AS CONCEPÇÕES DO PIBID DE MATEMÁTICA E CIÊNCIAS NATURAIS NO INFES-UFF

July 24, 2017 | Autor: Jean Carlos Miranda | Categoria: PIBID - Programa Institucional De Bolsa De Iniciação à Docência.
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EIXO TEMÁTICO: Formação e Valorização dos Profissionais da Educação

AS CONCEPÇÕES DO PIBID DE MATEMÁTICA E CIÊNCIAS NATURAIS NO INFES-UFF

Fabiano dos Santos Souza INFES-UFF GRUPPE e-mail: [email protected]

Jean Carlos Miranda INFES-UFF e-mail: [email protected]

RESUMO

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um programa de incentivo e valorização do magistério e aprimoramento do processo de formação de docentes para a educação básica que visa integrar o Ensino Superior (formação de professores) com a Educação Básica através da elevação da qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nas Universidades públicas, bem como a inserção dos licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de ensino, proporcionando-lhes oportunidades de desenvolvimento de estratégias metodológicas de caráter inovador e interdisciplinar. Nesse quadro, o aspecto fundamental a assinalar reside na importância dos saberes indispensáveis à prática docente de qualquer educador, seja ele educador matemático ou educador em ciências, com qualquer opção política, cujos saberes demandados pela prática educativa em si mesma. A destacar, também, a necessidade de uma reflexão crítica sobre a prática a qual se torna uma exigência da relação Teoria/Prática. Verifica-se, assim, no âmbito do PIBID os agentes que participam do programa, os professores e alunos da Educação Básica, os licenciandos os dos Cursos de Graduação em Licenciatura em Matemática e em Ciências Naturais, e os respectivos coordenadores de área da Universidade Federal Fluminense (UFF) cujo locus é o Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES), no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Os subprojetos Matemática e Ciências-Pádua têm como foco de ação (i) a construção de identidades sociais individuais integrando experiências e trajetórias passadas, onde cada momento presente é repleto de apreciações e de ações tornando-se possível a construção e realização de tarefas diferenciadas, partindo da realidade do educando e (ii) a criação de um campo de atuação de educadores em formação envolvendo a prática educacional e vivência do cotidiano escolar, bem como o desenvolvimento de estratégias metodológicas inovadoras. Palavras-chave: Política Educacional. Formação Inicial de Professores. PIBID.

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Considerações Iniciais É apresentado um conjunto de concepções e ações referentes à Política Pública de Formação Inicial de Professores por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de Matemática e Ciências Naturais, no Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Dentre as ações do Ministério da Educação e Cultura (MEC) no campo da política educacional de formação inicial de professores, destaca-se o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que é a maior Política Pública Nacional de Formação Inicial de Professores no âmbito da Diretoria de Formação de Professores da Educação Básica (DEB), órgão da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em número de bolsistas e de subprojetos de ensino das diversas áreas do conhecimento implementados nas principais universidades públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos, que oferecem cursos de licenciatura. O PIBID é um programa de incentivo e valorização do magistério e aprimoramento do processo de formação de docentes para a educação básica através da elevação da qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nas universidades, bem como a inserção dos licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de ensino, proporcionando-lhes oportunidades de desenvolvimento de estratégias metodológicas de caráter inovador e interdisciplinar. O PIBID promove uma articulação entre a universidade e a escola, cumprindo o papel de formação do discente e exercendo contribuição na formação continuada do professor da educação básica, fomentando o processo de construção de novas metodologias para o ensino e aprendizagem, por meio das construções dos projetos de ensino, e consequentemente uma nova práxis pedagógica desse professor. (SOUZA et al., 2013, p. 2).

Para Santos (2011) o significado de Política Educacional corresponde a: toda e qualquer política desenvolvida de modo a intervir nos processos formativos (e informativos) desenvolvidos em sociedade (seja na instância coletiva, seja na instância individual) e através desta intervenção legitimar, construir ou desqualificar (muitas vezes de modo indireto) um determinado projeto político visando a atingir uma determinada sociedade. (SANTOS, 2011, p.3).

