As cruzadas

July 7, 2017 | Autor: Diogenes Gimenes | Categoria: Filosofia, Teologia, História da Igreja, As Cruzadas
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Descrição do Produto


FAESP
História Eclesiástica I. Prof. Alexandre da Silva Chaves.
3° ANO – NOTURNO – 2015.
Diógenes de L. Gimenes




FACULDADE EVANGÉLICA DE SÃO PAULO – FAESP
BACHAREL EM TEOLOGIA 1° SEMESTRE 2015. 3° ANO
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA I
PROF. ALEXANDRE DA SILVA CHAVES – Data: 28/05/2015
Visto:__________
Aluno: Diógenes de L. Gimenes

Resenha do livro: As Cruzadas. MELO, José Roberto. Ed. Ática, 1989.



SOBRE O AUTOR
José Roberto de Mello é medievalista e foi professor na Universidade de São Paulo.
SOBRE A OBRA
Conforme lemos na sinopse do livro; "As cruzadas foram um dos mais complexos eventos da Idade Média. Oscilando entre a guerra santa, à qual pertenciam por natureza, e a guerra inspirada por propósitos políticos ou econômicos, entre o movimento pacífico da peregrinação e a agressão armada aos "infiéis", elas evoluíram na Europa por dois séculos. Tornaram-se nesse período uma verdadeira instituição da Cristandade Ocidental, que sobreviveu como um ideal, mesmo após cessarem as condições de sua existência material".
O TERMO CRUZADAS
Quanto ao termo "Cruzadas", Champlin escreve que este vêm do latim bárbaro cruciata (assinalado com cruz). Passou pelo termo francês crosaide e pelo termo espanhol cruzada. Originalmente, o termo aludia a uma série de guerras efetuadas com o propósito de recuperar lugares santos do cristianismo, então sob o poder dos islamitas. Essas campanhas, escreve Champlin, perduraram do século XI ao século XIII. Em sentido secundário, uma cruzada passou a ser qualquer expedição enviada para criar uma sensação, luta contra os pagãos ou hereges; ou então está em foco qualquer campanha militar, que supostamente defende uma boa causa. Finalmente passou a indicar qualquer ação vigorosa, movimento ou trabalho que visa uma causa específica.
CONTEXTO GERAL
As cruzadas são um dos episódios mais tristes da história da Igreja. As cruzadas são uma resposta ao que aconteceu em 622 d.C, quando Maomé foi expulso de Meca, por causa de sua pregação, indo para Medina, retornando posteriormente. Em apenas dezesseis anos, os muçulmanos já haviam tomado Jerusalém (638). Foram sete cruzadas, sem contar a cruzada das crianças, se é que esta última pode ser chamada assim. Tudo começou no ano 1095, sob o comando do papa Urbano II. Conclamou-se a todos os homens que fossem libertar a Terra Santa. Com isso, muita gente se alistou, não apenas soldados, todos no mesmo intuito. Eles se reuniam de vários lugares diferentes da Europa em Constantinopla, e dali partiam para o ataque fazendo o caminho a pé da Ásia Menor até chegarem a Jerusalém.
As cruzadas atravessam um período de duzentos anos. Se é que houve algum sucesso, esse se deu nos primeiros cinquenta anos. Depois disto, foi um desastre. A captura de Jerusalém ocorreu em 1099, finalmente o objetivo havia sido alcançado. Jerusalém estava novamente em poder dos cristãos. Isto se deu com um ataque extremamente violente, onde não só os soldados, mas judeus, mulheres e crianças foram assassinadas brutalmente. Tudo isso feito em nome de Cristo.
Depois disto, surge um grande líder militar entre os muçulmanos, chamado Saladino. Sob o comando deste todas as regiões tomadas pelos cruzados foram recuperadas. Os Europeus insistiram em enviar mais cruzadas para recuperar a Terra Santa. O motivo alegado era tentar defender a honra de Cristo, todas essas cruzadas não obtiveram sucesso.
RESUMO DA OBRA
No capítulo primeiro, José Roberto escreve que para o público geral, as cruzadas estão mais comumente associadas às expedições dirigidas para a Terra Santa com o objetivo de libertar o Santo Sepulcro das mãos dos infiéis, às artimanhas de Saladino e as proezas de um Ricardo Coração de Leão. Mas vemos neste livro que este foi um fenômeno muito mais complexo. Entretanto, escreve José Roberto, "é difícil precisar em poucas palavras o que foram as cruzadas, visto que, além da diversidade da orientação geográfica, outros sinais distintivos seus se escalonaram no tempo e se distribuíram cm irregularidade tal que nos impossibilitam de reuni-los numa definição única e suficientemente abrangente".
O movimento das cruzadas dominou a Europa por aproximadamente dois séculos. Começando em 1095 com a pregação da primeira cruzada por Urbano II, que resultou na conquista de Jerusalém, ele prosseguiu no século XII com as cruzadas de 1147 e 1189 e no seguinte com as de 1202, 1217, 1228, 1248 e 1270: ao todo oito expedições, sem incluir as expedições infantis de 1212.
José Roberto escreve no capítulo dois que as cruzadas foram um "evento de massa", que deslocou multidões em direção ao Levante. A Europa medieval sofreu sempre de uma crônica fraqueza demográfica. Em meados do século XIII, sua população não havia ultrapassado a casa dos setenta milhões de habitantes. O povoamento da Europa medieval era muito irregular.
