui continuaram a ser ouvidos durante os anos seguintes e ressoam até hoje. Seu livro, publicado em inglês em 1949 e traduzido para o português em 1967, só era conhecido dos pesquisadores interessados no estudo dos candomblés da Bahia e, assim mesmo, visto com certa complacência, dado que era apresentado como uma memória de sua estada aqui, muito mais do que como resultado de pesquisa.9 No cenário internacional, o livro recebeu uma resenha negativa, publicada na American Anthropologist, de um dos pesquisadores mais importantes da área de relações raciais naquela época nos Estados Unidos, Melville Herskovits; no cenário brasileiro, seus resultados de pesquisa já tinham sido criticados por Arthur Ramos, mesmo antes de aparecerem em livro. Tendo trabalhado durante algum tempo na equipe coordenada por Gunnar Myrdal, na

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preparação de An American Dilemma, Landes publicou vários artigos sobre a questão racial nos anos seguintes, mas foi só na década de 90, quando as antropólogas norte-americanas começaram a rever a história oficial de sua disciplina, que o livro sobre a Bahia voltou a despertar interesse, agora a partir da ótica das relações entre raça e gênero.10 As análises até agora feitas a respeito da perseguição que Ruth Landes sofreu por parte de Arthur Ramos e Melville Herskovits parecem assentar-se sobre três pontos: primeiro, em sua atuação como pesquisadora, isto é, tanto pelo fato de ser uma mulher entrando num campo dominado por homens, quanto pela sua relação amorosa com Édison Carneiro, seu guia no mundo dos candomblés; segundo, por sua ênfase na raça, num momento em que a antropologia passava a dar ênfase à cultura, e, por último, por sua descrição, destoante das descrições canônicas, a respeito da importância que as mulheres tinham nos terreiros de candomblé.11 Certamente todos esses pontos estiveram presentes na hostilidade que aqueles dois professores demonstraram em relação à pesquisadora, mas há ainda duas questões em geral subestimadas nessas análises que parecem merecer atenção: uma delas diz respeito à constituição do campo de estudos sobre relações raciais, a outra à constatação, feita por Landes, sobre a importância da presença de homossexuais no campo das religiões afro-brasileiras.12 Comecemos pela segunda questão, mas, de fato, como veremos, ambas estão intimamente ligadas: parece ser nos dois artigos sobre a homossexualidade nos cultos afrobaianos, que no Brasil aparecem como apêndice ao seu livro, mas que foram publicados sete anos antes, em 194013 – e não apenas na análise do papel representado pelas mulheres baianas nos candomblés – que a relação textual entre raça e Ruth Landes: a antropóloga norte-americana veio gênero se explicita no trabalho de ao Brasil em 1939 para estudar as religiões afrobrasileiras. A fotografia, sem indicação de local e Landes. Um desses é o artigo que data, foi publicada originalmente no livro de Ruth Ramos critica em 1942 – certamente tendo em mira um diálogo Landes, A cidade das mulheres.

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internacional, isto é, com os pesquisadores estrangeiros, a maioria vindo dos Estados Unidos, que estavam interessados no estudo da população afro-baiana e de cuja análise ele se apresentava como o guardião oficial, herdeiro e continuador de uma tradição local.14 De fato, o artigo de Arthur Ramos se originara de um comentário seu sobre o relatório de Landes (intitulado The Ethos of the Negro in the New World) feito para a Carnegie Corporation, recebido em janeiro de 1940, através de Guy B. Johnson que pedia sua opinião sobre ele. Diz Ramos: “O resultado desses comentários críticos que enviei ao dr. Guy foi a rejeição, pela Comissão da Carnegie, do trabalho encomendado à dra.Landes. ‘Suas observações – escreveu-me poucos meses depois o dr. Johnson – vieram confirmar as minhas desconfianças relativamente à exatidão das observações feitas pela dra. Landes. No que concerne a parte do nosso estudo sobre o negro na América, estamos grandemente desapontados com o manuscrito da dra. Landes, e não temos a intenção de aproveitá-lo.’ Na mesma carta, previne-me o dr. Johnson sobre a possibilidade da A. publicar um ou mais artigos baseados em suas pesquisas no Brasil. ‘Quando ela o fizer – recomendou-me em conclusão –, espero que o sr. ou outros estudiosos brasileiros surjam com críticas num esforço para corrigir as inexatidões e negligências das suas observações’.”15

Barros (1999: 107) transcreve três cartas de Landes a Ramos, encontradas em seu arquivo na Biblioteca Nacional – duas de Salvador, de setembro e outubro de 1938, e uma de New York, de dezembro de 1939 – observando que sua existência desmente a observação de Ramos de que perdera o contato com Ruth Landes. A terceira carta é a que mais interessa ao contexto que venho analisando por mostrar que a reação negativa de Ramos e Herskovits a Landes foi posterior à produção desse relatório, mas anterior à publicação de seus artigos e de A cidade das mulheres. Na carta, de 27 de dezembro, Landes informa a Ramos que ele, Édison Carneiro, M. Herskovits, R. Benedict, M. Mead, O. Klineberg e R. Linton receberiam seu relatório para comentar. A carta é cordial, Landes anuncia seu próximo artigo sobre homossexualidade masculina, expressa saudades do Brasil e pergunta pelos conhecidos, inclusive pela esposa de Ramos, nada levando a supor que já tivesse visto a carta endereçada por Ramos e Herskovits a Myrdal, mencionada em seu artigo como sendo de 1939.16 Não se conhece o teor do parecer de Herskovits ao Memorandum de Landes, nem se houve um parecer, mas uma carta dele a Ramos, de 1940, dá uma idéia de suas opiniões:

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“Prezado senhor Ramos, Muito obrigado por ter me enviado seus comentários ao texto da senhorita Landes. Tive a mesma impressão quando li seu relatório que tive ao ler suas cartas, isto é, que seu material certamente deveria ser, para dizer o mínimo, objeto de um reestudo muito cuidadoso. Fico encantado com o fato de você ter escrito o que escreveu, já que tenho a impressão de que as pessoas encarregadas da Carnegie Inquiry precisam do julgamento de especialistas independentes, tais como você, para avaliar materiais deste tipo. Eles são receptivos às nossas avaliações, e precisam delas, já que o dr. Myrdal, encarregado da pesquisa, e a maioria de seus associados, são economistas, estatísticos e sociólogos (no sentido em que usamos a palavra em nosso país), e têm pouca sensibilidade para os aspectos etnológicos da vida do negro. Sinceramente seu, Melville J. Herskovits”17

Tanto em seu Memorandum, como nos dois primeiros artigos publicados, ao tratar de explicar a preponderância de homossexuais nos rituais menos canônicos da Bahia – isto é, nos cultos caboclos, por oposição aos cultos nagôs – não é apenas do sexo feminino que Landes está falando, mas de um princípio de feminilidade, requisito necessário para incorporar os deuses. De fato, a predominância de pais num subgrupo do universo religioso, no qual as mães predominavam, colocava um impasse para os dados de sua pesquisa e não é de admirar assim que, antes de escrever A cidade das mulheres, ela tenha tido que dar conta da cidadela dos homens. Segundo dados de Édison Carneiro, citados por ela, no subgrupo nagô havia vinte mães e apenas três pais; no subgrupo caboclo, a proporção se invertia: dez mães para 34 pais-de-santo.18 Landes não estava, é claro, tratando da questão de gênero, ainda que possamos ler essa questão na sua abordagem: no contexto da época, era das relações entre os sexos que se tratava. Assim, em seu texto os homossexuais – “desejam ser mulheres”, seu “estilo feminino” é estereotipado, “dengoso” – são, enfim, uma “anomalia sexual”. A tipologia assim construída está em perfeita consonância com a definição dos rituais nagô como os mais puros, e dos rituais de caboclo como produtos ‘híbridos’, sobre o que parecia haver a concordância da maioria dos pesquisadores das religiões africanas na época, à exceção do fato de que, ao colocar as mulheres no topo e os homens na base, Landes invertia a classificação simbólica da relação masculino/feminino da sociedade na qual esses cultos se inscreviam. Assim, o princípio feminino – não importa se parte dele corporificado em homens – é que dominaria o conjunto do campo das religiões afro-brasileiras na Bahia, com a marginalização do princípio masculino.19 Foi contra essa inversão que Arthur Ramos se manifestou no capítulo de seu livro dedicado ao trabalho de Landes: deixando de lado a retórica inicial do texto,

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com a qual tentava desqualificar de antemão a pesquisa que ia discutir, o ponto principal dele é repor a classificação no seu lugar.20 Baseando-se em Herskovits, para a África, e no seu próprio trabalho, para a Bahia, exclama: “É o homem que domina a cena.” Citando Édison Carneiro como um de seus “colaboradores”, refere o livro dele sobre os negros bantos, mas insiste em que os casos de homossexualismo lá citados são “desvios sexuais individuais”.21 Ramos não menciona a distinção nagô/caboclo, que estava na base da análise de Landes, e o que é interessante é que em sua crítica chama a atenção para o fato de que tudo se passava “como se os homens quisessem imitar as sacerdotisas negras, para gozarem das suas prerrogativas”, parecendo concordar com ela em que era a mimetização das mães, feita pelos pais, o principal ponto de sua recusa à análise de Landes.22 A inversão da relação entre o princípio masculino e o princípio feminino operada no livro de Landes recobre, de fato, uma série de outras inversões mais sutis, parte dessa história – como a ameaça que poderia representar o aparecimento de uma pesquisadora cujo trabalho parecia mais em consonância com o do “pai” dos estudos de relações raciais do que o do seu auto proclamado discípulo dileto. Isto é, que ao reler a obra de Nina Rodrigues de uma perspectiva freudiana, Ramos abandonou a homologia implícita entre o ‘primitivo’ e o ‘ matriarcado’, enfatizando a passagem de seu objeto de estudo para um ‘estágio’ mais avançado na evolução humana. Para ele, “nos mitos negros de origem nagô já surgem os conflitos derivados da situação edipiana, e o feiticeiro “é a imago do Pai primitivo”. Arthur Ramos registrava comportamentos considerados anormais ou discrepantes: em (RAMOS,1934: 214/296) debate com Ruth Landes, sustentou que os E expressa, também, outra inversão homossexuais não dominavam os candomimportante, tanto nas relações sociais mais blés baianos. As fotos, feitas na Bahia e de amplas da sociedade brasileira, como nas autor desconhecido, são de 1929-31.

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relações internas ao campo de estudos que se estava constituindo na época. Arthur Ramos tinha iniciado suas pesquisas a respeito da situação do negro no país como médico psicanalista e depois derivara para as ciências sociais. Como conseqüência, seus primeiros estudos empíricos são estudos psicológicos e seus estudos subseqüentes são estudos históricos, nos quais compila estudos anteriores ou realizados por outros. O trabalho de campo era um componente pequeno em sua bagagem de pesquisa.23 Por sua situação privilegiada no Rio de Janeiro, no interior de uma rede de relações que atava o trabalho intelectual ao trabalho político, obteve uma posição também privilegiada como interlocutor com os estrangeiros que para aqui vinham fazer pesquisas, seus livros foram traduzidos para o inglês, e ele terminou sua carreira como alto funcionário da Unesco. Édison Carneiro tinha iniciado sua carreira como jornalista e escritor freelancer, devendo a Arthur Ramos a publicação de suas primeiras obras a respeito da situação do negro na Bahia. Nunca obteve qualquer posição na universidade, seu trabalho mais importante tendo-se desenrolado no âmbito dos grupos de estudos folclóricos no país. A correspondência trocada entre ambos, pouco antes de E. Carneiro se transferir para o Rio de Janeiro, mostra uma assimetria na relação: o jovem mulato baiano procurando o apoio do professor de medicina, branco, já consagrado. Sua produção, no entanto, parecia ser importante para o professor, na medida em que trazia dados etnográficos dos quais a obra daquele não dispunha, mantendo também acesa a atuação política regional e, nela, a importância do nome de Ramos para essa atuação. Em duas ocasiões essa assimetria tornou-se patente: quando Ramos criticou, numa resenha, um livro publicado pelo pai de Édison Carneiro e quando Carneiro pretendeu ocupar o lugar que Arthur Ramos deixara vago na Faculdade Nacional de Filosofia.24 Tal assimetria parecia ameaçada pela parceria intelectual e amorosa estabelecida entre Édison Carneiro e Ruth Landes. A despeito de ser mulher, Landes era uma pesquisadora norte-americana que contava com o apoio da Universidade de Colúmbia e que, retornando a New York, estaria fora do círculo de relações nos quais a palavra de Arthur Ramos tinha peso. No Brasil, sua primeira fonte de apoio tinha sido d. Heloísa, diretora do Museu Nacional, interlocutora da Universidade Colúmbia na promoção da vinda de pesquisadores americanos ao país e que se constituía no primeiro pólo do desenvolvimento da antropologia no Brasil; o segundo, sendo a cadeira de antropologia e etnologia da Faculdade Nacional de Filosofia, criada em 1939, sob a responsabilidade de Ramos. Vale a pena observar que, sob a orientação de d. Heloísa, tanto as pesquisas feitas por pesquisadores nacionais, quanto aquelas levadas a efeito pelos pesquisadores que vinham de Colúmbia, eram pesquisas que diziam respeito às sociedades indígenas – a pesquisa

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de Ruth Landes tendo sido uma exceção. Por outro lado, a maioria das pesquisas ligadas à cadeira de Arthur Ramos eram pesquisas a respeito da situação do negro no país.25 O fato de que cada um deles tenha tentado a sorte no terreno do outro parece mostrar que ambos concordavam em que esses eram os dois aspectos mais importantes da antropologia no país, na época – os estudos indígenas e os estudos sobre o negro. 26

Grupo de “noviches” ao lado da “nochê” Andreza Maria. Festa de pagamento (culto minagêge). São Luís (MA), s.d.

O campo estava, assim, disposto para o conflito entre Ruth Landes e Arthur Ramos: o que Édison Carneiro chamou de “orgulho e vaidade” de Ramos era, de fato, uma ferrenha defesa dos limites de fronteiras sociais, disciplinares e, nela, de um campo de estudos específico.27 Quanto a Melville Herskovits (1895-1963), ele representava, no campo norteamericano, o que Arthur Ramos representava no campo brasileiro dos estudos raciais e, como vimos, estava pessoalmente interessado na orientação da pesquisa coordenada por Gunnar Myrdal. 28 A oposição de Landes à posição de Herskovits é paradigmática – ao passo que ele lutava para impor sua visão da influência de sobrevivências africanas nas comunidades de negros americanos, Landes mostrava em seu livro que as relações sociais baianas eram uma adaptação local de tais tradições, ponto defendido também por Donald Pierson, primeiro pesquisador dessa leva de estudiosos norte-americanos sobre a questão racial.29 Seu debate

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com Frazier, aliás o único pesquisador norte-americano negro a ter feito parte do grupo que veio ao Brasil na época (e, não por acaso, o único dos pesquisadores sobre a situação do negro brasileiro que não se tornou ogã de nenhum terreiro na Bahia), já sugeria essa separação de perspectivas. Sugeria também que a disputa em andamento no cenário norte-americano estendia-se ao Brasil: ao escrever The Negro Family in Bahia, Brazil, Frazier citava os estudiosos brasileiros “canônicos” (Nina Rodrigues, Arthur Ramos, Gilberto Freyre, Édison Carneiro), mas dizia que apenas dois norte-americanos haviam contribuído para esses estudos: Donald Pierson e Ruth Landes. Recolocando o ponto principal da pesquisa de Landes [“A vasta maioria das sacerdotisas nagô são mulheres porque, conforme a tradição, apenas elas são elegíveis para aprestar serviço às divindades africanas.”], ele reforça também outro ponto da pesquisa dela: “O candomblé, no entanto, não é apenas um centro de culto e de festas religiosas; é também o centro da vida social da vizinhança na qual está localizado.”30 Infelizmente, esta linha de análise não foi desenvolvida por nenhum dos pesquisadores posteriores, que preferiram deter-se na influência ou não de “traços” africanos na cultura familiar dos negros brasileiros.31 Em seu comentário, publicado no número seguinte da revista, Herskovits não apenas discorda da posição geral de Frazier – num tom, aliás, em tudo semelhante ao da resenha do livro de Landes, também aí enfatizando as falhas “metodológicas”, isto é, a ausência de conhecimento sobre as origens africanas da pesquisa – como explicita que estivera na Bahia no ano anterior e pôde assim identificar uma das personagens mencionada por Frazier, uma moça órfã que vivia com primos. O exemplo escolhido torna-se, então, o “caso” do debate. Diz Herskovits: “Numa cidade do tamanho da Bahia, não é difícil reconhecer descrições de indivíduos, ainda que eles sejam tratados anonimamente. (...) Se existe outra família na Bahia que, superficialmente, seja mais aculturada à maneira européia de vida e, ao mesmo tempo, mais devotada às práticas africanas de culto, seria difícil encontrá-la.”32

E prossegue, acrescentando dados às informações de Frazier que mostrariam a importância das sobrevivências africanas no caso da moça. Em sua resposta, começando por dizer que estava pouco preocupado com a existência de sobrevivências africanas, nos Estados Unidos ou no Brasil, Frazier retoma o exemplo da moça: “O professor Herskovits acredita ter identificado a moça cuja genealogia apresentei em meu artigo e contradiz minha afirmação de que ela conhecia apenas algumas palavras africanas, que havia aprendido no candomblé. Depois de voltar

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às minhas notas, descobri que ele não identificara a moça, embora eu tenha registro da moça que ele menciona.”

E continua, depois de citar o parágrafo acima sobre a aculturação superficial da família, contradizendo a descrição de Herskovits: “Visitei essa família quase todos os dias e vim a conhecer seus integrantes muito bem. Sabia a respeito dos altares que ‘eram cuidadosamente escondidos dos visitantes’. Sabia também que a ‘esposa’, que tem sangue misto, foi originalmente possuída por um deus indígena e que as pessoas diziam que ela era louca; mas que seu ‘marido’, quando a convidou a viver ‘maritalmente’ com ele, a convenceu de que havia sido um deus africano [que a possuíra]. Além disso, seu marido, que é negro e nada sabe sobre seus pais, não recebeu seu conhecimento sobre a tradição e as habilidades africanas dos pais. Esses e outros fatos que citei foram conferidos com os dados da dra. Ruth Landes, que passou mais de um ano no Brasil e que tinha um íntimo conhecimento dessa família.”

Citei longamente esse exemplo porque creio que, além de evidenciar a disputa em torno de objetos de pesquisa – a julgar pela historieta, eram poucos e bem conhecidos –, ele mostra não só como o “caso” brasileiro começava a ser crucial para a disputa de orientações teóricas que se travava no campo norte-americano, mas também quais eram as afinidades de Landes nesse campo. Creio que essas afinidades, explicitadas também por seus casos de amor com negros, primeiro na Universidade de Fisk, depois na Bahia, merecem mais atenção como parte da explicação de seu longo período de desemprego do que o ataque por parte de Ramos e de Herskovists. Isto é, que Landes foi “racializada”, como dizia Fanon (1974), no contexto da antropologia americana da época, e que sua trajetória se aproxima, assim, muito mais da de Zora Neale Hurston do que da de suas outras colegas, brancas, herdeiras da tradição boasiana.33 Que os ataques, velados ou não, de Ramos e Herskovits contribuíram para isso, não resta dúvida – e Landes era agudamente consciente disso, mas o contexto norte-americano dessa história não pode ser minimizado.34 A posição de Herskovits no campo de estudos afro-americanos, apesar de influente, não era dominante: a Carnegie Corporation chegou a considerar seu nome para fazer a pesquisa que redundaria em The American Dilemma, mas, com a escolha de Myrdal para chefiar a equipe, a ele foi destinada a tarefa de escrever um relatório a respeito da influência africana sobre os negros americanos – o que redundou no The Myth of the Negro Past (1941). Ao fazer a resenha deste livro,

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Frazier se perguntava se, ao dizer que “o problema do negro é psicológico – que padrões africanos de pensar impedem a aculturação completa do negro – tanto quanto econômico e sociológico, não está ele dizendo que existem barreiras ainda mais fundamentais entre os brancos e os negros do que as que são geralmente reconhecidas?” Crítica que poderia ter sido feita a Arthur Ramos em 1934. A recepção ao livro, por boa parte dos estudiosos da questão, parece ter deixado Herskovits numa posição isolada e, quando Arthur Ramos começou a planejar o que seria a influente pesquisa da Unesco sobre relações raciais no Brasil, foi Frazier, e não Herskovits, o convidado para a primeira reunião preparatória, em 1949, o que talvez sinalize uma mudança de rumo na orientação de Ramos.35 Fosse como fosse, a reviravolta tinha começado: ainda que seu livro tenha sido posterior ao fenômeno Carmen Miranda, do qual, aliás, ela foi testemunha nos Estados Unidos, Ruth Landes foi a primeira pesquisadora a, explicitamente, feminizar os cultos afro-brasileiros. A baiana, é claro, não foi criação sua, mas a revolta que essa explicitação causou em alguns círculos brasileiros sugere que, antes de se transformar em símbolo, ela era uma realidade intratável. Quando o livro de Landes foi finalmente publicado no Brasil, mais de vinte anos depois da pesquisa, a figura da capa era uma baiana já estilizada e inteiramente incorporada à iconografia nacional: a escolha do capista parecia óbvia, obviedade da qual só escapamos recorrendo à história de sua constituição em símbolo. Arthur Ramos morreu no mesmo ano daquela reunião, em Paris. No ano seguinte, no I Congresso do Negro Brasileiro, os “cientistas”, como os chamou Abdias do Nascimento, se desvinculariam explicitamente dos rumos que o movimento negro no Brasil estava tomando – rumos que eles mesmos haviam ajudado a definir, na década anterior – e dois deles, ambos estreitamente vinculados a Ramos, Édison Carneiro e Luiz Aguiar da Costa Pinto, poderiam ser tomados como signos de uma mudança de direção no campo de estudos das relações raciais no Brasil. Costa Pinto, aluno dileto de Arthur Ramos, produziria, no contexto da pesquisa da Unesco, o que talvez tenha sido o último livro com um título essencialista – O negro no Rio de Janeiro –, mas cujo conteúdo, no entanto, sinalizava um novo ciclo de pesquisas sobre as relações raciais no país. Pela mesma época, Édison Carneiro, como observou Vilhena, transplantou a estratégia de “oficialização dos grupos populares como recurso para sua proteção” do trabalho com os grupos afro-brasileiros na Bahia para o trabalho com os folguedos populares e as escolas de samba cariocas. (Vilhena, 1997:281) As carreiras de Arthur Ramos e de Édison Carneiro, comparadas, mostram uma singular semelhança. Ambos percorreram, em poucos anos, um longo caminho desde sua saída da Bahia na década de trinta; ambos, com o respaldo do

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mesmo organismo internacional, a Unesco, se empenharam numa luta semelhante para transformar relações, primeiro percebidas em nível local, num questionamento, num caso, internacional, no outro nacional, com alcance mais amplo. E, embora tenham estado em campos opostos numa disputa específica, um na defesa, outro no ataque ao trabalho de Landes, é como se esse mesmo trabalho, e o debate sobre ele, tivessem começado a sinalizar uma crítica ao essencialismo de raça (ainda que não de gênero, não obstante as retomadas de seu trabalho dessa ótica mais tarde), primeiro enfatizado em seus trabalhos e do qual ambos tiveram enorme dificuldade em se desvencilhar nos anos seguintes, não o conseguindo senão de forma retórica. Mas certamente não foi por acaso que ao seu aliado (Herskovits) na questão Landes, Ramos tenha preferido seu crítico (Frazier) para iniciar uma discussão cujo desfecho, infelizmente, não pôde acompanhar. Como não terá sido por acaso que Carneiro denunciava, em 1950, os congressos que promovera em sua juventude, como “estação dos espetáculos do negro”, declarando essa fase definitivamente encerrada no ano do I Congresso do Negro Brasileiro. Parecia, assim, encerrada uma fase desses estudos no país, com ênfase nos africanismos como exotismos ou sobrevivências, e parecia abrir-se uma fase de atuação política, agora com ênfase na negritude como política, de origem africana, e que ainda está por ser analisada.36 Observando a racialização a que, ironicamente, esta proposta conduzia o movimento negro no final dos anos cinqüenta, Fanon dirá: “Os intelectuais africanos que lutam ainda em nome da cultura negro-africana, que multiplicaram seus congressos em nome da unidade dessa cultura, devem-se dar conta de que sua atividade se reduz hoje a confrontar fragmentos ou a comparar sarcófagos.” (1974:163)

A partir daí, o campo de estudos constituído naquela época porá sua ênfase sobre relações raciais, como queria Gilberto Freyre, e se (re)constituirá de maneira independente, ainda que referido a ele, o campo de lutas pelos direitos dos negros, e ambos os campos manterão, desde então, uma relação tensa e ambígua. Tal relação parece ter-se expressado, exemplarmente, na disputa em que Arthur Ramos e Ruth Landes se envolveram, em 1940, e no amplo espectro de atores presentes na constituição desse campo que ela permite evocar, mas, ironicamente, visto de hoje, o trabalho de ambos parece mais próximo do que deixaria supor aquela disputa.

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N OTA S : 1 – Outros intelectuais baianos, não ligados à ‘escola’, mas vinculados ao grupo por laços de amizade, também para lá se transferiram nessa década: Péricles Madureira de Pinho, Álvaro Dória e Armando de Campos, médicos e jornalistas que também ocuparam postos importantes nas instituições da capital. Sobre o grupo, pode-se ler mais em CORRÊA, M., 1998. 2 – Lembro, sem pretensão de esgotar a lista: Os africanos no Brasil, de Nina Rodrigues (1932); Casa-grande senzala, de Gilberto Freyre (1933); O alienado no direito civil brasileiro, de Nina Rodrigues (1933); O negro brasileiro, de Arthur Ramos (1934); O animismo fetichista dos negros baianos, de Nina Rodrigues (1935); O folclore negro do Brasil, de Arthur Ramos (1935); Religiões negras , de Édison Carneiro (1936); As culturas negras no novo mundo, de Arthur Ramos (1937); Negros bantos, de Édison Carneiro (1937); Costumes africanos no Brasil, de Manuel Querino, organizado por A.Ramos (1938); The Negro in Brazil, de A. Ramos (1939); Coletividades anormais, de Nina Rodrigues, organizado por A. Ramos (1939); além dos três volumes sobre os primeiros Congressos afro-brasileiros, dois volumes sobre o Congresso de Pernambuco, em 1935 e 1937 e, em 1940, um volume sobre o Congresso na Bahia. Todos esses livros – e a lista tem muitas lacunas – foram publicados pelas coleções dirigidas por Afrânio Peixoto ou por Arthur Ramos, com exceção de Casa-grande senzala. Vale lembrar que, na mesma década, Gilberto Freyre dirigia a Coleção Documentos Brasileiros (1936-1939), da Editora José Olympio, lá tendo publicado três de seus livros até o final da década – e mais dez até 1960. 3 – Ver a análise de GOMES, Tiago de Melo, 1998 – especialmente o capítulo 2 – sobre a forte presença de mulatos e portugueses na cena brasileira, no teatro de revista carioca no início do século, em encenações que prefiguravam as análises de Freyre. 4 – Entrevista transcrita em OLIVEIRA, Waldir Freitas e LIMA, Vivaldo da C. (orgs)., 1987. 5 – Essa coletânea reúne artigos publicados em jornais, ou apresentados em conferências, e inéditos: este texto traz a data de 1940 e a anotação “inédito”. Chama a atenção que a data é a mesma da publicação da coletânea com os trabalhos apresentados ao II Congresso. Em 1953, na I Reunião Brasileira de Antropologia, Édison Carneiro dizia que os Congressos inauguraram “a estação de espetáculos do negro” ao apresentá-lo, ele que já era “um velho cidadão brasileiro”, como “um estrangeiro” e, considerando esta fase como definitivamente encerrada, insistia numa linha de pesquisa que levasse em conta os processos atuais (ênfase do autor) das relações raciais .(Cit., p. 115; texto também inédito.)

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6 – Sobre a ênfase na política, observe-se que uma das conseqüências do II Congresso foi a criação, no mesmo ano de 1937, da União das Seitas Afro-Brasileiras, em grande medida graças à atuação de Édison Carneiro. Numa carta daquele ano, ele dizia a Arthur Ramos: “Estou vendo se consigo a liberdade religiosa dos negros.” (Em OLIVEIRA, W.F e LIMA, V. da C., 1987:152), liberdade que, no entanto, só foi juridicamente estabelecida por um decreto do governador do estado no ano de 1976. Além de ser perseguido como ‘comunista’, perseguição que persistiu até a época do golpe militar de 1964 (ver VILHENA, 1997), Édison Carneiro era irmão do jornalista e advogado, depois senador, Nelson Carneiro, inimigo declarado do então governador da Bahia, Juracy Magalhães. Ao longo de sua vida Édison Carneiro abrandaria sua posição política ao ponto de ter tido um desentendimento com um dos organizadores (além dele, Guerreiro Ramos e Abdias do Nascimento) do I Congresso do Negro Brasileiro, no Rio, em 1950. No que Abdias do Nascimento chamou de “Declaração dos ‘cientistas’ ”, Carneiro, Guerreiro Ramos, Costa Pinto e Darci Ribeiro, entre outros, repudiavam “o acirramento de ódios e rivalidades injustificáveis entre os homens, com o ressurgimento do racismo” e afirmavam que embora o negro brasileiro “ainda conserve reminiscências africanas em certas atitudes sociais, já constitui um ser fundamentalmente brasileiro, parte da cultura nacional do Brasil”. ( NASCIMENTO, 1982:399) Sobre a ênfase na ‘africanização’ dos cultos afro-brasileiros, ver o excelente trabalho de DANTAS, 1988. 7 – Dois pesquisadores que se tornariam bem conhecidos na disciplina, Claude LéviStrauss e Charles Wagley, estavam aqui, na mesma época em que Landes esteve, para estudar os índios do país. Sobre os pesquisadores estrangeiros, ver MASSI, F. 1989. Entre os franceses, a exceção era Roger Bastide; entre os norte-americanos, os poucos que se interessaram pela análise das relações raciais no período analisado foram para a Bahia ( F. Frazier, D. Pierson, M. Herskovits). Só mais tarde, na década de 50, com o convênio entre o Estado da Bahia e a Universidade de Columbia, sob a direção de Thales de Azevedo e Charles Wagley, é que os estudos sobre relações raciais na Bahia envolverão um número grande de pesquisadores – e, ainda assim, creio que menor do que os pesquisadores que para cá vieram estudar os grupos indígenas, como, por exemplo, os envolvidos no projeto HarvardBrasil Central, coordenado por Roberto Cardoso de Oliveira e David Maybury-Lewis, a partir do Museu Nacional. 8 – Ver a descrição de WAGLEY, Charles (1977), contemporâneo de Landes no Brasil, sobre o papel de guia exercido por D. Heloísa para ajudar os pesquisadores estrangeiros no país. Eduardo Galvão, um dos pesquisadores brasileiros que ela encaminhou para ser treinado por Wagley, referia-se a ela como mãe. 9 – Em sua análise do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil, Grupioni cita uma notícia de jornal em que se anunciava que Landes ia “pesquisar os índios nas tabas” e estranha o modo como o conselho lhe concedeu a licença de pesquisa: no “documento impresso estão riscados os campos ‘para exploração da região’ e ‘fazer pesquisas’, que foram substituídos, respectivamente, por ‘visitar’ e ‘fazer exclusivamente estudos sociológicos’.” (GRUPIONI, 1998:79) O livro de Landes teve uma segunda edição, em 2002, pela Editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 10 – Seria um longo desvio acompanhar a ‘fortuna crítica’ do livro na sua íntegra:para

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a história completa ver HEALEY, M., 1996. É interessante observar, no entanto, que embora a primeira análise de sua pesquisa sob esta ótica tenha partido da própria Ruth Landes (em GOLDE, P., 1970), esta passou quase despercebida até sua ‘recuperação’, no final dos anos 80 pelas antropólogas feministas. Aqui, estou menos interessada na possibilidade de recuperar a relação entre raça e gênero na Bahia dos anos trinta e mais interessada em entender como essa relação foi importante na história da antropologia brasileira. 11 – No mundo mais sofisticado de New York, essa primeira razão podia parecer ridícula: Landes relembra que G. Myrdal mostrou-lhe, no final de 1939, uma ‘volumosa’ carta que A.Ramos e M. Herskovits lhe haviam escrito sobre ela, “ridicularizando sua obsessão a respeito de meu alegado erotismo e incompetência profissional”. Mas ela mesma resumiria a sua situação, quase 30 anos depois, na frase que seu marido latino-americano ouvira anos antes de conhecê-la: “uma mulher se metendo em assuntos de homens” (Landes em GOLDE: 129;124). No Brasil, no entanto, tais comentários pareciam ter outro peso: Édison Carneiro registrou num artigo que, ao avisar Arthur Ramos de que ia criticar suas observações negativas a respeito do trabalho de Landes, na resenha que preparava sobre A aculturação negra no Brasil (1942), este respondeu: “Não o faça, senão eu publico coisa muito pior.” Carneiro só viria a publicar suas críticas a Ramos 15 anos após a morte dele (CARNEIRO, 1964:227). O silêncio de Carneiro durante todos esses anos corrobora a avaliação de Cole de que vários níveis de assimetria estavam em jogo nesta história: aqui é a deferência do jornalista, mulato e mais jovem, pelo especialista branco e mais velho que parece ter preponderado. 12 – É curioso que o próprio Arthur. Ramos chamara a atenção para o fenômeno da homossexualidade nos candomblés de caboclo, num livro que Landes pode ter lido. Em 1934, ele citava várias reportagens dos jornais da Bahia para mostrar que desde o final dos anos 20 aí se estava dando um sincretismo entre o fetichismo e o ‘baixo-espiritismo’. Numa dessas matérias, por ele transcrita, diz o repórter: “O tenente Vergne foi ao seu encontro. E com espanto notou que era um homem vestido de mulher! O ‘pai’ Quinquim havia se transformado...” (p. 110) No mesmo livro há inúmeras citações sobre a importância das mães-de-santo na Bahia. Para uma revisão da literatura que trata dessa presença, e uma análise de caso, ver Homossexualidade masculina e cultos afro-brasileiros em FRY, Peter, 1982. 13 – São A Cult Matriarchate and Male Homosexuality, The Journal of Abnormal and Social Psychology 35 (3), julho de 1940 e Fetish Worship in Brazil, The Journal of American Folklore 53 (210), outubro/dezembro de 1940. Neste mesmo número, foi também publicado um artigo de Édison Carneiro The Structure of African Cults in Brazil, traduzido por R.Landes. 14 – Já tinha escrito esta frase genérica quando recebi o trabalho de BARROS, Luitgarde Oliveira Cavalcanti (1999) sobre Arthur Ramos no qual são citados os documentos que comento a seguir. Ela merece um agradecimento especial por ter tornado disponíveis esses dados de sua pesquisa de pós-doutoramento. Merece agradecimento também o professor Kevin Yelvington que me enviou cópia da correspondência entre Ramos e Herskovits, depositada na Northwestern University, em Evanston, Illinois, na Melville J. Herskovits Library of African Studies: são 50 cartas trocadas entre 1935 e 1941 nas quais fica clara

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a atenção que Herskovits dispensou a Ramos quando de sua viagem aos Estados Unidos. Cópia da avaliação de Ramos sobre o trabalho de Landes está em anexo à carta de 14 de março de 1940, mas a questão não merece quase discussão de nenhum dos dois. 15 – Ver a íntegra de seu comentário que, com exceção dos trechos específicos sobre o relatório, é o mesmo publicado em 1942, em BARROS, 1999: 139-150. O texto tem a data de 30 de junho de 1941, encimado pela referência à Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia. A sociedade foi fundada em 7 de junho de 1941 e na cuidadosa recuperação feita por Azeredo dos trabalhos lá apresentados não há nenhum que se assemelhe a este. A carta resposta que Ramos cita é de maio de 1940. 16 – COLE, Sally (1995:184) observa que não encontrou a tal carta, o que me leva a supor que Ruth Landes se referia, de fato, aos pareceres de Ramos e Herskovits sobre seu relatório. Mark Healey consultou o relatório de Landes e o cita, pelo título, como um Research Memorandum, Columbia University, 1940. 17 – Transcrita em BARROS, 1999:108-109. Em setembro de 1941, Herskovits fez uma conferência na Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, intitulada O Negro no Novo Mundo como um Tema para Pesquisa Científica, transcrita, segundo AZEREDO (1986:131) na Revista do Brasil (41), novembro de 1941. No mesmo dia, Ramos discorreu sobre O Problema da Raça no Mundo Moderno, também publicada na Revista do Brasil 40, outubro de 1941. Tanto quanto sei, o conteúdo dessas e de outras conferências feitas na SBAE, e publicadas em jornais e revistas cariocas, ainda não foi analisado. 18 – Oito anos depois, o artigo de Carneiro traduzido por Landes aparece, em inglês, como apêndice da primeira edição de Candomblés da Bahia (1948), com a observação de que fora “ligeiramente alterado e com supressão de alguns trechos, na maior parte para atualizá-lo”. Nesta edição, o número total dos candomblés permanece o mesmo (67), mas a sua distribuição muda. Apesar de enfatizar a “importância superior das mulheres no candomblé”, Carneiro observa que havia 37 pais e 30 mães no universo estudado, concluindo que “hoje o número de pais e mães é igual.” O artigo deixou de ser incluído nas edições subseqüentes do livro. 19 – Não vem ao caso aqui discutir a fundamentação empírica de Ruth Landes, trilha que outros analistas já percorreram (ver, por exemplo, COLE, 1995). Mas parece interessante observar que desde a época de Nina Rodrigues as mães-de-santo tinham preponderância nos textos sobre os cultos. Numa passagem de sua descrição deles, Nina Rodrigues começa por referir-se “aos negros” e continua, até o fim do parágrafo, falando “nelas”, sem transição (1935: 110, citado na íntegra em CORRÊA, 1998:149). O mesmo parece poder aplicar-se a vários trechos da análise de Roger Bastide (1971) que, não obstante seu elogio ambíguo ao trabalho de Ruth Landes, prefere manter distância do debate sobre a predominância de homens ou mulheres nos cultos baianos. No início de seu trabalho, no entanto, ao explorar as origens africanas desses cultos, ele diz claramente que: “Nessas condições [número menor de escravas do que de escravos; ignorância da paternidade devido à falta de uniões estáveis], mesmo depois da obrigatoriedade do casamento, a ligação orixá-linhagem masculina estava definitivamente rompida.”(1971:89) 20 – A desqualificação baseava-se tanto na afirmação de que Landes viera ao Brasil à procura de “tribos negras”, conforme noticiado por um jornal carioca quando de sua chegada, quanto em insinuações sobre seu comportamento no campo: “E eram as mais

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estapafúrdias as suas idéias sobre o ‘método’ de estudo da vida sexual dos negros. Esse ‘método’ era tão pouco científico que não me será possível dizer aqui em que consistia.”(1942:184) 21 – RAMOS, A. 1942:189;192. 22 – M. Taussig define a faculdade mimética como “a natureza que a cultura usa para criar uma segunda natureza, a faculdade de copiar, imitar, fazer modelos, explorar a diferença, ceder ao e tornar-se Outro”.(1993: XIII) Analisando o contato colonial e várias situações pós-coloniais, ele mostra como o dominado, definido como Outro – negros, mestiços, mulheres – mimetiza o dominante, que antes o mimetizava, pondo assim em xeque tanto a dominação como a noção de alteridade. Em todos os exemplos, o negro “é o grau zero da alteridade”. Falando sobre os cuna, com suas figurinhas mágicas que representavam brancos, mas cuja substância interior era nativa, Taussig pergunta porque “era necessário esculpir formas exteriormente européias, ou não-índias?” Uma dessas figuras era assimilada ao general MacArthur. Comparar com a assimilação feita entre Xangô e Roosevelt ou Mussolini (LANDES, 1967:226). Ver também a menção à boneca branca feita por Luzia e às de mãe Flaviana (pp. 76;217). Se a mimetização dos dominados pelos dominantes tinha sido o escândalo da obra de Nina Rodrigues (“Na Bahia, todas as classes estão aptas a se tornarem negras.”), sua inversão, na análise de Ruth Landes, passará quase despercebida. 23 – Diz Landes numa carta de abril de 1986: “ A ‘razão’ genérica dele ( Ramos), que d. Heloísa e Édison Carneiro me repetiram, era que ele, Ramos, nunca ia ao campo para observar ou conversar, mas chamava os informantes em seu consultório. Como Édison escreveu, e todo mundo – inclusive a polícia! – sabia, eu estava sempre em campo, uma jovem mulher de menos de 30 anos e conspicuamente loura.” Ramos observava, em 1934, que ele e Hosanah de Oliveira, professor da faculdade de Medicina, se “submeteram”, “para fins de pesquisa científica”, às “cerimônias de iniciação dos ogans no terreiro do Gantois”, cerimônia conduzida pela mãe-de-santo (p. 51). 24 – Ver OLIVEIRA, W.F e LIMA, V. da C., 1987., p.31; AZEREDO, p.219. A resenha está transcrita, na íntegra, em BARROS (1999: 132-135) e nela Ramos afirma ter a autorização de amigos e parentes de Souza Carneiro para “denunciar aos intelectuais, e especialmente aos estudiosos dos problemas folclóricos, ameríndios e negro-brasileiros, o verdadeiro valor de um livro, que é uma criação mitológica individual”. Ao citar os que “honesta e pacientemente” vinham estudando o “problema negro”, Ramos inclui o nome de Édison Carneiro. Apesar disso, talvez a classificação do pai como um “mitomaníaco”, numa resenha publicada, fosse mais uma razão para Carneiro mencionar o “orgulho e vaidade” de Ramos mais tarde – sua viúva contou a Oliveira e a Lima que a resenha quase levou ao rompimento das relações entre ambos, na época. 25 – Ver a lista de pesquisas orientadas por Ramos em BARROS (1999: 61) e seguintes, onde são citadas pelo menos duas pesquisas sobre “populações primitivas” – que, no contexto, tanto poderiam referir-se a grupos indígenas quanto a grupos negros. 26 – A tese que Heloísa Alberto Torres preparou – e que, afinal, não foi apresentada – para o concurso da cadeira que tinha sido de Arthur Ramos, em 1950, versava sobre: Alguns Aspectos da Indumentária da Crioula Baiana. A tese de Arthur Ramos, escrita para a obtenção do título de doutor e habilitação para a cátedra de antropologia e etnologia,

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em 1946, tinha por título: A Organização Dual entre os Índios Brasileiros. D. Heloísa fazia parte da banca que considerou “modesta” a sua contribuição (AZEREDO:82;219). 27 – Essa disputa fica nítida na correspondência trocada entre Heloísa e Ramos, antes da viagem deste a Paris, numa carta na qual ele deixa claro que a sua definição de antropologia era diferente da definição que atribuía a Heloísa. (Ver AZEREDO, 1989). 28 – As disputas das quais Herskovits participou no cenário americano mostram sua intenção de alijar do campo os adversários de suas teorias: W.E.B. Du Bois, Franklin Frazier, Robert Park e Lloyd Warner. Ver JACKSON, Walter, 1986, que, no entanto, não menciona Ruth Landes. No contexto da crítica de Herskovits ao livro de Landes, é interessante observar que o casal Herskovits tinha feito um popular account sobre sua experiência no Suriname – Rebel Destiny (1934) – muito semelhante ao relato de A cidade das mulheres, aspecto que ele louva em sua resenha 29 – Na sua correspondência com Arthur Ramos, Donald Pierson é freqüentemente crítico do ponto de vista de Herskovits e favorável ao de Frazier. Numa carta de 24 de novembro de 1937, por exemplo, comentando o livro de Ramos As culturas negras no Novo Mundo, observa a diferença entre a Bahia, “onde o ritual de candomblé segue uma forma definida, fixa, cuja origem é sem dúvida africana” e o sul dos Estados Unidos, onde “o escravo negro das plantations tinha previamente perdido todas as formas culturais que tivera na África”, acrescenta: “ Não desconheço o fato de que um antropólogo muito capaz, o dr. Herskovits, tem outra posição. Mas minha posição é baseada na pesquisa de primeira mão e detalhada, do sul, feita por observadores tão sagazes desse problema como o dr. Robert E. Park.” Em outra carta, de 10 de agosto de 1940, inclui trechos do livro de Frazier (The Negro Family in the United States), que mandara copiar para Ramos “com a confiante expectativa de que esses dados, especialmente as notas, seriam de muito interesse”. Há todo um parágrafo dedicado a elogiar o livro e sua metodologia. Nesta carta, Pierson também anuncia a vinda de Frazier ao Brasil, no mesmo período em que Ramos estaria nos Estados Unidos. Pierson lembrará, em outras cartas, nomes de pessoas e instituições que Ramos deveria visitar e certamente não terá gostado da carta em que Ramos anuncia que estava indo para a Northwestern University, a convite de Herskovits – a quem alude mais uma vez nessa correspondência, lamentando que Ramos não estivesse no Brasil quando da visita de Frazier, já que o interesse dele, e de outros pesquisadores que recomenda, “não está limitado, como no caso de outros de nossos conterrâneos, a uma mera catalogação de sobrevivências culturais africanas e à procura de sua origem e difusão” (carta de 11 de setembro de 1940). Na correspondência, mantida entre 1935 e1949, nenhum dos dos missivistas comenta a opinião do outro sobre Herskovits ou Frazier. 30 – FRAZIER, Franklin, The Negro Family in Bahia, Brazil, American Sociological Review VII, 1942, p. 472. 31 – Não posso acompanhar aqui todo o debate sobre a “família negra”, suscitado por essa discussão entre Frazier e Herskovits: para uma visão mais completa, ver SLENES, Robert, 1999. 32 – HERSKOVITS, Melville The Negro in Bahia, Brazil: a Problem in Method, American Sociological Review VIII, 1943, p. 401. O rejoinder de Frazier saiu neste mesmo número e nele ele volta a citar os artigos de Landes e Carneiro, que haviam saído em 1940.

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33 – Sobre Hurston, ver HERNÁNDEZ, Graciela, 1995. Nesse contexto é interessante lembrar que Hurston, uma aluna negra de Boas, que depois se tornou novelista, foi assistente de pesquisa de Herskovits, que dizia sobre ela numa carta de 1927, depois de vê-la cantando spirituals: “(sua) maneira de falar, suas expressões – em suma, seu comportamento motor – (eram) o que se poderia chamar tipicamente negros. (Esses movimentos tinham se) mantido como um padrão de comportamento aprendido através da imitação e do exemplo com os escravos africanos originalmente trazidos para cá.”(citado em JACKSON, p.107) 34 – Numa carta que me escreveu, quase cinqüenta anos depois de sua pesquisa no Brasil, Landes assume com clareza o papel simbólico da negra dizendo sobre esse ataque: “Their calumnies were symbolic rape on me”(carta de 6 de abril de 1986). Sobre o contexto hostil em torno da discussão da questão racial pela Unesco, logo após a Segunda Guerra, ver STOLCKE, 1995. Vale lembrar que Alva Myrdal, esposa de Gunnar Myrdal e depois chefe da Divisão de Ciências Sociais da Unesco, teve seu visto de entrada nos Estado Unidos negado em 1953, no auge daquela discussão (MÉTRAUX, 1978:497). 35 – Sobre as pesquisas financiadas pela Unesco no Brasil, ver STOLCKE, Verena (1995) e MAIO, Marcos Chor (1997): a análise de ambos mostra que, mais do que estabelecer o roteiro dessas pesquisas, o legado de Arthur Ramos foi pôr em marcha a célebre discussão que redundou nas disputadas declarações da Unesco sobre raça (Unesco, 1973). Verena Stolcke segue passo a passo os interesses em disputa no grupo de cientistas encarregados da missão de definir “o racismo frente à ciência”, título da declaração final, e os diários de A.Métraux (1978) mostram as atribulações do encarregado de levá-la a cabo. 36 – O livro de NASCIMENTO, Abdias do (1982) parece ser o melhor indicador disso: ver suas críticas a Carneiro e Costa Pinto que se teriam insurgido contra o conceito de negritude (p.99) e sua acusação de que Édison Carneiro estava perdendo a cor... Sobre a importância da Sociedade Africana de Cultura, cujo primeiro congresso internacional ocorreu em Paris em 1956, e sua proposta de tornar-se uma “sociedade cultural do mundo negro”, ver FANON, 1974.

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A D O R AV E L L AVA D E I R A :

UMA ETNOGRAFIA MINIMA EM TO R N O D O

E D I F I C I O T U PI

Olívia Maria Gomes da Cunha Departamento de Antropologia Cultural Universidade Federal do Rio de Janeiro

“(...) fiquei alimentando a idéia de ter um encontro com o sargento Padre Nosso, um que foi preso há pouco tempo. Falando aqui em casa, Sinhá Maria disse que o conhecia e se prontificou a ir chamá-lo (...) em pouco já o tinha junto de mim. É um preto alto, não muito preto. Entrei de ‘rijo’ no assunto. Mostrei seus retratos, os jornaes que deram as suas entrevistas, falei no Valdevino, na ‘louvação’ que fez na Perseverança, mostrei um trabalho seu publicado na Revista Contemporânea (...) e a proporção que eu ia lendo o preto ia se enthusiasmando, chegando as vezes a se levantar e a me dar a mão. Dahi para frente foi aquella garapa.”1

M

anhã de sol, porta dos fundos de um apartamento amplo e claro na Zona Sul carioca. Uma moça escura cruza assustada a cozinha em direção ao quarto de empregada. Troca-se. Na cozinha, parece mais clara, quase da cor do seu avental. Branca. Bebe um copo d’água enquanto ajeita o coque envolvido numa rede. Seu nome é Eulina. Enquanto se dirige ao tanque, a cozinheira Guilhermina percebe sua afobação. Dr. Arthur é chamado e ao chegar pede que Eulina lhe conte o que ocorreu. Dr. Arthur ouve atento o que Eulina tem a dizer. Guilhermina se benze e balança a cabeça. Meia hora depois, dr. Arthur vai à biblioteca e anota numa folha de papel o que ouvira de Eulina. A partir daqui, minha imaginação cede a vez para as notas do dr. Arthur Ramos. “Terça-feira, 21 de outubro de 1948, Eulina (nossa lavadeira, mulata, católica) informou que no bonde do Leme, às 10h da manhã, uma moça tinha tido ‘umas coisas’ ao lado dela, no mesmo banco. E que o condutor dissera: ‘Ora veja, receber o caboclo num lugar destes!’ Ao descer do bonde, na frente da esquina de Gustavo Sampaio com Anchieta, ao mesmo tempo que Eulina (o apelido de Eulina

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é Mulatinha), (a pessoa) estava completamente boa. Tudo isso impressionou muito Eulina que lavou os braços, os rostos e as mãos, logo que entrou em nossa casa, no tanque, e ia dizendo afobada: ‘Não gosto disso, não gosto de ver essas coisas, cruz!’ Guilhermina ficou também quieta e impressionada. E (diante de) uma sugestão minha que talvez não fosse uma legítima ‘queda no santo’, informou que seu Bertoldo (o antigo pai-de-santo conhecido dela), quando queria saber no Terreiro que ele dirigia se uma pessoa estava realmente com o santo, batia-lhe com uma vara de pinhão roxo. Se a pessoa gritava, a queda no santo era falsa.”2

É possível que Arthur Ramos tenha lançado mão de suas técnicas psicanalíticas para testar a veracidade do temor que sua lavadeira Eulina dizia sentir, ao ver cenas como aquelas num bonde carioca. Na interpretação de alguns dos autores que o haviam influenciado em sua formação em psiquiatria e medicina legal durante os anos 20 e 30, a queda do santo ou a possessão era um fenômeno explicável através das noções de sugestão e imitação. Talvez por isso, um estilo anamnésico perpassa grande parte dessas notas. Não há qualquer mediação – sob a forma de dúvida, hesitação ou perplexidade – entre o antropólogo e sua informantelavadeira Eulina: é o primeiro que observa, indaga e transcreve o que lhe foi relatado, lembrado e sugerido. Em outras notas, seu tom reticente sugere poucas certezas. Suas anotações sobre a cozinheira Guilhermina, por exemplo, estão povoadas de dúvidas. Nelas, as interpretações oferecidas para o que o próprio Ramos denominara sincretismo afro-brasileiro, parecem desestabilizar quadros anteriores, alimentados com informações semelhantes às que aparecem na epígrafe. A amedrontada Guilhermina também andava freqüentando a casa de uma vidente nada ortodoxa: d. Zilá. Nas notas de Ramos, percebe-se seu interesse em perscrutar um campo de significados situado além das fronteiras dos cultos afrobrasileiros.3 “Jorgina Guilhermina. Minha empregada, preta, católica, nascida e criada numa fazenda de Belford Roxo informa que não conhece outro nome para N. S. da Penha. A família dela, tios, primas, mora(m) em Belford Roxo e todos os anos há muito tempo vão à festa da Penha. Gostava(m) de ver as mulheres sambar mas já não o fazem mais, por ordem da polícia. Informa que o domingo de novembro é dos barraqueiros, família não vai; e é só para homens – os barraqueiros, e mulher, só as que não se importam com certas coisas. Informa que S. Jorge é Ogum, S. Sebastião é Oxóssi e N. S. da Conceição é Oxum etc. Para curar a úlcera de que se operou, correu tudo que foi sessão espírita e viu que o pessoal espírita fala mal dos da macumba. Às vezes misturam tudo, as linhas etc.

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Tem um tio muito velho que mora em casa própria e que se casou com a mulher quando já tinham netos. As moças da família são todas casadas e com funcionários do governo: Lloyd, Central etc. Que na casa da viúva de um que foi taifeiro do Lloyd há um armário cheio de jarros e bandejas de alumínio que ele carregava para casa. Era muito bom para os filhos e a mulher.”4

Essas notas sugerem que, por volta de 1948, cerca de um ano antes de sua morte precoce, Ramos fazia uso de outras idéias para explicar o universo religioso no qual transitavam Eulina e Guilhermina. Todavia, as mudanças de enfoque não anulam o que chamei estilo anamnésico. Certamente não foi essa a primeira vez que Ramos registrou informações dessa natureza em pedaços de papel, pequenas notas e diários. E em grande parte desses escritos podemos perceber a combinação de procedimentos caros à relação médico-paciente se misturando a uma forma singular de lembrar, fustigar a memória e construir, verbalmente ou através da escrita, algum tipo de reminiscência. Uma forma de instaurar/produzir uma memória e um tipo particular de “relato” comumente feito pelo “paciente” graças à “cordialidade inquiridora do médico”.5 Nos escritos de Ramos, a intimidade entre as imagens do paciente/informante e do médico/antropólogo não constitui uma metáfora. A continuidade estilística ganha relevância se observarmos essas transformações de enfoque que vão caracterizar essas notas, a partir de um olhar prospectivo. Em seus relatórios sobre os internos no Hospital São João de Deus, em Salvador, no final da década de 1920, em visitas a parentes em sua cidade natal, Pilar, e em sua clínica no centro do Rio de Janeiro, o dr. Ramos já experimentara situações semelhantes. Com essa observação, não quero dizer que as experiências de Ramos que envolveram a coleta e aquisição de conhecimentos dessa natureza tenham estado unicamente marcadas por relações de distância, autoridade e hierarquia – semelhantes às que opõem médicos e pacientes. Os atores que Ramos transformou em objetos de um olhar científico e distanciado – trabalhadores rurais, porteiros, faxineiras e pacientes de instituições médico-judiciárias – não foram personagens passivos e silenciosos. As relações estabelecidas nesses contatos – mesmo aqueles mediados por assistentes como Otinha – certamente foram muito mais complexas e, portanto, estão sujeitas, unicamente, às conjecturas. Domesticidade, intimidade e cumplicidade perpassam as formas de contato e comunicação entre o antropólogo e as personagens que povoaram os diferentes cenários nos quais Ramos atuou. Essas relações se desenvolveram ao longo de um processo de transformação na própria carreira profissional de Ramos. Ao mesmo tempo em que Ramos se convertia de médico em antropólogo, seus pacientes passaram à condição

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de informantes e nativos. Nesse caminho, o universo da alteridade – radicalmente oposta na experiência anterior – foi refeito (di Leonardo, 1998; Peirano, 1998). A construção de um “outro”, sob uma perspectiva antropológica e em contexto de intenso nacionalismo que condicionava o olhar autorizado em torno do “negro” no chamado Novo Mundo, implicou rearticular outras formas de relacionamento. Afinal, observadores e observados vivenciavam, ainda que de maneira diversa, a condição de nacionais. Logo, é através de um discurso entrecortado por essa condição de nacionalidade pactuada que as relações de alteridade serão estabelecidas num campo antropológico em formação. Todavia, os anos 1930, momento em que de fato inicia suas pesquisas de campo, aliando-as a atividades profissionais distintas, marcam uma maneira de apreender o diferente, diverso e exótico através de uma singular divisão social e simbólica do trabalho intelectual. Embora os critérios de especialização num difuso campo antropológico, em vias de institucionalização no país, tenham sido imprecisos, as carreiras profissionais bem-sucedidas evidenciam a confluência de marcadores de classe, cor e gênero na definição de quem foram os antropólogos e seus “outros” (Peirano, 1981; 1998). A especialização de um campo de conhecimentos e práticas adjetivadas como antropológicas, combinada a um amplo processo de reforma das instituições nacionais, não foi fenômeno que caracterizasse exclusivamente o processo de profissionalização da disciplina no Brasil. Como apontou Clifford, o trabalho de profissionalização da disciplina resultou na complexa distinção de territórios de interesse e desenvolvimento de políticas etnográficas que opunham “profissionais”, “amadores” e “folcloristas” (1983).6 Ramos foi, sem dúvida, um dos personagens paradigmáticos desse período (Corrêa, 1998). Contudo, os dilemas que perpassam a configuração de um território de produção de conhecimentos sobre as apreensões sociais da igualdade e da diferença, caracterizado por posicionalidades naturalizadamente definidas, constituem o ponto nevrálgico de discussões recentes sobre o que, inspirando-me em Bourdieu, apontei caracterizar uma singular divisão social e simbólica do trabalho intelectual (Bourdieu, 1973; Abu-Lughod; Narayan, 1993). Essa questão nos oferece a possibilidade de compreender a convivência de estratégias distintas de estabelecer relacionamentos pessoais, seja na clínica, seja no contexto etnográfico – mesmo que nem sempre Ramos estivesse presente. Notas, cartas e trechos de diários sugerem que alguns “informantes” negociaram com Ramos – direta ou indiretamente – a extensão e natureza de suas informações. Tais negociações envolveram, por vezes, prestígio, dinheiro e outras concessões. Otinha parecia estar consciente da troca de bens simbólicos que fazia parte de sua atividade de pesquisa e contatos com o povo da seita. Esses eventuais es-

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cambos requereram dela uma imensa habilidade ao falar em nome de Ramos e ao mesmo tempo sobre Ramos. “Tenho notado”, confessava ao antropólogo, “que eles querem se aproveitar de mim, querem que eu consiga licença para a seita funcionar sem interrupção (...)”. Sem entrar em detalhes de como negociaria o prestígio e o nome de Ramos entre as autoridades locais, Otinha se dirigia a Ramos num tom mais pragmático, o que sugeria total desenvoltura com os percalços encontrados na sua constante inquirição. “(…) Perguntei a Padre Nosso se tinham algum livro que ensinasse todas as palavras de nossa língua para o africano. Disse que não e que o velho, o Babalorixá, é que ensina muita coisa. Quero ver se consigo agradar o velho e apanhar um bocado de coisas. Se você tem alguma coisa que deseja saber, será bom dizer, porque assim será mais fácil para mim. Ou melhor, escreva, dizendo o que deseja que eu consiga do velho babalorixá.”7 Pelo menos num período inicial de sua carreira de antropólogo, outros “assistentes”, “colaboradores”, “alunos”, amigos e familiares de Ramos foram figuras chave na mediação do seu contato com as personagens que povoavam o campo no qual se transformara, pouco a pouco, em especialista. Seu tenso, embora amistoso, relacionamento com Édison Carneiro, a quem, por vezes, se referia como um “aluno”, revela parte importante do método de pesquisa adotado por Ramos durante os anos 1930 – momento no qual sua autoridade nos assuntos afrobrasileiros é definitivamente estabelecida. Exilado – em grande parte por motivos políticos, mas, também, na condição de escritor devotado à preparação de seus livros sobre religiosidade afro-brasileira –, Édison produz, compartilha e interpreta vários textos, informações e imagens enviadas a Ramos. Mesmo que as bases dessa colaboração não reflitam uma insuspeita relação de amizade, seus limites pareciam claros. Na correspondência entre os dois, Édison parece encarnar voluntariamente a figura de um cordial e aplicado coletor de informações e Ramos, um nada inocente e provável editor de seus escritos. Curiosamente, essa imagem se dissipa se atentarmos que, para além das diferenças quanto às formas de tratamento e interlocução, não havia grandes distâncias nos métodos utilizados por ambos na obstinada coleta de informações sobre as populações negras. De Mar Grande, em Itaparica, Carneiro relatava seus progressos ao seu provável editor e prometia mais material: “Também pensei em lhe mandar um vocabulário maluco, nagô-português, que eu e Guilherme Dias Gomes (que afinal está no Rio) tentamos, em 1933, arrancar do pai-de-santo e babalaô do Engenho Velho, Martiniano do Bonfim. Mas mudei de idéia. Vou mandá-lo ao Renato de Mendonça, que é especialista no assunto – e suponho que com sua aquiescência.”8 Essa reciprocidade nem sempre foi publicamente explicitada. Só depois da morte de

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Ramos e a propósito da celeuma deflagrada pela reação do antropólogo à publicação do livro de Ruth Landes, Édison Carneiro expõe suas impressões sobre a pouca afinidade de Ramos com a pesquisa (Carneiro, 1964).9 As mesmas observações podem ser feitas com relação a seus investimentos na utilização, interpretação e publicação da obra de Manuel Querino. O espólio intelectual do historiador e cronista Manuel Querino foi alvo de disputas entre sua família e aqueles que então ganhavam notoriedade pública como especialistas nos estudos sobre os negros na Bahia (Corrêa, 1998). Em 1938, em meio às comemorações oficiais do cinqüentenário da Abolição, a bibliografia de temas afro-brasileiros era enriquecida por um volume de rara importância. Manuel Querino, um autodidata preto e pobre e que “escreveu sobre sua gente”, finalmente, seria publicado. Essa condição dava ao seu livro não só um valor histórico distinto, mas, àqueles que o promoveram, uma cumplicidade poderosa. A disputa em torno de seus escritos, porém, revelava que não só os seus descobridores e patrocinadores tinham consciência do valor da obra de Querino no mercado intelectual e editorial. Na verdade, a organização dos manuscritos de Querino deu a Ramos o poder de costurar, sob o rótulo dos temas “africanos”, escritos de natureza diversa sobre culinária, história e geografia. Amigo pessoal, figura influente na cidade e um dos “informantes” mais citados nas etnografias realizadas na Bahia nos anos 1930 e 40, o médico Hosanah de Oliveira escrevia a Arthur Ramos em 1936: “(…) pois a filha de Querino estava muito doente, vindo a falecer, finalmente. O representante da família, marido da falecida, é um negro muito descarado. Várias vezes fui a sua casa e ele fica sempre de me procurar e até hoje não o fez. A carta contrato está em seu poder, só faltando assinar. Quando lhe dei a carta e lhe expliquei o negócio, ficou ele de consultar alguns amigos para me responder (…).”10 Dois meses depois, sem qualquer novidade a respeito do “negócio Querino”, Hosanah dava conta de que o “tal negro seu genro” se havia metido com uns “negócios atrapalhados”, tendo que sair da cidade. A negociação avançou para o ano seguinte e, mesmo depois de ter cedido os manuscritos de Os costumes africanos no Brasil (1938) para a coleção organizada por Ramos, o médico baiano reclamava das “apoquentações” do genro de Querino.11 Por fim, tanto os contatos de Otinha quanto a tensa relação de Ramos com Édison Carneiro e as negociações de Hosanah de Oliveira com o genro de Manuel Querino constituem-se exemplos do que me referi como sendo a constituição de um campo de práticas de pesquisa entrecortado por relações de autoridade e domesticidade. A identificação dos pontos de tensão que marcam essas relações e os modos através dos quais foram vertidas em “material etnográfico” não é exa-

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tamente uma novidade. Todavia, as notas, correspondências e relatos que descrevem essas relações não deixam de colocar em relevo distintas intervenções e experiências em torno da pesquisa, utilizadas pelo autor ao longo de sua trajetória intelectual. Embora, em toda a sua extensa bibliografia, Ramos não tenha produzido textos cujo caráter seja, estrito senso, etnográfico, notas produzidas por ele e a ele enviadas por seus diferentes colaboradores revelam como o próprio Ramos concebia as práticas que consagraram sua conversão de médico em antropólogo.12 A leitura das notas de Ramos nos permite perscrutar um território pouco explorado da prática antropológica. Como ressalta Rena Lederman, enquanto o trabalho de campo e a etnografia têm sido objeto de acuradas leituras e críticas, devido ao seu caráter pessoal, supostamente inconcluso e provisório, as “notas de campo” têm sido ignoradas como objetos de análise (1990: 73). A propósito das diferenças entre “notas de campo” e etnografia, James Clifford argumenta que “a identidade das notas de campo como um corpus discreto depende de uma especialização difícil de ser mantida, um conjunto específico de distâncias, fronteiras e modalidades de viagem (...)” (Clifford, 1990: 64). As notas produzidas por Ramos em situações pessoais/profissionais diversas nos possibilitam, ao menos, revolver um campo intrincado de discursos sobre os primórdios da antropologia dedicada aos temas afro-americanos produzida no Brasil. A suposição, comumente sugerida em tom acusatório (Carneiro, 1964), de que Ramos não foi exatamente um fieldworker, acaba por qualificar não somente certos “pais fundadores” em detrimento de figuras periféricas, bem como práticas e procedimentos de pesquisas. Ao focalizar, não exclusivamente, mas com maior detalhe, o material etnográfico utilizado por Ramos, proponho um outro caminho de análise.13 Não só as anotações de uma inacabada etnografia sobre a vida e religiosidade das classes pobres no Rio de Janeiro produzidas no final dos anos 1940, como notas de diários e textos contendo informações colhidas ao longo de sua viagem e pesquisa no sul dos Estados Unidos, nos sugerem que Ramos tinha seus próprios modelos do que chamava pesquisa de campo e etnografia, modelos que, em certa medida, não eram tão distintos daqueles que marcaram experiências vivenciadas por antropólogos de sua geração e com os quais partilhou interesses temáticos e afinidades teóricas. Há, certamente, hiatos e silêncios interessantes nas marcas dessa passagem pelos EUA, que serão a seguir explorados. Assim, não só as notas de um estranho campo construído por Ramos ao redor do Edifício Tupi, mas as descrições de viagens e pesquisas que concebeu como sendo de caráter etnográfico, podem nos ajudar a revolver diferentes níveis de compreensão sobre qual tem sido o seu lugar em tentativas de produção de uma narrativa histórica sobre a antropologia no Brasil. Todavia, é preciso advertir o leitor de que não partilho da fantasia de

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que os documentos exumados do arquivo de Ramos sejam capazes de revelar o desconhecido ou comprovar versões prescritas da sua biografia. Minha leitura da coleção/arquivo de Ramos é tão seletiva quanto a lógica que, pretendo demonstrar, marcam seu projeto autobiográfico. Como observa Rousso, “existe um abismo entre aquilo que o autor de um documento pôde ou quis dizer, a realidade que esse documento exprime e a interpretação que os historiadores (mas também os antropólogos) que se sucederão em sua leitura farão mais tarde: é um abismo irremediável, que deve estar sempre presente na consciência, pois assinala a distância irredutível que nos separa do passado, essa ‘terra estrangeira’” (1996: 90). Ao trazer notas periféricas e inconclusas de Ramos para o centro da minha análise, estou ciente dos perigos de tornar demasiado presentistas minhas reflexões sobre as semelhanças que imagino guardarem com a fase inicial de sua carreira – ao longo da qual informantes distantes foram incorporados às suas análises sobre religiosidade afro-brasileira. A heterogeneidade e a forma pela qual estas notas foram incluídas no arquivo do antropólogo me fazem hesitar diante de uma simples tarefa descritiva. Observando criticamente a lógica de seu arquivo e a forma pela qual essas experiências foram convertidas em documento e artefato, me parece mais oportuno refletir sobre a tarefa do Ramos-arquivista-colecionador – ou daqueles que se ocuparam de sua organização após a morte do antropólogo. Certamente, há diferenças tanto nas formas de inscrição, descrição e transcrição desses textos, como nas lógicas que permitiram sua inclusão na coleção/arquivo do autor. Enquanto as várias estratégias de produção de texto empregadas irão determinar de que forma falas, gestos e silêncios foram traduzidos e interpretados em “notas de campo” e etnografia, as lógicas de inclusão no arquivo irão orientar e condicionar futuras leituras em torno de corpos discretos de conhecimento.14 Observando o material depositado no arquivo de Ramos à luz de um repertório de discussões mais amplas e que dizem respeito não só ao uso de cartas, fragmentos de textos e papéis mantidos em arquivos pertencentes a antropólogos, mas à reflexão sobre seus contextos de produção e arranjo, meu propósito é focalizar pontos específicos de alguns deslocamentos na trajetória de Ramos (Lederman, 1990; Trouillot, 1995; Des Chenes, 1997). Meu objetivo é compreender o lugar da viagem e da pesquisa de campo nas experiências de Ramos, bem como a relação estabelecida entre ambas – seja como modalidades singulares de produção de um certo conhecimento antropológico, seja como marcas de um processo de conversão intelectual capaz de reconfigurar a trajetória profissional do autor.15 Não só a experiência etnográfica que iniciou já no final de sua vida –, inventando um campo de observação através de redes de infor-

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mantes-porteiros, faxineiros, lavadeiras e seus conhecidos no Leme, e suas perambulações em terreiros e sessões espíritas em Belford Roxo, Acari e Abolição –, mas também a sua tentativa de transformar certas viagens em situações de observação especializada serão focos da minha atenção.

