As Estelas Abidianas e o Culto de Osíris durante o Reino Médio.

June 15, 2017 | Autor: Beatriz da Costa | Categoria: Ancient Egypt, Abydos, Abidos, Osiris cult, Osiris Festival
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XXV CICLO DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA: CIDADES

XXV CICLO DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA: CIDADES

PROGRAMAÇÃO SEGUNDA-FEIRA, 23 DE NOVEMBRO DE 2015 10:00 – 12:00 – SALÃO NOBRE CONFERÊNCIA 01 PENSANDO E 'DESPENSANDO' A CIDADE GREGA Prof. Dr. José Antonio Dabdab Trabulsi (UFMG) Este trabalho analisa a obra de construção e desconstrução do modelo grego da pólis enquanto conceito central de explicação da história da Grécia antiga, tomando dois autores paradigmáticos em relação a este percurso: Gustave Glotz e Kostas Vlassopoulos. CONFERÊNCIA 02 “ME VERÁS CAER SOBRE TERRAZAS DESIERTAS” 1: HYBRIS-SOPHROSÝNE Y METÁFORA URBANA Profa. Dra. Maria Cecília Colombani (UM/UNMP) El proyecto de la presente comunicación consiste en pensar la dimensión de la ciudad desde una vertiente ético antropológica para ver en qué medida el hombre y la ciudad constituyen estructuras isomórficas. El modelo ético-político de constitución subjetiva impacta directamente en el escenario de la ciudad como el espacio antropológico que alberga la existencia de los mortales. En este marco de consideraciones queremos relevar la ciudad desde un plano existencial y ver cómo la misma se puede, a su vez, inscribir en una metáfora médica a partir de la díada salud-enfermedad. Recorreremos tres modelos de ciudad. Tres relatos diferentes, con especificidades propias, pertenecientes a distintas configuraciones mentales y logoi peculiares, pero transidos por una línea de continuidad: la caída de la ciudad a partir de la hybris de sus habitantes. En primer lugar, recuperaremos el relato de Hesíodo en Trabajos y Días y en Escudo para relevar el estado de la aldea en manos de los dorophagoi y su proceder inscrito en la injusticia como forma de la enfermedad. En segundo lugar, recorreremos el relato de Eurípides en Bacantes para indagar el estado de Tebas frente a la presencia de Dioniso y el consecuente comportamiento de Penteo desconociendo su estatuto. Por último, acompañaremos el relato de Platón en República para descubrir los efectos de la injusticia en la ciudad. Tres ciudades que han dejado de ser el espacio propicio para la vida comunitaria; tres topoi signados por la violencia que la injusticia acarrea como símbolo del mal; tres geografías inhabitables que jaquean el “ser en el mundo”; tres territorios que se inscriben en la dialéctica salud-enfermedad y, en tal sentido, convocan a una gesta humana de re-invención del espacio existencial como espacio de salud.

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Cerati, G. “En la ciudad de la furia”, Doble vida, 1988

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14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 01 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Doutorando: Alair Figueiredo Duarte

OS DITIRAMBOS NO CONTEXTO HISTÓRICO DE FORMAÇÃO DA PÓLIS DEMOCRÁTICA Prof. Especialista Felipe Nascimento de Araujo (NEA/UERJ) A premiação para os coros ditirâmbicos nos festivais cívicos de Atenas foi introduzida nas reformas de Clístenes em 508 a.C. como estabelece D. M. Pritchard, sendo um processo análogo à criação do conselho dos 500 e da institucionalização do exército hoplita. As relações existentes entre a prática coral e a ideologia cívica de integração social da pólis situam-se no contexto histórico do final do período arcaico. Durante esse período, Barbara Kowalzig afirma ter existido uma difusão de ditirambos em outras cidades helênicas através da intensificação no comércio marítimo no Mediterrâneo. Nesta comunicação iremos apresentar a relação existente entre a prática coral ditirâmbica e o processo de transformação da cidade arcaica para a pólis democrática.

LUGAR SAGRADO E O IMAGINÁRIO SOCIAL NA PÓLIS ATENIENSE DO SÉC. V A.C AEC Profa. Mestranda Marina Rockenback de Almeida (NEA/UERJ) A presente comunicação visa problematizar a construção do lugar sagrado e o imaginário presente na materialização da religiosidade ateniense através de templos e santuários. O teor religioso encontra-se intimamente atrelado à construção dos valores e normas da Atenas do séc. V AEC, o que contribui na fundamentação da civilidade e na aceitabilidade da recepção de novos deuses.

O TEATRO ATENIENSE E O USO POLÍTICO DA CIDADE: UM ESTUDO DE CASO DA TRAGÉDIA PERSAS DE ÉSQUILO DE 472 A.C. Prof. Especialista Pierre Romana Fernandes (NEA/UERJ) Ao analisar a tragédia Persas, de Ésquilo, sob o exame metodológico da Análise de Discurso e enviesado pelo conceito teórico de representação, podemos reabrir o debate sobre os indícios de identidade e alteridade apontados tradicionalmente na produção textual ateniense do século V a.C. e redefinir os limites da oposição binária entre gregos e bárbaros no contexto pós-Guerras GrecoPérsicas. O presente trabalho pretende avaliar a relevância sociocultural do teatro ateniense e a dinâmica política provedora do espaço da cidade ao viabilizar e transmitir identidades, valores e práticas por meio da representação do “outro”. ATENAS: A CIDADE E A IDENTIDADE DO PODER MARÍTIMO Prof. Doutorando: Alair Figueiredo Duarte (PPGHC/UFRJ – NEA/UERJ – LSC-EGN – NEHMAAT/UFF – CEHAM-NEA/UERJ) Atenas no século V a.C. tornou-se uma potência marítima e a história dos seus dois portos Faleros e Pireu, confundem-se com a memória da polis. As construções no demos do Pireu são marcas do poder marítimo políade ateniense, e da sua capacidade de se relacionar com bárbaros e aliados visando a perpetuação da polis, deixando uma herança aos seus descendentes.

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14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 02 - SALA 227 Coord.: Prof. Dr. Emiliano Jerónimo Buis

DE BACANTES A MÊNADES: A DUPLA FACE DA INICIAÇÃO DIONISÍACA Profa. Karolini Batzakas de Souza Matos (UEFS) Ao longo do tempo, os estudiosos clássicos vêm reproduzindo a ideia de que Mênades e Bacantes são nomes diferentes, mas com um mesmo sentido: denominar os seguidores do deus Dioniso. Mas, seria possível que estivéssemos enganados até agora? Poderíamos por um instante apontar dois carácteres distintos num mesmo culto? É a partir deste questionamento, e da frase de Eurípedes “E se Tebas em fúria, de armas nas mãos intenta das montanhas arrancar as Bacantes, na batalha lançarei as Mênades”, que proponho, com essa comunicação, indagar e apontar uma possível diferença entre estas duas faces.

GÊNEROS DIPLOMÁTICOS: A FEMINIZAÇÃO DAS CIDADES E OS LIMITES POLÍTICOS DA ELEUTHERÍA EM HENÍOCO (FR. 5 K.-A.) Prof. Dr. Emiliano Jerónimo Buis (UBA) É bem sabido que a comédia antiga, interessada na política externa contemporânea, recorreu frequentemente à representação cênica das relações diplomáticas entre Atenas e outras póleis durante a Guerra do Peloponeso. A comédia média (mése), no entanto, tem sido descrita como uma variante do gênero mais preocupada pelos problemas familiares que pela situação pública dos conflitos armados. Contudo, os assuntos exteriores são também objeto de tratamento poético em algumas passagens dos comediógrafos da primeira metade do s. IV a.C. Este trabalho tem por objetivo discorrer sobre o testemunho oferecido por um texto de Heníoco (fr. 5, Kassel & Austin) que pertence a uma peça não identificada (Estobeo 4.1.27). Nestes versos, o poeta descreve que algumas cidades, reconhecidas como mulheres livres que chegam a Olympia, são corrompidas e sujeitas à Indecisão (Aboulía) e ainda perturbadas pelas personificações da Democracia e da Aristocracia. A partir de uma comparação com o corpus da comédia antiga (como Póleis de Éupolis), nosso propósito é descrever no exemplo de Heníoco o efeito cômico de pensar alegoricamente as discussões internacionais e os debates sobre o poder em termos de gênero.

POESIA ORAL: APONTAMENTOS SOBRE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO NA ANTIGUIDADE Prof. Mestrando Jorge Steimback Barbosa Junior (UFRJ) Existe a tendência, por certo derivada dos estudos filológicos do século XIX e da tradição do estudo das “Belas Letras”, que vieram a conformar, em parte, o cânone ocidental, a considerar o texto antigo em sua dimensão interna, seja numa apreciação estetizante, seja na busca pelas fontes usadas pelo autor. Escapa às análises puramente internalistas a dimensão performática e construtiva do texto antigo, especialmente nas modalidades da épica, da comédia e da tragédia. O objetivo da presente comunicação consiste em examinar os mecanismos de produção, circulação e modificação de narrativas, especialmente as que contêm substrato mítico. Argumentaremos (1) pela centralidade da palavra falada e dos mecanismos de memória na construção do texto antigo; (2) pelo distanciamento da declamação dos temas tradicionais por parte dos aedos ou a encenação de uma “peça” em relação ao processo mais ou menos passivo que hoje entendemos por “leitura”, considerando, no primeiro caso, a indissociabilidade entre a palavra e o corpo que a profere; (3) pela interação dinâmica entre a tradição escrita e falada, ao menos até que intervenha o poder político no

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sentido de cristalizar a primeira, como no paradigmático caso da compilação da Ilíada, por ordem de Psístrato. O USO DO SEXO ENQUANTO ARMA POLÍTICA EM LISÍSTRATA (411 A.C.) Profa. Mestranda Bárbara Alexandre Aniceto (Unesp/Franca) No último quartel do século V a.C., estima-se que foram produzidas aproximadamente quarenta comédias aristofânicas, das quais onze chegaram até nós. Na presente comunicação, nos debruçaremos sobre a obra Lisístrata, apresentada em 411 a.C. no festival ateniense das Lenéias. O objetivo da peça consiste em defender o fim da Guerra do Peloponeso, responsabilidade atribuída às personagens femininas. No enredo cômico, o grupo de mulheres proclama a abstinência sexual como forma de persuadir os maridos a estabelecerem a paz. Assim, balizados pela teoria de gênero, procuraremos analisar o significado do uso do sexo enquanto arma política pelas personagens femininas. 15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 03 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Doutorando Thiago de A. L. C. Pires

AS SECESSÕES DA PLEBE: MITOS E A CONSTRUÇÃO DE UMA HISTÓRIA PARA O MONTE AVENTINO Prof. Mestrando Jhan Lima Daetwyler (NERO/PPGH-UNIRIO) Essa apresentação pretende relacionar dois mitos bastante famosos para os romanos nos quais o Monte Aventino é citado, relacionando-os com a terceira secessão da plebe, e assim, tentar perceber o que eles significaram para a história da cidade de Roma no século III antes da era comum. Nesse trabalho abordarei justamente a terceira secessão da plebe, que aconteceu em 287 AEC na cidade de Roma. Antes, porém, é importante chamar atenção para o fato de mesmo que, eu considere as duas primeiras secessões como míticas, elas estão longe de terem pouca relevância para a sociedade romana. Elas mantiveram seu caráter pedagógico para a sociedade romana e serviram como exemplos e símbolos de um processo no qual uma população marginalizada adquiriu direitos políticos e religiosos na história de Roma.