O nomadismo era um traço marcante da sociedade medieval, pelo menos até o século XII, herdado dos antepassados germânicos, reforçado pelo modo de vida e pela ausência de estruturas e outras barreiras que ancorassem firmemente o homem ao seu lar ou à sua "pátria" . A Europa medieval conheceu nos mil anos de sua história uma infinidade de santuários. Dois sempre estiveram em maior destaque, Roma, por causa das relíquias dos apóstolos Pedro e Paulo, além de incontáveis mártires, e Jerusalém, o teatro do drama histórico da Redenção e do cumprimento futuro das promessas apocalípticas.
Temos que entender que Jerusalém, para o homem da época, era o centro do mundo. Visitá-la significava empreender uma caminhada espiritual que ia desde a pré-história do cristianismo, com os sítios vetero-testamentários, aos vestígios da passagem de Cristo e de sua Paixão, já no Novo Testamento, até as esperanças de salvação futura. A peregrinação era um empreendimento sério. A tradição das peregrinações a Jerusalém era bastante antiga, datando do século IV. José Roberto escreve que o fluxo de peregrinos, uma vez iniciado, prosseguiu ao longo de toda Alta Idade Média sem interrupção. Nos últimos decênios do século VIII houve uma interessante troca de embaixadas entre Carlos Magno e o califa abássida de Bagdá, Harum-al-Rachid, cujos propósitos não ficaram até hoje muito claros para os historiadores, mas que deu a origem à lenda do protetorado de Carlos Magno sobre o Santo Sepulcro, estabelecido graças a uma concessão especial daquele príncipe muçulmano.
Contudo, escreve José Roberto, no século XI os caminhos da Terra Santa tornar-se-iam inseguros como nunca. Aos crônicos embaraços locais e regionais, criados por banditismo, politicagem de pequenos senhores, pela influência dos poderosos califas do Cairo e pela ameaça constante de reconquista por parte de Bizâncio. Apesar disto, havia bandos de peregrinos que insistiram em demandar os lugares santos. Estes, viram-se forçados a contratar homens armados para garantir-lhes a segurança, junto assim dois componentes da cruzada: um povo inofensivo e homens armados. A peregrinação chegava ao limiar da cruzada; para esta, diz José Roberto, faltava apenas um passo, a convocação papal e um objetivo militar claramente definido.
No capítulo três, escreve José Roberto que em 27 de Novembro de 1095, ao encerrarem-se os trabalhos do Concílio de Clermont, O papa Urbano II lançou um apelo a cristandade para que, pondo de lado as dissensões, se unisse num esforço comum para combater os turcos e libertar o Santo Sepulcro. Além do mais, a Europa no final do século XI foi aquinhoada com uma série de calamidades – inundações, chuvas, secas, reincidência de certas epidemias –, que ajudaram a criar um clima de angústia, propício às atitudes de penitência e expiação. José Roberto diz ainda que multidões se comoviam a pregação dos eremitas, que investiam continuamente contra a perene causa desses males, o pecado.
A cruzada popular: Pedro, o Eremita – A comoção foi grande no Ocidente e, logo, juntaram-se multidões no encalço dos pregadores populares. Deles o mais famoso, e que conseguiu ir mais longe, foi Pedro, originário do norte da França. Abandonou sua vida solitária para percorrer cidades e aldeias pregando a viagem santa. Graças à sua personalidade reuniu um considerável bando de pobres, camponeses e, diziam as más línguas, igualmente de bandidos, prostitutas e outros maus elementos. Esse ajuntamento, cujo controle Pedro não tardou em perder, tomou a rota da Alemanha, passando por Colônia e atravessando a Hungria, cometendo inúmeras atrocidades, atacando, queimando e pilhando aldeias e domínios pelo caminho. A partir de Andrinopla, em território bizantino, eles foram enquadrados por tropas imperiais, que os escoltaram até Constantinopla, onde Pedro teve uma entrevista com o imperador Aleixo Comneno. Este lhes forneceu alimentos e os acantonou fora dos muros da cidade, na tentativa de retê-los até a chegada da cruzada baronial. Esforço inútil, as desordens promovidas pelo populacho forçaram sua transferência para a Ásia Menor, onde rompida as amarras, avançaram por conta própria contra os turcos, sendo massacrados em Xerigordon e Civivot. Pedro, desiludido, retornou para junto do imperador e aí aguardaria a chegada da expedição oficial.
A cruzada baronial – Ainda no capítulo três, José Roberto narra como ocorreu a cruzada baronial, que teve início em 1096/97. O desfecho dessa cruzada se dá numa quinta-feira, 14 de Junho, os bispos e sacerdotes ordenaram jejuns, orações e uma procissão em torno das muralhas. E, no dia seguinte, sexta-feira, justamente na hora da morte de Cristo – coincidência significativa –, os cruzados conseguiram uma brecha na defesa e penetraram no interior da cidade. A cruzada cumpria finalmente seu intento. A luta nas ruas e os excessos a que se entregaram os cristãos na euforia da vitória são bastante conhecidos; porém, a notícia do massacre indiscriminado dos vencidos propagou-se rapidamente, assustando as populações de cidades vizinhas, que se mostravam propensas a acordos com os francos, dificultando, apesar disto, o progresso inicial da conquista da Palestina.