C A RTO G R A F I A S E V I A J A N T E S M O D E R N O S

Como salientou Mary Louise Pratt, parte substancial das narrativas de viagem descreve encontros e, inevitavelmente, põe em evidência zonas de contato, nas quais os viajantes que observam – culturas, povos e histórias – têm sua subjetividade em relevo cada vez que definem, traduzem e classificam o outro (1992: 7). É recente a literatura que tematiza diferentes modalidades de narrativas de viagem experimentadas por exploradores, aventureiros, administradores, jornalistas e escritores ao longo do século XX, quando a figura do antropólogo representando uma categoria especial de viajante ganhou um lugar de proeminência. Ainda assim, como muitos autores têm chamado atenção, as etnografias continuam a manter uma forte afinidade e semelhança estilística com as narrativas de viagem (Fabian, 1983; Scott, 1989; Clifford, 1989; 1992; Pratt, 1992). Muitas experiências etnográficas produzidas nas primeiras décadas do século XX estiveram marcadas pela presunção de que tais viajantes – os antropólogos – eram dotados de dons especiais que os tornavam capazes de transpor fronteiras temporais e espaciais, bem como conhecer, descrever e interpretar aquilo que o olhar não iniciado enxergaria apenas como exótico e diverso (Rosaldo, 1986; Clifford & Marcus, 1986). As atividades desempenhadas pelos antropólogos, todavia, têm implicações que ultrapassam formas de deslocamento simplesmente espaciais. A etnografia – gênero particular de relato e escrita destinado a documentar formas de conhecimento resultantes de distintas experiências envolvendo encontros, contatos e formas de observação – não consistiu em virtude de um viajante onisciente, ou mesmo, nas palavras de Sérgio Cardoso, não se resumiu a uma suposta “ingenuidade do vidente” (1988: 349). Ao tratar a viagem – e sobretudo aquelas de caráter etnográfico – como sendo uma forma singular de “deslocamento”, Lévi-Strauss imaginou um percurso entrecortado por diferentes tipos de relações, vínculos e formas de comprometimento. “Em geral”, argumenta, “conhecemos as viagens como um deslocamento no espaço. É pouco. Uma viagem inscreve-se simultaneamente no espaço, no tempo e na hierarquia social. Cada impressão só é definível se a relacionarmos de modo solidário com esses três eixos, e, como o espaço possui sozinho três dimensões, precisaríamos de pelo menos cinco para

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fazermos da viagem uma representação adequada” (1996 (1955): 81). A compreensão acerca dessas formas de deslocamento deve ser ampliada. Refletir acerca da experiência de viagem a partir da análise das três dimensões apontadas por Lévi-Strauss nos oferece a possibilidade de compreender as distintas operações que transformaram a prática etnográfica num tipo qualitativamente diferencial de observação, envolvimento e descrição. Por outro lado, também nos possibilita concebê-la como uma atividade de reflexão pós-fato. A própria caracterização das escolhas e projetos em torno da definição do campo antropológico, problematizado por Mariza Peirano ao focalizar a maneira pela qual a alusão ao acaso aparece em narrativas que revisitam trajetórias profissionais, nos sugere um trabalho de classificação e qualificação da viagem realizado a posteriori (1992).16 Nesse sentido, podemos suspeitar que viagens não previamente imaginadas como pesquisa de campo foram de grande importância na configuração de quadros comparativos e na reflexão teórica dentro de certos corpos de conhecimento. Resultam de projetos anteriores e envolvem conflito, conquista e relações desiguais de poder. “Ir e retornar”, ressalta David Scott, são movimentos que “organiza(m) as disposições geográficas e epistemológicas do olhar antropológico” (1989: 78). Seguindo criticamente os passos de Edward Said, James Clifford mostra que a análise de algumas viagens realizadas por intelectuais já no século XX permite repensar certas definições conferidas a experiências tradicionalmente vistas como sendo o seu oposto: a reflexão e a produção teórica. Nesse caso, dificilmente poderíamos caracterizar aparentes oposições tais como deslocamento/reflexão e viagem/teoria como noções antitéticas, pois não se reduzem a atividades que exigiram ora a localização, ora a dispersão e o exílio. Ao contrário, tais dimensões comumente descritas sob a forma de oposição deveriam ser compreendidas como uma “série de localizações e encontros, viagens no interior de diversos, ainda que limitados, espaços” (Clifford, 1989: 182). Ao mesmo tempo, ao ocorrerem mais em certas direções e se mostrarem histórica e disciplinarmente localizados em certos centros de gravidade, tais movimentos não podem ser vistos como algo aleatório ou inocente (Scott, 1989: 78). Essa perspectiva multifocalizada tão pouco poderia ser reduzida a sua dimensão textual, na qual a reificação do deslocamento se explicita através de uma estratégia discursiva e estilística. Mais do que isso, tanto as impressões de viagem vertidas em um certo tipo de relato quanto sua transformação em texto etnográfico são frutos de experiências concretas, que incorporam descrições da realidade social através de operações de dominação e subordinação (Said, 1989; Rosaldo, 1989: 116). Ainda assim, James Clifford chama atenção para as diferenças que entrecortam as experiências dos viajantes e, uma vez transformadas em algum tipo de narrativa, suas

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formas de veiculação e circulação. “O viajante moderno”, adverte, “diferente do etnógrafo, não tem campo, só uma rota, nenhum corpus de dados classificados, só a narração. As ‘descrições’ de viagens primárias são registradas em jornais e não em notas de campo. Como essas diferenças genéricas e profissionais têm sido constituídas e mantidas” (1990: 65)? Ou mesmo, caberia indagarmos até que ponto o destino dessas experiências é responsável pela alteração e requalificação daquilo que foi experimentado, descrito e narrado? Nas palavras de Lévi-Strauss, o “viajante moderno” dissimula seu conhecimento sobre o objeto. A estranheza não mais se impõe como experiência mediadora dos encontros. “O viajante moderno é menos surpreendido do que admite (...) a busca do exotismo resume-se à coleção de estados antecipados ou retardados de um tema que nos é familiar” (1996 (1955): 82). A ambigüidade que denota essa semelhança de gêneros de escrita pode ser transposta para a complexa relação entre notas de campo e etnografia. Nem todas as notas transformam-se em objeto da reflexão etnográfica, da mesma forma em que nem sempre essa última se reduz à interpretação direta e exclusivamente vinculada às experiências vivenciadas no trabalho de campo. A etnografia pode ser, e por vezes tem sido, resultado de investimentos diversos que comportam descrições e reflexões sobre viagens vividas e imaginadas. Resta-nos compreender de que maneira e por meio de que operações, experiência sociológica e imaginação convergem no texto etnográfico, e também em que arenas discursivas se transformam relatos autorizados sobre identidade e diferença (Massi, 1992: 193; Lederman, 1990). Essas considerações nos ajudam a problematizar, sob uma perspectiva histórica, uma associação já não mais banalizada, mas que à época em que Arthur Ramos produziu era muito comum: a idéia de que toda e qualquer viagem realizada por esses profissionais da observação especializada poderia ser traduzida em um estilo particular de descrição. Essas experiências trouxeram implicações particularmente importantes na configuração de um campo de estudos interdisciplinares no qual Ramos se viu um autorizado precursor e especialista. As lógicas responsáveis pela construção e direcionamento dos focos de atenção, escolha, comparação, bem como os limites que caracterizaram a objetificação do afroamericano nos anos 1930 e 40 do século passado, resultaram de experiências de deslocamento e transposição de fronteiras – bem como projetos de viagens – de natureza diversa. Como Ramos, outros intelectuais latino-americanos contemporâneos produziram narrativas semelhantes sobre o afro-americano, nas quais temas como “raça” e nação foram confrontados e focalizados como leituras fragmentadas, frutos de deslocamentos não só de ordem teórica mas, sobretudo, política.

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Vários estudos recentes têm focalizado seja o caráter transnacional, seja a complexidade política das intenções e projetos que orientaram um grupo de intelectuais em direção à formulação de um objeto de atenção cujas fronteiras, simultaneamente, ultrapassam e se misturam àquelas comumente erigidas na representação da nação (Trouillot, 1992; Yelvington, 1999, 2001; Palmié, 1998, 2002; Cunha, 2002). Na formulação de uma antropologia do “Negro no Novo Mundo” (New World Negro), projetos disciplinares e políticos estiveram em diálogo. Embora as instigantes análises de Walter Jackson (1986) e David Scott (1991) tenham limitado o estudo dessa imbricação ao contexto norte-americano nos anos 1920 e 30, há muito que se investigar acerca de processos anteriores já em curso em alguns países latino-americanos, nos quais a influência da escola boasiana é mínima (como são o caso de Cuba e o Haiti), ou relevante somente a partir da segunda metade da década de 30 (Brasil). São diversos os embates políticos e os dilemas disciplinares transformam o “negro” em objeto de atenção no Brasil, em Cuba e no Haiti. Devemos nos perguntar sobre as operações e discursos que subordinaram essa pluralidade de abordagens em torno de um objeto que envolvia problemas de ordem política e social de um lado, e teórica de outro, a um único e inexorável processo de expansão da antropologia norte-americana no Caribe e na América Latina. Nesse sentido, a combinação de um certo humanismo nas práticas e nas idéias com um engajamento político dos alunos de Franz Boas em torno das noções de “raça” e “cultura” deve ser confrontado com outras trajetórias intelectuais similares em contextos pós-coloniais, enfocadas, quase sempre, por seus vínculos com projetos de reforma social e nacionalismo. Por esse caminho é possível refletirmos sobre os significados de viagens que visaram ampliar os horizontes do debate sobre o afro-americano a partir de uma perspectiva transnacional. As viagens de Fernando Ortiz à Europa, entre 1899 e 1903, e aos Estados Unidos em 1931-1933, por exemplo, fornecem balizadores fundamentais para compreendermos sua trajetória intelectual e sua leitura racializada de Cuba, representada através da metáfora do ajiaco. Da mesma forma, a compreensão acerca das primeiras pesquisas de Melville Herskovits no Suriname, em 1928, é fundamental na observação de como suas leituras de noções como cultura e história permitiram a confecção de uma inusitada cartografia afro-americana (Ortiz, 1944; Coronil, 1995; Palmié, 1998).17 Os exemplos de Ortiz e Herskovits, todavia, visam representar movimentos paradigmáticos e quase simétricos. De um lado, o intelectual cubano que se nutre de idéias, teorias, métodos e perspectivas científicas na Europa e nos Estados Unidos e, a partir dessas viagens, é capaz de repensar sua própria forma de conceber um objeto diante do qual se posiciona demasiadamente próximo: a nação. Nesse caso, a viagem parece ter produzido uma expe-

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riência salutar, a de buscar objetividade e distanciamento. São ferramentas supostamente necessárias e que matizam o estigma de interpretações (des)qualificadas como provincianas, locais e nativas. De outro, teríamos um movimento inverso. Um intelectual norte-americano amplia as fronteiras de um debate político crucial para o desenvolvimento da disciplina nos Estados Unidos. Por meio de pesquisa de campo e escrita etnográfica – experiências qualitativamente distintas da viagem-exílio ou viagem de estudos, modalidades de deslocamento que caracterizam, a partir de então, as viagens de intelectuais latino-americanos e caribenhos à Europa e aos Estados Unidos – confere aos seus nada próximos objetos um olhar científico com o qual é possível creditar-lhes uma história e cultura (Jackson, 1987; Baker, 1998; Yelvington, 1999). A caracterização um tanto redutora dessas duas modalidades de deslocamento visa apenas sinalizar o seu pertencimento a uma arena complexa de discussões sobre poder e autoridade intelectual que vem percorrendo várias áreas da disciplina nas últimas décadas. E, embora esse texto não seja o lugar para analisarmos as experiências e envolvimentos de Ortiz e Herskovits em distintos trajetos e diálogos transnacionais, há muito que se investigar acerca do que aparenta movimentos de aquisição de conhecimento unilaterais. Tanto essas posições não são fixas quanto as rotas e lugares onde tais transformações foram produzidas podem ser reconfiguradas (Mintz, 1998; Gupta & Ferguson, 1997; Rosberry, 1998; Clifford, 1997). Num movimento singular, a leitura que Eric Williams fez sobre uma agenda de estudos afro-americanos no início dos anos 1940, momento em que se insinuava fortemente inspirada nas proposições de Herskovits, pode ser citada como uma possibilidade distinta e alternativa. Num encontro patrocinado por agências governamentais e privadas norte-americanas em Washington em 1941, no qual o destino dos recursos de pesquisa e objetivos dos então chamados negro studies deveriam ser definidos, Williams explicitava sua visão tomando a história das populações afro-caribenhas como exemplo. Sugeria existirem outras implicações, nitidamente políticas, na definição de seu foco, prioridade e cartografia. No seu entender, as pesquisas sobre os afro-americanos em regiões como o Caribe não deveriam limitar-se à coleta de artefatos e contos de exóticas e isoladas populações de ex-escravos. Ao contrário, deveriam debruçar-se sobre as experiências vivenciadas no período da pós-emancipação, justamente quando se mostravam imersas em processos de dominação e discriminação raciais. Para Williams, as relações entre raça e colonialismo no Caribe só poderiam ser apreendidas se vistas como parte de um processo contínuo de deslocamento histórico e geográfico capaz de reconfigurar o lugar da Europa num campo de discussões e perspectivas intelectuais hegemonicamente norte-americanas (Williams, 1941; Trouillot,

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1998).18 O olhar crítico de Williams nos é útil na compreensão dos contatos e da aproximação de Ramos com os antropólogos e a antropologia norte-americana. É possível que sua viagem, ainda como um projeto, tenha sido vislumbrada como desdobramento das experiências que outros intelectuais brasileiros contemporâneos tiveram nos Estados Unidos. Porém, o que Ramos imaginou sacralizar, como motivo que deflagrou os contatos profissionais e pessoais que mobilizou para esse fim, foi a autoridade que julgava galgar em torno dos então chamados estudos afro-brasileiros e a singular posição política do Brasil nesse contexto intelectual. É justamente na confluência dessas duas dimensões que seus trajetos de viagem podem ser entendidos.

M E M O R A B I L I A : A V I AG E M L E M B R A D A

As primeiras manifestações de suas intenções da viagem datam de 1936 quando o então pouco conhecido dr. Ramos gozava das críticas favoráveis que seu livro O negro brasileiro, publicado em 1934, havia suscitado na imprensa e nos meios intelectuais locais. Pelo Brasil passava, então, em missão especial mas também para estreitar os laços de amizade com alguns intelectuais brasileiros, Lewis Hanke – historiador e responsável pela criação do Committee of Latin American Studies na Universidade de Harvard. Hanke dava continuidade a um pioneiro e ambicioso projeto: coletar bibliografia e convidar intelectuais latino-americanos para contribuírem para a edição do Handbook of Latin American Studies de 1937. Aqui estava também como divulgador da nova política cultural que os Estados Unidos selaram através de um acordo com alguns representantes de países latino-americanos em 1936 num encontro em Buenos Aires. Graças ao financiamento do Departamento de Estado, da American Council of Learned Societies, de fundações como a Rockefeller, Guggenheim, Ford e ao apoio de algumas universidades americanas, uma forma particular de viagem – o intercâmbio cultural – fora inventada de maneira a reimaginar velhas fronteiras.19 No entreguerra, a América Latina, vista como um território suscetível ao avanço do nazifascismo, seria reconfigurada dentro das fronteiras geopolíticas norteamericanas. Os discursos e textos publicados nos documentos do Departamento de Estado norte-americano são muito claros no desejo de reconstruir uma história de (boa) vizinhança pan-americana dentro dos seus jardins (Gilbert, 1998; Salvatore, 1998). Esses artefatos – boletins, ofícios, projetos, relatórios, cartas de recomendação, expedição de passagens, concessão de vistos e passaportes – são peças arqueológicas que comprovam a existência de novos viajantes modernos e,

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cada vez mais, especializados. Ao mesmo tempo constituem os primeiros sinais da descoberta oficial de que a América era objeto de desejo não só de imigrantes europeus, mas de populações então chamadas hispânicas. Esse contexto consiste numa rede de envolvimentos e projetos de caráter pessoal e institucional muito extensa – e que ganham uma conotação específica com a deflagração da guerra na Europa – e não há espaço para abordá-lo em toda sua complexidade nesse texto (Micelli, 1990; Gilbert, 1998; Salvatore, 1998). Todavia, é preciso ressaltar alguns pontos que demonstram sua relevância para a compreensão do quadro político no qual a viagem de Ramos deve ser enfocada. Através desses programas, no início dos anos 1940, Louis Price-Mars (Haiti), Fernando Romero (Peru), Aguirre Beltran (México), e os brasileiros Érico Veríssimo, Sérgio Buarque de Holanda, Dante de Laytano, Ruy Coelho, Octávio da Costa Eduardo, René Ribeiro e Gilberto Freyre, entre outros, viajaram aos Estados Unidos com recursos de instituições educacionais e governamentais norte-americanas. Pelo seu caráter oficial, a institucionalização das viagens de “intercâmbio cultural” como parte da política norte-americana para a América Latina e o Caribe produz uma intensa e crescente circulação de intelectuais norte-americanos em instituições de ensino superior nos Estados Unidos durante toda a década de 1940. É dessa forma que sua referência aparece num comentário que Elsie Clews Parsons faz a Herskovits quando da passagem de Ramos e do folclorista peruano Fernando Romero pelos Estados Unidos em março de 1941 – homens “enviados pelo Departamento de Estado”.20 “Intercâmbio”, “troca” e cultural exchange. Termos pouco definidos, mas categorias poderosas, no sentido de realçar intenções aparentemente movidas por interesses exclusivamente intelectuais, que levaram tais viajantes a cruzarem fronteiras com outras lentes. É nesse contexto que o dr. Ramos, por volta de 1937, envia seu projeto para a Fundação Rockefeller e, logo depois, para a John Simon Guggenheim Memorial Foundation. Na sua primeira tentativa, Ramos não teve sucesso. A posição vacilante do Brasil com relação ao Eixo deixou seus intelectuais de fora dos primeiros grupos de professores e estudantes latino-americanos que foram enviados aos Estados Unidos. Na segunda tentativa, porém, uma rede de contatos que fizera ainda no Brasil se transformou num auxílio poderoso a seu favor. Em 1938, depois de explicitar seu interesse numa bolsa que o levasse a Northwestern University, onde estava Melville J. Herskovits, ou para a University of Chicago, onde estavam Robert E. Park e Robert Redfield, Ramos conclui de forma entusiasmada a justificativa de seu intento: “O meu desejo mais ardente é aproximar cada vez mais o Brasil da América do Norte, o que podemos fazer no setor universitário.” Essa afirmação aparece em carta enviada por Ramos a Melville Herskovits.21

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Relações de reciprocidade redirecionaram parte substancial dessas rotas e conduziram os projetos dos viajantes. A viagem de Park ao Brasil em 1937, por exemplo, reafirmou o interesse do sociólogo da Universidade de Chicago em incluir o Brasil como foco de atenção dos seus seminários sobre cultura e contato racial. Para isso, tinha ao lado seu aluno Donald Pierson, responsável em ciceroneá-lo e apresentá-lo a intelectuais brasileiros. O contato entre Robert E. Park e Ramos foi viabilizado por Donald Pierson. Em carta a Ramos, Pierson incluía a viagem de Park ao Brasil dentro da política de “intercâmbio cultural”: “Concordo plenamente consigo em dizer que o Brasil e a América do Norte deve ser aumentado. Tenho desejo sincero de contribuir como posso a este fim. Em mez (sic) de julho meu grande mestre, dr. Robert E. Park, estudioso profundo em matérias de sociologia, especialmente a respeito de questões de raça. Eu lhe dei o seu endereço, pedindo que o visitasse quando ele chegar ao Rio.”22 Anterior a esses encontros, todavia, o envolvimento e a sintonia que havia estabelecido com os temas investigados por Melville Herskovits reconduziram as viagens e os trajetos de Ramos nos Estados Unidos. Embora manifestasse o desejo de “freqüentar os seminários” de Park, em Chicago, e de Herskovits, em Northwestern, sua escolha foi determinada por outras injunções que o levariam primeiramente a Baton Rouge – para a Louisiana State University (LSU).23 Paralelo a toda negociação em torno do pedido de bolsa de Ramos a várias fundações norte-americanas, T. Lynn Smith, responsável pelo Departamento de Sociologia Rural da LSU e envolvido em projetos devotados à sociologia rural no Brasil, apoiado por subsídios do Departamento de Estado norte-americano, o convidara para ministrar cursos sobre race and race relations em Baton Rouge.24 Mas não só contatos estritamente oficiais levaram Ramos aos Estados Unidos. Considerar esse aspecto, apesar da pouca ênfase que Ramos deu a essas relações, é de extrema importância para entendermos a economia política dos percursos que fez nos Estados Unidos. Ainda assim, a natureza dos contatos de caráter pessoal deve ser matizada e não necessariamente oposta aos primeiros. Desde 1936, Ramos vinha mantendo um estreito contato por meio de cartas com um professor de literatura e história latino-americana da Universidade de Puerto Rico, chamado Richard Pattee. As viagens e os interesses que levaram esse obscuro personagem a realizar uma verdadeira peregrinação por alguns países americanos, ainda antes de assumir um posto no Bureau of Latin American Republics dentro do próprio Departamento de Estado, demonstram como projetos políticos e intelectuais se realimentaram nesse contexto. Pattee foi exemplo de um viajante especializado que, a partir de 1935, se lança – num primeiro momento sem apoio institucional – em um percurso transnacional em busca do que chamava estudos

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sobre as coisas africanas na América. O fato é que os pontos de inscrição dessas viagens passam, pouco a pouco, a caracterizar um trajeto e, por conseguinte, um mapa muito específico. É via a intervenção de Pattee que o nome de Ramos se firma como uma autoridade brasileira em estudos afro-brasileiros fora do Brasil. Foi Pattee quem promoveu o contato de Ramos com algumas instituições afro-americanas nos EUA: como a National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), o Journal of Negro History, e o Journal of Negro Education.25 Ao mesmo tempo em que Ramos era sondado por Lewis Hanke para integrar o Handbook of Latin American Studies em 1936, W. E. B. Du Bois – nessa época já em Atlanta University – escrevia a Ramos convidando-o para participar da Encyclopedia of Negro.26 Dois anos depois, por intervenção de Pattee, Ramos entra em negociação com o historiador Carter G. Woodson – editor do Journal of Negro History –, interessado em publicar O negro brasileiro em inglês. Seria este o primeiro livro sobre o tema escrito por autor latino-americano publicado nos Estados Unidos. Entretanto, seus leitores deveriam ser apresentados a uma realidade totalmente desconhecida e o projeto envolveria a alteração de algumas partes da edição brasileira. Em 1938, o tradutor, Pattee, escreveria a Ramos, sugerindo a adição de um capítulo sobre culinária baiana: “Não é coisa indispensável, mas penso que daria uma idéia ainda mais completa de um aspecto curioso da vida negra no Brasil.” Ramos não só escreveu um capítulo sobre culinária como subtraiu partes indecifráveis da sua edição original. Na sua definição, o livro “não tem interesse antropológico, sendo apenas um modesto aperçu para conhecimento do leitor médio norte-americano, tal como pediram os editores”.27 Mas, ao cruzar fronteiras, mesmo seguindo direções previamente orientadas, as idéias já não mais pertencem aos seus “donos”: circulam, tornam-se objeto de comparação, deslocam-se do contexto em que foram produzidas (Clifford, 1983; Gordon, 1990). Esses antecedentes nos ajudam a perceber que não só pessoas cruzam fronteiras, mas suas idéias, emolduradas em suportes variados – como o livro, o artigo publicado, o nome citado, a resenha referida – são poderosos instrumentos de projeção e transposição dos autores para fora dos limites nos quais sua criação foi concebida. Cartas de recomendação, apresentação, contato, oferecimento, livros, artigos, resenhas, bilhetes e cartões transpuseram os oceanos e produziram interessante diálogo. Ramos tinha uma estratégia muito especial em promovê-los e talvez, na análise do elenco de seus interlocutores e preferências, possamos esboçar os antecedentes dos seus planos de viagem. Tinha o hábito de enviar seus livros a destacados intelectuais no campo da psicologia e das ciências sociais. Lévy-Bruhl respondeu-lhe cordialmente, Boas e Freud, entretanto, lamentaram-se da falta de

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habilidade com o português. Essas cartas, todavia, transformadas em poderosos artefatos de validação da carreira de Ramos, seriam objeto da referência de uma de suas poucas biografias, na qual Ramos seria não só referenciado como um intelectual conhecido, mas, sobretudo, reconhecido por personagens ilustres. Também não é à toa que durante uma determinada gestão do setor da Biblioteca Nacional, que hoje abriga a Coleção de Ramos, sua correspondência tenha sido objeto de uma reorganização envolvendo a tradução de cartas em língua estrangeira ou ilegíveis, na qual a relevância atribuída a determinados interlocutores deixou de fora conversas, contatos e diálogos importantes para compreendermos um complexo sistema de atribuição de prestígio, autoridade e valor no campo intelectual. As viagens nem sempre começam quando e onde os viajantes afirmam ter sido o seu início. Falar sobre a viagem, ou narrá-la sob a forma de um texto, é uma forma de inventá-la como um trajeto que deve ter começo e fim. Lévi-Strauss tratou de forma poética e inocente suas hesitações em torno do que seria o início da experiência de deslocamento e, ao mesmo tempo, o “fim das viagens”: o momento de transformá-la em narrativa etnográfica. Justamente quando gozava uma situação de transição – a bordo do navio que rumava em direção aos trópicos –, refletia sobre a oportunidade de certos encontros fortuitos, ainda não emoldurados no clima e contexto da pesquisa de campo. “(...) o espírito etnográfico ainda me era tão alheio que eu não pensava em aproveitar essas ocasiões. Desde então, aprendi o quanto esses breves relances de uma cidade, de uma região ou de uma cultura exercitam utilmente a atenção e, por vezes, permitem inclusive – devido à intensa concentração que se faz necessária pelo instante tão curto de que dispomos – apreender certas propriedades do objeto que poderiam, em outras circunstâncias, manter-se escondidas por muito tempo. Outros espetáculos me atraíam mais e, com a ingenuidade de um novato, eu observava apaixonado, no convés deserto, esses cataclismos sobrenaturais (...) se encontrasse uma linguagem para fixar essas aparências a um só tempo instáveis e rebeldes a qualquer esforço de descrição, se me fosse dado comunicar a outro as fases e as articulações de um acontecimento no entanto único e que jamais se reproduziria nos mesmos termos, então, parecia-me, eu teria de uma só vez atingido os arcanos da minha profissão: não haveria experiência estranha ou peculiar a que a pesquisa etnográfica me expusesse e cujo sentido e alcance eu não pudesse um dia fazer com que todos captassem” (1996 (155): 60).

Ramos e sua esposa, Luísa, deixaram pistas de uma certa presunção quanto a um poder ilimitado de descrição. As marcas da viagem – delicadamente docu-

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mentada na constante atenção às suas marcas mais indeléveis – estão por toda parte. É que a viagem à América – sob a forma de um projeto em constante elaboração – começara antes. Nas cartas enviadas, nas referências comparativas de seus artigos a temas como “escravidão” e “raça” nos Estados Unidos e no Brasil, e na sua atitude favorável a uma política de “intercâmbio cultural” que projetava o império para as bordas de seus velhos, mas reconsiderados, súditos, desde meados dos anos 1930. A viagem, chegada, recepção, e passagem de Ramos por várias cidades norte-americanas foram singularmente descritas. Do porto do Rio de Janeiro, o navio que levara Ramos e d. Luísa aos Estados Unidos chegaria a New Orleans no final do ano de 1940. A partir de então, Ramos parece ter vestido a “ jaqueta de antropólogo” (McClintock, 1995), passando a observar e a escrever sobre o que via. Ramos inicia as primeiras observações e descrições sobre sua viagem. Mas, ao contrário de Lévi-Strauss, que em Tristes trópicos (1955; 1996), retomara suas notas de bordo para explicar e dar sentido ao seu sentimento de exílio, decepção e fadiga da civilização, Ramos deixou marcas, sinais triunfais dessa transposição de fronteiras políticas e culturais tão importantes para a atividade que desempenhava num mundo ameaçado pela guerra. Ao contrário do antropólogo francês, para o qual a alusão ao “Velho Mundo” pode ser vista como um recurso estilístico de forma a produzir uma mediação e preparação do leitor para um cenário cultural radicalmente diverso, as menções que Ramos faria ao que ficou para trás – o Brasil e os brasileiros – acompanhariam todas as referências e observações que fez, sob a forma de notas e cartas, de sua viagem. A partir de agosto de 1940, a coluna Movimento Cultural, escrita por Ramos para o jornal Diretrizes –, editado pelo jornalista Samuel Wainer –, passa a ser o espaço de divulgação de sua “correspondência” – nas palavras dos editores, “uma correspondência especial sobre assuntos culturais e sobre aspectos sociais da vida norte-americana”.28 Mas as primeiras impressões sobre a viagem, Ramos as escreve do Delmondo, que compara a uma “universidade em trânsito”: cheio de white middle class, estudantes dos colleges americanos e professoras de high schools que o enchem de perguntas sobre o Brasil. Ramos parece exultar de sua condição ímpar: um professor brasileiro rumo à civilização. O último dia no Brasil, a convite de Diégues Júnior, é na pacata Vitória de 1940. De forma nostálgica avista “gente metida em roupa branca de linho engomado”, namoro de portão, conversa na farmácia, procissão, bilhares cheios e matinês de cinema. De volta ao navio, apelidado de “antecâmara da América”, personagens mais cosmopolitas invertem a cena. A figura de um missionário que conhece toda a literatura cristã que vai de “Maritain a Tristão de Ataíde” o instiga a iniciar de pronto suas observações sobre a gente de uma terra na qual ainda não aportara. Longe do Brasil e perto

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de um território desconhecido, o antropólogo se vê observando um precursor mítico da curiosidade e imaginação antropológica. O missionário-observador já estivera nos Mares do Sul, Java, Nova Zelândia, e entre os maoris. Aos domingos, entretanto, incorporava o severo pregador que reunia toda gente a bordo em torno das suas preleções matinais. “É a única alusão à guerra”, que Ramos diz ouvir de seu “amigo”. De fato, o também professor de teologia parece ser o seu mais freqüente interlocutor, e é a vocação missionária, e não uma arguta capacidade de observação, o que parecia irmaná-los.29 Na mesma série de impressões sobre a “experiência americana”, Ramos detalhava seus objetivos e os compromissos, suscitados já nas suas referências à espantosa ignorância dos turistas que partilhavam com ele as manhãs ensolaradas no navio. Seus planos para a Louisiana State University eram ministrar dois cursos. Um sobre raças e culturas do Brasil, incluindo aspectos “da cultura, raça e antropologia física e cultural do índio, do europeu e do negro”; e outro, um seminário sobre as relações de raça. Para os leitores brasileiros prometia ainda mais: “Debateremos nesse setor as nossas experiências – a norte-americana e a brasileira –, especialmente no tratamento concedido às massas negras e índias das respectivas populações.”30 Como missionário e tradutor, seu papel era dirimir incompreensões e explicar um desconhecido Brasil “entre círculos intelectuais”. Ramos tingia seus projetos com outras intenções de caráter fortemente nacionalista.31 Estava em seus planos comparar a “situação do negro” nos dois contextos. Já em Baton Rouge, todas as primeiras impressões sobre a viagem, o encontro com o Mississípi e o porto de Nova Orleans parecem dar lugar a uma certa hesitação. E nesse ponto não é meu propósito recuperar, mas tão-somente imaginar os percalços e as experiências que teriam levado Ramos a privilegiar (ou a reduzir) suas impressões sobre o sul dos Estados Unidos a uma insistente referência comparativa ao Brasil. Esses comentários pontuam, de forma insistente, tanto os relatos de viagem quanto as notas que pretendeu etnográficas, dispersas por várias partes de sua coleção. Aos leitores de sua coluna, assegurava: não se descuidaria daquela que talvez fosse sua missão principal – divulgar a “filosofia” das raças existentes no Brasil: “(...) temos que ensinar também. Ensinar uma técnica de vida que é caracteristicamente nossa. A técnica das relações humanas. A técnica da conduta social. A técnica da real democracia que transcende as injunções deste ou daquele período histórico (…) O estudo direto do negro no Deep South me proporcionará elementos de cotejo com idênticos problemas no Brasil – em seus aspectos antropológico, sociológico, psicológico etc. Direi lá o resultado da nossa experiência – que

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eu creio a mais humana, a mais científica de todas as experiências já tentadas neste vasto problema das relações e contatos de raça”.32

Esse propósito é detalhado no paper intitulado Acculturation among the Brazilian Negroes (1941), escrito por Ramos no fim de 1940 para ser apresentado na reunião anual da American Anthropological Association (AAA), em painel organizado por Herskovits. Contudo, diante da impossibilidade de conseguir recursos para a viagem até Filadélfia, Ramos não compareceu à reunião onde foi representado por Herskovits, a quem escreveria explicando seus propósitos: “Escrevi o pequeno artigo às pressas, apenas para dar uma idéia do processo de aculturação entre os negros do Brasil. Contudo, se o senhor quiser, pode publicá-lo em qualquer revista que julgar conveniente.”33 Possibilidades de pesquisas comparativas no sul foram repetidamente sugeridas pelos seus missivistas, entre eles, aqueles responsáveis pelos apoios que garantiram a concessão da bolsa que o levou à Louisiana State University. Destacaria Melville Herskovits e Richard Pattee. Em carta a Ramos em setembro de 1940, Herskovits afirmava: “Você vai gostar da Louisiana, onde encontrará muitas coisas que lhe irão interessar tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Espero que tenha oportunidade de fazer algum trabalho sobre os negros da região; com a preparação que você tem, estes estudos certamente alcançarão excelente resultado.”34

Certamente Ramos não via tudo o que observava. Ou talvez não quisesse transformar em observação tudo que os outros queriam que ele não só visse, mas comparasse. De todo modo, em uma de suas primeiras “cartas” publicadas em Diretrizes, Ramos tornou público seu desejo de transformar a região em objeto de pesquisa comparativa: “Meu campo de atuação é o Vale do Mississípi (…) me proporcionará elementos de cotejo com idênticos problemas no Brasil.” Em carta a Herskovits, escrita um mês após sua chegada a Baton Rouge, declarava estar gostando “imenso da LSU”: “Não só os estudantes como (os) professores estão muito interessados por tudo quanto tenho dito sobre os problemas de raças e de culturas no Brasil. Tenho aproveitado as horas vagas para estudar e observar a vida do negro nas plantações da Louisiana e em outros atos da sua vida social, do ponto de vista antropológico e sociológico, e será excelente trocarmos depois nossas impressões.”35 Mas, apesar de ter escrito alguns artigos sobre a sua presença no sul, era o Brasil e os brasileiros que pareciam ser objeto da visão, e não da observação, de Ramos. Mas será que os antropólogos – na posição

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de viajantes especializados – teriam necessariamente que descrever tudo o que viam, ou, mesmo, será que teriam tal poder de arguta observação? Mencionei rapidamente que Ramos viajara aos EUA num contexto de guerra. Essa referência não é um mero detalhe. A mobilização e o engajamento de intelectuais em esforços de guerra de diversos matizes redefine os parâmetros do debate sobre o papel da antropologia. Mais do que isso, como nos mostrou Amy Kaplan (1993) para o caso norte-americano, tanto os debates quanto as interpretações e narrativas produzidas sobre a guerra – desde a Guerra Civil – estão eivados de construções e projetos de nação. Não só nos textos que, dos Estados Unidos, Ramos envia para serem publicados em sua coluna no jornal Diretrizes, mas, sobretudo, nos convites que recebe de universidades americanas, percebese a interligação de dois temas: “democracia” e “raça”. Seu entendimento, porém, deve estar conectado a todo um contexto no qual discursos semelhantes se sobrepõem, embora dirigidos a questões e preocupações diversas. O ambiente intelectual americano, suas associações de classe, publicações e investimentos – como nos mostrou George W. Stocking Jr. –, vive alguns dos “medos” da guerra intensamente e, é claro, por motivos diferentes. Algo, porém, parece tornar grande parte desses movimentos reativos em um uníssono: a idéia de que os ideais democráticos da América deveriam ser expandidos como uma espécie de antídoto contra o avanço do nazifacismo. Esse ideal levou antropólogos a integrarem-se em esforços de guerra, outra modalidade de viagem onde a guerra e os “povos” se misturavam em cadernos de campo e dossiês enviados ao Departamento de Estado norte-americano. A preocupação em produzir uma antropologia aplicada ao contexto de guerra não foi, obviamente, uma preocupação exclusiva de Ramos. Melville Herskovits, na sua importante e extensa rede de contatos com intelectuais caribenhos e latino-americanos, explicitou claramente sua preocupação não só com a posição do governo mas, também, com a dos intelectuais brasileiros: “Acredito que a ativa participação do Brasil na guerra, algo que foi cordialmente bem recebido neste país, não faça muita diferença no seu planejamento para o Departamento. De qualquer forma, é confortante saber que os nossos governos estão utilizando toda a capacidade profissional dos antropólogos nesse momento (…).”36

A América Latina, nesse contexto, é vista como um frágil território. O Brasil, um exemplo pouco conhecido de como raças poderiam viver em harmonia. Mas aqui e ali o fantasma racialista pairava sobre os céus abaixo da linha do equador.

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Esse medo produziu estranhas alianças, ao menos no plano do discurso. Liberais e representantes do governo norte-americano e partidos e intelectuais de esquerda no Brasil espantavam-se diante da propaganda danosa que a organização de milícias nacionalistas ou organizadas “sob o ponto de vista da raça” produziam no país. Em 1943, em artigo chamado Hitler contra Zumbi, Jorge Amado, referindo-se a um suposto plano de Hitler contra negros na África do Sul e na América do Sul, citava as preocupações de Arthur Ramos no sentido de chamar atenção para o florescimento de idéias “fora de lugar”: “Foi necessário que medrasse aqui a semente no capim-verde do integralismo, para que os preconceitos raciais viessem à tona num país como o nosso de forte miscigenação.” É interessante notar que, para Ramos, as experiências de militância antifascista no Brasil não pareciam credenciais para que análises sobre a guerra e a expansão do racismo fossem, em outros contextos, explicitadas da mesma forma. Embora acreditasse que a antropologia devesse ser utilizada como instrumento da pregação de “valores democráticos”, o analista que dela fazia uso deveria confrontar-se com os fantasmas do etnocentrismo. Refletindo sobre suas experiências em movimentos similares patrocinados nos EUA por intelectuais, políticos e industriais liberais, Ramos parecia enxergar limites numa ação integrada: “Agora que me encontro no tempo e no espaço das discussões em que tomei parte, verifico como é possível extirpar aquele defeito de atitude que os antropólogos chamam de ‘etnocentrismo’, como é difícil deixar de querer impor aos outros os conceitos que nos acostumamos a julgar como sendo os melhores. Não podemos discutir os problemas da futura paz, sem antes destruir o que estava errado neste velho mundo, sem destruir as coisas más que levam os homens à guerra, sem entrar na guerra para destruir a guerra” (Ramos apud Gusmão 1974: 55).

T E R R A E S T R A N G E I R A : V I AG E M E N O S TA LG I A

As notas de viagens de Ramos por terras norte-americanas não estão isentas de decepção e, de certa maneira, do que Renato Rosaldo ironicamente chamou de “nostalgia imperialista” (1989). Isso porque algumas imagens povoam seus escritos com notável insistência. Ramos se vê decepcionado em não encontrar os steamboats dos livros de Mark Twain às margens do Mississípi. O advento do trem estava sepultando a tradição. A bordo de um teatro flutuante estilizado, a decepção aumentaria e imagens coloniais vinham colorir, sem cessar, suas impressões:

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“Não é a poesia do rio que nos espera: é a bárbara e monumental sinfonia do óleo que nos penetra os sentidos, quando entramos pelo backyard da América (…) a mecanização agrícola está destruindo aos poucos a tradição do rio. O trem de ferro matou o steamboat (…) entrei numa dessas excursões e nada vi, além de um conjunto de swing, uísque com Coca-Cola e Seven Up (…) não ouvi as risadas de Huckberry Finn nem o barulho da banda de Giddeon. Old Man River! Onde estão os teus negros cantando nas plantações de Louisiana? (…) O velho negro Carey das plantações de St. Francisville e outros negros das old plantations ao norte de Baton Rouge – de Oakley a Live Oak me contam no seu quase ininteligível gumbo, a história das migrações que despovoaram o Mississípi. Perseguidos e maltratados, os negros vivem a vagar de um ponto a outro, à busca de melhores pousos. Eu vi as suas casinhas de madeira, desde a foz do rio, desde os pequenos aglomerados de pescadores até as little towns dos bayous da Louisiana. Nunca uma família está completa. Há sempre o rapaz que foi embora, a procura de melhores dias, longe, muito longe do velho mar.”37

Mas essas imagens literárias e cinematográficas estão longe de restringirem-se à América. Por meio de referências que aludem simultaneamente ao cenário da plantation no Sul americano e dos engenhos no Nordeste brasileiro, Ramos produz uma singular cartografia cujos pontos de inscrição aludem ao passado. Na apresentação de Introdução à antropologia brasileira – as culturas negras (1943), Renato de Mendonça observa que Ramos “procurou seguir os ensinamentos do método histórico-cultural, corrigindo assim os equívocos do método evolucionista puro e fugindo a todo ‘sociologismo romântico’ do negro” (1943:10).38 Mais do que orientar um método, a história nos escritos de Ramos comporta um modo de se referir e um estilo de narrar diferenças sociais. As opções metodológicas de Ramos põem em relevo essa leitura, e seu arquivo as reorganiza, por meio de um enfoque personalizante: a história-cronologia da vida pessoal-profissional do autor dota de sentido e, tal como legendas, explica a presença de outros objetos ali contidos. Mas não é qualquer consciência histórica que povoa seus escritos e arquivo. É sobretudo uma história cujo desenho está irremediavelmente cerrado num passado distante, cuja memória é impossível. Cabe ao antropólogo explorá-lo. Ramos parece seduzido com uma incontrolável profusão de informações sobre “origens”, “transplantações”, “retenções” e resquícios da viagem-escravização. Em seu arquivo encontramos inúmeros documentos relacionados à escravidão, em grande parte, enviados ao autor por amigos influentes que trabalhavam em cartórios de diferentes cidades brasileiras. Cartas de alforria, cessão/doação de escravos e relatos de fuga juntam-se a “entrevistas” com ex-escravos e fotografias

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de instrumentos de tortura. Como outros autores com os quais esteve afinado, Ramos buscou encerrar os sinais da história (tendo a escravidão como metonímia) nas amarras da “tradição”. Sem dúvida um arranjo civilizatório, e sobretudo moderno, fundado numa perspectiva humanista, científica e nacionalista (Palmié, 2002). A inclusão de certo elemento no conjunto classificatório que define os limites da “tradição” e da “modernidade” é uma operação necessária antes que sua adequada historicidade seja então atribuída. Embora as marcas da “tradição” estivessem por toda parte, a operação de identificação carece de destreza e habilidade. O conhecimento da “história” – na sua vertente “pátria” esboçada nos manuais e nos clássicos do século XIX – não é suficiente. Como observou Renato de Mendonça, o “sentimentalismo” não seduz Ramos. O que o antropólogo parece buscar são marcas de uma história contida nos hábitos, na cultura e nos corpos. Sua perspectiva historicista constrói-se na própria prática de observação e pesquisa. Mas há momentos em que um olhar seduzido pelo que se acredita configurar os limites da “tradição” pode ser observado. Assim, não é por acaso que ele nos remete de volta ao tema da viagem. Duas fotografias guardadas num álbum de Ramos registram a fase em que ele e familiares estiveram envolvidos na busca de informações sobre os xangôs alagoanos. Entre outras imagens não identificadas, duas fotos chamam atenção. Na volta à sua terra natal no início dos anos 1930, Ramos visitou diversas localidades da região litorânea do estado, entre elas, Mocambo.

Esposa e irmãs de Arthur Ramos no litoral de Alagoas: em 1930, o antropólogo visitou a localidade de Mocambo em busca de informações sobre xangôs alagoanos.

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As fotos desse retorno nostálgico às origens foram também concebidas como uma espécie singular de pesquisa de campo. A visita a Mocambo é partilhada por sua mulher e irmãs que se colocam frente às imagens de palhoças rústicas. A familiaridade com os cenários nativos, por um momento, parece suspensa. O observador coloca-se estrategicamente à distância, o suficiente para ensaiar uma posição de estranhamento. Dali pode redescobrir o familiar. Ao mesmo tempo, essas fotografias poderiam estar compondo álbuns familiares. Talvez, sob a forma de cópias, registrassem as lembranças dos reencontros de d. Luísa e os familiares de Ramos na sua volta a Alagoas. Contudo, na Coleção de Ramos repousam junto a outras imagens indefectivelmente marcadas pelas três dimensões que Lévi-Strauss apontou como definidoras das viagens/deslocamentos: traduzem um olhar nostálgico e retrospectivo a um passado não vivido mas imaginado, a um espaço social diverso, exótico e não familiar ao observador, e, por fim, retratam personagens transformados em objetos de uma apreciação especializada. Não são cenas furtivas de um cenário que envolve um evento que se quis perpetuar. As personagens fotografadas desnudam seus fotógrafos: antropólogos distantes, patrões e parentes próximos. É nesse conjunto que repousam as fotos das distintas senhoras da família Ramos em seu passeio pela localidade de Mocambo.

Outra fotografia documentando a visita de Arthur Ramos e familiares a Alagoas em 1930.

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Otinha, a dedicada coletora de música, línguas, lendas e estórias de vida de pretos freqüentadores dos xangôs de Pilar e autora da carta transformada em epígrafe com a qual iniciei esse texto, misturava seus informes etnográficos a notícias familiares que enviava a Ramos. Entre 1937 e 1939, várias foram as cartas endereçadas a Ramos contendo referências aos percalços enfrentados pela não treinada pesquisadora, às voltas com pais-de-santo e velhos pretos, relutantes em ceder aos seus artifícios de sedução. Como sugere a epígrafe, àquela época Otinha devotara toda sua atenção ao sargento Padre Nosso e a outras personagens locais, “descobertos” graças à fama então alcançada pelo ilustre filho da terra, Arthur Ramos. O médico tornara-se referência assídua dos jornais alagoanos e seu prestígio local seria reforçado pela reconhecida autoridade do antropólogo especialista nas “coisas africanas”. “Na sexta-feira P. N. (sargento Padre Nosso) esteve aqui e me disse que quando fosse lá não deixasse de levar O negro brasileiro porque este livro serviria de bilhete de entrada. Disse mais, que, quando veio aqui pela primeira vez, se eu não tivesse lido aqueles trabalhos seus, não teria arranjado coisa alguma. Falando sobre o preto de que lhe mandei o retrato, disse que ele entende da presente coisa, mas não está com as faculdades mentais perfeitas (...) tenho notado que eles querem se aproveitar de mim, querem que eu consiga licença para a seita funcionar sem interrupção (...) perguntei a Padre Nosso se tinham algum livro que ensinasse todas as palavras de nossa língua para o africano. Disse que não e que o velho babalorixá é que ensina muita coisa. Quero ver se consigo agradar o velho e apanhar um bocado de coisas. Se você tem alguma coisa que deseja saber, será bom dizer, porque assim será mais fácil para mim. Ou melhor, escreva, dizendo o que deseja que eu consiga do velho babalorixá.”39

Mas o caso é que a obstinada Otinha se via açodada por outras forças muito mais poderosas, com as quais aprendera a lidar. Num tom de denúncia, relatava atos criminosos de policiais locais e tráfico de influência. Em vez de mantidos no Instituto Médico-Legal do Estado, os objetos de culto apreendidos nos terreiros alagoanos eram vendidos e enviados para “instituições e pessoas de outros estados”. Mesmo assim, Otinha não se descuidava de suas obrigações, ao contar a Ramos como atendera aos assédios dos praticantes da seita e como convencera o delegado local a relaxar suas incursões policiais aos terreiros nos dias em que lá estava a observar e colher informações para Ramos.40 As informações concedidas por Padre Nosso, um ou outro objeto salvo do desterro e as cartas de Otinha – evidentemente destituídas de referências à economia doméstica que orientou

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e possibilitou as trocas, a coleta e a descrição das “coisas africanas” no Brasil – repousam dispersos em várias instituições que abrigam o espólio intelectual de Arthur Ramos. Ramos incorporou pedaços de coleções familiares à sua, de maneira a formar um único acervo de objetos pessoais e etnográficos, posteriormente abrigados em arquivos e coleções bioprofissionais. Sua biblioteca foi dispersada entre as divisões de Obras Gerais e de Periódicos da Biblioteca Nacional e a Biblioteca Marina de Vasconcellos, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (antiga Faculdade Nacional de Filosofia), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua Coleção de Documentos mantida pela Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, desenhos de crianças, cartas de suicidas, santinhos, poesias e cantigas já não constituem souvenirs de um devotado colecionador. A inserção desses artefatos na coleção obedece a outras lógicas – cronológicas e qualitativas –, distinguindo-se do critério que parece ter orientado prática semelhante por parte do pai e irmão do antropólogo. Houve uma transmutação de valores, expectativas, projetos de ordenamento, reordenação e classificação de diferentes conjuntos de documentos agora subsumidos num único e autobiográfico conjunto. Inspirando-se nas análises de Michel Foucault e Michel de Certeau, Philippe Artières utiliza a expressão “arquivos do eu” para qualificar práticas de coleta, arquivamento e classificação marcadas por uma espécie de “intenção autobiográfica” (Artières, 1998: 11). “Um indivíduo bem ajustado deve classificar os seus papéis: deve, a qualquer momento, estar apto para apresentar um inventário deles: seu curriculum vitae. O que é um curriculum vitae senão um inventário dos nossos arquivos domésticos? (...) Num curriculum a lacuna é banida, é sinônimo de um vazio, de um período sem escrita. Devemos, portanto, manter os nossos arquivos com cuidado; não apenas não perder os nossos papéis, mas também provar que eles estão bem classificados. Eles devem revelar uma coerência condizente com a norma” (Artières, 1998: 13). No caso de Ramos, é revelador percebermos como o esforço de produção de seu curriculum vitae, por volta de 1944 e 1945, imprime uma lógica classificatória singular à forma pela qual seus papéis estão dispostos na sua coleção. Mais importante do que a dimensão autobiográfica é a operação de contaminação simbólica que faz com que biografia e etnografia mantenham uma intensa, ainda que perturbadora, sintonia. Os objetos que Ramos amealhou ao longo de sua trajetória profissional expõem marcas – da experiência, do contato e das práticas de pesquisa/observação de campo. Tal como as práticas do kula, descritas por Malinowski, são a circulação e a utilização que têm conferido a esses objetos/documentos significados e ordens de valor distintos. Ainda assim, sua preservação para um uso futuro sugere um projeto de consagração, sendo lentamente cons-

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truído por Ramos, na tarefa diária de organização de sua coleção. Ao mencionar a noção de contaminação, coloquei em relevo o caráter relacional do processo de produção de valor do arquivo pessoal de um intelectual como Ramos. Essa dimensão, todavia, não lhe é exclusiva. A relação entre o autor/colecionador e o objeto se insere no que Ulpiano T. Bezerra de Meneses chama de “presença multiforme”, uma vez que as “idiossincrasias ficam materialmente assinaladas” (Meneses, 1991: 83). Arthur Ramos transformou parte relevante de suas experiências profissionais em espaço privilegiado de observação; assim, seu arquivo pode ser um lugar interessante para observar as práticas que ele próprio entendeu ser de natureza etnográfica (Gupta & Ferguson, 1997).41 Das salas de consulta, necropsia e atendimento dos hospitais, institutos médico-legais, escolas e clínicas por onde passou, Ramos colheu fragmentos como materiais de pesquisa e foi a partir deles que produziu seus primeiros trabalhos sob o carimbo da antropologia. Apresentando-se ao recém-chegado Roger Bastide, o próprio Ramos reconhecia esse contato como sendo aquele que o credenciara em suas pesquisas etnológicas: “(…) foi em virtude de minha profissão de clínico e médico-legista que me pus em contacto com os negros da Bahia e outros grupos populares (…) em cultura. Interessei-me inicialmente pelo estudo das manifestações psicofisiológicas de certos fenômenos religiosos de negros, principalmente o chamado ‘estado de santo’, estudo que se constituiu em um dos capítulos de O negro brasileiro. Posteriormente alarguei o campo das minhas pesquisas estendendo-me aos estudos das sobrevivências culturais em (…) do negro no Brasil: folclore, sociologia, antropologia cultural, história social (…)”.42

Dessa primeira fase de sua carreira para o conjunto de notas de campo sobre as “macumbas cariocas” – material que Ramos não teve tempo de analisar e publicar –, algo mudou. Essa alteração, por sua vez, não se limita à percepção que o próprio Ramos obstinadamente intentou imprimir de sua própria trajetória intelectual.43 Desde o início dos anos 40, Ramos parecia vestir o uniforme da disciplina e produzir deslocamentos teóricos relevantes em suas análises sobre o que chamava “culturas afro-brasileiras”. Do seu Notas de ethnologia (1932) à Introdução à antropologia brasileira (1943) e Poblaciones del Brasil (1945), reflexões inspiradas em Freud e Lévy-Bruhl deram lugar a proposições em torno das relações entre “raça” e “cultura”, baseadas em Franz Boas e Melville Herskovits. Em obituários e notas biográficas, vários são os autores contemporâneos de Ramos que reconhecem e identificam os sinais de alguma forma de transformação – seja no foco de

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atenção ou na abordagem metodológica empregada nesses estudos (Costa Pinto, 1951; Shaden, 1951; Baldus et al., 1950; Bastide, 1951). Se a conversão do médico em antropólogo foi de fato relevante para os desdobramentos que as pesquisas sobre essa temática tiveram no interior da disciplina, é difícil dimensionar. Essa dificuldade está diretamente ligada ao lugar conferido a Ramos nas análises históricas sobre a disciplina. Apesar de ter investido na institucionalização da antropologia no Brasil e a despeito de ter-se manifestado publicamente contra a perspectiva racialista de uma primeira geração de antropólogos, sua imagem, trajetória e carreira ficariam para sempre marcadas pela sua filiação e reverência às idéias do médico Raimundo Nina Rodrigues (Baldus et al., 1950; Corrêa, 1998; Duarte, 1997; Stolcke, 1998). Arthur Ramos foi banido do panteão de autores que marcam a recente história da disciplina no país como um dos principais representantes da sua part maudite. Seus livros, artigos e idéias viraram um exemplo não do que devemos ler para conhecer e perceber criticamente o surgimento da antropologia no país, mas do que devemos esquecer para inventarmos uma particular narrativa histórica acerca dos seus precursores, instituições e envolvimentos. A lenta mas perceptível conversão de Ramos a um ingênuo, mas historicamente relevante, culturalismo mostrou-se incapaz de redimi-lo da pecha de um médico travestido de antropólogo.44 Nas muitas histórias da nossa curta tradição disciplinar, outros médicos transformados em antropólogos foram protegidos de tal banimento. Certamente, respostas para essas indagações devem ser fruto de outras reflexões e, entre elas, análises que se dediquem a pensar sobre os desdobramentos que a disciplina teve no país, no final dos anos 1940 e início dos 50. Como mostraram George W. Stocking (1982; 1983a; 1983b), James Clifford (1986; 1994) e Verena Stolcke (1992) – em textos devotados a discussões distintas –, a escolha de “pais fundadores”, “iniciadores”, “precursores”, em projetos de história da antropologia em vários contextos, tem sido objeto de embates que não se restringem à discussão interna relativa aos limites da disciplina, mas incluem a imagem que os antropólogos querem projetar de si próprios dentro de uma narrativa histórica. Em vez de redimi-lo dessa posição subalterna e inexpressiva, análises sobre essas questões nos permitiriam ter um quadro muito mais complexo e interessante sobre as políticas de sacralização no campo intelectual, onde a historicidade de narrativas em torno de idéias de poder e influência apareceriam conectadas aos seus contextos de enunciação e circulação. As preocupações de Arthur Ramos em torno da institucionalização de uma antropologia brasileira já no início dos anos 1940 foi, em grande parte, resultado de uma perspectiva “aplicada” da disciplina, esboçada nos seus escritos de via-

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gem em terras norte-americanas. Em Guerra e relações de raça (1946), por exemplo, a antropologia é chamada ao debate de maneira explícita. E ao fazê-lo Ramos não se furta em reconhecer seus abusos. Entretanto, ao mencionar a difusão das teorias racialistas entre os intelectuais brasileiros no início do século, e sua posterior refutação, refere-se apenas a processos de “ampliação” conceitual e não a alterações de caráter qualitativo, na medida em que a sociedade ainda era incapaz de resolver grande parte das questões propostas pela ciência: “A noção estreita de raça foi ampliada com as de etnias e culturas” (1943: 19). A verdadeira transformação, segundo Ramos, seria de outra ordem. Isto é, menos os conceitos mas a própria disciplina deveria debruçar-se sobre outros temas cujas “soluções” seriam mais prementes. A “antropologia aplicada”, para Ramos, não mais se encarregaria de ser o braço científico do colonialismo entre os povos “ditos primitivos”, mas equalizaria o caráter autoritário que caracterizou a disciplina nos seus primórdios. Tal tarefa consistiria em responder às questões prementes das nações, como os revivalismos racistas e os enquistamentos étnicos. Estavam ali os dilemas que se antepunham à formação das nações. No que diz respeito ao Brasil, ao mencionar as fronteiras e espaços que careceriam de técnicos, especialização e “gente qualificada”, enumeraria os serviços de migração de trabalhadores para a Amazônia, o Serviço de Proteção aos Índios e o Serviço de Colonização. Seriam essas tarefas impostas pelo necessário processo de assimilação. O racismo – decorrência inexorável da disseminação das teorias racialistas – passaria a ser, ele próprio, objeto de atenção da antropologia. Como diria Ramos, resultado de um processo de “europeização do mundo”, o racismo consistia num reflexo das imposições e do caráter autoritário dessas formulações. O projeto de Brasil, que sua geração vislumbrara, vestira definitivamente os brasileiros com o manto da “cultura” – o outro nome da diferença. No terreno dos debates sobre democracia, os EUA dos anos 1940 não eram propriamente o paraíso. Como mostrei na seção anterior, sobre isso Ramos preferiu manter o silêncio, ainda que seus interlocutores lhe pedissem comentários e até pesquisas sobre a “situação dos negros no Sul”. Ramos, ao contrário, referiu-se vagamente a aspectos ligados ao “folclore negro na Louisiana” para abordar o “problema das raças” no Brasil. Ramos passou alguns meses de sua estada nos EUA numa típica cidade do Sul sob o Jim Crow, entretanto não mencionou a existência de linchamentos, high schools e colleges segregados (Cade, 1947; Kunkel, 1959). Nem assinalou a permanente tensão racial em Chicago, a timidez dos campi liberais e supostamente dessegregados nas cidades do Norte. Curiosamente, essas referências, ainda que cifradas, vêm de seus interlocutores mais inusitados,

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como, por exemplo, nas confidências de um funcionário do Departamento de Estado norte-americano e de uma ex-aluna da LSU. Depois de ter ido a Baton Rouge em 1940 sondar um convite para lecionar na LSU e lá ter conhecido pessoalmente Arthur Ramos, Richard Pattee explicara por que declinara a oferta: “Tenho decidido por razões que expus a sua consideração, não aceitar o generoso convite da Louisiana State University. Creio sinceramente que podere(i) fazer mais nas minhas investigações e estudos aqui e provavelmente o ambiente lá não favoreceria tanto o desenvolvimento de um programa amplo de estudos ibero-americanos. Tenho muito medo do Sul, especialmente (d)a insistência sobre a divisão de cor. Pode ser que seja um erro, mas, depois da minha última visita, parece-me que não é possível aspirar fazer um trabalho sério acadêmico.” Essa constatação apareceria ao lado de um pedido. Pattee desejava saber do próprio Ramos suas impressões sobre a LSU e Baton Rouge. A julgar pelas cartas reunidas a sua coleção, Ramos parece ter preferido o silêncio quanto às suas impressões sobre o ambiente intelectual e o contexto racial em Baton Rouge.45 Suas descrições são memórias mediadas por imagens de experiências que não viveu. Inserem-se num discurso nostálgico, propositadamente encerrado em fronteiras muito claras de um outro tempo, reconstruído na sua memória de viajante. Em 1942, na mesma coluna no jornal Diretrizes, publicava notas quase geográficas das paisagens por onde andara, como que se eximindo de conclusões e apreciações definitivas sobre o que se esperava que tivesse observado: “É quase impossível transmitir uma visão de conjunto sobre os Estados Unidos, principalmente para quem viveu, como eu, em zonas muito diversas. Há o Sul agrário, cheio de tradições e preconceitos; e este, por sua vez, se subdivide em várias zonas...”46

Por fim, o leitor pode observar que estes textos não são estritamente etnográficos e pretenderam, tão-somente, reportar a viagem, as descobertas e os percalços de um professor brasileiro na América. Entretanto, se compararmos seus propósitos com os de outros textos nos quais uma espécie de antropologia aplicada ao combate anti-racista é entremeada às discussões teóricas, material etnográfico e discurso nacionalista, vamos perceber que os canais de veiculação pouco interferem no estilo e teor daqueles publicados em jornais. Esse trânsito ou, como diz Micaela di Leonardo, essa “simbiose” entre um público especializado e outro, não iniciado, também caracterizou a produção, circulação e popularização da antropologia norte-americana no mesmo período (1993: 148). Como para outros autores de sua geração, a antropologia para Ramos era um artifício retórico e um instrumento científico de reforma social.

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M E M E N TO : A A N T RO P O LO G I A M I N I M A D O D R . R A M O S ( E MISS SUE) “Somente agora soube que uma preta que esteve aqui empregada uma porção de tempo é da religião africana – sendo ‘filha do velho’, como diz o Preto Pinheiro, filha de Oxalufan”47

Entre os vários pedaços de papéis – sob a forma de cartões, folhetos, fotografias, lembretes e recortes de jornais – que povoam a Coleção de Ramos, um, em especial, foi alvo da minha atenção. Em 1948, numa famosa revista de entretenimento, Lasinha de C. Brito publicava uma série de fotos emolduradas por um longo texto sobre o que chamava “o problema da criadagem”.48 Sem exceção, fotos recheadas de mulheres mestiças e negras pretendiam revelar a incautas patroas o que poderia se esconder sob a face de devotadas empregadas domésticas. Em vez do interior das cozinhas, as imagens retratavam um universo aparentemente desconhecido dos leitores da Fon-Fon. À noite, depois de penoso dia de trabalho, essas personagens cruzavam recônditos arredores da cidade rumo às gafieiras, quadras de samba e terreiros de macumba, em busca de prazeres exóticos. A matéria parecia desvendar segredos de uma cidade desconhecida cuja compreensão não mais se limitava a especialistas dos campos médico, jurídico e policial. As imagens erotizadas de criadas em roupas justas, cabelo em desalinho e faces de puro êxtase, expunham uma população cujos hábitos e cultura deveriam agora posicionar-se frente à lente de observadores mais especializados (Abu-Lughod, 1991). Ramos, de volta da sua missão e viagem aos Estados Unidos, havia-se encarregado de tarefas como as de conhecer, traduzir e explicar os sinais dessa estranheza, revelada tanto nos corpos quanto na cultura. Seus interlocutores, a partir de então, estavam mais próximos. A partir de meados da década de 1940, passou a encarregar-se dessas tarefas de forma mais direta: tomou os empregados do edifício em que morava no Rio de Janeiro – no então elitizado bairro do Leme – como porta de acesso a esse universo, transformando-os em informantes e nativos de uma curiosa etnografia. Nesse caso, as notas de Ramos sobre macumba, nas quais se encontram as referências a Guilhermina e Eulina, embora não de forma explícita, revelam de que maneira Ramos tomara a visão privilegiada do Edifício Tupi como ponto de partida para a desnaturalização do que não mais era concebido como patológico ou exótico, mas brasileiro. Sua compreensão carecia de um olhar diferenciado. Ainda assim, Ramos parece insinuar que as fronteiras dessa identidade deveriam ser reveladas por meio de processos psicanalíticos semelhantes aos que parecia ter abandonado ao retornar ao país, em

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1941, para dedicar-se quase que exclusivamente às suas aulas na Universidade do Brasil e à organização da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia.49 O lugar ocupado por essa reportagem nos papéis de Ramos suscita dúvidas quanto à lógica que permitiu sua inclusão junto a outros conjuntos de registros. Uma reflexão sobre a natureza desses materiais se mostra uma alternativa interessante para concluirmos nossa interpretação sobre o lugar da viagem e da pesquisa de campo na sua trajetória intelectual. Os artefatos transformados em troféus, quase souvenirs de um professor brasileiro em Baton Rouge, expõem um intrigante silêncio. Trabalhos de curso, retratos, cartões-postais e cartas de alunos revelam uma curiosa intimidade. Impassível diante de alguns tímidos comentários sobre a segregação no Sul, Ramos constrói um Brasil harmonioso, sem história ou passado. A plantation é cenário hollywoodiano, suas personagens, Uncle Toms mumificados, não têm voz. Ramos silencia a todos. Seus alunos são familiarizados não só com o brazilian way of life, mas com outras utilidades da antropologia.50 Para Sue Elkin, aluna de Ramos, a presença do professor brasileiro em Louisiana mudara suas impressões sobre a disciplina. Depois da passagem de Ramos, dr. Fravot, membro do General Education Board, o substituíra ministrando aulas sobre race relations. Sue não parecia muito otimista: “Não estou querendo com isto subestimar o sr. Fravot. Eu realmente o acho muito agradável, muito sincero. Mas tive que agüentar certo tipo de coisa… às vezes, ainda piores que as do tipo: ‘os negros têm alma’? Coisas desse tipo. E é claro que essas tépidas discussões prejudicavam o estudo sério.” Curiosamente, essas cartas sugerem que as pesquisas da jovem sulina inspiraram Ramos na construção de alguns quadros comparativos, utilizados em seus escritos posteriores sobre religiosidade dos negros no Novo Mundo. Sue trocou com Ramos expectativas em torno da profissionalização em antropologia e demonstrou interesse em, por meio de Ramos, aproximar-se de Herskovits. Esses comentários emolduravam as histórias que contava sobre suas primeiras experiências de campo inspiradas, dizia ela, nas suas aulas com Ramos na LSU. Suas primeiras viagens ao Deep South, o temor de seu marido de que as leituras dos livros de Zora Neale Hurston e seus interesses a transformassem numa “negra” e, principalmente, os medos que atormentavam sua cozinheira Cissie, a qual, tal como Eulina – a lavadeira de Ramos –, acreditava que fantasmas acompanhavam os vivos. Esse misto de hesitação e interesse foram objetos do diálogo entre Sue e Ramos. Foi exatamente nesse período que Ramos iniciou sua etnografia mais doméstica. Talvez Eulina e Cissie tivessem algo em comum: tinham antropólogos como patrões.51 É possível que tanto Eulina quanto Cissie incorporassem uma primitividade em vias de desaparecimento no coração da nação. E, nesse

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ponto, Arthur Ramos compartilha com outros autores que trabalharam com os temas afro-americanos, nos anos 1930 e 1940, um mesmo olhar sensivelmente direcionado à detecção da diferença cultural, cujos contornos são fortemente marcados por representações de “raça”e gênero. Essa sinalização é, por exemplo, ressaltada na pesquisa de Donald Pierson, na Bahia, entre 1934 e 1937 (1942). Ruth Landes, embora operando com pressupostos distintos, realça as fronteiras desses dois domínios e os lugares que ocupam na vida cotidiana dos terreiros de candomblé (1947 (2002); Cole, 1994, 1995; Corrêa, 2000). Edward Franklin Frazier, por sua vez, entrevista mulheres jovens, moradoras dos arredores do Gantois entre 1940 e 1941. Nas suas notas de campo, é o contato com as mulheres e as suas interpretações sobre experiências conjugais e familiares que lhe fornecem subsídios para o seu tenso diálogo com Melville Herskovits (1943). No caminho de volta ao Brasil, Ramos ensaiou um diário de bordo. Tentava lembrar-se do que chamava misunderstandings on Brazil: sua localização imprecisa, o fato da sua capital situar-se em Buenos Aires e dos brasileiros falarem espanhol. Também rascunhou pequenas notas sobre personagens e lugares sulinos: Mr. Ducan, Sue, Baton Rouge e suas visões sobre um rio parecido com o São Francisco – o Mississípi. Estranho mapa, dr. Ramos. No mesmo ano publicaria um texto gestado e maturado em terra estrangeira: The Scientific Basis of Pan Americanism (1941). Ramos acreditava ser necessário investir em explicações e fundamentos científicos, no que então imaginava explícito unicamente através de um “sentimento” ou de “laços políticos”: o pan-americanismo. Por vezes aludido como sinônimo de “culturas americanas”, o pan-americanismo seria mais do que uma ideologia e teria, a seu ver, uma interpretação histórica e cultural a ser investigada. “Existe uma cultura do Novo Mundo, existe um ‘americanismo’ que vai além do significado político.” Similares, “configuração física”, “pré-história”, “história” e “sombra negra” (shadow of negro, p. 31) perpassariam as três Américas, caracterizando-as como uma única área cultural. Por essa via seria possível entender as proximidades que ele encontrara entre o Mississípi e (o São Francisco) o rio Paraíba: “O negro foi trazido para as Américas para suprir a força de trabalho escravo nos campos e minas. A presença dele constitui um daqueles denominadores comuns que dá uniformidade às culturas americanas. O escravo negro no vale do Mississípi é o mesmo negro escravo do vale do rio Paraíba. A mesma voz, as mesmas canções, a mesma fisionomia e a mesma história” (1941b: 31).

Sua cartografia generosa teria implicações futuras. A possibilidade dos arredores do Edifício Tupi serem compreendidos como uma microrregião de um território

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histórico e, principalmente, cultural muito mais abrangente. A caminho de casa, a bordo do Degerando, Ramos testava sua memória e capacidade de viajante especializado. “Vamos ver se me lembro de mais alguma coisa.” De fato, Ramos lembrara. Num outro pequeno pedaço de papel que encontrei junto a essas pequenas “anotações de bordo”, provocações. O tom é de sarcasmo, mas também de triunfo. Embora não tenha feito as observações que prometera, a viagem transformara a sua carreira. Como viajante, tinha também alterado as rotas das pesquisas e, por conseguinte, os conhecimentos por elas produzidos. Talvez o seu papel fosse mais próximo ao dos missionários. Ramos ensinou, explicou e interpretou o Brasil para um estranho grupo de nativos do Norte. “Aqui, na universidade, a rapaziada está certa de que a ‘señorita’ Miranda é Argentina (…) no velho sul cheio de preconceitos, tive a liberdade de discutir livremente a situação racial do Brasil, as nossas tradições de tolerância racial e religiosa. Eles viram que muita coisa sua democracia tem a aprender com a nossa.”52

Intentou conversão, conquistou interesse. Mas como todo manual de línguas exige muita criatividade, Ramos o elaborou inspirado num sentimento quase religioso – o seu profundo nacionalismo. “Onde está aquele grupo de abnegados que queria iniciar no Brasil, os ‘trabalhos de campo’, promover viagens culturais de pesquisa e outras coisas sem importância? Mestre Afrânio Peixoto, do alto da sua serenidade, não se conteve e lançou há dias um brado angustioso, por todos nós que temos frio, que estamos no escuro, que queremos fazer alguma coisa pela cultura do Brasil, e apenas tateamos nas trevas.”

Talvez não seja relevante discutirmos se de fato a “viagem de Ramos” possa ser entendida stricto sensu como tendo sido uma “experiência etnográfica”. Porém, o fato de que na sua interpretação e na maneira pela qual as marcas desse percurso foram sacralizadas em seu arquivo nos permite indagar até que ponto as linhas tênues que separam as “viagens” da “pesquisa de campo” não são objeto de uma negociação intensa, principalmente no que diz respeito à produção de memória sobre uma carreira profissional. Ao concebermos a viagem de Ramos como um tipo singular de deslocamento, podemos vislumbrar outros significados conferidos a noções como distância e diferença cultural em sua obra e, sobretudo, perscrutar nos papéis e na montagem de sua coleção, quando e como a viagem inscreve-se “simultaneamente no espaço, no tempo e na hierarquia social” (Lévi-Strauss 1996 (1955) 60).