ROMA E O FORUM IULIUM: A MONUMENTALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO POLÍTICA Profa. Ms. Claudia dos S. Gomes (PPGHC-UFRJ) Nas cidades, observamos que, para além da função estética, os meios artísticos são também formas de discurso. Lembrando que os monumentos são poderosos vetores de poder, verificamos que alguns lugares públicos adquiriam importância simbólica, pois eles materializavam os locais de decisões políticas, as festas religiosas e a comunicação diária entre os cidadãos. Nesse sentido, nos propormos a analisar o Forum Iulium, construído por Júlio César, para compreender como a monumentalização pública contribuiu para perpetuar a memória de sucesso e de glória militar. Ou seja, como as vitórias militares tornaram-se uma característica ideológica propagada através de expressões artísticas, pois nos interessa examinar o significado do monumento na comunicação pública, em seu enfoque político, na configuração urbana da cidade de Roma no século I a.C.

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A CHEGADA DE ENÉIAS AO LÁCIO: VIRGÍLIO, TITO LÍVIO E O JANÍCULO Prof. Doutorando Thiago de Almeida Lourenço Cardoso Pires (NERO/PPGH-UNIRIO) A chegada de Enéias ao Lácio, e o consecutivo assentamento do contingente troiano, marca o fim da peregrinação marítima do herói pelo Mediterrâneo e assegura a vontade dos deuses de nascimento do povo romano. Nosso intento, para esta apresentação, é traçar uma breve comparação sobre a chegada de Enéias ao Lácio segundo duas fontes literárias: a Eneida de Virgílio e Ab Urbe Condita de Tito Lívio. Para tanto, iremos averiguar como o Janículo mitológico se relaciona com o mito de fundação do povo romano e o estabelecimento dos troianos no Lácio. CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCUPAÇÃO DA BRITÂNIA: A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO URBANO Profa. Doutoranda Érika Vital Pedreira Nereida (PPGH-UFF) Esta comunicação consiste na apresentação de alguns resultados obtidos durante a pesquisa de mestrado que resultou na dissertação Transmitindo mensagens: As representações das deusas-mães da Britânia Romana. Visamos aqui fazer algumas considerações sobre a ocupação romana da Britânia, privilegiando a ordenação espacial e a introdução de símbolos e elementos da estética romana. Desta forma, observamos que a ação romana na província instituiu uma nova lógica de organização espacial que se fez refletir também na organização social, ao inserir membros das elites locais em um novo complexo urbano e administrativo. FLOR DE ROMA: A PAISAGEM HISTÓRICA DE FLORENÇA A PARTIR DO IMAGINÁRIO PRODIGIOSO EM GIOVANNI VILLANI Profa Ms. Vânia Vidal Luiz (PPGH-UNIRIO) Florença, nos séc. XIII e XIV elaborou uma série de “paisagens simbólicas” a partir da croní stica urbana, que a colocava como “filha e herdeira de Roma”. Para legitimar tais representações, Florença reivindica para si um imaginário mitológico relacionando sua origem ao triunfo romano sobre Fiésola, interpretado como a vitória da civilização sobre a barbárie, gerando uma “paisagem histórica”, em que sua identidade é posta em debate. É dentro desse imaginário que a cidade se ordena simbólica e espacialmente, já que Florença é, ela mesma, o “grande fórum”. Isso fica evidente na narração de Giovanni Villani do dilúvio de 1333, e no debate que se seguiu, através da construção do espaço urbano a partir desse imaginário prodigioso. Propomos que tal “paisagem histórica’ é um debate entre a modernitas e a Antiguidade, que arquiteta a própria cidade. 15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 04 - SALA 227 Coord.: Prof. Ms. Natan Henrique Taveira Baptista

PRÁTICAS ESPORTIVAS E REPRESENTAÇÕES CORPORAIS NO COTIDIANO URBANO DE CARTAGO (SÉC. III) Prof. Ms. Natan Henrique Taveira Baptista (UFES) Paulatinamente, no Império Romano, as práticas esportivas e corporais passaram a representar um lugar adversário na concepção identitária de alguns grupos urbanos, em especial, dos judeus e dos paleocristãos. Dado o avanço das ideias proto-ortodoxas cristãs capitaneadas, entre outras personagens, por Tertuliano, o esporte, seus atletas e os recintos públicos e lúdicos corporificaram críticas, dando substância para a emergência de um conflito discursivo que chegou ao início do Medievo. Dessa forma, esta comunicação tem como objetivo confrontar diferentes argumentos envolvidos no controverso papel das práticas esportivas e, por associação, do corpo atlético ligado

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especialmente aos espetáculos do circo e do ginásio, na construção das identidades urbanas na transição do segundo para o terceiro século na cidade de Cartago. De modo a evidenciar a posição antagônica frente às manifestações típicas da identidade clássica romana, analisaremos o De Spectaculis, do paleocristão Tertuliano, e a retomada feita por este autor da censura judaica presente, notadamente, em Flávio Josefo e nos dois primeiros livros dos Macabeus. Com intuito de responder nossos questionamentos, analisamos a documentação primária à luz do exame textual crítico da Análise de Conteúdo por meio do método proposto por Laurence Bardin. A URBANIZAÇÃO EM BRACARA AUGUSTA Prof. Mestrando Thiago Tolfo (Universidade do Minho) A comunicação titulada “A urbanização em Bracara Augusta” é uma ramificação do projeto de mestrado titulado “A urbanização no noroeste peninsular: fontes e especificidades”, empreendido pelo mestrando Thiago Tolfo com orientação da Dra. Maria Manuela Reis Martins na Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, em Braga, Portugal. Após as guerras cantábricas a região do noroeste da península ibérica foi uma das últimas regiões da Hispania a integrar o território romano. Quando Roma instaura seu plano administrativo e de integração do noroeste da península ibérica, algumas cidades do noroeste passam a possuir status jurídico e servem estrategicamente como áreas administrativas do território romano. Neste sentido, a intenção da comunicação é expor, na perspectiva dos resultados das fontes arqueológicas, epigráficas e dos estudos da documentação literária antiga, as considerações sobre o processo urbanístico de Bracara Augusta a partir da intervenção romana na região do noroeste da península ibérica. BASTÍ E CÁSTULO: CIDADES E OPPIDA IBÉRICOS DA ANDALUZIA (SÉC. VII A.C). Profa. Mestranda Ellen Moura Teixeira de Vasconcelos (UFF) Nos primeiros séculos da Idade do Ferro, também chamado de Período Orientalizante, houve uma reestruturação urbana das populações da Península Ibérica. Espaços fortificados e assentamentos articulados a partir do oppidum nuclear passam a ser organizados por novas elites indígenas. Assim sendo, esta comunicação pretende fazer uma breve análise do surgimento dessas novas elites locais, suas relações com os assentamentos fenícios e as causas desta reestruturação e reorganização entre as cidades. 18:00 – 19:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 05 - SALAO NOBRE Coord.: Profa. Dra. Marta Mega de Andrade

ELOGIO DA VIRTUDE A DA PRUDÊNCIA DAS MULHERES Profa. Dra. Marta Mega de Andrade (IH-UFRJ) O objetivo desta comunicação é analisar as implicações da difusão do elogio à virtude e prudência das mulheres nas dedicações funerárias do século IV a.C. A formula utilizada pelos epitáfios é a mesma já conhecida desde o período arcaico, aparecendo, nesse período, conectada ao elogio masculino. Discutiremos três hipóteses para o fenômeno: a do aumento da importância política e cívica das famílias cidadãs a partir do século IV a.C., tal como defendida por Sally Humphreys e Robin Osborne; a da compreensão diferenciada das virtudes no que tange ao masculino e ao feminino, segundo as éticas aristotélicas, tal como sugerida por Diana Burton, não implicando, portanto, num diferente status para as mulheres; a da importância política das mulheres para a comunidade políade e para a conformação da vida pública, tal como defendida por C. Sourvinou Inwood.