Uma colonização improvisada – No capítulo quatro, José Roberto escreve que a conquista de Jerusalém em 1099 arrastou os europeus para uma obra colonial que, por certo, não havia sido prevista. Apesar do papado desejar um controle efetivo sobre a cristandade oriental, e apesar do acenos de Urbano II com as riquezas do Oriente, projetos de uma verdadeira colonização não existiram na mente de ninguém, como demonstra o silêncio das fontes a tal propósito. Para muitos de seus participantes a cruzada não passava de uma peregrinação e, uma vez cumpridos os rituais próprios, pretendiam retornar a terra natal. Por outro lado, os que foram com a intenção de ficar, não fizeram para viver e sim para morrer aí, ao cumprirem-se as promessas apocalípticas pelas quais esperavam.
A configuração territorial – Dar uma ideia da conformação geográfica desse domínios todos não é tarefa fácil, principalmente para um período um tanto longo – as representações cartográficas, portanto, devem ser encaradas com cautela, seu intuito sendo, quase sempre, mais de ordem didática.
As repercussões da tomada de Jerusalém – A notícia da ocupação de Jerusalém pelos cruzados só fez agravar o entusiasmo no Ocidente, intensificando o fluxo de peregrinos para os lugares santos.
O destino das cruzadas – Em maio de 1147 Conrado III, após muitas hesitações, partia em direção a Hungria e às terras do Império Bizantino. Na maior parte do século XIII os territórios latinos ficavam reduzidos a uma faixa costeira e seria reconhecidos pelos sucessores de Saladino, com os quais a trégua seria posteriormente renovas. Esses territórios são habitualmente reconhecidos como o "Reino de Acre" ou "Segundo Reino de Jerusalém".
Além disso, o próprio insucesso das expedições do século XII, o lamentável exemplo dos poderosos, mais preocupados com as aquisições materiais que com a empresa de Cristo, e dos príncipes, ávidos no aproveitamento das vantagens oferecidas pelo privilégio da cruzada – principalmente a coleta de dízimos especiais – geraram sérias críticas, às quais nem os papas escaparam.
As cruzadas infantis – Em 1212, como que movidos por uma súbita inspiração, grupos de crianças deixaram seus lares com a intenção de libertar Jerusalém. Os cronistas assinalam duas regiões onde se processam esses estranhos movimentos, o norte da França e as áreas renanas em torno de Colônia; mas é provável que tenham havido outros grupos em outras partes. Esses grupos se puseram em marcha após terem tido uma visão na qual o próprio Cristo lhes ordenava uma ação em favor da Terra Santa. Essas cruzadas foram um fracasso.
As cruzadas principescas – O caso mais gritante ficou por conta da quarta cruzada que acabou combatendo cristãos em vez de muçulmanos. As duas cruzadas seguintes, a quinta e a sexta, dirigiram-se para a palestina.
A segunda cruzada de Luís IX, em 1270, esteve como nunca distante de Jerusalém, rumando para Túnis no norte da África, onde o rei veio a falecer em agosto, vitimado pela peste. Os demais participantes Carlos, do Anjou, rei da Sicília, e o novo rei da França, Filipe, o Ousado, apressaram-se a partir, após celebrarem um acordo com o sultão de Túnis. Somente Eduardo da Inglaterra continuou até a Terra Santa.
Findava-se melancolicamente a era das grandes cruzadas. O papa Gregório X ainda tentou reanimar o movimento, mas as condições do Ocidente e a situação da política asiática, alterada com a expansão dos mongóis, tornaram a tentativa inviável. Nos vinte anos seguintes os derradeiros estabelecimentos cristãos foram varridos do mapa da Síria e da Palestina.
As teorias sobre as cruzadas – Produzidas por laicos ou eclesiásticos, elas propunham inicialmente soluções para as graves questões no seio da cristandade, as quais impediam a realização da cruzada; questões que iam desde as divisões internas da Igreja até os problemas das jovens monarquias nacionais, passando pela rivalidade entre duas grandes ordens religiosas vinculadas ao Oriente, Templários e Hospitalários, pelas discórdias entre o século XIV, em suma, um grande feixe de preocupações e empecilhos na via hierosolymita dos monarcas europeus. Algumas teorias não passam de puras utopias, enquanto outras apresentam um lado prático até bem interessante, sem falar que certos autores, além de expor suas ideias no papel, envidaram um intenso esforço pessoal para vê-las realizadas.
As tentativas das cruzadas – Porém nem só no papel e a nível de teorias ficou a cruzada no final da Idade Média. No século XIV as tentativas continuaram, embora com possibilidades de efetivação cada vez mais reduzidas. As dificuldades já apontadas para a Europa cristã somavam-se agora profundas mudanças na política asiática, que iriam impedir até mesmo provocar uma inversão no sentido da cruzada.
A cruzada no mundo moderno – Transformado, não morto, o ideal da cruzada continuou presente nos diversos momentos da história do mundo moderno e contemporâneo. Perdendo o escopo original de resgate do Santo Sepulcro, ou de luta contra os infiéis, que conservou até o XIX, enquanto os turcos permaneceram como uma ameaça a Europa cristã, o deslocamento semântico não lhe tirou contudo o sentido essencial, a ideia de libertação. Libertação não mais de Jerusalém e sim dos males que afligem a humanidade, seja a opressão, sejam os vícios, sejam as doenças. Cruzada contra o comunismo, contra o álcool, contra o fumo, contra o câncer, a tenaz permanência do vocábulo é por si um indicador da harmonia desse ideal, despertado há quase dois mil anos, com os anseios mais profundos do espírito humano no Ocidente, formado na tradição cristã. Por que ele contém em si o duplo potencial da salvação comunitária e individual.


