As crises da linguagem em Rimbaud e Mallarmé a partir de George Steiner

June 3, 2017 | Autor: Marisa Colaço | Categoria: Stéphane Mallarmé, Arthur Rimbaud, George Steiner
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AS CRISES DA LINGUAGEM EM RIMBAUD E MALLARMÉ A PARTIR DE GEORGE STEINER



«É a ruptura da aliança entre a palavra e o mundo que constitui uma das muito poucas revoluções do espírito na história do Ocidente e que assim define a própria modernidade.» (George Steiner)

A modernidade, para George Steiner, reveste-se de uma decadência cultural que leva, fruto de uma crise de valores e moralidade, naturalmente à decadência da linguagem.

Ainda que para este autor não haja limites nem fronteiras para a linguagem, esta está integrada dentro de uma organização estruturada, que define o que são as palavras e aquilo que representam. No entanto, Steiner considera que a palavra, uma marca fonética, não tem nenhuma relação com aquilo que representa no sentido em que não existe na sua composição – tome-se a palavra rosa, por exemplo – nada que corresponda ao objecto que se imagina que tal palavra refere (uma palavra não tem espinhos, nem caule, nem pétalas, etc.)

George Steiner tem, assim, uma visão algo céptica que o aproxima das ideias de Stéphane Mallarmé para quem o uso da palavra como correspondência ao real, a um objecto concreto, não passa de um comportamento ilusório, impuro, revestido de ruína.

Mallarmé encara o Logos de uma forma crítica, afastando-o de referências exteriores, criando uma desordem que parte de uma "ausência real" contrapondo-se assim à "presença real" do Logos ordenado. Stéphane Mallarmé reduz a palavra a uma servidão que resulta na quebra entre a linguagem e o mundo.

A modernidade é, então, definida pelo isolamento, na linguagem, de significado e significante, por um período de "pós palavra" característico da degeneração do simbolismo da poesia moderna de Mallarmé e Rimbaud.

Em Arthur Rimbaud a desconstrução do "eu" aponta para uma crise do sujeito, uma auto destruição perceptível na frase Je est un autre, um "eu" um pouco incoerente mas que acaba por ser fundamental para a separação de palavra e mundo, para a modernidade que confronta a tradição. Rimbaud subverte violentamente o sentido clássico da palavra "eu", despersonalizando-o.

Assim Mallarmé e Rimbad ultrapassam os limites da linguagem servindo-se do pensamento e da auto consciência criadora para apontarem as causas da ruína do mundo e dos seus valores.

BIBLIOGRAFIA

STEINER, George – Presencias Reales. Compañia Editora Espasa Calpe Argentina S.A, Buenos Aires, 1993

STEINER, George – Extraterritorial. A Literatura e a Revolução da Linguagem. Companhia das Letras, Editora Schwarcz Ltda., São Paulo, 1990




Marisa Colaço

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