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O CASAMENTO DE PANDORA Prof. Mestre Bruno Rodrigo Couto Lemos (UFRJ) Nesta comunicação, a partir das narrativas hesiódicas que tematizam a fabricação de Pandora, propomos uma abordagem do mito que busque perceber sua íntima relação com as práticas e os espaços cotidianos da pólis. Ao buscarmos ressaltar a proximidade entre a narrativa mítica e as relações de espacialidade e visualidade, nosso objetivo será pensar tais espaços em suas possibilidades de experimentação do mito. A LIBERDADE CÊNICA DOS ESCRAVOS EM CAVALEIROS, DE ARISTÓFANES Profa. Mestranda Stefania Sansone Bosco Giglio (PPGLC-UFRJ) Em 424 a.C., Aristófanes compõe a peça Cavaleiros, cujo enredo apresenta um ataque a Cléon, um demagogo de seu tempo, e a imagem de uma βουλή (boulé) e um δῆμος (dêmos) passíveis de corrupção. Observando a peça, nota-se que os responsáveis pelo desenrolar da ação são os próprios escravos do senhor Demo. Eles estão preocupados com o bem-estar da casa de seu senhor e querem que Paflagônio seja punido devido aos abusos cometidos. Aristófanes traça, portanto, no campo literário, um novo perfil do escravo, pois ao invés de eles serem considerados despreocupados com os problemas de seu senhor, são, ao contrário, os que permanecem mais próximos dele. De acordo com Silva (2007, p.190), eles se convertem na imagem do patrão, aliando-se e procurando soluções para que os problemas sejam resolvidos. Esta comunicação, como fruto da atual pesquisa de mestrado, pretende analisar a movimentação dos escravos no início do prólogo de Cavaleiros, a fim de pensar a escravidão com base nesse ponto de vista e trazer novas possibilidades de interpretação acerca da figura do escravo na comédia antiga. DISJUNÇÃO DE ORDENS: ANTÍGONA E GUNÉ E A IMAGEM DE UM PORVIR Prof. Mestre Daniel Teixeira Taveira (UFRJ) A análise do nome próprio Antígona e do recurso ao termo guné na peça trágica de Sófocles (441 AEC) nos informa de uma perspectiva histórica que em geral é capturada por aquilo que chamamos de ordens. Essas que podem ser identificadas com regras de controle, discursos de poder, jogos hierárquicos, etc. que restituem, por fim, o desejo de dominação, Tais ordens são mecanismos da dominação que reproduzem a linhas de um sistema ou continuum evidenciando, a todo instante, o domínio da soberania. A dominação que, aqui, se entende é a de caráter totalitário, o “estado de exceção” a que se remete Walter Benjamin, que lança sobre a perspectiva histórica o perigo de “deixar-se transformar em instrumento da classe dominante”. (LÖWY, 2005). Não falamos do totalitarismo, nem da classe dominante como a burguesia, a realeza ou a aristocracia. A análise que propomos é a que busca remontar a “tradição dos oprimidos” horizonte histórico de resistência à soberania da dominação. A guné, chamada Antígona, é a figura da disjunção que vai contra a reverberação de ordens do tipo marido-esposa, mãe-filho, geração-descendência; linhas da soberania que precisam ser postas em xeque. O MURO DE TEMÍSTOCLES E OS VESTÍGIOS DE UMA HETEROTOPIA Prof. Mestrando Rui da Cruz Silva Junior (PPGarq-UFRJ) O Muro de Temístocles pode ser identificado como um dos topos mais significativos da polis ateniense já que, sem dificuldades, verificam-se numerosos documentos escritos e registros arqueológicos que o concedem importância ímpar quando pretendemos problematizar as relações espaciais dentro de Atenas do V século a.C. Esse trabalho pretende, em linhas gerais, analisar arqueologicamente a primeira camada estratigráfica da seção do muro situada dentro dos limites do

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Keirameikos, datada de 478 a.C. - ainda presente na paisagem arqueológica ateniense - demostrando por meio dessa a condição sui generes de sua construção. Essa ímpar condição deverá nos servir como pista para a reconstrução de um evento que permaneceu gravado nas pedras: a construção do muro. Trazendo à cena o conceito de espaço heterotópico, de Foucault, também defenderemos a hipótese do Muro de Temístocles não ser somente um topos significativo, mas, em si, a solidificação de uma heterotopia. 18:00 – 19:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 06 - SALA 227 Coord.: Prof. Doutorando Daniel Soares Veiga

A INFLUÊNCIA DAS CULTURAS HELENÍSTICA E ROMANA NA COMPOSIÇÃO ESTÉTICA DAS CIDADES DA PALESTINA NO FINAL DO JUDAÍSMO TARDIO. Prof. Doutorando Daniel Soares Veiga (UERJ) O objetivo desta apresentação consiste em abordar por quais meios as culturas helenística e romana se combinaram ao ponto de remodelarem a paisagem arquitetônica das cidades palestinenses na virada de eras, ao mesmo tempo em que difundiram instituições típicas do universo greco-romano pelo território judeu. A inserção das culturas helenística/romana, além de contribuir na reconfiguração do espaço urbano da Palestina, sobretudo durante a dinastia herodiana, também foi responsável por semear novos valores e visões de mundo que marcaram o pensamento dos judeus e descortinaram novos horizontes no judaísmo do Segundo Templo. CARIDADE E ASCETISMO NA ANTIGUIDADE TARDIA: PRÁTICAS CRISTÃS COMO TRANSFORMADORAS DO AMBIENTE URBANO Prof. Mestrando João Carlos Furlani (UFES) Neste trabalho, temos por objetivo refletir sobre as transformações produzidas no espaço urbano das cidades romanas, no período tardo-antigo, tendo em mente a ampliação dos credos cristãos e a interferência que os mesmos exerceram sobre as paisagens arquitetônicas citadinas, principalmente, por intermédio da construção e manutenção de edifícios e monumentos e o investimento em uma infraestrutura caritativa, como asilos, hospedarias e leprosários. Nesse sentido, buscaremos discorrer sobre os ideais ascéticos cristãos que envolviam as práticas de caridade, como o desapego às fortunas e a doação de grandes quantias à Igreja, bem como a edificação das estruturas supracitadas. Para tanto, tomaremos como exemplo as cidades de Constantinopla e Antioquia, localizadas na parte oriental do Império Romano. A JERUSALÉM DE DAVI: CIDADE REAL OU ALDEIA RURAL? Prof. Doutorando Josué Berlesi (UFPA/EST- bolsista CNPQ) O presente estudo tem por finalidade apresentar o recente debate sobre a o palácio real de Davi supostamente presente em Jerusalém. Dessa forma, almeja-se abordar as relações políticas que envolvem a arqueologia praticada na referida cidade bem como o papel da narrativa veterotestamentária como fonte válida para o estudo da chamada “monarquia unida”. Não obstante, é preciso confrontar as recentes evidências materiais com o discurso cristalizado nos manuais de “história de Israel” que dão como certo a pertinência histórica de um império davico-salomônico. A presente proposta contempla parte da tese do autor que se encontra em fase de redação.

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TERÇA-FEIRA, 24 DE NOVEMBRO DE 2015 09:00 – 10:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 07 - SALÃO NOBRE Coord.: Profa. Maria Eichler Sant’Angelo

A CIDADE DE ROMA NA ATENAS DE “ESTICO”: IDENTIFICANDO ALGUNS PROCESSOS ECONÔMICOS Profa. Christiane dos Reis Messias (UNIRIO) O teatro usa questões cotidianas, reflexões, dúvidas, polêmicas ou situações políticas e econômicas de uma determinada sociedade, como material para a cena. É expressão artística, mas também social; é um fenômeno frequentemente entendido como urbano, estreitamente relacionado ao desenvolvimento das cidades. A proposta do presente trabalho é identificar na fictícia cidade ateniense da obra plautina “Estico”, alguns aspectos da cidade romana real. A partir de duas falas da personagem Gelásimo, que mencionam o alto custo de vida, refletirei sobre os processos econômicos reais que estariam a elas vinculados. Tendo sido encenada no contexto da Segunda Guerra Púnica, a peça se presta ao entretenimento do público diversificado dos ludi Plebeii, ao mesmo tempo que se conecta com a realidade vivida pelos espectadores. A realidade e a ficção, no “Estico”, como de resto no teatro em geral, se intercomunicam. OS SACERDOTES SÁLIOS: RITUAIS, CIDADE E GUERRA NA ROMA REPUBLICANA Profa. Fernanda Mendonça de P. C. Durão (UNIRIO) Temos como objetivo aprofundar o conhecimento sobre um dos aspectos do sistema religioso romano, a partir do estudo das atividades rituais do colégio dos sálios, um colégio sacerdotal profundamente vinculado às narrativas das origens da cidade de Roma. Uma das bases para a compreensão da religião romana é a chamada “ideologia da cidade”, e as ações e objetos rituais relacionados aos sálios são um viés possível para o estudo da religião romana. A PROCISSÃO EM HONRA A MAGNA MATER NO DE RERUM NATURA DE LUCRÉCIO: UMA “PAISAGEM RELIGIOSA” EPICURISTA? Profa. Maria Eichler Sant’Angelo (UNIRIO) Ao longo do século I AEC, a literatura romana elaborou uma multiplicidade de “paisagens religiosas” em torno da procissão em honra a Magna Mater. No cruzamento dos diferentes níveis de representação que comportam essas “paisagens”, identidades e hierarquias político-religiosas da República tardia foram renegociadas. Aquela reivindicada por Lucrécio, no poema De rerum natura, tanto sobrepôs-se quanto rivalizou com a “paisagem” organizada e politizada da religio publica. Propomos a ideia de que a pragmática poética lucreciana ressignificou o “espaço ritual” associado à deusa, e transmitiu um apelo à elite romana de seu tempo: que a mesma, no cumprimento de suas obrigações magistrais e sacerdotais, agisse de acordo com a verdadeira pietas recomendada pela ratio epicurista.

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CIUITAS MORTUORUM: A MORTE NA CONFIGURAÇÃO DA PAISAGEM ROMANA NO PERÍODO REPUBLICANO Prof. Paulo Marcio Feitosa de Sousa (UNIRIO) Seja pela definição de necrópole (cidade dos mortos) ou por acompanharem as estradas, ligando as cidades, os cemitérios fizeram parte do dia a dia dos antigos romanos. Um lugar de beleza e medos, esperanças e decepções, onde os vivos interagiam entre eles e com os mortos. Há, também, uma riqueza de evidências nos permitindo compreender parte de seus ritos, através dos objetos encontrados nos túmulos, além da demografia e concepções filosóficas através das inscrições funerárias. Nossa apresentação terá como objetivo analisar a importância dos cemitérios romanos na configuração dos espaços, tendo a Via Appia como principal material devido as disputas de famílias importantes, como os Cipiões, para o enterro naquele lugar.

09:00 – 10:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 08 - SALA 227 Coord.: Profa. Dra. Vanessa Ferreira de Sá Codeço

A IDENTIDADE PELA APARÊNCIA EM HERÓDOTO Profa. Dra. Vanessa Ferreira de Sá Codeço Heródoto foi um dos grandes expoentes, na Antiguidade Grega, no que se relaciona ao relato histórico. Tido como ´Pai da História’, sua obra Histórias, traz uma série de relatos que nos permitem conhecer (ainda que por uma visão helenocêntrica do mundo), diversas sociedades. Esse trabalho se ocupará de um dos diversos elementos presentes em todo trabalho do historiador: a identidade pela aparência. Buscaremos dados que nos permitam entender como se dava esse Sistema de identificação e de que maneira ele corroborava para a afirmação da identidade grega.