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A UFF participa dessa política pública de formação inicial de professores desde 2009 e no INFES desde 2011. Os subprojetos Matemática e Ciências-Pádua têm como foco de ação (i) a construção de identidades sociais individuais integrando experiências e trajetórias passadas, onde cada momento presente é repleto de apreciações e de ações tornando-se possível a construção e realização de tarefas diferenciadas, partindo da realidade do educando e (ii) a criação de um campo de atuação de educadores em formação envolvendo a prática educacional e vivência do cotidiano escolar, bem como o desenvolvimento de estratégias metodológicas inovadoras. Para implementar essa política pública de formação inicial de professores necessitamos da interação praxiológica das dimensões administrativa, financeira e educacional/pedagógica, cuja intersecção se dá no âmbito da concretude da prática cotidiana, o que em nosso caso, corresponde à prática docente, ou seja, a sala de aula desse futuro professor de Matemática e de Ciências Naturais. Nesse sentido, não é demais relembrar a visão de Freire acerca da prática docente ressaltando a importância dos saberes indispensáveis à prática docente de qualquer educador com qualquer que seja a sua opção política que são os saberes demandados pela prática educativa em si mesma, destacando ainda a necessidade de uma reflexão crítica sobre a prática a qual se torna uma exigência da relação Teoria/Prática. (FREIRE, 2014, p. 23). Verifica-se, assim, “o fundamental é que o professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve”. (FREIRE, 2014, p. 83). No âmbito do presente trabalho, os agentes em questão dizem respeito aos professores da Educação Básica (supervisores), atuantes no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, os alunos dos Cursos de Graduação em Licenciatura em Matemática e de Ciências Naturais do Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior, da Universidade Federal Fluminense.

Estrutura das Equipes e Campo de Atuação O subprojeto do PIBID de Matemática foi implementado no período de agosto de 2012 a fevereiro de 2014, os agentes que participaram desse programa foram: coordenador institucional da UFF, coordenador de área do INFES-UFF, colaborador do

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INFES-UFF, doze bolsistas de iniciação à docência (alunos do curso de Licenciatura em Matemática do INFES-UFF), dois professores supervisores e alunos da Escola Municipal Escola Viva. O subprojeto PIBID Ciências-Pádua teve inicio em março de 2014 e conta com a participação de coordenador institucional da UFF, coordenador de área do INFES-UFF, doze bolsistas de iniciação à docência (alunos do curso de Licenciatura em Ciências Naturais do INFES-UFF), dois professores supervisores e alunos da Escola Municipal Escola Viva. A Escola Municipal Escola Viva, maior escola da rede municipal de Santo Antônio de Pádua, possui 12 anos de atividades educacionais e tem capacidade para atender 1.200 alunos (Educação Infantil e Ensino Fundamental). A escolha da Escola Municipal Escola Viva deu-se pela possibilidade de ocupação dos bolsistas de iniciação à docência nas lacunas existentes no quadro de horários da escola em todas as turmas do Ensino Fundamental no primeiro turno. Tal condição, permitiu uma autonomia importante para implementação das nossas ações de gestão de aprendizagem, as quais proporcionaram aos nossos licenciandos uma relação dialética entre teoria e prática, consequentemente a construção do habitus professoral e de sua práxis pibidiana.

Professores em Formação O primeiro aspecto a destacar, neste caso, diz respeito ao conceito da categoria habitus, que segundo SANTOS (2007) corresponde a uma matriz geradora de comportamentos, visões de mundo e sistemas de classificação cuja origem é social, mas de apropriação individual, somando-se deste modo ao próprio patrimônio social, cultural e pessoal do indivíduo. Assim, o habitus é aprendido socialmente e incorporado individualmente. A esse aspecto faz-se necessário acrescentar a importância da categoria práxis, em termos filosóficos corresponde a um conceito no qual a percepção e a ação se interpenetram e dão origem a uma espécie de conhecimento no qual teoria e prática deixam de ser segmentadas para vir a constituir uma dimensão epistemológica na qual o indivíduo desenvolve a capacidade de interagir com o mundo concreto, vindo a controlá-lo e, ao mesmo tempo, compreender as determinações implicadas nas condições objetivas em que se insere, seja em nível cultural, seja em nível social, seja em nível pedagógico, como no caso da Práxis Educacional. 4