CONCLUSÃO
O que se torna evidente é que essas tentativas foram um fracasso. O povo atraído e fomentado por uma falsa esperança se lançavam nessas cruzadas esperando serem redimidas de seus pecados por meio da morte se necessário a fim de cumprir a vontade de Deus, conforme afirmavam os pregadores das cruzadas. No intento de defender a honra de Cristo e reunificar a igreja foram quase duzentos anos desastrosos. Uma mancha na história da igreja. Uma história para ser lembrada com tristeza.



MELLO, José Roberto. As cruzadas. Ed. Ática. 1989.
CHAMPLIN, Russel Norman. Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 1. p.1026. Hagnos. 11ª ed. 2013. São Paulo.
MELLO, José Roberto. As cruzadas. p.5. Ed. Ática. 1989.
Cf. p.6.
Cf. p.10.
Cf. p.12.
Cf. p.14.
Cf. p.15.
Ibid. p.15.
Cf. p.16.
Cf. p.17.
Cf. p.18.
Cf. p.19.
Cf. p.20.
Cf. p.21.
Cf. p.22, 23.
Cf. p.28.
Cf. p.30.
Cf. p.33.
Cf. p.37.
Cf. p.41.
Cf. p.43.
Cf. p.45.
Cf. p.46.
Cf. p.47.
Cf. p.48.
Cf. p.51.
i.e. que é natural de Jerusalém.
Cf. p.53.
Ibid. p.53.
Cf. p.56.
Cf. p.57.


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