UMA ANÁLISE DE ESPAÇOS E PRÁTICA MÁGICO/RELIGIOSAS A PARTIR DOS KATÁDESMOI EM ATENAS NO PERÍODO CLÁSSICO Graduanda Yasmin da Silva Pacheco (UFRJ) Pretendo por meio desta comunicação articular questões relativas à cultura material, por meio dos Katádesmoi, pequenas lâminas de chumbo, elaboradas com a intenção de fazer mal ao inimigo no período clássico ateniense. Para tanto, abordarei questões relativas ao espaço de depósito ritual desses artefatos, assim como as pessoas que tinham acesso a este tipo de material para a confecção desses artefatos. Lançarei mão do estudo de cultura material como forma de definir a natureza do objeto, para então alcançar as articulações desejadas e traçar uma breve trajetória das práticas mágicas que envolvem os Katádesmoi. A MAGIA FEMININA NA ATENAS CLÁSSICA (SÉC V-IV A.C.) Profa. Mestranda Stéphanie Barros Madureira (UFRJ) A presente comunicação tem por objetivo apresentar e analisar as práticas mágicas e religiosas exercidas pelas mulheres de Atenas, esposas de cidadãos, e sua relação de alteridade com os valores de comportamento esperados pela sociedade em que estavam inseridas. Através da literatura e da cultura material, procuramos as especificações políticas e sociais desse grupo na cultura ateniense, no sentido de buscar compreender em que ponto suas relações com a magia perpassavam o que era puramente mítico-religioso. Também buscaremos fazer uma pequena apresentação e reflexão acerca

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de duas personagens feiticeiras da documentação textual: Circe e Medeia. Nosso objetivo com a presente pesquisa é mostrar como as práticas mágicas podem ser vistas dentro da lógica social, em que ponto sua atuação mostra como essas mulheres poderiam não ser tão moldadas num modelo ideal rígido, tendo em vista que as práticas sociais e cotidianas nem sempre correspondem ao que se espera delas: pode haver muito mais maleabilidade do que o modelo nos quer fazer acreditar. 10:45 – 12:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 09 - SALÃO NOBRE Coord.: Profa. Doutoranda Mariana Figueiredo Virgolino

MORRER NOS “DOMÍNIOS DE POSEIDON”: A RELAÇÃO DA PÓLIS ARCAICA COM A MORTE NO MAR Profa. Doutoranda Camila Alves Jourdan (PPGH-UFF) A percepção humana sobre a finitude da vida implica a construção de um complexo imaginário sobre a morte e o morrer e de relações práticas com o corpo do morto. A morte está diretamente vinculada a pólis, pois morrer é um ato social. Nos valores empregados pelos helenos à morte e aos ritos fúnebres propomos uma problemática: a morte que ocorre no mar. Deste modo, nesta comunicação, pretendemos discorrer sobre o imaginário que cerca o morrer no mar e a ausência de um corpo para os ritos fúnebres. Para tanto, focaremos na documentação referente ao Período Arcaico. A CENTRALIDADE DO VALOR DE HONRA (TIMÉ) PARA A PÓLIS ATENIENSE Profa. Doutoranda Talita Nunes Silva (PPGH-UFF) Nesta comunicação buscaremos demonstrar a centralidade da honra (timé) para a sociedade Ateniense. Tal preponderância se observa no fato de que na Atenas Clássica a posição social dos indivíduos decorre da honra que apresentam como valor e que recebem como reconhecimento pelos demais integrantes da pólis, assim como no papel da timé na formação da legislação Ateniense. Devido a centralidade deste valor para a pólis de Atenas observaremos que qualquer dano a ele gerava a necessidade de reparação (vingança). Necessidade esta que poderia levar a anomia. Por conseguinte, para garantir a manutenção da honra e ao mesmo tempo a integridade da comunidade políade a pólis assumiu para si o monopólio da vingança que passa a ser exercida por meio das instituições e das leis.

O SEXO E A CIDADE: LAÇOS DE AMIZADE ENTRE MULHERES ATENIENSES NO PERÍODO CLÁSSICO Profa. Doutoranda Juliana Magalhães dos Santos (PPGH-UFF) Nesta comunicação concentraremos nossa análise sobre a relação entre o gênero feminino e o conceito de philia. A partir das primordiais acepções conceituais legadas principalmente aos cidadãos gregos do VI e V século a.C, refletiremos como este conceito se aproximava do universo das mulheres, e como este poderia vir a ser consumido e reproduzido, segundo sua dinâmica particular e própria. Fosse uma rede de conexões sociais reelaborando conhecimentos e relações cotidianas ou sinônimo de relação entre amada e amante, o véu que escapa a condição da cidadã recatada expõe personagens femininas com papel restrito, porém ativo na sociedade ateniense clássica.

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TIRANIA E HYBRIS EM ATENAS NO PERÍODO CLÁSSICO Profa. Doutoranda Mariana Figueiredo Virgolino (PPGH-UFF) Segundo pensadores do século IV a.C, especialmente Platão e Aristóteles, a tirania seria a pior das formas de governo. Todavia, a historiografia recente sobre os governos autocratas na Grécia tem entendido que a relação dos atenienses no que concernia essa forma de governo era ambígua. A hybris, por sua vez, é uma noção que foi sofrendo alterações ao longo da história da Grécia Antiga. Se nos poemas homéricos e nos hesiódicos ela se caracterizava por uma conduta contrária à justiça (diké), uma arrogância marcada por um comportamento no nível do excesso, no Período Clássico esse conceito estava relacionado ao ataque à honra (timé) de um cidadão. Pretendemos, portanto, nesta comunicação, explorar as relações entre tirania e hybris na cultura política ateniense do Período Clássico. 10:45 – 12:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 10 - SALA 227 Coord.: Profa. Mestre Paloma da Silva Brito

MEDÉIA: UMA ALTERIDADE À SOCIEDADE GREGA ANTIGA Graduanda Alanna da Silva de Freitas (UEFS) Graduando Allan da Silva de Freitas (UEFS) Nesse artigo tratamos a forma como a personagem Medéia, da tragédia de Eurípides, através de suas ações, constituiu-se em uma alteridade ao feminino na sociedade grega antiga. Para isso, analisamos, segundo interpretações de alguns autores, a condição da mulher grega no tempo da tragédia Medéia, assim como as inovações de Eurípides ao escrever a obra.

EURÍPIDES: E AS PALAVRAS TRANÇADAS NO DISCURSO DE MEDEIA Profa. Mestre Paloma da Silva Brito (PUC-Rio) O tragediógrafo Eurípides, que viveu no século V a.C, é por muitos estudiosos considerado um autor “moderno”. Tal atribuição se deve à dificuldade em perceber a complexa relação entre poesia e filosofia estabelecida na pólis clássica. A ação encenada pelo drama Medéia sugere um teatro construído a partir do silêncio compartilhado entre Eurípides e Sócrates. Esse trabalho pretende abordar como o horror sonhado pelo poeta se reflete no coro do filósofo.

PENSANDO A CIDADE ATRAVÉS DE UM PROVÉRBIO EM TRAQUÍNIAS DE SÓFOCLES Prof. Mestrando Wagner Luiz da Silva (UFRJ) Traquínias é, sem dúvida alguma, uma das mais interessantes obras da primeira fase de Sófocles. Nessa peça, Dejanira, a mulher do lendário herói Héracles experiência as vicissitudes de um amor sobremodo conflituoso, ao saber do envolvimento extraconjugal do marido com uma escrava advinda da cidade de Tráquis. O drama da personagem aumenta quando ela, no prólogo da peça, enuncia um provérbio de caráter pedagógico e sapiencial acerca da possibilidade da felicidade. Tal provérbio, certamente, já era conhecido e mencionado no ambiente cultural da Atenas clássica. Nesse sentindo, a obra sofocliana traz o discurso proverbial da cidade para dentro do discurso trágico de Traquínias. Assim sendo, este trabalho tem como objetivo perceber e analisar vestígios do pensamento da cidade através do provérbio como marca traditiva.

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMAGEM DE NEOPTÓLEMO NO FILOCTETES DE SÓFOCLES Prof. Mestrando Matheus Barros da Silva (UFPEL) A presente comunicação tem como objetivo elaborar uma zona de problematização a cerca da imagem do jovem herói Neoptólemo nas estruturas do texto trágico Filoctetes de Sófocles, encenado e vencedor nas Grandes Dionisíacas de 409 a. C. Na ação do drama analisado, o poeta coloca em cena três personagens fundamentais. De um lado, Odisseu, de outro, o próprio Filoctetes, e entre estes polos, a deliberar por um deles, aparece Neoptólemo, que ora é atraído para o lado do rei de Ítaca, ora para a esfera do arqueiro Filoctetes. Portanto, a cena trágica no Filoctetes apresenta o problema da escolha, deliberação e sua carga de responsabilidade. Em outras palavras, almejamos perceber quais os sentidos que as ações de Neoptólemo, ao longo da peça, poderiam assumir diante de uma plateia de cidadãos atenienses ao final do século V a. C. 14:00– 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 11 - SALÃO NOBRE Coord.: Profa. Doutoranda Uiara Barros Otero

A DOMUS DAS CARVALHEIRAS DE BRACARA AUGUSTA Professor Me. Paulo Duprat (PPGHC/UFRJ) Os cenários da vida cotidiana nas sociedades antigas podem ser revividos através da Arqueologia, reconstituindo seus espaços de convivência e suscitando dados que permitem-nos entrever seu modo de vida. A cidade romana se caracterizava pela concepção prática e utilitária do espaço, contemplando as necessidades dos habitantes através de soluções arquitetônicas originais. Datável de princípios do séc. I d. C., a Domus das Carvalheiras representa o mais elucidativo exemplar da arquitetura doméstica romana da cidade de Bracara Augusta, oferecendo informações preciosas sobre a organização do espaço doméstico, sobre a natureza dos seus proprietários, além das atividades econômicas que se desenrolavam a paredes meias da área habitacional, em íntima articulação com as habitações romanas do Noroeste peninsular. A PRODUÇÃO EPIGRÁFICA E A CONSTRUÇÃO DAS ‘MEMÓRIAS PÚBLICAS’ NA PROVÍNCIA DA LUSITÂNIA ENTRE OS SÉCULOS I E II D. C. Doutoranda Airan dos Santos Borges (PPGHC- UFRJ) O hábito epigráfico é interpretado por nós como um dos ícones mais expressivos do processo de introdução de novos hábitos sociais e políticos no novo contexto promovido pela criação e consolidação do Império Romano. Através dele é possível observar os indicadores que viabilizam o estudo das elites provinciais, a saber: as formas de identificação dos novos cidadãos, as estratégias locais de promoção política, o percurso dos grupos de elite na administração das cidades, as alianças políticas desenvolvidas através das relações de patronato e as formas de comunicação com a administração imperial, para citar algumas possibilidades analíticas. Assim sendo, na presente comunicação discutiremos as potencialidades do uso articulado dos conceitos de espaço social e memória coletiva para a compreensão do hábito epigráfico provincial.