Tais aspectos exigem, necessariamente, a canalização de esforços no sentido incorporar aos subprojetos o pensamento de Freire (2014), que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, mas criar as possibilidades para a sua própria ou a sua construção, e que não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. De todo modo, é importante conceber o habitus sob a ótica PIBID como um sistema de esquemas individuais dos bolsistas, socialmente constituído de disposições estruturadas (no social) e estruturantes (nas mentes). A aquisição dessas categorias deuse por meio de suas experiências práticas e pelas orientações durante esse processo de como agir no cotidiano da sala de aula, ou seja, tem-se um habitus como mediação entre o passado e presente, como história do PIBID sendo feita e como relação entre a teoria aprendida na universidade e prática vivenciada na escola básica. De modo a aprofundar a noção chave para o presente trabalho, cabe indicar que Bourdieu define o habitus como [...] um sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções, de apreciações e de ações – e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas [...] (BOURDIEU, 1983, p. 65).

A partir da categoria de habitus de Pierre Bourdieu e da categoria de experiência de Palmer Thompson (1981), Silva (2005) definiu uma nova categoria denominada habitus professoral: um modo de pensar a estruturação do objeto das investigações sobre o ensino na sala de aula. Essa mesma autora afirma que A natureza do ensino na sala de aula é constituída por uma estrutura estável, porém estruturante, isto é, uma estrutura estável mas não estática, que denominamos de habitus professoral. (SILVA, 2005, p. 153).

Os Subprojetos do PIBID de Matemática e Ciências Naturais É importante assinalar, também, que na dinâmica dos subprojetos está a construção de identidades sociais individuais, integrando todas as experiências e trajetórias passadas, onde cada momento presente é repleto de apreciações e de ações tornando-se possível a construção e realização de tarefas diferenciadas, partindo da realidade do educando, o que associadas à gestão de aprendizagem e o envolvimento de todos os sujeitos envolvido, possibilita que a aprendizagem se concretize. 5

O trabalho inicial do subprojeto Matemática baseou-se na construção de uma proposta didático-pedagógica que pudesse agregar uma formação inicial ao discente da universidade e melhorar a aprendizagem do discente da escola. Nesse sentido, optou-se pela metodologia da resolução de problemas por meio de roteiros de ação denominados Pibidiando Matemática. O Pibidiano Matemática possui três etapas: Trocando Ideias, Aplicando e o Quiz. O objetivo do Trocando Ideias é fazer com que os alunos da Escola Básica refletissem e construíssem o conceito sobre o conteúdo abordado na introdução da aula pelo bolsista de iniciação à docência. O Aplicando instituía situações didáticas por meio da resolução de problemas fazendo uma ligação entre as etapas do roteiro. A resolução de problemas, na perspectiva dos roteiros de ação possibilita aos alunos construírem seus conhecimentos, desenvolvendo a capacidade de ampliação acerca dos conceitos matemáticos trabalhados e de seus procedimentos, incentivando-os a pensar e refletir sobre os métodos utilizados para a solução dos problemas. Walle (2009) ressalta que quanto mais problemas são resolvidos pelos alunos, a vontade de resolver outros aumenta, desenvolvendo novos métodos para futuros problemas. E por fim, o Quiz, tem por finalidade verificar se houve aprendizagem do roteiro, trazendo sempre uma questão de múltipla escolha, selecionada de avaliações de larga escala, como por exemplo, Saerjinho, ENEM ou vestibulares. Outro ponto a ser destacado refere-se às ações previstas e implementadas neste subprojeto se inseriram numa metodologia global do projeto institucional da UFF. Desta forma, nossa atuação na escola constituiu através da participação dos licenciandos em classes regulares, como tutores nas classes de recuperação de aprendizado e em oficinas vinculadas às atividades pedagógicas das escolas, com horários fixos dentro do quadro de horários. Pode-se, assim, considerar que contemplamos o duplo objetivo de promover entre nossos licenciandos práticas de ensino motivadoras e de possibilitar aos alunos da escola, um maior espaço de convivência com o saber específico. Estas ações possibilitaram aos nossos licenciandos: a. Vivenciar a realidade do ensino, tornando-os capazes de experimentar e pensar atividades interdisciplinares com seus alunos; b. Planejar e realizar atividades referentes às oficinas de Matemática; c. Vivenciar as diferentes esferas do ambiente escolar, demonstrando assim, responsabilidade frente ao compromisso assumido ao aceitar participar do subprojeto; 6