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De volta ao Rio de Janeiro, Ramos pôs em ação o olhar de viajante e sua suposta capacidade ilimitada de observação. Mas as distâncias já não eram as mesmas. A guerra e seus impactos no Brasil e no mundo arrefeceram-lhe o desejo de regular moral e culturalmente a nação. Ainda assim, das primeiras experiências, restaram vestígios. Os sujeitos e os objetos que povoaram as cartas de Otinha entre 1937 e 1939, os dossiês médicos e criminais, os laudos clínicos reapareceriam travestidos e transformados. Os focos de sua atenção encontravam-se inusitadamente próximos. As viagens agora indicavam movimentos locais. Não implicavam a descoberta de sinais de alteridade radicalmente diversos e sua etnografia prescindia de um deslocamento espacial significativo. Eram os brasileiros, e não somente os negros, que protagonizavam, sedutores, a cena nacional. Era esse o cenário que clamava pela observação especializada. Brasileiros diversos culturalmente. Ainda assim, o tropo viagem-distância parece persistir. Esses gestos mínimos, naturalizados e produtores de fronteiras culturais reificadas, não fariam da antropologia à brasileira algo menor. Sérgio Cardoso nos chama atenção para as implicações da valorização da noção de distância como um perigoso pressuposto. “Ao indicar a distância com sua marca distintiva, nos confina em um terreno em que os litígios parecem insolúveis, e qualquer acordo, impossível (...) ora, próximo, diríamos, é o que está perto, nas cercanias; sua acepção coerente indica vizinhança e imediação. Assim, podemos observar que a palavra (proximidade) sugere um certo horizonte de inclusão e envolvimeno, que confina cada elemento assinalado e os que lhe estão próximos, no interior de um mesmo campo, nos limites de um certo espaço que contorna entre eles alguma comunicação e passagem, e demarca os “arredores” de cada um. Ou seja: esse atributo remete à configuração de um todo – ou, ao menos, ao contorno de um certo horizonte – que compreende os pontos envolvidos e possibilita sua apreensão simultânea, sem a qual parece impossível tal predicação” (1988: 352-3). Mariza Peirano explorou as implicações dessa insistente domesticidade que marca o processo de institucionalização da antropologia no Brasil (1981, 1998). Podemos imaginar como, na trajetória de Ramos, a viagem fora concebida como um rito de iniciação. Além de dotar de prestígio a sua carreira, o transformara de fato num antropólogo. No mesmo período em que Edward Franklin Frazier, Lorenzo D. Turner e Melville Herskovits seguiam para a Bahia em busca dos vestígios da África no Brasil, Ramos iniciava uma espécie de antropologia mínima em torno do edifício onde morava. Buscava os vestígios do que um dia chamou “sincretismo”, na festa da Penha, na Alvorada de São Jorge, no centro espírita kardecista e nas sessões ecléticas na casa da d. Zilá. Notas sucintas, informações biográficas e dados etnográficos misturam-se a recortes de jornais sobre espiritismo

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e umbanda nos subúrbios do Rio. A assustada Eulina era de Penafiel, Sta. Clara do Torrão. “Não conhece por lá N. S. da Penha e nunca foi à Penha. Seu Albino, porteiro do Edifício Tupi, é de Espozenda, no Minho. A mulher do seu Albino é do Porto. Seu Francisco, pai de Irene, era de Minas (...) D. Conceição, dona da casa onde mora Eulina, nossa lavadeira, é de Barcelos, Portugal. Não muito longe de Vila do Conde. Barcelos, vila de Braga, província do Minho (…).”53

De suas notas, ficamos sabendo por que a cozinheira Guilhermina, balançando a cabeça, reprovava a reação de Eulina, no dia que esta chegou afobada na casa do dr. Arthur. Ela também esteve metida com “essas coisas”, fato que o dr. Ramos sabia. Guilhermina andava mal. “Deixou de ir à macumba de Acari”, anotara Ramos. Mas Eulina explicara ao patrão os verdadeiros motivos do abandono: “Sua família (de Belford Roxo) é católica, ‘não gosta dessas coisas’ e ia ‘ficar pensando mal dela’. Conceição, sua prima por afinidade, costuma ir a essa macumba e já trouxe recado de lá perguntando por que Guilhermina não voltou mais.” A cozinheira tinha medo de olhar para trás. Acredito que os antropólogos não possam transformar tudo o que está a sua volta em objeto de valiosa observação. Vimos como Ramos não transformou tudo que via em foco de observação e por que suas observações não resultavam necessariamente daquilo que via. O fato é que, como Ramos, outros antropólogos brasileiros inventaram uma tradição doméstica de transformar em exótico parte do cenário em que estão envoltos. Cenário que descrevem de forma a ressaltar o contato e não o confronto. Isso, porém, não é um truque de prestidigitação. Não é qualquer olhar que se sujeita a esse tipo de transformação. Não é à toa que Ramos passa a observar, agora mais cauteloso, as personagens que povoam a cozinha de seu apartamento e, a partir delas, todo um universo religioso e cultural, que imagina sinalizar-lhe uma diferença irredutível e passível de observação, torna-se acessível. A transposição dos limites sociais que regulam as fronteiras do universo do observador e do seu – a partir de então, objetos privilegiados –, foi possível graças a outros silêncios, distâncias e hierarquias constitutivas da relação entre observadores e observados. Não quero dizer com isso que Ramos esteve sozinho nessa atividade contínua de estranhar o que lhe era hierárquica e socialmente diverso. Essa forma de acesso perpassa outros textos etnográficos sobre temáticas relativas à cor e “raça”, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil. Sua permanência e recorrência me instigam a concluir minha reflexão sobre as experiências de Ramos, de forma a relativizar

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as vicissitudes de sua prática e trajetória. As etnografias pioneiras de Hortense Powdermaker (1932-1934) e Ruth Landes (1938-1939), respectivamente no Sul dos Estados Unidos e em Salvador, fornecem indicações interessantes de como as estratégias de acesso, inclusão e integração de ambas nos ambientes da pesquisa não só foram precedidas, como beneficiadas, por relações de subordinação e subjetividade. Powdermaker e Landes situam seus primeiros contatos com negros nas cozinhas de suas casas. Referências como “nossa família tinha tido uma sucessão de ‘garotas’ negras, como as diaristas eram chamadas” – informação que avaliza a anterioridade dos contatos que Powdermaker travaria com os negros no sul –, e conversas entre Landes e “sua lavadeira”, em Salvador, são alusões cujos sentidos ultrapassam as fronteiras do texto (Powdermaker, 1966: 131; Landes, 1947). Sob o risco de um presentismo demasiado, chamaria atenção para o fato de que sua leitura nos permite aceder, ainda que de forma imaginativa, às esferas políticas da prática antropológica sob uma perspectiva histórica. Ainda assim, é preciso dizer, as práticas etnográficas nem sempre residem em relações de subordinação. As experiências das personagens-informante Graça e d. Maria, que figuram respectivamente nos textos de Donna Goldstein (1999) e John Burdick (1998), pretenderam colocar em relevo tais relações de subordinação, das quais nem sempre os antropólogos são meros e passivos observadores. Nos dois casos, as histórias envolvendo os “dois beijinhos” e o “copo d’água” – nas quais o narrador-etnógrafo não assiste ou interpreta, mas induz/produz relações de diferença e hierarquia – propiciam que a posição de observador seja invertida de forma a transformar a interpretação nativa em tecido e não retórica da análise. Essa é uma entre outras altenativas possíveis na compreensão da complexa arena de relações que se ocultam sob a observação e as atividades de descrição e interpretação. Olhando para a antropologia mínima que Arthur Ramos iniciou nos anos 1940, podemos imaginar a forma pela qual faxineiras, cozinheiras, porteiros e lavadeiras foram transformados em informantes. “Portas de acesso” para um território inexpugnável aos olhos de nossas elites intelectuais. Por intermédio desses informantes, Ramos saiu do Edifício Tupi. Em termos simbólicos, essa viagem implicou maior distância. Acari, Belford Roxo, Vila Isabel e Andaraí. Insólita geografia marcada por um exotismo que Ramos não encontrou em Baton Rouge. Diante dessas questões, é possível imaginar – por meio de uma narrativa coerente com os pontos de inscrição dessa experiência que o próprio Ramos abrigou em seu arquivo – o projeto acadêmico e a viagem, e de que modo suas impressões sobre a relação entre ambos foram transformadas numa particular etnografia. Em oposição ao volume de documentos referentes a sua experiência como professor na Louisiana State University, em Baton Rouge, contidos em sua coleção, pouco

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sabemos sobre as condições de suas incursões aos subúrbios cariocas e fazendas do interior fluminense. O mesmo não pode ser dito com relação a alguns dos informantes que propiciaram sua inserção nesses territórios situados para além das margens do Edifício Tupi. Algumas referências sobre sua cozinheira, lavadeira, familiares e amigos nos ajudam a misturar a nossa imaginação com aquelas que Ramos qualificou e adjetivou como sendo de natureza antropológica. Nesse ponto, ao contrário de imitar Ramos, que talvez tenha duvidado de que Eulina não estivesse de fato reconhecendo uma “queda de santo”, e o pai-de-santo, que se utilizava de uma vara de pinhão roxo para aferir a possibilidade de simulação, prefiro pensar na idéia de viagem concebida como uma experiência de observação, e interpretar sua relação com o que uma tradição disciplinar mais ortodoxa tem denominado “pesquisa de campo”, a partir dos sentidos que lhe foram atribuídos por Ramos quando da sua passagem pelos Estados Unidos entre 1940-1941. Dessa maneira podemos entender os seus deslocamentos pelos subúrbios cariocas nos anos subseqüentes. D O C U M E N TO S M A N U S C R I TO S

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N OTA S : 1 – Carta de Otinha, 5 fev. 1937. Coleção Arthur Ramos/Biblioteca Nacional (agora em diante CAR/BN, seguido da referência/localização na coleção). “Garapa” é o nome dado à substância adocicada, feita de caldo de cana-de-açúcar ou frutas. No seu sentido figurado, “coisa boa ou fácil de se conseguir ou certa (no NE ou no S, quando se quer exprimir essa facilidade ou certeza na obtenção de uma coisa desejada, diz-se: É aquela garapa!)”. Verbete “garapa” in FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, 1ª ed., p. 674. 2 – RAMOS, A. Notas sobre macumba (1948), manuscrito, 13 p., CAR/BN, 38, 2, 26. 3 – Vale a pena notar que essa preocupação mais abrangente guiou parcela relevante da geração dos antropólogos brasileiros que, já nos anos 70, passam a observar rituais e cultos afrobrasileiros como “sistemas culturais” através dos quais seria possível compreender, entre outras coisas, concepções de indivíduo e pessoa na sociedade brasileira. Entre outros, ver VELHO, Gilberto (1990); MAGGIE, Yvonne (2001 (1972)) e BIRMAN, Patrícia (1990). 4 – RAMOS, Arthur. Ed. Tupi, 18 out. 1942 (CAR/BN, manuscrito). 5 – TORGA, Miguel. Em Diário IX, 1949. Citado no verbete “anamnese”, in FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O dicionário da língua portuguesa, p. 92. 6 – Para o contexto brasileiro, ver o instigante estudo de VILHENA, Rodolfo (1997). 7 – Otinha. Pilar, 1 abr. 1937, CAR/BN (I-35, 36, 2810c). 8 – Carta de Édison Carneiro para A. Ramos, 4 jan. 1936, CAR/BN. 9 – Valdemar Ferreira dos Santos é um dos informantes que envia (ou permuta) informações sobre sua vida e sua relação com os candomblés baianos. Para uma visão mais acurada do relacionamento entre Édison Carneiro e Arthur Ramos, nada melhor do que a leitura das cartas enviadas por Édison a Ramos, publicadas em 1987 (Lima, 1987). Infelizmente, as cartas de Ramos não foram disponibilizadas nessa publicação e estão acessíveis somente na sua coleção. 10 – Docente da Faculdade de Medicina da Bahia e médico pediatra, Hosanah de Oliveira foi, segundo Arthur Ramos, com o próprio Ramos “confirmado” “ogã” no tradicional Terreiro do Gantois no início dos anos 1930 (ver RAMOS, 1951: 62-3). A influência de Hosanah também foi fundamental nas pesquisas e viagens de PIERSON, Donald (1935-6); LANDES, Ruth (1938-9); TURNER, Lorenzo D. (1940-1); FRAZIER, Franklin (1940-1); TANNEMBAUN, Frank (1937). 11 – Ramos publicou grande parte dos mais importantes livros sobre temas afro-brasileiros enquanto esteve à frente da Coleção Biblioteca de Divulgação Científica, da editora Civilização Brasileira, à época dirigida por Octales Marcondes Ferraz. Embora prestigiada e com grande divulgação em jornais e publicações afins, a coleção foi encerrada em 1939, devido à “pouca saída” de seus títulos e por não “bastar a si mesma”. Contrariado com o encerramento da coleção, Ramos argumentava que, de um total de 2.700 volumes publicados até 1939, um pouco mais da metade havia sido vendida. Carta de Octales M. Ferraz a Arthur Ramos, 7 maio 1939, CAR/BN. Entre 1934 e 1938 – até a publicação do livro de Manuel Querino – a coleção dirigida por Ramos já tinha editado 15 volumes sobre o tema. Entre esses, três volumes eram de sua própria autoria. Carta de Octales M. Ferraz, 24 jan. 1939, CAR/BN.

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12 – Em As culturas negras no Brasil (1936) – contribuição de Ramos ao ciclo de conferências sobre etnografia, organizado por Dinah Lévi-Strauss no Departamento Municipal de Cultura de São Paulo em 1936 – e As culturas negras no Novo Mundo (1937), Ramos explicita as bases do que chamei “conversão” (à antropologia) (Cunha, 1999). Nesses textos, suas leituras e correspondência com intelectuais norte-americanos e latino-americanos o influenciam na adoção da noção de “aculturação” nas análises sobre cultura e religiosidade negra nas Américas, sob uma perspectiva comparativa. 13 – Essa definição é claramente problemática. A natureza do que chamo material etnográfico não está estabelecida a priori. Entretanto, apresenta-se, quase sempre, em seu estado bruto ou, ainda, não foi objeto de uma reflexão mais acabada e conclusiva, presente nos artigos e livros que dela resulta. Por outro lado, parece conter reflexões inscritas e sujeitas a posteriori reinterpretação. 14 – Inspirado pelas análises de Ricouer, James Clifford sistematiza três formas distintas, mas profundamente interligadas, na produção de conhecimento antropológico que resultam do trabalho etnográfico (1990). A transcrição de um fenômeno vivenciado. 15 – Chamo atenção que essa releitura parece ter sido experimentada pelo próprio Ramos durante a confecção de seu curriculum vitae (1945) e coleta e organização de seu arquivo pessoal, bem como ressaltada em alguns trabalhos de autores contemporâneos que com ele conviveram. Num volume organizado em sua homenagem, o sociólogo L. A. Costa Pinto observa que essa transformação em sua obra não a isentou de problemas: “A viagem aos Estados Unidos permitira-lhe um contato mais estreito com os últimos progressos da antropologia americana, contrabalançando a influência em seu espírito dos culturalistas alemães; por outro lado, o seu psicologismo, os preconceitos antievolucionistas e um culturalismo de outro tipo arraigam-se mais profundamente no esquema conceitual com que laborava, o que nos ensejou, repetidas vezes, discrepâncias metodológicas muito sérias que debatemos de público mais de uma vez ...)” (1953). 16 – Há que se investigar como foram construídas as fronteiras que instituíram o campo em que Ramos investiu seu tempo e do qual foi expurgado após sua morte. 17 – Da mesma forma que os encontros que constituíram as experiências etnográficas de Melville Herskovits, William Bascom, Lorenzo D. Turner, Franklin Frazier, Ruth Landes, Robert E. Park e outros, em diversas regiões do Caribe e América Latina, é inegável o papel que as viagens de estudos, exílio, intercâmbio de Fernando Ortiz, Arthur Ramos, Rómulo Lachatañéré, Aguirre Beltran, Oracy Nogueira, Fernando Romero, Idelfonso Pareda Valdés, Louis Price-Mars, Eric Williams e outros aos Estados Unidos, Inglaterra e França, durante os anos 40, teve em seus respectivos trabalhos (Cunha, 2001). 18 – No mesmo momento em que Melville Herskovits capitaneava recursos de instituições privadas e do império americano para financiar pesquisas e intercâmbios intelectuais no Caribe e na América Latina, Eric Williams submetia à Julius Rosenwald Found. um projeto de pesquisa envolvendo a comparação da indústria do açúcar, ideologias de “raça” e capitalismo no Brasil e no Caribe. Embora aprovado, Williams repensou as rotas do seu projeto inicial, concentrando-se em alguns países caribenhos. Carta de Eric Williams a Melville Herskovits, 12 nov. 1940. Melville Herskovits Papers, Northwestern University Archives, Box 2 (de agora em diante, NWUA/MHP). 19 – Sobre o Handbook, ver SHELBY, Charnion (1951). Para seguir os passos dessa

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política de aproximação, ver, especialmente, os seguintes volumes do The Department of State Bulletin (DSB): Exchange of Professors and Students between the Unided States and the other American Republics, I (13): 289-291, 1939; Conference on Inter-American Relations in the field of Education, I (19): 464-5: 146, 1939; Inter-American Professor Exchange, II (41): 357-362, 1940; Exchange Professors and Students, III (61): 149, 1940. Em 1941, um total de 85 estudantes e professores de vários países latino-americanos desembarcavam no Santa Lucia, em Nova York, para participar de atividades promovidas pela University of South Carolina. Da Faculdade de Medicina de Havana viriam seis médicos como resultado de um convênio com a Cornell University Medical College. O Brasil enviaria um estudante de biblioteconomia à Louisiana State University, um de medicina à John Hopkins, um agrônomo para a University of Florida, um estudante de direito à University of Pennsylvania e uma estudante de educação para a University of Louisiana. Ver Travel Grants to Professors and Students, III (67), 5 out. 1940, p. 282. 20 – Carta de Elsie C. Parsons para Melville Herskovits, 20 mar. 1941, NWUA/MHP, Box 18. 21 – NU/MHP. Carta de Ramos para Melville Herskovits. 1 ago. 1940. Ramos viajou para os Estados Unidos graças ao salário oferecido pela Louisiana State University e 1/4 de bolsa de estudos, na época oferecida a bolsistas latino-americanos. Entretanto, antes mesmo de viajar, expressou publicamente sua simpatia pela política de “boa vizinhança” e escreveu sobre a situação racial norte-americana. Ver O negro nos Estados Unidos – Fatores de amizade entre as duas grandes pátrias americanas. Rio de Janeiro: Edições Diários de Notícias, 1939, pp. 323-26. 22 – NU/MHP, 30 maio 1938. Carta a Arthur Ramos. PIERSON, Donald, 11 maio 1937, CAR/BN. 23 – O interesse de Ramos em Chicago mantém-se mesmo após ter aceito o cargo de professor visitante na LSU e de deixar a cargo de M. Herskovits grande parte do seu roteiro de visitas a universidades norte-americanas. Carta de A. Ramos a R. Redfield, 10 ago., 1940, CAR/BN. Embora tenha ido a Chicago, Ramos nem se encontrou com Park – nessa época vivendo em Nashville como professor do Departamento de Ciências Sociais da Fisk University – nem com Redfield (que estava na Guatemala). Em carta a Park, Pierson lamentaria o forte vínculo de Ramos às idéias de Melville Herskovits. Carta de Donald Pierson a Robert E. Park, 26 jan. 1941. Robert Park Collection, Fisk University (de agora em diante REP/FU). 24 – Houve grande interesse do governo norte-americano em apoiar projetos envolvendo agricultura na América Latina e no Caribe. Melville Herskovits beneficiou-se indiretamente de recursos ao direcionar sua atenção aos camponeses negros no Haiti. Sobre Cartas de T. Lynn Smith para Arthur Ramos, respectivamente, 11 jul. 1939, 10 mar. 1939. CAR/BN. 25 – Pattee acabaria reiniciando um outro périplo, envolvendo deslocamentos nada aleatórios: por volta dos anos 1950 e já longe de suas funções no governo norte-americano, cruzava não só países africanos de língua portuguesa, mas a África do Sul, em busca de material para escrever livro sobre colonização portuguesa. 26 – Em carta a Rayford W. Logan, Ramos aceitou o convite de W. E. B. Du Bois. Carta, 5 set. 1936, CAR/BN.

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27 – Ver, respectivamente, CAR/BN (I-35, 16, 235), (I-35, 16, 212) e NU/MHP. Carta de Arthur Ramos para M. Herskovits, 20 jun. 1939. 28 – Um sábio brasileiro nas universidades americanas. Diretrizes, III (28): 29, 1940. 29 – Idem. Ramos data essa referência ao missionário como tendo sido finalizada em 12 set. 1940. 30 – Carta dos Estados Unidos – Antecâmara da América. Diretrizes, III (30): 10-12, 1940. Ver também Lições da Vida Americana (depoimento de Érico Veríssimo) e Carta dos Estados Unidos – América Portuguesa. Diretrizes, IV (40): 10. 31 – Em outro texto comparo e detalho a viagem de Ramos aos Estados Unidos à viagem do cubano Lachatañéré (Cunha, 2002). 32 – Idem. NU/MHP, ver correspondência entre A. Ramos e M. Herskovits, enviada entre setembro e novembro de 1940. 33 – Ver Um Sábio Brasileiro nas Universidades Americanas, Diretrizes, III (28): 30, 1940. Ver, também, carta de A. Ramos a M. Herskovits, 10 jan. 1941, NU/MHP. O texto foi publicado em periódico dos intelectuais negros norte-americanos, o Journal of Negro History (ver RAMOS, 1941). 34 – Tradução minha. NU/MHP, carta de Herskovits a Ramos, 8 set. 1940. 35 – NU/MHP, carta de A. Ramos para M. Herskovits, 12 out. 1940. 36 – MHP/NWU, carta de Melville Herskovits para Arthur Ramos, 30 set. 1942. 37 – Carta dos Estados Unidos – Old Man River. Diretrizes, (31): 49-51, nov., 1940, pp. 49-50. 38 – Essa expressão foi utilizada pelo próprio Ramos no prefácio de As culturas negras no Novo Mundo ((1937) 1979: xxi). 39 – Cartas de Otinha para A. Ramos, respectivamente, 12 mar. 1937 e 1 abr. 1937. CAR/BN (5, 36, 2018c). 40 – Sobre as práticas policiais na repressão aos cultos ver, por exemplo, a carta que Otinha envia a Ramos e esposa em 14 fev. 1937, CAR/BN (I-36, 9, 106). O termo seita é utilizado pela missivista. Ver cartas de Otinha para Ramos entre 1937 e 1938. 41 – O material reunido por Ramos e a esposa em sua coleção, em viagens pelo interior de Alagoas, e os documentos/artefatos enviados por amigos e admiradores caracterizam uma prática muito corriqueira utilizada pelos antropólogos brasileiros de sua geração. Entretanto, a lógica de inserção e indexação de parte substancial desse material sugere que se prestaram a validar e diferenciar as atividades do médico daquelas desempenhadas pelo antropólogo. Em Alagoas, seus familiares e amigos foram responsáveis pela alimentação constante do acervo. Numa pasta intitulada Etnografia Religiosa do Negro Brasileiro, que contém parte relevante do material utilizado na confecção de O negro brasileiro (1934), encontra-se parte do material colhido por Ramos e sua esposa em uma viagem de caráter familiar a Pilar (AL), cadernetas e anotações recolhidas por Manuel Ramos e por quem identificou apenas como “velha Gervásia”. CAR/BN, (I-36, 20). O próprio Ramos referiu-se a esse período de coleta como simultâneo ao da “conversão”: “Quando, há mais de um decênio, comecei a reunir na Bahia material de estudo sobre o negro (...) as pesquisas encetadas no recesso dos candomblés, a que me arrastou a profissão de médico-legista do Instituto Nina Rodrigues, não encontraram eco imediato.” Em nota correspondente ao trecho citado, Ramos observa: “Esse material deu origem aos seguintes trabalhos: Os horizontes míticos do negro na Bahia (1932); A possessão fetichista na Bahia (1932); O mito de Yemanjá (1932) (...) e a obra cíclica O negro brasileiro, com três volumes já publicados” (1979: xix).

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42 – Carta de A. Ramos a Roger Bastide, Rio de Janeiro, 1 ago. 1938, CAR/BN. 43 – Mariza Corrêa nos chama atenção para o fato de os primeiros escritos de Ramos sobre possessão incluírem críticas às concepções psicopatológicas do médico Nina Rodrigues, autor responsável por idéias às quais muitos autores de sua geração, e o próprio Ramos, se filiaram no final dos anos 1930. Mariza Corrêa observa ainda que essa mudança de orientação está profundamente relacionada a disputas regionais e à presença, e crescente prestígio, do pernambucano Gilberto Freyre no campo de estudos sobre a população afro-brasileira (1998: 280). 44 – Mais uma vez, é Mariza Corrêa quem sugere respostas ao que parece banimento: a filiação de Ramos e outros intelectuais (principalmente, baianos) a perspectivas médico-legais explicitadas por Nina Rodrigues. “Esta perspectiva”, conclui, “talvez explique por que seus trabalhos continuaram a ser citados por médicos psiquiatras e deixaram de ser mencionados depois da sua morte” (1998: 292). 45 – CAR/BN, carta de Richard Pattee a A. Ramos, 5 dez. 1940. Chamo atenção para o fato de essas referências, ainda que num tom e ênfase fortemente nacionalistas, terem sido publicadas em sua coluna no jornal Diretrizes. Para uma visão mais detalhada sobre esses artigos, ver CUNHA, 2002. 46 – Idem, p.51. 47 – Otinha, s. d. CAR/BN, (I-35, 36, 2810c). 48 – BRITO, Lasinha L. C. de C. O Problema da Criadagem. Fon-Fon, 20 nov. 1948, p. 1. Os recortes foram incluídos em pasta relativa aos documentos sobre macumba, intitulada Diversos. (CAR/BN, folder 38, 2, 32). 49 – À frente da Sbae, Ramos encabeça um manifesto dos antropólogos brasileiros dirigido ao governo, no qual colocavam-se “a serviço” da luta antifacista. “(...) Queremos oferecer ao governo do Brasil os nossos irrestritos serviços, os dos técnicos da antropologia e das ciências conexas ao trabalho da união e da defesa nacionais. Mais do que isso, porém, queremos oferecer a todo o mundo civilizado a nossa magnífica filosofia no tratamento das raças, com o maior protesto científico e humano e a maior arma espiritual contra as ameaças sombrias das concepções nazistas da vida, este estado psicológico de espírito que pretende envolver a humanidade numa espessa e irreparável atmosfera de luto.” Manifesto da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia apresentado em sessão extraordinária de 28 ago. 1942 (CAR/BN, 40, 2, 6). 50 – De volta ao Brasil, Ramos transformara-se numa espécie de embaixador cultural e de assuntos acadêmicos, divulgando de forma eficaz a política cultural norte-americana em palestras e arquivos. Em 1941, faz conferências na Associação Brasileira de Educação (A Antropologia Social nos Estados Unidos), na então recém-criada Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia (O Folclore Musical Negro Norte-Americano), no Instituto Brasil–Estados Unidos (A Vida Universitária nos Estados Unidos), e no Centro de Relações Internacionais (A Minha Experiência nas Universidades Americanas). 51 – CAR/BN, correspondência entre A. Ramos e Sue E. Elkin. 52 – Carta dos EUA – América Portuguesa. Diretrizes, IV (40): 10, 1940. 53 – Manuscrito, CAR/BN. Para uma discussão densa sobre a maneira pela qual as fronteiras entre religiões afro-brasileiras e catolicismo foram pensadas e demarcadas pelos antropólogos brasileiros, ver BIRMAN, 1995.

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U M A N A ² AO V I S TA

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Verena Stolcke Professora de Antropologia Social da Universidade Autônoma de Barcelona.

“Nós brasileiros – e o mesmo pode ser dito para outros povos americanos – pertencemos à América meramente em um nível novo e oscilante de nossa mente, enquanto pertencemos à Europa em todos os níveis estratificados. Tão logo adquirimos um mínimo de cultura, esta última domina sobre a primeira. Nossa imaginação não pode deixar de ser européia, ou seja, de ser humana...”( Nabuco, Joaquim. Minha formação, 1957, 1ª ed., 1890, pp. 46-7.) “A busca da África (nos estudos sobre o Negro no Brasil) resultou, a longo prazo, em algo muito pernicioso e preju-dicial para esses estudos. Como não poderia deixar de ser, pois partiram da premissa de que o Negro era um estrangeiro.” (Carneiro, Édison. Ladinos e crioulos, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964, pp. 103-18.)

Em sua 5ª Conferência Geral, celebrada em Florença, em 1950, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) decidiu patrocinar um projeto de pesquisa piloto no Brasil “sobre os problemas de diferentes raças e grupos étnicos vivendo em um ambiente social comum”.1 O projeto fazia parte das iniciativas cientí-ficas da Unesco, nascidas em conseqüência dos horrores resultantes da doutrina racial nazista e para exorcizar de uma vez por todas os demônios raciais.

* Este texto foi publicado originalmente na Revista de Cultura Brasileña, nº 1, março de 1998, editada pela Embaixada do Brasil na Espanha.

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Alfred Métraux, eminente antropólogo que acabou coordenando o projeto da Unesco, atribui a escolha do Brasil à “boa impressão que, em geral, as relações raciais no Brasil deixaram, durante anos, em viajantes e sociólogos, surpresos em encontrar atitudes tão diferentes daquelas observadas em outras partes do mundo”. De fato, o Brasil tem sido aclamado como um dos raros países que alcançou “democracia racial”. Esse “raro exemplo de relações raciais harmoniosas” havia, até então, recebido pouca atenção, apesar de que situações em que diferentes raças vivendo em harmonia poderiam exercer forte influência sobre questões raciais em geral.2 A imagem otimista do Brasil como “democracia racial” tem uma longa e controvertida história. Constitui forte herança de uma longa tradição de estudos comparativos da escravidão no Brasil em contraste com os Estados Unidos, reforçada nos anos 20 e 40 pelos trabalhos escritos por alguns proeminentes intelectuais brasileiros no contexto dos acalorados debates sobre a identidade do Brasil como nação. Com a abolição da escravatura e a proclamação da República, a presença africana e a ampla miscigenação no Brasil passaram a causar profundas apreensões entre as elites políticas e intelectuais a respeito da identidade nacional do país e seu status na comunidade internacional.3 Por volta dos anos 30, um grupo de jovens cientistas sociais começou a redefinir a influência negra na cultura brasileira e desenvolveu a imagem do Brasil como um paraíso racial no desejo de desafiar teorias anteriores catastróficas, segundo as quais a mistura racial condenava povos de diferentes raças à decadência física e moral.4 A escolha do Brasil pela Unesco como um laboratório privilegiado para investigação da questão racial não era dada como certa. Na Unesco, alguns pensavam que deveria ser dada prioridade a situações de genuína hostilidade racial e, dentro do Brasil, temia-se que um cuidadoso exame das relações raciais pudesse abrir uma “caixa de surpresas”, afetando a imagem tão querida de muitos políticos e intelectuais.5 Em casa de enforcado, não se fala de corda! O que Métraux conta esconde mais do que revela sobre as verdadeiras circunstâncias que induziram a Unesco a patrocinar a pesquisa sobre relações raciais no Brasil. Meu objetivo neste breve trabalho é o de resgatar a figura de Arthur Ramos, o quase esquecido antropólogo que desempenhou um papel central em colocar o Brasil na agenda da Unesco. No princípio, a visão e a agenda da Unesco estavam mais voltadas para o passado recente da guerra devastadora do que para o futuro. O objetivo era combater tensões internacionais, promovendo o entendimento e a cooperação entre as nações para garantir a paz mundial. As forças aliadas haviam derrotado o fascismo, mas o mundo que emergia estava profundamente estremecido, moral e in-

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telectualmente. A Unesco diagnosticava a guerra parcialmente como um estado de espírito. A tarefa da reconstrução democrática era, portanto, não apenas política e econômica, mas também moral e intelectual. O mundo dos vitoriosos precisava ser moralmente exonerado, restituindo a fé na natureza humana. Assim, para tornar a guerra moralmente impossível, a “ignorância e o preconceito” que fizeram possíveis as doutrinas nazistas de “desigualdade de homens e raças” precisavam ser erradicados.6 Esse era o mandato internacionalista da Unesco, a ser desempenhado por meio de programas educacionais e intercâm-bios culturais entre povos, concebidos para disseminar o respeito universal à jus-tiça, ao princípio da legalidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamen-tais para todos, “sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”.7 A ciência positiva iria fornecer o conhecimento apartidário necessário para desautorizar a ciência racista que fizera do nacionalismo agressivo a causa da guerra. No entanto, muito em breve os gélidos ventos da Guerra Fria anunciavam novas e profundas divisões político-ideológicas na ordem mundial do pós-guerra, que mudaram o ponto de vista da agenda da Unesco. Em 1948, a polarização do mundo em dois blocos hostis toma forma. A conquista de respectivas esferas de influência teve como um dos seus cenários os novos estados emergentes dos antigos impérios coloniais europeus. A confiança cosmopolita que a Unesco depositava no entendimento internacional foi fortemente abalada com o bloqueio soviético a Berlim, a dramática ponte aérea no inverno de 1948, e pela guerra da Coréia em 1950. Julian Huxley, seu então diretor-geral, foi forçado a admitir a “impossibilidade da Unesco tirar o coelho da paz política do chapéu cultural e científico”.8 Além disso, o racismo não havia desaparecido como se esforçava para demonstrar a União Soviética, escolhendo os Estados Unidos como alvo preferencial de suas críticas. “As idéias de desigualdade racial e nacional,” dizia o Pravda, em 1946, “encontram expressão concreta na política adotada por governos capitalistas com relação a povos colonizados ou dependentes e a minorias dentro de países metropolitanos”.9 Por volta de 1949, a Unesco percebeu que a segregação racial persistente nos Estados Unidos, o desafio da descolonização de “preconceitos ocidentais sobre os ‘outros’ colonizados” e a crescente preocupação com as leis de apartheid na África do Sul exigiam um esforço conjunto da parte de cientistas de todo o mundo para enfrentar o problema e eliminar o preconceito racial “em casa”. Foi nesse momento que a agenda internacionalista desta organização se voltou para um projeto nacional, buscando do outro lado do Atlântico uma fórmula que pudesse ajudar a superar um problema, “raça”, que se tinha originado na Europa. Conexões pessoais e intelectuais transatlânticas, relacionadas com o evento, facilitaram a formação de um programa concreto em meio à crescente tomada de cons-

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ciência da questão racial no seio da Unesco. O primeiro documento indicando futuras atividades a respeito nessa área, presumivelmente ela-borado por Otto Klineberg, um discípulo de Boas e crítico de primeira hora dos testes racistas de QI nos Estados Unidos,10 expressava especial interesse em estu-dar “experiências bem-sucedidas nas relações raciais”, em oposição a situações de aberta hostilidade racial. A ampliação da agenda científica desta organização coincidia com a transferência da autoridade executiva da Europa para a América Latina. Jaime Torres Bodet foi eleito, no final de 1948, para suceder Julian Huxley como diretor-geral. Torres Bodet pertencia a uma geração de proeminentes intelectuais e artistas mexicanos, os fundadores do modernismo mexicano. Tinha relações próximas com José Vasconcelos, o filósofo e político mais conhecido por sua influente obra La raza cósmica (1925), uma elegia à singular fecundidade da miscigenação nacional, representada numa escala continental. Contrariando as expectativas norte-americanas de que fosse mais suscetível a influências políticas do que seu antecessor, Torres Bodet pôs em marcha seu próprio plano particular de tornar a Unesco mais eficiente e de incrementar sua atenção para questões latino-americanas, promovendo a participação de intelectuais da região. Em uma decisão que teria conseqüências de longo alcance para o programa da Unesco sobre raça, em meados de 1949 Torres Bodet convidou o antropólogo brasileiro Arthur Ramos para chefiar o recém-criado Departamento de Ciências Sociais.11 A escolha de Ramos não foi por acaso, mas em função de uma complexa combinação de circunstâncias políticas e ideológicas, alinhamentos e conexões pessoais, tendo como pano de fundo as intensas confrontações sobre raça, cultura e identidade nacional no Brasil. Paulo E. de Berredo Carneiro, intelectual positivista de São Paulo e delegado permanente do Brasil no conselho diretor da Unesco, foi o principal responsável pela indicação de Ramos. Carneiro o conhecia bem e admirava o trabalho de Ramos sobre a cultura afro-brasileira por suas sólidas bases empíricas. Em uma de suas viagens entre o Brasil e Paris, Carneiro levou em sua bagagem os dois volumes da obra de Ramos Introdução à antropologia brasileira, que condensava e expandia suas pesquisas anteriores. Esse trabalho havia sido aclamado dentro e fora do Brasil pelo rigor científico de seu estudo comparativo das diversas culturas representadas na população brasileira e suas influências recíprocas.12 Em Paris, Carneiro mostrou o livro a Torres Bodet. Sem mais pensar, o diretor-geral convidou Ramos a integrar os quadros da Unesco e ficou muito contente quando, pouco depois, Ramos respondeu positivamente, já que precisava Bodet dele urgentemente para a conferência geral que se reuniria em breve e onde seria apresentado o novo programa sobre preconceito racial.13

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Pouco antes de partir para Paris na companhia de sua esposa Luísa, Ramos reunira seus colegas na Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Brasil, onde era professor de antropologia e etnologia, para discutir projetos para seu trabalho na Unesco. Segundo a lembrança de seu discípulo, colega e amigo admirador Costa Pinto, “nós propúnhamos que a Unesco deveria considerar seriamente concentrar sua atenção na América Latina e, em particular, no Brasil, um laboratório de pesquisa sobre relações humanas devido à natureza única das estruturas sociais prevalecentes nessa parte do mundo, cheio de situações e problemas de interesse científico universal, e que estão lá para serem investigadas em condições ím- Carta do antropólogo Alfred Metraux, em que agradece pares no mundo”.14 a proposta feita por Arthur Ramos de traduzir seus Ramos imediatamente se lan- livros. Ele acrescenta que precisa adicionar à sua obra çou em atividades em Paris a fim alguns capítulos sobre a sociedade tupi. Connecticut, de pôr em prática sua convicção 31 de março de 1941. de que o Brasil não era apenas um local privilegiado para o estudo das relações humanas, mas também oferecia interesse porque as tensões raciais, embora existentes, “eram menos críticas que em outras regiões”.15 O projeto do programa de Ramos preencheu as mais altas expectativas de Torres Bodet. Seu profundo conhecimento da questão racial e seus talentos organizacionais deram ao programa racial da Unesco um propósito marcante. Com o auxílio da influência política de Carneiro, a Unesco aprovou o progra-ma de Ramos na sua conferência geral de setembro de 1949. O projeto contemplava duas iniciativas principais. Primeiro, a convocação de um grupo de especialistas para estabelecer “dados científicos” sobre a controvertida questão das diferenças raciais. A idéia existia antes da chegada de Ramos, mas foi ele quem escolheu e

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convidou o grupo de especialistas em antropologia física e ciências sociais e quem esboçou a agenda inicial.16 A segunda iniciativa foi propor que a Unesco patrocinasse investigações sobre exemplos concretos de relações raciais, especialmente o “estudo de condições sob as quais vários grupos raciais possam colaborar pacificamente no seio de uma determinada comunidade”.17 Mas Arthur Ramos morreu inesperadamente em seu hotel em Paris, na noite de sábado para domingo, dia 31 de outubro, com apenas 46 anos de idade. Um artigo póstumo reafirmava sua antiga convicção de que o “‘racialismo” resulta, em última instância, de “métodos de dominação”.18 Hoje em dia, as contribuições científicas e políticas de Ramos estão praticamente esquecidas e suas realizações na Unesco são desconhecidas.19 Em parte isso se deve à sua morte prematura e à disputa pessoal e intel-ectual entre Arthur Ramos e Gilberto Freyre a respeito da precedência regional e intelectual no renascimento dos estudos sobre o negro nos anos 30.20 O charme sedutor e atraente do retrato romântico, lírico e quase erótico pintado por Frey-re da sociedade agrária, patriarcal e tolerante de Pernambuco, que ele depois generalizou para o Brasil, sem dúvida ofuscou e depois eclipsou a descrição seca, acadêmica e muitas vezes repetitiva que Ramos fez do “mosaico histórico” de povos no Brasil. Mas as importantes divergências políticas na maneira em que os dois intelectuais descreviam a singular situação racial do Brasil tam-bém desempenharam um papel na indicação de Ramos para o projeto da Unesco, assim como em seu posterior esquecimento. Durante a intensa renovação de estudos sobre o negro, nos anos 30, os intelectuais brasileiros tinham em mente, sobretudo, a questão nacional. O paradigma da harmonia racial brasileira ganhou destaque entre os intelectuais brasileiros na medida em que eles tentavam superar a consternação e encontrar uma solução para o mal resolvido problema da identidade nacional, que se devia, segundo Antonio Candido, “a uma ambigüidade fundamental: ser um país latino, de herança cultural européia, mas etnicamente mestiço, situado nos trópicos, influenciado por culturas primitivas, ameríndias e africanas”,21 uma ansiedade compartilhada com muitos outros pensadores latino-americanos. Freyre e Ramos, quase simultaneamente, começaram a reverter o retrato negativo da cultura brasileira de misturas, dissipando o complexo nacional de inferioridade, nascido da formação “bastarda” do país, por meio da exaltação das excelências de sua diversidade cultural e racial, qualificando a miscigenação como fator de indução e sintoma de uma identidade nacional brasileira singularmente harmoniosa. Realmente, a questão “raça”, observou Bastide, sempre provoca a resposta “sexo”. Mas, “se miscigenação tomasse a forma de casamento, e assim, em condições de res-peito mútuo e igualdade entre os sexos, estaria então demonstrada uma efetiva ausência

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de preconceito racial. Mas, da maneira como é praticada, na verdade reduz uma raça inteira à condição de prostituta”.22 Ramos e Freyre coincidiam a respeito da singular harmonia racial brasileira, embora seus métodos de pesquisa e estilo fossem diferentes. E nenhum deles jamais reconheceu essa distinção sociológica fundamental. Os dois divergiam radicalmente, no entanto, a respeito das causas dessa situação racial única no Brasil. Ramos estudou medicina e se considerava o herdeiro revisionista da Escola Nina Rodrigues de medicina legal, embora explicitamente se dissociasse da sua tese psicobiológica da inferioridade racial do negro e dos efeitos patológicos da miscigenação. A abordagem inicial de Ramos no campo das ciências médicas havia sido a psiquiatria. Por volta dos anos 1940, ele havia deixado para trás a noção de mentalidade primitiva e a psicanálise de Lévy-Bruhl, pelas quais havia sido atraído antes.23 No início, Ramos tinha um vivo interesse em cultura afrobrasileira, mas aos poucos mudou seu foco de atenção para a dinâmica do contato racial-cultural. Como ele escreveu em 1937, o negro, em vez de ser um elemento estrangeiro, formava parte integral do país. “No Brasil, em Cuba, no Haiti, nas outras Antilhas... culturas negras combinavam com os padrões de cultura branca em um mosaico histórico, onde muitas vezes é difícil reconhecer os elementos originais.”24 A tarefa primária era, portanto, examinar os processos que haviam desencadeado esse “mosaico histórico” cientificamente e avaliar suas conseqüências sociopolíticas para o país. O surgimento do nazismo e da ciência racial nazista na Alemanha exerceram logo um forte impacto sobre os intelectuais brasileiros que estudavam as influências africanas sobre a identidade e cultura brasileiras. Já em 1935, e muito antes de que cientistas nos Estados Unidos e na Europa conseguissem apresentar uma condenação da ciência racial nazista, um grupo de intelectuais brasileiros emitiu um Manifesto de Intelectuais Brasileiros contra o Preconceito Racial, denunciando a ameaça que representava a ciência racial nazista para o Brasil, tendo em vista sua “diversidade” étnica e por “comprometer a coesão social”, ao disseminar o preconceito racial. Ramos e Freyre, entre outros, assinaram a declaração.25 A ciência racial nazista teve uma inegável influência sobre Ramos em sua abordagem da questão racial no Brasil. Tão logo estourou a guerra, ele se tornou um ativo militante antinazista, condenando publicamente em conferências, entrevistas e artigos os perigos e falácias da ciência racial.26 Naqueles perturbados tempos, Ramos sentia, mais do que nunca, que seu “Paideuma” era mais atlânticoocidental-meridional. Como escreveu ele, entusiasticamente: “Somos felizes porque nosso destino é suave, nossa natureza não tem vulcões, nossa história é uma página aberta de tolerância. Nossa cultura é, portanto, uma cultura ‘apolínea’,

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nossa filosofia humanista é de singular cordialidade.” Para não ser confundido com um nacionalista convencional, ele acrescentou, porém, uma observação reveladora: “Mas note-se que estou falando a linguagem não de um mero nacionalismo político, mas de um nacionalismo cultural”. E perguntava, retoricamente: “Vocês não acham que seria interessante ‘julgar’ os povos da terra através de nossa própria cultura e não através da cultura francesa, inglesa ou alemã?”27 Paralelamente à sua exaltação da harmonia racial-cultural brasileira, Ramos se tornava cada vez mais crítico da herança colonial do país e se distanciava do estereótipo do negro como essencialmente atrasado, dissociando mais explicitamente raça de cultura.28 A alegada inferioridade do africano, que haPara Arthur Ramos, a integração do negro à via produzido o chamado “complexo vida nacional já era um fato: ilustração do livro do passado africano”, era, na verdade, Introdução à antropologia brasileira. [S.l.], 1947. segundo ele, um produto da escravidão que havia destruído a cultura dos africanos e mutilado suas personalidades.29 O estudo do negro no Brasil era fundamental, insistia ele em 1939, “porque o negro está ‘dentro’ da nossa vida nacional; ele se integrou, não como um elemento estrangeiro, mas como um pars magna. Será necessário insistir que é essencial conhecê-lo para que sejamos capazes de conhecermos a nós mesmos como um povo, como uma nação”?30 A base de qualquer identidade nacional era um patrimônio cultural comum, fosse ele original ou produto de um “mosaico histórico” composto por contribuições de culturas diferentes. Quando Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre, apareceu em 1933, antecipando a formulação de Ramos de harmonia racial, sua mensagem conciliatória foi inicialmente recebida como uma corajosa proclamação de fé no Brasil, seus mulatos, seus negros.31 Ramos concordava com Freyre na atenção especial que a escravidão exigia, como um momento crucial na formação da singularidade racialcultural brasileira.32 Mas, ao final dos anos 30, seus caminhos divergiram. Ramos

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era agora duramente crítico não apenas da escravidão – “que havia completamente alterado o comportamento social do negro. A escravidão esmagou os escravos no mesmo moinho da opressão branca”33 –, mas também do colonialismo europeu. Enquanto o luso-tropicalismo de Freyre celebrava a adaptabilidade climática e o erótico cosmopolitismo dos colonizadores portugueses, Ramos denunciava o colonialismo europeu por ter, em primeiro lugar, originado o racismo, mas não abandonou a tese da harmonia racial.34 Sua longa visita aos Estados Unidos em 1940 confirmou o caráter especialmente grave da questão do negro naquele país. Antecipando a interpretação revisionista das relações raciais brasileiras, que emergiria do projeto piloto da Unesco, ele pensava, no entanto, que no Brasil, ao contrário dos EUA, a “linha da cor” era mínima e praticamente inexistente, tendendo a constituir-se um problema de classe em vez de casta.35 Seu nacionalismo cultural, alimentado pelo espectro da ciência racial nazista, não apenas distanciou Ramos de Freyre politicamente, mas o trouxe mais próximo aos intelectuais progressistas de São Paulo. Quando Freyre passou a ser um ideólogo do regime ditatorial de Salazar e um apologista da política colonial portuguesa também na África, a oposição intelectual e política às suas posições conservadoras tornou-se explícita. Em 1941, Paulo Duarte, o advogado e jornalista que mais tarde deu valioso apoio ao projeto de pesquisa da Unesco em São Paulo, respondia a uma carta de seu próximo amigo Mário de Andrade, em que este denunciava a “desonestidade intelectual” de Freyre, com uma detalhada e mordaz crítica de O mundo que o português criou.36 E, em 1944, Antonio Candido lançou uma igualmente dura crítica, com tons nacionalistas oblíquos. Uma das mais perigosas modas intelectuais contemporâneas, escreveu Candido, era a “sociologia cultural”, que, especialmente na forma praticada por pesquisadores brasileiros, constituía um “abuso, uma deformação. Observe-se apenas o nosso mestre Gilberto Freyre e os extremos a que está levando seu culturalismo. Seus últimos escritos têm-se degenerado em conservadorismo e tradicionalismo. Apaixonado por seu ciclo cultural luso-brasileiro, ele foi levado a construir um mundo só seu no qual o progresso combina com a preservação dos traços característicos anteriores. Tudo parece justificado desde que leve a marca do mundo que o português criou, que estamos desenvolvendo e man-tendo vivo, sim senhor, com a ajuda de Deus e de Todos os Santos”.37 Entre os intelectuais progressistas de São Paulo, o nacionalismo cultural de Ramos despertava, ao contrário, um inegável interesse, em razão de sua afinidade com a busca do movimento modernista por uma autêntica cultura brasileira. Mário de Andrade, seu “eminente amigo”, cujos escritos sobre a identidade nacional brasileira eram emblemáticos do movimento modernista, havia convidado

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Ramos para proferir a palestra inaugural em um curso de etnografia do negro no Brasil, no Departamento de Cultura do Estado de São Paulo, organizado por M.me Lévi-Strauss. Nessa ocasião, Ramos concebeu a idéia de seu livro As culturas negras no Novo Mundo.38 Por volta dos anos 40, Ramos era um nacionalista cultural liberal. Seu nacionalismo cultural não era, como se tem argumentado recentemente, uma velada racialização da cultura.39 Seu conceito de nacionalismo cultural prescindia do determinismo hereditário e da transmissão da cultura, mas tomava, ao contrário, culturas distintas, internamente homogêneas, capazes de misturar-se, como solução conciliadora, como demonstrava o processo simultâneo de “deseuropeização” e “desafricanização”, que o Brasil, como nação, demonstrava.40 Miscigenação, tanto biológica quanto cultural, ocupava, é claro, um lugar central na teoria de Ramos, à semelhança da de outros advogados da harmonia racial. A idéia de miscigenação, na verdade, pressupõe a prévia existência de populações distintas, ligadas entre si. Ao final dos anos 30, Ramos concebia essas populações em termos culturais e considerava o fenótipo como uma marca diacrítica útil para identificar traços culturais em vez de determinar culturas. As razões que tornam problemática a teoria do nacionalismo cultural de Ramos se encontram em outras partes. Uma ironia permeia os debates sobre cultura e identidade nacional no Brasil e em outros países da América Latina. A aguada apreensão que a diversidade “racial-cultural” de seus países provocava entre intelectuais latino-americanos como um problema nacional era, afinal de contas, um produto europeu. Como escreveu Ramos em 1942: “Afinal, o racismo é a última fase de um longo processo de europeização do mundo, que agora está chegando a seu ponto crítico. A conquista européia do mundo trouxe consigo toda uma série de mecanismos de dominação de uns povos por outros, de dominações políticas e econômicas que foram racionalizadas por teorias e ideologias de raças fracas e superiores. A idéia do ‘negro bárbaro’ na África foi uma invenção dos europeus para ajudar seus projetos de dominação. Todos esses processos e técnicas de dominação, juntamente com suas ideologias e racionalizações, precisam ser conhecidos. Tudo isso é indispensável para um entendimento do fenômeno do racismo. A guerra atual deve ser vista principalmente sob esse aspecto das relações raciais.”41 A condenação feita sem reservas por Ramos da escravidão continha as sementes para uma revisão radical da teoria da harmonia racial. Ele nunca deu esse passo crítico, mas seu veredicto negativo do passado escravagista é certamente uma razão pela qual seu trabalho foi esquecido, em contraste com a persistente popularidade e contínua reavivação do quadro idílico e pacífico do Brasil pintado por Freyre.

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Apesar de sua lúcida condenação da Europa por haver infligido a “raça” no continente como um problema ideológico-político praticamente desde o surgir da colonização, Ramos não reconhecia tampouco que a miscigenação era, com efeito, a expressão sexual da dominação colonial. No esforço de opor-se à teoria disgênica da “mistura racial”, Ramos e outros como ele não queriam nem podiam admitir que “miscigenação”, longe de traduzir ausência de preconceito, era freqüentemente o produto da libertinagem sexual do homem branco com relação a mulheres negras, às quais desdenhavam para o casamento. Finalmente, nem Ramos nem nenhum de seus contemporâneos, independentemente de estatura intelectual, jamais contemplaram o estabelecimento em seu país de uma sociedade culturalmente pluralista. Embora buscassem criar uma identidade nacional própria, no fundo seus conceitos de construção de nação e de identidade nacional eram, não obstante, herança de modelos políticos, filosofias e contextos de conhecimento europeus. Quando, uma vez independentes, as repúblicas latinoamericanas adotaram o modelo político que por excelência personalizava a república universalista francesa, o fizeram de maneira exaustiva. A forma do estado era reconhecidamente um artifício histórico, mas ao longo do século XIX a nação-estado liberal européia veio a ser conceituada como a expressão política de um corpo político orgânico, racialmente e/ou culturalmente homogêneo. Foi essa concepção orgânica da nação-estado que originou e magnificou as dificuldades de construção da nação em países onde a população era percebida como sendo de origens raciais e culturais muito distintas. Incapaz de escapar às suas origens européias, a elite cultural latino-americana, em suas delongadas controvérsias sobre identidade nacional, refletia, como um espelho, uma imagem aumentada das contradições entre a noção liberal voluntarista do “É necessário conhecer o negro para conhecerestado e a idéia orgânica de nação que mos a nós mesmos como nação.” (Arthur Raafetou o estado-nação liberal europeu mos): ilustração do livro Introdução à antropologia desde seu nascimento.42 brasileira [S. L.], 1947.

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Ramos não viveu para tomar parte no primeiro encontro de especialistas sobre raças promovido pela Unesco, ao qual ele tanto se dedicou, nem viu a Unesco aprovar o projeto de pesquisa sobre o Brasil no ano seguinte. Conseqüentemente, ele não testemunhou a inesperadamente renovada controvérsia sobre a realidade ontológica da raça na qual a declaração radicalmente humanista dos especialistas defendia que raça era um mito, e não um fato biológico entre biólogos e geneticistas. Essa imprevisível reação negativa não apenas obrigou a Unesco a convocar uma segunda reunião de especialistas, formada apenas por pesquisadores de ciências naturais, para redigir um novo Pronunciamento sobre a Natureza da Raça, que, afinal, depois de muita controvérsia, voltou a definir raça como uma categoria científica,43 como também convenceu a organização a patrocinar o Projeto Brasil com a esperança de que o Brasil pudesse fornecer prova empírica de que seres humanos eram capazes de solidariedade e irmandade independentemente de raça. São bem conhecidos os achados desapontadores do estudo piloto da Unesco, que se tornou um divisor de águas no estudo das relações raciais do país por mostrar que a imagem idílica de “democracia racial” não passava do que aparentemente era, um mito.44 A partir de então, se tem aceito a existência do preconceito racial no Brasil, embora na forma peculiar de discriminação de cor/classe. As feridas, especiais e duradouras, que o “mito” da harmonia racial infligiu nos “diferentes” povos do Brasil, permanecem, ainda, incertas. A esse respeito, deve merecer alguma reflexão o apelo que o jovem escritor negro sul-africano Lesego Rampolokeng fez recentemente: “Por favor, deixem-me sair. Estou preso em suas mentes.”45

N OTA S : 1 – UNESCO Courrier III/6-7, jul.- ago. 1950. 2 – MÉTRAUX, A. An Inquiry into Race Relations in Brazil, Unesco Courrier, vols. 89, ago.- set. 1952. 3 – JR., A. Garcia. Les Intellectuels et la Conscience Nationale au Brésil. Actes de la Recherche en Sciences Sociales 98, jun. 1993, p. 26. 4 – O viajante inglês Henry Koster, autor do conhecido Travels to Brazil (1816), por exemplo, oferecia apoio aos abolicionistas britânicos ao proclamar, em um panfleto intitulado Sobre a Melhoria da Escravidão, que os escravos no Brasil não apenas desfrutavam de condições muito favoráveis para alforria, que não causa distúrbios sociais, mas essa miscigenação, em vez de produzir decadência racial, melhorava a conduta intelectual e moral, conforme demonstravam os escravos crioulos no Brasil. CUNHA, M. Carneiro da. Notas e Documentos – On the Amelioration of Slavery, por Henry Koster, Slavery and Abolition, a Journal of Comparative Studies 11 (3), dez. 1990. Métraux também evoca a Koster. MÉTRAUX, A. Brazil, the Land of Harmony of all Races?, Unesco Courrier, IV/4, abr. 1951, p. 3. Por outro lado, Gobineau, quando era ministro francês

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na corte do imperador Pedro II, em 1869-70, havia escrito que a mistura generalizada de raças tinha resultado em “uma população inteiramente mulata, viciada no sangue, viciada no espírito, terrivelmente feia”. Citação de Georges Readers, Le Compte de Gobineau au Brésil. Paris: Nouvelles Editions Latines, 1934, p. 51. 5 – MÉTRAUX, A. An Inquiry into Race Relations in Brazil, op. cit., p. 6; Brazil, Land of Harmony for all Races?, op. cit., p. 3. 6 – MÉTRAUX, A. Unesco and the Racial Problem. International Social Science Bulletin, vol. II (3), outono de 1950, p. 384. 7 – UNESCO. Unesco 1945-1992: Faits et Chiffres, Paris, 1992 (Arc. 92/WS/10, p. 1). 8 – HUXLEY, J. Memories II, George Allen & Unwin, Londres, 1970, p. 35. 9 – MALIK, K. The Meaning of Race. Race, History and Culture in Western Society, Macmillan, Londres, pp. 15-6. 10 – BARKAN, E. The Retreat of Scientific Racism. Changing Concepts of Race in Britain and the United States between the World Wars, Cambridge University Press, 1992, p. 119. 11 – Telegrama de Torres Bodet a Arthur Ramos, datado de 15 de junho de 1949. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Coleção Arthur Ramos, Manuscritos. 12 – RAMOS, A. Introdução à antropologia brasileira. Coleção de Estudos Brasileiros da Casa do Estudante do Brasil, Rio de Janeiro, 1943 e 1947; RAMOS, A. Curriculum vitae, 1903-45, Rio de Janeiro, 1945, p. 91 segs. para uma coleção de comentários entusiásticos de intelectuais importantes como Afrânio Peixoto, Caio Prado Jr., Emilio Willems, Pierre Mombeig, Roquette-Pinto, Donald Pierson, Fernando de Azevedo, Mário de Andrade, Édison Carneiro, Herbert Baldus, Egon Schaden, Roger Bastide, Robert Redfeld, Melville J. Herskovits e Lewis Hanke. 13 – Carta de Jaime Torres Bodet a Arthur Ramos, datada de 20 de junho de 1949, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Coleção Arthur Ramos, Manuscritos. 14 – PINTO, L. Aguiar da Costa. O negro no Rio de Janeiro. Relações de raça numa sociedade em mudança, Brasiliana, vol. 276. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1952, p. 20. 15 – Entrevista pessoal com Luiz Aguiar da Costa Pinto, IFCS, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 30 ago. 1995. 16 – UNESCO. The Race Concept, Paris, 1953, pp. 8-9. 17 – Arquivos da Unesco, Unesco/SSS/Conf. 1/3, Paris, 3 jan. 1950. 18 – RAMOS, A. The Question of Race and the Democratic World, Unesco Courrier 2 (10), nov. 1949, p. 14. 19 – Uma notável exceção é CORREA, M. As Ilusões da Liberdade. A Escola Nina Rodrigues e a Antropologia no Brasil, tese de doutoramento Universidade de São Paulo, 1982. TEIXEIRA, A., et. al. Arthur Ramos, M. E. S., Rio de Janeiro, 1952. 20 – CORREA, A. Op. cit., pp. 213-4. 21 – SOUZA, A. Cândido de Melo e. Literatura e sociedade. São Paulo: Editora Nacional, 1976, p. 117. 22 – BASTIDE, R. Dusky Vênus, Black Apollo, Race. The Journal of the Institute of Race Relations 191, 1959, pp. 10-1. 23 – RAMOS, A. A aculturação negra no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942. Essa mudança de perspectiva pode ser detectada já em 1937. RAMOS, A. Culturas

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Negras: Problemas de Aculturação no Brasil. O Negro no Brasil. Trabalhos apresentados ao 2º Congresso Afro-Brasileiro (Bahia). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1940, pp. 148-59. 24 – RAMOS, A. As culturas negras no Novo Mundo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937, p. 362. 25 – Manifesto dos Intelectuais Brasileiros contra o Preconceito Racial. In Guerra e relações de raça. Rio de Janeiro: Departamento Editorial da União Nacional de Estudantes, 1943, p. 173. Os outros signatários foram Inácio do Amaral, Roquette-Pinto, Maurício de Medeiros, Hermes Lima, Joaquim Pimenta, Queiroz Lima, Castro Rebello, Leônidas de Rezende, Victor Vianna e Azevedo Amaral. 26 – RAMOS, A. Guerra e relações de raça, 1943. 27 – RAMOS, A. Vida e Cultura. CAVALHEIRO, E. (ed.). Testamento de uma geração. Porto Alegre: Editorial Globo, 1944, p. 74. 28 – RAMOS, A. A Nova Ordem para os Negros; RAMOS, A. Guerra e relações de raça, op. cit., pp. 89-120. 29 – RAMOS, A. O Negro sob o Ponto de Vista da Raça e da Saúde; RAMOS, A. Guerra e relações de raça, p. 100. 30 – RAMOS, A. Os Intelectuais e os Problemas de Cultura no Brasil. Entrevista concedida a Diretrizes, ago. 1939, publicada em RAMOS, A. A aculturação negra no Brasil, p. 382. 31 – LEITE, D. Moreira. O caráter regional brasileiro. História de uma ideologia. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1969, pp. 213-4. 32 – RAMOS, A. As culturas negras no Novo Mundo, pp. 345-55. 33 – RAMOS, A. Culturas Negras: Problemas de Aculturação no Brasil. In: O negro no Brasil. (vários autores). Trabalhos apresentados ao 2º Congresso Afro-Brasileiro (Bahia). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S. A., 1940, p. 153. 34 – RAMOS, A. Racismo e Europeização do Mundo. In: RAMOS, A. Guerra e relações de raça, 57. 35 – RAMOS, A. O Negro sob o Ponto de Vista da Raça e da Saúde; RAMOS, A. Guerra e relações de raça, pp. 100-1. 36 – DUARTE, P. (ed.). Mário de Andrade por ele mesmo, São Paulo, 1971, pp. 203-13. 37 – SOUZA, A. Cândido de Melo e. Plataforma da nova geração, 1944, p. 39, citado em MOTA, C. G., Ideologia da cultura brasileira (1933-1974). São Paulo: Ática, 1977, p. 130. 38 – RAMOS, A. As culturas negras no Novo Mundo, 2ª ed., 1946, p. 12. 39 – MARTINEZ-ECHAZÁBA, L. O Culturalismo dos Anos 30 no Brasil e na América Latina: Deslocamento Retórico ou Mudança Conceitual? In: MAIO, M. Chor & SANTOS, R. Ventura (eds.). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996, p. 100. 40 – RAMOS, A. A aculturação negra no Brasil, p. 12. 41 – RAMOS, A. Racismo e Europeização do Mundo; RAMOS, A. Guerra e relações de raça, pp. 57-8. 42 – STOLCKE, V. Talking Culture; New Boundaries, New Rethorics of Exclusion in Europe, Current Antropology 36 (1), fev. 1995. 43 – PROVINE, W. Geneticists and the Biology of Race Crossing. Science 182, 1973, pp. 790-6.

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44 – COSTA, E. Viotti da. O Mito da Democracia Racial no Brasil. In: COSTA, E. Viotti da, Da monarquia à república. Momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo, 1977, pp. 227-42; SKIDMORE, T. E. Black over White. Race and Nationality in Brazilian Thought, Oxford University Press, 1974, pp. 216-7 45 – Translit Conference, Nómadas de las palabras. Literatura entre continentes, Barcelona, 30 out.-1 nov. 1997.

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Luitgarde O. Cavalcanti Barros Antropóloga e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Uerj

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ueria inicialmente agradecer a atenção do professor Peter Fry. Quando fui procurá-lo como chefe do Departamento de Antropologia para dizer-lhe que estava trabalhando em uma pesquisa sobre Arthur Ramos, o professor Fry me disse que, ele também, estava trabalhando o mesmo tema, juntamente com outra professora. Perguntei se não se poderia organizar algum evento que marcasse a passagem dos 50 anos da morte de Arthur Ramos, e ele, gentilmente, me incluiu na programação. Agradeço também à Biblioteca Nacional pela oportunidade de ter convivido, no último ano e meio, com a documentação de Arthur Ramos, primeira paixão intelectual da minha vida. Na ocasião, era o ano de 1974, quando se completavam 25 anos de sua morte, tentei organizar um seminário a respeito, mas, infelizmente, a repressão que então se abatia na UFRJ o proibiu. Quem abriria o seminário – esse foi o pretexto – seria o professor Evaristo de Moraes Filho, que era cassado, e então não poderia ir ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Mas muita coisa me ficou na cabeça, pois tive a oportunidade rara de conviver com a família do professor Arthur Ramos. Em Maceió, o professor Moacir Santana me levara para conhecer a irmã dele, e, no Rio, o seu sobrinho, o coronel do Exército Paulo Ramos, representado aqui pela esposa, d. Maria Helena Ramos, e pelo filho, Luís Antônio Ramos. Eles fizeram a maior gentileza de virem hoje representar a família Arthur Ramos nesse evento. Escolhi falar da formação intelectual de Arthur Ramos, porque tenho uma tese a defender a esse respeito. Várias vezes me perguntaram: por que Arthur Ramos não era conhecido? Aliás, quando se assinalaram os 25 anos de sua morte, o nome de Arthur Ramos foi anunciado como o antropólogo quase desconhecido, quase esquecido. Agora, nos 50 anos de seu desaparecimento, como o antropólogo esquecido. Uma jornalista me perguntava, há pouco, como se explica isso:

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se Arthur Ramos foi contemporâneo de Gilberto Freyre, por que Freyre tinha tanto prestígio e ele nenhum? Tenho uma idéia a respeito disso, é uma posição pessoal. Não sei como as pessoas vão encarar, mas, para começar, cito a diferença principal entre Arthur Ramos e Gilberto Freyre. Gilberto Freyre é o primeiro brasileiro a freqüentar um curso de ciências sociais e institucionalizadamente; é o primeiro cientista social formado em universidade estrangeira como mestre e doutor em antropologia e sociologia. Já o caminho de Arthur Ramos é absolutamente atípico, se pensado nas condições de hoje, mas típico do mundo em que ele viveu. Arthur Ramos é um cientista que se fez na área médica, institucionalmente, e, como autodidata, se fez antropólogo. O trabalho que ele desenvolve começa, para muitos estudiosos, aqui no Rio de Janeiro, mas eu trouxe o meu trabalho de pós-doutorado, que se chama Arthur Ramos e as Dinâmicas Sociais de seu Tempo, e que tem uma outra interpretação. Começo na pequena cidade de Alagoas, a cidade de Pilar de Manguaba, lugar de seu nascimento – na época, uma rica cidade, principal porto lacustre de Alagoas – em uma família de intelectuais. Seu pai, dr. Manuel Ramos, era o médico da cidade e tinha uma excelente biblioteca. Ia gente de Maceió pesquisar nesta biblioteca. Aqui, no material de Arthur Ramos, encontra-se também o arquivo que ele herdou do pai. O dr. Manuel Ramos já fazia uma série de pesquisas e guardou muitos registros sobre seu trabalho. Arthur Ramos, por outro lado, em Pilar de Manguaba, já tinha um trabalho específico desde os 19 anos de idade. Ele não se fez apenas a partir da decisão de passar de médico psiquiatra a antropólogo. Em 1922, com 19 anos, já publica em Alagoas um registro das tradições afrobrasileiras. Em Pilar de Manguaba, sua família era voltada para o congraçamento de um mundo intelectual muito interessante, constituindo o principal grupo musical da cidade, no qual cada integrante tocava um instrumento. E o coronel Paulo Ramos, que era garoto nesse período, adolescente, ficava na casa do avô assistindo à apresentação dos tios, que tocavam flauta, violoncelo, violino. Arthur Ramos tocava piano. Esse irmão que tocava flauta, Nilo Ramos, é responsável pela inserção de Arthur Ramos no mundo da escrita jornalística. É por sugestão, por influência, de Nilo Ramos, que era jornalista, que ele participa de pequenos jornais de província e, depois, escreve em jornais de Alagoas. Nilo Ramos é a presença mais importante na vida de Arthur Ramos, entre todos de sua família. É a ele que Arthur Ramos se refere com mais carinho e a quem credita a sua iniciação no mundo das letras. Outro irmão que também se torna famoso é Raul Ramos, violoncelista, um dos principais compositores de valsas na sua época na provín-

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cia. O coronel Paulo Ramos fez a gentileza de me dar duas partituras, que copiei e devolvi, porque, creio, são tesouros que a família vai deixar de herança, já que não existem mais em Maceió. Para mostrar o clima cultural de Maceió, nessa época: havia não só editoras de livros comuns, como editoras de partituras musicais. As famílias estavam realmente envolvidas com a vida musical e tinham exemplares daquelas partituras em sextas, sétimas, oitavas edições. Havia um movimento cultural, um envolvimento intelectual, e a família Ramos estava no bojo desse movimento, com seus filhos, todos intelectualizados, e que, posteriormente, deixam Pilar de Manguaba. A cidade entra em profunda decadência, quando se constrói uma estrada de rodagem fora da cidade. O trem e a cidade perdem a importância. Pilar de Manguaba deixa de ser um porto lacustre de relevo. A família Ramos se divide: Arthur Ramos vai inicialmente para a Bahia, embora volte depois de formado, e é no período de adolescência que ele registra as manifestações culturais, as manifestações folclóricas de sua terra. Por sua própria conta, Arthur Ramos registra a cultura popular de Pilar de Manguaba. E isto se dá com O culto da lua e Tradições afro-brasileiras, em 1922; A decadência de Olorum, O culto da tradição oral e Cavalhadas, em 1923; Autos do Natal, em 1924. Ele está com 21 anos e ainda não é formado em medicina. Folclore e sociologia, em 1924, já aluno de medicina, e Domingo de Ramos, em 1925. Então, ele foi bastante precoce na preocupação com o registro da cultura,

Praça Professor Arthur Ramos, em Maceió, inaugurada em 13 de agosto de 1950: homenagem dos alagoanos ao antropólogo.