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REGULAÇÕES DAS PRÁTICAS RELIGIOSAS CRISTÃS NA CIDADE DE CARTAGO ENTRE 200 A 260 D.C. Doutoranda Uiara Barros Otero (PPGH/UNIRIO) Este trabalho tem como objetivo problematizar uma questão. Por muito tempo pensamos que o Império Romano foi tolerante para com os povos submetidos em matéria de religião. Através das análises do nosso corpus documental que reúne as Acta Proconsularia Cypriani e a Passio Perpetuae, dois relatos latinos e africanos, cogitamos que havia por parte das autoridades públicas em Cartago, sob o regime imperial, a preocupação quanto às observâncias cultuais romanas e locais. Por essa razão, o comportamento religioso que recusava tais tradições e regras, foi alvo de regulação e punição. 14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 12 - SALA 227 Coord.: Prof. Ms. Roger Ribeiro da Silva

A CIDADE E O INDIVÍDUO: DOIS CAMPOS DE FORÇAS EM ANALOGIA NA 'REPÚBLICA' DE PLATÃO Profa. Mestranda Flora de Carvalho Mangini (PUC-Rio) A cadência argumentativa da 'República' de Platão é organizada principalmente em torno de um único recurso formal, a analogia alma-cidade. Para entendermos melhor como ela funciona e que uso Platão poderia esperar dela, procuraremos explorar, nesta comunicação, os sentidos de proporção e elementos empregados nela, tendo por instrumento a explicitação de uma comparação que o próprio Platão faz por meio de Sócrates: aquela entre o ordenamento das letras em palavras e o de partes que compõem conjuntos unitários (sejam eles indivíduos ou cidades). A "REPÚBLICA" DE PLATÃO: A PÓLIS MENOS A MÚSICA Bacharel Rafael Silva Lemos (UFRJ) Em sua elaboração da pólis, Platão expulsa os poetas. Esta expulsão, no entanto, que à primeira vista pode parecer mera discussão estética e é, inclusive entre estudiosos da obra platônica, tratada como tal, coloca em jogo de maneira determinante a educação grega pré-filosófica. O trabalho pretende, através da interpretação da filosofia platônica defrontada com o pensamento de seus "antecessores" - os filósofos pré-socráticos e os poetas - expor o que efetivamente está em jogo na expulsão da figura do poeta da pólis e da mudança da educação proposta por Platão, onde uma Grécia de cultura predominantemente oral e regida pela dinâmica do mito é suplantada pela educação do filósofo e pela cultura da escrita. MELHOR SOFRER A COMETER UMA INJUSTIÇA: A LIRA DE ORFEU NA CONDENAÇÃO AO HEDONISMO PRESENTE NO GÓRGIAS DE PLATÃO Prof. Mestre Roger Ribeiro da Silva (UFF) A presente comunicação, que tem por objeto a obra de Platão, deriva de parte dos resultados de uma pesquisa maior e voltada para a construção da dissertação requerida para a conclusão do curso de mestrado em filosofia pela Universidade Federal Fluminense, desta forma, não será aqui exposta toda a proposta defendida em nosso trabalho. A exposição terá, por conta do já exposto, por objetivo apontar e discutir a presença de transposições de elementos oriundos do hierós lógos órfico no discurso ético encontrado no Górgias. Acrescentamos que pretendemos apresentar tal relação como

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derivada das necessidades político-pedagógicas do filósofo ateniense. Desta forma, dissertaremos sobre o uso da base mítica órfica no ensino da ética apresentada no diálogo Górgias de Platão.

15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 13 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Dr. André Leonardo Chevitarese/ Prof. Mestrando Victor Henrique S. Menezes

HISTÓRIA ANTIGA, CINEMA E SUAS REPRESENTAÇÕES Prof. Dr. Cláudio Umpierre Carlan (PPGHI-UNIFAL) O Cinema, desde as primeiras produções, reforçou romantismo exacerbado sobre Antiguidade. Muitas vezes anacronicamente, esses filmes retratam uma época, considerada por muitos, como exótica e romântica, sem miséria, pobreza ou fome. Tanto Cinecittà quanto Hollywood aproveitaram desse filão, transformando o Mundo Antigo numa continuidade da sua cultura. Nosso objetivo com esse trabalho é apresentar cinema como importante documento histórico, propagandista e legitimador de uma sociedade, religião ou regime político. CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS SOBRE A DOCUMENTAÇÃO FÍLMICA: ENTRE A REPRESENTAÇÃO E A RETÓRICA CIENTÍFICA Prof. Pós-Doutorando Daniel Brasil Justi (LHER-IH/UFRJ) O discurso fílmico é "verdadeiro"? É apenas uma "representação"? O trabalho pretende discutir os limites da análise histórica a partir do cinema. A documentação fílmica, indiscutivelmente, constrói uma "representação" e uma narrativa discursiva que se pretende verdadeira tendo em vista suas variadas motivações. No entanto, buscar-se-á refletir aqui quais os limites dessa narrativa construída pela documentação fílmica quando é tomada como objeto de análise por parte do historiador. Além disso, pretende-se promover o debate acerca do trabalho do historiador enquanto cientista na medida em que elege filmes como partes integrantes de seus corpora documentais. SEXUALIDADES DESVIANTES NAS TELAS: O HOMOEROTISMO NAS REPRESENTAÇÕES CINEMATOGRÁFICAS DOS HOMENS ROMANOS (1951-1964) Prof. Mestrando Victor Henrique da Silva Menezes (UNICAMP) Um dos principais booms de filmes épicos voltados aos eventos e personagens da Antiguidade deuse durante as décadas de 1950 e 1960 sob o monopólio de Hollywood. As produções desse período, ambientadas em especial na Roma Antiga, estiveram fortemente marcadas pelo tom maniqueísta, em que a dualidade bem vs mal constituíam a base da narrativa. Os romanos que assumiram o papel de vilões nos enredos foram geralmente apresentados com atitudes e gostos que eram tidos como excêntricos e desviantes no período de produção das películas. Uma das práticas tidas então como desviantes e que estiveram presentes em alguns desses filmes foi o homoerotismo. Este, aparecendo de maneira singela, devido em especial ao então vigente Código Hays, foi utilizado como símbolo da vilania ou decadência de personagens como Marco Antônio, em A serpente do Nilo (1953), Messala, em Ben Hur (1959), e Crassus, em Spartacus (1960). Partindo de tais pressupostos a comunicação procurará, por meio da análise de cenas dos citados filmes, apresentar algumas das ressignificações das práticas sexuais dos antigos romanos presentes no cinema épico hollywoodiano das décadas de 1950 e 1960. Pretende-se ainda demonstrar como essas películas, ao apresentarem nas grandes telas o homoerotismo em personagens da Roma Antiga, disseram muito mais acerca dos preconceitos e ideais de seu momento de elaboração, que das práticas sexuais presentes na sociedade que procuravam representar.

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ANTIGUIDADE, SEXUALIDADE E CINE-DOCUMENTÁRIO: UM ESTUDO DE CASO DA PRODUÇÃO “ÍCONES DO MAU COMPORTAMENTO: JÚLIO CÉSAR” (2009) Profa. Doutoranda Natália Ferreira Campos (UNICAMP) O objetivo da comunicação é o de estabelecer relações entre a antiguidade romana e as narrativas produzidas sobre ela na contemporaneidade, utilizando-se principalmente do conceito de "usos do passado". De que forma o passado, no caso, a antiguidade romana, é apropriado e reinterpretado a partir da ótica do presente. Para isso, será usado como estudo de caso o documentário "Ícones do Mau Comportamento: Júlio César", produzido pelo canal History Channel em 2009. Hoje, mais do que nunca, o cinema e a indústria cultural como um todo são os grandes responsáveis pela disseminação de uma ideia de antiguidade. E porque escolher justamente esse documentário para ser tratado? As narrativas tradicionalmente associadas à César costumam ser quase que na sua totalidade laudatórias. Ele é provavelmente um dos personagens mais famosos da antiguidade. Portanto, é interessante e peculiar que César tenha sido escolhido para fazer parte dessa série ao lado de figuras como Nero, Calígula e Genguis Khan. Por ser uma visão não ortodoxa fica mais fácil de perceber as estruturas narrativas utilizadas para construir uma visão específica da história e perceber essas construções. Isso porque, algumas narrativas estão tão naturalizadas, que é difícil vermos esses mecanismos, pois parecem ser o único ponto de vista possível. Nesse documentário, a sexualidade, em especial a de César, tem lugar de destaque, sendo usada como o fator mais importante para a compreensão do seu caráter e da sua biografia. A partir desse ponto, será discutida quais as estratégias narrativas utilizadas pelo documentário, as leituras feitas por ele das fontes antigas e sua relação com a construção de uma história específica da antiguidade e da sexualidade romana e dos indivíduos que fizeram parte dela, que acabam por dizer muito mais sobre o presente que sobre o passado que pretendem revelar. CINEMA E ANTIGUIDADE: CORPOS E SEXUALIDADE Prof. Dr. Martinho Alves da Costa Junior (UFJF) É sabido a força que a Antiguidade possui no cinema. O gênero do peplum se confunde com o nascimento do próprio meio. Certamente, essas produções do final do século XIX e começo do XX mantém uma relação estreita com as artes, sobretudo aquelas que se praticava quase contemporaneamente aos filmes – no cinema, a visualidade da antiguidade é marcadamente a do século XIX. Neste entremeio o peplum pode ser visto também como partícipe da sexualidade do corpo no cinema. Suas modificações, suas censuras e conservadorismos e também suas relações com uma pretensa maior abertura para a exibição do corpo como álibi por meio do gênero. Nesta apresentação, focaremos as produções que nos servem de chave para a compreensão das alterações na apresentação do corpo neste cinema. 15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 14 - SALA 227 Coord.: Profa. Ms. Cintia Prates Facuri

MAAT COMO ARMA POLÍTICA E MILITAR NO REINADO DO FARAÓ TUTMOSIS III Prof. Alex Paulo Sales de Oliveira (UERJ)

A Guerra é, no fundo, o intermédio para assegura a ordem. Esse pensamento se limita na ideia de que a guerra é o empenho mútuo entre os homens e os deuses para manter o equilíbrio cósmico egípcio. A pesquisa requer em analisar a potencialidade de Maat na cosmovisão egipcia, levando

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em conta o seu parecer no expansionismo egipcio no reinado do Faraó Tutmos III nas cidades conquistadas de Meggido. Pontuando o sentido da guerra para os egipcios, entender as estrategias no expansionismo religioso e cultural pautados na ordem cósmica egipcia.