d. Participar de reuniões de acompanhamento dos trabalhos do projeto PIBID UFF - Matemática; e. Organizar juntamente com professores e alunos da escola, Jornadas, Seminários, Oficinas, Minicursos e o Dia da Matemática; f. Pesquisar programas, conteúdos digitais, softwares livres e recursos para criar atividades que venham a melhorar o aprendizado dos alunos; g. Produzir material didático para o ensino de tópicos do conteúdo programático de Matemática da Educação Básica; h. Construir um saber pedagógico associado ao conteúdo de Matemática a ser ensinado; i. Participar da elaboração de relatórios parciais e finais.

O subprojeto Ciências tem como foco de ação a criação de um campo de atuação de educadores em formação envolvendo a prática educacional e vivência do cotidiano escolar, bem como o desenvolvimento de estratégias metodológicas inovadoras na área de Ciências Naturais. Algumas metodologias frequentemente usadas nas escolas reforçam o caráter pouco inovador e pouco criativo, sobretudo quando imaginamos atividades trabalhadas num contexto pouco significativo e participativo. Não raro, o professor baseia suas aulas apenas nos livros didáticos alegando falta de tempo, espaço apropriado e materiais. Além disso, muitas vezes, falta ao professor a criatividade para improvisar materiais didáticos e, poucos profissionais têm a seu dispor ferramentas para trabalhar os conteúdos de suas disciplinas de forma mais dinâmica, permitindo um maior envolvimento do aluno no processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido, o subprojeto busca articular saberes específicos das Ciências Naturais com os pedagógicos, criando condições para a melhoria da qualidade da formação inicial de professores do Ensino Fundamental, bem como garantir a formação continuada dos professores da região. Para tal, algumas ações são propostas: a. Vivência do cotidiano escolar Inserir o licenciando na realidade escolar proporcionando a vivência neste ambiente de modo crítico e criativo, de modo que este tenha um significado na construção de sua carreira profissional e na superação de problemas vivenciados na escola, permitindo assim a aproximação da teoria com a prática. 7

b. Leitura e discussão de textos a área de educação e de Ciências Naturais Fomentar a reflexão e a pesquisa inerentes à prática docente, integrando conteúdo e métodos, permitindo a articulação entre os saberes específicos das Ciências Naturais e os pedagógicos, possibilitando a incorporação de questões que se colocam hoje tanto no campo educacional mais amplo, como na educação em Ciências Naturais. c. Construção do saber pedagógico relacionado aos conteúdos de Ciências Naturais a ser lecionado O licenciando deve receber embasamento que o capacite a analisar criticamente as propostas curriculares para as Ciências Naturais, desenvolvendo estratégias de ensino que favoreçam a criatividade e a autonomia dos educandos. d. Produção de material didático Produzir materiais didáticos para o ensino de conteúdos curriculares de Ciências Naturais e refletir sobre a aplicação no ambiente escolar. Através das atividades práticas, jogos, experimentações e modelos, o professor pode estimular os alunos à investigação, além de ajuda-los a pensar logicamente, a fazer perguntas produtivas, a desenvolver explicações sobre o mundo, levando em conta, sobretudo, as suas ideias, que dão sentido à sua experiência do cotidiano. e. Inserção dos recursos tecnológicos em situações de aprendizagem dos conteúdos relacionados às Ciências Naturais. Pesquisar, explorar e aplicar recursos tecnológicos que possam contribuir para a melhoria das condições de acesso à informação e da aprendizagem dos conteúdos. Vivemos em um novo modelo de sociedade, modificado a partir do uso de tecnologias da informação e da comunicação, onde a escola perdeu o papel exclusivo na transmissão do conhecimento. Há um grande aparato tecnológico incorporado ao cotidiano das pessoas exigindo que os professores e a escola se renovem.