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na preocupação de fazer uma vida intelectual muito rica. Em Alagoas, já estudava intensamente alemão e inglês e o pai importava livros nessas duas línguas para ele. Para seguir esse tempo de Arthur Ramos, tive a felicidade de descobrir uma crônica dele em homenagem ao professor Faustino Magalhães da Silveira e, ali, ele se referia muito à filha do mestre, dr.ª Nise da Silveira. Fui à dr.ª Nise cobrar o fato de ela nunca me haver dito que eram tão amigos. Lá, fiquei sabendo que os dois tinham estudado, juntos, para os preparatórios, na mesma escola, com o professor Faustino. E que Arthur Ramos ia estudar com ela e interrompia os estudos para tocar piano, porque a mãe de Nise era então a maior pianista de Alagoas e tinha dois pianos de cauda na sala. Arthur Ramos ficava em um e a mãe de Nise no outro. Assim, ele ia fazendo a vida, como se diz na província, lítero-musical-científica. Arthur Ramos era mais velho dois anos que Nise, e vão para a Bahia juntos, sendo ela a primeira mulher da Faculdade de Medicina, a única da turma de 1921. A dr.ª Nise guardou lembranças muito interessantes dele, de como era uma pessoa preocupada com todas as manifestações da cultura. Mas, para mim, o maior depoimento sobre o jovem Ramos é dado por Josué de Castro, que foi seu condiscípulo. Quando Josué chegou à faculdade, Arthur Ramos já tinha tempo de estudante naquelas chamadas repúblicas, que acolheram ainda outro grande alagoano, Teotônio Brandão – dr. Téo Brandão, que foi médico pela Bahia e depois se transformou no maior antropólogo de Alagoas – fundou o curso de ciências sociais e, também, foi autodidata em antropologia. Há vários depoimentos que estão reproduzidos aqui. Josué de Castro diz que as pessoas mais influentes na vida dele foram Arthur Ramos e Teo Brandão, afirmando: “Téo Brandão, com intimidade; Arthur Ramos com a distância e reserva da sua maturidade intelectual, o seu prestígio de veterano com três anos de curso na frente. Com Teotônio, discutíamos; com Ramos, ouvíamos. E ouvíamos coisas esmagadoras. Nomes arrevesados de venerandos sábios alemães, teorias frescas trazidas diretamente dos centros europeus, por misteriosos caminhos, para o sisudo discípulo de Freud na Baixa do Sapateiro. Ficávamos de queixo caído diante da imponência da sua cultura. Um dia nos fez a revelação suprema: um estudo seu sobre Augusto dos Anjos e a psicanálise sairia em um dos suplementos dominicais de O Jornal. Isso na província, em 1925, me pareceu a glória. Fomos, comovidos, até o plano inclinado comprar o tal número de O Jornal, desdobramos as páginas com unção e lá encontramos o artigo, com título e nome do autor. Tudo aureolado pela letra de forma em tipo grosso. Não me contive. Veiome à alma uma inveja doida de tanta glória. Fui também ao Freud, um Freud de

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terceira classe, já comentado em tradução, e lancei um ensaio tremendo, o meu primeiro ensaio, intitulado A Literatura Moderna e a Doutrina de Freud, que saiu flamejante na Revista de Pernambuco. Senti-me um igual e, no ano seguinte, passei a ir ao cinema junto com ‘mestre Ramos’.” Esse era o jovem Ramos visto pelos seus contemporâneos, estudantes como ele. O dr. Téo Brandão contava sempre sobre o cuidado que Arthur Ramos tinha com os alunos mais novos, os calouros. Ele os levava para a sua república e fazia verdadeiras preleções, e o dr. Teo se achava formado por uma delas. Arthur Ramos dizia sempre que era o médico, pela sua capacidade, pela sua condição, pelo seu privilégio de adentrar todas as famílias, responsável pelo registro dos fenômenos mais importantes que ocorriam com o homem e com a cultura. Ainda estudante, dizia que cada médico tinha a obrigação de registrar no diário tudo o que fosse observado, não só as doenças da população que ele ia tratar, mas as suas crenças, seus mitos, seus rituais, suas festas, os símbolos respeitados. Dessa maneira, cada médico teria que ser um etnógrafo. Já era essa a palavra dele, como estudante. Cada médico tinha a obrigação de ser um etnógrafo. E quando Ramos voltava de férias em Alagoas, ele era um etnógrafo. Esses artigos que escreveu ainda jovem, sem nenhuma formação em ciências sociais, embora tenha aquele em que fala também de sociologia, eram de um autodidata de 19, 20, 25 anos. Quando ele se forma, vocês estão vendo aqui, já publicava livros sobre Freud. Na exposição há um cartão de Freud para ele. Nesse tempo, ele já mantinha essa correspondência em alemão. Era esse o perfil que ele tinha quando ganha o respeito dos maiores intelectuais da Bahia. Vinte anos antes, Afrânio Peixoto tinha saído da Bahia, e volta a Salvador – isso está registrado por Costa Pinto e em cartas do próprio Afrânio. Na homenagem que recebeu, o discurso que mais o comoveu foi o de Arthur Ramos, que falou como representante dos estudantes. Isso criou uma amizade que levou Afrânio Peixoto, até os últimos anos da sua vida, a escrever as cartas mais carinhosas, inclusive agradecendo a Arthur Ramos por ser amigo dele, por ter existido e por estar percorrendo e aperfeiçoando tudo que Nina Rodrigues queria. Bem, esse trabalho de Arthur Ramos o levaria, claro, aos nomes mais importantes da época, como Anísio Teixeira e Tales de Azevedo, que foram seus contemporâneos. Segundo Afrânio Peixoto, os dois o apresentaram, no pedido para Ramos ser professor da Universidade do Distrito Federal. Anísio Teixeira já o tinha trazido para trabalhar, muito bem colocado, no Rio, e Ramos vai criar o primeiro serviço de puericultura e fazer um trabalho de acompanhamento escolar de psicanálise, de psiquiatria, de melhoria dos alunos e professores da rede pública de ensino do Distrito Federal. Esse Arthur Ramos intelectual é descrito, depois de sua morte, por exem-

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plo, nas palavras de Roger Bastide, quando faz o prefácio aos Estudos folclóricos, publicação da Casa do Estudante do Brasil. Bastide destaca a característica de Arthur Ramos que mais o marcara: “Apenas chegado ao Brasil, em 1938, escrevi-lhe. Fui vê-lo, depois, e, logo a seguir, uma grande amizade nasceu entre nós. Este mestre dos estudos africanistas foi, sempre, para mim, o mais precioso inspirador e o mais seguro dos guias. E ele não separava em suas pesquisas – o que me tocava profundamente – o cuidado da verdade científica do sentiVida acadêmica: turma de Arthur Ramos na Faculdo dos valores humanos. Através de dade de Medicina da Bahia. Década de 1920. suas páginas mais objetivas, sentiase sempre o grande amor que dedicava a nossos irmãos de cor, o índio e o negro.” Arthur Ramos é de uma geração, depois muito perseguida, que tem a concepção de que a ciência só teria sentido se fosse uma ciência aplicada. Se a medicina serviria para curar as doenças, as ciências sociais serviriam para intervir, curar as mazelas, vencer os desafios da sociedade. Era o que ele chamava de antropologia aplicada, que vai aparecer em toda a sua vida até o último ato, quando morre, em Paris, em 31 de outubro de 1949. Queria agradecer à professora Mariza Corrêa, que falou aqui ontem, por esse trabalho. Foi um intercâmbio de idéias muito interessante, porque, além de eu dialogar com ela, por carta e telefone, dialoguei, também, com sua grande obra, das maiores de história da antropologia brasileira: As ilusões da liberdade – a Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. Foi dessa conversa com ela que um estudo, que seria normalmente um simples artigo, virou um trabalho mais extenso, com introdução, na qual reúno todas essas informações sobre ele em Alagoas: Arthur Ramos e a cadeira de antropologia da Nacional de Filosofia – caminhos da institucionalização. Eu ia fazer só um ensaio mostrando a importância da institucionalização da antropologia na Nacional de Filosofia, e o papel de Arthur Ramos nessa institucionalização. Queria escrever ainda Um antropólogo brasileiro no Departamento de Ciências Sociais da Unesco. Mas, a partir dos incentivos da professora Mariza Corrêa, deci-

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di trabalhar as três polêmicas que envolveram a antropologia do Rio de Janeiro: a polêmica com Édison Carneiro, com Ruth Landes, que agora está sendo muito comemorada nos 60 anos da sua viagem ao Brasil, e com Heloísa Alberto Torres, pessoa muito conhecida, cuja história vai enredar-se não só em um problema com Arthur Ramos como, mais sério ainda, com a professora Marina São Paulo de Vasconcellos, assistente de Arthur Ramos. Falar de Arthur Ramos é uma coisa muito difícil porque, como vocês estão vendo na sua trajetória de vida, ele tinha uma preocupação muito grande com essa antropologia aplicada, o que o levou a situações muito estranhas. Situações que só me foram indicadas porque tive a felicidade maior de conviver muito intimamente com d. Marina São Paulo de Vasconcellos, que dava depoimentos incríveis sobre ele, e com o diretor da Casa do Estudante do Brasil, dr. Arquimedes de Melo Neto, que publicou muitas obras proibidas durante o Estado Novo. Publicou, de Josué de Castro, Geografia da fome, e livros de Arthur Ramos. Era um homem preocupado com isso. Um velho anarquista, ex-secretário de Gilberto Freyre. Ameaçado de morte em Pernambuco, veio para o Rio, e Ana Amélia Carneiro de Mendonça o colocou à frente da Casa do Estudante do Brasil. Ele fez aí uma importante editora, organizando também cursos, e Arthur Ramos foi o seu grande interlocutor para criar os primeiros cursos abertos de antropologia, não acadêmicos. Quer dizer, Arthur Ramos era um autodidata em ciências sociais, que vai trabalhar por sua institucionalização. Aqui estão todos os programas elaborados nos anos de 1939, 1940, 1941, e se pode ver como surge a antropologia: com os currículos e as bibliografias, formadas pelas obras que ele solicita à Reitoria. Ao mesmo tempo, não abre mão da sua inserção no meio não universitário e mantém, acirradamente, correspondência com pessoas que não integravam o meio intelectual acadêmico. Por exemplo, Clóvis Moura, hoje conhecido historiador, no tempo de Arthur Ramos era fiscal de coletoria do interior da Bahia, na cidade de Juazeiro. Ele escreve a Ramos, dizendo de sua profunda vontade de estudar os negros e da total carência de livros, de organização, de metodologia. Trinta dias depois, já escreve agradecendo. Vocês imaginem, no Brasil naquele tempo, ele um mês depois agradece a remessa de livros, os trabalhos de metodologia para pesquisa. Assim, Ramos faz uma rede em todo território nacional, não só trocando informações intelectuais, como sendo para esses estudiosos um guia. Não sei como esse homem, de 46 anos, conseguia atingir tal volume de correspondência, com a produção que tinha. As cartas, por exemplo, de Câmara Cascudo, que está muito ovacionado agora. Destaco uma carta informando a Arthur Ramos que havia coletado um conto popular no Rio Grande do Norte, e perguntando se este poderia ceder os outros contos que tinha e, ainda, se faria um tra-

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balho de análise para Cascudo publicar. Ele se entrega intensamente à concepção de antropologia aplicada. De tal maneira que se tem dito, algumas vezes, que Arthur Ramos foi evoluindo de pensamento, foi-se transformando nesse antropólogo mais culturalista, que estava passando para outra dimensão da antropologia, deixando a psicanálise e se infiltrando nos meandros da política nacional, ideologicamente se envolvendo com a idéia de antropologia aplicada. Na crítica que Ramos faz a Ruth Landes quando ela afirma no seu relatório que os cultos religiosos negros no Brasil se consideram como sociedades secretas terroristas no Rio, porém benfazejas na Bahia, ele vai criticá-la, dizendo que a situação é outra porque “os negros, tanto no Rio como na Bahia, procuraram esconder suas práticas religiosas. A princípio, do senhor, no período da escravidão; depois, da polícia, em nossos dias. Por isso, as suas práticas religiosas se tornaram privadas, esotéricas, tomando aspectos, algumas vezes, de seitas secretas. O erro de observação da dr.ª Landes explica-se pelo fato de que os chamados malandros dos morros do Rio de Janeiro não são constituídos apenas pelos negros, mas sim pela classe proletária urbana, composta não só de negros, como de mulatos e brancos. E seu comportamento ‘mau’, como ela diz em seu relatório, não está ligado absolutamente às práticas religiosas, nem a qualquer fator étnico ou cultural. É uma simples conseqüência social observada nas classes pobres que habitam os quarteirões de palafitas de todas as grandes cidades”.

Arthur Ramos faz palestra sobre problemas raciais no Brasil, no auditório do Centro Bancário de Cultura Social. [S.l.,s.d.]

A idéia de antropologia aplicada de Arthur Ramos vai ser enriquecida, principalmente, a partir da sua relação com as escolas norte-americanas. Isso não invalida um dos seus principais livros, O negro brasileiro, escrito, em 1934, antes da

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influência do culturalismo em sua vida. Ramos era um autodidata, que ainda não tinha entrado em contato com os intelectuais maiores da antropologia, trocado correspondência, o que a gente vai ver a partir de 1938, com todos eles. Estão aqui Roger Bastide, Pierson e tantos outros. Ele vai fazer essa inflexão em nível de participação política e não apenas teórica. Como estudante, Ramos analisou o livro escrito por José Américo de Almeida, afirmando que “nenhum douto da academia tem o conhecimento terreno, o conhecimento de campo, o conhecimento da vivência na carne de um nordestino, de um sertanejo, como tem José Américo”. Aí ele vai-se bandeando numa denúncia contra o Estado Novo. D. Marina me contou uma coisa que não pude comprovar: que Ramos tinha sido preso e deixado um bilhete para ela, que ela havia perdido, na primeira vez em que foi preso. No bilhete, Ramos dizia que a prisão dele era, exclusivamente, para impedir a luta que ele estava desenvolvendo na cátedra contra o nazismo e as ideologias racistas. Em 1937, ele realmente é preso. Encontrei todo o material do DOPS: ele foi preso trocando informações com um agente do Partido Comunista. E foi essa inserção dele junto às esquerdas, mais do que a inserção junto aos intelectuais culturalistas, que aprofundou em Ramos essa condição de estudar o Brasil como influência social, e não apenas cultural. Arthur Ramos teve uma convivência fecundíssima. Em torno dele se reuniam os maiores intelectuais nordestinos da época. No seu apartamento, tanto na Praia do Russell quanto no Edifício Tupi, que ontem foi aqui mencionado, Arthur Ramos reunia não só os intelectuais do Nordeste, como de outras partes do Brasil que viessem ao Rio de Janeiro, apresentados, porque ele tinha um papel de orientador. A principal contribuição de Arthur Ramos, a meu ver, foi ter projetado as ciências sociais, não só o que ele fez pela Sociedade Brasileira de Antropologia, mas por ter projetado em nível internacional os intelectuais brasileiros. Mostrou lá fora que aqui se fazia ciências sociais, o que lhe granjeou uma reputação internacional muito grande e o fez o mais traduzido entre todos os cientistas brasileiros de sua época. Sua ideologia o fizera combater tanto o nazismo, que o juntara à UNE para escrever Guerra e relações de raça e O Brasil e a guerra. Ele enviava todos os seus trabalhos do México. Estávamos vivendo, então, uma época de combate ao nazismo. E houve a formação de um grupo que ia desde Juliot Curie, na França, até Jaime Bodet, no México, abrangendo ainda todo um grupo latino-americano empenhado em fazer uma conjunção científica que viabilizasse, totalmente, a Carta dos Direitos Humanos. Caberia à Unesco realizar essa grande tarefa, por meio da ciência, da participação do intelectual, do trabalho acadêmico de esclarecimento. É um grupo que discute no I Congresso das Américas de Estudos Universitários, no qual o Brasil não se representa. Arthur Ramos não se fez presente porque era 1949 e ele estava em Oslo, abrindo a I Reunião de Sociedade Internacional de Sociologia.

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O papel destacado de Arthur Ramos nessa luta, não só intelectualmente como ideologicamente, fez com que ele integrasse a plêiade daqueles que, coordenados por Jaime Bodet, se estariam responsabilizando pela profunda luta que atingiria cientificamente todos os cantos da Terra, para que nunca mais o racismo tivesse tal nível de domínio. Ramos vai reformular os próprios conceitos da Unesco, criando o Setor de Antropologia. Só havia o de sociologia e política. Também vai-se destacar muito como o homem que fundou a primeira Sociedade Brasileira de Antropologia. Ele trava uma luta muito grande de apoio a todos os movimentos negros. Todos os negros que se querem organizar encontram em Arthur Ramos um grande incentivador, um grande mestre que os orienta na luta, em nível intelectual. Arthur Ramos participou de todas as associações que foram criadas em torno das lutas dos negros. Neste trabalho, listei as associações existentes, a partir dos convites feitos a ele. É um movimento muito amplo, abrangendo do Rio Grande do Sul até Pernambuco, passando por Minas Gerais. Em todos os lugares havia um movimento de libertação negra, e Arthur Ramos fazia parte desse movimento. Em 1941, 1942, ele vai pagar o preço. Porque fazer ciências sociais no Brasil não é fácil hoje, imaginem em 1942, ainda no Estado Novo! Quando ele cria a Sociedade Brasileira de Antropologia, acontece uma coisa impressionante. É que não se podia abrir uma sociedade sem pedir autorização à polícia, e, nesse momento, ele é preso, fichado. A acusação principal que lhe fazem é de que fundou a Sociedade Brasileira de Antropologia. É um crime! Está lá o retrato dele, as mãos, o rosto de lado, de frente, e a acusação maior: fundou a Sociedade Brasileira de Antropologia! Nesse período, ele está muito bem com os norte-americanos, embora esteja muito mal no Brasil. Ramos já estava sendo preso pela segunda vez, mas, como era grande a aliança mundial contra o nazismo, estava muito bem com os Estados Unidos, integrando os programas dos aliados. A partir de 1945, com o término da guerra, Arthur Ramos vai-se juntar ao Partido Comunista Brasileiro contra a presença americana no Brasil. Publica artigos em vários jornais dizendo que a permanência de bases aéreas no território brasileiro era uma ameaça à nossa soberania. Associa-se ao que havia de mais intenso ativismo político do país na época, que era a Sociedade pela Paz. Juliot Curie o convida para articular um congresso pela paz, já combatendo a Guerra Fria em seu início. Os intelectuais já alertam, denunciando que a Guerra Fria vai trazer um grande atraso. É em nome desse combate que ele quer um extenso desarmamento do mundo e se une a Jorge Amado, Graciliano Ramos, Orígenes Lessa, Álvaro Pacheco, todos os intelectuais perseguidos da época, para fazer uma luta de independência do Brasil em relação à Guerra Fria, defendendo a autonomia nacional. Convidamos outras pessoas que conviveram com Arthur Ramos a nos prestar o seu depoimento. Infelizmente, o falecimento da dr.ª Nise da Silveira, sua prin-

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cipal interlocutora na Faculdade de Medicina da Bahia, nos priva de um importante testemunho. Mas antigos alunos de Arthur Ramos vieram nos falar sobre suas vivências com o mestre: o professor e geógrafo Orlando Valverde, da primeira turma da Nacional de Filosofia; e o professor e funcionário aposentado da Fundação Biblioteca Nacional, Valdir da Cunha, da última turma que colou grau com ele. Também convidada, a dr.ª Lili Lajes, devido a problema grave de saúde, não pôde comparecer. Para terminar, gostaria de comparar o que se dizia da figura dele aqui no Brasil e no estrangeiro. Em Paris, onde ele morre em 1949, um necrológio exaltava Arthur Ramos como um dos maiores intelectuais de seu tempo. Não por acaso ele integrava uma organização ao lado de personalidades como Bertrand Russell, Jean Piaget, Julien Huxley e Jaime Bodet. A Unesco, por meio do seu Boletim e do Correo, fala da grande perda daquele intelectual de postura internacional, de produção muito grande. Vamos ver agora como o registro da morte dele é feito no Brasil. Sua ficha pós-morte, no Departamento de Ordem Política e Social, o DOPS, está aqui: “Arthur Ramos: falecido. Profissão: professor de antropologia. Endereço de trabalho: Universidade do Brasil. Residência: Av. Atlântica, 11. Histórico: o marginal é militante comunista.” E fazem a lista de todos os “crimes” praticados por ele. “Em 1946: concedeu entrevista ao jornal a Tribuna Popular sobre a permanência dos soldados norte-americanos nas bases brasileiras, denunciando-as como desnecessárias e inquietantes. 1946: faz parte da Universidade do Povo recentemente instalada e é dirigente do curso de antropologia da citada universidade. 1946: concedeu entrevista à Tribuna Popular a respeito da Lei de Segurança, a qual classifica de inconstitucional, fora da lei e do tempo, sendo uma sombra do passado” (Nota: é a Guerra Fria já adotada pelo senhor Eurico Gaspar Dutra, que Ramos começa a combater internamente). 1947: juntamente com um numeroso grupo de elementos comunistas, foi signatário de um longo manifesto em que defendeu o funcionamento do PCB e protestos contra o Parecer Barbedo” (Nota: o manifesto contra a tentativa de impedir a formação de partidos populares no Brasil, que Arthur Ramos endossa). Assinou o memorial, a 6 do corrente, condenando o Parecer Barbedo, que resulta na cassação do Partido Comunista. É presidente da Comissão Provisória de Associação, a fim de serem tomadas medidas urgentes quanto à remessa de socorros médicos ao povo em luta contra a tirania do ditador Moringe.

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Segundo a Tribuna Popular, é professor da Universidade do Povo. É membro da Liga dos Intelectuais Antifascistas, ocupando cargo de membro do conselho deliberativo da mesma. Foi um dos signatários do Manifesto pela Paz, no Distrito Federal, publicado por iniciativa do Congresso Paulista pela Paz. Segundo a publicação Folha do Povo, faz parte da comissão de solidariedade ao jornalista Aydano do Couto Ferraz, que se acha preso, e esteve lhe fazendo uma visita.” Cabe observar que Aydano do Couto Ferraz é o homem que vem esclarecer, aqui no trabalho, por meio de suas cartas, a relação de Ramos com Édison Carneiro e, enfim, dizer a razão da polêmica aberta contra Ramos. Ele era amigo fraterno de Édison Carneiro e, recebendo a carta de Arthur Ramos que repreendia acremente Carneiro, não a entrega. Responde a Ramos: “Nós somos tão íntimos que abri a carta; mas não vou dar este sofrimento a ele.” Arthur Ramos foi muito incisivo e Aydano interveio. Ambos mantêm ao longo da vida essa amizade. Aydano é jornalista no Rio e, quando vai preso, Arthur Ramos vai visitá-lo. Isso lhe dá outro módulo na ficha do DOPS: “1948: Faz parte do conselho consultivo da Organização Brasileira de Defesa da Paz e da Cultura, entidade de caráter comunista. Enviou um convite sobre a realização de ato público que marcará a instalação do Conselho Nacional de Defesa da Paz e da Cultura. 1949: Segundo o boletim reservado, faz parte da comissão brasileira que deverá participar do Congresso Continental Pró-Paz a ser realizado a 5 de setembro, do próximo ano, na Cidade do México. 1949: Segundo publicação de A Cidade, o marginal embarcou para a Europa em virtude de ter sido convidado para dirigir o Departamento de Pesquisas Sociais da Unesco, em Paris. 10/11/1949: Segundo publicação do Diário de Notícias de 1/11/1949, o marginal faleceu, em Paris, vitimado por um colapso cardíaco.” Esse foi um dos preços que Ramos pagou pelo papel pioneiro de institucionalização das ciências sociais, de adesão total e irrestrita à luta contra o nazismo, à luta de libertação negra nesse país. E há outros aspectos do que sofreu. Quando Ramos foi convidado para integrar um dos quadros da Unesco, a universidade não lhe deu licença. A última carta dele para d. Marina São Paulo de Vasconcellos é um verdadeiro brado de desespero. Pouco antes de viajar, ele recebe uma carta, cujo original o coronel Paulo Ramos me deu, na qual o então reitor Pedro Calmon dizia que o ministro da Educação soubera que ele se ia juntar a Juliot Curie nesse Congresso da Paz e pedia que ele não pusesse seu prestígio a serviço

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Carta de Caio Prado: informa sobre a revista Fundamentos, criada por Monteiro Lobato e dirigida pelo historiador, pede a colaboração de Arthur Ramos e o convida a integrar a Comissão de Redação. São Paulo, 19 jan 1949.

de um congresso desses. E não é dada a autorização para a viagem. Ramos não vai ao congresso no México porque assume a Unesco, sem receber licença para afastamento da Universidade do Brasil. Nos três meses que fica no exterior, ilegalmente, Ramos está mergulhado em luta muito profunda. Tanto que em sua última carta para d. Marina, exatamente no dia 22 de outubro – dia 31 ele morre –, afirma que já fez sua escolha. Mas queixa-se: como é que seu país o trata dessa maneira? Sublinha que está divulgando o nome do país no exterior, fazendo um trabalho sério, possibilitando aos intelectuais brasileiros um nome internacional, e a universidade o persegue. E mais: está sabendo que, ao mesmo tempo, já tem gente fazendo fila para se candidatar à cátedra dele. Apesar disso, afirma, já escolheu: vai trabalhar intensamente, fazer o projeto da Unesco para 1950-55 e, a partir daí, vai renunciar ao cargo, porque o principal para ele é a cátedra, e voltará para o Brasil. Encerra, dizendo: “Estou sacrificando a minha saúde, e a de Luiza, por um país tão ingrato...” No final ainda diz: “O frio está chegando, a pressão sobe, eu gostaria muito que a caldeira explodisse no Brasil.” Explodiu lá, nove dias depois.

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Estou trazendo hoje este material para dar de presente a minha amiga Adélia, que está fazendo um belíssimo trabalho sobre d. Marina, assistente dele. São duas coisas: as cartas dele para ela e as cartas dela para ele, em agradecimento pela boa vontade de procurar a bibliografia comigo, quando eu fazia meu trabalho. Quero lembrar, também, que Arthur Ramos foi tão vítima da repressão, a Guerra Fria o colocou de tal maneira no índex, que, quando a Universidade de Vanderbilt o convida a ir aos Estados Unidos em 1948, o governo americano lhe nega autorização para entrar no país, porque ele já tinha declarado suas posições contra o domínio norte-americano. A partir de então, ele é vítima de uma conspiração de silêncio, sua obra não sendo mais editada nem integrada à bibliografia de cursos de pós-graduação financiados por agências americanas. Só na década de 70, quando a família Ramos quer vender o apartamento do Edifício Tupi, para criar uma fundação, e procura a Casa do Estudante do Brasil, o diretor da editora, para assinalar os 25 anos de morte de Arthur Ramos, vai cogitar da reedição da Introdução à antropologia brasileira. E me deu uma honra muito grande: em 1972, fiz o prefácio deste livro, no volume sobre Culturas européias. Mas, em seguida, o editor da Casa do Estudante foi expulso, e, como era o editor fundador, o livro foi tirado de circulação. Com o dinheiro com que se faria um seminário em homenagem a Arthur Ramos, em 1974, é editado outro livro, sem o meu prefácio. Procurei o então vice-presidente da Casa do Estudante, Pascoal Carlos Magno, e ele pediu que eu “esfriasse” porque o diretor da Casa do Estudante, Luís Mesquita, era do Cenimar (Centro de Informações da Marinha) e já tinha feito uma “bela” ficha minha. Disse ainda que eu só não entrei “em cana” porque o coronel Paulo Ramos, que então dirigia a Sociedade de Ex-Combatentes – e está aqui um representante dele –, tinha ido lá e retirado minha ficha. Senão, eu teria sido presa por querer fazer um seminário sobre Arthur Ramos. Anos depois, consegui escrever um artigo sobre ele e publicar na revista A Ordem, do Centro Católico de Estudos Dom Vital, o único que não cairia nas mãos da polícia. Até esse período Arthur Ramos é perseguido pela ideologia da Guerra Fria, pelo fechamento aos intelectuais que estiveram presos, como Nise da Silveira, Jorge Amado, Orígenes Lessa. Ramos integrou a reação brasileira à Guerra Fria e houve contra-reação governamental e intelectual. Por isso, entendo que tenha ficado menos famoso do que Gilberto Freyre, que não fez essa luta, não foi para o índex da Guerra Fria. Gilberto Freyre teve condições de continuar seu trabalho, enquanto Arthur Ramos foi silenciado, como já tinham sido Manuel Bomfim, Guerreiro Ramos, e todos os intelectuais que tentaram fazer ciências sociais combativamente em defesa desse país.

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Orlando Valverde Geógrafo, membro do Conselho Nacional de Geografia e autor de Geografia agrária do Brasil (1964)

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uma coisa muito difícil, para mim, falar sobre Arthur Ramos depois da professora Luitgarde. Ela sabe tudo! Eu tenho, apenas, como contribuição, a circunstância, extremamente feliz, de ter sido estudante de geografia na extinta Universidade do Distrito Federal, a UDF, no período de 1936 a 1939. Quero, então, contar um pouco da minha história que é, também, digamos, agredida pelas situações difíceis passadas no mundo, nessa década de 30, que, por outro lado, foi riquíssima em experiências. Arthur Ramos foi um exemplo extraordinário dessa fase. Poderia dizer que, no presente, estou a uma distância de 49 anos de separação daquela figura de professor. Eu era um rapaz de 19 anos, expulso da Escola Naval, junto com outros 10 por professar idéias extremistas, sem que houvesse nenhuma prova material para condenar qualquer dos 11. Engraçado, foi o primeiro “grupo dos 11” que se formou extra-oficialmente, pois fomos expulsos pelo simples fato de que éramos contra o integralismo. Nós sentíamos nesse movimento uma cópia caricata do nazismo e fomos submetidos a um inquérito policial-militar, dirigido por um capitão-de-mar-e-guerra que era chefe de um núcleo integralista. É claro, era lógico, que, nessas circunstâncias, seríamos desligados. Depois que nos mandaram embora, as famílias foram, preocupadas, falar com o diretor da escola, o contra-almirante Castro e Silva. (Mais tarde, fiquei admirado, sabendo que ele era amigo de d. Branca Fialho. Como é que uma criatura tão culta podia... Bom, enfim, foi assim. A amizade não custa dinheiro. Mas creio que ela jamais aprovaria uma atitude dessas). Quando os familiares iam ao almirante perguntar por que fulano, filho dele, ou sobrinho, o que fosse, tinha sido expulso, ele botava culpa num outro: “Ah, não, a asa negra do negócio é o sicrano.” Jogava a culpa em um ausente e, assim, escapava de responder de frente. Essa resposta de frente realmente desapareceu: foi o processo. Durante 25 anos, de vez em quando, eu ia ao Ministério da Marinha para pedir vistas ao processo. Eu, algum dos acusados, um advogado, qualquer pessoa interessada. Nada se conseguia. Os advogados não puderam funcionar porque não havia causa, denúncia formulada na Justiça. E, naquele tempo, não havia computador, não é? Mas 25 anos depois, um dos nossos colegas foi ao Arquivo Nacional, que ficava num prédio do século passado na Praça da República. Havia lá um velhinho que tinha um computador aqui, na cabeça. Era um homem muito

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carola, muito conservador, mas um historiador honesto, chamava-se Eugênio Vilhena de Morais. Quando o meu colega declinou os nomes dos que tinham sido expulsos em janeiro de 1936, ele se lembrou do caso, subiu numa escada e achou: nosso processo estava jogado dentro de um parecer do imenso processo contra a Aliança Nacional Libertadora, que era capitaneada pelo Partido Comunista. Mas não havia conexão nenhuma entre os dois processos. Havia apenas uma declaração do então ministro da Marinha – hoje tem uma rua lá em Ipanema ou Leblon com o nome dele – que dizia que tínhamos sido expulsos, para servir de escarmento às gerações futuras, porque não tínhamos mentalidade para sermos oficiais da Marinha, já que éramos contra o integralismo. E quem era contra o integralismo era contra o Brasil. Tentávamos abrir um processo de reintegração à Marinha, mas não encontrávamos quem quisesse formar o processo. Até que um advogado, que queria ganhar dinheiro e que não tinha mais medo de careta, entrou e ganhou em todas as instâncias. A Marinha pressionou ao extremo, nessa fase já de mudança da capital para Brasília, mas, quando o processo chegou lá, resolveram pressionar o ministro do Supremo, que foi o relator. Era um antigo professor de latim do Colégio Pedro II, que estava no fim da vida, positivista, que não admitia pressão de jeito nenhum. Quando leu o processo, deu parecer totalmente favorável a nós: que devíamos ser reintegrados à Marinha, como se jamais tivéssemos saído dela. De repente, me vi de execrado a membro da classe dominante. Eu era um deles. Sabe com quem estão falando? Vocês estão falando com o capitão-de-fragata reformado Orlando Valverde, isso quando eu vou lá. Costumávamos dizer de brincadeira que todo oficial de Marinha era conformado, ou reformado, ou deformado. Então, eu estava agora numa categoria de elite. Dali para diante, a minha ficha foi esquecida, como a ficha lá do professor Arthur Ramos, que eu iria encontrar naquela época. Confesso que pela primeira vez eu tomava aulas de antropologia física e cultural. Eu tinha uma formação de militar. Da Marinha, eu levava uma boa base matemática, uma boa formação de educação física: remava, nadava, era um esportista. E, depois, tinha um conhecimento vivido da injustiça, daquela forma em que meteram a gente, em que venciam aqueles que eram mais bem-relacionados. O fato é que, para mim, a faculdade foi uma experiência totalmente nova. Duas figuras brilhavam na formação do curso de geografia. Uma, era a cátedra de Arthur Ramos, Antropologia Física e Cultural, e na geografia havia a cadeira de Geografia Humana, que foi dada por uma pessoa extraordinária que Anísio Teixeira foi catar lá em São Paulo. Era o professor Pierre de Fontaine. Ele tinha sido professor em Lille, depois veio para o Brasil. Em São Paulo, apaixo-

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nou-se pelo país, veio para o Rio de Janeiro, enquanto na capital paulista ficou um jovem professor assistente, mas não dele, de Paris, e que se tornou depois um grande amigo meu, Pierre Monbeig. Era um geógrafo extraordinário. O professor de Fontaine era da escola de Vidal de La Blanche e Jean Brunhes, naturalmente. Diga-se de passagem, na minha família houve um trauma com o caso da expulsão. Era uma família de imigrantes espanhóis, meu pai tinha, talvez, o mais antigo ateliê fotográfico, lá no começo da Rua Miguel Couto, onde nasci. Eu era filho caçula de uma família de quatro irmãos. Sobrevivi à gripe espanhola e, como sempre, o caçula é muito controlado pelos outros irmãos. Imagine quando eu estava lá na Marinha, já no penúltimo ano para minha graduação como guarda-marinha, ser expulso assim sem mais nem menos, sem nem fichamento policial. Foi um trauma terrível e minha família não tratou de examinar quem era, de onde vinha a informação. Caçula, fiquei sendo de repente a ovelha negra. Aquilo me deu uma desilusão muito grande. Meu relacionamento com a família ficou seriamente abalado porque os irmãos mais velhos – com exceção da minha irmã mais velha, que era de extrema doçura – de vez em quando me jogavam isso na cara: “Você é um ateu comunista!” E vai por aí, e outras coisas... Eu aceitava tudo calado porque não adiantava protestar. Mas a minha vida se apartou um pouco da família. Apesar de ter apenas 18 anos, eu tinha uma maturidade bastante avançada e aquilo me amargou bastante. Imaginem qual foi a minha decepção quando vi tudo se desencadear, os integralistas desfilando em homenagem ao Getúlio, com o Plínio Salgado ao lado, numa demonstração de força. Cheguei a pensar, realmente, com dois colegas, em fugirmos para o México. O México era um bastião da liberdade com, depois vim a confirmar, um povo extraordinário, embora o velho ditaPrograma da disciplina Etnografia do Brasil elabodor Porfírio Diaz tivesse dito: “Pobre rado por Arthur Ramos para o terceiro ano dos México, tan lejos de Dios tan cerca cursos de Geografia e História da Faculdade Nade los americanos.” É, realmente, mas cional de Filosofia, Ciências e Letras, da antiga é um povo lutador, bravo. Sinto, até, Universidade do Brasil.

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uma certa inveja de que o povo brasileiro não tenha aquele amor profundo pela sua pátria, pela sua terra, como tem o mexicano. O mexicano é o único povo que tem orgulho do seu sangue indígena. E os próprios espanhóis, que lá foram os colonizadores, eles tratam muito bem. Mas, quando convidaram agora o México, assim como Cuba, para a comemoração dos 500 anos, eles recusaram, terminantemente: há 500 anos se iniciou o saque do país pelas potências imperialistas, de forma que não temos motivo algum para comemorar, disseram. Os fatos levaram a isso e, pela primeira vez, eu pegava uma aula com dados antropométricos das raças. Os brancos, com aqueles grandes tipos como os escoceses de Gallaway, e os ainos, que são pobres brancos inferiorizados lá do extremo norte do Japão, e outros. E, curiosamente, o professor Ramos chamou a atenção, naquela época, para o fato de os soldados americanos chamados para a guerra, descendentes de alemães, já terem uma estatura média 10 centímetros acima dos orgulhosos alemães, aqueles dolicocéfalos louros, que vinham para dominar o mundo. Essas eram críticas terríveis. Ramos abordava na antropologia física aspectos característicos dos diversos povos, como a dobra mongólica, uma coisa que realmente chama atenção, os zigomas, com dados de dimensões antropométricas, o busto da mulher amarela, os órgãos genitais, os pêlos, os cabelos, o tipo dos cabelos e, também, dos negros. Pela primeira vez eu ouvia isso em classe. Antes, era considerada uma coisa muito feia comentar esses aspectos em classe. Dos negros, como maior africanista do Brasil, ele chamou atenção para a estatura dos sudaneses, negros imensos que empatavam em altura com os escoceses de Gallaway. A cultura avançada dos iorubas, o que explica por que, na Bahia, as insurreições dos negros foram mais graves do que as daqui do sul: eram mais cultos e alguns antigos nobres das tribos africanas estavam reduzidos a escravos, como os outros, o que eles não podiam admitir. Eles eram respeitados nas suas reuniões secretas. São fatos que mostram que há diferenças notáveis dentro de uma mesma raça. A estetopigia dos bantus era uma coisa que chamava atenção, a grande envergadura dos braços dos negros sudaneses, e uma coisa que pouca gente tinha observado: a importância do tônus muscular. Os amarelos são extremamente ágeis; vê-se, por exemplo, nesses campeonatos de tênis de mesa, que a gente mal pode acompanhar porque eles são leves e extremamente ágeis, ao passo que o tônus muscular dos negros sudaneses, que são imensos, fortes, dá a eles, hoje a gente sabe, uma grande possibilidade de vitórias significativas nas provas de atletismo nas Olimpíadas. Justamente, naquela época, as teses de Arthur Ramos ficaram evidentes. Hitler promoveu uma Olimpíada, em 1936, quando chegou ao poder. Colocou a Alemanha em uma porção de provas em que outros não competiam, para dar a ela a vitória mundial. Porém, na hora da corrida, um negro americano, chamado

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Jesse Owens, foi o homem mais rápido do mundo. Aquilo foi uma ofensa tão grande que Hitler não estendeu a mão para cumprimentar o Jesse Owens. Curiosamente, aqui no Brasil, na revolução de São Paulo, a intelectualidade paulista ainda estava cheia desses preconceitos. Imaginem que, em classe, o professor Arthur Ramos criticou um intelectual famoso de São Paulo, Alfredo Ellis Júnior, que afirmava que os negros não dominavam nos Estados Unidos, e eram mais fracos, porque o ar frio de lá penetrava pelas narinas e ia logo para o pulmão e, então, eles tinham pneumonia. Curioso é que, logo em seguida a essa afirmação, saído da escola de Chicago dos boxers americanos, um negro foi considerado o maior pugilista dos Estados Unidos; era o mas- Carta de Anísio Teixeira, na qual elogia Introsacrador de Detroit. Olha, que em Detroit dução à psicologia social, de Arthur Ramos, e o inverno era terrível! tece comentários sobre a importância que a Quer dizer, teses imbecis. Eu me lem- obra poderá vir a ter na interpretação da conbro bem a última vez, em 1977, que fui duta individual e coletiva. Bahia, 2 jan. 1937. a Washington. Estava em Chinatown, e olhava, na hora de abrir o comércio, aqueles verdadeiros armários humanos, aqueles negros fortões, e pensava que, se um desses homens se zangasse comigo, eu seria um homem morto. Porque eram fortíssimos. Todas as teses sem fundamento, Arthur Ramos derrubou. E trouxe à nossa consciência, pela primeira vez, aspectos para os quais a professora Luitgarde chamou atenção: nos deu noções de musicologia, noções da evolução. Isto é, base para compreensão da evolução da música negra popular que tem, cada vez mais, sucesso no mundo inteiro e que, afinal de contas, influiu até nos nossos clássicos, desde o padre José Maurício a Villa-Lôbos, toda essa música que se baseou no que o povo cantava. Como as festas de carnaval, as escolas de samba, que hoje são disciplinadas, exploradas, têm, sem dúvida, o concurso importante do ritmo negro, dos trejeitos das mulatas da escola. E, também, o sincretismo religioso dos negros no Brasil, em que Ramos mostrava a justaposição de São Jorge como Ogum e por aí afora. A própria Igreja, hoje

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em dia, não consegue evitar que haja essa assimilação e agora está adotando uma atitude mais compreensiva quanto ao sincretismo. Hoje, ela não abençoaria mais os que iam matar os etíopes na África, de forma nenhuma. Essas idéias novas, certamente, influenciaram no Concílio Vaticano II e, daí para frente, as “ovelhas” deixaram de ser só aquelas privilegiadas, para ser o próprio povo. Nas aulas de Arthur Ramos, tive discussões com ele porque eu estava orientado por uma escola que era muito mais antropológica do que geográfica. Era, justamente, a escola de Pierre de Fontaine, que falava do programa assim: “O homem e a montanha”, “O homem e a floresta”, “O homem e o mar”, “O homem e o frio”, e vai por aí. Até que um colega, um jornalista muito sarcástico, disse que só estava faltando “O homem e a mulher”, e “aí ele passa a ser um elemento fraco”. Tivemos discussões em classe com trabalhos que eram verdadeiras bombas. Casa grande e senzala, quando estourou, na década de 1930, todo mundo falava de Gilberto Freyre. Na minha opinião, Gilberto Freyre não foi tão amaldiçoado pelas classes dominantes porque se tornou um homem extremamente conservador, enquanto Arthur Ramos continuou fiel às suas idéias de liberdade. Ele chegou ao extremo de debater temas como a crítica à psicanálise da alma coletiva, em Totem e tabu. Fez, enfim, críticas nas quais Arthur Ramos, até hoje, é atual. Porque ele criticou, em classe, esse problema da herança dos caracteres adquiridos, mostrando, com exemplos recentes, daquela época, que se conseguia produzir características novas, mas sempre no sentido de destruição, bombardeando com raios-gama os gens de ratos. E, depois, não aconteceu aquela vergonha, que derrubou a genética russa, quando eles deixaram de seguir a linha, que se estudava até nos Estados Unidos, de Mendel. E chega um farsante, um mentiroso, como Lissenko, que falsificou dados, e um homem todo-poderoso como Stalin adotou essa nova linha. Na escola de agricultura dos Estados Unidos, eu tinha apostilas americanas de obras dos geneticistas russos que, naquela época, eram mais avançados. Mas depois de Lissenko tudo ficou desmoralizado. Olha o efeito do poder concentrado na mão de um governante só! O rolo compressor da ditadura militar maltratou terrivelmente, não só Arthur Ramos, mas também os seus mais distintos e fiéis seguidores. A minha querida ex-colega Marina São Paulo de Vasconcellos foi uma vítima disso. Ela se deixou morrer de desgosto. O meu colega historiador, o então jovem Manuel Maurício de Albuquerque, que foi submetido duas vezes a torturas no pau-de-arara. Artur Bernardes Vaz, jovem professor de geografia, que, ao receber em um cursinho aqui da Presidente Wilson, onde estava dando aula, voz de prisão, teve um problema circulatório e morreu ali mesmo. Então, nós tivemos uma geração perseguida. Mas as pessoas morrem, e as idéias verdadeiras prevalecem. De maneira que, hoje, as idéias de Arthur Ramos sobrevivem.

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Atualmente, no próprio meio militar, há uma preocupação imensa com a hegemonia norte-americana que deita, mais uma vez, seus olhos cobiçosos sobre a Amazônia brasileira. Na última aula que assisti de Arthur Ramos, eu já estava na Universidade do Brasil. Quando eu era aluno da UDF (Universidade do Distrito Federal), fizeram uma intervenção federal de extrema-direita na universidade. Eu fazia parte do diretório acadêmico e o interventor da universidade era, então, um homem integralista. Chamava-se Tristão de Ataíde. Felizmente, mais tarde ele mudou muito de atitude na vida. Bom, fomos obrigados a prolongar o curso por mais um ano, agora na recém-criada Faculdade Nacional de Filosofia. Nesse ano, 1940, tendo que cumprir mais um, tive a felicidade de ter aulas de Arthur Ramos, justamente na época em que foram postos a pique cinco navios brasileiros de comércio. Foi quando o professor Ramos já estava atuando mais fora da universidade, depois de muitas desilusões. Mas ele terminou as aulas fazendo uma preleção contra o racismo, contra o fascismo no mundo, contra a opressão das ditaduras e sublinhando que a consciência humana pode ser perseguida, mas jamais pode ser extinta. Com isso, eu, que era um desiludido de todas essas coisas, um aluno que ficava sempre na última fila para criticar o professor quando ele dissesse uma tolice em alta voz, pude debater com Arthur Ramos. O professor Ramos nunca fugiu do debate comigo. Discutiu sempre de igual para igual e, quando deu por encerrado o curso, nós o aplaudimos de pé. Aquele homem estava dizendo a verdade, estava trazendo uma orientação para toda a nossa vida. Foi isso que eu colhi de Arthur Ramos.

Waldir da Cunha Funcionário aposentado da Fundação Biblioteca Nacional Ex-chefe da Divisão de Manuscritos

F

ui aluno do professor Arthur Ramos entre 1945 e 1948. Eu fazia o curso de geografia e história. Não fui para a faculdade em virtude das ciências sociais, não fui buscar os conhecimentos sociais. Fui mais atraído pela história e pela geografia. Mas, ao me defrontar com o curso, pude observar que a Faculdade Nacional de Filosofia era formada por mestres do mais alto gaba-

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rito. Eu, que tinha saído da zona suburbana, na faculdade não podia entrar de camisa, tinha que vestir terno e gravata. Naquele tempo, a gente usava terno e gravata para assistir às aulas; e estava lá o professor Arthur Ramos. Só assisti aulas dele durante o primeiro ano; o segundo e terceiro foram dados já pela assistente, aulas de etnologia e etnografia. Ramos dava antropologia física e cultural, e eram duas horas de aula direto. A juventude da época estava voltada mais para a Faculdade Nacional de Filosofia, depois da antiga UDF. A diferença é que a UDF formava professores do Estado. Eu não fui para o Estado porque já era da Nacional, então, quando saí, fui trabalhar em outros colégios. Naquela época, depois de Santiago Dantas, já havia uma política de o aluno poder entrar na faculdade sem o vestibular. Entrava como ouvinte e fazia vestibular depois de três, quatro anos. Eu não, fiz vestibular, passei pela banca examinadora, inclusive o Celso Cunha me examinou em português, passei por essa fase. Já peguei um período em que, na faculdade, a minha turma era pequena, a turma anterior era maior. A procura já diminuía um pouco. E o que aprendi durante as aulas do professor Arthur Ramos? Que ele adotava uma bibliografia vastíssima. Antes de começar, ele lançava aquela bibliografia do exterior. Na época, não se dizia sociólogo, era sociologista ou, então, antropologista. O camarada era sociologista ou antropologista. Observei também que entre o grupo de professores havia uma competição muito grande, eles realmente competiam. Josué de Castro, que era professor de geografia, competia com antropologia, achava que não estava direito aquela relação entre geografia humana e antropologia. Eu me lembro muito bem que, em um dos trabalhos que fiz para o Josué de Castro, coloquei uma introdução do sociólogo de Pernambuco, Gilberto Freyre. Ele não gostou, me deu até nota baixa. Aí está uma lembrança da faculdade: havia essa competição entre os professores. Na minha época, fui aluno de quem? Delgado de Carvalho em geografia, que vinha da Europa, grande conhecedor. Fui aluno dos franceses que vieram no pósguerra, fui aluno do Rolland, conheci Pierre Monbeig, em São Paulo. Pierre Monbeig disse até uma coisa que nunca esqueci: que São Paulo crescia para cima e o Rio de Janeiro para baixo, por causa dos viadutos e dos túneis. Isso é idéia do Pierre Monbeig, lá em São Paulo. Assim que entrei, Artur Ramos me deu logo uma noção interessante: ele não admitia que se falasse em raça, tinha que ser etnia. O termo era étnico. Raça branca, não. Tinha que ser etnia. E, também, uma coisa interessante que aprendi, apesar de não ter nada para ser associado, é que ele batia muito na questão de patrimônio cultural. Ele achava que a cor não influenciava. Era o patrimônio cultural de uma civilização que influenciava. Nisso ele insistia muito, isso ele me passou bem.

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Arthur Ramos durante uma aula no curso de Antropologia da Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras. Entre os alunos (o primeiro à direita), Waldir da Cunha. Rio de Janeiro, 1945.

Posso caracterizar aspectos do professor Arthur Ramos. Quando terminei a Faculdade Nacional de Filosofia, tentei ingressar como geógrafo, como o professor Valverde. Fiz muitas excursões de campo, estudei história com alguns franceses, estudei com um especialista em arte, que era Antoine Bond, da Universidade de Montpellier, estudei com Rolland, e tinha que saber falar francês, que as aulas eram dadas em francês. Há um retrato em que estou com a turma de Arthur Ramos, foi a última turma, parece. Arthur Ramos tirou o retrato, e eu estou lá. Ele era um colecionador. Esse material todo, que a gente chama de arquivo ou coleção, veio para a Biblioteca – mas não foi só a Biblioteca que comprou, não, foi em conjunto com o Instituto do Patrimônio. Uma parte veio para a Biblioteca Nacional, manuscritos, retratos e fotografias. Naquele tempo, a nossa “informática” era diferente, havia aqueles projetores de slide... Uma boa parte desse material está, me parece, no arquivo que veio para a Biblioteca Nacional. Quando eu era aluno, participei de pesquisas de campo. Cheguei a ir à ilha das Cobras para fazer pesquisas antropométricas e as fichas não vieram para a seção, devem estar lá, no instituto, no departamento. Ramos fez essas pesquisas lá. Ao mesmo tempo, como colecionador, engraçado, ele colecionava correntes. Sabe o que é corrente? Nunca recebeu uma corrente? É uma carta que a gente recebe para passar adiante. Está cheio de correntes por aí. Ele recebia várias. Não sei o que ele ia fazer com aquilo, não sei qual era a função para o trabalho social dele, mas há esse material. Como, também, havia um representante dele em Alagoas. E esse amigo dele em Alagoas, de quem agora não me lembro o nome, enviou para a coleção de

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Arthur Ramos grande quantidade de documentos sobre a escravidão, que retirava lá dos arquivos, pensando que os arquivos se podiam queimar. Retirava e mandava, com a intenção de preservar. Vocês sabem disso, não é? Grandes arquivos, às vezes, sofrem com intempéries, sofrem com desgaste, com incêndio. A própria Casa dos Contos foi incendiada. Porque tinha muita gente devendo dinheiro, então, incendiaram aquilo e tudo ficou completamente desbaratado. Então, esse material a que me estou referindo foi retirado dos arquivos de Alagoas e da coleção dele. Há um material muito bom aí sobre escravidão. O indivíduo quando vai estudar história da escravidão tem que ir ao arquivo de Arthur Ramos. Finalmente, tenho idéia do meu tempo de jovem como muito bom. É claro que fui levado, também, por aquelas idéias meio socialistas e me levaram até para a Escola do Povo para dar aula. Mas fugi de lá. Fiquei com medo porque era no pós-guerra e temi ficar numa situação até de processo. Mas fui lá, dei umas aulas e saí. Eles levavam a gente e falavam: “Vai aprender a dar aula.” Então, eu ia para a Escola do Povo. Já naquele tempo, havia o curso de preparação da UFRJ. Tenho uma idéia muito nítida porque guardei esse arquivo por mais de 40 anos, aqui na seção. Ele está colocado ali, nos armários; separei as fotografias, deixei tudo aí. Atualmente, a minha amiga e colega Carmem está catalogando para jogar no computador. Ficamos muito tempo sem catalogar, porque o número de funcionários aqui é muito pequeno. Graças a Deus, consegui trabalhar durante esse anos todos, sozinho. Eu lidava com pesquisador, organizava. Acabei saindo daqui como técnico consultor. Agora, estou quieto em casa, não sei como fui envolvido pela professora Luitgarde. Obrigado!

D E B AT E

Luitgarde Cavalcanti Antes de saber se alguém tem alguma pergunta, ou se o professor Peter Fry quer fazer um balanço do que foi dito aqui, desejo esclarecer que essa pessoa que mandava documentos para Arthur Ramos era Bonifácio Magalhães da Silveira, tio da dr.ª Nise da Silveira. Quando foi fundada a Sociedade Brasileira de Antropologia, só dois alagoanos fizeram parte dela: Bonifácio Magalhães da Silveira e Teotônio Vilela Brandão, o famoso Teo Brandão de quem falamos. Agora, então, está aberta a rodada para perguntas.

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Peter Fry Queria inicialmente agradecer aos senhores pelas lembranças e pelo privilégio nosso de adentrar numa década tão esquecida. Ouvir o senhor falar sobre integralismo foi um privilégio. Agradeço muito, porque a gente tende a pensar apenas nos últimos acontecimentos, esquecendo que a história, infelizmente, tem uma tendência a se repetir. Mas a minha pergunta é simples. É que os senhores falaram – é o título da mesa – da construção da carreira intelectual de Arthur Ramos, quer dizer, da posição dele como intelectual, como pensador. Eu queria saber se os senhores têm, como ex-alunos, alguma coisa dele como pessoa, como personalidade. Porque suponho que os nossos alunos devam comentar sobre nós, não é? Eu queria saber, também, um pouco mais sobre essa época. O senhor falou da necessidade de usar terno e gravata, mas, ao mesmo tempo, o senhor disse que o professor Ramos argumentava com os alunos cara a cara. Quer dizer que, além da hierarquia, obviamente, havia uma democracia.

Orlando Valverde A democracia era de tal ordem que ele respondia, com precisão, à pergunta de alunos que estavam lá para fazer crítica aos professores incompetentes. Ele respondia e nos colocava certinhos no nosso lugar. Mas ele também fez críticas a nomes como Rui Barbosa. Uma interpretação de Rui Barbosa sobre um prato da culinária baiana chamado arroz-de-hauçá ele interpretou como arroz de água e sal. Criticou, também, Rui Barbosa por ter mandado destruir, quando ministro da Fazenda, todos os documentos relativos à entrada de negros no Brasil. Rui mandou queimar. Olha, eu fui aluno de Arthur Ramos e também de um professor alemão que foi maldito durante o regime nazista. Chamava-se Leo Waibel e o último livro que ele produziu na Alemanha foi queimado, em 1933, nas fogueiras nazistas, numa cidade que hoje é parte da Polônia, Breslaw. E o livro Problems of Geography, eu e o Walter Hegler traduzimos: Walter traduziu a parte que estava em alemão, e todos os originais em inglês fui eu que tive a honra de traduzir. Mas, no final da vida, Waibel conseguiu recuperar todos os direitos dele na Alemanha, inclusive indenização e montepio para a viúva, que era judia e não podia realmente permanecer lá. Então, fui aluno de dois professores perseguidos, pelos quais, até hoje, tenho especial consideração. Porque quem luta pelos seus ideais, e tem certeza de que está correto, é superior a essas coisas

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todas. Arthur Ramos e Leo Waibel estão no mesmo panteão, um como antropólogo e outro como geógrafo.

Luitgarde Cavalcanti O professor Orlando, na entrevista que deu para mim, contou uma coisa que responde à pergunta, mas que, agora, ele não repetiu. O seguinte: Arthur Ramos estava dando aula, adoeceu e ficou muito preocupado porque tinha levado um homem para consertar o piano da casa dele, e os alunos ficaram sabendo desse seu gosto pelo piano. Ele falou, em sala de aula, que, mais do que doente, ele estava preocupado com o piano quebrado. E o professor Valverde contou isso como característica humana de Ramos.

Waldir da Cunha Na fase em que estudei, realmente, havia umas perguntas que nós não fazíamos aos professores, porque eles não davam espaço para discussão. Nenhum deles. Eles davam a aula de duas horas diretas, aquelas aulas profundas, mas a turma, no meu tempo, achava que o professor Arthur Ramos não era muito didático. O conhecimento dele era tão grande que não dava para ele seguir a didática da época. Atualmente, as pessoas seguem uma didática diferente e levam fichas para a sala, não é? Naquela época, não se levava fichamento, não. Era proibido dar aula com ficha. Eu mesmo, quando fui ensinar no ginásio, no científico, não levava ficha, tinha que decorar antes, para dar aula. Os alunos achavam que o professor que dava aula com ficha não sabia nada. Eles achavam que não era didático. O professor Arthur Ramos era gordo, muito gordo mesmo, na época. Não sei se, depois, ele emagreceu, mas quando ensinava lá, ele, médico, poderia cuidar melhor da sua estrutura, eu pensava. Com o tempo, eu ficava refletindo: “Poxa, o professor Arthur Ramos, médico, mas nunca se interessou pela própria saúde física.” É esse o aspecto da época. Ninguém escreveu nada, ainda, sobre a Faculdade Nacional de Filosofia que foi, realmente, uma universidade. Quando a gente fazia excursões, o interiorano perguntava: “O que tem filosofia com geografia?” Os estudantes não tinham uma noção exata. Fui do tempo de Carneiro Leão, o grande administrador lá da área, e é até esse ponto mais ou menos que posso responder a sua pergunta. Obrigado.

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Verena Stolcke Achei fascinante, sobretudo, o ângulo político de Arthur Ramos e se mostrou, muito claramente, que foi uma figura que resistiu aos poderes existentes, com conseqüências: essa sucessão de prisões e a relação complexa com os Estados Unidos, relação que é histórica dos Estados Unidos com a América Latina. Agora, pergunto: em 1940, na viagem aos Estados Unidos, Ramos esteve 10 meses em Baton Rouge; parece que, então, para conseguir o visto, o convite, já tinha tido certos problemas. Seria interessante você explicar um pouco esse fato.

Luitgarde Cavalcanti Como tenho dito, a aliança mundial daquele momento era contra o nazismo. Tanto que os Estados Unidos estavam aliados a Stalin nessa luta. Então, não havia um boicote. O boicote a Arthur Ramos só vai acontecer posteriormente. Por isso, fiz a divisão: ele estava muito mal aqui, internamente, com o DIP, Getúlio e Filinto Müller, mas estava bem lá fora, porque fazia parte da extensa aliança liberal antinazista que congregava os vários países do mundo, com os “maquis”, comunistas ou não, com os partisans, comunistas ou não. Eram todos “os aliados”. E os Estados Unidos deixam suas portas abertas para esses aliados, inclusive Stalin. Agora, a partir da Guerra Fria, quando se divide o mundo, quem fica do lado de cá, na América Latina, vai sofrer duas pressões: a pressão que já existia internamente e a nova que os Estados Unidos vão impor, no seu papel de policial do mundo, que começa ali. Começa com o macartismo. Os Estados Unidos vão enfrentar problemas internos, também, e problemas externos. Por isso, Arthur Ramos, que tinha sido tão bem recebido em 1940, já é recusado em 1948, porque, em 1945, já tinha tomado posição contra a presença norte-americana armada na América Latina, denunciando o armamentismo como ameaça à sobrevivência do mundo. Grande defensor da paz, via na Guerra Fria a preparação de futuras guerras.

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Verena Stolcke Acho que tem um detalhe importante adicional. Torres Bodet não era um homem de esquerda. Ele foi o segundo secretário da Unesco e quem convidou de fato Arthur Ramos. Bodet tinha sido aceito pelos Estados Unidos, supondo-se que iria dançar ao apito dos Estados Unidos, o que não fez. Ele criou um grupo de pressão da América Latina, mas com uma certa discrição. E foi ele quem convidou Arthur Ramos. Parece que não houve essa interferência, não com esse convite.

Luitgarde Cavalcanti Ainda era um momento em que uma força intelectual muito grande do mundo apostava na paz. Ainda não se tinha rompido o equilíbrio de paz. Ainda não havia nenhum país com papel dominante, hegemônico, dentro do contexto total. Arthur Ramos não é recusado, porque o grupo de apoio dentro da Unesco era todo de esquerda. Estavam lá, apoiando Ramos, todos eles. Travavam uma grande luta para que a Carta dos Direitos Humanos fosse adotada pela nova ordem internacional, o que seria a anti-Guerra Fria. Dentro da França, e nos países europeus todos, se pensava que se atingiria isso por meio da ciência, da alfabetização, do combate ao racismo etc. Os Estados Unidos não iriam negar o visto, naquele momento, porque eles ainda não tinham aberto o jogo da Guerra Fria, ela só aparecia internamente, em alguns países. O México, naquele momento, tinha vários intelectuais de destaque. Torres Bodet já fazia equipe com Arthur Ramos, e já havia uma extensa correspondência entre eles. No meu trabalho, botei o discurso de Torres Bodet na abertura do I Congresso Americano de Universidades. Ele fez um discurso que era, exatamente, toda a ideologia de Arthur Ramos. Fala precisamente de ciência aplicada e do papel da universidade no mundo contemporâneo, no mundo do futuro: não apenas preparar profissionais, mas preparar homens capazes de impedir uma nova hecatombe. Esse é o papel do intelectual daquele momento, que a Guerra Fria vai amortecendo até acabar. Primeiro, com perseguições; depois, com doações e, em seguida, a geléia geral. Mas, naquele momento, estava bem colocado o grupo intelectual que acreditava na paz. E foi a universidade que possibilitou a criação desse grupo, espalhado em todos os países. Ontem, foi vista aqui a idéia de missão. Não era a idéia de missão propriamente, era a idéia de uma associação política entre o conhecimento e a práxis. Quando

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Arthur Ramos trabalha com a idéia de antropologia aplicada, é porque ele trabalha com teoria e práxis em toda a sua vida, em toda a sua construção intelectual. Quando faz pesquisa, por exemplo, em Alagoas, muita gente daquele tempo me informou: ele fazia pesquisa no Xangô, freqüentava o Xangô, e atendia de graça todos os macumbeiros da cidade. Como, depois, Teo Brandão, quando vai coordenar o folclore de Alagoas, e arranja emprego e atendimento médico em hospital para todos os agentes de cultura popular. Então, é claro que Arthur Ramos seria muito bem recebido nos Estados Unidos, no momento do congraçamento geral, e seria, paulatinamente, afastado, na medida em que a Guerra Fria crescia e que a Unesco começava a perder o poder, a posição para fazer valer a Carta dos Direitos Humanos. Hoje, não é mais a Unesco quem fala em Direitos Humanos, são os governos altamente armados. É um verdadeiro paradoxo com a concepção da Unesco, que foi criada para defender a paz e construir um mundo de conhecimento e ciência; e hoje, quem “defende” os Direitos Humanos manda, por exemplo, bombardear um outro país, em nome dos Direitos Humanos. Com isso, tem havido a desmoralização da Unesco, para a qual quase nenhum país hoje dá dinheiro. Quando eu estava pesquisando lá, o presidente da Unesco me disse que eles recebiam dinheiro do Japão, dos Emirados Árabes, mas as grandes potências não pagavam a taxa exatamente para a Unesco não ter nenhum poder. E Arthur Ramos foi da época em que a Unesco era o sonho de confiscar dos estados armados o direito de reger o mundo, e poder reger o mundo com harmonia, com o antiracismo. O primeiro projeto, organizado na década de 1950, é o estudo do racismo. Numa carta de Arthur Ramos para Costa Pinto, ele descreve até as pessoas que vai convocar em primeira mão, como Lévi-Strauss. Ele vai dando a relação dos intelectuais que quer convidar para estudar racismo e em seu último trabalho, que é publicado no dia seguinte à morte dele, afirma que a destruição do racismo seria a aurora de paz, seria o prenúncio de paz para o mundo. Daí ele ter trabalhado tanto em cima de racismo. Porque todos eles estavam pensando não no problema econômico que ocasionou a guerra, mas no problema ideológico que a conduziu, porque o fator dominante da imprensa e de tudo era o racismo. Tanto que hoje – até escrevi um artigo falando disso – estamos tão preocupados com análises econômicas que esquecemos as análises ideológicas. Esquecemos que há 50, 60 anos, Hitler matava em nome da ideologia racista. Hoje, o mundo mata em nome da ideologia economicista. Antigamente, morria quem era considerado de raça inferior; hoje morre quem tem baixo poder aquisitivo. Então, antes, era a cor da pele, a raça; hoje, o cifrão. O nazismo está aí.

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Conjunto de esculturas e objetos rituais da cultura afro-brasileira usados para ilustrar o livro Arte negra no Brasil. [S.l., s.d.]

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O direito de destruir, de desrespeitar e aniquilar o diferente que é, em suma, aquilo em que se baseou o nazismo e o racismo, está agora invertido: não se faz em nome da raça, mas em nome do poder econômico. E isso, acho, aqueles intelectuais da época foram incapazes de perceber: que um jogo econômico estava dentro da II Guerra Mundial. Não me parece, pelo menos que eu conheça, que algum deles tenha feito essa análise, de tal forma se deu importância ao problema racial como fator de guerra. Não havendo mais perguntas, agradeço a todos e, em particular, à Biblioteca Nacional por se juntar ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, à Fundação Oswaldo Cruz e à Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Quatro instituições se reúnem, 50 anos depois, para tirar Arthur Ramos do esquecimento, enquanto as novas gerações estão iniciando trabalhos sobre a obra desse intelectual há 50 anos esquecido. Muito obrigada.

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O Corpus Juris Civilis, de 1478: da historicidade do incunábulo à salvaguarda da memória impressa – os papéis da Restauração*

Carmem Lucia da Costa Albuquerque Conservadora e Restauradora da Fundação Biblioteca Nacional

* Trabalho apresentado no X Congresso da Associação Brasileira de ConservadoresRestauradores de Bens Culturais - Abracor, realizado na cidade de São Paulo, em novembro de 2000, e publicado originalmente nos Anais do Congresso.

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objetivo deste estudo é apresentar todo o processo de restauração, da encadernação e do suporte da informação impressa no incunábulo Corpus Juris Civilis, pertencente à Divisão de Obras Raras da Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com políticas de preservação consagradas na literatura técnica e científica. O processo de restauração eleito foi fundamentado na historicidade da obra; isto é, na análise do item sob os pontos de vista da sua raridade e da sua materialidade, tendo como valor de referência a sua superfície, a síntese das informações explicitadas por suas condições físicas. A superfície da obra – sua extensão e dimensões, envolve materiais e aspectos físicos de caráter múltiplo, relativos à parte escrita (disposição do texto, tinta, cores, papéis, marcas d’água), ao envoltório (pranchas, couros, ornamentos, costuras, cordas), e a aspectos peculiares, tais como: marcas de propriedade, anotações manuscritas, marcas de uso e de leitura. Em face do valor histórico e documental da obra, a restauração impôs-se como o meio de ampliar a longevidade da informação registrada, salvaguardando o suporte original.

H I S TO R I C O

A obra Corpus Juris Civilis foi impressa em Basiléia, Suíça, por Michael Wenssler, em 31 de julho de 1478. A expressão corpus Juris significa corpo do Direito, isto é, todo o conjunto de reformas legislativas feitas no tempo do imperador Justiniano (c. 483-565).

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Justiniano promoveu mudanças na legislação do Império Bizantino, optando por fazer uma compilação sistemática de todas as constituições imperiais. O novo código foi promulgado em 16 de abril de 529. Em 534 houve nova revisão, que apareceu sob a forma de 2ª edição – esta versão foi a única que chegou aos nossos dias. A obra foi publicada, inicialmente, em latim e, depois, traduzida para o grego. As primeiras partes do código de Justiniano foram impressas numerosas vezes, tanto separadas quanto reunidas, formando uma coletânea denominada Corpus Juris Civilis. O governo de Justiniano I, o Grande Imperador do Oriente (527-565), foi notável principalmente por três motivos: pelas grandes construções arquitetônicas, pelos êxitos militares que alcançou e pelo código que compilou. A obra em análise, impressa no ano de 1478, por Michael Wenssler, na cidade de Basiléia (Suíça), é um dos preciosos incunábulos da coleção da Biblioteca Nacional brasileira, tem 105 folhas numeradas, precedidas por uma sem numeração, não apresenta assinaturas e traz a marca do impressor, no final. Trata-se de um in-fólio, com 41,5x29 cm (Figura 1). O texto está em latim, em caracteres góticos, arranjado em duas colunas, com comentários sobrepostos também em duas colunas; é impresso em preto, com capitulares, títulos de partida e parte do texto rubricados. Entre as características exteriores à obra, isto é, aquelas que foram inseridas ao longo da história do exemplar específico, destacam-se: algumas notas manuscritas às margens, em tinta ferrogálica e letra de época; e o sinete do Santo Ofício. Todo o processo de restauração, tanto da encadernação quanto do papel, foi condicionado à pesquisa bibliográfica, em fontes específicas, para constatação da raridade e importância histórica da obra; e à pesquisa bibliológica – a análise do documento, página a página, para registro de suas características originais e atribuídas. Colofão rubricado do Corpus Juris Civilis, com a marca do tipógrafo.

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S O B R E A R E S TAU R A ² AO D A E N C A D E R N A ² AO

A encadernação é original, inteira de couro, com perda de lombada, típica do estilo monástico, do século XV (Figura 2). As capas de madeira foram cobertas de couro marrom tingido e gravado a seco, com vinhetas diversas e fechos de metal dourado, estilizados. O miolo foi fixado às pranchas, pela lombada, com nervos de cânhamo. Sobre o revestimento gravado, foram aplicadas cantoneiras e um camafeu central em chifre, provavelmente, de boi (Figura 3). Este modo de ornamentação era uma prática entre os monges do Medievo que, ajudados por gravadores, fizeram as primeiras aplicações de enfeites, gravando ferros ou prensando sobre o couro pranchas de madeira com desenhos, nomeados como “ferros monásticos”. A técnica de gravação no couro consistia em apertar de leve as pranchas de madeira sobre o couro previamente umedecido, de onde provém o nome de “decorado a frio”. Os ferros góticos, monásticos, foram os ornamentos utilizados nos livros impressos nos primeiros 50 anos desde o advento da tipografia, chamados incunábulos, ou seja, o livro da prototipografia, artesanal, característico da fase em que a arte tipográfica se achava em seu estágio inicial. Na encadernação do Corpus Juris Civilis, constam gravadas a ferro sobre o couro as seguintes imagens-símbolos: a) águia: muito difundida como animal-símbolo, geralmente, associado com o sol e o céu, eventualmente também com o raio e o trovão; seu poder simbólico era atribuído, sobretudo, à sua força e resistência. A águia, tida como rainha das aves, já na

NO ALTO: Encadernação original toda em couro, com perda de lombada. Século XV. ACIMA: Detalhe do revestimento da encadernação, com aplicação de cantoneiras em chifre e fecho de metal.

