As contribuições de Edward Said à teoria pós-colonial: Identidade, representação e o Oriente como Outro (3º Seminário de Relações Internacionais - ABRI 2016)

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Este trabalho pretende resgatar as contribuições do intelectual palestino Edward Said à teoria pós-colonial em Relações Internacionais. Esta empreitada ainda se faz necessária neste estado da arte tanto em virtude da pouca visibilidade destes estudos no campo teórico da disciplina, quanto de sua ausência nas análises empíricas contemporâneas sobre o Oriente Médio e Mundo Muçulmano. A tese do Oriente como construção do Ocidente discorre sobre a representação do oriental – do árabe especificamente – não como construção social produto da intersubjetividade entre povos, mas como exógena aos próprios sujeitos representados. Tratando da construção e atribuição de um imaginário alheio às práticas sociais locais, a relação Ocidente-Oriente dar-se-ia em oposição e não em complementariedade, remetendo-nos ao debate entre civilização e barbárie. O orientalismo é fruto da construção autônoma e idealizada da percepção e definição sobre o Outro. Assim, há um caráter exógeno e impositivo na construção orientalista, mas também homogeneizante e limitador. Contrario às teorias huntingtonianas, Said não somente demonstra que a construção de Ocidente é feita a partir de uma concepção de Oriente bárbaro, violento e déspota, como, sobretudo, estática. Neste sentido, a identidade oriental - e também ocidental construída nesta interação – é vista como natural e estável, por vezes forjada completamente. Como a criação da identidade implica estabelecer antagonismos, é através desta construção antagônica e hermética que o Ocidente cria seu Outro. De modo que o Oriente é uma geografia imaginativa e desconhecida, um povo culturalmente inexistente. Como resultado, o exercício orientalista é também uma estrutura de valores, pois projeta no Ocidente o modelo mais adequado de sociedade, governo e cultura: como imagem enantiomorfa do Oriente. Assim, resgataremos neste trabalho a importância da desconstrução do Oriente como hermético e estanque, na medida em que civilizações e identidades não são destituídas dos múltiplos intercâmbios, correntes e contracorrentes da história humana.
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