Conforme já descrito, as ações relativas à formação inicial de professores e prática discente, desenvolvidas no INFES relacionam-se com a política de formação de professores do Governo Federal. Cabe ressaltar, ainda, que além de adaptarmos os passos previstos nessa política educacional desenvolvemos um novo modelo didático8

pedagógico e epistemológico para o trabalho com discentes em formação inicial. Tal trabalho contou com uma inflexão praxiológica no sentido de aproximar os estudantes à vivência da práxis pedagógica, destacando a atribuição de responsabilidades e tarefas concernentes ao desenvolvimento de atividades didáticas, programas de ensino e reflexões teóricas relativas aos assuntos a serem trabalhados pelos futuros professores egressos dos cursos de Licenciatura em Matemática e em Ciências Naturais da UFF em Santo Antônio de Pádua.

Considerações Finais O PIBID tem se consolidado e ocupado papel de destaque junto à política de formação de professores que a Universidade Federal Fluminense sendo incorporado a Política de Formação de Professores da UFF onde as ações se dão em torno de três etapas distintas e que ao mesmo tempo se entrelaçam. 

O primeiro momento é caracterizado pelo planejamento e desenvolvimento dessas ações, que em potencial, materializam-se sob a forma de projetos de ensino, elaborados e implementados pelos bolsistas dos respectivos cursos de licenciatura participantes do programa, com o envolvimento do professorregente da escola pública e orientado pelo professor-formador da UFF;



O segundo momento é consolidado por meio de Seminários Acadêmicos por meio da Mostra de Iniciação à Docência (MID)1 e pelo Encontro Anual do PIBID-UFF os quais fazem parte da programação da Agenda Acadêmica2, criados para estimular a aproximação dos profissionais da Educação Básica com a universidade.

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XII Mostra de Iniciação à Docência na Educação Básica (XII MID) e o encontro UFF e a Escola, ambas promovidas pela Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD). A XII MID visa tornar público os trabalhos desenvolvidos por licenciandos da UFF em escolas públicas, sob orientação de docentes de projetos de ensino do Programa PDI Licenciaturas e das turmas do componente curricular obrigatório Pesquisa e Prática de Ensino (PPE), além de outras iniciativas da UFF no campo da Iniciação à Docência. A participação na XII MID é obrigatória para todos os alunos bolsistas associados a projetos do Programa PDI Licenciaturas. O encontro UFF e a Escola destinam-se aos docentes da Educação Básica, especialmente aqueles que vêm participando de projetos colaborativos de iniciação à docência da UFF, e que se interessa em compartilhar experiência em roda de conversa. 2 A Agenda Acadêmica UFF é um evento anual que tem como objetivo apresentar a produção desenvolvida na Universidade Federal Fluminense em suas três grandes áreas de atuação: Ensino, Pesquisa e Extensão, buscando promover a integração da comunidade interna em torno dos programas acadêmicos da instituição e com a comunidade externa por meio das mostras desenvolvidas para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

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O terceiro momento é constituído por Encontros Pedagógicos (com palestras, oficinas e debates), como por exemplo, O Dia da Matemática do PIBID-INFESUFF, Gincana da Matemática, criados para estimular a aproximação dos profissionais e alunos da Educação Básica com a universidade. Pode-se, assim, considerar que as iniciativas dessa Política Pública de Formação

Inicial de Professores implementadas pela UFF descritas acima é, sem dúvida, hoje o principal instrumento norteador para as ações direcionadas à Formação de Professores no INFES-UFF, em conjunto com as disciplinas obrigatórias de Pesquisa e Prática de Ensino (PPE) I, II, III, IV dos respectivos cursos, sobre essas disciplinas de estágio curricular supervisionado Souza e Pereira ressaltam que

é compreendido como um campo de investigação e de possibilidades de aproximação da realidade com a atividade teórica, que propicia a formação do educador-pesquisador e a reflexão sobre a prática profissional, tendo por objetivo possibilitar ao professor em formação o contato direto com situações reais de ensino e aprendizagem, com a dinâmica escolar, com a estrutura organizacional da escola e com as relações profissionais que envolvem o Ensino Fundamental e Médio. (SOUZA, PEREIRA, 2011, pg. 56).