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Antigüidade era considerada como o símbolo do real e do divino. Na Bíblia, era utilizada como símbolo de Deus Todo-Poderoso. Foi adotada por muitos encadernadores, sendo, inclusive, o símbolo de Napoleão; b) leão: considerado o “rei dos animais” da Terra, ao lado da águia, a “rainha das aves”, é um símbolo muito difundido, quase sempre, com significado solar ou estritamente ligado à luz, devido, entre outras coisas, a sua força, a sua cor amarela e à juba radiante que envolve sua cabeça. As características do animal, de forte teor simbólico, são a coragem, a ferocidade e uma suposta sabedoria. A representação do leão nos tronos e nos palácios dos soberanos designa poder e justiça; c) flor-de-lis (= flor de lírio): este símbolo representa uma estilizada “flor de lírio” e assume muitos significados. Tradicionalmente, tem sido usada para representar a realeza francesa. Diz-se que designa a perfeição, a luz e a vida. No século XII, o rei Luís VI, ou Luís VII, foi o primeiro monarca a usar a flor-de-lis em seu escudo. No século XIV, a flor-de-lis foi aos poucos incorporada às insígnias de família, que eram bordadas sobre o manto dos cavaleiros. A Igreja Católica Romana utiliza o lírio como um emblema de pureza, associado à Virgem Maria. Devido às suas três pétalas, a flor-de-lis também tem sido usada para representar a Santíssima Trindade; d) florões: ferros como rosetas e palmeiras (adorno em forma de palmas), inspirados na flora. Para a restauração da encadernação do incunábulo, foi adotada a seguinte rotina: 1) limpeza a seco das capas de madeira com trincha, para remoção de poeira e outras sujidades; 2) hidratação com produto Leather Dressing, em face do péssimo estado de conservação do couro; 3) retoques com tinta Enigma, cor marrom, para amenizar arranhões e outras abrasões; 4) enxerto com couro de cabra, tingido, nas áreas faltantes; 5) remoção das folhas de guarda e de películas de pergaminho coladas sobre a madeira, utilizadas para o nivelamento das capas. Devido ao adiantado estado de degradação destes materiais, não foi possível o seu reaproveitamento. A remoção das folhas de guarda foi realizada com água, álcool e cola Metilan. As guardas originais foram substituídas por guardas em papel artesanal, moderno; 6) retirada dos nervos de cânhamo originais (Figura 4). O estado de deterioração do material justificou a sua retirada. Na ocasião, verificou-se que os nervos eram fixados por uma cavilha de madeira e nivelados com gesso (Figura 5); 7) costura, do miolo à encadernação, com novos nervos;

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8) confecção e inserção de nova lombada, em estilo de época, em face da ausência da original. A nova lombada foi confeccionada, relevando os padrões considerados pelo encadernador original. Foram utilizados, nesse processo, os seguintes materiais: a) couro de cabra nacional, tingido com tinta Enigma marrom, aproximando-se ao máximo da cor original; b) cola de amido PH 7, de fabricação nacional; c) corda de cânhamo neutro, com 12 fios, importada da Espanha, para os nervos e como suporte para bordar o cabeceado; d) fio de cânhamo neutro, importado da Espanha, para bordar NO ALTO: Retirada dos nervos de cânhamo originais. o cabeceado com três fios; e) folhas de guardas em papel ACIMA: Nervos fixados por cavilhas e nivelados com reciclado, confeccionado no Labogesso. ratório de Restauração da Fundação Biblioteca Nacional; f) tarlatana, importada da Espanha, para complemento da sustentação das pranchas na lombada; e g) linha de linho nº 20, de fabricação francesa.

D A R E S TAU R A ² AO D O PA PE L

O papel, utilizado como suporte da impressão, é tipicamente artesanal: de textura áspera e, por vezes, macia, sua superfície é desigual, com tendência a mais espesso que fino. O amarelecimento provocado pelo tempo atribuiu ao suporte um aspecto “antigo”, que não inviabilizou a leitura das marcas d’água praticadas. O uso da marca d’água, elemento de identificação do papeleiro, começou no final

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do século XIII, e desde esta época os papéis sem marca d’água são muito raros. As marcas d’água diferem, entre si, e cada uma delas tem sua história. Na obra em análise, ocorre uma das mais significativas marcas d’água do período: a cabeça de touro (Figura 6). A cabeça de touro, uma das primeiras marcas d’água de animal, começou a aparecer em 1310 e foi o emblema favorito dos fabricantes de papel por 200 anos. Algumas vezes, foi usada sem acessórios, mas, de modo geral, é encontrada sobreposta por uma cruz latina, pela rosa de bliss, isto é, a rosa da felicidade, de bem-aventurança; por uma meia-lua; uma coroa; ou outros símbolos.

Marcas-d’água verificadas na obra.

A figura da cabeça do touro cheia de adereços não era tão comum quanto a cabeça representada sozinha. O touro designa paciência e força e, em alguns escritos antigos, é interpretado como símbolo do sacrifício de Cristo, bem como de profetas, apóstolos e santos; era, também, a representação de todos aqueles que, pacientemente, trabalhavam em silêncio para o bem dos outros. Para a restauração do papel utilizado no incunábulo, foi adotada a seguinte rotina: 1) limpeza mecânica, folha a folha, com trincha e pó de borracha, para a remoção de sujidades superficiais; 2) tratamento aquoso, com banho por imersão. Para a efetivação desse tratamento, foram realizados testes de solubilidade de tintas do texto e das capitais coloridas em 3 etapas:

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a) com água deionizada, b) com água deionizada e álcool a 50%, e c) com hidróxido de cálcio. Os resultados dos testes foram negativos. A resistência do papel de trapo utilizado na obra permitiu o uso seguro desta técnica. As folhas foram lavadas com a proteção de tela de nylon Monyl. 3) desacidificação, com uso de hidróxido de cálcio. As folhas foram postas para secar em temperatura ambiente; 4) obturação das áreas de perda de suporte com uso de Máquina de Obturação de Papel (MOP); 5) reencolagem das folhas, com cola Metilan; 6) remontagem dos cadernos, conforme o padrão descrito na Ficha de Desmonte e Relação de Cadernos, praticada no Laboratório de Restauração da Fundação Biblioteca Nacional; 7) planificação leve, para acomodação dos cadernos recompostos (Figuras 7 e 8). Foram utilizados, nesse processo, os seguintes materiais: a) polpa de eucalipto branqueado, b) cola Metilan, para reencolagem, c) papel japonês, de 9 gramas, para reforçar a lombada e efetuar pequenos reparos, d) corante castanho solar, SLN 60%, fabricado pela Sandoz, e e) hidróxido de cálcio PA.

C O N C LU S AO

A literatura específica não relata práticas e teorias que fundamentem um padrão para a restauração de incunábulos. A higienização e a salvaguarda têm sido as opções recomendadas. No entanto, as condições físicas oferecidas pelo item, após 500 anos de guarda, impunham a adoção de um procedimento baseado em uma realidade que só poderia ser revelada após a interferência de um restaurador. A restauração não constituiu um pré-requisito para a salvaguarda; mas foi considerada necessária para a garantia de qualidade do suporte e de acesso à informação – o que justifica, por si, a opção pela restauração. A restauração da encadernação e do papel foi definida a partir da associação dos fundamentos da Preservação e da Documentação, de modo a viabilizar o armazenamento, adequado à antigüidade e raridade do documento, sob a perspectiva da

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longevidade e da salvaguarda da informação registrada. A restauração implementada, portanto, tem padrão de qualidade arquivística; isto é, tem a propriedade de reduzir o impacto do ambiente e do manuseio e é resistente à deterioração – protege e apóia, fisicamente, o documento como um todo. Nessa questão, preponderou a política de preservação praticada na Fundação Biblioteca Nacional: a restauração e o acondicionamento da obra em condições de

NO ALTO: O Corpus Juris Civilis, antes da restauração. ACIMA: O Corpus Juris Civilis, depois da restauração.

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acesso restrito, de modo a viabilizar a sua consulta exclusivamente naqueles casos em que a mesma informação, transferida para outro suporte (microfilme, fotografia, digitalização), não seja suficiente para satisfazer as necessidades do pesquisador.

BIBLIOGRAFIA ATKINSON, Ross W. Seleção para preservação : uma abordagem materialística. In: BECK, Ingrid (Coord.). Planejamento de preservação e gerenciamento de programas. Trad. de José Luiz Pedersoli Jr. Rio de janeiro: Projeto conservação preventiva em bibliotecas e arquivos : Arquivo Nacional, 1997. 46 p. p. 11-22. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Catálogo de incunábulos da Biblioteca Nacional. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1998. p. 99. BIEDERMANN, Hans. Dicionário ilustrado de símbolos. Trad. de Glória Paschoal de Camargo. São Paulo: Melhoramentos, 1993. 480 p. CASTELO BRANCO, Zelinda. Encadernação: história e técnica. São Paulo: HUCITEC, 1978. 175 p. DEVAUX, Yves. Dix siècles de reliure. Paris: Pygmalion, 1977. 398 p. ENCICLOPÉDIA universal ilustrada europeo-americana. Barcelona: Hijos de J. Espasa, s.d. v. 28, pt. 2, p. 3250. GESAMTKATALOG der Wiegendrucke. Leipzig: Karl W. Hiersemann, 1925-1938. Ref. 7597. GRAESSE, Jean George Théodore. Trésor des livres rares et précieux, ou Nouveau dictionnaire bibliographique... Dresden: R. Kuntzc, 1859-69. t.3, p. 504. HAIN, Ludovic. Repertorium bibliographicum in quo libri omnes ab arte typographica inventa usque ad onnum MD... Milano: Görlich, 1948. ref. 9507. HUNTER, Dard. Papermaking; the history and technique of an ancient craft. New York, Dover Publications, 1974. 662 p. il. 270-273: Ancien watermarks; six and a half centuries of mystic simbols. IFLA Core Programme for Preservation and Conservation (PAC): publications and papers: IPI n° 1 - “IFLA Principles for the Care and Handling of Library Material”. Disponível em http://ifla.org/VI/4/pubs.htm. Acesso em 07 ago. 2000. LEXIKON, Hecler. Dicionário de símbolos. Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Cultrix, 1990. 211p. il. MELO, Arnaldo Faria de Ataíde. O papel como elemento de identificação. Lisboa : Biblioteca Nacional, 1926. 103 p. il. NOUVELLE biographie générale. Paris: F. Didot, 1852-66. t. 27, p. 311-331. OGDEN, Sherelyn. Caderno técnico: armazenagem e manuseio. Coord. Ingrid Beck; trad. Elizabeth Larkin Nascimento [e] Francisco de Castro Azevedo. Rio de Janeiro: Projeto conservação preventiva em bibliotecas e arquivos : Arquivo Nacional, 1997. 46 p. p. 13-15: A escolha de invólucros de qualidade arquivística para armazenagem de livros e documentos.

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PANZER, Georgius Wolfgang. Annales typographici ab artis inventae origine ad onnum MD post Maitairii Denish. Norimbergae: J. E. Zeh, 1793-1803. v.1, p. 149 (nº 15). ROBERTS, Matt T.; ETHERINGTON, Don. Bookbinding and the conservation of books: a dictionary of descriptive terminology. Washington: Library of Congress, 1982. 296 p. il.

E S PE C I A L I S TA S C O N S U LTA D O S

Alexandre Emerick – conservador e restaurador, mestrando em História da Arte; Ana Virginia Pinheiro – bibliotecária da Fundação Biblioteca Nacional, especialista em obras raras e mestre em Administração Pública; Fernando Amaro – conservador e restaurador da Fundação Biblioteca Nacional; Lúcia Carvalho – conservadora e restauradora; Maria Aparecida de Vries Mársico – conservadora e restauradora da Fundação Biblioteca Nacional, mestranda em História da Arte; Vera Lucia Miranda Faillace – bibliotecária da Fundação Biblioteca Nacional, especialista em obras raras e em análise, descrição e recuperação da informação – e a equipe do Laboratório de Restauração da Fundação Biblioteca Nacional – técnicos, restauradores, encadernadores, efetivos e autônomos, que, direta e objetivamente, contribuem para o progresso da restauração no Brasil.

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Inventário analítico do Arquivo Darci Damasceno S U PE RV I S AO Ana Lúcia Merege Correia Identificação e descrição

Magaly da Silva Lopes

F OTO G R A F I A S Supervisão

Mônica Carneiro Alves Identificação e descrição

Cristiane Zumpichiatti dos Santos Magaly da Silva Lopes

P R E -I N V E N TA R I O Ana Regina de Castro Cíntia Cecília Barreto Clara Maria Ferreira Santos

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UM BRILHANTE BARNABE*

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arci Damasceno era um estudioso apaixonado. Autor de diversas obras dedicadas à literatura, foi também chefe da Divisão de Manuscritos – então Seção de Manuscritos – durante 30 anos. Foi meu chefe e o responsável por minha entrada no serviço público, então como estagiária selecionada pelo coordenador que decidira incluir na equipe um estudante de Ciências Sociais. Foi ele que me mostrou pela primeira vez um Livro de Horas, e que me fez chegar à faculdade naquele dia encantada e lisonjeada por merecer tamanha honra de manusear um livro do cofre. E foi ele também que me ensinou – não com palavras, mas com atos – a tratar estagiários como futuros profissionais, que desenvolvem um trabalho importante e cujas ponderações e considerações técnicas merecem todo respeito e atenção. Não entregava nada pronto, não dava ordens a serem executadas, mas orientava sobre a melhor maneira de obter os resultados esperados. Fazia isso a partir de “inspeções periódicas” ao serviço, durante as quais se sentava a meu lado e analisava as “fichas” produzidas e respondia às minhas perguntas com indicações das obras de referência onde poderia encontrar as respostas. Nunca me deu o peixe, mas me ensinou a pescar. Conhecia o acervo sob sua guarda como poucos. Muitos anos depois, ao assumir a chefia da Divisão e começar a mapear o acervo para construir o Guia de Coleções, pude perceber que em quase todas as pastas de documentos que integram * A equipe da Divisão de Manuscritos dedica este trabalho à memória do professor Darci Damasceno.

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o acervo manuscrito havia uma anotação sua, indicando um procedimento ou acrescendo um comentário. No arquivo da Divisão encontrei mais tarde o mesmo mapa, que estava construindo no meu editor de textos informatizado, todo manuscrito por Darci e refletindo a distribuição do acervo à época de sua produção. Paralelamente a sua atividade literária, como ensaísta e poeta, controlava sua equipe com mão de ferro, estalando os dedos diante daqueles que permaneciam muito tempo diante de um documento com um olhar perdido em outros pensamentos. Nada lhe escapava, nem no conteúdo do acervo pelo qual era responsável nem na composição da equipe que coordenava. Apesar de atuar na área de Letras, teve a preocupação de diversificar a formação da equipe com profissionais de História e Ciências Sociais que poderiam tratar o grande acervo histórico da Divisão de Manuscritos. O Arquivo Darci Damasceno se constitui basicamente de seu arquivo técnico, ou seja, suas anotações, rascunhos e cópias de trabalhos feitos ou a fazer, e correspondência sobre esses trabalhos. Não revela a pessoa Darci Damasceno, mas revela o pesquisador minucioso, que coletava e compilava qualquer informação disponível e reuniu importantes registros sobre os estudos que realizou. Dentre estes registros, destacam-se – além, é claro, daqueles relativos a Cecília Meireles, de valor inestimável – as anotações e textos sobre o Conservatório Dramático Brasileiro e a censura no século XIX, a Flora Fluminense do frei José Mariano da Conceição Velloso e a obra de Gregório de Matos. Algumas anotações são registradas no verso de formulários administrativos, como os temidos B.O.s (boletins de ocorrência) que, na década de 60, serviam para justificar os atrasos dos funcionários junto às chefias, demonstrando que qualquer oportunidade era aproveitada para registrar idéias de possíveis trabalhos. A convivência da criação literária com a função pública não é privilégio apenas de Darci Damasceno, mas foi a realidade de diversos nomes da literatura nacional, como Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis e Artur Azevedo, entre outros. Lima Barreto rascunhava seus contos, crônicas e novelas nas folhas de papel timbrado do Ministério da Guerra, onde era escriturário. Todos esses personagens têm seus documentos na Divisão de Manuscritos, mas nenhum foi tão intimamente ligado a ela quanto seu chefe por 30 anos: Darci Damasceno, mais um brilhante barnabé.

Carmen Tereza Moreno Coordenadora do Acervo Especial

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Imagens do Arquivo

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Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes, em fotografia feita na década de 1950. Arquivo Darci Damasceno.

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Sarasvati! Publicado na revista Fon-Fon, em julho de 1926, este poema pertence à fase oriental de Cecília Meireles, de cuja obra Darci Damasceno foi um dos maiores estudiosos.

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Cópia do poema À minha mãe, de Álvares de Azevedo, ilustrado pelo autor (o original também está na Divisão de Manuscritos). Arquivo Darci Damasceno.

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Darci Damasceno estabeleceu o texto original de vários poemas de Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”. Esta folha de rosto pertence ao código conhecido como “rústico”.

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Folha de rosto da primeira edição de Memórias de um sargento de milícias, uma das obras da literatura brasileira estudada por Darci Damasceno. O autor, Manuel Antônio de Almeida, preferiu o anonimato, apresentando-se como “um brasileiro”. Arquivo Darci Damasceno.

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Plantas fluminenses, obra organizada por Darci Damasceno e publicada em 1976 pela Biblioteca Nacional: estudos feitos no século XVIII pelo naturalista brasileiro frei José Mariano da Conceição Veloso, com desenhos de João Francisco Muzzi.

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Prensa para espremer o anil: estampa de Jerônimo Vieira de Abreu, integra o projeto de uma fábrica de anil na praia de Santa Luzia, no Rio de Janeiro (século XVIII). Darci Damasceno fez a transcrição do códice onde está o projeto.

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A P R E S E N TA ² AO

O inventário dos documentos do arquivo do professor e ex-funcionário da Biblioteca Nacional Darci Damasceno é mais um dos resultados do Programa de Organização e Descrição de Acervos, que já produziu inventários para cerca de 30 conjuntos documentais. Ele está organizado em seis subconjuntos documentais – correspondência, fotografias, impressos, originais, rascunhos e fotocópias –, a respeito do que cabem duas observações. 1º) Por se haver levado em conta o suporte em que se encontram os documentos, a série fotografias e alguns dos documentos da série impressos estão fisicamente separados dos demais. As planilhas da série impressos que dizem respeito a livros passaram a integrar a base IMP, enquanto aquelas que se referem a periódicos, artigos e partes de publicações estão organizadas em ordem topográfica na base MSS. 2º) As séries originais e rascunhos se referem, ambas, à produção pessoal de Darci Damasceno; mas, enquanto a primeira diz respeito aos originais, manuscritos ou datilografados, de trabalhos praticamente já prontos, a segunda compreende esboços iniciais, anotações, notas bibliográficas e outros papéis esparsos que se procurou reunir a partir de um tema e de um período de produção comuns. Ao final do inventário, encontrar-se-ão um índice temático e um onomástico, remetendo para a notação do documento. O vocabulário se aproxima o máximo possível dos termos autorizados pelo Departamento de Processos Técnicos da Biblioteca Nacional. Ao disponibilizar este inventário, o que se pretende é proporcionar ao usuário um acesso mais rápido e, acreditamos, mais preciso às ricas informações contidas no Arquivo Darci Damasceno.

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D I V I S AO D E M A N U S C R I TO S GUIA DE COLE²OES 3/4 FICHA TECNICA

Fundo/Coleção: Darci Damasceno Datas-limite: 1846-1987 Histórico: Darci Damasceno nasceu em Niterói (RJ) em 2 de agosto de 1922 e morreu na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 1988. Licenciado em Letras pela PUC/RJ, foi tradutor, ensaísta e poeta. Dirigiu a revista Ensaio, ao lado de Fausto Cunha e Afonso Félix de Sousa. Funcionário público, chefiou a Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional (1952-1982). Publicou, entre outras obras: Poemas (Pongetti: Rio de Janeiro, 1946); Catálogo e transcrição de Freire Alemão (Anais da Biblioteca Nacional, v. 81, em colaboração com o professor Waldir da Cunha; Cecília Meireles, o mundo contemplado (Orfeu: Rio de Janeiro, 1967). Seu arquivo constitui-se em expressiva fonte de informações sobre o contexto histórico-literário brasileiro do século XVII ao XX, reunindo documentos acumulados durante a realização de estudos literários e organizados em séries de acordo com a tipologia documental: correspondência, fotografias, impressos, originais, rascunhos e fotocópias. Forma de entrada: doação Data de entrada: 29 out. 1990 Origem: Zenilda Damasceno, viúva do titular Conteúdo: Referências bibliográficas. Estudos sobre diversos autores, dentre os quais Cecília Meireles, Gregório de Matos, Martins Pena e Manuel Antônio de Almeida. Anotações sobre textologia, codicologia e estilística. Correspondência diversa. Artigos de periódicos. Estudos sobre o teatro e a censura no Brasil. Anotações para publicações sobre o Rio de Janeiro, Freire Alemão e transcrição de códices sobre o anil e produtos do Piauí. Quantificação: 655 documentos; 67 fotografias Localização: armário 26 Acesso: reprodução condicionada aos termos da Lei nº 9.610, de 19/2/1998 (“Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências”). Instrumentos de pesquisa: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Inventário do Arquivo Darci Damasceno. Rio de Janeiro: Divisão de Manuscritos, 1998.

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CORRESPONDÊNCIA

Datas-limite: 1960-1987 Conteúdo: correspondência ativa e passiva do titular. Trata-se, na maior parte, de cartas de Heitor Grillo, referentes à edição de obras de Cecília Meireles. Quantificação: 36 documentos 1. SUBLIGA MINEIRA PRÓ-ESTADO LEIGO DE JUIZ DE FORA. Carta a Darci Damasceno convidando-o para uma conferência e um comício público no Teatro Central, tratando de questões da renovação educacional. Juiz de Fora, 17/11/1961. N. p. Original. Datilografado. Carta assinada por Manuel Raimundo da Paz Filho, presidente da subliga, e outros membros do conselho diretor. 26,1,1 2. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno convidando-o a visitar a casa da Rua Smith Vasconcelos, 30, que foi de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 13/5/1965. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,2 3. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno pedindo-lhe que oriente a irmã Maria Imaculada Ilárraz, em sua pesquisa para a tese sobre a obra de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 8/2/1966. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,3 4. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando sua colaboração na coordenação do lançamento da segunda edição pela Editora Aguilar da Obra poética, de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 19/7/1966. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,4 5. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno pedindo-lhe opinião sobre qual versão dar ao poema “Fecharam-se as casas...”, de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 6/9/1966. 1 f. Original. Datilografado. Convite manuscrito a tinta de Heitor Grillo a Darci Damasceno para um almoço. Anotações de Darci Damasceno no envelope. 26,1,5

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6. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando-lhe que envie uma relação das melhores antologias de poetas do Brasil, para tradução na França. [S. l.], 12/9/1966. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,6 7. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno sobre as duas cópias datilografadas de “O estudante...” para que se estabeleça a forma como deve ser publicado em livro. Rio de Janeiro, 2/12/1966. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,7 8. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno avisando-lhe que um caderno de poesias de Cecília Meireles já está copiado e que aguarda oportunidade de encaminhá-lo para o preparo do texto definitivo. Rio de Janeiro, 27/2/1967. 1 f. Original. Datilografado. 26,1,8 9. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno pedindo-lhe auxílio na correção de prováveis erros encontrados na revisão da Obra poética, de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 11/4/1967. 2 f. Original. Datilografado. Anotação de Darci Damasceno. Sem envelope. 26,1,9 10. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno avisando-lhe que o poema “Vôo”, de Cecília Meireles, dedicado a ele, sairá na segunda edição da Obra poética. Em anexo o poema. [S. l.], 15/5/1967. 2 f. Original. Datilografado. Manuscrito a tinta de Heitor Grillo. Sem envelope. 26,1,10 11. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno desculpando-se por não poder esperar, pois teria que ir ao cais do porto aguardar a chegada de Gisele Slezinger, a tradutora para o francês dos poemas de Cecília Meireles, avisando que deixa vários cadernos de poemas. Rio de Janeiro, 24/5/1967. 1 f. Original. Datilografado. 26,1,11 12. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno desejando-lhe pronto restabelecimento de saúde e comunicando que voltará de viagem no dia 10 de março para retomar a obra poética póstuma de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 28/2/1968. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,12

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13. DAMASCENO, Darci. Carta a Heitor Grillo contendo um estudo e organização dos originais da Obra poética, de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 8/10/1968. 3 f. Original. Datilografado. 26,1,13 14. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando colaboração junto aos bolsistas franceses que deverão vir ao Brasil estudar a obra de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 26/12/1968. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,14 15. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando resposta quanto à possibilidade de auxiliar bolsistas franceses interessados em estudar a obra de Cecília Meireles. [S. l.], 16/6/1969. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. Junto à carta, original da anterior (26,1,14), que tratava do mesmo assunto. 26,1,15 16. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno oferecendo uma cópia do poema “Morena, pena de amor” e perguntando se o poema que parece ter sido omitido na pasta de Poemas Infantis deve ser incluído no texto definitivo. Rio de Janeiro, 10/10/1969. 1 f. Original. Datilografado. Junto à carta original, cópia do poema citado. Sem envelope. Anotações de Darci Damasceno. 26,1,16 17. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno dizendo ter mandado o original e duas cópias de “Morena, pena de amor”, de Cecília Meireles, e que aguarda opinião sobre o local de inclusão do poema no texto. [S. l.], 28/1/1970. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,17 18. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno enviando o poema em prosa “O menino poeta”, de Cecília Meireles, para ser avaliado antes da publicação. Rio de Janeiro, 14/2/1970. 2 f. Original. Datilografado. Material adicional: Cópias datilografadas de “O menino poeta”. 26,1,18 19. DAMASCENO, Darci. Carta a Heitor Grillo fazendo sugestões sobre edição de poesias inéditas de Cecília Meireles e questionando o fato de a imprensa atribuir a Carlos Drummond de Andrade, revisor da obra, importância semelhante à de

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Darci Damasceno, que estabelecera o texto. [Rio de Janeiro], 31/3/1970. 1 f. Cópia. Datilografado. 26,1,19 20. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno explicando e solicitando sugestões referentes à edição de poesias de Cecília Meireles, fazendo referência ao seu trabalho e ao de Carlos Drummond de Andrade. [Rio de Janeiro], 1/4/1970. 1 f. Original. Datilografado. Contém anotações de Darci Damasceno. 26,1,20 21. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando resposta à sugestão referente à edição da poesia inédita de Cecília Meireles, fazendo referência ao seu trabalho e à revisão de Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro, 27/4/1970. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,21 22. ÚRSULA C. Postal avisando que foram feitos slides de manuscritos na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Alemanha, 22/10/1974. 1 f. Original. Datilografado. Em inglês. Sem envelope. 26,1,22 23. MONTE-MOR, Janice de Mello. Carta ao presidente da Academia Brasileira de Letras solicitando empréstimo da cópia fotográfica da obra de Gregório de Matos, segundo entendimento com Darci Damasceno, chefe da Divisão de Manuscritos. Rio de Janeiro, 16/11/1976. 1 f. Cópia. Datilografado. Sem envelope. Cópia destinada ao arquivo de Darci Damasceno. 26,1,23 24. OLIVEIRA, Sérgio Martins. Questionário enviado a Darci Damasceno pela Livros Técnicos e Científicos Editora, para o planejamento de futuras atividades relativas à sua obra. Rio de Janeiro, 5/4/1979. 14 f. Original. Datilografado. Impresso. Inclui folheto da Biblioteca Universitária de Leitura Brasileira. Junto um cartão de Aileen A. B. Cardoso. 26,1,24 25. REIS, Floriano. Carta a Darci Damasceno com cumprimento por seu desempenho como chefe da DMSS-BN. Rio de Janeiro, 31/5/1980. 1 f. Original. Manuscrito. 26,1,25

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26. FUNARTE. Convite para o coquetel de lançamento do livro Batuque, samba e macumba, texto e ilustrações de Cecília Meireles, no foyer da Sala Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 25/11/1983. 1 f. Original. Impresso. Eventos em celebração ao 50º aniversário de exposição de Cecília Meireles a 18/4/1933. Anotações de Darci Damasceno no envelope. 26,1,26 27. PERES, Fernando da Rocha. Carta do diretor do Centro de Estudos Baianos (UFBA), enviando livros de Gregório de Matos. Salvador, 29/5/1984. 1 f. Original. Datilografado. Não possui o envelope original. 26,1,27 28. PERES, Fernando da Rocha. Carta do diretor do Centro de Estudos Baianos, contendo informações sobre estudos acerca de Gregório de Matos e das fontes disponíveis. Salvador, 23/10/1984. 2 f. Original. Datilografado. 26,1,28 29. DIMAS, Antônio. Carta a Darci Damasceno agradecendo o envio de críticas à sua antologia sobre Gregório de Matos. São Paulo, 4/2/1986. 1 f. Original. Manuscrito. 26,1,29 30. DIMAS, Antônio. Carta a Darci Damasceno com observações às críticas, feitas por este, ao livro de Antônio Dimas sobre Gregório de Matos. São Paulo, 28/5/1986. 7 f. Original. Datilografado. Contém fotocópias das notas enviadas por Darci Damasceno ao autor, que criticam e fazem observações ao seu livro sobre Gregório de Matos, e ainda fotocópia da ementa e bibliografia de curso de Antônio Dimas, na USP, sobre literatura brasileira. 26,1,30 31. DIAS, Roberto. Carta do presidente da Fundação Gregório de Matos, em Salvador, na qual pede a colaboração de Darci Damasceno para a seleção de textos de Gregório de Matos a ser publicados em antologia. Salvador, 21/7/1986. 1 f. Original. Datilografado. 26,1,31 32. PERES, Fernando da Rocha. Carta do diretor do Centro de Estudos Baianos, convidando Darci Damasceno a participar de um curso intitulado: Gregório de

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Matos e Guerra: o Poeta da Controvérsia. Salvador, 19/9/1986. 2f. Original. Datilografado. 26,1,32 33. PERES, Fernando da Rocha. Carta a Darci Damasceno comunicando a remessa da ordem de passagem aérea e da reserva de hospedagem em Salvador no dia da sua palestra. Salvador. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope. 26,1,33 34. PERES, Fernando da Rocha. Dois telegramas do diretor do Centro de Estudos Baianos confirmando providência para ida de Darci Damasceno a Salvador, a fim de participar de curso sobre Gregório de Matos. Salvador, 1986. 2 f. Original. Datilografado. Acompanha rascunho de Darci Damasceno, contendo dados sobre sua documentação e o número do vôo que o levaria a Salvador. 26,1,34 35. SILVA, Alberto da Costa e. Carta a Darci Damasceno acusando o recebimento da carta de 30/5/1987 e informando que irá conversar com o administrador da Fundação (Gulbenkian?) logo que ele regressar da Áustria. Lisboa, 15/6/1987. 1 f. Original. Manuscrito. 26,1,35 36. MARIA FERNANDA. Carta a Darci Damasceno da bibliografia de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 9/11/1987. 1 f. Original. Datilografado. A remetente da carta provavelmente é a filha de Cecília Meireles, a atriz Maria Fernanda. 26,1,36

I M P R E S S O S – A RT I G O S , PE R I Ó D I C O S E F R AG M E N TO S

Datas-limite: 1846-1987 Conteúdo: trabalhos de diversos autores sobre literatura, tratando principalmente de Cecília Meireles, mas também de outros escritores – tais como Machado de Assis e José de Alencar – e ainda de crítica e história literárias. Quantificação: 123 documentos 37. RÓNAI, Paulo. Um Enigma de nossa História Literária: Gregório de Matos.

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[S. l.], [s. d.]. 12 p. Outros. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno texto da Revista do Livro, ano 1, nos 3-4, dezembro de 1956. 26,1,37 38. GROPPER, Symona. Gregório de Matos, A Redescoberta da Poesia como Arma. Rio de Janeiro, 1973. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro, 21/6/1973. 26,1,38 39. MARTINS, Wilson. As Palavras da Moda: Análise da Obra de Lúcia Helena sobre a Obra de Oswald de Andrade e Gregório de Matos. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. Artigo de jornal. 26,1,39 40. MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Cometografia do padre Antônio Vieira. [Rio de Janeiro], 1981. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 15/9/1981, Caderno B, p. 8. Destaca os estudos do padre Antônio Vieira sobre cometas e fenômenos celestes como sendo a voz de Deus. 26,1,40 41. HOJA informativa de literatura y filologia. Madrid: Fundación Juan March, 1978. 12 p. Original. Impresso. A DMSS-BN possui o nº 61, de junho de 1978. 26,1,41 42. MARTINS, Wilson. Canto Gregoriano. [Rio de Janeiro], 1986. 1 f. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7/9/1986, Caderno B, Especial, p. 11. 26,1,42 43. MARTINS, Wilson. Visões e Revisões. [Rio de Janeiro], [1984]. 1 f. Outros. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2/6/1984. 26,1,44 44. MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Os Cometas do Quilombo dos Palmares. [Rio de Janeiro], [1984]. 1 f. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27/6/1984. 26,1,45

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45. LOPES, Antônio. Gregório de Matos. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 3 f. Original. Impresso. pp. 110-14. 26,1,46 46. ARTIGO sobre a declaração de princípios dos escritores democratas que compareceram ao IV Congresso Brasileiro de Escritores, realizado em Porto Alegre. [S. l.], 1951. 1 f. Província de São Pedro, dezembro de 1951. 26,1,47 47. MENSÁRIO do Arquivo Nacional. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1980. 28 f. Original. Impresso. Ano 11, nº 3, 1980. Anotações de Darci Damasceno. Inclui parte de um envelope com o endereço de Darci Damasceno na Biblioteca Nacional. 26,2,48 48. TRIGO, Luciano. Historiador das Mentalidades: Entrevista com Michel Vovelle. [S. l.], 1987. 2 p. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, 19/9/1987. 26,1,49 49. CECÍLIA Meireles: A Poesia de Miragens. Rio de Janeiro, 1971. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 9/11/1971. 26,1,51 50. ÍNDIA: Roteiro Poético com Camões e Cecília. [Rio de Janeiro], 1968. 1 f. Impresso. Artigo do jornal O Globo, Rio de Janeiro, 23/9/1968. 26,1,52 51. MERQUIOR, José Guilherme. Metal Rosicler: Artigo sobre o livro de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], 1960. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, setembro de 1960. Suplemento dominical. 26,1,53 52. CECÍLIA Meireles: A Poesia não Morre Jamais. Rio de Janeiro, 1969. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro, novembro de 1969. 26,1,54

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53. MEIRELES, Cecília. Indecisa Solidão. Belém, [1949]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Folha do Norte, Belém, 27/11/1949. 26,1,55 54. DANTAS, Ondina. Cecília Meireles. [S. l.], [1964]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Diário de Notícias, 12/11/1964. 26,1,56 55. OLIVEIRA, Marly de. Sobre Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 1964. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã, 16/5/1964, Segundo Caderno. 26,1,57 56. ANDRADE, Carlos Drummond de. Solombra: artigo de jornal. [S. l.], [1964].1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Correio da Manhã, 1/3/1964. 26,1,58 57. CHAMIE, Mário. Poesia de Estribilho. [S. l.], [1961]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal A Noite, 29/4/1961. 26,1,59 58. UMA Voz do Brasil (Cecília Meireles), por Amélia Vilar: Resenha publicada em jornal. [S. l.], [1965]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo de 27/5/1965. 26,1,60 59. MACHMAN, Flora. Cecília Meireles: Na Poesia Encontro a Paz Interior. Entrevista. Rio de Janeiro, 1962. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Commercio, 2/9/1962, p. 14. 26,1,61 60. DE CECÍLIA Meireles sobre o Romanceiro da Inconfidência. [Minas Gerais], 1976. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Suplemento Literário de Minas Gerais e data provável de 1976. 26,1,62

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61. PÉREZ, Renard. Cecília Meireles, Poeta Maior. Rio de Janeiro: José Álvaro, 1964. 6 p. Original. Impresso. Artigo da revista Leitura, Economia e Política. Rio de Janeiro, ano 22, nos 83/84, pp. 13-18, jun./ jul./ 1964. 26,1,63 62. MORREU Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], 1964. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal O Globo, Rio de Janeiro, 10/11/1964. Faz parte do artigo a última crônica escrita por Cecília Meireles, publicada no dia 3/9/1964. 26,1,64 63. ANDRADE, Carlos Drummond de. Cecília: Imagens para Sempre. [S. l.], [1964]. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Correio da Manhã, 11/11/1964. 26,1,65 64. AYALA, Walmir. Cecília Meireles, Perfil da Morte, Severo e Obstinado. Rio de Janeiro, 1964. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 14/11/1964. Literatura. 26,1,66 65. AYALA, Walmir. Um Livro Inédito de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 1965. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 8/5/1965. 26,1,67 66. LA VALE, Meireles. A Interpretação de Roma em Cecília Meireles. Minas Gerais, 1977. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Minas Gerais, 1/1/1977. Suplemento Literário. 26,1,68 67. CONVITE da embaixada americana para o recital de poesias de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], 1965. 1 convite. Original. Impresso. 26,1,69 68. CONVITE de lançamento de uma seleção de “Elegias”, de Cecília Meireles, pela Edições Alumbramento. [Rio de Janeiro], [1974]. 1 convite. Original. Impresso. Homenagem nos 10 anos de falecimento de Cecília Meireles. 26,1,70

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69. CONVITE em memória de Cecília Meireles à Sala Cecília Meireles, revivendo a sua poesia no Romanceiro da Inconfidência. [Rio de Janeiro], 1965. 1 convite. Original. Impresso. 26,1,71 70. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Convite da exposição de livros, desenhos e autógrafos em homenagem à poetisa Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], 1974. 1 convite. Original. Impresso. Homenagem nos 10 anos de falecimento de Cecília Meireles, inclui folha com anotações de Darci Damasceno. 26,1,72 71. CAPA do livro O mundo contemplado. [S. l.], [1967]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, original usado para clichê destinado à capa do livro de Darci Damasceno sobre Cecília Meireles (1967). 26,1,73 72. NOTÍCIAS DA ÍNDIA. Boletim com artigos sobre numismática, arte, tecnologia, política etc... e dois poemas de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, Departamento Cultural da Embaixada da Índia, 1966. 4 f. Nº 265, novembro de 1966. Em anexo papéis contendo anotações de Darci Damasceno. 26,1,74 73. ILUSTRAÇÃO de Cecília Meireles para o poema de Cruz e Souza “Caminho da glória”. [S. l.], [1927]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, ilustração publicada em Festa, 1927. 26,1,75 74. MEIRELES, Cecília. “Mar absoluto” e outros poemas: página de rosto. Porto Alegre, Livraria do Globo, 1945. 1 f. Original. Impresso. Dedicatória de Cecília Meireles no verso da folha de rosto a uma pessoa cujo nome foi apagado. Exemplar nº 61. Em anexo folhas com anotações de Darci Damasceno. 26,1,76 75. RECORTE de jornal com fotografia de Cecília Meireles e suas auxiliares nos trabalhos de instalação da Biblioteca Infantil no Pavilhão Mourisco. [S. l], [1934]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal A Noite, maio de 1934. 26,1,77

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76. SZENES, Arpad. Desenhos do rosto de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d]. 5 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, estudos de Arpad Szenes de 1942. Em anexo folhas com anotações. 26,1,78 77. CARTÕES com desenho do rosto de Cecília Meireles. [S. l.], [1942]. 17 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno em folha anexa, cópias do retrato de Cecília Meireles por Arpad Szenes, em 1942. 26,1,79 78. FERREIRA, Davi Mourão. Cecília Meireles em Portugal: saudação. [Rio de Janeiro], [1952]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo da revista Padrão, Rio de Janeiro, nº 8, pp. 7-8, fevereiro de 1952. 26,1,80 79. MEIRELES, Cecília. Alguns poemas: “Improviso” e três poemas do hospital: [fragmentos]. Rio de Janeiro, 1951. 3 f. Original. Impresso. Revista Província de São Pedro, nº 16, dezembro de 1951. Trimestral. Sumário pp. 25-28. 26,1,81 80. LEMME, Pascoal. Carta ao jornal sobre educação e o manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. [S. l.], 1982. 1 f. Original. Datilografado. Coluna “Cartas” [do Jornal do Brasil], 9/3/1982. Anotações de Darci Damasceno. 26,1,82 81. GUIA turístico de São João del-Rei com dados históricos. São João del-Rei, 1979. 1 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno e dedicatória de Cecília Meireles ao dr. Basílio de Magalhães. 26,1,83 82. BARBOSA, Francisco de Assis. A vida de Lima Barreto: folha de rosto e fragmentos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. 2 f. Original. Impresso. Contém folha de rosto e pp. 275-276. 26,1,84 83. MURICY, Andrade. “Luar de inverno” e outros poemas: [fragmentos]. [S. l.], [1968]. 1 f. Original. Impresso. Revista MEC, nº 41, pp. 15-16, fev./mar. de 1968. 26,1,85

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84. MEYER, Augusto. Plenitude: crônica. [Porto Alegre], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo de jornal do Diário de Notícias, Porto Alegre, anos 1920-1930. 26,1,86 85. CAMBARA, Isa. A folclorista Cecília Meireles: o lançamento de um álbum com 70 aquarelas e textos mostra que, além da poesia, ela também se ocupa do folclore afro-brasileiro. [São Paulo], 1983. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Folha de S. Paulo, 20/11/1983. Ilustrada. Segundo anotações de Darci Damasceno, “1933, 1a fase, folclore e desenhos”. 26,1,87 86. NAVARRO, E. A nossa Biblioteca. Artigo sobre a obra Viagem publicada por Cecília Meireles. [S. l.], [1939]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal O Primeiro de Maio, 21/10/1939. 26,1,88 87. CERQUEIRA FILHO, Gisálio. Educação em 30 e 60. [S. l], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, Educação Anos 30. 26,1,89 88. MARTINS, Wilson. Artigos de crítica literária: Ismos Entrecruzados, Três Gerações Poéticas. [Rio de Janeiro], [1982]. 2 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4/7/1982. 26,1,90 89. ARTIGO sobre o poeta Mário Quintana. Minas Gerais, 1975. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, “Modernismo, simbolismo” (de A Forma Secreta, 1965). 26,1,91 90. BATUQUE, samba e macumba, nos poéticos desenhos de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil. 26,1,92 91. MENEZES, Djacir. Resenha sobre a tradução de O quinze, de Rachel de Queiroz, em alemão. [S. d.], [1929]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações

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de Darci Damasceno, Folha Acadêmica, 1929. Dir. prof. Bruno Lobc. Texto lido na sessão de 2 de outubro de 1978. CFC-Boletim. 26,1,93 92. BRANDÃO, José da Silva. Por que Orientalismo: artigo sobre a distinção básica entre Oriente e Ocidente. Minas Gerais, 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Minas Gerais, 13/5/1976. Suplemento Literário. Segundo anotações de Darci Damasceno, Oriente, primeira fase (da poesia de Cecília Meireles). 26,1,94 93. OLIVEIRA, Marly de. Lembrança de Cecília. Rio de Janeiro, 1980. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11/11/1980. p. 4, Caderno B. 26,1,95 94. FERREIRA, Sônia Nolasco. Um Público Americano para a Poesia de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], 1978. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal O Globo, Rio de Janeiro, 21/3/1978, p. 33. 26,1,96 95. MEIRELES, Cecília. Ainda o Autor de O Hissope. Belo Horizonte, [195-]. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal O Diário, Belo Horizonte, 19/9/[195-]. 26,1,97 96. VILLAÇA, Antônio Carlos. Da Costa e Silva. Artigo sobre a morte e a obra do poeta. Rio de Janeiro, 1975. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28/6/1975, p. 5, Caderno B. 26,1,98 97. MARTINS, Wilson. Tel qu’en lui-même...: artigo sobre Manuel Bandeira. [Rio de Janeiro, [1982]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17/10/1982. 26,1,99 98. MARTINS, Wilson. Sobre o Modernismo. [Rio de Janeiro], [1983]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, 20/8/1983. 26,1,100

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99. MARTINS, Wilson. Reconstrução do Passado. Artigo sobre a distinção entre história da literatura e história da cultura. Rio de Janeiro, 1980. 2 f. Original. Impresso. Artigo destacado por Darci Damasceno no Caderno B “Livro”, guia semanal de idéias e publicações do Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 26/7/1980, pp. 9-12. 26,1,101 100. LEMOS, Tite de. Cecília Meireles: Solidão e Silêncio, Área Mágica da Poesia. Artigo com entrevista a suas filhas nos 10 anos de sua morte. [Rio de Janeiro], 1974. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal O Globo, 7/11/1974, p. 27. 26,1,102 101. VILLAÇA, Antônio Carlos. Cecília Meireles: A Eternidade entre os Dedos. Artigo sobre sua obra e os 10 anos de sua morte. Rio de Janeiro, 1974. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, 9/11/1974, Caderno B. 26,1,103 102. MENEZES, Fagundes de. Silêncio e Solidão. Reportagem sobre a vida e obra de Cecília Meireles. [S. l.], [1953]. 2 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno em folha anexa, reportagem da revista Manchete, p. 49, 3/10/1953. 26,1,104 103. IGEL, Regina. Despedida à Vida e Acercamento à Morte. Artigo sobre Cecília Meireles e seu tratamento poético relativo à morte. [S. l.], 1975. 2 f. Original. Impresso. Artigo destacado por Darci Damasceno no jornal Minas Gerais, 28/6/1978, pp. 5-8. Suplemento Literário. 26,1,105 104. CATÁLOGOS de literatura juvenil e infanto-juvenil da Editora Moderna. [S. l.], [s. d.]. N. p. Original. Impresso. Destaque de Darci Damasceno para obras de Cecília Meireles publicadas pela Editora Moderna. 26,1,106 105. DATAS de uma vida breve e obscura. Dados biográficos de Fernando Pessoa. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. 26,1,107

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106. CRONOLOGIA e notas: poemas italianos. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno, pp. 151-157. 26,1,108 107. ACADEMIA Brasileira: o concurso de poesia 3/4 voto do sr. Fernando Magalhães. [S. l.], 1939. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Commercio, 4/7/1939. Anotações de Darci Damasceno: “Viagem”. 26,1,109 108. PENA, Martins. O juiz de paz da roça: comédia. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 30 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno, pp. 29-56. 26,1,110 109. MACKSEN, Luís. Censura de Black-tie: resenha do livro Censores de pincenê e gravata: dois momentos da censura teatral no Brasil, de Sônia Salomão Khéde. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. 26,1,111 110. MONTELLO, Josué. Retorno a Martins Pena. Artigo sobre a obra de Martins Pena no contexto da cultura brasileira. [Rio de Janeiro], 1979. 1 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno do Jornal do Brasil, 5/6/1979. 26,1,112 111. BONFIM, Beatriz. Censores de pincenê e gravata. Artigo sobre a pesquisa de Sônia Salomão Khéde a respeito da censura teatral no século XIX. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. 26,1,113 112. MONTELLO, Josué. A Censura Sempre se Repete. Artigo sobre o livro de Sônia Salomão Khéde Censores de pincenê e gravata, censura teatral no Brasil no século XIX. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. 26,1,114 113. RETRATO de A. de Pinho. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. Carimbo da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. 26,1,115

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114. FOLHAS de rosto da obra Norma: vaudeville jocoso. Rio de Janeiro: Cremière, 1849. 1 f. Original. Impresso. No verso da página de rosto desenho de Theremin do Teatro de São Paulo de Alcântara em 1838. 26,1,116 115. BROCA, Brito. Martins Pena. Artigo sobre a obra Teatro de Martins Pena, edição crítica de Darci Damasceno. [S. l.], [1957]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Correio da Manhã, 9/3/1957. 26,1,117 116. BÁRBARA HELIODORA. A Evolução de Martins Pena. Artigo sobre a obra de Martins Pena. 1961. 3 f. Original. Impresso. Artigo destacado por Darci Damasceno no Jornal do Brasil. 26,1,118 117. NUNES, Cassiano. Definição de Martins Pena. Artigo sobre a edição crítica das Comédias, de Martins Pena, preparada por Darci Damasceno. Brasília, 1968. 2 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio Braziliense, Brasília, 20/1/1968. 26,1,119 118. CATÁLOGO de uma preciosa biblioteca de arte, literatura e história. [S. l.], [s. d.]. Original. Impresso. V. 4. Faltam as primeiras páginas. 26,1,120 119. GRAVURA da Vila de São João de Itaboraí em 1843, publicada no Ostensor brasileiro, retirada de um livro. No verso esboço de E. Lacerda da casa em que nasceu Salvador de Mendonça, em Itaboraí. [S. l.], 1845-1846. 1 f. Original. Impresso. Carimbo da Biblioteca Nacional. Estampa publicada no Ostensor brasileiro, v. 1, p. 180. 26,1,121

120. PARKER, John M. The Nature of Realism in Memórias de um Sargento de Milícias. University of Glasgow: Bulletin of Hispanic Studies, 1971. N. p. Original. Impresso. V. 48, nº 2, abril de 1971. Dedicatória do autor a Darci Damasceno. 26,1,122

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121. MELO, Veríssimo de. O conto folclórico no Brasil. Rio de Janeiro: MEC, 1976. N. p. Original. Impresso. (Cadernos de Folclore, 11). 26,1,123 122. TORRE, Guillermo de. Rasgos y caracteres de la novela picaresca. Artigo sobre a novela picaresca. Buenos Aires, 1954. 1 f. Original. Impresso. Artigo destacado do jornal La Nación, Buenos Aires, 14/11/1954. 26,1,124 123. DAMASCENO, Darci. Afetividade lingüística nas Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro, 1956. Original. Impresso. Separata da Revista Brasileira de Filologia, Rio de Janeiro, v. 2, tomo II, dezembro de 1956. 26,1,125 124. DAMASCENO, Darci. Correspondência inédita de Manuel Antônio de Almeida. [S. l.], [s. d.]. Original. Impresso. Texto na Revista do Livro, pp. 197211. Fac-símiles. 26,1,126 125. DAMASCENO, Darci. Alencar e Iracema: Uma Articulação Literária. São Paulo: Biblioteca Mário de Andrade, 1977. Original. Impresso. Separata do Boletim Bibliográfico, nº 38, jul./dez. de 1977. 26,1,127 126. JOSÉ de Alencar: A Consciência Nacional na Literatura Brasileira. São Paulo, 1977. 8 f. Jornal O Estado de S. Paulo, nº 161, 11/12/1977. Suplemento Cultural. Vários artigos. 26,1,128 127. MAGALHÃES JÚNIOR, R. A Estreita Literatura de José de Alencar: [fragmento]. [S. l.], [s. d.]. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo da Revista Brasileira de Cultura, ano 2, nº 5, jul./set. 1970. Fac-símile. 26,1,129 128. ARTIGOS em comemoração ao centenário de falecimento de Manuel Araújo Porto-Alegre, no jornal Correio do Povo, 29/12/1979. [S. l.], 1979. 8 f. Original. Impresso. Caderno de Sábado. 26,1,130

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129. SOUSA-LEÃO FILHO, Joaquim de. O Quadro da Coroação de d. Pedro II, por Manuel de Araújo Porto-Alegre. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1975. Original. Impresso. Publicação comemorativa do sesquicentenário de d. Pedro II. Pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 26,1,131 130. BARATA, Mário. Araújo Porto-Alegre e a Missão Artística Francesa [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno. II. Fac-símile. Artigo da Revista do Livro. 26,1,132 131. ORIGENS da sátira política do Brasil [fragmentos]. [S. l.], [1958]. 8 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo da Revista do Livro, ano 2, nº 12, dezembro de 1958. 26,1,133 132. CARTAS de Araújo Porto-Alegre a Gonçalves Dias [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 3 f. Original. Impresso. Revista IHGB. Anotações de Darci Damasceno. 26,1,134 133. RIO DE JANEIRO (cidade). Prefeitura. Resenha analítica de livros e documentos do Arquivo Geral da Prefeitura, elaborada pelo historiador Noronha Santos. Rio de Janeiro: Secretaria-Geral de Educação e Cultura, 1949. Original. Impresso. 26 p. 26,1,139 134. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Exposição 100 anos de atividades (1853-1953). Rio de Janeiro, 1953. 14 p. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno. 26,1,140 135. RECORTES com estampas: in Venetia, Appreffo Giordano Ziletti, 1573, e Con licenza dei Superiori, E Priuilegi, 1598. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Original. Impresso. 26,1,141 136. PONTES, Cruz. Uma exposição de manuscritos na Biblioteca do Rio de Janeiro. [Lisboa], 1973. 1 f. Original. Impresso. Artigo destacado por Darci Damasceno do jornal O Século, julho de 1973. Segundo anotações de Darci Damasceno, o jornal é de Lisboa. 26,1,142

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137. ANDRADE, Rômulo Garcia de. A Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações; o artesanato e a manufatura na cidade do Rio de Janeiro (1808-1850): [fragmentos]. [S. l.], [s. d]. 10 f. Original. Impresso. 26,1,143 138. SIQUEIRA, Sônia Aparecida. Texto sobre o Santo Ofício que atuou no Brasil-Colônia [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Original. Impresso. Junto ao texto principal outro intitulado A Conjuntura Brasileira no Final do Século XVII. 26,1,144 139. HOPSMAN, João. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Original. Impresso. Folhas rasgadas. 26,1,145 140. COSTA, Osvaldo de Almeida. A Matéria Médica, de Souza Pinto. Rio de Janeiro, 1961. 4 f. Original. Impresso. Separata da Revista Brasileira de Farmácia, nos 1 e 2, jan./fev. de 1961. 26,1,146 141. MENSÁRIO DO ARQUIVO NACIONAL. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1976. Original. Impresso. Il. Ano 7, nº 6, junho de 1976. Anotações de Darci Damasceno. 26,1,147 142. MENSÁRIO DO ARQUIVO NACIONAL: textos esparsos. Ocorrem os textos: Joaquim de Amorim e Castro: Um Naturalista Baiano Esquecido; Estatística e Estimativas da População Livre e Escrava de Sergipe del-Rei de 1707 a 1888; A Memória de Amorim de Castro; A Elite Comercial do Brasil no Século Dezenove: Uma Análise Preliminar do Componente Rio de Janeiro. [S. l.], [s. d.]. 16 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, textos do Mensário do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, ano 7, nº 11, novembro de 1976, e ano 8, nº 1, janeiro de 1977. 26,1,148 143. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Os manuscritos do botânico Freire Alemão: catálogo e transcrição por Darci Damasceno e Waldir da Cunha: [fragmentos]. Rio de Janeiro: A Biblioteca, 1964. 17 f. Original. Impresso. Separata do v. 81 dos Anais da Biblioteca Nacional. Il. Fac-símiles. 26,1,149

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144. DAMASCENO, Darci. O Botânico e a Planta da Cidade. Rio de Janeiro, 1969. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Commercio. Rio de Janeiro, 28/9/1969. Suplemento dominical. 26,1,150 145. MELLO FILHO, Luís Emídio de. Sobre Zollernia mocitayba. Rio de Janeiro, 1959. 6 f. Original. Impresso. Artigo do Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, 30/5/1959. Nova série (Botânica 22). Il. Fac-símiles. 26,1,151 146. ALEMÃO, Francisco Freire. Texto sobre botânica [fragmentos]. Rio de Janeiro: Lallement, 1846. 4 f. Original. Impresso. 2 exemplares do texto. 26,1,152 147. LAMEGO, Adinalzir Pereira. A Casa de Freire Alemão. [S. l.], 1986. 1 f. Original. Impresso. Artigo do NOPH-31, agosto de 1986, p. 15. II. Desenho. 26,1,153 148. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA. Subsídios ao planejamento da área nordestina: Crato-Juazeiro do Norte e sua área de influência. Rio de Janeiro, 1971. Original. Impresso. II. Mapas. Junto ao documento mapas da “regiãoprograma de Baturité” e duas folhas com índices. Anotações de Darci Damasceno. Modelo de índice do IBGE. 26,1,154 149. DAMASCENO, Darci. Freire Alemão: o Botânico e a Planta da Cidade: [fragmentos]. São Paulo, 1983. 5 f. Original. Impresso. Artigo da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica (SBPH), Anais da II Reunião. São Paulo, 1983. 6 exemplares. 26,1,155 150. CARAUTA, Jorge Pedro Pereira. A data efetiva de publicação da Flora Fluminensis. Rio de Janeiro, 1969. Original. Impresso. Separata da revista Vellozia, dezembro de 1969, nº 7. Il. N. p. 26,1,156 151. CARAUTA, Jorge Pedro Pereira. A data efetiva de publicação da Flora Fluminensis. II: texto impresso em 1825 [fragmentos]. Garanhuns, 1972. Original. Impresso. Artigo do XXIII Congresso Nacional de Botânica, Garanhuns, 16 a 23 de janeiro de 1972. Il. 26,1,157

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152. CARAUTA, Jorge Pedro Pereira. The text of Vellozo’s flora fluminensis and its effective date of publication. [S. l.], 1973. 2 p. Original. Impresso. Texto na revista Tascon, vols. 2/3, pp. 281-284, maio de 1973. 26,1,158 153. MARTINS e os dois Vellozos [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, texto de Carlos Stemfeld, 1948, pp. 142. Faltam as páginas 21 a 30. Em anexo capa com anotações de Darci Damasceno. 26,1,159

ORIGINAIS

Datas-limite: 1960-1987 Conteúdo: cadernos e blocos de notas de Darci Damasceno, referentes à história do teatro, ao Conservatório Dramático Brasileiro e à crítica literária e textual de autores do período barroco, especialmente Gregório de Matos. Quantificação: 47 documentos Notas: Estabelecemos como datas-limite desta série as datas de acumulação, uma vez que os originais não estão datados. 154. DAMASCENO, Darci. Índice geral dos primeiros versos de Gregório de Matos com tabela de pertinência. Códices e notas de Darci Damasceno. [S. l.], [s. d.]. 14 f. Original. Datilografado. 26,1,161 155. DAMASCENO, Darci. Códice Camilo: caderno com anotações sobre sonetos e trechos de sonetos retirados de A. P. [S. l.], [s. d.]. 44 f. Original. Manuscrito. 26,1,162 156. DAMASCENO, Darci. Análise de poemas de Tomás Pinto Brandão e outros autores, retirados de códice com obras várias da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. [S. l.], [s. d.]. 21 f. Original. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, foram copiados os poemas das folhas 469 (final) a 473. 26,1,163

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157. DAMASCENO, Darci. Análise da obra de Tomás Pinto Brandão: “Flores do jardim das musas”. Poemas: “Flor primeyra” ao “Flor 66ª”. [S. l.], [s. d.]. 64 f. Original. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, século XVIII, meados de 1736. Versos retirados do código 2,1,25 da DMSS-BN. 26,1,164 158. DAMASCENO, Darci. Análise da obra de Gregório de Matos e Tomás Pinto Brandão: sonetos, décimas, vilancicos e trechos de romances. [S. l.], [s. d.]. 91 f. Cópia. Manuscrito. Darci Damasceno observa que os versos foram retirados dos códices 1, 3, 11; 2, 3, 5; I-13,2,5 da DMSS-BN. 26,1,165 159. DAMASCENO, Darci. Análise da obra de Tomás Pinto Brandão: sonetos e décimas, datados de 1730, 1732 e 1733. [S. l.], [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito. Darci Damasceno diz que os versos foram retirados do códice 6,1,31 da DMSSBN. Em anexo folhas em rascunho sobre o mesmo assunto. 26,1,166 160. DAMASCENO, Darci. Estudos com instrumentos de trabalho para pesquisa, bibliografia geral sobre Gregório de Matos. Biografia de Antônio da Rocha Pita, do conde de Cavaleiros e Cosme de Moura Rolim. [S. l.], [s. d.]. 55 f. Original. Manuscrito. 26,1,167 161. DAMASCENO, Darci. Levantamento bibliográfico sobre literatura na Biblioteca Nacional. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Original. Manuscrito. 26,1,168 162. DAMASCENO, Darci. Antônio da Rocha Pita, notas e pesquisa. [S. l.], [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito. 26,1,169 163. DAMASCENO, Darci. Bibliografia sobre vilancicos, genealogia e heráldica, coletâneas e fontes de pesquisa. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Original. Manuscrito. Em anexo folha em rascunho sobre o mesmo assunto. 26,1,170

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164. DAMASCENO, Darci. Relação de códices da Biblioteca Universitária de Coimbra. [S. l.], [s. d.]. 25 f. Original. Manuscrito. Em anexo folhas em rascunho sobre o mesmo assunto. 26,1,171 165. DAMASCENO, Darci. Gregório de Matos: índice dos primeiros versos. [S. l.], [s. d.]. 24 f. Original. Datilografado. 26,1,172 166. DAMASCENO, Darci. Gregório de Matos: índice dos primeiros versos destinados à digitação. [S. l.], [s. d.]. 352 f. Original. Manuscrito. Em anexo papéis contendo modelo de programação e outras anotações. 26,1,173 167. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: poesias retiradas de jornais e revistas: 1923-193-. [S. l.], [s. d.]. 73 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Anotações de Darci Damasceno. 26,1,174 168. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: contos, peça em um ato, ensaios e poemas em prosa publicados nos periódicos: Ilustração Brasileira, Para Todos, Revista da Semana: 1920-1927. [S. l.], [s. d.]. 38 f. Original. Datilografado. Anotações de Darci Damasceno. 26,1,175 169. DAMASCENO, Darci. Levantamento de movimentos binários e compósitos ascendentes no octassílabo de Cecília Meireles do livro Retrato natural. [S. l.], [s. d.]. 34 f. Original. Datilografado. Em anexo papéis sobre o mesmo assunto. 26,1,176 170. DAMASCENO, Darci. Estudo sobre a estrutura paralelística na poesia de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 33 f. Original. Datilografado. Em anexo papéis sobre o mesmo assunto. 26,1,177 171. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: prosas poéticas publicadas em Letras e Artes: 1947-1948. [S. l.], [s. d.]. 81 f. Original. Datilografado. Anotação de Darci Damasceno. 26,1,178

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172. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: poemas “Como um pobre à porta” e o inédito “ O alto palácio do crepúsculo”. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Original. Datilografado. Em anexo marcador de livros com reprodução de busto de Cecília Meireles, por Fernando Correia Dias, e xerox de manuscritos dos poemas. Anotações de Darci Damasceno levantando a possibilidade de que o poema “Como um pobre à porta” seja uma tradução do iídiche ou hebraico. 26,1,179 173. DAMASCENO, Darci. Índice de poemas inéditos de Cecília Meireles: inclui títulos que figuram na edição da Editora Civilização Brasileira. [S. l.], [s. d.]. 15 f. Original. Datilografado. Anotações. 26,1,180 174. DAMASCENO, Darci. Anotação sobre cartas de Cecília Meireles para Fernando de Castro, Diogo de Macedo, Maria Dulce Lupi Coelho. [S. l.], [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,1,181 175. DAMASCENO, Darci. Texto para segunda edição revista e aumentada sobre a obra de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 24 f. Original. Datilografado. 26,1,182 176. DAMASCENO, Darci. Textos críticos sobre “Canções”, “Poemas escritos na Índia” e “Solombra: o ‘rapto místico’ de Cecília Meireles”. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Original. Datilografado. 26,1,183 177. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: poema “Aranhol”: 1918: revisões. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Datilografado. Poema retirado da revista Bahia Ilustrada. Em anexo fotocópia da publicação. 26,1,184 178. DAMASCENO, Darci. História e texto: notas bibliográficas a partir do acervo da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d]. Pag. var. Original. Manuscrito. Caderno manuscrito com papéis soltos em anexo. 26,1,185 179. DAMASCENO, Darci. Conservatório Dramático Brasileiro: notas acerca de censores e de peças submetidas à censura. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 93 f. Original. Manuscrito. 26,1,186

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180. DAMASCENO, Darci. Conservatório Dramático Brasileiro: notas a partir de acervo mantido no Arquivo Nacional. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 37 p. Original. Manuscrito. Contém mapa estatístico de censuras. 26,1,187 181. DAMASCENO, Darci. Conservatório Dramático Brasileiro: notas retiradas do livro de correspondência ativa. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 27 p. Original. Manuscrito. A fonte se encontra na DMSS-BN em 4,3,30. 26,1,188 182. DAMASCENO, Darci. Notas críticas a respeito do teatro do século XIX: 1836-1839. [S. l.], [s. d.]. 68 f. Original. Manuscrito. 26,1,189 183. DAMASCENO, Darci. Anotações acerca de teatro: feitas a partir de pesquisa nos periódicos O Despertador e Jornal do Commercio. Rio de Janeiro: [S. nº], [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,1,190 184. DAMASCENO, Darci. Bibliografia sobre teatro existente na Biblioteca Nacional. [S. l.], [s. d.]. 62 f. Original. Manuscrito. 26,1,191 185. DAMASCENO, Darci. Imprensa e Literatura: notas retiradas de periódicos do século XIX. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. l.]. Pag. var. Original. Manuscrito. Caderno e folhas anexas. 26,1,192 186. DAMASCENO, Darci. Cronologia de farsas apresentadas entre 1830-1848. [S. l.], [s. d.]. 47 f. Original. Manuscrito. 26,1,193 187. DAMASCENO, Darci. Notas críticas acerca de teatro. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. Pag. var. Original. Manuscrito. Em anexo roteiro para pesquisas em periódicos na Biblioteca Nacional. 26,1,194

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188. DAMASCENO, Darci. O Estilo das Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro, 1970. Original. Datilografado. Original anotado pelo autor. 26,1,195 189. CERTIDÃO de casamento dos pais de Manuel Antônio de Almeida: cópia obtida na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: [S. n°], 1969. 1 f. Cópia. Datilografado. Em anexo manuscritos de Darci Damasceno que parecem referir-se a correções numa edição de Memórias de um sargento de milícias. 26,1,196 190. DAMASCENO, Darci. Alencar e Iracema: uma Articulação Literária. Rio de Janeiro, [1977?]. [19] f. Original. Datilografado. Anotação de Darci Damasceno, trata-se do texto de uma conferência, proferida por ele em 28/9/1977, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade. 26,1,197 191. CARTA ao dr. Jaguaribe sobre primeira edição, em 1865, de Iracema. Rio de Janeiro, [s. d.]. 7 f. Cópia. Datilografado. Em anexo papéis sobre o mesmo assunto. 26,1,198 192. DAMASCENO, Darci. Esquema para estudo de Iracema. Rio de Janeiro, [s. d.]. 16 f. Original. Manuscrito. 26,1,199 193. DAMASCENO, Darci. Vilancicos: notas acerca de bibliografia, fragmentos de vilancicos e histórico. Rio de Janeiro, [s. d.]. 42 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,1,200 194. DAMASCENO, Darci. Vilancicos seiscentistas: plano para edição, índice, fragmentos. Rio de Janeiro, [s. d.]. 143 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,1,201 195. DAMASCENO, Darci. Óbito e testamento nos séculos XVIII e XIX: levantamento para estudo socioeconômico. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 7 p. Original. Manuscrito. Darci Damasceno afirma que a pesquisa foi feita no arcaz I-32 da DMSS-BN. 26,1,202

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196. DAMASCENO, Darci. Documentos sobre o anil: dados sobre a fabricação e a exportação, listas de compradores e fragmentos de ofícios. Rio de Janeiro, [s. d.]. 24 f. Original. Datilografado. Contém anotações manuscritas de Darci Damasceno. 26,1,203 197. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre o anil: caderno, bloco e papéis diversos com fragmentos de documentos, relação de fabricantes e negociantes e histórico da produção. Rio de Janeiro, [s. d.]. Pag. var. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,1,204 198. FERREIRA, José Henrique. Instrução do modo com que se deve apanhar a cochonilha...: transcrição do Código do Lavradio. [S. l.], [s. n°], [s. d.]. 5 f. Cópia. Datilografado. Data do documento original: 1778. 26,1,205 199. COSTA, Maurício da. Ofício acerca da cochonilha: transcrição. [S. l.], [s. n°], [s. d.]. 6 f. Cópia. Datilografado. Ofício a destinatário ignorado. A data original é 1785. 26,1,206 200. CABRAL, Vicente Jorge Dias. Coleção das observações dos produtos naturais do Piauí: tomo 1: transcrição anotada da obra original de 1800 e 1801. Rio de Janeiro: [s. n°], 1976. 181 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Em anexo papéis de Darci Damasceno com observações sobre a obra. 26,1,207

RASCUNHOS

Datas-limite: 1960-1987 Conteúdo: miscelânea de anotações de Darci Damasceno sobre temas variados, com destaque para a literatura, principalmente Cecília Meireles, Martins Pena, Manuel Antônio de Almeida e Gregório de Matos. Outros assuntos são: a produção do anil, os trabalhos de frei Veloso e Freire Alemão, a história do teatro, da censura teatral no Brasil e da literatura dramática brasileira. Contém muitas notas bibliográficas, boa parte delas remetendo ao acervo da Biblioteca Nacional.