PÓLIS, TIRANIA, DEMOCRACIA: PODER POLÍADE SOB O DOMÍNIO PERSA Graduando Mateus Mello Araujo da Silva (UFF) Como era a vida política nas poleis gregas da Ásia Menor, conquistadas pelo Império Persa? Quais eram as relações entre o povo, tirano e imperador persa? Analisando a obra de Heródoto, podemos analisar esse complexo sistema político políade dos helenos vivendo sob o império dos persas. USO DAS IMAGENS NA ARTE EGÍPCIA E O MODELO ICONOGRÁFICO AJOELHADO Profa. Mestranda Daniele Cristina Liberato de Oliveira (PPGARTES/UERJ) O presente trabalho tem como objetivo tratar do modelo iconográfico da estatuaria egípcia em posição oferenda, relacionando seu aparecimento para além dos aspectos religiosos: analisamos que os períodos de maior uso desta representação em sua configuração tridimensional estão associados a contexto de legitimação da figura faraônica. Sendo assim, resta-nos dissertar, inicialmente, sobre as características primordiais que compõe o modelo e, posteriormente, sobre os contextos que justificavam seu uso, analisando como um elemento pode influenciar no outro de forma paradoxal. Para desenvolvimento desta análise, este trabalho irá se concentrar em dois períodos específicos da história egípcia: o Novo Império, principalmente figura de Hatshepsut e nos faraós do Período Tardio que, neste último caso, pode se destacar a sua relação com o Arcaísmo. FALSIFICAÇÕES NA ARTE EGÍPCIA Profa. Mestre Cintia Prates Facuri (Seshat -UFRJ) Uma falsificação pode ser definida como um objeto produzido com a intenção de enganar. No entanto, a realidade mostra-se mais complexa. Sobre esses objetos paira uma identidade pretendida, portando um falso testemunho da vida e da cultura do passado. Deve-se estudar os objetos falsos assim como os originais, pois a negligência nesta área é a base da maioria dos erros cometidos pelos estudiosos. O progresso nos estudos da arte egípcia e nos métodos científicos de análise foram de grande valia para a detecção destas falsificações. Esta comunicação tem como objetivo apresentar os estudos que tem sido feitos nesta área em egiptologia, o que podemos considerar falsificações, os métodos empregados e apresentar alguns casos.

O POLÍTICO, O RELIGIOSO E O URBANO NA FORMAÇÃO CULTURAL DA CIDADE DE URUK: INTERPRETAÇÕES ACERCA DO MITO INANNA E ENKI Profa. Mestranda Simone Aparecida Dupla (UEPG) Uruk, nome dado ao sítio arqueológico descoberto em 1856 também é o nome de umas das mais antigas cidades sumérias ao sul da Mesopotâmia, datada do quinto milênio AEC. O principal centro religioso de Uruk era o complexo templário do E-anna, dedicado à deusa Inanna. A ligação dessa divindade com a cidade pode ser atestada por diferentes tipologias de fontes, entre elas as narrativas mitológicas. O objetivo desse trabalho é apresentar algumas considerações acerca do mito Inanna e Enki, também conhecido como “a obtenção das Medidas Sagradas”, que se constitui como marco referencial no processo de formação cultural da cidade de Uruk, justificando diversos aspectos

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sociais que iriam se tornar característicos dessa sociedade, como normas comportamentais, administração centralizada e caráter expansionista. Para tanto utilizamos as noções de representação de Chartier (1990) e de mito e realidade de Eliade (1967).

18:00 – 19:30 – SALÃO NOBRE CONFERÊNCIA 03 A CIDADE ENTRE A TRADIÇÃO E A MUDANÇA: LIBÂNIO E A REFORMA DO PLETHRION DE ANTIOQUIA Prof. Dr. Gilvan Ventura da Silva (UFES) Na fase tardia do Império Romano, verificamos, tanto nos territórios orientais quanto nos ocidentais, uma reconfiguração progressiva da pólis ou do municipium, o que propicia a emergência daquilo que os autores têm, há alguns anos, designado como a cidade pós-clássica, modalidade particular de organização cívica que embora conservando, em muitas localidades, o antigo contorno da cidade helenística e romana, sofre, a partir do século IV, transformações importantes do ponto de vista econômico, administrativo, religioso e arquitetônico. Em termos espaço-temporais, constatamos um evidente desequilíbrio na trajetória das cidades situadas no Ocidente quando comparadas àquelas do Oriente, em especial as da Ásia Menor e da Síria-Palestina, pois enquanto as primeiras manifestam um esgarçamento evidente das estruturas que sustentam a vida urbana, as segundas demonstram notável vitalidade que se perpetuará, com variações locais, até o início da expansão árabe, no século VII. Nossa proposta, nessa comunicação, é discutir as transformações ocorridas em Antioquia, a metrópole da província da Síria Coele, na segunda metade do século IV, em especial no que diz respeito ao aumento populacional devido à intensificação das correntes migratórias no sentido campo-cidade, o que exige das autoridades cívicas a implementação de reformas nos edifícios públicos com a finalidade de comportar a maior afluência de usuários, procedimento censurado por determinados segmentos da pólis, receosos de que as alterações no espaço urbano conduzissem à dessacralização da cidade e de seus festivais, como vemos no Oratio X, de Libânio, um manifesto contra a expansão do Plethion pretendida pelo comes Orientis Proclo. CONFERÊNCIA 04 A CIDADE E O IMPERADOR: NERO E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE ROMA Prof. Dr. Anderson de Araújo Martins Esteves (UFRJ) Tácito, principal representante da historiografia senatorial no início do século II de nossa era, é conhecido pela severidade no julgamento do caráter (natura) dos imperadores Júlio-claudianos. Nero, o último princeps dessa dinastia, é o alvo privilegiado das invectivas do historiador, que dele se utiliza como imagem retórica para denunciar a decadência moral da sociedade Romana do século I. Por meio desse procedimento narrativo, Tácito associa os vícios de Nero aos das diversas ordines, entre elas os próprios senadores, que não escapam de seu crivo, e os cavaleiros. Contudo, é sobretudo a aproximação entre a plebe e o princeps que interessa ao autor, que se esforça para demonstrar que sua influência deletéria em face daqueles. No tratamento narrativo desses temas e motivos, Tácito, nos livros XIII a XVI dos Anais, esforça-se para apresentar Nero ocupando os espaços públicos da cidade de Roma, ou, para usar sua expressão sua expressão “utilizando toda a cidade como se fosse sua casa” (Ann. 15.37.1). Neste trabalho, busco compreender o incêndio de Roma (64 EC) e a construção da domus aurea, como parte integrante de um discurso que acusa Nero de corromper a Urbe.

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QUARTA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2015 10:00 – 12:00 – SALÃO NOBRE

CONFERÊNCIA 05 RETRATOS IMPERIAIS EM TÁCITO Prof. Dr. Fábio Faversani (UFOP) CONFERÊNCIA 06 CIUDADES EN RIESGO DE HOMERO A ÉSQUILO Profa. Dra. Graciela C. Zecchin de Fasano (UNLP) El mundo épico presenta innumerables poleis, de unas características diferentes a las que este concepto adquiere en período clásico, pero que ofrecen un modo de organización comunitaria de tipo ciudadano. Si bien como espacio narrativo Troya, propone una doble perspectiva que se vierte plásticamente en la famosa ékphrasis del escudo de Aquiles; es evidente que como ciudad sitiada resulta el paradigma en lo humano, político y social de varias de las ciudades sitiadas que aparecen en la tragedia. Un ejemplo de ello es la “performance” de la ciudad de Tebas en la trágica disolución de la familia de Edipo que hallamos en Los Siete contra Tebas de Esquilo. Aunque pueden señalarse elementos comunes entre épica y tragedia en cuanto a los riegos que corre una ciudad sitiada, el sitio de Troya y el de Tebas problematizan la figura del líder y sus responsabilidades en un entramado que reúne la acción individual y la acción de agentes externos como los dioses. Nos proponemos analizar no sólo la particular visión estética con que representa la ciudad sitiada en Ilíada, sino también cómo en la citada tragedia de Esquilo, es la apropiación del precedente épico la que permite una confrontación agonal de la ciudad con su líder. 14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 15 - SALÃO NOBRE Coord.: Profa. Doutoranda Gisele Oliveira Ayres Barbosa

A ICONOGRAFIA DE JÚPITER NAS MOEDAS DA REPÚBLICA ROMANA Graduando Heitor Rubens Saldanha Machado (NERO/UNIRIO - Bolsista IC/UNIRIO) Esta pesquisa visa compreender o uso das imagens como parte fundamental no discurso políticoreligioso na Res publica nos séculos II e I AEC, a apropriação e utilização do ícone de Júpiter e de seus símbolos como marca principal cidade de Roma. Utilizamos como documentação algumas moedas cunhadas nesse período, visto o fato de que circulavam livremente por todos as partes e forneciam uma grande gama de informações do que acontecia na Urbs, seus rituais, festivais, conquistas e grande parte dos acontecimentos de dentro e fora da cidade. Júpiter não é só a imagem de Roma, é parte da cidade, é quem governa e também é seu principal cidadão. É a imagem do deus de Roma e de seu poderio, e parte fundamental da vida citadina dos romanos, é seu patrono e defensor e centro de todas as ações dentro (e fora) dos limites de Roma.

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IMAGENS DA CIDADE DE ROMA NO DENÁRIO DE M. EMÍLIO LÉPIDO Doutoranda Gisele Oliveira Ayres Barbosa (NERO – PPGH/UNIRIO) Censores no ano de 179 AEC, Marco Emílio Lépido e Marco Fúlvio Nobilior foram responsáveis pela realização de inúmeras obras em Roma tais como a restauração de templos, a construção de uma basílica, um fórum, um mercado e um aqueduto (Liv.40.51). Mais de cinquenta anos depois, Mânio Emílio Lépido desejou recordar, através da cunhagem de uma moeda, a trajetória de seu antepassado ilustre. No reverso de um denário cunhado em 114 ou 113 AEC, as letras da legenda LEP, parte do nome do monetário e de seu ancestral, estão cuidadosamente acomodadas entre os arcos da imagem de um aqueduto. A iconografia numismática republicana do século II AEC é extremamente rica e variada. A presente comunicação é parte dos resultados da pesquisa que vem sendo desenvolvida junto ao PPGH/UNIRIO e pretende apresentar algumas considerações sobre a presença de imagens da cidade de Roma nas moedas do período, a partir da peça em questão.

