Artigos para Jornal Ecos

July 17, 2017 | Autor: Carlos Martins | Categoria: Ciências Sociais, Ciencia, Música
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Uma espécie de existência!

Porque é que as pessoas hoje em dia não conseguem seguir o coração? O que nos impede de seguir uma paixão com coragem? O que é o esquecimento, hoje em dia? E porque havemos nós de ser benevolentes com a ideia de que se muita gente gosta de alguma coisa e lhe chama "boa" é porque há alguma coisa boa nessa coisa? Há muitas manifestações de cansaço na apreciação das nossa vidas e daquilo que nós nelas deixamos entrar. E por escancaradas paredes de indiferença entram coisas nenhumas. Estamos numa curva muito apertada do universo. Não é só na nossa aldeia ou país, é mesmo universal. Quase de certeza que uns fulanos num planeta com oxigénio noutra qualquer galáxia devem estar a sentir o mesmo aperto, nas curvas. Deitam-se também e alguns, muitíssimos, adormecem. Portanto não pensemos que é uma questão pessoal, íntima ou psicológica, não é. É um movimento que arrasta não as pessoas, que muitas vezes continuam a sentir a memória do amor e da paixão, mas os corações. Já não sentimos o sangue, esse maravilhoso rio primitivo de antes da Terra como a conhecemos, e não sentimos a fluidez da curiosidade. Porque não deve haver nada mais curioso do que o sangue a percorrer cada artéria ou órgão ou do que uma ínfima partícula cheia de "carga" a percorrer o universo. É isso que se chama Cultura. O que andamos nós a fazer com os nossos irmãos conscientes? Porque é que não libertamos os outros com a nossa coragem e ao invés se usa tanto alheamento? Esqueci-me de ti Jesus, diz o padre ouvindo a sua amplificada voz nas colunas hi-fi. E ouvimos os ecos: esqueci-me de ti mulher, amigo, família, esqueci-me das lutas e das diferenças... e choro porque esqueci o meu reflexo na superfície do mar profundo. O coração não esquece se for usado. Mas os corações parecem novos porque não são usados e de repente morrem de esquecimento. A Europa, hoje em dia, é uma doença do coração. Porque não paramos aquilo de que não precisamos? Parar escutando. A verdadeira respiração ouve-se. Respirar é o único e decisivo sinal de que estamos vivos no coração. Tudo pára quando a respiração pára. Será que as pessoas estão mortas porque já não ouvem a sua respiração? Beliscar, sim beliscar o universo à nossa volta. Alambazarmo-nos de sensações e de mimos. Sentiremos saudades disso quando formos alguma forma de vazio, noutra mais que óbvia futura espécie de existência.
Carlos Martins


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