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Quantificação: 205 documentos Notas: Estabelecemos como datas-limite desta série as datas de acumulação, uma vez que os originais não estão datados. 201. DAMASCENO, Darci. Informações de emergência: papéis vários contendo mapa genealógico da dinastia de Bragança, instrumento de controle dos códices de Gregório de Matos e anotações sobre heráldica. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 29p Original. Manuscrito. 26,1,208 202. PLANOS e notas de interesse sobre transmissão textual. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 42 f. Original. Manuscrito. 26,1,209 203. DAMASCENO, Darci. Atribuições de autoria textual: Gregório de Matos, padre Antônio Vieira e Santo Estanislau Kostka. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 41 f. Original. Manuscrito. 26,1,210 204. DAMASCENO, Darci. Atribuições de autoria textual. Rio de Janeiro, [s. d.]. 38 f. Original. Manuscrito. 26,1,211 205. DAMASCENO, Darci. Autores do século XVII: notas retiradas de livros de registro, relação de poetas e bibliografia. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 94 f. Original. Manuscrito. 26,1,212 206. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de autores de poesia barroca. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,1,213 207. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de poesia dos séculos XVII e XVIII: cancioneiros, edições críticas de textos, história literária. Rio de Janeiro, [s. d.]. 21 f. Original. Manuscrito. 26,1,214

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208. DAMASCENO, Darci. Gregório de Matos: notas bibliográficas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,1,215 209. DAMASCENO, Darci. Notas biográficas e cronológicas sobre Gregório de Matos. Rio de Janeiro, [s. d.]. 26 f. Original. Manuscrito. 26,1,216 210. DAMASCENO, Darci. Notas biográficas e cronológicas sobre Gregório de Matos. Rio de Janeiro, [s. d]. 38 f. Original. Manuscrito. 26,1,217 211. DAMASCENO, Darci. Notas biográficas de Gregório de Matos. Rio de Janeiro, [s. d.]. 25 f. Original. Manuscrito. 26,1,218 212. ANOTAÇÕES sobre o contexto sociocultural em que viveu Gregório de Matos: certames poéticos. Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito. 26,1,219 213. DAMASCENO, Darci. Códices de Gregório de Matos na Biblioteca Nacional: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 76 f. Original. Manuscrito. 26,1 220 214. DAMASCENO, Darci. Códices de Gregório de Matos na Biblioteca Nacional: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,1,221 215. DAMASCENO, Darci. Anotações sobre códices de várias bibliotecas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. Pag. var. Original. Manuscrito. 26,1,222 216. DAMASCENO, Darci. Índice dos códices avulsos para resumo de conteúdo: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 90 f. Original. Manuscrito. 26,2,1 217. DAMASCENO, Darci. Índice dos códices de Évora, Varnhagen, Inocêncio, Rústicos I e II, Soares Cardoso Carvalho e anotações sobre o estilo seiscentista. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,2

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218. DAMASCENO, Darci. Códices Camilo, codicologia, heráldica: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 81 f. Original. Manuscrito. 26,2,3 219. DAMASCENO, Darci. Codicologia e crítica textual: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 14 f. Original. 26,2,4 220. DAMASCENO, Darci. Codicologia, estudo dirigido aos códices da Biblioteca Nacional: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 30 f. Original. Manuscrito. 26,2,5 221. DAMASCENO, Darci. Biblioteca e crítica textual: soneto “Calção de Pendoba, a meia Gorra”, “Blema”, da ed. de Quevedo, crônica do príncipe d. João, de Damião de Góis: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 61 f. Original. Manuscrito. 26,2,6 222. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre autoria textual e análise de textos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 49 f. Original. Manuscrito. 26,2,7 223. DAMASCENO, Darci. Bibliografia e fontes das edições de Vale Cabral, ABL, A. Peixoto e James Amado: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 40 f. Original. Manuscrito. 26,2,8 224. DAMASCENO, Darci. Biografia de Eusébio de Matos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito. 26,2,9 225. DAMASCENO, Darci. Linguagem poética, transmissão do texto e outros estudos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 76 f. Original. Manuscrito. 26,2,10 226. DAMASCENO, Darci. Poesia espanhola e portuguesa dos séculos XVI e XVII: bibliografia: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 30 f. Original. Manuscrito. 26,2,11

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227. DAMASCENO, Darci. Transmissão de texto e literatura portuguesa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,12 228. DAMASCENO, Darci. Transmissão de texto, poesia portuguesa e Academia dos “Singulares de Lisboa”: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 70 f. Original. Manuscrito. 26,2,13 229. DAMASCENO, Darci. Poesia portuguesa, transmissão de texto e referência a autoridade, pessoas e fatos da época: séculos XVII e XVIII: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Manuscrito. Original. 26,2,14 230. DAMASCENO, Darci. Transmissão do texto: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 35 f. Original. Manuscrito. 26,2,15 231. DAMASCENO, Darci. Transmissão do texto e estrutura dos códices: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito. 26,2,16 232. DAMASCENO, Darci. Poesia portuguesa: bibliografia: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,17 233. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Manuel Botelho de Oliveira e outras notas acerca de poesia. Rio de Janeiro, [s. d.]. 47 f. Original. Manuscrito. 26,2,18 234. DAMASCENO, Darci. Tomás Pinto Brandão: bibliografia: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 120 f. Original. Manuscrito. Ocorrem notas com referência a manuscritos de poesias e inéditos encontrados nos códices da Biblioteca Nacional. 26,2,19 235. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de Tomás Pinto Brandão, Gregório de Matos e Manuel Botelho de Oliveira: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,20

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236. DAMASCENO, Darci. Anotações sobre Tomás Pinto Brandão: bibliografia. Rio de Janeiro, [s. d.]. 7 f. Original. Manuscrito. 26,2,21 237. DAMASCENO, Darci. Poesia portuguesa do século XVIII: notas várias. [S. l.], [s. d.]. Original. Manuscrito. Estudo sobre a autoria dos sonetos em “Flores do Jardim das Muzas”. 26,2,22 238. DAMASCENO, Darci. Fichas contendo estudos críticos da obra de Gregório de Matos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 23 f. Original. Manuscrito. 26,2,23 239. DAMASCENO, Darci. Bibliografia da poesia portuguesa dos séculos XVII e XVIII: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 8 f. Original. Manuscrito. 26,2,24 240. DAMASCENO, Darci. Bibliografia da poesia portuguesa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 32 f. Original. Manuscrito. 26,2,25 241. DAMASCENO, Darci. Relação de códices referentes a Gregório de Matos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 5 f. Original. Manuscrito. 26,2,26 242. BAENA. Índice heráldico: verbete sobre a família Salema. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. 26,2,27 243. DAMASCENO, Darci. Bahia: papéis vários. Rio de Janeiro, [s. d.]. 17 f. Original. Manuscrito. Cartão de Lígia da Fonseca Fernandes da Cunha de 25/4/1987. 26,2,28 244. DAMASCENO, Darci. Planos e projetos de trabalhos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 15 f. Original. Manuscrito. 26,2,29

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245. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Gregório de Matos, genealogia heráldica e códices: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 8 f. Original. Manuscrito. 26,2,30 246. DAMASCENO, Darci. Lista de autores dos séculos XVI e XVII e indicações bibliográficas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 40 f. Original. Manuscrito. 26,2,31 247. DAMASCENO, Darci. Planos para pesquisa: modernismo, neo-simbolismo e esquema do livro Canções: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 82 f. Original. Manuscrito. 26,2,32 248. DAMASCENO, Darci. Inventário de fontes iconográficas de Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d]. 21 f. Original. Manuscrito. Em anexo foto de Cecília Meireles retirada de revista dos anos 50, um retrato de Cruz e Sousa desenhado pela poetisa e um ex libris da autora. As notas fazem constante referência a fotografias que se encontram no arquivo da DMSS-BN. 26,2,33 249. DAMASCENO, Darci. Genealogia de Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Cópia. Manuscrito. Datilografado. Contém um mapa com a planta das ruas São Luís, São Ferraz e São Cláudio (Estácio). 26,2,34 250. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicações de Cecília Meireles: 1917-1928: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Cópia. Manuscrito. Datilografado. 26,2,35 251. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicação de Cecília Meireles em várias revistas: 1929-1940. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Inclui textos de crítica e ocorre referência à bibliografia de Cecília Meireles de 1940-1965. 26,2,36 252. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicações de Cecília Meireles e crítica aos livros Poemas dos poemas e Nunca mais...:1917-1928: notas várias. Rio

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de Janeiro, [s. d.]. N. p. Inclui cópia do conto O Vendedor de Pássaros, que teria sido publicado em O Mundo Literário a 1/5/1922. 26,2,37 253. DAMASCENO, Darci. Sobre o livro Espectros: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Ocorrem anotações sobre sonetos inéditos, segundo Darci Damasceno. 26,2,38 254. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre orientalismo, misticismo e Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Em anexo xerox da folha de rosto do livro La vie de Ramakrishna. 26,2,39 255. ARTIGOS críticos sobre Cecília Meireles: notas várias. [S. l.], [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,40 256. DAMASCENO, Darci. Poesia de Cecília Meireles: transcrição, análise e notas. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,41 257. DAMASCENO, Darci. Poesias de Cecília Meireles: 1927-1929: transcrição e notas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Manuscrito. Datilografado. Original. 26,2,42 258. DAMASCENO, Darci. Citações bibliográficas: textos publicados em periódicos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Estudo sobre a polêmica do Penumbrismo. 26,2,43 259. DAMASCENO, Darci. Estudo sobre contexto socioliterário e partes de textos publicados em periódicos: As Tensões do Modernismo. Controvérsias: notas várias. Rio de Janeiro, N. p. Original. Manuscrito. 26,2,44 260. DAMASCENO, Darci. Referências bibliográficas de artigos para a revista Festa: 1927-28, 1934-35: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 31 f. Original. Manuscrito. 26,2,45

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261. DAMASCENO, Darci. Relações contextuais: Mário de Andrade e Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito. 26,2,46 262. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de textos de Cecília Meireles publicados em periódicos: 1929-1930: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 15 f. Original. Manuscrito. 26,2,47 263. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de textos publicados por Cecília Meireles em o Diário de Notícias: Comentário: 1930-1932: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 40 f. Original. Manuscrito. 26,2,48 264. DAMASCENO, Darci. Temática da obra de Cecília Meireles: notas várias. [Rio de Janeiro], [s. d.]. 19 f. Original. Manuscrito. 26,2,49 265. DAMASCENO, Darci. Solombra: notas várias sobre a série de poemas de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,50 266. DAMASCENO, Darci. Métrica da poesia de Cecília Meireles: notas estatísticas. [S. l.], [s. d.]. 24 f. Original. Manuscrito. 26,2,51 267. DAMASCENO, Darci. Bibliografia e anotações de críticas sobre a obra de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 12 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,52 268. DAMASCENO, Darci. Bibliografia sobre Cecília Meireles: fichas com anotações. Rio de Janeiro, [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,53 269. DAMASCENO, Darci. Estudo crítico de poemas de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. nº], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,54

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270. DAMASCENO, Darci. Poesia brasileira: bibliografia sobre Simbolismo: 1917-1939: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 37 f. Original. Manuscrito. 26,2,55 271. DAMASCENO, Darci. Crônica e poesia de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,56 272. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre autoria textual e análise de textos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 49 f. Original. Manuscrito. 26,2,7 273. DAMASCENO, Darci. Notas de pesquisas sobre Cecília Meireles, referentes a 1956, 1965 e 1967. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,58 274. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de periódicos, selecionados para estudos sobre Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,59 275. DAMASCENO, Darci. Relação bibliográfica de Cecília Meireles e de literatura francesa, alemã e portuguesa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,60 276. DAMASCENO, Darci. Relação de assuntos e artigos das pastas referentes aos estudos sobre Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,61 277. DAMASCENO, Darci. Bibliografia e cronologia de viagens de Cecília Meireles, extratos de livros, artigos e textos da Sabedoria popular: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 56 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Impresso. 26,2,62 278. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de Cecília Meireles, temáticas cecilianas, referências ao contexto socioliterário: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N.

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p. Original. Manuscrito. Datilografado. Inclui relação de crônicas de Cecília Meireles, publicadas em periódicos, 1947-1950, planos de pesquisa e índice do livro Giroflê, giroflá, 1947-1948. 26,2,63 279. DAMASCENO, Darci. Bibliografia, relações contextuais e trechos de ensaios literários: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Ocorrem extratos de textos da revista do MEC contendo bibliografia variada e texto de Cecília Meireles proferido, em discurso, na III Semana Nacional de Folclore de 1964. 26,2,64 280. DAMASCENO, Darci. Biobibliografia de Cecília Meireles e Correia Dias, estudos estilísticos, cronologia de artigos de periódicos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,65 281. DAMASCENO, Darci. Papéis e fichas com biobibliografia de Cecília Meireles, temáticas literárias, estudos sobre educação e folclore e planos para organização de pesquisa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,66 282. DAMASCENO, Darci. Papéis e fichas sobre o contexto socioliterário do Modernismo, bibliografia, extratos de textos, artigos e estudos estilísticos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d]. Original. Manuscrito. Inclui cartão de visita de Darci Damasceno. 26,2,67 283. DAMASCENO, Darci. Índice e fichas com versos de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,68 284. DAMASCENO, Darci. Notas para biografia de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 10 f. Original. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSSBN. 26,2,69

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285. DAMASCENO, Darci. Notas com estudos e esquemas do livro Viagem, de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,70 286. DAMASCENO, Darci. Notas acerca da poesia, da crítica e da correspondência de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,71 287. DAMASCENO, Darci. Notas acerca de Fernando Correia Dias, primeiro marido de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,2,72 288. DAMASCENO, Darci. Fichas contendo estrofes, versos com anotações sobre estudo semântico dos poemas de Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 258 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Os estudos se referem aos livros: Vaga música, Retrato natural, Mar absoluto, Viagem e outros. 26,2,73 289. DAMASCENO, Darci. Notas sobre a comédia O juiz de paz da roça, de Martins Pena. [Rio de Janeiro], [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,74 290. DAMASCENO, Darci. Martins Pena e a censura: extratos de pareceres de censura: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 20 f. Original. Manuscrito. 26,2,75 291. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de pareceres de censura, extratos de pareceres e de correspondência ativa e passiva de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Original. Manuscrito. 26,2,76 292. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre vocábulo, técnica de fala e pronúncia na obra de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Original. Manuscrito. 26,2,77 293. DAMASCENO, Darci. Questões sobre autoria de censuras e da peça Uma mulher feia, de Martins Pena, cópias de anúncios de representação da citada peça: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Original. Manuscrito. 26,2,78

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294. DAMASCENO, Darci. Plano de uma comédia e sinopse da comédia As manias de dois velhos, de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. 26,2,79 295. DAMASCENO, Darci. Pareceres de censura e fragmentos de dramas de Martins Pena: notas várias: cópias e notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 22 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,80 296. DAMASCENO, Darci. Referências a autores (e peças) influenciados por Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 6 f. Original. Manuscrito. 26,2,81 297. DAMASCENO, Darci. Referências à peça Um sertanejo na corte, de Martins Pena, e confronto de peças e estudo sobre a temática o roceirismo: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 19 f. Original. Manuscrito. 26,2,82 298. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a peça O juiz de paz da roça: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito. 26,2,83 299. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a peça Os dous velhos, de Martins Pena, cópia de cenas e entradas, e confronto com outras peças do autor: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 13 f. Original. Manuscrito. 26,2,84 300. DAMASCENO, Darci. Anúncio de venda de livros de comédia de Martins Pena: 30/1/1846: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. Papel anexo com contas de Darci Damasceno. 26,2,85 301. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre fragmentos de pareceres de censura à peça Os ciúmes de um pedestre ou O terrível capitão da morte, de Martins Pena, e cópias de correspondência: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 12 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Inclui localização de documentos na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. 26,2,86

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302. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a época, temática, repertório e gênero na obra de Martins Pena e crítica contextual: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 26 f. Original. Manuscrito. 26,2,87 303. DAMASCENO, Darci. Estudos biobibliográficos de Martins Pena, cópia de ensaio crítico, pareceres de censura e atos da peça D. Leonor Teles Menezes: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 25 f. Original. Manuscrito. 26,2,88 304. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de representação das peças de Martins Pena: 1838-1853: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 19 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,89 305. DAMASCENO, Darci. Documentos sobre censura e Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2, 90 306. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de manuscritos sobre Martins Pena, doados à Biblioteca Nacional, 1877-1909: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 1 f. Original. Manuscrito. 26,2,91 307. DAMASCENO, Darci. Cronologia de textos publicados em periódicos do século XIX: 1815-1858. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Contém referências ao teatro de pantomimas, ao teatrinho “mecânico” e à cópia do Edital da Câmara da Cidade do Rio de Janeiro, tratando da divisão de distritos da freguesia: 28/1/1833. 26,2,92 308. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de publicações sobre Martins Pena, encontradas na Biblioteca Nacional e no Real Gabinete Português de Leitura: 1833-1839: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Ocorrem referências a Manuel Antônio de Almeida. 26,2,93

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309. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de folhetins do Jornal do Commercio e outros trabalhos de Martins Pena: 1946-1947: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 1 f. Original. Datilografado. 26,2,94 310. DAMASCENO, Darci. Dados biográficos de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 18 f. Original. Manuscrito. Impresso. Ocorrem dados genealógicos e fragmentos de jornal contendo estudo biobibliográfico de Martins Pena. 26,2,95 311. DAMASCENO, Darci. Referências a peças, artigos de jornais sobre censura e textos falando sobre a obra de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,2,96 312. DAMASCENO, Darci. Anotações do livro de atas do Conservatório Dramático Brasileiro e Martins Pena. Rio de Janeiro, [s. d.]. 28 f. Original. Manuscrito. Localização do livro de atas do CDB na Biblioteca Nacional. Reg. 254/1990 DMSS-BN. 26,2,97 313. DAMASCENO, Darci. Relação de peças de Martins Pena datadas, esquemas para pesquisa, notas do livro de registro das peças dadas à censura: 18431849: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 60 f. Original. Manuscrito. Reg. 254/1990 DMSS-BN. 26,2,98 314. DAMASCENO, Darci. Crítica teatral: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 18 f. Original. Manuscrito. Primeiras críticas em periódicos: Jornal do Commercio, 20/1/1837; revista teatral O Brasil, 15/6/1841. 26,2,99 315. DAMASCENO, Darci. Folhetins: crítica teatral. Rio de Janeiro, [s. d.]. 8 f. Original. Manuscrito. Situação do teatro in O Brasil, revista teatral, 1841. Reg. 254/1990 DMSS-BN. 26,2,100

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316. DAMASCENO, Darci. Precursores e contemporâneos de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito. Reg. 254/1990 DMSS-BN. 26,2,101 317. DAMASCENO, Darci. Joaquim José Teixeira, precursor e contemporâneo de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Localização de pensamentos e fábulas na Biblioteca Nacional. 26,2,102 318. DAMASCENO, Darci. Censura de farsas e comédias de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 9 f. Original. Manuscrito. 26,2,103 319. DAMASCENO, Darci. Fontes de pesquisa em almanaques e periódicos sobre Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 9 f. Original. Manuscrito. 26,2,104 320. DAMASCENO, Darci. Referência bibliográfica do Arquivo Romântico Brasileiro no Jornal do Commercio de 19/2/1847, p. 3,1: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,105 321. DAMASCENO, Darci. Notas sobre concurso do período áureo do Conservatório Dramático Brasileiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 1 f. Original. Manuscrito. 26,2,106 322. DAMASCENO, Darci. Notas sobre Martins Pena e a Escola antiga, contendo repertório, censura e linguagem. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,107 323. DAMASCENO, Darci. Biobibliografia de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,108 324. DAMASCENO, Darci. Inéditos, sucessores, fases, teatro português e biobibliografia de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 61 f. Original. Manuscrito. 26,2,109

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325. DAMASCENO, Darci. Bibliografia, teatro do século XIX, lista de convidados à sessão de 15/1/1843 do Conservatório Dramático Brasileiro e Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Cópia. Manuscrito. Cópia de um prospecto do Theatro Lyrico Fluminense com localização na DMSS-BN da Biblioteca Nacional: I-9,9,40. 26,2,110 326. DAMASCENO, Darci. Biografia de Martins Pena, ideologia, repertório e Teatro de São Pedro, 1830: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,111 327. DAMASCENO, Darci. Teatro: notas bibliográficas. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Impresso. 26,2,112 328. DAMASCENO, Darci. O drama romântico: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,113 329. DAMASCENO, Darci. Literatura dramática brasileira: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito. 26,2,114 330. DAMASCENO, Darci. Autoria e anonimato: notas acerca de peças teatrais. Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito. 26,2,115 331. DAMASCENO, Darci. Catálogos de peças teatrais: anotações sobre peças e assinaturas. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. 26,2,116 332. DAMASCENO, Darci. Dramas mágicos: anotações sobre história do teatro. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,117 333. DAMASCENO, Darci. Vaudeville: ópera cômica: notas. Rio de Janeiro, [s. d.]. 1 f. Original. Manuscrito. 26,2,118

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334. DAMASCENO, Darci. História do teatro: notas bibliográficas. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,119 335. DAMASCENO, Darci. Anotações sobre a peça O chapim, de Martins Pena. Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito. 26,2,120 336. DAMASCENO, Darci. Notas sobre peças de Martins Pena. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. 26,2,121 337. DAMASCENO, Darci. Obras de Martins Pena na Biblioteca Nacional: antigas localizações. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,2,122 338. DAMASCENO, Darci. Teatro brasileiro do século XIX: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Manuscrito. Original. 26,2,123 339. DAMASCENO, Darci. Teatro e censura: notas. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. 26,2,124 340. DAMASCENO, Darci. Anotações várias sobre Martins Pena. Rio de Janeiro, [s. d ]. 6 f. Original. Manuscrito. 26,2,125 341. DAMASCENO, Darci. O naufrágio dos potes: sincretismo e transmissão. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 13 f. Original. Manuscrito. 26,2,126 342. DAMASCENO, Darci. Notas sobre Memórias de um sargento de milícias. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 20 f. Original. Manuscrito. 26,2,127 343. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Manuel Antônio de Almeida e Memórias de um sargento de milícias: personagem, descrições e hábitos lingüísticos

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no romance e genealogia do autor: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 29 f. Original. Manuscrito. 26,2,128 344. DAMASCENO, Darci. Notas acerca de Memórias de um sargento de milícias. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 58 p. Original. Manuscrito. 26,2,129 345. DAMASCENO, Darci. Notas sobre o estilo em Memórias de um sargento de milícias. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 17 f. Original. Manuscrito. 26,2,130 346. DAMASCENO, Darci. Teatro do século XIX: anúncio de peças (inclusive dramas): Martins Pena: 1839: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,3,1 347. DAMASCENO, Darci. Notas sobre Manuel Antônio de Almeida e Memórias de um sargento de milícias e oralidade e sincretismo: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 23 f. Original. Manuscrito. 26,3,2 348. DAMASCENO, Darci. Estudo comparativo entre Iracema e Diana (mitologia): notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 51 fichas. Original. Manuscrito. 26,3,3 349. DAMASCENO, Darci. Estudo comparativo entre Moreno e Camarão, bibliografia e relações mitológicas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 7 f. Original. Manuscrito. 26,3,4 350. DAMASCENO, Darci. Tópicos para aproveitamento e anotações sobre Iracema, de José de Alencar: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 35 f. Original. Manuscrito. Reg. 260/1990 DMSS-BN. 26,3,5 351. DAMASCENO, Darci. Ensaios literários, bibliografia, velosiana sobre José de Alencar e Iracema: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 20 f. Original. Manuscrito. 26,3,6

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352. DAMASCENO, Darci. Estudos e mitologia: Diana e Iracema, de José de Alencar, e ensaio sobre Iracema: Por onde Começa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 46 f. Original. Manuscrito. 26,3,7 353. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Romantismo, bibliografia de Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto-Alegre, referências a Debret e lista de cartas da Coleção Araújo Porto-Alegre: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 110 f. Original. Cópia. Manuscrito. Datilografado. 26,3,8 354. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicações de periódicos e anotações sobre o Romantismo: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,3,9 355. DAMASCENO, Darci. Pesquisa histórico-literária do Rio de Janeiro: séculos XVIII-XIX: anotações sobre lexicologia, transportes, documentos biográficos e catálogos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito. Ocorrem referências a itinerários urbanos, exemplos de vocabulários retirados de jornais e as invenções e privilégios industriais. 26,3,10 356. DAMASCENO, Darci. Pesquisa histórico-literária do Rio de Janeiro: séculos XVIII-XIX: índice de Memórias econômicas, referências a catálogos e inventários e bibliografia sobre o Rio de Janeiro: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Ocorrem referências à urbanização (chácaras) no Rio de Janeiro e a Freire Alemão e frei Veloso. 26,3,11 357. DAMASCENO, Darci. Pesquisa histórico-literária do Rio de Janeiro: séculos XVIII-XIX: anotações sobre frei Camilo, referências aos Anais da Biblioteca Nacional, textos de arquivos. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Ocorrem relação genealógica da dinastia portuguesa, lista de assuntos do acervo da Divisão de Patrimônio Histórico e Artístico. 26,3,12 358. DAMASCENO, Darci. Referência a documentos autógrafos na Biblioteca Nacional: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 6 f. Original. Manuscrito. 26,3,13

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359. DAMASCENO, Darci. Índice de assuntos retirados de documentos biográficos para pesquisa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 26 f. Original. Manuscrito. 26,3,14 360. DAMASCENO, Darci. Levantamento de dados sobre a vida e cultura do Rio de Janeiro novecentista para exposição realizada na Biblioteca Nacional: 18231844: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 28 f. Original. Manuscrito. 26,3,15 361. DAMASCENO, Darci. História e literatura no Rio de Janeiro nos séculos XVIII e XIX: fontes na Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, [s. d.]. 49 f. Original. Manuscrito. 26,3,16 362. DAMASCENO, Darci. Manuel Silva de Alvarenga e a Sociedade Literária: auto de perguntas e notas várias. [Rio de Janeiro], [s. n°], pag. var. Original. Manuscrito. 26,3,17 363. DAMASCENO, Darci. História e literatura no Rio de Janeiro nos séculos XVIII e XIX: papéis vários. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 75 f. Original. Manuscrito. Contém cartão de Edmar Morel a Darci Damasceno, encaminhando páginas do livro com relação de autógrafos de Castro Alves na Biblioteca Nacional (estas também anexas). 26,3,18 364. POMPÉIA, Raul. Carta a Alfredo Pujol, em 1886, falando das canções sem metro: cópia e comentário. Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito. Cópia manuscrita com anotações de Darci Damasceno. A carta se encontra na DMSS-BN. 26,3,19 365. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a localização da casa do conde da Barca, no Rio de Janeiro: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 36 f. Original. Manuscrito. Impresso. Contém gravura retratando a residência do conde. 26,3,20

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366. DAMASCENO, Darci. Biobibliografia e cópia dos poemas de Antônio Diniz: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 56 f. Original. Manuscrito. 26,3,21 367. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Contraliteratura: bestialógicos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 17 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,3,22 368. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Paraliteratura: bestialógicos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. 26,3,23 369. ANIL e outras culturas agrícolas no Brasil: notas várias. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,3,24 370. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre o anil: fragmentos de leis e papéis vários. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 43 f. Original. Manuscrito. 26,3,25 371. DAMASCENO, Darci. O anil no Brasil: notas várias retiradas de tese de doutorado de Arno Wehling e outras fontes. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,3,26 372. ORDEM do governo da ilha de Santa Catarina, a 20/5/1786, proibindo a posse de teares na ilha: cópia. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 2 p. Manuscrito. Original. 26,3,27 373. DAMASCENO, Darci. Notas e lembretes acerca do botânico Freire Alemão: genealogia, correspondência, palestras e outros. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 69 p. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,3,28 374. DAMASCENO, Darci. Rio de Janeiro e Freire Alemão: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 28 f. Original. Manuscrito. 26,3,29

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375. DAMASCENO, Darci. Viagem à Pedra, diário (72-77), e outras notas sobre o botânico Freire Alemão. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 16 f. Original. Manuscrito. 26,3,30 376. DAMASCENO, Darci. Notas sobre a viagem do botânico Freire Alemão ao Ceará. [Rio de Janeiro], [s. no.], [s. d.]. 7 f. Original. Manuscrito. 26,3,31 377. DAMASCENO, Darci. Anotações do diário de Freire Alemão. Rio de Janeiro, [s. d.]. 50 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,3,32 378. DAMASCENO, Darci. Penitentes, de Freire Alemão: extrato: contém notas de Darci Damasceno. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 5 f. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,3,33 379. DAMASCENO, Darci. Anotações contendo mapas e relação das fazendas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito. 26,3,34 380. DAMASCENO, Darci. Papéis vários de e sobre o botânico Freire Alemão: cópias de artigo, plano do Passeio Público e notas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. Pag. var. Original. Manuscrito. Datilografado. 26,3,35 381. DAMASCENO, Darci. Estudos contendo indicações de manuscritos sobre frei Veloso no fichário antigo (salão de leitura) com indicações biobibliográficas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,3,36 382. DAMASCENO, Darci. Fragmentos de um livro sobre frei Veloso e notas bibliográficas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 16 f. Original. Manuscrito. 26,3,37 383. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre O fazendeiro do Brasil e indicações de manuscritos sobre frei Veloso: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 38 f. Original. Manuscrito. 26,3,38

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384. DAMASCENO, Darci. Estudos e anotações sobre frei Veloso: manuscrito, cronologia, flora fluminense e catálogo. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,3,39 385. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre flora fluminense e biobibliografia de frei Veloso: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. 26,3,40

F OTO C Ó PI A S

Datas-limite: 1649-1977 Conteúdo: fotocópias de trabalhos dos mais diversos autores, que servem como base para anotações de Darci Damasceno. Os assuntos são variados, sendo os principais: poemas de Cecília Meireles, estudos e artigos sobre a mesma autora, códices atribuídos a Gregório de Matos, rascunhos de peças de Martins Pena, trabalhos acerca do comércio, da indústria e da economia no Brasil-colônia e estudos sobre frei Veloso e Freire Alemão. Quantificação: 244 documentos Nota: As datas-limite se referem, naturalmente, aos documentos originais. 393. PERES, Fernando da Rocha. Os filhos de Gregório de Mattos e Guerra. Salvador, 1969. 12 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia tirada de um documento da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. Centro de Estudos Bahianos, nº 64. 26,3,48 394. VIDA e morte de Gregório de Mattos Guerra. Tomo I de obras sacras e divididas: I e II part. [S. l.], [s. d.]. 34 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia tirada de documentos da DMSS-BN. Anotações em folhas anexas. 26,3,49 395. VIDA e morte do Doutor Gregório de Matos Guerra. [S. l.], [1929]. 28 f. Fotocópias. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno, Obras de Gregório de Matos Guerra – V. I-Sacra (Ed. A. P.), 1929. Outras notas em anexo. 26,3,50

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396. RABELO, Manuel Pereira. Vida do excelente poeta lírico, o Doutor Gregório de Matos Guerra. [S. l.], [s. d.]. 17 f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno em anexo. Anotações do texto Versão do Códice Celso Cunha. 26,3,51 397. VIDA do Doutor Gregório de Mattos Guerra. [S. l.], [s. d.]. 18 f. Fotocópias. Impresso. Anotações de Darci Damasceno, texto em anexo. Anotações do texto tirado do Códice Carvalho. 26,3,52 398. VIDA do grande poeta americano Gregório de Matos Guerra: [fragmento]. [S. l.], [s. d.]. 19 f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno no texto. Anotação em anexo “do Códice A. P. I. par de Códice C. Cavaleiros (Ed. A. P.)”. 26,3,53 399. GREGÓRIO de Matos: [discursos do sr. Constâncio Alves em festa da Academia Consagrada ao Poeta]. [S. l.], [s. d.]. 17 f. Fotocópia. Impresso. Obras de Gregório de Matos: IV-satírica. 26,3,54 400. A VIDA espantosa de Gregório de Matos: retrato histórico. [S. l.], [s. d.]. 19 f. Fotocópia. Impresso. Obras de Gregório de Matos: VI-última. 26,3,55 401. SILVA, José Maria da Costa e. Ensaio biográfico-crítico sobre os melhores poetas portugueses: [fragmentos]. Lisboa: Silviana, 1855. 23 f. Fotocópias. Impresso. Anotações de Darci Damasceno. Faltam as páginas 168-169. Conteúdo Tomo IX dado à luz pelo editor João Pedro da Costa. Capítulo II-Gregório de Matos Guerra e capítulo IV-frey Eusébio de Mattos. 26,3,56 402. VIDA do grande poeta americano Gregório de Mattos Guerra. Códice Afrânio Peixoto. 188 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia tirada do documento existente da Biblioteca Nacional. Nota de Darci Damasceno: falta uma folha de xerox nºs 452-453. Dedicatória de Afrânio Peixoto à Biblioteca Nacional em 20/12/1933, terceiro centenário do nascimento do poeta. 26,3,57

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403. CÓDICE caligráfico Adolfo Soares Cardozo da obra de Gregório de Matos. [S. l.], [s. d.]. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia de um documento da Biblioteca Nacional. Possui carimbo de Adolfo Soares Cardozo, Porto. Dedicatória a Vasco de Castro, Porto, maio de 1891. Tomos I e II. Faltam as páginas 1 e 2 do Tomo II. Em anexo papéis com anotações de Darci Damasceno. 26,3,58 404. PERES, Fernando da Rocha. Gregório de Matos: os códices em Portugal. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1971. 13 f. Fotocópia. Impresso. Revista Brasileira de Cultura, nº 9, jul./set., pp. 105-114. Em anexo anotações de Darci Damasceno para pesquisas em bibliografia e genealogia. Algumas remetem a descrição de brasões feita no artigo de Peres. 26,3,59 405. OBRAS do Doutor Gregório de Matos Guerra: índices numerados em códices da Biblioteca Nacional de Lisboa. [S. l.], [s. d.]. Fotocópias. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. 26,3,60 406. CÓDICES de Gregório de Matos. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 54 f. Fotocópias. 26,3,61 407. CÓDICES Camilo: Amostra de letras diferentes do códice. [S. l.], [s. d.]. 26 f. Fotocópias. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. 26,3,62 408. DAMASCENO, Darci. Variações de textos de códices de Gregório de Matos: notas e emendas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Cópia. Datilografado. Inclui fotocópia de poemas datilografados, com anotações e mais algumas páginas manuscritas com notas de Darci Damasceno. O autor salienta que o objetivo é a análise das variações e não o estudo dos textos. 26,3,63 409. OBRAS poéticas de Gregório de Mattos Guerra. [fragmento]. Rio de Janeiro: Vale Cabral, 1882. 27 f. Fotocópia. Impresso. Tomo I. Anotações de Darci Damasceno. Acompanha índice do Tomo I, com o carimbo da Biblioteca Nacional. 26,3,64

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410. ÉDITOS e inéditos de Gregório de Mattos. [fragmentos]. [S. l.], [s. no], 1929. 13 f. Fotocópias. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, texto de Obras de Gregório de Matos, V. I, sacra. Id. Afrânio Peixoto, 1929. 26,3,65 411. RELAÇÃO de códices estudados da obra de Gregório de Matos. Notas à margem. Mapa dos códices estudados e índice geral alfabetado de primeiros versos: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 18 f. Fotocópia. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, edição de J. Amado. 26,3,66 412. MATOS, Eusébio de. Retrato de uma dama: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno, anexo fotocópia. 26,3,67 413. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: Sacra: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 72 f. Fotocópia. Impresso. V. I, pp. 91-232. Anotações de Darci Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto. 26,3,68 414. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: lírica: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 153 f. Fotocópia. Impresso. V. II, pp.15-320. Anotações de Darci Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto. Fotocópia tirada de documento da Biblioteca Nacional. 26,3,69 415. Obras de Gregório de Mattos: Gracioza [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 152 f. Fotocópia. Impresso. V. III pp. 29-333. Anotações de Darci Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto. Fotocópia tirada de documento da Biblioteca Nacional. 26,3,70 416. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: sátira I: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 142 f. Impresso. IV., T. I, pp. 41-325. Anotações de Darci Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto. 26,3,71

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417. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: satírica II: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 180 f. Fotocópias. Manuscrito. IV., T. II, pp. 9-369. Anotações de Darci Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto. 26,3,72 418. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: última: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 124 f. Fotocópias. Impresso. VI, pp. 97-341. Anotações de Darci Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto; índice geral dos seis tomos. 26,3,73 419. ACADEMIA dos “Singulares de Lisboa”, dedicada a Apollo: [fragmentos]. Lisboa: Manuel Lopes Ferreyra, 1692. 24 f. Fotocópia. Impresso. Carimbo: D. Thereza Christina Maria. Parte I. 26,3,74 420. SILVA, Vítor Manuel Pires de Aguiar e. Maneirismo e barroco na poesia lírica portuguesa: [extratos]. Coimbra: Centro de Estudos Românicos, 1971. Pag. var. Fotocópia. Impresso. Fotocópia dos capítulos 2, 7, 8, bibliografia e apêndice. 26,3,75 421. DOCUMENTO de arquivo: reprodução de uma página. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Reprodução fotográfica. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Microfilme. Não foi possível identificar o documento. 26,3,76 422. A PERSPECTIVE view of the city of St. Sebastian at Rio de Janeiro. [S. l.], [s. d.]. Reprodução fotográfica. Carimbo da Biblioteca Nacional: Divisão de Microfilme. Segundo anotação de Darci Damasceno, século XVIII. 26,3,77 423. CÓDICES de Gregório de Matos: detalhes de páginas e lombadas deterioradas. [S. l.], [s. d.]. 5 f. Reprodução fotográfica. 26,3,78 424. QUEVEDO Y VILLEGAS, Francisco. Obra poética: edición de José Manuel Blecua: [extratos]. Madrid: Castilla, [19..?]. Pag. var. Fotocópia de trechos da obra. 26,3,79

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425. RODRIGUEZ-MOÑINO, Antônio. Construcción crítica y realidad histórica en la poesía española de los siglos XVI y XVII. Prólogo de Marcel Bataillon. Madrid: Castilla, 1968. 59 p. Fotocópia. Manuscrito. Em espanhol. 26,3,80 426. RODRIGUES, Graça Almeida. Crônica do príncipe d. João, de Damião de Góis: edição crítica e comentada: [extrato]. Lisboa: Universidade Nova, 1977. [17 f.]. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia da introdução da obra, cuja identificação, retirada de anotações de Darci Damasceno, se refere a livro constante da SOR-BN. 26,3,81 427. BOWERS, Fredson. Textual & literary criticism: [extratos]. Cambridge: University Press, 1959. [39 f.]. Fotocópia. Manuscrito. Em inglês. Fotocópias dos capítulos I, II e IV. 26,3,82 428. MATOS, Gregório de. Várias poezias compostas pello Famozo Doutor, e insigne Poeta do nosso século...: [extratos]. [S. l.], N. p. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópia de alguns trechos do códice da Library of Congress e do códice identificado como Camilo por Darci Damasceno. Contém anotações de Darci Damasceno explicando que se trata de amostras de mudanças de textos. 26,3,83 429. MATOS, Gregório de. “Praguejador” e “As pazes de Inglaterra”: [poesias]. [S. l.], [s. d.]. N. p. Fotocópia. Fotocópia dos poemas, com anotações de Darci Damasceno em que ele questiona a autoria atribuída a Gregório de Matos. A localização I-7,16,7 também consta das anotações. 26,3,84 430. DOCUMENTOS e ofícios da Capitania da Bahia, datados de 1727, 1779, 1784, 1789: [fotocópias]. [S. l.], [s. d.]. 8 f. Fotocópias. Fotocópias de documentos constantes da DMSS-BN, com anotações de Darci Damasceno. 26,3,85 431. NEVES, Francisco de Sousa. Um Poeta Satírico do Século XVII: [fragmento de jornal]. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Fotocópia do artigo em periódico de título e data não identificados. 26,3,86

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432. ANDRADE, Carlos Drummond de. Carta a Heitor Grillo com o parecer da revisão da obra inédita de Cecília Meireles já organizada por Darci Damasceno. Rio de Janeiro, 28/5/1969. 3 f. Cópia. Datilografado. Anotações de Darci Damasceno. 26,3,87 433. BRANDÃO, Tomás Pinto. Miscelânea curiosa e proveitosa: vida e morte de Tomás Pinto Brandão. [S. l.], [s. d.]. 20 f. Fotocópia. Segundo anotações de Darci Damasceno, fotocópias tiradas de códice da Biblioteca Nacional. 26,3,88 434. BRANDÃO, Tomás Pinto. Satira ao governo de Portugal: por Gregório de Mattos, reçusitado em Pernambuco no ano de 1713. [S. l.], [s. d.]. 8 f. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópias tiradas de documento da DMSS-BN. 26,3,89 435. BRANDÃO, Tomás Pinto. Estrofes de décimas e outros textos de 1713. [S. l.], [s. d.]. 11 f./8 f. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópias tiradas de documento da DMSS-BN. Segundo anotações de Darci Damasceno in obras várias. Tomás Pinto Brandão I-14,1,25. Pelo sistema de pontuação, vê-se que é mais moderno que outros. 26,3,90 436. GREGÓRIO de Mattos e Guerra: seu primeiro casamento. Salvador, 1968. 15 f. Fotocópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno: Universitas, Revista de Cultura da Universidade Federal da Bahia, nº 1, set. dez. 1968. 26,3,91 437. MATOS, Gregório de. Gregório de Mattos: seu primeiro casamento. Petição manuscrita (Biblioteca Nacional de Lisboa – Sumários matrimoniais) com autógrafo do poeta no canto direito. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. 2 fotocópias do documento. 26,3,92 438. CRONOLOGIA do poeta Gregório de Mattos Guerra. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Impresso. 2 fotocópias do documento. 26,3,93

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439. LETRA V do índice (tabuada) do códice manuscrito apógrafo de Gregório de Mattos – Biblioteca Nacional de Lisboa, nº 576. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. 2 fotocópias do documento. 26,3,94 440. DOCUMENTO analisado por Fernando da Rocha Peres no artigo Gregório de Mattos e Guerra em Angola. Afro-Ásia: cópia. Salvador, 1968. 1 f. Cópia. Manuscrito. Publicado em Afro-Ásia, (6-7) jun., dez. 1968. 26,3,95 441. MATOS, Gregório de. Poemas vários: crítica de transmissão textual. [S. l.], [s. d.]. N. p. Fotocópias. Fotocópias de transcrição, datilografada, de poemas, comparados com o do Códice Rústico e do códice existente na Library of Congress. Contém anotações manuscritas de Darci Damasceno. 26,3,96 442. MATOS, Gregório de. Obras do Doutor Gregório de Mattos: assuntos vários. [S. l.], [s. d.]. 501 f. Fotocópia. Fotocópias de códice contendo “obras honestas e desonestas” de Gregório de Mattos. 26,3,97 443. MEIRELES, Cecília. Espectros. Folha de rosto. Rio de Janeiro, 1919. 8 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópias da folha de rosto da obra de Cecília Meireles com anotações de Darci Damasceno. 26,3,98 444. POEMA inédito: texto sobre um poema de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 1934. 1 f. Fotocópia. Datilografado. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal A Nação, de 9/9/1934. 26,3,99 445. MEIRELES, Cecília. Cântico entre uma Noite e um Dia. [Minas Gerais], 1934. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia retirada de um artigo do jornal O Liberal, de 22/7/1934. Anotações de Darci Damasceno. 26,3,100 446. MEIRELES, Cecília. Sarasvati. [S. l.], 1926. 1 f. Fotocópias. Fotocópia retirada da revista Fon-Fon nº 38, 3/7/1926. 26,3,101

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447. JAKOBSON, Roman. Questions de poétique: La dominante: Extrait d’une série de conférences inedites en langue tchéque, données à l’Université Masaryk à Brno. Paris: [Recuil ?], 1973. 4 f. Fotocópia. Impresso. Em francês. Dados retirados de anotações de Darci Damasceno. 26,3,102 448. MEIRELES, Cecília. Episódio humano: prosa. Rio de Janeiro, 1929-1930. 22 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de textos publicados em O Jornal, uma colaboração de Cecília Meireles para os números de domingo. Anotações de Darci Damasceno. 26,3,103 449. MEIRELES, Cecília. Página de educação. Rio de Janeiro, 1931-32. 19 f. Fotocópias. Impresso. Fotocópia de textos publicados em o Diário de Notícias, segundo anotações de Darci Damasceno. 26,3,104 450. MORENA, Pena de amor. [S. l.], 1939. 37 f. Fotocópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno atribuindo autoria a Cecília Meireles. 26,3,105 451. NIST, John. The poetry of Cecília Meireles. [S. l.], 1963. 4 f. Fotocópia. Impresso. Reprint from Hispania, v. 46, nº 2, 1963, pp. 252-258. 26,3,106 452. FERREIRA, Múcio P. Cecília Meireles e o Mundo. [S. l.], [1965]. 2 f. Fotocópias. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Diário de S. Paulo, 7/11/1965. 26,3,107 453. SCHMIDT, Augusto Frederico. Cecília Meireles. [S. l.], 1963. 1 f. Fotocópias. Impresso. O Globo, 17/12/1963, p. 2. 26,3,108 454. BOSI, Alfredo. Cecília Meireles: A Música Ausente. [S. l.], 2 f. Fotocópia. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo de O Estado de S. Paulo, 20/2/1965, Suplemento Literário. 26,3,109

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455. SENA, Jorge de. Cecília Meireles ou os Puros Espíritos. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Fotocópias. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo de O Estado de S. Paulo, 20/2/1965. 26,23,110 456. ALMEIDA, Lúcia Machado de. Esse Instante Emprestado. São Paulo, 1965. 4 f. Fotocópias. Impresso. Artigo publicado junto ao de Rui Affonso: Cecília Meireles, Amiga. 26,3,111 457. AFFONSO, Rui. Cecília Meireles, Amiga. Artigo de O Estado de S. Paulo, 20/2/1965. Suplemento Literário, São Paulo, 1965. 4 f. Fotocópias. Impresso. Artigo publicado junto ao de Lúcia Machado de Almeida: Esse Instante Emprestado. 26,3,111 nº 2 458. OLIVEIRA, Marly de. Da Fineza do Amor em Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Fotocópias. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Correio da Manhã, 8/8/1964, Livros na Mesa. 26,3,112 459. AZEVEDO FILHO, Leodegário A. de. Recurso expressionista de estilo em Cecília Meireles. [S. l.], 1963. 2 f. Fotocópias. Impresso. Artigo do jornal Diário de Notícias, 14/4/1963, Suplemento Literário, p. 5. Crítica de um universitário. Dedicatória do autor para Cecília Meireles. 26,3,113 460. PIMENTEL, Osmar. Cecília ou a Poesia. [S. l.], [1949]. 2 f. Fotocópias. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Diário de S. Paulo, [6/5/1949]. 2 cópias. 26,3,114 461. GARBUGLIO, José C. Cecília Meireles: o Trânsito e o Eterno. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Fotocópia. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal O Estado de S. Paulo, ano 9, nº 418, 20/2/1965. 26,3,115

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462. GUINSBURG, J. Cecília Meireles. São Paulo, 1965. 2 f. Fotocópia. Impresso. Artigo do jornal O Estado de S. Paulo, ano 9, nº 418, 20/2/1965, Suplemento Literário. 26,3,116 463. MEIRELES, Cecília. Artigos de periódicos. [S. l.], 1949-1964. 8 f. Fotocópias. Impresso. Anotações de Darci Damasceno. Artigos de jornal escritos por Cecília Meireles em O Globo, Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo, Jornal de Notícias, Folha da Manhã e Folha da Noite, 1948-1964. 26,3,117 464. MEIRELES, Cecília. Artigos de periódicos. [S. l.], 1947-1949. 20 f. Fotocópias. Impresso. Fotocópias de artigos publicados por Cecília Meireles em Folha de S. Paulo, Jornal de Notícias, Folha da Manhã, Folha da Noite e Folha do Norte. 26,3,118 465. MEIRELES, Cecília. Poemas de Cecília Meireles. [S. l.], [1958-1963]. 8 f. Reprodução fotográfica. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, trata-se de reprodução fotográfica de autógrafos e poemas da última época. 26,3,119 466. DAMASCENO, Darci. Estudo sobre poesia de Cecília Meireles: fragmento. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Datilografado. Constava no original nota de margem de Cecília Meireles, explicando um verso. Anexo folha com anotações de Darci Damasceno. 26,3,120 467. MEIRELES, Cecília. “Copo da puma de prata”: poema. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. 26,3,121 468. MEIRELES, Cecília. Poema a Darci Damasceno em agradecimento sobre “A vida breve” e “O pajem constante”. Rio de Janeiro, 27/9/1951. 1 f. Fotocópia. Manuscrito 26,3,122

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469. MEIRELES, Cecília. Carta a Diogo de Macedo sobre Correia Dias e Maria Fernanda. Rio de Janeiro, 21/7/1952. 2 f. Fotocópia. Datilografado. Constam no caderno de originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,3,123 470. MEIRELES, Cecília. Carta a Fernanda de Castro sobre os versos que são parte de um livro que concorre ao prêmio da Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro, 11/12/1938. 2 f. Fotocópia. Datilografado. Constam no caderno de originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,3,124 471. MEIRELES, Cecília. Carta a Maria Dulce Lupi Coelho sobre sua formação religiosa, o budismo e experiências místicas. Rio de Janeiro, 24/4/1938. 2 f. Fotocópia. Datilografado. Constam no caderno de originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,3,125 472. MEIRELES, Cecília. Carta a Diogo de Macedo sobre seu estado de espírito e impressões de Paris, Calcutá, Itália, Holanda. Rio de Janeiro, 7/9/1953. 2 f. Fotocópia. Datilografado. Constam no caderno de originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,3,126 473. MEIRELES, Cecília. Carta a Fernanda de Castro sobre a morte de Correia Dias. Rio de Janeiro, 1936. 6 f. Fotocópia. Manuscrito. Constam no caderno de originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,3,127 474. MEIRELES, Cecília. “Olhinhos de gato”. [S. l.], [s. d.]. [61 f.]. Fotocópias. Impresso. Fotocópia de “Olhinhos de gato”, publicado em trechos pelo periódico Ocidente, em 1937-1938. Segundo anotações de Darci Damasceno, faltam 8 p. Contém nota introdutória, retirada do arquivo de Cecília Meireles, e anotações de Darci Damasceno. 26,3,128

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475. MEIRELES, Cecília. Saudação à menina de Portugal e Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel: [crítica literária]. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Fotocópias. Impresso. Fotocópia de poema recitado em 14/8/1930 no Gabinete Português de Literatura do Rio de Janeiro e de crítica publicada no periódico O Jornal em 1/5/1929. 26,3,129 476. RICARDO, Cassiano. A Academia e a Poesia Moderna: [parecer de Cassiano Ricardo e discurso não pronunciado de Cecília Meireles quando do prêmio de poesia da ABL, em 1937]. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1939. 10 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópias das pp. 9-19 e 174-180 da obra. 26,3,130 477. MEIRELES, Cecília. Poema a Heitor Grillo “Cantar de vero amor”. São Paulo, 1964. 2 f. Cópia. Fotocópia. Manuscrito. 26,4,1 478. MEIRELES, Cecília. Nunca mais... e Poema dos poemas. Rio de Janeiro: Livraria Leite Ribeiro, 1923. 71 f. Fotocópias. Manuscrito. 26,4,2 479. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles dizendo que enviará Coração verde por intermédio dela ao sr. Gregório Reynolds. Porto Alegre, 26/11/1927. 2 f. Fotocópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,3 480. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles dizendo que a Livraria do Globo resolveu tirar uma segunda edição de Coração verde e assim terá oportunidade de enviar um exemplar ao sr. Reynolds. Porto Alegre, 21/4/1928. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,4 481. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles falando do respeito e admiração pela poetisa e sua obra. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,5 482. MEIRELES, Cecília. Poema ao sr. Basílio de Magalhães: “Apparição”. [S. l.], [s.d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,6

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483. MEIRELES, Cecília. Poema “Nas ruínas do torreão”. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,7 484. MAGALHÃES, Augusto. Carta a Maciel Pinheiro sobre três sonetos encontrados, assinados por Cecília Meireles, que poderiam ser entregues pelo destinatário à filha da poetisa. Rio de Janeiro, 25/3/1971. 1 f. Cópia. Datilografado. Anotações de Darci Damasceno. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,8 485. MEIRELES, Cecília. Poema “Bilha”. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,9 486. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles pedindo-lhe que envie mais sobre sua vida interior. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Anexo poema “Louvação”, de Augusto Meyer, dedicado a Cecília Meireles. Reg. 250/1990 DMSSBN. 26,4,10 487. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles informando-a sobre o recebimento da Faceta Literária. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,11 488. MEYER, Augusto. Plenitude: artigo para o Diário de Notícias. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Impresso. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,12 489. MICHAILOWSKY, P. Carta a Cecília Meireles sobre o manifesto a respeito da Nova Educação. Rio de Janeiro, 20/3/1932. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,13 490. ANDRADE, Carlos Drummond de. Carta a Cecília Meireles fazendo um comentário a respeito de seu livro: cópia. Rio de Janeiro, 10/5/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,14

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491. AZEVEDO, Fernando de. Carta a Cecília Meireles sobre o afastamento da imprensa e os planos de ação para vencer as resistências aos ideais de educação nova que a reforma introduziu no Brasil. São Paulo, 25/11/1931. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,15 492. AZEVEDO, Fernando de. Carta a Cecília Meireles sobre a reforma educacional e a Biblioteca Pedagógica Brasileira. São Paulo, 6/8/1931. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,16 493. VERGARA, Telmo. Carta a Cecília Meireles sobre a tradução das “Canções de berço compatrícias”. Porto Alegre, 10/12/1933. 1 f. Cópia. Datilografado. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,17 494. BERRIEN, William. Carta a Cecília Meireles pedindo que lhe envie livros de literatura brasileira para ajudá-lo nas suas aulas da University of California. Rio de Janeiro, 15/4/1938. 4 f. Fotocópia. Datilografado. Em anexo página de carta de março do mesmo ano, agradecendo e pedindo novas listas de livros. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,18 495. QUEIROZ, Carlos. Carta a Cecília Meireles sobre assuntos pessoais. Lisboa, 31/5/1937. 3 f. Fotocópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,19 496. CARTA a Cecília Meireles solicitando esclarecimento a respeito das dedicatórias do livro e a viagem para a América. Lisboa, 20/4/1939. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. A autora se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,20 497. CARTA a Cecília Meireles propondo a edição de um livro de poesias inéditas. Lisboa, 21/5/1936. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. A autora se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,21

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498. CARTA a Cecília Meireles sobre as provas de seu livro e a necessidade de consultar José Osório. Lisboa, 18/2/1939. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. A autora se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro. 26,4,22 499. CARTA a Cecília Meireles informando o estado de saúde e propondo a publicidade de um livro de poesias. Vale dos Lagos [Portugal], [20/8/1936]. Cópia. Manuscrito. A autora se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro. Reg. 250/1990 DMSS. 26,4,23 500. CARTA a Cecília Meireles sobre sua viagem e o estado de espírito na Europa diante da guerra. Cascais, 5/10/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito. A autora se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro. Reg. 250/1990 DMSSBN. 26,4,24 501. MALFATTI, Anita. Carta a Cecília Meireles sobre a Escola Nova e as primeiras experiências. São Paulo, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,25 502. REYES, Alfonso. Cartas a Cecília Meireles elogiando o livro Nunca mais... e Poema dos poemas. Rio de Janeiro, 19 e 20/8/1931. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,26 503. OLIVEIRA, José de Osório de. Carta a Cecília Meireles sobre artigos de jornal, política e o livro Psicologia de Portugal e outros ensaios. Lisboa, 26/4/1934. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,27 504. CARTA a Cecília Meireles sobre Tasso da Silveira e Fernando Azevedo e suas obras poéticas. Coimbra, 1935. Cópia. Manuscrito. Assinatura ilegível. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,28 505. DUARTE, Afonso. Carta a Cecília Meireles sobre política e censura à obra

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de Afonso Duarte: cópia. Coimbra, 7/2/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. 26,4,29 506. MACEDO, Diogo de. Carta a Cecília Meireles lamentando a morte de seu marido Fernando Correia Dias. Lisboa, 20/12/1935. 1 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,30 507. MACEDO, Diogo de. Carta a Cecília Meireles sobre a sua obra Viagem [Lisboa], [18/9/1939]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno manuscritas a tinta. Falta o início da carta. 26,4,31 508. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre publicação na Revista de Inéditos de sua obra. Porto, 10/7/1938. 1 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,32 509. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles informando que os seus versos não saíram na Revista de Portugal e sim na Presença. Porto, 19/8/1938. 1 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,33 510. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre projetos de bolsa de estudo nos Estados Unidos, Europa e pedidos de artigos e versos para serem publicados em Ocidente. Porto, 15/11/1938. 1 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,34 511. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre a vontade de conhecer o Brasil e seus poemas publicados em Portugal. Porto, 27/3/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,35 512. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre a admiração por seus versos e o prêmio que a academia concedeu a Viagem. Porto, 26/7/1939 . 2 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,36 513. SILVEIRA, Miroel. Carta a Cecília Meireles esclarecendo o equívoco ocor-

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rido por ocasião de sua indicação como oradora na entrega dos prêmios da Academia Brasileira de Letras. Santos, 23/7/1939. 1 f. Cópia. Datilografado. 26,4,37 514. PEIXOTO, Afrânio. Carta a Cecília Meireles sobre o seu livro Viagem. [S. l.], 18/9/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,38 515. REPRODUÇÃO fotográfica de desenhos do rosto de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Reprodução fotográfica. Impresso. Carimbo da Divisão de Microfilme da Biblioteca Nacional. 26,4,39 516. PENA, Martins. O juiz de paz da roça: [fragmentos do texto impresso, do original e de notas do autor]. [S. l.], [s. d.]. N. p. Fotocópia. Impresso. 26,4,40 517. PENA, Martins. Os Irmãos das Almas: [fragmentos de três versões manuscritas e uma impressa]. [S. l.], [s. d.]. N. p. Fotocópia. Impresso. 26,4,41 518. PENA, Martins. Carta a Rufino de Vasconcelos referindo-se à censura e à comédia Os ciúmes de um pedestre. [S. l.], 5/1/1846. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos: I-6,27,14. 26,4,42 519. PENA, Martins. Carta a Rufino de Vasconcelos referindo-se à comédia O noviço. [S. l.], [14/6/1846]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,43 520. PENA, Martins. Carta bilhete a Bivar sobre a censura a A graça de Deus. Segue-se a resposta de Bivar, no mesmo documento. [S. l.], 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos, I-6,7,14 nº 2. 26,4,44

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521. PENA, Martins. Plano da comédia As manias de dous velhos. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,45 522. PENA, Martins. Plano da obra A noite de São João [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. Cópia. Manuscrito de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,46 523. PENA, Martins. Fragmento de obra em verso. [S. l.], [s. d.]. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,47 524. PENA, Martins. A barriga de meu tio: plano da obra. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,48 525. PENA, Martins. O caixeiro da taverna, Quem casa quer casa, O diletante: [fragmentos de versões manuscritas e impressas]. [S. l.], [s. d.]. Fotocópias. Impresso. 26,4,49 526. PENA, Martins. Os três médicos: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.], [s. d.]. 97 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. 26,4,50 527. PENA, Martins. O cigano: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.], [s. d.]. 98 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. 26,4,51 528. PENA, Martins. Os meirinhos: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.], [s. d.]. 53 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. 26,4,52

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529. PENA, Martins. Os ciúmes de um pedestre: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.], [s. d.]. 67 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. 26,4,53 530. PENA, Martins. As desgraças de uma criança: [fotocópia do original manuscrito]. [S. l.], [s. d.]. 71 f. Fotocópia. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. 26,4,54 531. PENA, Martins. A roda-viva: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.], [s. d.]. 14 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional. 26,4,55 532. AMORA, Antônio Soares. Martins Pena ante as fontes de seu teatro: [artigo publicado no periódico Dionysos, ano X, nº 13]. [S. l.], [1966]. 9 p. Fotocópia. Impresso. 26,4,56 533. BÁRBARA HELIODORA. A Evolução de Martins Pena: [artigo publicado no periódico Dionysos, ano X, nº 13]. [S. l.], 1966. 12 f. Fotocópia. Impresso. 26,4,49 534. MARTINS Pena no palco: [artigo publicado no periódico Dionysos, ano X, nº 13]. [S. l.], 1966. 11 p. Fotocópias. Impresso. 26,4,58 535. PENA, Martins. Quem Porfia Mata Caça. Folha de rosto do texto. Rio de Janeiro: Casa Imperial, 1852. 1 p. Reprodução fotográfica. Impresso. Carimbo no verso da Biblioteca Nacional, Divisão de Microfilmes. Série Teatro Brasileiro. 26,4,59 536. LEAL, José da Silva Mendes. Quem Porfia Mata Caça: folha de rosto e primeira página do texto. Rio de Janeiro: Francisco de Paula Brito, 1850. 2 f. Reprodução fotográfica. Impresso. Carimbo no verso da Biblioteca Nacional, Divisão de Microfilmes. 26,4,60

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537. VUE de l’Eglise de la Gloria, à Rio de Janeiro. Paris, 1822. 1 f. Impresso. 26,4,61 538. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de assunto particular. Nova Friburgo, 17/11/[1860]. 4 p. Fotocópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotação no verso. Original na Divisão de Manuscritos, I-4,4,56, 2 cópias da página. 26,4,62 539. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a José Martiniano de Alencar pedindo-lhe (para) trabalhar, no orçamento no Senado, pela publicação do Brasil Pitoresco. Nova Friburgo, 13/6/1861. 9 f. Fotocópia. Manuscrito. Duas cópias da primeira página da carta. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações no verso. Original na Divisão de Manuscritos, I-4,7,74. 26,4,63 540. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de assunto particular. Nova Friburgo, 11/11/1860. 3 f. Fotocópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações no verso da carta. 2 cópias da primeira página da carta. Original na Divisão de Manuscritos, I-4,4,59. 26,4,64 541. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de assunto particular. Friburgo, 30/[11/1860]. 3 f. Fotocópia. Impresso. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Duas cópias da primeira página da carta. Anotações no verso. Original na Divisão de Manuscritos, I,4,4,58. 26,4,65 542. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de suas traduções em Nova Friburgo. Friburgo, 25/11/1860. 4 f. Fotocópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 2 cópias da primeira página da carta. Original na Divisão de Manuscritos, I-4,4,57. 26,4,66 543. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz sobre impressões de Friburgo. [S. l.], [s. d.]. 11 f. Fotocópias. Manuscritos. Material anexo: três páginas datilografadas e uma manuscrita a tinta com anotações de Darci

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Damasceno sobre a carta. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,67 544. ALMEIDA, Josefina Maria de. Carta a sua Majestade Imperial solicitando admissão de seus filhos Antônio Marianno de Almeida e Manuel Antônio de Almeida à classe de alunos pobres e internos do Colégio D. Pedro II. Rio de Janeiro, 26/1/1841. 2 f. Fotocópia. Manuscrito. Duas cópias da carta. Carimbo da Divisão de Microfilme da Biblioteca Nacional. 26,4,68 545. BARROS, João Marianno. Folha avulsa, provável anexo de requerimento com data de 27/2/1841. [S. l.], 1 f. Fotocópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,69 546. CANDIDO, Antonio. Dialética da Malandragem: Caracterização das Memórias de um sargento de milícias. São Paulo, 1970. 14 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia de artigos publicados no nº 9 da Revista do Instituto de Estudos Brasileiros da USP. 26,4,70 547. DAMASCENO, Darci. Uma Articulação em Iracema: a Sedução da Virgem: [fragmento]. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Fotocópia. Manuscrito. Contém várias correções manuscritas do autor. 26,4,71 548. DAMASCENO, Darci. Uma Articulação em Iracema: a Sedução da Virgem. [S. l.], [s. d.]. 18 f. Fotocópia. Manuscrito. Contém várias correções manuscritas do autor. Em anexo 11 p. de rascunhos manuscritos com planos, esquemas e citações a ser incluídas no ensaio. 26,4,72 549. SONHOS d’ouro: prefácio à edição de 1872. [S. l.], 1872. 9 f. Fotocópia. Impresso. Prefácio assinado por Sênio. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional. 26,4,73

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550. ALENCAR, José de. Diva: pós-escrito à 2ª edição do romance. [S. l.], [s. d.]. 11 p. Fotocópia. Impresso. 26,4,74 551. SANTIAGO, Silviano. Liderança e Hierarquia em Alencar: [artigo publicado no Suplemento Cultural de O Estado de S. Paulo, ano 2, nº 62, 18/12/1977]. São Paulo, 1977. 10 f. Fotocópia. Impresso. 26,4,75 552. MELLO, José Antônio Gonçalves de. Dom Antônio Felipe Camarão, capitão-mor dos índios da costa do Nordeste do Brasil. Recife: Universidade do Recife, 1954. 31 f. Fotocópia. Impresso. Carimbo da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes. 26,4,76 553. PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo. Carta elogiando a publicação do novo livro [de um historiador]. Dresda, 29/7/1864. 4 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno onde afirma que o destinatário é um historiador e cogita em que seja J. M. Pereira da Silva. Original na Divisão de Manuscritos, I-5,33,60. 26,3,77 554. DEBRET, Jean Baptiste. Carta a Araújo Porto-Alegre sobre a nomeação, substituindo-o como professor de pintura histórica na Academia de Belas-Artes. Paris, 1837. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,78 555. DEBRET, Jean Baptiste. Carta a Araújo Porto-Alegre sobre a relação de trabalhos feitos no Brasil, pelos quais nada receberá. Paris, 11/10/1844. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,79 556. DEBRET, Jean Baptiste. Carta a Araújo Porto-Alegre fazendo observações sobre suas viagens no Brasil e contando que recebeu a medalha da Legião de Honra em Paris. Paris, 7/6/1842. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,80

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557. ARAGUAIA, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de. Carta a Araújo Porto-Alegre sobre a crítica à Confederação dos Tamoios. Turim, 31/8/1856. 12 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,81 558. BREVE notícia sobre Antônio José da Silva: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional. Ocorre a seguinte anotação de Darci Damasceno: “Ato 3º cena 2 e não ato 1º, a emenda é do censor (H. 36).” 26,4,82 559. JORNAL DOS DEBATES POLÍTICOS E LITERÁRIOS: artigos publicados nos números 1-49 (1ª fase, maio, novembro de 1937) e 50-85 (2ª fase, janeiro, setembro de 1938). Rio de Janeiro: Typ-Imperial e Constitucional de J. Villeneuve e Comp., 1837-1938. 257 p. Fotocópias. Impresso. Falta o nº 24 da 1ª fase; 50-85 incompletos. 26,4,83 560. PRIMEIRA parte do index da livraria de música do muyto alto, e poderoso Rey Dom Ioão o IV, nosso Senhor. Lisboa: Paulo Craesbeck, 1649. 97 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original da Biblioteca Nacional. 26,4,84 561. DONATO, Ernesto. Dos Vilhancicos. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1929. 58 f. Fotocópias. Impresso. Publicação da Série Subsídios para a Bibliografia Portuguesa. Separata do boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, vol. IX. 26,4,85 562. PLANO de huma pequena parte da Costa da Capitania do Rio de Janeiro no qual se mostra as 5 lagôas nomeadas nesta memoria. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. Desenhado por José Correa Rangel S. M. Contém anotações de Darci Damasceno: “A carta geográfica vem no fim do códice.” 26,4,86 563. DIPLOMATIC archives of South America: [fragmento]. [S. l.], [s. d.]. 136143 p. Fotocópia. Impresso. Publicado em Latin-American Research Review.