TÍTULO: MOEDAS FLAVIANAS: DIVINDADES, PODER E PROPAGANDA Graduando Guilherme Albuquerque Muharre (NERO/UNIRIO) Temos como objetivo trabalhar a relação entre política e religião através de moedas romanas do século I d.C, no governo dos imperadores Tito Flávio Vespasiano e Tito Vespasiano Augusto, entr e os anos 69 a 81 d.C. O projeto versará sobre uma análise do uso de elementos tradicionais da religião romana, por exemplo, a representação visual dos Deuses ou episódios marcantes da História, pela inédita dinastia imperial que governava o Império – os Flavianos – como uma das formas de legitimar seu governo utilizando-se do potencial de circularidade das moedas. Além disso, outro objetivo da proposta é mapear e organizar as divindades mais representadas nas moedas do período selecionado a fim de compreender tais escolhas iconográficas.

SERÁPIS DE ALEXANDRIA: UMA ANÁLISE DO CARÁTER PROTETOR DE SERÁPIS PARA OS ALEXANDRINOS A PARTIR DOS ACTA ALEXANDRINORUM Profa. Mestranda Caroline Oliva Neiva (UFRJ) Serápis era uma divindade egipto-helenística que possuía como um de seus atributos primordiais a proteção da cidade de Alexandria e de seus habitantes. A adoração a Serápis pelos gregos alexandrinos se manifestava em festivais dedicados à sua honra, nos sacrifícios e oferendas realizados em seu templo e na vida cotidiana, quando seu nome era evocado. Propomos para esta comunicação a análise de fragmentos contidos nos Acta Alexandrinorum, um conjunto de escritos provinciais do período romano (séculos II-III) que relata diferentes embaixadas gregas alexandrinas em Roma, priorizaremos os trechos onde o poder apotropaico de Serápis é evocado pelos gregos alexandrinos ao se confrontarem com os imperados Antoninos (96-192).

14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 16 - SALA 227 Coord.: Prof. Doutorando Luis Filipe Bantim de Assumpção

CIDADANIA E COSMOPOLITISMO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA Graduando Roberto Torviso Neto (UNILASALLE-RJ) Este estudo se propõe a refletir acerca da filosofia política no mundo grego e no mundo helenístico, considerando as tranformações sociopolíticas ocorridas na trasição entre os dois períodos

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históricos, consequentes da expansão alexandrina. Nosso intuito é comentar sobre o ideal cosmopolita presente em algumas escolas filosóficas helenísticas, com foco no cinismo, enquanto alternativa à insuficiência das teorias políticas existentes até então, a saber, a platônica e a aristotélica. Para tanto, nos serviremos não apenas de escritos dos filósofos atenienses e da doxografia sobre os filósofos helenísticos legada por Diógenes Laércio, como também faremos uso de obras de historiadores, tanto helenistas, a exemplo de Claude Mossé e Moses Finley, quanto aqueles dedicados à história da filosofia, como Giovanni Reale e Pierre Hadot. A PÓLIS DE ESPARTA – CONSIDERAÇÕES PARA ALÉM DE UM CONCEITO Prof. Doutorando Luis Filipe Bantim de Assumpção (PPGHC/UFRJ) A pólis foi um fenômeno grego que perdurou do Período Arcaico ao Helenístico. Embora tenha sido identificada com o conceito moderno de “cidade- Estado”, a pólis detinha especificidades que a definia enquanto tal, como nos demonstrou os avanços científicos do Copenhagen Polis Centre. Contudo, ressaltamos que a referida terminologia acabou sendo tomada de forma generalista ao fazer inferência a organização político-social dos gregos antigos. Imersos nesse viés, verificamos que a especificidade do conceito pólis deve ser tomada em conformidade as características de cada uma das sociedades helênicas da Antiguidade. Desse modo, almejamos apresentar um estudo de caso acerca do conceito teórico de pólis para a sociedade de Esparta, em virtude de suas singularidades políticas, sociais e territoriais, no século V a.C.. IDENTIDADE ATENIENSE E ETNICIDADE NAS TRAGÉDIAS Profa. Doutoranda Renata Cardoso de Sousa (UFRJ) Nosso objetivo na presente comunicação é compreender como a valorização da identidade ateniense dentro da tragédia se constitui num aspecto da definição de suas fronteiras étnicas, bem como numa afirmação do potencial dessa pólis. TÉKHNE. A MANUFATURA DA URBANÍSTICA GREGA OCIDENTAL Prof. Mestrando Renan Falcheti Peixoto (MAE - USP) Propor uma perspectiva material no debate da cidade antiga, salvo por ora as próprias restrições da adequação da categoria de cidade ao quadro cronológico aqui tangenciado – as fundações coloniais gregas a partir da segunda metade do VIII a.C. na Sicília e Magna Grécia – é questionar, em um nível filosófico primordial, questões que se enraízam nos primórdios da filosofia: qual a relação entre material e espiritual, corpo e mente, pessoas e coisas na fundamentação de nossas epistemologias? Constituída no âmbito do pensamento moderno ocidental, a arqueologia não pode se eximir e se omitir irrefletidamente na aparente segurança do concreto de suas categorias. Esse procedimento de reflexão é também, em larga medida, um recuo mesmo na definição do comportamento humano e suas identidades e desigualdades face ao comportamento animal. Em outras palavras, o que se coloca com essa apresentação em um Ciclo de Debates cujo tema gira em torno das “Cidades” é de que forma um excurso teórico sobre o papel da técnica (do grego tékhne) na caracterização de um comportamento exclusivamente humano pode ensejar uma exploração da relação entre coisas e pessoas que reposicione o lugar da práxis social em sua interface material no desenvolvimento da urbanística grega. Iniciaremos a discussão com o arqueólogo francês André Leroi-Gourhan (O Gesto e a Palavra 2 – Memórias e Ritmos) e dialogaremos com a Teoria da Mediação defendida pelo arqueólogo clássico Philippe Bruneau e propagada pela RAMAGE (Revue d'archéologie moderne et d'archéologie générale [Revista de arqueologia moderna e geral]). O que se intende é acompanhar contribuição da RAMAGE na reavaliação do estatuto da arqueologia e do trabalho manual, a ergologia humana desvalorizada desde a tradição greco-romana: ideia sintetizada

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na imagem do Homo Faber, o talhador de pedras, como forma inferior de humanidade pré-datada ao sapiente Homo Sapiens (Artistique et archéologie (1994: 89)). Esta será nossa ponte para uma breve e, inicial, exploração de Heidegger e da ontologia do ser-no-mundo. De que forma esta avaliação pode ensejar uma articulação, e não uma irrevogável separação, entre teoria e prática nos estudos de cidades planejadas por filósofos-urbanistas como Hipodamo de Mileto, e qual o sentido que podemos ganhar com o estudo da tecnologia em um habitus social que redescobre o mundo manufaturado nas coisas, pessoas, ideias e cidades são perguntas que serão endereçadas. (projeto fomentado pela FAPESP). 15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 17 - SALA 227 Coord.: Prof. Doutorando Lair Amaro dos Santos Faria

DESCONSTRUINDO “A VIDA DESCONHECIDA DE JESUS” – UMA BREVE ANÁLISE DO CINEMA DOCUMENTÁRIO Profa. Mestranda Tami Coelho Ocar (UNICAMP) A presente apresentação tem como objetivo analisar brevemente os documentários televisivos cujo tema central seja a questão do Jesus Histórico. Para isso, foi escolhido previamente um filme dentre os muitos existentes (“A Vida Desconhecida de Jesus”, produzido pelo canal Discovery Channel), a fim de se fazer um estudo de caso. Nos dias de hoje, tais películas são transmitidas em diversas mídias, o que tem facilitado cada vez mais o acesso da população à esse gênero cinematográfico. Dessa forma, essa análise será realizada com foco sobretudo no discurso proposto pelo filme e como a produção se utiliza de diversas ferramentas – tanto audiovisuais quanto acadêmicas – como forma de tentar convencer o espectador acerca de determinado ponto de vista. JESUS VERSUS CÉSAR. OLHARES SOBRE O IMPÉRIO ROMANO E O CRISTIANISMO NA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA DE BEN-HUR (1959) Profa. Mestranda Juliana Batista Cavalcante Miranda Tavares (PPGHC-UFRJ) Imediatamente após o fim da Segunda Guerra Mundial o cinema teve como uma das principais temáticas o Império Romano. Apenas na década de 1950, foram produzidos cerca de treze filmes sobre o assunto, sendo que desses há pelo menos seis filmes que retratam também o processo de implementação e disseminação do Cristianismo no Império. A produção cinematográfica de William Wyler pode ser vista como ápice das produções da década de 1950 e que traz como pano de fundo uma profunda discussão entre duas estruturas ou modelos sociais. Nossa preocupação será em desenhar de que forma o cinema, num momento subsequente ao fim de regimes nazifascista europeus, viu estes dois modelos de sociedade: o império e o cristianismo. OS FARISEUS NO CINEMA E NA HISTÓRIA Prof. Doutorando Lair Amaro dos Santos Faria (PPGHC-UFRJ) No imaginário cristão, os fariseus constituem o principal grupo religioso dedicado a combater Jesus. A Sétima Arte, de alguma maneira, ajudou a reforçar essa concepção ao retratar esses indivíduos como sempre prestes a emboscá-lo e dispostos a entregá-lo aos romanos. Muito embora os cineastas tenham preocupado-se com o risco de se tornar alvo de acusações de antissemitismo. A despeito disso, os fariseus históricos permanecem envoltos num manto de desconhecimento à medida que a documentação produzida a seu respeito ressente-se de lacunas e estereótipos. Este trabalho dividese em três partes: (1) quem eram os fariseus históricos; (2) os fariseus no cinema e (c) comparação entre as representações fílmicas e o que os estudos históricos indicam a respeito dos fariseus.