Os projetos de Iniciação à Docência constituem uma ação primordial na busca da melhor formação do futuro professor de Matemática e de Ciências Naturais na UFF, pensada como um processo global, que ocorre através da participação, da tomada de decisões, da vivência do cotidiano escolar. O perfil desse futuro professor deixa de pautar-se apenas na transmissão do conhecimento, exigindo um trabalho de facilitação do processo de aprendizagem, coordenação de ações, incentivos aos questionamentos, debates, contextualização dos dados e adaptação do que é ensinado à realidade das práticas cotidianas dos alunos (VALENTE, 1993). Outra questão importante a ser ressaltada é que o licenciado deve ser um profissional com uma formação sólida e abrangente em relação aos conteúdos de sua área de conhecimento. No entanto, acredita-se que não basta saber apenas Matemática ou Ciências Naturais para ser um bom professor nesses componentes curriculares, mas também não se trata somente de ter uma boa didática ou técnicas e recursos de ensino. O saber matemático e o saber em ciências necessário para o ensino consistem de nosso ponto de vista, em um modo particular de encarar a Matemática ou as Ciências Naturais e a tarefa de ensinar estes conteúdos. Por outro lado, este mesmo professor está inserido 10

em um ambiente onde outras disciplinas se fazem presentes, tendo todas elas um mesmo objetivo comum: a formação de um cidadão crítico em sua totalidade. Nesse sentido, tais ações corroboram a afirmação de Tardif de que “o professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina, seu programa, além de possuir conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiano com os alunos”. (TARDIFF, 2002, p. 39).

Dessa forma, as diversas ações já descritas tem/tenham contribuído fortemente na formação inicial do futuro professor de Matemática e de Ciências Naturais e início da construção do habitus professoral. Deve-se sublinhar, ainda, que a produção desse habitus depende da qualidade teórica e cultural da formação de professores mas não é desenvolvido durante a formação, e sim durante o exercício profissional, conforme aponta Silva (2005). Abordamos, neste trabalho, aspectos e concepções relevantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, por considerá-lo uma contribuição bastante significativa para a reflexão e formação inicial de professores de Matemática e Ciências Naturais, no Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior, bem com para a formação do professor regente das escolas parceiras. Referências Bibliográficas BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1983. BRASIL, Diretoria de Educação Básica Presencial/Capes – Relatório de Gestão 2009 – 2012. Disponível em . Acesso em: 23 de jan. de 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 48ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

SANTOS, Pablo Silva Machado Bispo dos. Os conceitos Bourdieunianos de Habitus e Campo aplicados à pesquisa em História da Educação. Dialogia, São Paulo, v. 6, p. 49-54, 2007.

SANTOS, Pablo Silva Machado Bispo dos. Guia prático da política educacional no Brasil: ações, planos, programas e impactos. São Paulo: Ed. Cengage Learning, 2011.

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SILVA, Marilda da. Habitus professoral e Habitus estudantil:. Uma proposição Acerca da Formação de Professores. Educação em Revista, Belo Horizonte, v 27, n. 3, dezembro de 2011. Disponível a partir do . Acesso em 23 de janeiro de 2014.

SOUZA, Fabiano dos Santos, PEREIRA, Vinicius M. Couto, MARQUES, Érik Sardela, LIMA, Patrícia Teixeira, LIMA, Thalita de L. Silva, A Implementação do PIBID de Matemática na UFF-INFES. Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática, Curitiba, 2012. Disponível a partir do

SOUZA, Fabiano dos Santos, PEREIRA, Vinicius Mendes Couto. Formação de Professores de Matemática e Prática de Ensino no INFES-UFF. Perspectivas da Educação Matemática, Campo Grande, MS, v.4, n. 7, p. 55-62, jan./jun./ 2011.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

VALENTE, J.A. (Org.). Computadores e conhecimento: repensando a educação. Campinas: Gráfica central da UNICAMP, 1993.

WALLE, John A. Van de. Matemática no ensino fundamental: formação de professores e aplicação em sala de aula. Tradução Paulo Henrique Colonese. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

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