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Incompleta. Uma nota diz que há um exemplar completo na Divisão de Manuscritos. 26,4,87 564. CATÁLOGO da importante livraria dos Ex.mos Srs. Condes de Linhares: manuscritos: [fragmentos]. Lisboa, 1895. 39 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original da Biblioteca Nacional. 26,4,88 565. CONSTRUÇÃO de casa [século XVIII]: cartas e despesas. Rio de Janeiro, [1796]. 23 f. Fotocópias. Manuscrito. 26,4,89 566. [SOBRE a poesia fescenina de Antônio Diniz da Cruz e Silva: informações obtidas através do dr. Azevedo em 1845]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Fotocópia. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, este documento pertence à Coleção Freire Alemão, I-28,9,47. 26,4,90 567. MEIRELES, Cecília. Um Enigma do Século XVIII: Antônio Diniz da Cruz e Silva. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Fotocópia. Impresso. Contém anotações de Darci Damasceno. 26,4,91 568. SONHO poético. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Fotocópias. Impresso. Anexas anotações de Darci Damasceno. Cópia do documento da DMSS-BN da Biblioteca Nacional. 26,4,92 569. PÁGINAS de Gregório de Matos: [reproduções fotográficas]. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Cópia. Impresso. 26,4,93 570. O PEZADELO: poema heroi-comico. O. D. C. – F. A. P. M. M. P. -B. Formado, Aos admiradores do Portentoso Instintic e dos Exms. e Rvims. Chichélos. Rio de Janeiro: Imprensa Americana de I. P. da Costa, 1838. 24 f. Fotocópia. Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. Em anexo folha com anotações de lista de textos. 26,4,94

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571. ROSÁRIO, José Manuel do. Saudosas lágrimas de José Manuel do Rosário, membro titular da Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro, pela sentida morte do cirurgião João Álvares Carneiro, em 18/11/1837: [página de rosto]. Rio de Janeiro, 1837. 1 f. Fotocópia. Impresso. Cópia retirada de documento da Biblioteca Nacional, trazendo a seguinte anotação de Darci Damasceno: III294,2,21 nº 7. 26,4,95 572. HYMNO para ser cantado na noite de Reis. Rio de Janeiro: Typ Imparcial de Brito, [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de documento da Biblioteca Nacional. Anotação de Darci Damasceno, III-294,2,27 nº 11. 26,4,96 573. ORAÇÃO ao glorioso S. Antônio no seu santo dia para que nos livre dos males que os abusos da terra nos ameaça. Rio de Janeiro, 1853. 1 f. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional, traz anotações de Darci Damasceno dizendo: III-294,2,21 nº 14. 26,4,97 574. CARDOSO NETTO, José. Boas festas que José Cardoso Netto dedica aos dignissimos assignantes do Periódico dos Pobres. [S. l.], [Rio de Janeiro]: Typ de A. M. Morando, [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional. Notas de Darci Damasceno dizendo: III-294,2,21 nº 16. Era o entregador do jornal aos assinantes. Bem tipico, o vol, de certa forma de pedido de festas. 26,4,98 575. O TELESCÓPIO de Mr. Doland cumprimenta o seo Amigo: soneto; Amor com amor se paga: rifão. Rio de Janeiro: Typ do Diário, 1833. 1 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional, nota de Darci Damasceno dizendo: “Político, satírico, alusão a quem?” 26,4,99 576. ARAGUAIA, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de. Elegia à sentidíssima morte do muito reverendo padre mestre frei Francisco de Santa Thereza Sampaio: offerecida aos corações sensiveis. Rio de Janeiro: Typographia de R. Ogier, 1830. 2 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de um documento da Biblioteca Nacional. Notas de Darci Damasceno dizendo: III-294,2,21 nº 5. Em

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anexo folha com a seguinte anotação: “Falta o texto: copiá-lo. Mas não é paraliteratura, só pela edição (folheto). Traz a primeira e a última página do folheto; a elegia termina com o soneto.” 26,4,100 577. COSTA, José Daniel Rodrigues da. Papéis contra papéis, ou Queixas de Apollo para açoute de máos poetas. Lisboa: Simão Thaddeo Ferreira, 1820. 2 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional, com as seguintes anotações de Darci Damasceno: “III-294,2,21 nº 4 é a última folha de rosto e última página, falta o texto.” Em anexo folha com notas. 26,4,101 578. O DIA 25/5/1844, ou A Catastrophe da barca de vapor “Especuladora”. Niterói: Typographia Nitheroyense de M. G. de S. Rego, 1844. 7 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional. Contém anotações de Darci Damasceno. 26,4,102 579. AUTO solemne da serração da velha, dona Quaresma Engracia, e da disposição testamentária de suas abundantes riquezas etc. Rio de Janeiro: Typ de J. J. Barroso, 1839. 5 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno: III-294,2,21 nº 3. “É texto de Portugal editado no Rio...” 26,4,103 580. ASSINATURA de livros francezes e portugueses. Rio de Janeiro, 1844. 6 f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,104 581. ALDEN, Dauril. Royal Government in Colonial Brazil: with special reference to the administration of the Marquis of Lavradio, Viceroy, 1769-1779: [trecho relativo ao fabrico do anil]. Berkeley: Univ. of California Press, 1968. 9 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de páginas avulsas da obra. 26,4,105 582. BREU, Jerônimo Vieira de. Brevissima instrução para uso dos fabricantes de anil nas colonias de Sua Magestade Fidelissima. [S. l.], 1785. 41,2,6 f. Reprodução fotográfica. Impresso. Reprodução de originais existentes na Biblioteca Nacional. Consta de 41 pranchas, sendo 18 de estampas. Em anexo duas fo-

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tocópias das estampas e transcrição, em 6 f., do texto, com a seguinte anotação de Darci Damasceno: “Falta conferir e completar. Falta comparar com o volume pequeno, de 1 desenho.” 26,4,106 583. FEIJÓ, J. da Silva. Memória sobre a fábrica real do anil da Ilha de Santo Antão: [fragmentos]. [Lisboa], [s. no], 1789. 8 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de trecho das Memórias Econômicas da Academia Real das Sciencias de Lisboa. T. I, 1789. Contém anotações de Darci Damasceno, dizendo que o texto foi escrito em data próxima a 1789. 26,4,107 584. [L’ARTE di Fare l’ anil]. [S. l.][s. no], 17..? 4 p. Fotocópia. Impresso. Em italiano. 26,4,108 585. PREPARAÇÃO do anil: cópia de um extrato offerecido pelo sr. F. A. de Varnhagen. [S. l.], [s. no], 1860. 2 f. Fotocópia. Impresso. Em espanhol. Fotocópia de artigo publicado na Revista do IHGB, T. XXIII, segundo anotações de Darci Damasceno. 26,4,109 586. DOCUMENTO oficial de negociantes de escravos e anil. [S. l.], [18..?]. 7 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da DMSS-BN. Nota de Darci Damasceno sobre a data 1808-1822. 26,4,110 587. RELAÇÃO de lavradores da Real Fazenda do Engenho Novo e de negociantes da cidade do Rio de Janeiro. [S. l.], [17..]. 5 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da DMSS-BN com anotações de Darci Damasceno, Almanaque Histórico do Rio de Janeiro para o ano de 1799. 26,4,111 588. [PETIÇÃO dos negociantes de escravos e de anil ao Rei, pedindo isenção do tempo de quaresma por que devem passar os escravos desembarcados de África]. [S. l.], [s. no], [181..?]. 7 f. Fotocópias. Impresso. Fotocópias de originais da Biblioteca Nacional. Contém anotações MSS de Darci Damasceno. 26,4,112

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589. DARRIQUE, João Baptista. Testamento de João Baptista Darrique. Rio de Janeiro: [s. no], [1789?]. 3 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de documento existente na Biblioteca Nacional. 26,2,113 590. ALDEN, Dauril. Manuel Luís Vieira: an entrepreneur in Rio de Janeiro during Brazil’s eighteenth century agricultural renaissance. The Hispanic American Historical Review, nº 39, nov. 1959, pp. 521-537. [S. l.]: Duke University Press, 1959. 7 f. Fotocópia. Impresso. Em inglês. 26,4,114 591. ALDEN, Dauril. The growth and decline of indigo production in colonial Brazil: A study in comparative economic history. The Journal of Economic History, nº 25, mar. 1965, pp. 35-60. [S. l.], 1965. 26 f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno. Em anexo um envelope. 26,4,115 592. JOSÉ I, rei de Portugal, 1714-1777. Resposta aos governadores do Estado do Brasil acerca do requerimento para transportar arroz até Lisboa. [S. l.], 1762. 2 f. Cópia. Manuscrito. Fotocópia retirada de um documento da DMSS-BN, com anotações de Darci Damasceno “1ª fábrica de descascar arroz, 1762”. 26,4,116 593. CORRESPONDÊNCIA dos governadores da Ilha de Santa Catarina, desde 11/1 até 24/12/1786. [S. l.], [s. d.]. 15 f. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópia retirada de documento da DMSS-BN. 26,4,117 594. MELLO, Francisco. Mapa da expedição botânica que por ordem do Il.mo Ex.mo senhor Vice Rey, se achão empregados em serviço de S. Magestade: das praças que existem... [1788]. 2 f. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópia retirada do documento I-32,12,13 existente na DMSS-BN. 26,4,118 595. ELOGIO recitado pela atriz Ludovina Soares da Costa no dia do seu benefício no Teatro da Praia de D. Manuel, aos 22/9/1835: [fotocópia de manuscrito]. [S. l.], [s. d.]. 4 p. Fotocópia. Impresso. Original da Coleção Carvalho. Contém anotação de Darci Damasceno dizendo existir outra cópia da Biblioteca Nacional. 26,4,119

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596. COUTINHO, Gastão Fausto da Câmara. O triunfo da América: drama para se recitar no Real Theatro do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Imprensa Régia, 1810, pag. var. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de obra de 1810, existente na Biblioteca Nacional. Nas mesmas folhas, fotocópias do drama O juramento dos numes, do mesmo autor. 26,4,120 597. COUTINHO, Gastão Fausto da Câmara. O juramento dos numes: drama para se representar na noite de abertura do Real Theatro de S. João. Rio de Janeiro: Imprensa Régia, 1813. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópia de obra de 1813 existente na Biblioteca Nacional. Nas mesmas folhas, fotocópias do drama O triunfo da América, do mesmo autor. Anotação de Darci Damasceno afirmando que a peça foi representada a 12/10/1813. 26,4,120 A 598. ELOGIO a sua Alteza Real, o Príncipe Regente Nosso Senhor: recitado no Teatro do Rio de Janeiro. [S. l.], [s. d.]. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de manuscrito de 1813 existente na Biblioteca Nacional. 26,4,121 599. LIMA, José Joaquim Lopes de. Os corcundas do Porto: farça em verso com o himno anti-corcundal. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1821. 12 p. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional. 26,4,122 600. O VOVÔ Coió ou A Roça dos doidos: farça interessante: por hum curiozo. Rio de Janeiro: Na Typographia Imparcial de Brito, 1836. 12 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional. 26,4,123 601. PEREIRA, Justiniano da Cunha. Club dos anarchistas: comédia. Villa de Barbacena: Na Typographia do Parahybuna, 1838. 8 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional. 26,4,124 602. AZEVEDO, J. V. R. de. O baile mascarado: comédia em 1 acto e 2 quadros. Rio de Janeiro: Typ de Santos & Silva Júnior, 1850. 13 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional. 26,4,125

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603. AZEVEDO, J. V. R. de. O toureador ou O regresso da Califórnia: Comédia em 1 acto. Rio de Janeiro: Typ de Francisco de Paula Brito, 12 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia do original existente na Biblioteca Nacional. 26,4,126 604. CONCEIÇÃO, F. C. da. O namoro de entrudo: Comédia em hum acto. [S. l.], 1851. 28 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia do original na Biblioteca Nacional. 26,4,127 605. MAIA, Manuel Rodrigues. Manuel Mendes: farça. Rio de Janeiro: Emp. Typ. Dous de Dezembro, 1856. 26 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional. 26,4,128 606. O FECHAMENTO das portas ou As casas de mármore, as portas de bronze e os homens de ouro; [farça]. Rio de Janeiro: Typographia de Peixoto & Leite, 1857. 29 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional. Contém anotações de Darci Damasceno atribuindo a autoria a J. J. R. M. 26,4,129 607. O CINCO de dezembro de 1835 ou O conego Ignez. Nictheroy: Typographia Nictheroy de Rego e Comp., 1835. 28 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional. 26,4,130 608. A RUSGA da Praia Grande ou O quixotismo do general das massas: comédia em 3 actos e em proza. Rio de Janeiro: Na Typographia de Thomas B. Hunt & Co., 1834. 39 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional. 26,4,131 609. BURGAIN, Luís Antônio. O remendão de Smyrna ou Um dia de soberania: vaudeville em 3 actos. Rio de Janeiro: Typographia Austral Beco de Bragança, 1845. 22 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional, publicado na Coleção Dramas e Comédias de Luís Antônio Burgain. 26,4,132 610. MACHADO, Caetano Maurício. O triunfo da humanidade: drama [apre-

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sentado pela inauguração do Hospital de São Lázaro, a 21/8/1787]. [S. l.], [1787]. 36 f. Fotocópia. Impresso. Em francês/italiano. O manuscrito contém também poemas sob os títulos: “Sonetti in versi italiani al mesmo objetto” e “Ode en vers françois au même sujet”. 26,4,133 611. [COMÉDIA em 4 atos]. [S. l.], [s. d.]. 71 f. Fotocópia. Impresso. Ocorrem anotações de Darci Damasceno, dizendo que a comédia está incompleta. Faltam as folhas de título, a do Ato 1, a do começo da 1ª cena, a do final da cena 10 e várias do final da peça. 26,4,134 612. SAMPAIO, Albino Forjaz de. Teatro de cordel: catálogo da coleção do autor: [trecho]. Lisboa. [S. no], 1920. 6 f. Fotocópia. Impresso. Ocorrem anotações de Darci Damasceno: “Falta a cópia do repertório, que é quase todo o livro.” 26,4,135 613. CATALOGUE de la bibliothèque de M. Fernando Palha: [trecho da segunda parte]. Lisboa: Impr. Libânio da Silva, 1896. 26 f. Fotocópia. Impresso. Em francês. Fotocópia das pp. 100-123 da obra, cuja identificação é feita por Darci Damasceno em ficha anexa. 26,4,136 614. BRAGA, Teófilo. História do Teatro Português: [trechos]. [Portugal?], [s. d.]. Pag. var. Fotocópia. Impresso. Fotocópia dos trechos de vários volumes, contendo o Repertório Geral do Theatro Portuguez dos séculos XVI a XVIII. 26,4,137 615. PAPÉIS referentes a um concurso internacional para a construção de um teatro lírico no Rio de Janeiro. [S. l.], 1856-7. 158 f. Fotocópias. Impresso. Em italiano. Fotocópias de vários documentos constantes de acervo da DMSS-BN. Em anexo notas manuscritas de Darci Damasceno, das quais constam listas de cédulas de identificação (de concorrentes?), ficha com citação bibliográfica e notas remetendo ao decreto de 10/9/1856, que, segundo Darci Damasceno, é o “1º passo”. 26,4,138 616. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro: Typographia Brasiliense, 1854-55. 2 v. Fac-símiles. Impresso. Fac-

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símiles da 1ª edição, em 2 v. Contém algumas anotações manuscritas de Darci Damasceno nas margens. 26,4,139 617. CATÁLOGO dos preciosos manuscriptos da bibliotheca da Casa dos Marquezes de Castello Melhor. Lisboa: Typographia Universal, 1878. 34 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional. 26,4,140 618. BOOK of Hours: latin and french. [S. l.], [s. d.]. 12 p. Fotocópias. Impresso. Em inglês. 26,4,141 619. MANUSCRITOS et enluminures du onzième au dix-huitième siècle. Paris: Pierre Berès, [s. d.]. 4 f. Fotocópia. Impresso. Em francês. 26,4,142 620. MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Para uma história social seriada da cidade do Salvador no século XIX: os testamentos e inventário com fontes de estudos da estrutura e de mentalidades. Bahia, [1990-81?]. 17 f. Fotocópia. Impresso. Contém anotações manuscritas de Darci Damasceno, estabelecendo a data provável do artigo e afirmando que a fonte é uma publicação oficial do Arquivo da Bahia. 26,4,143 621. ESCRITURAS de Sesmarias do Rio de Janeiro, sob o governo de Salvador Corrêa de Sá. [Rio de Janeiro], 1579. 27 f. Fotocópias. Impresso. Fotocópias de trechos de cartas de sesmarias e de transcrições datilografadas. 26,4,144 622. LAVRADIO, Luís de Almeida Soares Portugal Alarcão Eça Melo Silva e Mascarenhas, marquês do. Relatório do marquês do Lavradio, vice-rei do Rio de Janeiro, entregando o governo a Luís de Vasconcellos e Souza, que o sucedeu no vice-reinado. Rio de Janeiro, 1843. 4 f. Fotocópia. Impresso. O relatório foi escrito em 19/6/1779. Artigo publicado na Revista Trimensal de História e Geografia ou Jornal do IHGB, nº 16, janeiro de 1843. Nota de Darci Damasceno: RIHGB, Tomo IV. 26,4,145

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623. MEMÓRIAS publicadas e econômicas da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 14 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de trecho de obra não identificada. 26,4,146 624. RELAÇÕES parciaes apresentadas ao marquês do Lavradio. [Rio de Janeiro?], [s. d.]. 34 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de trecho publicado na Revista do Instituto Histórico. Ocorrem anotações manuscritas de Darci Damasceno. 26,4,147 625. RELAÇÃO das sesmarias da Capitania do Rio de Janeiro, extraída dos livros de sesmarias e registros do cartório do tabelião Antônio Teixeira de Carvalho. De 1565 a 1796. [Rio de Janeiro], [s. d.]. 31 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de trecho de uma revista trimestral do Instituto Histórico. 26,4,148 626. VELOSO, José Marianno da Conceição, frei. Flora alographica das hervas contheúdas nesta obra e de outras do Brazil, cuja incineração póde dar huma maior abundancia do Alkali fixo vegetal, ou Potassa: enriquecida com estampas: debaixo dos auspicios e de ordem de sua Alteza Real o Principe do Brazil Nosso Senhor. [S. l.], [s. no], [s. d.]. 44 f. Fotocópia. Impresso. 26,4,149 627. DIFFIE, Bailey W. Bibliography of the principal published guides to portuguese archives and libraries. [New York], [s. d.]. 23 f. Fotocópia. Impresso. Em inglês. 26,4,150 628. SUMÁRIO dos documentos históricos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Lisboa: Academia Portuguesa de História, 1959. 5 f. Fotocópia. Impresso. Extraído do Guia da Biblioteca Histórica Portuguesa, v. 1, fasc. 1. 26,4,151 629. ARCHIVO do Marquez do Lavradio: lista completa do archivo do Vice Rey do Brasil, Marquez do Lavradio: manuscriptos encadernados autographos. [S. l.], 1925. 6 f. Fotocópia. Impresso. Publicado na revista do IHGB, t. 97, v. 151. 26,4,152

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630. ÍNDICE Geral alphabetico dos vinte primeiros volumes dos Annaes da Bibliotheca Nacional. [S. l.], [s. d.]. 11 f. Fotocópia. Impresso. 26,4,153 631. ÍNDICE dos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: [vols. 1-60]. [S. l.], [s. d.]. Fotocópia. Impresso. 26,4,154 632. CATÁLOGO do valiosíssimo e precioso leilão da escolhida, a melhor colleccionada e mais importante livraria desta corte pertencentes ao ilustre jurisconsulto e finado senador do império o Ex.mo Sr. Conselheiro Zacharias de Góes e Vasconcellos, que faz Enéas Pontes. Rio de Janeiro: Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve & C., [1878]. 8 f. Fotocópia. Impresso. 26,4,155 633. CATÁLOGO dos livros que comprei à Preta Joaquina, herdeira e testamenteira do falecido dr. Manuel Ignácio da Silva Alvarenga (...). [S. l.], [s. d.]. 25 f. Fotocópia. Impresso. Xerox retirada de documentos do Arquivo Público Nacional. Contém anotações de Darci Damasceno “Por letra de Manuel Joaquim da Silva Porto”; “(M. Inácio da S. Alvarenga) morreu em novembro de 1814”. 26,4,156 634. ABREU, Casimiro de. Carta a Manuel Antônio Rodrigues Machado sobre a desavença entre o destinatário e o pai do autor: cópia. [S. l.], 23/4/1860. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,157 635. PACHECO, Félix. Carta a Alfredo Pujol agradecendo-lhe a remessa do exemplar do Estado com a conferência sobre Machado de Assis: cópia. Rio de Janeiro, 4/12/1915. 4 f. Cópia. Fotocópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,158 636. BARROSO, Gustavo. Carta a Coelho Neto sobre recordações da infância e da casa do engenho de seus antepassados: cópia. Curió, 20/10/1914. 4 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional. Gustavo Barroso sob pseudônimo de João do Norte. Original na Divisão de Manuscritos, I-1,1,41. 26,4,159

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637. ABREU, Casimiro de. Carta a destinatário tratado pelo missivista como “My dear”, referente a assuntos pessoais. Rio de Janeiro, 25/7/1859. 1 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Documento original na Divisão de Manuscritos. Correspondência avulsa – A. 26,4,160 638. ABREU, Casimiro de. Carta que acompanha o envio de obras do autor a destinatário desconhecido: cópia. Rio de Janeiro, [27/10/1859]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Original na Divisão de Manuscritos. Correspondência avulsa – A. 26,4,161 639. ABREU, Casimiro de. Carta a sua irmã tratando de assuntos pessoais. Rio de Janeiro, 6/2/1859. 2 f. Cópia. Manuscritos. Carimbo da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos. Correspondência avulsa – A. 26,4,162 640. ABREU, Casimiro de. Poema autógrafo de Casimiro de Abreu: cópia. [S. l.], [s. d.]. 3 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. 2 cópias, sendo que uma incompleta. 26,4,163 641. ABREU, Casimiro de. Carta a Antônio Fernandes Camacho pedindo que lhe envie roupas e material de escrita: cópia. [S. l.], 27/4/1860. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Original in I-4,7,57. 26,4,164 642. BARBOSA, Domingos Caldas. Carta em versos ao conde de Oeiras: cópia. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno, cópia da coleção de autógrafos de Ernesto Serra. Em anexo notícias biográficas sobre o autor. 26,4,165

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643. BARBOSA, Domingos Caldas. Versos ao conde de Oeiras: cópia. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,166 644. AZEVEDO, Álvares de. Carta a sua mãe com um poema autógrafo “A minha mãe”: cópia. São Paulo, 6/6/s. a. 3 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos, I-9,5,66. 26,4,167 645. SILVA, Antônio Diniz da Cruz e. “Metamorfoses”. Caderno contendo os seguintes poemas: 1 “A tejuca,” 2 “O cristal e o topázio”, 3 “A mariposa”, 4 “O caulri”, 5 “O manacá” e “O beija-flor”, 6 “Bem-te-vi” “Macahé”: cópia. [S. l.], [s. d.]. 18 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. Cópia 35 p. Letra do século XIX. Original na Divisão de Manuscritos, I-7,16,41. 26,4,168 646. COSTA, Cláudio Manuel da. Carta a Luís Antônio de Sousa informando sobre o envio de um volume de suas obras e um exemplar da oração escrita pelo seu irmão José Antônio de Alvarenga: cópia. Vila Rica, 21/5/1771. 2 f. Fotocópia. Manuscrito. Cópia do original da Coleção Morgado de Mateus, localizado em I-30,10,29. Com anotações de Darci Damasceno. Duas cópias. 26,4,169 647. AZEVEDO, Álvares de. Carta a sua mãe sobre a vida cotidiana e seu estado de espírito: cópia. São Paulo, 3/5/1851. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos, I- 9,5,65. 26,4,170 648. ABREU, Casimiro de. Carta a Cristóvão Corrêa e Castro sobre sua obra e da saudade dos amigos: cópia. Rio de Janeiro, 1/4/1859. 3 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional. Original na Divisão de Manuscritos, I,9,5,4. 26,4,171

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649. RIO DE JANEIRO (cidade). Câmara Municipal. Edital estabelecendo a nova divisão de distritos da cidade. Rio de Janeiro: Typographia de Lessa & Pereira, 1833. 1 f. Fotocópia. Impresso. 26,4,172 650. MAPA de encanamento de água. Rio de Janeiro, 1832. 1 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno, folha em anexo. 26,4,173 651. ILUMINAÇÃO a gás no Rio de Janeiro: documentos: cópia. Rio de Janeiro, 1834-36. 14 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,174 652. SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO. Relatório da comissão encarregada de interpor seu parecer sobre a fábrica de fiar e tecer algodão de Joaquim Diogo Hartley. Rio de Janeiro, 11/1/1848. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. 26,4,175 653. CARTA a d. Pedro I onde se pede que os encarregados da extinção dos quilombos da corte sejam liberados para regressar a casa. Rio de Janeiro, [182231]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,176 654. CONSELHO DO ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO. Parecer sobre o requerimento de um empréstimo, por parte do imperador, para a fiação de algodão de Joaquim Diogo Hartley. Rio de Janeiro, 16/8/1847. 2 f. Cópia. Manuscrito. 26,4,177 655. ARCOS, conde dos. Ofício para o conde da Barca sobre a necessidade de recolher todos os exemplares da obra O preto e o bugio no mato, considerada antipolítica. Bahia, 3/3/1814. 1 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 26,4,178

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656. MONANCHIA Monogynia – Cana: Pacó seróca. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Reprodução fotográfica. Impresso.

F OTO G R A F I A S

Datas-limite: 1917-1964 Conteúdo: fotografias que, em sua quase totalidade, retratam a poetisa Cecília Meireles, sozinha, em família ou com amigos. Entre os retratados estão Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade. Quantificação: 22 documentos

657. CECÍLIA Meireles em sua formatura. [Rio de Janeiro], [1917 ou 1918.] 18x13cm. Fotos Registro patrimonial: 940.151-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,16 nº 1 658. CECÍLIA Meireles chegando ao aeroporto de Nova Déli. Nova Déli, [1953]. 12x18cm. Foto. Registro patrimonial: 940.152-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,16 nº 2 659. CECÍLIA Meireles entre as décadas de 10 e 20: individuais. [S. l.], [1918192-]. 17x12cm a 25x18cm. Registro patrimonial: 940.153/156-26/12/1997D. 4 fotos: gelatina, p&b. 1,1,16 nos 3-6 660. CECÍLIA Meireles na década de 30: individuais. [S. l.], [193..]. 17x12cm a 23x17cm. Registro patrimonial: 940.157/159-26/12/1997-D. 3 fotos: gelatina, p&b. 1,1,16 nºs 7-9 661. CECÍLIA Meireles entre as décadas de 40 e 50: individuais. [S. l.], [194- a 195-]. 9x13cm a 31x22cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.160/16626/12/1997-D. 7 fotos: gelatina, p&b. 1,1,16 nos 10-16

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662. CECÍLIA Meireles na década de 60: individual. [S. l.], [196-]. 11x8cm a 21x14cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.167/174-26/12/1997-D. 8 fotos: gelatina, p&b. 1,1,16 nºs 17-24 663. PÔSTER de Cecília Meireles: adulta, rosto de perfil. [S. l.], [195-]. 30x23cm. 1,1,16 nº 25 664. CASA onde nasceu Cecília Meireles na Tijuca: fachada da casa de frente e lado, de lado e fundos. Sobrado sobre um açougue na antiga Rua São Luís, esquina da Rua Colina, perto da Haddock Lobo. [Rio de Janeiro], [19–]. 9x9cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.176/179-26/12/1997-D. 4 fotos: gelatina, p&b. 1,1,17 nos 1-4 665. CECÍLIA Meireles com o primeiro marido Fernando Correia Dias. [S. l.], [1931]. 9x6cm. Foto. Registro patrimonial: 940.180-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 5 666. CECÍLIA Meireles e sua filha Maria Elvira, ainda de colo, no jardim da casa de Fernando Correia Dias. [Rio de Janeiro], [192-]. 12x9cm a 18x13cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.181/184-26/12/1997-D. 4 fotos: gelatina, p&b. 1,1,17 nºs 6-9 667. CECÍLIA Meireles e sua filha Maria Fernanda, sentadas em um jardim. [S. l.], [196-]. 13x18cm. Foto. Registro patrimonial: 940.185-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 10 668. CECÍLIA Meireles com o segundo marido, Heitor Grillo, em viagem aos Estados Unidos. Estados Unidos, [1940]. 18x13cm. Foto. Registro patrimonial: 940.186-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 11 669. CASA de Cecília Meireles: fachada da casa no Cosme Velho, residência após o segundo casamento até sua morte. [194- e 1964]. 14x18cm. Foto. Registro patrimonial: 940.187-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 12

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670. CECÍLIA Meireles com Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes, sentados em um sofá. [Rio de Janeiro], [194- a 195-]. 16x13cm. Foto. Registro patrimonial: 940.188-26/12/1997- D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 13 671. CECÍLIA Meireles com Arpad Szénes e provavelmente em segundo plano a pintora Maria Helena Vieira da Silva. [S. l.], [194-]. 13x9cm. Foto. Registro patrimonial: 940.189-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 14 672. CECÍLIA Meireles na entrega de prêmios da Academia Brasileira de Letras de 1938, com Melo Nóbrega, Antônio Austregésilo, Maria Jacinta, Vladimir Emanuel, Martins de Oliveira. [Rio de Janeiro], [1939]. 20x25cm. Foto. Registro patrimonial: 940.190-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 15 673. CORREIA Dias com Vieira da Cunha e Olegário Mariano no jardim de sua casa. [Rio de Janeiro], [192-]. 16x12cm a 25x18cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.191/194-26/12/1997-D. 4 fotos: gelatina, p&b. 1,1,17 nos 16-19 674. MANUEL Antônio de Almeida. [S. l.], [18–]. 13x9cm. Foto. Registro patrimonial: 940.195-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 20 675. CASA de Alberto de Oliveira: fachada. Rio de Janeiro, [19–]. 21x29cm. Foto. Registro patrimonial: 940.196-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b. 1,1,17 nº 21 676. ENCADERNAÇÃO da peça Quem porfia mata caça, Teatro Martins Pena. [Rio de Janeiro], [19–]. 18x24cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.197/19826/12/1997-D. 2 fotos: gelatina, p&b. 1,1,17 nºs 22-23 677. TIJUCA e Grajaú: as fotos apresentam prováveis referências à localização da moradia do conde da Barca no século XVIII. Rio de Janeiro, [1986]. 9x13cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.199/200-26/12/1997-D. 941.301/31614/01/1998-D. 18 fotos: gelatinas, color. 1,1,17 nºs 24-25/1,1,18 nºs1-16

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678. FOLHA de rosto do códice rústico de Gregório de Matos. Rio de Janeiro, [19–]. 10x6cm. Foto. Registro patrimonial: 940.800-3/8/1998-D. 1 foto: gelatina, p&b. Material adicional: envelope com informações manuscritas e tinta no armário 26,2,223. 1,1,18 nº 17

I M P R E S S O S – L I V RO S

Datas-limite: 1961-1973 Conteúdo: obras literárias Quantificação: 7 documentos

679. BRANDÃO, Tomás Pinto. Este é o bom governo de Portugal: antologia. Prefácio, leitura do texto e notas de João Palma-Ferreira. Sintra: Europa-América, 1976. Em português. Contém anotações de Darci Damasceno. Antiga localização: 26,1,160. IMP 25,1,17 680. PORTO ALEGRE. Gonçalves de Magalhães: cartas a Monte Alverne. Apresentação de Roberto Lopes. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1964. Em português. Contém dedicatória de Roberto Lopes a Darci Damasceno. Material anexo: um bloco de anotações feitas por Darci Damasceno. Antiga localização: 26,1,136. IMP 25,1,18 681. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Vilancicos seiscentistas: [org. de] Darci Damasceno. Rio de Janeiro: A Biblioteca, 1970. Em português. Material anexo: folha com anotações de Darci Damasceno. Antiga localização: 26,1,137. IMP 25,1,19 682. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Vilancicos da Coleção Barbosa Machado. Catálogo organizado por Rosemarie Erika Horch. Rio de Janeiro: A Biblioteca, 1969. Em português. Antiga localização: 26,1,138. IMP 25,1,20

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683. GONÇALVES de Magalhães: trechos escolhidos por José Aderaldo Castelo. Rio de Janeiro: Agir, 1961. Em português. Antiga localização: 26,1,135. IMP 25,1,21 684. MEIRELES, Cecília. Poesias completas. São Paulo: Civilização Brasileira, 1973. Em português. Volume 6, contendo: Morena, pena de amor; Nunca mais... e Poema dos Poemas; Baladas para el-rei. Contém anotações de Darci Damasceno. Antiga localização: 26,1,50. IMP 25,1,22 685. PERES, Fernando Rocha. O Pinto novamente renascido: biografia e antologia de Tomás Pinto Brandão. Salvador: [s. n.o], 1971. Em português. Separata de nos 8/9, jan./ago. 1971, pp. 215-249. Contém anotações de Darci Damasceno. Antiga localização: 26,1,43. IMP 25,1,23

ÍNDICE ONOMASTICO

ABREU, Casimiro de 634, 637, 638, 639, 640, 641, 648 AFFONSO, Rui 457 ALDEN, Dauril 581, 590, 591 ALEMÃO, Francisco Freire 146 ALENCAR, José de 550 ALMEIDA, Josefina Maria de 544 ALMEIDA, Lúcia Machado de 456

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ALMEIDA, Manuel Antônio de 538, 539, 540, 541, 542, 543, 616 AMORA, Antônio Soares 532 ANDRADE, Carlos Drummond de 56, 63, 432, 490 ANDRADE, Rômulo Garcia de 137 ARAGUAIA, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de 557, 576 ARCOS, conde dos 655 AYALA, Walmir 64, 65 AZEVEDO FILHO, Leodegário A. de 459 AZEVEDO, Álvares de 644, 647 AZEVEDO, Fernando de 491, 492 AZEVEDO, J. V. R. de 602, 603 BAENA 242 BARATA, Mário 130

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BÁRBARA HELIODORA 116, 533 BARBOSA, Domingos Caldas 642, 643 BARBOSA, Francisco de Assis 82 BARBOSA, J. da C. 390 BARROS, João Marianno 545 BARROSO, Gustavo 636 BATAILLON, Marcel 425 BERRIEN, William 494 BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil) 70, 134, 143, 681, 682 BONFIM, Beatriz 111 BOSI, Alfredo 454 BOWERS, Fredson 427 BRAGA, Teófilo 614

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BRANDÃO, José da Silva 92 BRANDÃO, Tomás Pinto 433, 434, 435, 679 BREU, Jerônimo Vieira de 582 BROCA, Brito 115 BURGAIN, Luís Antônio 609 CABRAL, Vicente Jorge Dias 200 CAMBARA, Isa 85 CANDIDO, Antonio 546 CARAUTA, Jorge Pedro Pereira 150, 151, 152 CARDOSO NETTO, José 574 CASTELO, José Aderaldo 683 CERQUEIRA FILHO, Gisálio 87 CHAMIE, Mário 57

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CONCEIÇÃO, F. C. da 604 CONSELHO DO ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO 654 COSTA, Cláudio Manuel da 646 COSTA, José Daniel Rodrigues da 577 COSTA, Maurício da 199 COSTA, Osvaldo de Almeida 140 COUTINHO, Gastão Fausto da Câmara 596, 597 CUNHA, Waldir da 143 DAMASCENO, Darci 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 24, 25, 26, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 123, 124, 125, 143, 144, 149, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 190, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 200, 201, 203, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 213, 214, 215, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235, 236, 237, 238, 239, 240, 241, 243, 244, 245, 246, 247, 248, 249, 250, 251, 252, 253, 254, 256, 257, 258, 259, 260, 261, 262, 263, 264, 265, 266, 267, 268, 269, 270, 271, 272, 273, 274, 275, 276, 277, 278, 279, 280, 281, 282, 283, 284, 285, 286, 287, 288, 289, 290, 291, 292, 293, 294, 295, 296, 297, 298, 299, 300, 301, 302, 303, 304, 305, 306, 307, 308, 309, 310, 311, 312, 313, 314, 315, 316, 317, 318, 319, 320, 321, 322, 323, 324, 325, 326, 327,

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328, 329, 330, 331, 332, 333, 334, 335, 336, 337, 338, 339, 340, 341, 342, 343, 344, 345, 346, 347, 348, 349, 350, 351, 352, 353, 354, 355, 356, 357, 358, 359, 360, 361, 362, 363, 365, 366, 367, 368, 370, 371, 373, 374, 375, 376, 377, 378, 379, 380, 381, 382, 383, 384, 385, 408, 466, 547, 548, 681 DANTAS, Ondina 54 DARRIQUE, João Baptista 589 DEBRET, Jean Baptiste 554, 555, 556 DIAS, Roberto 31 DIFFIE, Bailey W. 627 DIMAS, Antônio 29, 30 DONATO, Ernesto 561 DUARTE, Afonso 505 FEIJÓ, J. da Silva 583 FERREIRA, David Mourão 78 FERREIRA, José Henrique 198

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FERREIRA, Múcio P. 452 FERREIRA, Sônia Nolasco 94 FUNARTE 26 FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATOS 31 GARBUGLIO, José C. 461 GÓIS, Damião de 426 GRILLO, Heitor 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21 GROPPER, Symona 38 GUINSBURG, J. 462 HORCH, Rosemarie Erika 682 IGEL, Regina 103 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA 148 JAKOBSON, Roman 447

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JOÃO, Rei de Portugal, 1521-1557 426 JOSÉ I, Rei de Portugal, 1714-1777 592 LA VALE, Meireles 66 LAMEGO, Adinalzir Pereira 147 LAVRADIO, Luís de Almeida Soares Portugal Alarcão Eça Melo Silva e Mascarenhas, marquês do 622 LEAL, José da Silva Mendes 536 LEMME, Pascoal 80 LEMOS, Tite de 100 LIMA, José Joaquim Lopes de 599 LOPES, Antônio 45 LOPES, Roberto 680 MACEDO, Diogo de 506, 507 MACHADO, Caetano Maurício 610

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MACHMAN, Flora 59 MACKSEN, Luís 109 MAGALHÃES JÚNIOR, R. 127 MAGALHÃES, Augusto 484 MAIA, Manuel Rodrigues 605 MALFATTI, Anita 501 MARIA FERNANDA 36 MARTINS, Wilson 39, 42, 43, 88, 97, 98, 99 MATOS, Eusébio de 412 MATOS, Gregório de 386, 387, 388, 389, 413, 414, 416, 417, 418, 428, 429, 437, 441, 442 MATTOSO, Kátia M. de Queirós 620 MEIRELES, Cecília 53, 74, 79, 95, 443, 445, 446, 448, 449, 463, 464, 465, 467, 468, 469, 470, 471, 472, 473, 474, 475, 477, 478, 482, 483, 485, 567, 684 MELLO FILHO, Luís Emídio de 145

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MELLO, Francisco 594 MELLO, José Antônio Gonçalves de 552 MELO, Veríssimo de 121 MENEZES, Djacir 91 MENEZES, Fagundes de 102 MERQUIOR, José Guilherme 51 MEYER, Augusto 84, 479, 480, 481, 486, 487, 488 MICHAILOWSKY, P. 489 MONTE-MOR, Janice de Mello 23 MONTELLO, Josué 110, 112 MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas 40, 44 MURICY, Andrade 83 NAVARRO, E. 86

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NEVES, Francisco de Sousa 431 NIST, John 451 NUNES, Cassiano 117 OLIVEIRA, José de Osório de 503 OLIVEIRA, Marly de 55, 93, 458 OLIVEIRA, Sérgio Martins 24 PACHECO, Félix 635 PALMA-FERREIRA, João 679 PARKER, John M. 120 PAZ FILHO, Manuel Raimundo da 1 PEIXOTO, Afrânio 514 PENA, Martins 108, 516, 517, 518, 519, 520, 521, 522, 523, 524, 525, 526, 527, 528, 529, 530, 531, 535 PEREIRA, Justiniano da Cunha 601

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PERES, Fernando da Rocha 27, 28, 32, 33, 34, 392, 393, 404 PERES, Fernando Rocha 685 PÉREZ, Renard 61 PIMENTEL, Osmar 460 POMPÉIA, Raul 364 PONTES, Cruz 136 PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo 553 QUEIROZ, Carlos 495 QUEVEDO Y VILLEGAS, Francisco 424 RABELO, Manuel Pereira 396 REIS, Floriano 25 REYES, Alfonso 502 RICARDO, Cassiano 476

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RIO DE JANEIRO (cidade). Câmara Municipal 649 RIO DE JANEIRO (cidade). Prefeitura 133 RODRIGUES, Graça Almeida 426 RODRIGUEZ-MOÑINO, Antônio 425 RÓNAI, Paulo 37 ROSÁRIO, José Manuel do 571 SAMPAIO, Albino Forjaz de 612 SANTIAGO, Silviano 551 SCHMIDT, Augusto Frederico 453 SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO 652 SENA, Jorge de 455 SERPA, Alberto de 508, 509, 510, 511, 512 SILVA, Alberto da Costa e 35

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SILVA, Antônio Diniz da Cruz e 645 SILVA, José Maria da Costa e 401 SILVA, Vítor Manuel Pires de Aguiar e 420 SILVEIRA, Miroel 513 SIQUEIRA, Sônia Aparecida 138 SOUSA-LEÃO FILHO, Joaquim de 129 SUBLIGA MINEIRA PRÓ-ESTADO LEIGO DE JUIZ DE FORA 1 SZENES, Arpad 76 TORRE, Guillermo de 122 TRIGO, Luciano 48 ÚRSULA C. 22 VELOSO, José Marianno da Conceição, frei 626 VERGARA, Telmo 493

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VILLAÇA, Antônio Carlos 96, 101 WEHLING, Arno 371

Í N D I C E T E M AT I C O

Abreu, Casimiro de, 1839-1860 – Correspondência 634, 637, 638, 639, 641, 648 Administração – Rio de Janeiro – História – Fontes 622, 649, 650, 651 Agricultura – Brasil – História 590 Agricultura – Brasil – História – Fontes 139, 369, 370, 371, 383, 582, 592 Agricultura – Rio de Janeiro – História – Fontes 587 Alemão, Freire, 1797-1874 144, 375, 376, 377, 378, 380 Alemão, Freire, 1797-1874 – Arquivos 147, 149 Alemão, Freire, 1797-1874 – Biobibliografia 373 Alencar, José de, 1829-1877 – Biobibliografia 127 Alencar, José de, 1829-1877 – Correspondência 191, 539

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Alencar, José de, 1829-1877 – Crítica e interpretação 125, 126, 190, 192, 350, 351 Algodão – Brasil – História – Fontes 652, 654 Almeida, Josefina Maria de – Correspondência 544 Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Arquivos 124 Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Biografia 189 Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Correspondência 538, 539, 540, 541, 542, 543 Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Crítica e interpretação 188, 341, 342, 343, 344, 345, 347 Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Retratos 674 Alvarenga, Silva, 1747-1814 – Bibliografia 362 América do Sul – Arquivos – Guia 563 Andrade, Carlos Drummond de, 1902-1987 – Correspondência 432, 490 Andrade, Carlos Drummond de, 1902-1987 – Retratos 670 Andrade, Mário de, 1893-1945 – Crítica e interpretação 261

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Anil – Brasil – História 196, 197 Anil – Brasil – História – Fontes 369, 370, 371, 581, 582, 591 Anil – Indústria – História – Fontes 584, 585 Anil – Indústria – Portugal – História – Fontes 583 Araguaia, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de, 1811-1822 – Correspondência 557, 680 Araguaia, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de, 1811-1882 – Crítica e interpretação 683 Arquivo Geral da Prefeitura (Rio de Janeiro) – Guia 133

Arquivo Nacional (Brasil) – Periódicos 47, 48 Arquivos e arquivamento – Periódicos 141 Arquivos – América do Sul – Guia 563 Arquivos – Portugal – Guia 627 Astronomia – Observação – Brasil 44

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Autógrafos brasileiros 74, 358 Autoria 272, 330 Autoria – Literatura – Crítica textual 222 Azevedo, Álvares de, 1831-1852 – Correspondência 644, 647 Azevedo, Fernando de – Correspondência 491, 492 Bahia – Bibliografia 243 Bahia – História – Fontes 430, 620 Bandeira, Manuel, 1886-1968 – Crítica e interpretação 97 Bandeira, Manuel, 1886-1968 – Retratos 670 Barbosa, Domingos Caldas, 1738-1800 – Correspondência 642, 643 Barca, conde da – Biografia 365 Barca, conde da – Biografia – Fontes iconográficas 677 Barreto, Lima, 1881-1922 – Biografia 82

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Barros, João Marianno 545 Barroso, Gustavo, 1888-1954 – Correspondência 636 Berrien, William – Correspondência 494 Biblioteca infantil – Brasil 75 Biblioteca Nacional (Brasil) – Anais – Catálogos 630, 631 Biblioteca Nacional (Brasil) – Exposições – Catálogos 134 Biblioteca Nacional (Brasil) – Manuscritos 220, 421, 628 Biblioteca Nacional (Brasil) – Manuscritos – Exposições 136 Biblioteca Nacional de Coimbra – Manuscritos 164 Bibliotecas particulares – Catálogos 564, 613, 617, 633 Bibliotecas – Portugal – Guia 627 Botânica – Brasil 145, 146 Botânica – Estampas 656

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Bragança (Família) 201 Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Crítica e interpretação 159 Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Bibliografia 234, 235, 236 Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Biobibliografia 679 Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Biografia 685 Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Poesia 156, 157, 158 Brasil – Botânica 143, 145 Brasil – Flora 143, 626 Brasil – História 322 Brasil – História – Bibliografia 178 Brasil – História – Domínio holandês, 1624-1654 – Fontes 552 Brasil – História – Fontes 142, 195, 628, 629 Brasil – História – Fontes – Bibliografia 359

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Brasil – História – Humor – sátira etc. 575 Brasil – História – Período colonial, 1500-1822 581, 590 Brasil – Nordeste – Economia 148 Café – Brasil – História 139 Camarão, Antônio Felipe, 1580-1648 – Biografia 552 Cana-de-açúcar – Estampas 656 Cardoso Netto, José – Correspondência 574 Carneiro, João Álvares 571 Castro, Cristóvão Corrêa e – Correspondência 648 Castro, Fernanda de – Correspondência 470, 473 Censura – Brasil 179 Censura – Brasil – Bibliografia 305 Censura – Brasil – História 339

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Censura – História – Fontes 655 Cochonilha – Brasil – História 198, 199 Coelho Neto, 1864-1934 – Correspondência 636 Coelho, Maria Dulce Lupi – Correspondência 471 Comédia – História 333 Comércio – Rio de Janeiro – História – Fontes 587 Conservatório Dramático Brasileiro 179, 180, 181, 325 Conservatório Dramático Brasileiro – História 312 Construção civil – Brasil – Custos – História 565 Contos folclóricos brasileiros – História e crítica 121 Costa, Cláudio Manuel da, 1729-1789 – Correspondência 646 Costa, Ludovina Soares da 595 Crítica textual 230

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Crônicas brasileiras 53, 84, 445, 448, 449, 463, 464 Damasceno, Darci, 1922-1988 – Correspondência 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 468 Darrique, João Baptista – Testamento 589 Debret, Jean Baptiste, 1768-1848 – Correspondência 554, 555, 556 Dias, Fernando Correia, 1893-1935 – Biografia 287 Dias, Fernando Correia, 1893-1935 – Retratos 665, 673 Dias, Gonçalves, 1823-1864 – Arquivos 132 Dias, Roberto – Correspondência 31 Dimas, Antônio, 1942 – Correspondência 29, 30 Diniz, Antônio – Biobibliografia 366 Duarte, Afonso, 1884-1958 – Correspondência 505 Educação – Brasil 80, 87 Escravos – Tráfico – Brasil – História – Fontes 586, 588

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Escritores brasileiros – Congresso 46 Expedições científicas – Brasil 594 Falcão, Antônio Fernandes Camacho – Correspondência 641 Farmácia – Brasil – História 140 Fauna e flora – Piauí 200 Ficção brasileira 474, 616 Flora fluminense 143, 150, 151, 152, 153, 626 Flora – Brasil 143, 145, 146, 150, 151, 152, 153, 626 Folclore – Bibliografia – Exposições 85 Folclore – Brasil – Bibliografia 90 Genealogia – Bibliografia 163 Genealogia – Portugal 201 Gravuras 135

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Grillo, Heitor – Correspondência 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 432 Grillo, Heitor – Retratos 668 Hartley, Joaquim Diogo 652, 654 Heráldica – Portugal 201 Igreja da Glória (RJ) 537 Iluminuras de livros e manuscritos 619 Ilustração de livros 71, 73, 114 Imprensa – Brasil – História 185 Imprensa – História 185 Índia na literatura 50 Índia – Periódicos 72 Indústria têxtil – Brasil – História – Fontes 372, 652, 654 Indústria têxtil – Santa Catarina – História – Fontes 372

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Indústria – Brasil – História – Fontes 592 Inquisição – Brasil – História – Fontes 138 Itaboraí (RJ) – Gravura 119 João do Norte 636 Lavradio, marquês do, vice-rei do Brasil, 1769-1779 629 Leilões de livros 632 Literatura alemã – Bibliografia 275 Literatura brasileira 59, 412, 443 Literatura brasileira – Bibliografia 223, 246, 320 Literatura brasileira – Crítica e interpretação 37, 42, 43, 57, 58, 86, 88, 91, 97, 98, 107, 112, 120, 123, 125, 168, 258, 259, 348, 349, 350, 351, 352, 431, 475, 532, 533, 546, 547, 548, 549, 550, 551, 566, 567 Literatura brasileira – Crítica e interpretação – Bibliografia 260 Literatura brasileira – Crítica textual 221, 428, 441 Literatura brasileira – História e crítica 60, 82, 127, 131, 221, 329, 476

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Literatura brasileira – História e crítica – Fontes 362 Literatura brasileira – História – Fontes 121 Literatura espanhola – História e crítica 425 Literatura folclórica – Brasil 121 Literatura francesa – Bibliografia 275 Literatura portuguesa – Bibliografia 227, 228, 275 Literatura portuguesa – História e crítica 420, 426 Literatura – Bibliografia 161, 215 Literatura – Crítica e interpretação 39, 41, 92, 202, 203, 216, 244, 245, 427 Literatura – Crítica e interpretação – Periódicos 559 Literatura – Crítica textual 230, 272, 427 Literatura – História e crítica 99, 122, 202, 203, 212, 247, 282, 367, 368, 447 Literatura – Século XVII – Bibliografia 207

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Literatura – Século XVII – Crítica e interpretação 205, 217 Literatura – Século XVII – História e crítica 205, 217 Literatura – Século XVIII – Bibliografia 207 Livreiros – Catálogos 104, 118, 580 Livros de horas 618 Livros – Censura – História – Fontes 655 Macedo, Diogo de, 1889-1959 – Correspondência 469, 472, 506, 507 Machado, Manuel Antônio Rodrigues – Correspondência 634 Magalhães, Augusto – Correspondência 484 Malfatti, Anita, 1889-1964 – Correspondência 501 Manuscritos medievais 618, 619 Manuscritos – Catálogos 564 Maria Fernanda, 1928 – Correspondência 36

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Mariano, Olegário, 1889-1958 – Retratos 673 Materiais de construção – Brasil – Custos – História 565 Matos, Eusébio de, 1629-1692 – Biografia 224, 391 Matos, Gregório de, 1633?-1696 32, 437, 440, 569 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Bibliografia 38, 160, 208, 235, 241, 410, 411 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Biobibliografia 213, 409 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Biografia 209, 210, 211, 390, 392, 393, 394, 395, 396, 397, 398, 400, 402, 436 MATOS, Gregório de, 1633?-1696 – Comemorações de centenário 27, 28, 31, 34 MATOS, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica e interpretação 29, 30, 37, 43, 45, 238, 399, 431 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica literária 38 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica textual 403, 404, 407, 408, 441 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Edições 678 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Poesia 154, 155, 158, 165, 166, 386, 387, 388, 389

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Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Biobibliografia 214 Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica e interpretação 42 Meireles, Cecília, 1901-1964 8, 62, 63, 67, 68, 69, 451, 452, 453, 455, 460, 461, 476, 484, 488, 515 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Bibliografia 61, 101, 251, 252, 263, 273, 275, 276, 277, 278, 279, 281 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biobibliografia 286 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biografia 49, 52, 54, 64, 66, 90, 100, 102, 174, 249, 287 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biografia – Fontes 248, 284 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biografia – Fontes iconográficas 664, 669 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Correspondência 174, 468, 469, 470, 471, 472, 473, 479, 480, 481, 482, 486, 489, 490, 491, 492, 493, 494, 495, 496, 497, 498, 499, 500, 501, 502, 503, 504, 505, 506, 507, 508, 509, 510, 511, 512, 513, 514 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Crítica e interpretação 51, 55, 56, 57, 65, 66, 78, 93, 94, 100, 101, 103, 168, 171, 175, 176, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 261, 264, 266, 267, 268, 269, 271, 273, 283, 285, 286, 288, 454, 456, 457, 458, 459, 462, 466 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Cronologia 250, 262, 274 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Entrevista 59

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Meireles, Cecília, 1901-1964 – Estudos literários 169 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Exposições 70, 85 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Poesia 16, 79, 167, 169, 172, 173, 177 Meireles, Cecília, 1901-1964 – Retratos 76, 77, 657, 658, 659, 660, 661, 662, 665, 666, 667, 668, 670, 671, 672 Menezes, Rodrigo José de, conde de Cavaleiros – Biografia 160 Meyer, Augusto, 1902-1970 – Correspondência 479, 480, 481, 486 Michailowsky, P. – Correspondência 489 Modernismo – Crítica e interpretação 259 Monte Alverne, Francisco do, 1784-1858 – Correspondência 680 Monte-Mor, Janice de Mello, 1927 – Correspondência 23 Moraes, Vinícius de, 1913-1980 – Retratos 670 Música portuguesa – Séculos XVI-XVIII 193, 194 Música portuguesa – Séculos XVI-XVIII – Bibliografia 163

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Oeiras, conde de – Correspondência 642 Oliveira, Alberto de – Biografia – Fontes iconográficas 675 Oliveira, José Osório de, 1900 – Correspondência 503 Oliveira, Manuel Botelho de – Bibliografia 235 Oliveira, Manuel Botelho de – Crítica e interpretação 233 Orientalismo na literatura 92 Pacheco, Félix, 1879-1935 – Correspondência 63 Paz, Francisco Ramos, 1838-1919 – Correspondência 538, 540, 541, 542, 543 Peças teatrais – Catálogos 331 Pedro I, imperador do Brasil, 1789-1834 653 Pedro II, imperador do Brasil, 1825-1891 129 Peixoto, Afrânio, 1876-1947 – Correspondência 514 Pena, Martins, 1815-1848 295, 346, 521, 522, 523, 524, 532, 533, 534

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Pena, Martins, 1815-1848 – Bibliografia 305, 306, 307, 308, 319, 337, 340 Pena, Martins, 1815-1848 – Biobibliografia 110, 303, 323, 324 Pena, Martins, 1815-1848 – Biografia 310, 326 Pena, Martins, 1815-1848 – Censura 293 Pena, Martins, 1815-1848 – Comédias 289, 290, 293, 300 Pena, Martins, 1815-1848 – Correspondência 291, 518, 519, 520 Pena, Martins, 1815-1848 – Crítica e interpretação 115, 116, 117, 291, 292, 296, 298, 299, 301, 302, 303, 311, 315, 318, 322, 335, 336 Pena, Martins, 1815-1848 – Cronologia 304, 309, 313 Peres, Fernando da Rocha, 1936440 Peres, Fernando da Rocha, 1936 – Correspondência 27, 28, 32, 33, 34 Pessoa, Fernando, 1888-1935 – Biografia 105 Pinheiro, Maciel – Correspondência 484 Pinho, A. de – Retratos 113

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Pita, Antônio da Rocha – Biografia 160, 162 Poesia brasileira 79, 154, 156, 157, 158, 386, 387, 388, 389, 405, 406, 413, 414, 415, 416, 417, 418, 419, 423, 433, 434, 435, 439, 442, 443, 444, 446, 450, 451, 465, 467, 468, 475, 477, 478, 483, 485, 568, 570, 572, 578, 610, 640, 645, 683, 684 Poesia brasileira – Bibliografia 235 Poesia brasileira – Crítica e interpretação 83, 89, 96, 233 Poesia brasileira – Crítica textual 429, 430 Poesia brasileira – História e crítica 50, 95 Poesia espanhola – Crítica textual 424 Poesia espanhola – Século XVI – Bibliografia 226 Poesia espanhola – Século XVII – Bibliografia 226 Poesia italiana 106 Poesia portuguesa 685 Poesia portuguesa – Bibliografia 232, 240 Poesia portuguesa – História 50

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Poesia portuguesa – História e crítica 401 Poesia portuguesa – Século XVI – Bibliografia 226 Poesia portuguesa – Século XVII – Bibliografia 226, 239 Poesia portuguesa – Século XVII – Crítica textual 229 Poesia portuguesa – Século XVIII – Bibliografia 237, 239 Poesia portuguesa – Século XVIII – Crítica textual 229 Poesia religiosa 573, 576 Poesia – Crítica textual 218, 219, 225, 231 Poesia – História e crítica 218, 219, 225 Poesia – Século XVIII – Bibliografia 206 Política brasileira – Periódicos 559 Pompéia, Raul, 1863-1895 – Correspondência 364 Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 129

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Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Arquivos 132 Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Biobibliografia 128, 353 Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Correspondência 553, 554, 555, 556, 557, 680 Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Crítica e interpretação 130 Portugal – Economia – História – Fontes 583 Portugal – História – Fontes literárias 426 Portugal – História – Humor, sátira etc. 577, 579 Portugal – Música – História 681, 682 Portugal – Música – Século XVII 560, 561 Posse da terra – Rio de Janeiro – História – Fontes 621, 625 Pujol, Alfredo, 1863-1895 – Correspondência 364, 635 Queiroz, Carlos – Correspondência 495 Quilombos – Rio de Janeiro – História – Fontes 653

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Quintana, Mário, 1906- – Crítica e interpretação 89 Reis, Floriano, 1922-1988 – Correspondência 25 Reyes, Afonso, 1889-1959 – Correspondência 502 Rio de Janeiro – Comércio – Século XIX 137 Rio de Janeiro – Fauna e flora 384, 385 Rio de Janeiro – História – Fontes 137, 138, 379, 621, 622, 623, 624, 625, 649, 650, 651 Rio de Janeiro – História – Século XIX – Bibliografia 360 Rio de Janeiro – História – Século XIX – Fontes 355, 356, 357, 361, 363 Rio de Janeiro – História – Século XVIII – Fontes 355, 356, 357, 361, 362, 363 Rio de Janeiro – Mapas 422, 562 Rolim, Cosme de Moura – Biografia 160 Romantismo (Literatura) 353 Romantismo (Literatura) – História e crítica 328

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Romantismo – História 354 Salema (Família) – Genealogia 242 Salvador (BA) – História – Fontes 620 Sampaio, Francisco de Santa Thereza, frei, 1778-1830 576 Santa Catarina – História – Fontes 593 Santos, Noronha 133 São João del-Rei (MG) – Guia turístico 81 Serpa, Alberto de – Correspondência 508, 509, 510, 511, 512 Silva, Alberto da Costa e, 1931- – Correspondência 35 Silva, Antônio Diniz da Cruz e, 1731-1799 566, 567 Silva, Antônio José da, 1705-1739 558 Silva, Da Costa e, 1885-1950 96 Silveira, Miroel, 1914- – Correspondência 513

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Simbolismo (Literatura) – Brasil – Bibliografia 270 Sousa, Luís Antônio de – Correspondência 646 Teatro brasileiro 181 Teatro brasileiro – Comédias 108, 516, 517, 525, 526, 527, 528, 529, 530, 531, 535, 536, 599, 600, 601, 602, 604, 605, 606, 608, 609, 611 Teatro brasileiro – Crítica e interpretação 532 Teatro brasileiro – Dramas 596, 597, 610 Teatro brasileiro – Edições 676 Teatro brasileiro – História 533, 534, 558, 595, 598 Teatro Nacional – Comédias 603, 607 Teatro – Bibliografia 178, 184 Teatro – Brasil – Bibliografia 307 Teatro – Brasil – Censura 318, 322 Teatro – Brasil – Crítica e interpretação 315, 316

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Teatro – Brasil – História 115, 116, 117, 179, 180, 181, 186, 312, 318, 321, 325, 338, 339 Teatro – Brasil – História e crítica 314, 329 Teatro – Censura – Brasil – História 109, 111, 112, 179, 290, 295 Teatro – Crítica e interpretação 182, 183, 185, 187, 330 Teatro – História 182, 183, 187, 324, 332, 333 Teatro – História – Bibliografia 327, 334 Teatro – Portugal – História 612, 614 Teatro – Rio de Janeiro – História – Fontes 615 Teixeira, Joaquim José, 1811-1885 – Crítica e interpretação 317 Testamentos – Brasil 195 Urbanismo – Rio de Janeiro (RJ) 144 Urbanismo – Rio de Janeiro – História 380 Urbanização – Rio de Janeiro – História 149

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Vasconcelos, Rufino de – Correspondência 518, 519 Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811 383, 384 Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811 – Bibliografia 382 Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811 – Biobibliografia 381, 385 Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811 – Biografia 153 Vergara, Telmo – Correspondência 493 Vieira, Antônio, 1608-1697 – Bibliografia 40 Vieira, Manuel Luís 590

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Preciosidades do Acervo As xilogravuras do artista alemão Albrecht Dürer

Sandra Daige Antunes Corrêa Hitner Pós-doutoranda em História da Arte, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, com a tese Albrecht Dürer: As Gravuras em Buril. Acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

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Fundação Biblioteca Nacional tem em seu acervo iconográfico uma preciosa coleção de mais de meia centena de xilogravuras do renascentista alemão Albrecht Dürer (1471-1528). Nos últimos anos, realizou-se meticulosa pesquisa sobre cada uma das peças dessa coleção com o objetivo de estabelecer suas respectivas autenticidade e ancianidade, o que torna possível incluir a coleção na catalogação internacional. Em razão do seu ineditismo no Brasil e, sobretudo, pela dependência de comparação com peças autênticas que estão disponíveis somente no exterior, o trabalho durou quatro anos, sendo finalizado em 2002, rendendo à autora o grau de doutoramento na matéria. A grande maioria das xilogravuras de Albrecht Dürer que integram o acervo da Biblioteca Nacional origina-se das séries formadoras dos “três grandes livros” de Dürer: O Apocalipse de São João, A Grande Paixão e A Vida da Virgem; e da série formadora de um pequeno livro, denominada A Pequena Paixão. A investigação deteve-se primeiramente na qualidade de impressão de cada peça, a que se seguiu minucioso exame da qualidade do papel e respectiva marca d’água. A análise propriamente dita examina as xilogravuras com lentes microscópicas, lâmpada ultravioleta e, logo após, as fotografa sob infravermelho, a fim de comprovar cientificamente cada passo do exame técnico. Nascida das miniaturas flamengas, a xilografia na Alemanha foi formadora de uma exclusividade artística que desencadeou a evolução das formas compositivas de uma maneira muito ampla, clara e precisa, sendo a que primeiro alcançou progresso artístico no século XV alemão. Textos medievais como Ars Moriendi, Speculum humanae salvationis, entre outros, puderam ser complementados por imagens, graças ao advento da impressão por Gutemberg em 1455.

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Por volta de 1470-75, as xilogravuras começaram a aparecer sistematicamente nas edições de livros, e o uso da prensa se estendeu até às pequenas edições. Rapidamente as “novas” técnicas chegaram a Nuremberg, cidade natal de Dürer, proporcionando um grande desfrute cultural. Lá o movimento intenso em torno do trabalho para ilustração de livros nos anos 80 ofereceu estímulo suficiente para a iniciação deste jovem e ambicioso desenhista já em exercício nos principais ateliês da cidade. Totalmente impregnada pelo espírito da arte flamenga, a arte na Alemanha apresentava alguns dilemas, sobretudo no que diz respeito às definições estilísticas. O surgimento da consciência artística desse povo nasceu aos poucos, e foi somente por meio de impasses conceituais que conquistou suas próprias concepções estéticas. O desenho germânico tinha por objetivo suscitar a força da sensibilidade do espectador. Seu traçado não era, definitivamente, uma inscrição carinhosa; abrupto, se assemelhava a um corte, a uma marca que mais parecia rasgar e despedaçar. Dobrava-se bruscamente em ganchos incontidos, justapondo os pontos como gráficos agitados ou como dentes de um serrote, evocando, no interior de seu simbolismo, o cortante, o bico, a serra, a lâmina; no intuito de impor, como uma idéia fixa, a expressão de sua dura sensibilidade espiritual. A escolha dos temas, por sua vez, revelava uma obsessão análoga à severidade estilística: por exemplo, a ferocidade das personagens, particularmente aquelas que representavam os carrascos de Cristo, de um realismo ímpar em relação a todas as outras escolas DÜRER, Albrecht. São João diante de Deus e dos bem- de arte, transmitiam fielmente a aventurados. Xilogravura. Terceira imagem da série imagem da atrocidade, sangue e Apocalipse de São João. Texto em latim no reverso. sofrimento.

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Para modelar formas, a estética alemã servia-se, a princípio, de linhas e entalhes grossos e inchados, e era neste âmbito artístico que obtinha tanto mérito na representação da multiplicidade dos afetos humanos. As xilogravuras, estampas originadas de matrizes de madeira, sempre foram mais populares que os buris, basicamente porque sua produção era menos laboriosa, o que as beneficiava consideravelmente no preço. Também não requeriam exames minuciosos do observador, produzindo nele forte impacto e reação psicológica direta. Dürer manteve-se atento a este tipo de percepção. Procurou tirar o máximo proveito destas potencialidades inerentes e até limitadas da matriz de madeira. Isto não quer dizer que seu sentimento para as formas fosse diferente em outros tipos de trabalho, mas era somente DÜRER, Albrecht. Adoração do cordeiro místico. desenhando em matrizes de madei- Xilogravura. Décima terceira imagem da série ra que ele se permitia um exagero Apocalipse de São João. Texto em latim no reverso. expressivo. Depois de ter aprendido a ler e a escrever na escola, e apenas terminada sua aprendizagem como ourives na oficina do pai, Dürer se deu conta que queria ser pintor. Esta ambição, porém, não foi alcançada sem muita luta, gradual evolução técnica e extraordinária percepção intuitiva. Para ele, a verdadeira essência do trabalho de arte jazia em sua forma, expressão direta da significação espiritual, e, por isso, era inegável seu talento como desenhista. Ele foi o primeiro a abusar do entrelaçamento de linhas para compor sombras, refinando o desenho plástico das xilogravuras com o claro e o escuro. Dissolveu definitivamente a massa preta empastada anteriormente usada na composição de ramagens, ornamentos, ou pequenos objetos, e espalhou-a em áreas, abrindo-as com linhas entrecruzadas, de

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maneira que a escuridão mais densa proporcionasse um outro tipo de impacto. Sua contribuição para o aperfeiçoamento da metodologia da arte de gravar na madeira foi definitiva, na medida em que, com a evolução e experiência de modular as tonalidades, os trabalhos se tornaram cada vez mais claros. Crê-se que a elaboração das matrizes para as primeiras grandes séries de xilogravuras de Dürer tenha sido realizada sob sua total supervisão. Não é de hoje que pairam dúvidas sobre o fato de Albrecht Dürer ter, ou não, entalhado suas próprias matrizes de madeira. A opinião dos historiadores a este respeito há muito é absolutamente dividida. Para aqueles que defendem a idéia de que Dürer foi o artesão de suas próprias matrizes, pelo menos no início de carreira, pode-se dizer que, no período em que foi aprendiz, este envolvimento foi real. Porém, a evidência de variações na caligrafia de diversas obras denuncia trabalho de mãos diferentes, sem que com isso se descarte, naturalmente, a do próprio artista. Um mesmo número de arguDÜRER, Albrecht. O anjo que tem a chave do abis- mentos reforça, no entanto, o fato mo. Décima-quinta imagem da série Apocalipse de de Dürer nunca ter cortado seus São João. Originalmente sem texto no reverso. blocos. Adam von Bartsch1 diz que, se considerarmos o número de desenhos à mão que Albrecht Dürer deixou; a abundância de estampas em metal traçadas com grande elegância e elaboradas com talento inegavelmente sublime que fez; os quadros que pintou, geralmente acabados com minúcia ímpar; se também calcularmos o tempo que empregou para compor suas obras literárias e estudos sobre o Belo e a demanda de tempo consumida pelas viagens que ele próprio registrou, não se pode crer que o artista tenha tido disponibilidade suficiente para gravar o número prodigioso de gra-

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vuras em madeira que levam seu nome, tanto mais que a gravura em madeira é um trabalho extremamente lento e puramente mecânico e, por conseqüência, incompatível com a impetuosidade do gênio e as ocupações nobres de um mestre como Albrecht Dürer. Bartsch diz que é possível esclarecer esta dúvida, pois, para ele, Dürer definitivamente não praticava a xilografia. O principal argumento do estudioso é o fato do nome de Dürer aparecer sempre com o epíteto de “pintor”, “desenhista”, “editor de gravuras em madeira”; nunca como “gravador”. Ainda segundo Bartsch2, Jean Neudorffer, que publicou em 1547 uma curta biografia de Dürer, disse expressamente que Hieronymus Resch foi quem escavou a maior parte dos desenhos de Dürer nas madeiras. Portanto, conclui-se que peças que se distinguem por uma bela execução pertencem a este gravador de madeira e que as outras, às vezes nem sempre tão elaboradas, provêm de diferentes gravadores. Panofsky3 conta que enquanto Dürer trabalhava na oficina de ediDÜRER, Albrecht. Reverso da estampa O anjo que tores, nos primeiros anos de cartem a chave do abismo. O exemplar da Biblioteca Nareira, não talhava pessoalmente seus cional apresenta no reverso uma crucificação impressa desenhos, já que esta tarefa fazia a sangüínea e uma madona orando, desenhada a lápis. parte de um esquema divisor de trabalhos. No entanto, muitas vezes o fez, para se familiarizar com o processo técnico e, sobretudo, a fim de demonstrar a força de suas intenções para os talhadores profissionais, muito embora não lhe coubesse tal obrigação. Com o tempo, formou sua própria equipe de talhadores que contava com uma nova geração de artesãos, como era o caso de Hieronymus Andreae, chamado de “Formschneyder”, que talhou a maior parte das xilogravuras de Dürer em meados de 1515.

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À ESQUERDA: DÜRER, Albrecht. Cristo carrega a cruz. Xilogravura. Sexta imagem da série A Grande Paixão. Texto em latim no reverso. À DIREITA: DÜRER, Albrecht. Reverso da estampa Cristo carrega a cruz. Texto em latim impresso em folha contendo arabescos incógnitos, acumulados sobretudo no rodapé, em bistre.

Por meio de registros deixados por outros artistas contemporâneos de Albrecht Dürer é possível notar que havia um número considerável de xilogravadores suficientemente habilidosos trabalhando nos ateliês somente como ajudantes do artista. Bartsch4 cita, ainda, os nomes de Hans Glaser, Hans Guldenmund e Henri Hondius. Estabelecidas as devidas afinidades entre artesãos e mestre, em casos de pedidos simples ou que requeressem rápida resolução, acontecia de Dürer também se servir do procedimento breve para desenhar, ou apenas esquematizar, o desenho na prancha de madeira. Bartsch5 explica que não haveria tão grande desigualdade de perfeição entre as gravuras em madeira marcadas com o monograma de Dürer se ele as tivesse elaborado em sua totalidade com as próprias mãos. Não haveria, portanto, exem-

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plos de monogramas vistos de maneira inversa, ou de linhas duplas, como é o caso do que ocorre com freqüência na série do Apocalipse. No que concerne à série da Pequena Paixão, no entanto, o renomado xilogravador britânico John Thomson6 discerne nada menos do que quatro mãos diferentes trabalhando no entalhe destes blocos. Ainda segundo Bartsch, há algumas estampas que são belíssimas porque o próprio autor traçou o desenho sobre a prancha e o gravador escavou com exatidão os intervalos entre os traços e as hachuras do desenho. Outras são medíocres, porque o gravador decalcou o desenho privando-o, assim, de sua originalidade e de seu espírito primitivo. Outras ainda são piores, porque o próprio gravador desenhou sobre a prancha a imagem que ele copiou do original alterando completamente seu valor. Há outras peças ainda que não podem ser consideradas ruins, apesar de muito mal traçadas, devido ao fato do entalhador as ter elaborado sobre desenhos leves e com bistre7 ou à sangüínea, movimentando-se às cegas sobre os contornos e hachuras que, no original, já se encontravam suavizados ou apagados. Conseqüentemente, foram entalhadas de forma mais grosseira, ou com muita dificuldade. O comércio das gravuras no interior e exterior da Alemanha assegurou a Dürer certa facilidade na vida. Dürer morreu rico, e, segundo o próprio artista, era a venda das xilogravuras que lhe fornecia rendimentos regulares, e com isso a possibilidade de dar emprego nem sempre a tão bons artesãos quanto alguns mencionados pela historiografia, pois muitos deles eventualmente se assenhoravam de algumas obras desviando-as do destino a que elas estavam determinadas. As gravuras de Dürer se espalhavam pela Europa e participavam de todas as grandes feiras comerciais de objetos de arte. Seu ateliê atravessava os anos difíceis para a classe artística praticamente sem grandes problemas. Se ele próprio se ausentava, era substituído por algum membro da família para a venda de arte nas feiras, como, por exemplo, Agnes Dürer, sua mulher; para a produção das xilografias dispunha de auxiliares competentes como Hans Schäufelein, Hans Baldung Grien e Hans Von Kulmbach, os três Hans, que vieram a se consagrar, mais tarde, como grandes artistas. *** As xilogravuras de Albrecht Dürer pertencentes à Biblioteca Nacional originamse da Real Biblioteca que veio para o Brasil com a corte portuguesa em 1808. O acervo permaneceu durante os primeiros anos sem tratamento sistemático. Vinte anos depois, estabeleceu-se uma primeira organização técnica com a criação da Seção de Estampas (atual Divisão de Iconografia), que ficou sob a direção de José Zephyrino

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de Menezes Brum. Em 1885, Brum inaugurou uma grande exposição permanente na Biblioteca Nacional com o acervo da seção, incluindo todas as peças herdadas de Portugal. Quanto às gravuras de Albrecht Dürer, foram expostas as estampas que ele julgou estarem em melhor estado de conservação, caso das xilogravuras. A exposição durou cerca de 60 anos, conforme indicação no Catálogo da Exposição Permanente dos Cimélios da Bibliotheca Nacional8. Esse catálogo foi a primeira publicação contendo o levantamento oficial do acervo da Biblioteca Nacional.

As estampas de Dürer vêm sendo examinadas por alguns especialistas há muitos anos, e o resultado deste trabalho contínuo resultou em criteriosas relações, processo este que, no caso da perícia que fizemos, se deu da seguinte maneira: A perícia iniciou-se pelo papel onde se encontra a xilogravura estampada. Em uma folha de papel antiga é possível observar os seguintes caracteres: vergaduras, pontusais, e, a característica mais importante, a filigrana.As vergaduras são linhas horizontais alternativas escuras e claras que podem ser vistas quando se observa a transparência do papel. Os pontusais são traços perpendiculares aos fios horizontais da vergadura. As filigranas são os vários tipos de desenhos marcados no papel que, de uma maneira mais ou menos precisa e pontual, definem a idade da folha. Nos primeiros vinte anos do século XIV, as filigranas eram “nomes escritos” de muitos papeleiros eventualmente originários de Fabriano (Itália) ou das proximidades. Este procedimento foi abandonado, pois muito pouca gente sabia ler, naquela época de ignorância geral, e este tipo de “marca” não atingia sua meta de maneira eficiente. Logo se tratou, então, de renunciar à escrita e adotar um signo qualquer que estabelecesse relação direta com os papeleiros, fazendo desta marca uma assinatura particular. Mais tarde, no começo do século XVI e com o progresso trazido pela instrução, repetiu-se a idéia de filigranar as iniciais, ou o nome do papeleiro. Como havia muitas oficinas de papel numa mesma região, as filigranas diferenciavamse pelos símbolos individuais ou pelas iniciais do nome do papeleiro, além de marcas de proveniência normalmente acompanhando os brasões de cidades, ou de estados. Os papeleiros empregavam filigranas diferentes para designar a qualidade, por exemplo: a “torre” designava papel de boa qualidade; a “cabeça de boi sem olhos com haste em cruz”, papel de média qualidade; a “buzina de caçador”, o ordinário.

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Para definir uma filigrana, é necessário fazer uma comparação entre as disponíveis, pois, em muitos papéis, a marca é indistinta, mal vista, e às vezes um pouco apagada, conforme a maneira que se encontra estampada. Não se conhece o motivo que levou ao emprego das filigranas. É possível que a mesma marca tenha sido usada simultaneamente por muitas oficinas, tanto que era comum o aparecimento de contrafações das marcas mais em voga na época. Mas as contrafações, a julgar pelos casos conhecidos, não tinham uma identidade absoluta com o modelo padrão dos desenhos e não passavam de simples imitações, por vezes assaz grosseiras. E ainda, quando uma marca era muitas vezes contrafeita, e acabava por se tornar banal, cada papeleiro a reforçava de uma maneira particular ou a fazia acompanhar de um signo distintivo que permitia a ele reconhecer seus próprios produtos. Quanto à qualidade das impressões, de maneira geral, as matrizes de madeira de Dürer foram expostas a todo tipo de danos em conseqüência da utilização demasiada, e da má conservação, tanto que hoje em dia pouquíssimas conseguiram atravessar a história. A irregularidade das impressões, resultantes de fendas, lacunas e da dilapidação causadas por carunchos, fez com que algumas matrizes fossem corrigidas ao longo do tempo de maneira habilidosa, mas outras nem tanto. Naturalmente estes danos tornaram-se visíveis e reconhecíveis. Casos de linhas duplicadas podem ser explicados pelo deslocamento do papel durante o processo da impressão. Estas duplicações podem ter sido efeito da tensão excessiva da prensa, que tonalizou somente algumas partes, deixando a impressão desigual. Ao serem duplicadas, as linhas que seriam difíceis de enxergar dão a falsa impressão de serem fortes. Estampas excessivamente claras são causadas pela exaustão da tiragem. Em outros casos, são resultantes de uma limpeza não homogênea, de modo que algumas partes deixam de ser atingidas pela impressão, tais como as áreas de finas camadas de tinta ou mesmo as áreas vazias. Outro dano comum às impressões foi causado pela tesoura, usada com o objetivo de eliminar completamente manchas de sujeira ou rasgões. Este procedimento ocorreu também no caso de blocos com molduras largas, cujo entintamento de forma descuidada produzia linhas de borda borradas que tinham de ser endireitadas e, portanto, acabavam por tornarem-se “estreitas”. As estampas do acervo da Biblioteca Nacional foram rigorosamente observadas, sendo permanentemente re-conferidas em seus detalhes diante do próprio livro fac-símile9 da primeira edição de 1511 dos “três grandes livros” de Dürer (O Apocalipse, A Grande Paixão e A Vida da Virgem), que serviram de modelo de impressão; foram também importantíssimos os vários estágios feitos no exterior, onde foi possível lidar com as peças originais das coleções européias, e, prin-

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cipalmente, a grande colaboração profissional de especialistas no assunto que forneceram material de pesquisa de primeira linha. O modo de dispor as informações sobre as peças assemelhou-se à usada nos Corpus flamengos e europeus. Contudo, tal distribuição de informações não obedeceu à tamanha rigidez, uma vez que se tratou da análise de séries absolutamente heterogêneas que não se incorporavam ao mesmo conjunto editorial. Por fim, a pesquisa gerou um catálogo sistemático com o laudo de cada uma das peças – o que, como já foi dito, representou a avaliação objetiva do acervo brasileiro e a sua introdução no âmbito internacional, ações muito importantes para a valorização deste grande patrimônio cultural dos brasileiros.

N OTA S : 1 – BARTSCH, Adam von. Le peintre graveur, les vieux maitres allemands, vol. VII, 2nd partie, A. Dürer, Leipzig, Imprimerie de C.W. Vollrath, 1866, p. 7. 2 – BARTSCH, Adam von. Op. Cit. ps. 8,9,10. 3 – PANOFSKY, Erwin: Albrecht Dürer, vol. I, Princeton, 1945, p.46. 4 – BARTSCH. Adam vonBartsch, idem, p. 12. 5 – BARTSCH, Adam von. Op. Cit., vol . VII, nota 9, p. 26. 6 – Apud (catálogo) Albrecht Dürer : Woodcuts and Woodblocks, Edited by Walter Strauss, Abaris Books, New York, 1980, p. 620. 7 – Bistre: mistura de fuligem e goma, empregada em desenho e pintura. 8 – Publicado sob a direção de João Saldanha da Gama, Rio de Janeiro, G. Leuzinger e Filhos, 1885, p.578 a 678.

9 – Fax simile der Originalausgaben – Nürnberg 1511 Die Drei Grossen Bücher: Marien Leben; Grosse Passion; Apokalypse, Herausgegeben und Kommentiert von Matthias Mende Anna Scherbaum, Rainer Schoch, Verlag Dr. Alfons Ühl, Nördlingen, 2001.

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I - P L A N E J A M E N TO E A D M I N I S T R A ² AO

1. Orçamento

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Fundação Biblioteca Nacional contou, no exercício de 1999, com orçamento de R$ 24.603.613,00 (vinte e quatro milhões, seiscentos e três mil, seiscentos e treze reais), dos quais R$ 16.693.207,00 (dezesseis milhões, seiscentos e noventa e três mil, duzentos e sete reais) foram destinados às despesas com Pessoal e Encargos Sociais e R$ 7.910.406,00 (sete milhões, novecentos e dez mil, quatrocentos e seis reais) para gastos com Outras Despesas Correntes e Capital. Desenvolvemos projetos em parceria com outras instituições, dentre os quais destacamos: Formação de Núcleos Promotores de Ações na Área da Leitura, com o Ministério da Educação e Cultura/Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, no valor de R$ 300 mil (trezentos mil reais); Programa de Bolsas de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros em outros Idiomas; Revitalização de Acervos da FBN; Implantação da Biblioteca Virtual e Análise Técnica de Projetos Culturais, com o Ministério da Cultura, no valor de R$ 292.213,00 (duzentos e noventa e dois mil duzentos e treze reais); e IV Concurso Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura junto a Crianças e Jovens de Todo o Brasil e Dicionário Cravo Albin, com o Ministério da Cultura, no valor de R$ 140 mil (cento e quarenta mil reais). Feitas as devidas alterações de acordo com as necessidades da FBN, os recursos ficaram assim distribuídos:

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PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS ......................................R$ 16.693.207 Ativo ........................................................................................R$ 11.478.766 Inativo ........................................................................................R$ 4.205.270 Sentença Judicial ........................................................................R$ 1.009.171 ÁREA MEIO ..............................................................................R$ 5.860.712 Manutenção ................................................................................R$ 3.954.151 Obras ............................................................................................R$ 335.478 Benefícios ..................................................................................R$ 1.414.887 Informática ......................................................................................R$ 97.900 Organismos Internacionais ..............................................................R$ 58.296 ÁREA FIM ................................................................................R$ 2.781.907 Presidência (Proler e Direito Autoral) ............................................R$ 633.644 D N L ........................................................................................R$ 1.166.538 D P T ............................................................................................R$ 497.585 D R D ..........................................................................................R$ 484.140 T O T A L ................................................................................R$ 25.335.826

A aplicação desses recursos permitiu a realização de vários programas, como os seguintes: 1. Toda Criança na Escola: em parceria com o MEC/FNDE, foram aplicados R$ 300 mil (trezentos mil reais) em ações de formação continuada de professores, operacionalizadas por meio de encontros estaduais de profissionais de leitura, assessorias, consultorias, fóruns de discussão e cursos de formação de promotores de leitura. 2. Previdência de Inativos e Pensionistas da União: foram aplicados R$ 4.205.270,00 (quatro milhões, duzentos e cinco mil, duzentos e setenta reais), para pagamento de salários de servidores inativos e pensionistas. 3. Assistência ao Trabalhador: em benefícios assistenciais aos servidores e empregados, foram aplicados R$ 1.414.887,00 (hum milhão, quatrocentos e quatorze mil, oitocentos e oitenta e sete reais) destinados à assistência médica, vale-transporte, auxílio-refeição e auxílio-creche .

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4. Brasil Patrimônio Cultural: com a finalidade de preservar o patrimônio cultural brasileiro, foram aplicados recursos de R$ 616.276,00 (seiscentos e dezesseis mil, duzentos e setenta e seis reais), buscando proporcionar à presente e às futuras gerações acesso aos bens formadores da história e da cultura nacionais. 5. Livro Aberto: foram aplicados R$ 3.588.378,00 (três milhões, quinhentos e oitenta e oito mil, trezentos e setenta e oito reais), com a finalidade de promover a circulação do livro, facilitando o acesso do cidadão ao conhecimento, incentivar o hábito da leitura em todas as regiões do país visando ao resgate da cidadania, divulgar o autor brasileiro no país e no exterior e estimular a produção literária por meio de bolsas e prêmios. 6. Produção e Difusão Cultural: com o objetivo de resgatar, incentivar e consolidar a identidade nacional por meio da obra brasileira foram aplicados R$ 153.684,00 (cento e cinqüenta e três mil, seiscentos e oitenta e quatro reais) na participação de feiras nacionais e internacionais de livros e no registro de direitos autorais. 7. Gestão da Política de Cultura: para manter o Sistema Nacional de Informações Culturais, foram aplicados R$ 227.900,00 (duzentos e vinte e sete mil e novecentos reais), de modo a socializar o acervo de conhecimentos, dados e indicadores disponíveis no setor, bem como difundir atividades culturais mediante a utilização de meios eletrônicos e da rede mundial de computadores. 8. Gestão da Participação em Organismos Internacionais: a FBN coordena as estratégias fundamentais para o entrelaçamento de três dos mais importantes alicerces da cultura brasileira: biblioteca, livro e leitura. Para manter nível de excelência em seus serviços, a FBN participa ativamente de organismos internacionais que articulam ações e programas voltados para essas áreas. Com recursos de R$ 58.296,00 (cinqüenta e oito mil, duzentos e noventa e seis reais), contribuímos para os seguintes organismos: Centro Regional para Fomento do Livro na América Latina e Caribe (CERLALC), Federação Internacional de Informação e Documentação (FID), Associação de Estudos Brasileiros (Brasa), Agência Internacional do Número de Padrão Internacional p/Músicam (ISMN) e Federação Internacional de Bibliotecas, Associações e Instituições (Ifla). 9. Apoio Administrativo: foram aplicados recursos de R$ 13.426.486,00 (treze milhões, quatrocentos e vinte e seis mil, quatrocentos e oitenta e seis reais), em

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despesas com pagamento de pessoal ativo e manutenção de serviços de administração geral. 10. Operações Especiais Cumprimento de Sentenças Judiciais: foram aplicados recursos de R$ 1.009.171,00 (hum milhão, nove mil, cento e setenta e um reais).

2. Arquitetura Destacamos as obras de manutenção do prédio principal e suas edificações, feitas com o objetivo de oferecer mais conforto e segurança nas instalações, praticidade na localização do acervo e melhores condições de preservação dos livros. Além de pintura, mobiliário, piso, vidraçaria e reaproveitamento de espaço, foram feitas ainda a reestruturação do sistema elétrico, com nova distribuição dos circuitos de iluminação e tomadas; a reforma total do acesso da Rua México; a reestruturação do acesso da Av. Rio Branco, com instalação da área de recadastramento e recepção; a instalação da Loja do Livro no segundo andar do prédio sede; a recuperação geral do sistema de pára-raios; a instalação de circuito fechado de TV; a recuperação do sistema de detecçã ão da calçada, marquise e impermeabilização de jardineiras; e conservação da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, com execução de serviços de paisagismo.

I I A B I B L I OT E C A A) REFERÊNCIA E DIFUSÃO

1 Difusão e Intercâmbio Cultural O atendimento ao público, que este ano alcançou a cifra de 134.865 usuários e 251.566 peças consultadas, recebeu, mais uma vez, especial atenção. Várias medidas foram adotadas com vistas à qualificação desses serviços, como a revisão de procedimentos de empréstimo de obras nos salões de leitura, a construção e análise de dados estatísticos, a avaliação, manutenção e atualização de catálogos em linha e bases de dados locais e a análise diária das sugestões de usuários registradas nos boletins Ouvindo o Leitor. Investiu-se, também, no inventário de acervos, principalmente no armazém de Obras Gerais, área com maior índice de público. O projeto de inventário do

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1º Andar de Obras Gerais, com mais de 120 mil peças levantadas, beneficiou o atendimento, reduzindo o tempo de espera do leitor. Considerado o mais complexo inventário do acervo, pois nesse andar as obras eram arquivadas de acordo com o número de classificação, o projeto permitiu transformar a localização provisória em localização fixa, readequar as “coleções incompletas”, identificar as obras raras, transferindo-as para o setor adequado e, também, as obras estrangeiras para as áreas devidas. Embora seja reconhecida a melhoria dos serviços prestados ao público, ainda é necessária a qualificação das áreas de pesquisas, mediante investimentos em tecnologias de transferência da informação e criação de novos suportes da informação que contribuam para a preservação dos originais e agilidade das pesquisas. Para divulgar o acervo, o Departamento de Referência e Difusão desenvolveu importantes projetos de resgate e divulgação de acervos históricos, por meio de edições especiais ou de exposições. O projeto O Brasil e os Holandeses, com o apoio financeiro do Banco Real, possibilitou a restauração da obra de Gaspar Barléus, que registra a invasão holandesa no Brasil durante o governo de Maurício de Nassau. O projeto editou também o livro de arte O Brasil e os holandeses e o CD-Rom interativo com a edição fac-similar do livro de Gaspar Barléus, além de apresentar as metodologias de restauração da obra. Vale registar que o livro O Brasil e os holandeses, publicado em português, inglês e holandês, foi considerado, pelos jornais O Globo e Jornal do Brasil, uma das melhores publicações destinadas a comemorar os 500 anos do descobrimento do Brasil. A obra de Barléus, incluindo-se 55 pranchas de Frans Post, foi exposta na sede do Banco Real, em São Paulo e Belo Horizonte, e no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Em outra importante parceria, esta com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, a Biblioteca Nacional, por meio do Departamento de Referência e Difusão, emprestou gravuras do seu acervo das coleções Albrecht Dürer (1471-1528), Oswaldo Goeldi (1895 e Giovanni Piranesi (1720-1778) para a Mostra Rio Gravura, promovida pela Rio Arte. Com esta parceria, a Biblioteca Nacional recebeu o apoio financeiro necessário para restauração da coleção Piranesi e a doação de uma máquina obturadora de papel, que foi instalada no Laboratório de Restauração. Ainda em parceria com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, realizamos, em agosto e setembro, a exposição Cordel: o Imaginário Popular, integrada ao roteiro do evento Mês da Gravura. Merecem destaque também as atividades programadas em conjunto com o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro e destinadas a celebrar os 50 anos da morte de Artur Ramos, um dos mais importantes antropólogos brasileiros. Em dezembro, realizou-se o seminário Diário

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de Campo: Arthur Ramos, os Antropólogos e as Antropologias, que realçou sua atuação na área das ciências sociais e como representante do Brasil e da América Latina na Unesco, onde foi o primeiro diretor do Departamento de Ciências Sociais. Foi também concluído o inventário do arquivo Arthur Ramos, conjunto de aproximadamente 5 mil documentos adquirido pela Biblioteca Nacional nos anos 50 do século passado que será publicado na coleção Rodolfo Garcia. Também por meio do Departamento de Referência e Difusão, foi assinado convênio com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) para as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil. As ações resultantes do convênio ficarão sob a coordenação da Comissão Luso-Brasileira de Salvaguarda e Divulgação do Patrimônio Documental, na qual a Fundação Biblioteca Nacional está representada pela chefia da Divisão de Manuscritos. Como efeito dessa parceria, dez estagiários fizeram o inventário das coleções Inquisição em Goa (1.630 documentos), Inconfidência Mineira (30 documentos), Tiradentes (250 documentos) e Macedo (1.468 documentos). Cabe destacar ainda a criação do projeto de tradução para o português da obra Geografia, de Cláudio Ptolomeu. Feita com base na edição existente no acervo da Biblioteca Nacional, em latim e datada de 1486, terá a participação de especialistas em Letras Clássicas e História Medieval de universidades brasileiras, como a Universidade Federal Fluminense, e do exterior, entre as quais a Universidade de Coimbra, em Portugal. Por último, cabe destacar também o projeto Museu Ebal, cujo objetivo principal é incorporar ao acervo as coleções históricas da Editora Brasil-América, recentemente doadas à FBN. Estimado em 30 mil peças, este conjunto documental é representativo da história da editora criada em 1933 por Adolfo Aizen. A Ebal trouxe para o Brasil as histórias em quadrinhos americanas editadas pela King Feature Syndicate, incentivando a produção dos quadrinhos nacionais. Integram o acervo a arte-final de obras como História do Brasil em quadrinhos e Casa grande & senzala, com desenhos de Ivan Wash Rodrigues, e títulos como Menino de engenho e Iracema, ilustrados por André Le Blanc.

1.1 Exposições e Mostras do Acervo Ainda por meio do Departamento de Referência e Difusão, foram organizadas, ao longo do ano, uma série de pequenas mostras: Cordel: o Imaginário da Gravura Popular (evento integrado à Mostra Rio Gravura, promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro); Fontes Nativas (Dia do Índio); Ataulfo Alves (pelos 100 anos

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de nascimento do compositor); Microfilmar para Preservar (sobre o processo de microfilmagem adotado na FBN); Era uma vez uma cidade (aniversário da cidade do Rio de Janeiro); Nelson Werneck Sodré (homenagem ao autor por ocasião de sua morte em janeiro); Grover Chapmam (homenagem ao gravador, que doou seu acervo à FBN); 200 Anos de Balzac; Talento & Engenho (As Grandes Invenções. As Máquinas do Progresso. Terra, Mar e Ar); e Arthur Ramos (assinalando os 50 anos de sua morte); Já em parceria com outras instituições culturais do país, a Biblioteca Nacional cedeu peças do seu acervo raro para exposições realizadas por outras instituições: D. João VI: um Rei Aclamado na América, no Museu Histórico Nacional; O Brasil Redescoberto, no Paço Imperial; Oswaldo Goeldi, no Espaço Cultural dos Correios; Albrecht Dürer: O Apogeu do Renascimento Alemão, no Museu Nacional de Belas Artes, e Piranesi: Ruínas e Fantasias, no Centro de Arquitetura e Urbanismo.

1.2 Atendimento ao Público Em 1999, o atendimento ao público foi feito de 2ª a 6ª feira, das 9 às 20 horas, e aos sábados, das 9 às 15 horas. Os gráficos abaixo revelam o atendimento em cada uma das divisões que integram o Departamento de Referência e Difusão.

Público Atendido por Área/Divisões 1999

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Atendimento segundo o Turno 1999

Atendimento à Distância Pesquisas Bibliográficas* 1999

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2 - Intercâmbio Técnico Técnicos do Departamento de Referência e Difusão participaram dos seguintes eventos: mesa-redonda Instituições de Pesquisa e seus Acervos, promovida pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro; Encontro de Pesquisadores e Professores em História da Educação; mesa-redonda Arquivos do Rio de Janeiro: Fontes para História da Educação no Brasil, promovida pela UFRJ/Fórum de Ciência e Cultura, Rio de Janeiro; Encontro Internacional sobre Conservação do Patrimônio Bibliográfico e Documental em Clima Subtropical, promovido pelo Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico Espanhol, realizado em Santa Cruz de la Palma - Canárias; visita técnica à Biblioteca Nacional da Espanha e de Nova York - EUA, para fins de intercâmbio nas áreas de acervo de desenhos, gravuras, fotografias e de tecnologia digital; Mesa-redonda Nacional de Arquivos, promovida pelo Banco Mundial, Organização dos Estados Americanos, Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) e Arquivo Nacional do Brasil; curso Escuela de Archivos para Iberoamérica, promovido pelo Ministério da Cultura da Espanha/Biblioteca Nacional da Espanha; Bolsa de Estudo da Biblioteca Nacional de Lisboa; Curso de Descrição Arquivística, realizado no Arquivo Nacional, tendo como docente Michael Cook (Arquivo Nacional da Inglaterra e Conselho Internacional de Arquivos) e Encontro Nacional de Acervos Literários Brasileiros, promovido pela PUC-RS.

3 - Cursos e Seminários A área de Referência e Difusão também promoveu o curso Coleções Especiais: Livros e Periódicos Raros e a oficina Identificação e Representação de Manuscritos, a partir da qual foi elaborada uma metodologia de descrição de acervos manuscritos. Outro evento foi a série Seminários Musicais, a cargo de músicos e musicólogos brasileiros, tendo como referência o acervo da Divisão de Música. Programação: Ernesto Nazareth e o Tango Brasileiro, Marcelo Verzoni; A MPB na Era do Rádio, Jairo Severiano; Guerra-Peixe: sua Evolução Estilística à Luz das Teses Andradeanas, Antônio Guerreiro; Estrutura e Linguagem da Obra de Ricardo Tacuchian; Ricardo Tacuchian; A Harmonia Criativa: uma Descrição dos Procedimentos Didáticos de Luiz Eça, Sheila Zagury; Nacionalismo Musical do Século XX: a Visão do Compositor, João Guilherme Ripper e Composições: Estilo e Escolhas, Marisa Resende.

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4 - Processamento Técnico do Acervo No âmbito de suas atividades permanentes, a área de Referência e Difusão desenvolveu uma série de ações de processamento técnico do acervo especializado e geral. As principais ações foram as seguintes: 4.1 - Documentos manuscritos: revisão e complementação da identificação dos documentos da coleção Artur Ramos e elaboração de catálogo com, aproximadamente, 5 mil verbetes; identificação de 3.069 documentos da coleção Beatrix Reynal; arranjo e identificação de 40 documentos da coleção Blanche Ribeiro Gomes, já disponíveis em base de dados no site da Biblioteca Nacional; reorganização dos documentos da coleção Casa dos Contos, elaboração de mapa da capitania de Minas Gerais, revisão parcial e continuidade de registros; organização e identificação de cerca de 2 mil documentos da coleção Linhares; organização e identificação de seis documentos da coleção marechal Rondon, já disponíveis no site da FBN; identificação e acondicionamento de 461 documentos da coleção Mário Barreto, ainda não concluídos; higienização, identificação, localização topográfica, registro e acondicionamento de 150 fotografias e desenhos da coleção Percival Farcqhuar, restando o tratamento da documentação textual; identificação e troca de pastas de 154 documentos da coleção Portugal, em andamento; identificação e troca de pastas de 646 documentos da coleção Tobias Monteiro, em andamento; sistematização das informações relativas às coleções que compõem o acervo, a fim de aprimorar a qualidade da informação prestada ao usuário pelo Guia de coleções; identificação das obras impressas existentes na Divisão de Manuscritos, setor Impressos, tornando-as recuperáveis por autor, título, assunto e localização física, mediante sistema de entrada de dados desenvolvido em Micro-Isis; tratamento de 1.256 fotografias do Instituto Nacional do Livro, incluindo higienização, identificação, registro, descrição, acondicionamento e elaboração de guias-fora (fantasma) remissivos, com término previsto para o ano 2000; elaboração de inventário dos documentos da Real Biblioteca, visando a racionalizar o acesso ao acervo e torná-lo disponível para as comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil; revisão da identificação realizada anteriormente nos Códices, de modo a aprimorar o instrumento de pesquisa. 4.2 - Música e Arquivo Sonoro: organização, descrição e acondicionamento do arquivo de imagens; catalogação, classificação e acondicionamento do acervo de partituras, com 2.800 páginas já trabalhadas; higienização, identificação, localização topográfica, acondicionamento do arquivo de correspondência passiva e

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ativa da Divisão de Música, em curso; recuperação dos discos de 78 Rpm, com o fim de preservar a memória musical brasileira, concluída com 7.421 documentos trabalhados; normalização e atualização da base da dados do arquivo sonoro: em curso, com 2.400 discos já processados; atualização e complementação da base de dados de partituras, com 22.946 documentos já convertidos da base Isis para Ortodocs; automatização do banco de dados de autoridade, em curso; processamento técnico de teses em música, com 230 documentos já processados; identificação, catalogação e classificação de novos documentos e revisão da antiga base de dados de discos de 33 rpm, com 6.018 documentos já processados. 4.3 Iconografia: unificação/automação dos catálogos do acervo bibliográfico da Divisão de Iconografia (constituição de base de dados de monografias específicas de iconografia, acrescida do código de localização das obras; processamento técnico automatizado de cerca de 8 mil livros antigos, séculos XVI ao XIX, nunca disponibilizados aos usuários, com 6.746 documentos já processados, convertidos e migrados; inventário, higienização, acondicionamento e catalogação do acervo de desenhos; inventário, higienização, acondicionamento e catalogação do acervo de gravura da Divisão de Iconografia; tratamento técnico de todo o acervo, que inclui cartazes, calendários, cardápios, rótulos; tratamento técnico automatizado, conservação, reprodução fotográfica e acondicionamento do acervo fotográfico, com 6.527 fotos já processadas; tratamento técnico dos atlas históricos; tratamento técnico do acervo de mapas, incluindo-se os mapas recebidos do Núcleo de Depósito Legal e do Escritório de Direitos Autorais; conservação e acondicionamento do acervo bibliográfico, mediante intervenções básicas de conservação e acondicionamento realizadas por patrulheiros da FIA, sob a responsabilidade e a orientação do Centro de Conservação e Encadernação da FBN; criação do arquivo de negativos e diapositivos do acervo iconográfico (para evitar que o acervo seja excessivamente reproduzido, controlar o uso das imagens, mas facilitar o acesso ao pesquisador); e digitalização do acervo de mapas raros (patrocínio Mellon Foundation), com vistas à criação de home page. 4.4 Obras Raras: localização e identificação dos títulos de periódicos que compõem o acervo de obras raras, como também intercâmbio de informações sobre esses periódicos entre diversas instituições, com 9.316 documentos processados e 6.006 registros já automatizados; identificação e transferência de duplicatas dos periódicos para o anexo, a fim de abrir espaço para as coleções principais; transferência de obras do século XVII, do armazém de Obras Gerais para a Diora e

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identificação e localização do acervo da Real Biblioteca, com vistas à publicação de catálogo especial. 4.5 Acervo Geral: esta área, por sua vez, incorporou 79.327 peças, assim distribuídas: 61.073 publicações seriadas, 17.955 livros e 299 obras de referência.

B ) P RO C E S S A M E N TO T É C N I C O

2 Serviços Bibliográficos 2.1 Captação de Acervo Em 1999 foram captadas 123.261 peças: 108.785 por meio da Lei do Depósito Legal e 14.191 por doação e permuta, número que representou um aumento de 80% de títulos novos. O aumento resultou de cobrança sistemática junto às editoras nacionais, boa parte das quais ainda não cumpre a lei. A mesma política de cobrança foi adotada para o acervo de periódicos, o que ocasionou a elevação de 40% de captação. Também aumentou o recebimento de obras por doação ou permuta. A Fundação Biblioteca Nacional mantém programa de permuta com 34 bibliotecas nacionais de diversos países e 14 organismos internacionais. Obras editadas ou coeditadas pela Fundação Biblioteca Nacional e duplicatas do acervo são enviadas a diversas instituições por este programa e, em contrapartida, recebidas inúmeras outras. As principais doações foram feitas pela Livraria Francisco Alves Editora, e pelos responsáveis pelas coleções Eremildo Viana, marechal Rondon, Roland Corbusier, Assembléia Legislativa/RJ, Instituto Camões.

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Acervo Recebido* 1990 a 1999

*Acervo recebido por meio de depósito legal, direitos autorais, compra, doação e permuta.

2.2 Aquisição de Material Bibliográfico e Documental A Fundação Biblioteca Nacional adquiriu, por compra, 285 títulos, ação destinada a atualizar o acervo da Biblioteca Nacional com obras relevantes e não recebidas pelos meios descritos anteriormente. Com isso, procura-se garantir uma das funções-fim desta Instituição, a de centro referencial nacional de informações bibliográficas.

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2.3 Processamento Técnico Automatizado do Acervo Foram incorporadas 86.313 peças e processadas 19.387. Na base de dados foram atualizados e/ou gerados 59.664 registros bibliográficos.

2.3.1 - Produção e Atualização de Bases de Dados Ainda em relação à base de dados, foram desenvolvidas as seguintes atividades inerentes ao Programa de Unificação da Metodologia de Geração e Administração das Bases de Dados Bibliográficos e sua conversão para o Formato Internacional de Intercâmbio de Registros Bibliográficos (Usmarc): a) Conversão de bases de dados: estudos para criação de tabelas de conversão de bases de dados de Microisis para o formato Usmarc; elaboração de tabelas de conversão a partir das decisões tomadas com a conclusão dos estudos; testes de conversão; exportação em Microisis já com os campos que compõem os registros bibliográficos convertidos para o formato Usmarc; migração final dos arquivos em Microisis para a plataforma do software Ortodocs, hoje adotado no processamento técnico da Biblioteca Nacional. b) Criação de menus (scripts): foram elaborados scripts e tabelas destinados à entrada de dados nas bases implantadas. Os campos dos scripts estão em concordância com os campos do formato Usmarc. c) Criação de modelos de fichas: foram criadas fichas etiquetadas próprias para exibição aos usuários. Já o Programa de Unificação de Metodologia de Geração e Administração das Bases de Dados Bibliográficos e sua Conversão para o Formato Usmarc foi desenvolvido nos moldes do que já havia sido feito, em 1997, com a Base de Monografias

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da Biblioteca Nacional. A aplicação desse programa permitiu a conversão das bases dos seguintes acervos: Obras Raras, Partituras Musicais, Discos, Fotografias, Material Cartográfico e Periódicos Raros. Um dos principais resultados obtidos foi a disponibilização das bases na internet, por meio do site da Fundação Biblioteca Nacional: www.bn.br . Em 1999, ficaram disponíveis 17 bases de dados englobando o acervo geral e especializado da Biblioteca Nacional e três bases com dados cadastrais: Cadastro de Bibliotecas Públicas, ISBN no acervo da Biblioteca Nacional e Catálogo de Editores. As 20 bases disponibilizam aproximadamente 1 milhão de registros. Alguns, referentes ao acervo como mapas, partituras e fotos têm associação de multimídia.

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Movimento Anual de Acesso a Home Page - 1999

Em relação ao acervo de periódicos (jornais e revistas), foi desenvolvida metodologia para automação do controle da coleção da Biblioteca Nacional. A partir de abril, o registro dos periódicos passou a ser feito na Base Kardex de Periódicos. Desenvolvida e administrada pelo setor de Registro Patrimonial, substituiu o registro em fichas Kardex, incluindo 1.117 títulos novos. A Base Kardex de Periódicos é uma base de trabalho transitória. Ela contém apenas os títulos novos (recebidos por depósito legal, doação, direitos autorais ou permuta) e suas respectivas coleções, até o momento do título ser processado tecnicamente pela Divisão de Periódicos e incluído na Base de Publicações Seriadas (base oficial de periódicos da FBN).

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No segundo semestre, iniciou-se o registro de jornais e diários oficias na Base de Publicações Seriadas. Foram incluídas as coleções dos títulos já existentes na base e, posteriormente, todos os títulos recebidos por meio da Lei do Depósito Legal, com suas respectivas coleções. Foram incluídos 651 títulos na base e as coleções de 313 títulos já existentes. Também foi realizado o processamento técnico dos jornais recebidos por meio do convênio firmado entre a Associação Brasileira de Jornais do Interior (Abrajori) e a FBN. Foram processados 322 títulos novos e registrados 10.826 fascículos.

2.3.2 Processamento Técnico do Acervo Para resgatar a parte do acervo especializado ainda não disponível para os usuários, implantou-se um programa de incorporação nas bases de dados da FBN. Para tanto, foram processados tecnicamente acervos de inigualável importância histórica para o país, tais como: periódicos raros do século XIX, livros iconográficos do século XVI ao XIX, mapas antigos e raros e obras raras. A maior parte desse acervo pertence à Real Biblioteca, que deu origem, no Brasil, à atual Biblioteca Nacional. Foi também ministrado curso de treinamento em Marc e Ortodocs visando à implantação do processo técnico automatizado nas áreas de acervo especializado: Música, Iconografia, Obras Raras e Material Cartográfico.

2.4 Estatística de Produção dos Serviços Bibliográficos. 2.4.1 Captação de Acervos Tipo de material DL

D/P

C

Total Geral

Monografias

20.778

5.890

234

26.902

Pub. Seriadas

86.942

5.313

51

92.306

Mat. Especiais

1.065

2.988

––

4.053

Total

108.785

14.191

285

123.261

DL = Depósito Legal / D = Doação / P = Permuta / C = Compra / Pub. Seriadas (Publicações Seriadas) = jornais e revistas / Mat. Especiais (Materiais Especiais) = CD-Rom, discos, vídeos, disquetes, partituras etc.

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2.4.2 Incorporação ao Acervo Monografias, publicações seriadas e material especial selecionados e registrados: 86.313 peças.

2.4.3 Publicações Selecionadas e Distribuídas Biblioteca Euclides da Cunha, Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, Biblioteca Demonstrativa de Brasília e demais instituições cadastradas no setor de Intercâmbio: 24.944 peças

2.4.4 Processamento Técnico do Acervo Títulos processados:19.387

2.4.5 Bases de Dados Produzidas/Atualizadas Criadas e totalizadas cinco bases de dados, perfazendo total de 59.664 registros bibliográficos incorporados durante o ano.

DESCRIÇÃO DAS BASES DE DADOS Total no ano 1999 Total de registros na base Catálogo de Monografias

19.387

263.685

Catálogo de Editores

144

3.661

Autoridades Assuntos

5.060

15.273

Kardex de Periódicos

1.117

22.532*

Autoridades Nomes

33.956

48.929

* Os títulos já existentes na Base de Publicações Seriadas da FBN estão sendo eliminados da Base Kardex de Periódicos. A base ficará apenas com títulos novos, seções especializadas e jornais.

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2 - Preservação Quanto às atividades permanentes de preservação do acervo, a cargo das divisões de Conservação e Restauração e de Microfilmagem, do Centro de Conservação e Encadernação e do Laboratório de Restauração, destacamos, do acervo especializado, a restauração e encadernação da coleção de incunábulos da Biblioteca Nacional e a restauração, por meio do projeto Brasil e os Holandeses, patrocinado pelo Banco Real, dos dois exemplares raros da obra Rerum per octennium in Brasilia, de Gaspar Barleus, de 1647. Outras 14 obras raras diversas também foram inteiramente restauradas e encadernadas. Com o patrocínio da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, foi possível também o tratamento de três volumes da coleção G.B. Piranese: La anchietá, Campo malzio dell’ antiga Roma e Opere varie di architetura, ao todo com 294 gravuras. Também foram restaurados e/ou acondicionados 28 mapas raros e obras cedidos por empréstimos para exposições. No que se refere às obras do acervo geral, deu-se prosseguimento aos trabalhos de encadernação, douração, reestruturação de folhas e de volumes, higienização e acondicionamento e ao tratamento do acervo fotográfico. Para a exposição de aniversário da Biblioteca Nacional, dez obras receberam tratamento. Dentro do Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros, estão sendo reativados convênios com fundações, bibliotecas, órgãos estaduais, empresas jornalísticas e casas de representação, tais como: Arquivo Nacional (RJ), Arquivo Público da Bahia (BA), Arquivo Público Mineiro (MG), Biblioteca Pública do Paraná e a de Santa Catarina, Câmara dos Deputados (DF), Fundação Casa de Rui Barbosa (RJ), Funcamp (SP), Fundação Joaquim Nabuco (PE), Library of Congress (USA), Universidade Federal da Bahia (BA) e a de Mato Grosso (MT), Universidade Estadual Paulista (SP), Biblioteca Mário de Andrade (SP). Entre as empresas jornalísticas, no Estado do Rio de Janeiro, convênios com o Jornal do Brasil, Jornal do Commercio, Tribuna da Imprensa, O Fluminense, O Dia e O Globo; e, em São Paulo, com o Diário Popular, O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde. No atendimento aos usuários, houve resposta a 560 pedidos: 153 rolos microfilmados, de diversos títulos, e 1.067 rolos duplicados, com 1.625 volumes movimentados. Para atender às 1.017 solicitações de cópias eletrostáticas, foram feitas 10.662 cópias.

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Quadro estatístico de produção

PRINCIPAIS REALIZAÇÕES Descrição

Unidade de Medida

Programado

Executado em 1999

A Executar

Acervo Conservado

Folha

10.000

18.319

-

Acervo Higienizado

Volume

15.000

8.283

6.717 (*)

Acervo Restaurado

Folha

3.000

3.335

-

Acervo Encadernado

Volume

1.400

1.400

-

Acervo Microfilmado

Rolo

700

913

-

Acervo Acondicionado

Volume

40.000

6.256

33.744 (*)

Preparo de Documentos para Microfilmagem

Página

500.000

759.570

-

Produção de Fotogramas de Microfilmes

Fotograma

500.000

719.555

-

Acervo Duplicado

Rolo

3.000

5.122

-

Revisão e Rolo Microfilmado

Rolo

3.500

6.135

-

(*) Metas não alcançadas por falta de técnicos.

No Laboratório Fotográfico, foram realizadas 1.499 ampliações para a FBN e 488 para usuários. Foram processados 2.267 negativos e acondicionados 9.876, e feitas 284 reproduções fotográficas (as tabelas abaixo detalham estes números). Houve cobertura fotográfica de 34 eventos.

Ampliações Fotográficas Tamanho

FBN

Usuário

12X18

187

28

18X24

543

321

20X25

15

15

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PROCESSAMENTO DE NEGATIVOS Especificação Quantidade 120 241 135 26 Total 267

ACONDICIONAMENTO DE NEGATIVOS Especificação Quantidade 120 2120 135 1537 120/cor 31 135/cor 630 120/cromo 20 135/cromo 48 Total 9.876

REPRODU²AO Especificação 120 135 120/cor 135/cor 120/cromo 135/cromo Total

Quantidade 199 06 02 03 04 01 284

Obs: estes 284 filmes reproduzidos geraram 2.840 imagens do acervo em negativos de segunda geração.

2.1 Seminários, Palestras e Cursos Sob o patrocínio do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, foram realizados de agosto a novembro workshops, com duração de uma semana, em horário integral, sobre Preservação de Acervos Bibliográficos e Documentais, nas seguintes cidades: Vitória/ES, Aracaju/SE, Rio Branco/AC, Salvador/BA, Recife/PE, Goiânia/GO e Rio/RJ. Como parte da Semana de Estudos de Conservação de Acer-

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vos sobre Papel, representante desta coordenadoria ministrou aula sobre Conservação-Restauração, no Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, da Universidade Federal de Minas Gerais. Com apresentação de trabalho sobre acondicionamento de documento manuscrito com selo pendente, um funcionário desta coordenadoria participou do Encontro Internacional sobre Conservação do Patrimônio Histórico Espanhol, em Santa Cruz de La Palma, Ilhas Canárias, Espanha. Técnicos do Centro de Conservação & Encadernação e do Laboratório de Restauração integraram, na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, workshop sobre encadernação e restauração de época, ministrado pelo professor Bernard Middleton, da Inglaterra. Houve participação ainda destes técnicos em palestra e workshop dos conservadores/restauradores espanhóis Pedro Barbachano e Ana Beny, na Associação Brasileira de Encadernadores e Restauradores, em São Paulo. E ainda: representante da Divisão de Conservação e Restauração proferiu palestra sobre Encadernações Comerciais e de Época adotadas para os acervos de obras gerais e raras da Biblioteca Nacional, na Universidade Federal de Minas Gerais. Aula sobre processos de microfilmagem foi ministrada por representante da Divisão de Microrreprodução, na Universidade Federal Fluminense. Técnicos da mesma divisão participaram, em outubro, da XXII Exposição Internacional de Gerenciamento Eletrônico de Documentos, realizada em São Paulo, durante a Infoimagem/99.

2.2 Assessoria Técnica Com o propósito de entrar em contato com programas de digitação de mapas de última geração de instituições norte-americanas, como a Biblioteca da Universidade de Columbia, a Biblioteca Pública da Cidade de Nova Iorque e as bibliotecas do Congresso e do Arquivo Nacional, em Washington, representantes da Coordenadoria de Preservação estiveram, no período de 18 a 26 de janeiro, em visita oficial de estudos, nos EUA. A visita representou a etapa inicial do projeto Digitação de Mapas Antigos, a ser desenvolvido em parceria com o Serviço de Documentação da Marinha, tendo o patrocínio da Andrew Mellon Foundation. Um representante desta coordenadoria esteve também em visita técnica à Fundação Rio das Ostras de Cultura e à Biblioteca Municipal de Rio das Ostras, no Estado do Rio de Janeiro, para planejamento de workshop. Assessores técnicos acompanharam as montagens e desmontagens das exposições: comemorativa dos 189 anos de fundação desta Casa, Biblioteca Nacional, sua Trajetória e História, na FBN, no Rio; A Paisagem Pitoresca no Brasil, no Museu

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da Chácara do Céu, no Rio; Brasil e os Holandeses, com empréstimo de gravuras e mapas de Gaspar Barleus, no Banco Real, em São Paulo, e no Palácio das Artes, em Belo Horizonte; Mostra Rio de Gravuras, com empréstimo de gravuras de Dürer, no Museu Nacional de Belas Artes; com empréstimo de gravuras de Piranese, no Instituto de Arquitetos do Brasil; e com empréstimo de obras de Oswald Goeldi, no Espaço Cultural dos Correios, no Rio. Foram realizadas também visitas técnicas para avaliar o estado de conservação de obras no Jardim Botânico e na Biblioteca Municipal de Rio das Ostras, no Estado do Rio de Janeiro, e na Sociedade Sul Rio-grandense, no Rio Grande do Sul.

I I I - O L I V RO

Em 1999, a Fundação Biblioteca Nacional, por intermédio do Departamento Nacional do Livro (DNL), publicou, em co-edição, 17 títulos de autores nacionais contemporâneos, dando seguimento ao programa Biblioteca Básica da Cultura Brasileira, e concedeu o Prêmio Luís de Camões à poeta portuguesa Sofia de Mello Breyner, com base no acordo assinado entre Brasil e Portugal. Outros seis prêmios foram concedidos pela FBN. A FBN, também com a interveniência do DNL, participou ainda de cinco feiras internacionais, concedeu 10 bolsas para escritores brasileiros concluírem seus trabalhos e 26 outras para tradução de obras brasileiras para outros idiomas, com destaque para o espanhol.

1 - Promoção do Livro 1.1 - Participação em feiras internacionais Com o objetivo de divulgar a literatura nacional em centros que estudam e pesquisam a cultura brasileira, a FBN participou de variados eventos no exterior relacionados ao livro. Em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, foram enviadas publicações de vários gêneros a esses eventos, todas doadas, posteriormente, a universidades locais.

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Destacamos nossa participação nas seguintes feiras: Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bologna, na Itália; Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, na Argentina; Feira Internacional do Livro de Frankfurt, na Alemanha, e Feira Internacional do Livro Ibero-Americano (Liber/99), em Barcelona, Espanha.

1.2 - Feiras no Brasil A FBN participou também de feiras realizadas no Brasil com caráter internacional, como a IX Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro; e o Salão Internacional do Livro de São Paulo, na capital paulista. Durante a IX Bienal Internacional do Livro, no Rio, foram organizados dois eventos de porte: o V Encontro de Tradutores e Agentes Literários, para sedimentar a estratégia de tradução de obras brasileiras no exterior (entre outros, estiveram presentes personalidades como Jean Baudrillard, Rafael Argullol, Frances Albernaz e Jean Soublin); e o IV Encontro sobre Direitos Autorais, que possibilitou debates e apresentação de sugestões e propostas para questões relacionadas com as novas técnicas editoriais de reprodução de escritos, de imagens e de sons.

1.3 - Concessão de prêmios A poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner recebeu da FBN o Prêmio Luís de Camões 1999, concedido anualmente a escritores de língua portuguesa, conforme o protocolo assinado em 1988 pelos governos do Brasil e Portugal. O júri brasileiro foi composto por Leyla Perrone-Moisés, Luiz Costa Lima e Elmer Corrêa Barbosa. Integraram o júri português António Alçada Baptista, Maria Irene C. Ramalho, Maria Alzira Seixo. Para estimular escritores brasileiros e programadores visuais que contribuíram para melhorar o padrão de qualidade dos projetos gráficos dos livros produzidos no Brasil, a FBN, como vem fazendo desde 1995, premiou escritores em seis categorias: poesia, narrativa, ensaio literário, ensaio social, tradução e projeto gráfico. Prêmio Alphonsus de Guimaraens, para poesia: Ferreira Gullar, com Muitas vozes, Editora José Olympio. Júri: Alberto Pucheu, Antônio Carlos Secchin, Alexei Bueno, Armando Freitas Filho, Mário Chamie e Marcos Lucchesi. Prêmio Machado de Assis, para narrativa (obs: a partir deste ano, nesta categoria foram integrados os prêmios antes concedidos, separadamente, para conto e ro-

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mance): Ana Maria Machado, com A audácia dessa mulher, Nova Fronteira. Júri: Beatriz Resende, Domício Proença Filho e Flávio Loureiro. Prêmio Mário de Andrade, para ensaio literário: Márcio Seligmann-Silva, com Ler o livro do mundo, Walter Benjamin: Romantismo e crítica literária, Iluminuras. Júri: Leyla Perrone-Moisés, Luiz Costa Lima e Paulo Roberto Pereira. Prêmio Sérgio Buarque de Holanda, para ensaio social: Marilena Chaui, com Nervura do real, Companhia das Letras. Júri: Maria Alice Rezende, Leandro Konder e Renato Janine Ribeiro. Prêmio Paulo Rónai, para tradução: tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti, com Poesias de Salvatore Quasimodo, Record. Júri: Alberto da Costa Silva, Autran Dourado e Leonardo Visconti. Prêmio Aloísio Magalhães, para projeto gráfico: designer Evelyn Grumach, pelo conjunto de projetos gráficos realizados para a editora Civilização Brasileira. Júri: Leonardo Visconti, Joaquim Redig e Geraldo Edson de Andrade.

2 - Editoração e Difusão do Livro 2.1 - Obras Publicadas Este ano publicamos os seguintes títulos, todos resultantes de atividades e programas exclusivos da instituição (total de 18 mil exemplares): Periódicos: Brazilian Book Magazin nºs 16 e17; Poesia Sempre nºs 10 e11; Anais da Biblioteca Nacional nº 116; Recortes do Brasil (clipping) nºs 10, 11 e12. Catálogos: Catálogo de tradutores e agentes literários (org. Miriam Leme); Catálogo da exposição Celso Cunha - 10 anos de saudade (org. Paulo Roberto Pereira); Catálogo da exposição Cruz e Souza - 100 anos de morte (org. Alexei Bueno); Catálogo 100 anos de Dom Casmurro - exposição e publicação de didática. Manuais técnicos: Acondicionamento e guarda de acervos fotográficos (org. Ana Lúcia de Abreu). Monografias: Operário do canto - homenagem a Geir Campos - 13 depoimentos e ensaios.

2.2 - Co-edições Com a finalidade de ampliar a Biblioteca Básica da Cultura Brasileira, foram coeditados 17 títulos de autores nacionais contemporâneos, no total de 28 mil exemplares.

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Os títulos foram os seguintes: Dicionário de provérbios, de Roberto Lacerda, Estela Abreu e Helena Lacerda, com a Lacerda Editora; Tieta do Agreste, O país do carnaval, São Jorge de Ilhéus, Seara vermelha, Farda fardão camisola de dormir, Suor, de Jorge Amado e Os viventes, de Carlos Nejar, com a Editora Record; Cartas do coração, de Elizabeth Orsini, Razões públicas, emoções privadas, de Jurandir Freire Costa e Conversa na varanda, de Regina Navarro Lins, com a Editora Rocco; Lavradio, de Reinaldo Valinho Alvarez, com a Editora Imago; Apontamentos de viagem, de J.A. de Leite Moraes, A alma encantadora das ruas, de João do Rio, Retrato do Brasil, de Paulo Prado, O caso Morel, de Rubem Fonseca e Vinícius de Moraes, poeta da paixão, de José Castello, com a Companhia das Letras.

2.3 - Distribuição de Publicações Em continuidade ao programa de remessa de livros para as bibliotecas cadastradas no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, foram enviados 25.396 títulos. Para o exterior, foram remetidas quatro edições, em total de 2 mil exemplares, do clipping Recortes do Brasil, com reprodução de resenhas e artigos sobre a produção editorial brasileira contemporânea, destinadas a divulgar os autores brasileiros.

2.4 - Novos Projetos O Departamento Nacional do Livro desenvolveu ainda, ou começou a desenvolver, os seguintes projetos. Biblioteca Virtual – seu objetivo é disponibilizar no site da FBN títulos de autores brasileiros em domínio público nos diversos campos da produção literária: romance, poesia, conto, ensaio, teatro, discursos e sermões, pensamento social, história, obras de referência, entre outros. Cada título é acompanhado de nota informativa sobre a obra e por resumo da biografia do autor. Este projeto tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e abrange, na primeira fase, cem textos selecionados: 63 já estão disponíveis na home page da FBN e 20 ainda em preparo, somando 83 textos executados até o final de 1999. Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira. Rede de Estatística do Livro ( livrarias e editoras): no Estado do Rio de Janeiro deu-se continuidade, em convênio com a Faperj, ao levantamento para a publicação do Riolivro.

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Foram produzidos ainda três CD-ROMs para integrar a Enciclopédia Audiovisual da Cultura Brasileira, projeto que pretende divulgar, com leitura crítica de clássicos brasileiros, nosso patrimônio artístico na literatura. E foi inaugurada a Loja do Livro, na sede da FBN. Em 1999, foram vendidos 2.273 exemplares.

2.5 Bolsas No âmbito do Programa de Concessão de Bolsas para Escritores Brasileiros foram distribuídas dez bolsas para obras em andamento, nas categorias poesia, narrativa e ensaio literário. Na categoria poesia receberam bolsas: Taís Guimarães, para o livro Poemas; Ruy Alberto d’Assis Espinheira, para Novos poemas, e Fernando Forte, para O olho da morte. Júri: Cláudio Murilo Leal, Helena Parente Cunha e Alexei Bueno. Na categoria narrativa: Marco Antônio Alves de Carvalho, para a obra Feijoada no paraíso; Tércia Montenegro Lemos, para Linha férrea; Sérgio Fuzeira Martagão Gesteira, para In fieri, e Ernani Ferreira da Fonseca Rosa, para a obra Corvos na chuva. Júri: Godofredo de Oliveira Neto, Antônio Carlos Secchin e Bella Jozef. Na categoria ensaio literário: Ubiratan Paulo Machado, para A vida literária no Brasil durante o Romantismo; Paulo Venâncio Filho, para A crise da pessoalidade e o outro modernismo: Cornélio Penna/Goeldi/Mário Peixoto; e Adriana de Fátima Barbosa Araújo, para Como a luz branca nas cores do espectro ou a construção da subjetividade em Uma noite em Curitiba, de Cristóvão Tezza. Júri: Ângela Maria Dias, Ivo Barbieri e Ronaldes de Melo Souza. O Programa de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros em Diversos Idiomas, que visa a aumentar o conhecimento da literatura nacional no exterior, por meio de apoio financeiro aos editores estrangeiros na tradução e publicação de autores brasileiros, concedeu 30 bolsas: quatro com recursos próprios e 26 em convênio com o Ministério da Cultura. Das bolsas concedidas em parceria com o Ministério da Cultura, 11 foram destinadas à tradução e edição de obras em espanhol. Vale destacar o sucesso deste programa, pois as bolsas têm financiado a maioria dos livros de autores brasileiros comercializados no exterior.

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3 - International Standard Book Number ISBN A FBN, como agência brasileira do International Standard Book Number, deve controlar a produção editorial no país, cadastrando editoras e numerando os títulos publicados. Foram atribuídas referências de ISBN a 21.972 obras e cadastradas 942 editores no Brasil. Enviado do DNL esteve presente à reunião do ISBN, realizada em Londres.

EDITORES CADASTRADOS E ISBN ATRIBUIDOS – 1999 1999

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

Editores 48

58

ISBN

128 442

46

93

71

85

72

637

529

565 1.406 3.591 4.864 6.617 5.351 5.593 21.972

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105 90

85

47

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Evolução do ISBN 1978/1999

4 - Escritório de Direitos Autorais-EDA O Escritório de Direitos Autorais, cumprindo seu objetivo de assegurar a proteção eficaz dos autores e de outros titulares dos direitos sobre as obras literárias, científicas e artísticas, registrou 24.057 obras, em 1999. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro registraram o maior número de obras, respectivamente 10.010 e 7.481. Bahia e Minas Gerais vieram em seguida, com 1.716 e 1.374 registros respectivamente. A curva ascendente constante, desde 1992, de obras registradas no país – escritos, obras musicais, pinturas, gravuras, esculturas – evidencia a consolidação do princípio da lei que, por meio da FBN, o Estado traça na defesa do criador intelectual.

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Obras registradas - Evolução 1992/1999

Estatística Anual 1999 UNIDADE FEDERATIVA

OBRAS REGISTRADAS

OBRAS em DEPENDÊNCIA

OBRAS INDEFERIDAS

OBRAS AVERBADAS

Acre Alagoas Amazonas Amapá Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima São Paulo Santa Catarina Sergipe Tocantins TOTAL

03 31 03 10 1.716 143 533 324 90 22 118 104 1.374 45 21 644 301 12 7.481 82 401 38 03 10.010 535 11 02 24.057

01 09 02 02 53 15 57 15 10 03 42 10 54 26 05 95 45 03 469 03 68 03 357 16 01 03 1.367

03 02 02 48 08 28 30 05 02 04 04 16 29 07 01 549 07 35 02 294 35 02 1.113

01 03 01 05

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Em 1999, o atendimento ao público no EDA alcançou 105.414 pessoas, seja pessoalmente, seja via fax, telefone, correio ou Internet. A movimentação no EDA, na vertente cartorária, mostrou a seguinte distribuição: pedidos de registro, 24.059; obras averbadas, cinco; pareceres jurídicos emitidos aos autores, 1.042; livros de Registros e Requerimentos Encadernados, 220; pedidos de segunda via de registro, 503. Na vertente técnico-jurídico, a movimentação exibiu 1.367 obras em dependências e em estudos; 1.114 obras indeferidas e 72 com recurso de indeferimento.

V- Outras Atividades 3 - Biblioteca Demonstrativa de Brasília Além do emprétimo domiciliar e de prestar orientação ao usuário, a Biblioteca Demonstrativa de Brasília- BDB ofereceu os seguintes serviços: Projeto Tira-Dúvidas: iniciativa da Sociedade de Amigos da BDB, funciona desde março de 1996, com o objetivo de dar apoio pedagógico gratuito a alunos, de diferentes graus de escolaridades com dificuldades no apredizado. O projeto baseia-se atualmente no serviço voluntário de 17 professores de diferentes áreas de conhecimento. Serviço de Ouvidoria: criado com o objetivo de receber sugestões, reclamações e aprovações da comunidade, em relação ao funcionamento e ao atendimento na BDB, este serviço é um canal aberto entre a biblioteca e seus usuários. A direção da BDB procura, na medida do possível, atender sugestões ou reclamações do usuário. Tele-Idoso: visa a atender especialmente pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, residentes no Plano Piloto, nos lagos Norte e Sul, Cruzeiro, Octagonal e Setor Sudoeste. Atualmente, o serviço atende a 36 idosos. Quanto a eventos, destacamos: Encontro com Pinóquio, visando a incentivar no público infanto-juvenil o hábito da leitura; projeto Palestras, total de 29 encontros com o objetivo de atualização cultural da mulher; e a comemoração do Dia Internacional da Mulher, com exposição destacando as conquistas femininas nos campos profissional e de cidadania.

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IV A LEITURA

O Proler – Programa Nacional de Incentivo à Leitura teve, em 1999, a cooperação técnica de 216 instituições: 48 instituições governamentais (prefeituras, secretarias estaduais e municipais, fundações de cultura e bibliotecas); seis universidades, sete faculdades e 24 colégios (públicos e privados); 29 instituições privadas (como o Serviço Social da Indústria SESI e o Serviço Nacional do Comércio Senac) e 55 instituições de diferentes áreas.

1 Encontros e Cursos Por meio dessas parcerias e também de convênio especial com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação, o Proler realizou encontros estaduais, cursos e um encontro nacional.

Encontros Estaduais Os encontros estaduais tiveram como tema “A Formação do Professor Leitor e Escritor”. Em número de 43, os encontros envolveram 11.167 agentes de leitura nos seguintes municípios: Região Centro-Oeste: Cáceres (MT), Brasília (DF), Dourados (MS), Goiânia e Anápolis (GO). Região Norte: Macapá (AP), Boa Vista (RR), Manaus (AM), Cacoal (RO) e Belém (PA). Região Nordeste: São Luís, Imperatriz e Caxias (MA), João Pessoa (PB), Natal, Macau e Mossoró (RN), Ituberá, Ilhéus, Itapetinga e Vitória da Conquista (BA), Afogados da Ingazeira (PE), Aracaju (SE) e Fortaleza (CE). Região Sul: Dionísio Cerqueira, Joinville e Caçador (SC), Caxias do Sul e Porto Alegre (RS). Região Sudeste: Rio de Janeiro, Cachoeira de Macacu, Petrópolis, Niterói, Angra dos Reis (RJ), Santos (SP), Aracruz (ES) e Itaúna, Cataguases e Juiz de Fora (MG).

Cursos Os 17 cursos realizados, com 40 horas de duração, envolveram 663 agentes de leitura. Foram realizados nos seguintes locais: Venda Norte do Imigrante (ES), Belém (PA), Goiânia (GO), São Luís (MA), Cáceres (MT), Ituberá (BA), Afogados da Ingazeira (PE), Natal e Macau (RN), Porto Velho (RO), Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Imperatriz (MA), Taquará (CE), Nova Andradina e Campo Grande (MS)e Teresina (PI).

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Curso à Distância Visando à formação continuada na área da leitura, este projeto é desenvolvido através da internet e proporciona acesso a textos de especialistas. É realizado em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/Instituto de Matemática e Estatística e com recursos, em parte, do FNDE. Em 1999, o projeto envolveu cerca de 7.400 promotores de leitura, nos seguintes comitês: Rio Branco (AC), Belém, Feira de Santana, Ilhéus e Vitória da Conquista (BA), Campo Grande e Dourados (MS), João Pessoa e Campina Grande (PB), FNLIJ/Rio de Janeiro (RJ), São Paulo, Santos e Campinas (SP), Porto Alegree Caxias do Sul (RS), Palmas (TO), Cataguases (MG) e Goiânia (GO).

Encontro Nacional De 6 a 10 de dezembro, foi realizado, no Rio de Janeiro, o VI Encontro Nacional de Avaliação e Perspectivas/2000. Participaram do encontro cem técnicos, representando todas as unidades da Federação.

Assessorias O Proler prestou assessorias ao Programa de Instalação de Bibliotecas Escolares, em Alta Floresta (MT); à Universidade Estadual do Mato Grosso, em Cáceres; à Universidade da Amazônia (Unama), que incluiu palestras sobre leitura e a instalação de comitês em Fortaleza (CE), São Luís (MA), Boa Vista (RR) e Dourados (MS).

2 - Outras Ações Os técnicos do Proler também participaram da apresentação do projeto Biblioteca para Todos da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, durante o 12º Congresso de Leitura (Cole). Também inserido no 12º Cole, houve a realização do II Fórum Nacional de Leitura. Para manter um canal de divulgação entre o Proler e os comitês de leitura, deu-se continuidade à publicação bimestral da Folha Proler, com oito páginas, editando-se os números de sete ao 11, com tiragem de 6 mil exemplares.

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3 - IV Concurso Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura, Junto a Crianças e Jovens de Todo o Brasil Em 1999, foram inscritos 218 projetos, representando 21 estados e 143 municípios. Foram vencedores: 1º Prêmio - Mala de Leitura Centro de Trabalhadores da Amazônia Projeto Seringueiro Responsável: Ricardo Hiroyuki Shibata Rio Branco (AC) 2º Prêmio - Biblioteca Solidária - Leitura Extra - Escola, Exercício Pleno da Cidadania Escola Santa Maria Biblioteca Comunitária Professor José Thomás da Silva Sobrinho Responsável: Tânia Cristina Fígaro Ulhoa Uberaba (MG) 3º Prêmio - Mala do Livro Biblioteca Domiciliar Neuza Dourado Secretaria de Cultura do Distrito Federal Departamento de Bibliotecas Criação: Neuza Dourado Freire Responsável: Célia Maria de Almeida Brasília (DF) Hors-Concours Programa Infanto-Juvenil Serviço Social do Comércio (SESC) Administração Regional do Rio Grande do Sul Porto Alegre(RS) Biblioteca Infanto-Juvenil Maria Mazetti Fundação Casa de Rui Barbosa Responsável: Regina Porto Rio de Janeiro (RJ)

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Premiação 1º 2º 3º Hors-Concours Hors-Concours

Projeto Mala da Leitura Biblioteca Solidária Mala do Livro Programa Infanto-Juvenil Biblioteca Infanto-Juvenil

Local Rio Branco (AC) Uberaba (MG) Brasília (DF) Porto Alegre (RS) Rio de Janeiro (RJ)

4 - O Proler no Rio de Janeiro Por meio da Casa da Leitura, situada no Rio de Janeiro, o Proler teve também intensa atuação visando à formação continuada dos promotores de leitura e à ampliação do uso das bibliotecas escolares e das bibliotecas públicas. Essas atividades permitiram à Casa da Leitura consolidar o seu perfil institucional, relacionado à valorização da leitura de textos de qualidade, da produção oral e escrita e do objeto livro, principalmente junto à parcela da população mais carente. Uma das principais atividades foi a programação de eventos em torno do livro e da leitura, buscando contribuir para formação continuada de professores e leitores. O quadro abaixo resume o que foi realizado.

Eventos

Nº de participantes

Nº de atividades

Público

Leitura e contação de história infantil

46

1236

alunos

Debate aberto com jovens

7

652

alunos

Eventos especiais e outras atividades

39

3.377

aberto

Oficinas

08

177

professores

Cursos

14

321

professores

Palestras

10

175

professores

Total

124

5.938

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A Casa da Leitura também promoveu ou participou dos seguintes eventos: a) Exposições: Obras Selecionadas para a Feira do Livro de Bolonha, Itália; 30 anos de Pasquim, Crítica, Resistência e Irreverência; Dom Casmurro/100 anos; Machado de Assis, vida e obra, e Mostra Monteiro Lobato; b) Participação no projeto Paixão de Ler e na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro; c) Intercâmbio internacional com promoção de cursos e palestras ministrados por professores (Portugal/Cuba), por meio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e visitas de professores, de vários estados, integrantes do Programa de Alfabetização Solidária, em ação conjunta com universidades. O quadro abaixo resume a atuação da Casa da Leitura e das universidades neste programa.

PROGRAMA DE ALFABETIZA²AO SOLIDARIA. ATUA²AO EM 1999 Local

Entidade Responsável

Nº de participantes

Sergipe

PUC-RJ

3

Dois Riachos e Jaramataia (AL)

Unigranrio

25

Jaicós e Padre Marcos (PI), Amontada e Itapipoca (CE)

Universo

102

Paulistana, Bethania e Acauã (PI)

UFF

55

Lagoa da Canoa e Olho D’água Grande (AL), Inajá (PE) e Petrópolis (RJ)

Unirio

7

Lagoa da Canoa e Olho D’água Grande (AL), Inajá (PE) e Vassouras (RJ)

Unirio

12

Niterói, Tanguá, Maricá, Itaboraí e Três Rios (RJ)

Universo

28

Jaicós e Padre Marcos (PI), Amontada e Itapipoca (CE) e Guapimirim (RJ)

Universo

63

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V O U T R A S AT I V I D A D E S

1. SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PUBLICAS 1.1 - Ações Desenvolvidas A atuação num país da extensão do Brasil é um dos maiores desafios enfrentados pela coordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). Embora não disponha ainda de estrutura compatível com a amplitude de sua missão e atuação gerencial, a coordenadoria do SNBP vem procurando estabelecer a integração efetiva com os sistemas estaduais e as bibliotecas municipais e estaduais e, também, difundir a conceituação moderna de biblioteca pública. Para tanto, a coordenadoria do SNBP privilegiou as seguintes ações: a) desenvolver e avaliar a política de ação do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas; b) qualificar e aprimorar recursos humanos para as bibliotecas públicas e c) implantar a rede informatizada do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. Devido, no entanto, a cortes orçamentários, o planejamento foi redefinido, privilegiando-se apenas a segunda dessas ações, que passou a ser denominada Formação de recursos humanos para bibliotecas públicas. Por esta ação, foram oferecidos aos sistemas estaduais cursos nas áreas de informática, conservação de livros e documentos, bibliotecas públicas (organização, administração e serviço de informação à comunidade). Os cursos atenderam a bibliotecas públicas nas seguintes cidades: Vitória (ES), Aracaju (SE), Rio Branco (AC), Recife (PE), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Palmas (TO), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Porto Alegre (RGS). O SNBP criou também a base de dados Cadastro das Bibliotecas Públicas Brasileiras, importante instrumento para o planejamento e gerenciamento do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. Além de reunir as informações básicas para o Ministério da Cultura, esta base está disponível na Internet, na página da FBN. Devido às constantes mudanças nestes perfis, a base requer um alto índice de atualização. Neste ano, o SNBP cadastrou 3.454 bibliotecas, cujos perfis são agora revelados nos quadros e gráficos abaixo.

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BIBLIOTECAS CADASTRADAS (1999) Tipo de Biblioteca Biblioteca estadual Biblioteca municipal Biblioteca comunitária Biblioteca federal

Total ( 1999 ) 39 3.341 72 2 Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

CONDI²AO DE FUNCIONAMENTO (1999) Em atividade Paralisadas Total de bibliotecas

3.378 76 3.454 Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

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RELA²AO DAS NOVAS BIBLIOTECAS CADASTRADAS NO SNBP EM 1999

Bahia Goiás Minas Gerais Paraná Pernambuco Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Rondônia Sergipe Tocantins

Arataca, Barra, Barreiras, Caetanos, Guajeru, Itarantim, Oliveira dos Brejinhos, Rio Real Luziânia, Perolândia Patos de Minas Barra do Jacaré, Boa Vista da Aparecida, Maripá Moreno, Petrolina, Quixabá, Tupanatinga, Xexéu Resende, Piabetá/Magé Barra do Guarita, Guaíba, Nova Hartz Machadinho d’Oeste Macambira, Riachuelo Conceição do Tocantins

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

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Serviços prestados pelas bibliotecas públicas por região

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2 Biblioteca Euclides da Cunha Voltada especialmente para estudantes do ensino fundamental e médio, a Biblioteca Euclides da Cunha (BEC) atendeu, em 1999, a 28.961 consultas e deu continuidade aos seus projetos principais como o Laboratório de Línguas, a formação do acervo do Núcleo para Portadores de Deficiência Visual e o Programa de Apoio Didático e de Férias Escolares, além do programas de exposições comemorativas de eventos importantes da cultura e nacionalidade. Quanto ao acervo o Laboratório de Línguas totalizou neste ano 890 fitas cassete; o Núcleo para Portador de Deficiência Visual 420 monografias em braille e 75 fitas (“livros falados”) de obras da literatura brasileira, tendo atendido a 60 deficientes visuais, e a Videoteca, 720 fitas. Só esta última atendeu a 120 escolas. Pelo programa de exposições mensais foram realizadas as mostras: Euclides... sempre Euclides; Transportes no Rio de Janeiro; Missões Culturais no Brasil; Garibaldi, Herói da Guerra dos Farrapos; Folclore no Mercosul; Moedas Brasileiras e Academias Literárias no Rio de Janeiro. Foram também realizadas pequenas mostras de homenagens aos escritores Silva Alvarenga (250 anos de nascimento), Joaquim Nabuco (150 anos), Visconde de Taunay (100 anos da morte), Claudio Manuel da Costa (210 anos ), Tobias Barreto (110 anos), Tristão de Athayde (15 anos) e Visconde de Mauá (110 anos).

2.1 Atendimento Nesse ano, houve 28.961 consultas ao acervo, l.650 novas inscrições e associados e 7.639 empréstimos. MOVIMENTO DE CONSULTA E EMPRESTIMO INSCRiÇÃO/ USUÁRIOS 1.650

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CONSULTA /ACERVO 28.961

EMPRÉSTIMO/ ACERVO 7.639

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movimento de consulta e empréstimo

INSCRiÇÃO/ USUÁRIOS CONSULTA /ACERVO EMPRÉSTIMO/ ACERVO

NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS LEITORES DA BIBLIOTECA ALFABETIZA²AO 1º GRAU 2 º GRAU SUPERIOR INCOMPLETO SUPERIOR COMPLETO AUTODIDATA

0 515 614 332 189 0

nível de escolaridade dos leitores da biblioteca

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ACESSO À INTERNET USUARIO / ACERVO NÚMEROS DE INSCRIÇÕES DISQUETES USADOS IMPRESSÃO

TOTAL 530 S67 50

2.2 Acervo O acervo recebeu 1.800 novos títulos, provenientes da Seção de Intercâmbio da Biblioteca Nacional e de doações diversas, como evidenciam a tabela e o gráfico abaixo. INCORPORAÇÃO DE PEÇAS AO ACERVO DA BIBLIOTECA OBRAS / TÍTULOS REFERÊNCIA MONOGRAFIAS PERIÓDICOS BRAILLE FITAS DE VÍDEOS FITAS DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS TESES DE EDUCAÇÃO BRASILIANA EUCLIDIANA CD-ROM DISQUETES

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TOTAL 222 664 478 489 480 1.017 259 128 70 168 55

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PROCESSAMENTO TÉCNICO DO ACERVO PERIÓDICOS E MATERIAL ESPECIAL MONOGRAFIAS INDEXAÇÃO DE PERIÓDICOS/JORNAIS PROCESSAMENTO TÉCNICO AUTOMATIZADO

510 2.492 5.002 17.930

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Esta obra foi impressa pela Graftipo em Adobe Garamond e papel Off-set 90g/m2. Em dezembro de 2004.

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