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CINEMA DE PROPAGANDA, NAZISMO E TRADIÇÃO CRISTÃ: APONTAMENTOS TEÓRICOS NA ANÁLISE FÍLMICA Graduanda Caroline Alves Marques Mendes (UFRJ) O cinema de propaganda, independentemente do tempo/espaço em que seja construído, consolida, perpetua e/ou inventa novas tradições que outrora estariam disseminadas na sociedade em que conheceu sua origem. Assim sendo, este trabalho quer promover a reflexão em torno desse cinema de propaganda tomado pelo regime nazista alemão e suas repercussões na longa tradição cinematográfica de temas bíblicos e/ou ligados à chamada "tradição cristã". Será demonstrado que essa modalidade fílmica imprime, inexoravelmente, uma leitura marcadamente racializada e, de alguma forma, perene no imaginário cristão ocidental. CINEMA E O ENSINO DA HISTÓRIA ANTIGA: PORMENORES, QUESTÕES E MÉTODOS Prof. Mestrando Filipe Noe Silva (UNICAMP) Parte significativa do imaginário social a propósito da Antiguidade é tributária das representações históricas criadas e disseminadas pela ficção, de um modo geral, e pelo cinema, em particular. Com a constatação das dimensões retórica e narrativa intrínsecas à História, a velha dicotomia que outrora opusera ciência versus ficção, por vezes, pareceu sucumbir. Com o intuito de (re) discutir as premissas teóricas concernentes à História em relação à ficção, esta comunicação discorre a propósito das principais perspectivas adotadas pela historiografia hodierna que versa sobre os pormenores que tangenciam a complexa (mas fundamental) relação entre História e Cinema. Pretende-se, a partir da referida empreitada, elucidar os limites e êxitos inerentes à utilização da ficção histórica no ensino da História Antiga. 15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 18 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Doutorando Marcio Felipe Almeida

A HERANÇA DO LIMES ROMANO NA FRONTEIRA CASTELHANA Prof. Doutorando Marcio Felipe Almeida (UFF/UNIABEU) No primeiro século da era cristã, o mediterrâneo assistiu impetuosamente à transformação da República Romana em um império de vastas proporções. Sob o governo de Augusto (27 a.C – 14 d.C), o Império atingiu as fronteiras básicas de que precisava levando os romanos adquirirem a consciência de um imperium orbis terrae. Consolidou-se assim a idéia de Limes, que no sentido próprio da palavra significava limite, fronteira, baluarte ou caminho que limitava uma propriedade. Neste trabalho buscaremos refletir sobre uma possível apropriação do conceito de Limes romano a ser empregado nas fronteiras de Castela com os domínios islâmicos durante o período da Reconquista. TERROR E POLITICA NO CIRCO: A RELAÇÃO DOS “MAUS IMPERADORES” COM AS CORRIDAS DE BIGA E AS “FACÇÕES DO CIRCO” NO SÉCULO I D.C. Graduando Francisco Fontanesi Gomes (Unesp-FCL Assis) Esta apresentação tem como objetivo apresentar a pesquisa que está sendo desenvolvida sobre a relação política que os “maus imperadores” mantiveram com o esporte das corridas de biga e quadriga e as “facções do Circo” na Roma do Principado do primeiro século. A intenção é explorar a ligação que os imperadores construíram com o esporte das corridas a partir do Principado e

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compreender a dedicação de muitos desses imperadores às facções. Essas eram constituídas por torcedores das corridas no Circo tendo como principais facções os Verdes e Azuis, protagonistas em muitas revoltas e levantes no período Tardio do Império, sendo a mais conhecida a “Revolta Nika” que abalou a cidade de Constantinopla e o governo do imperador Justiniano em 532 D.C. Para fundamentar a presente análise serão utilizadas as descrições de Suetônio (69 -141 D.C) em “A Vida dos Doze Césares” com atenção especial para os escritos sobre os imperadores Calígula (3741 D.C), Nero (54-68 D.C), Vitélio (69 D.C) e Domiciano (81-96 D.C). A abordagem será sobre a relação destes imperadores com as corridas e as facções descritas na documentação. Serão utilizados também alguns dos “Epigramas” de Marcial (38/40-102 D.C) para acrescentar uma outra perspectiva sobre as facções assim como a interação dos imperadores com o público das corridas. O PRÍNCIPE, AS PRINCESAS E O POETA: RELAÇÕES ENTRE A POESIA DE OVÍDIO, AS VIDAS DAS PRINCESAS JÚLIAS E A APLICAÇÃO DAS LEGES IULIAE DE AUGUSTO Graduanda Amanda Lemos Fontes (LHIA – UFRJ) Durante o principado de Augusto, Roma passou por grandes mudanças nos âmbitos cultural, político, social, arquitetônico e moral. A fartura econômica, a mudança das paisagens, o alargamento do domínio romano e o desenvolvimento cultural, como o aumento do número de espetáculos, geraram uma atmosfera de paz e prosperidade, conhecida como a Pax Romana. Tal tranquilidade culminou numa maior apreciação do amor-paixão, que muitas vezes era libertino e não gerava legítimas crianças romanas; contribuindo para o alastramento de uma crise demográfica - faltavam soldados para as legiões e cidadãos propriamente educados para o comando das novas províncias. Portanto, esse trabalho tem como objetivo apresentar as soluções propostas por Augusto com o fim de controlar as taxas de natalidade e mortalidade na sociedade romana, dando destaque à sua nova legislação que concernia o casamento - as Leges Iuliae - e a forma como seus infratores eram punidos. No geral, nos concentramos nas possibilidades dadas para as punições impostas sobre a própria família do princeps e concedemos atenção especial aos motivos que levaram ao exílio do poeta erótico Ovídio. Para tanto, nosso trabalho parte da análise das obras de Ovídio com a finalidade de compreender o contexto social da época e os motivos de seu exílio - aqui, comentamos sobre os discursos presentes no conjunto de obras que compõem os “Amores”, a “Ars Amatoria” e os “Remedia Amoris” como exemplos de transgressão social quando confrontadas com o que a lei romana instituía como comportamento aceitável durante o governo de Augusto - e da obra de Suetônio em ordem de compreender as Leges, sua aplicação e a vida do imperator.

O COTIDIANO DO ESCRAVO NA VILLA ROMANA: UMA LEITURA DE AGRI CULTURA DE CATÃO E DE RE RUSTICA DE VARRÃO Graduanda Fabiana Martins Nascimento (LHIA-UFRJ) A partir da leitura dos tratados agronômicos De Agri Cultura escrito por Catão no século II a.C e De Re Rustica escrito por Varrão no século I a.C., o presente trabalho busca apresentar algumas características do cotidiano do escravo na cidade e região de Roma, a fim de demonstrar a natureza heterogênea da escravidão como instituição. Os diferentes contextos, meios e posições na hierarquia acabavam por determinar cotidianos completamente diferentes entre os escravos. No presente texto, analisaremos a escravidão rural entre os séculos II-I a.C no tipo de propriedade denominada Villa Romana. A análise se dividirá em dois aspectos: a diferença no tratamento destinado ao escravo nas obras e a hierarquia na qual estavam submetidos.

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18:00 – 19:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 19 - SALÃO NOBRE Coord.: Profa. Dra. Regina Maria da Cunha Bustamante

UNIVERSIDADE E MUSEU NA CONSTRUÇÃO DE UM SABER HISTÓRICO ESCOLAR DE HISTÓRIA ANTIGA Prof.ª Dra. Regina Maria da Cunha Bustamante (LHIA/UFRJ) Desde 2007, em virtude da participação no projeto institucional da UFRJ para o Prodocência / CAPES / MEC para a melhoria da formação dos futuros professores, os graduandos em História da UFRJ elaboram e desenvolvem oficinas pedagógicas com temáticas centradas em História Antiga nas disciplinas optativas do seu Curso. Especialmente, a partir de 2011, o foco das oficinas pedagógicas voltou-se para a exposição permanente "Culturas do Mediterrâneo" do Museu Nacional da UFRJ, composta por algumas peças das coleções de Antiguidade Clássica da imperatriz Teresa Cristina e de Antiguidade Egípcia dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II. Como resultado desta atividade, mobilizaram-se conhecimentos acadêmicos, a partir da cultura material exposta no Museu Nacional, para produzir diferentes estratégias e métodos de ensino visando a construção de um saber histórico escolar em História Antiga. Nesta apresentação, realizaremos um panorama das oficinas pedagógicas realizadas até o momento. OFICINAS PEDAGÓGICAS: UM APRENDIZADO DOCENTE ATRAVÉS DO JOGO TEATRAL. Prof.ª Ms. Celi Palacios (UNIRIO) Esta pesquisa é um estudo sobre uma aproximação do Teatro com a prática docente. Este estudo tem se realizado a partir de uma colaboração do Setor Curricular de Artes Cênicas do Colégio de Aplicação da UFRJ dentro do projeto “Formação docente na UFRJ: diálogo entre saberes”, coordenado pela Professora Dra Regina Bustamante, do Instituto de História da UFRJ, entre os anos de 2012 a 2014. Após terem participado de aulas de teatro durante o ano letivo de 2012, seus alunos de licenciatura criaram seus próprios jogos a fim de ensinar conhecimentos relativos à História Antiga, criando assim as Oficinas Pedagógicas. Essas Oficinas foram ministradas a alunos da rede pública das esferas municipal e estadual em visita ao Museu Nacional da UFRJ. Parte-se do princípio de que este tipo de jogo (o teatral) atualiza e presentifica a experiência de ensino que docente está exercitando nessas Oficinas. Ao buscar uma forma de ensinar lúdica, desvinculada da noção de transmissão de conhecimento, que implica numa relação vertical docente-discente, ele se dispõe a aprender enquanto ensina, pois está aberto à colaboração dos alunos e à imprevisibilidade dos acontecimentos durante o jogo. Portanto, o presente estudo se propõe a investigar a influência do referido processo com jogo teatral na formação daqueles futuros professores, a fim de estabelecer as aproximações entre as técnicas e premissas do aprendizado teatral e o trabalho cotidiano do professor e propor um processo de aprendizado docente centrado nas relações que o jogo evoca. DE "O DISCÓBULO" AO GORDINHO ARTILHEIRO: PROBLEMATIZANDO O "CORPO IDEAL" NO ENSINO DE HISTÓRIA Graduada Luisa da Fonseca Tavares (IH/UFRJ) A busca pelo “corpo perfeito” é um assunto recorrente nas mídias, presente em debates que exibem o discurso de vários segmentos da sociedade, já que vem carregado de polêmicas. Mas, de que “corpo perfeito” estamos falando? De tempos em tempos, vemos esse modelo se modificar. Entendendo que a concepção de corpo é um constructo histórico, utilizo a História para problematizar sobre a busca do padrão ideal retrocedendo até a Antiguidade Grega, especificamente

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aos corpos atléticos valorizados e referenciados na prática esportiva. Em seguida, apresento uma proposta uma atividade didática para o Ensino Médio abordando a construção desses “corpos ideais”, a importância do esporte na sociedade grega antiga e o desenvolvimento da análise iconográfica a partir da cultura material exposta no Museu Nacional/UFRJ. O JOGO DE TABULEIRO “SHERLOCK ROME”: HISTÓRIA ANTIGA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA. Graduanda Beatriz Moreira da Costa (LHIA-UFRJ/GEKemet-CEIA) Graduanda Natália Seixas (LHIA-UFRJ) A busca de novas metodologias que contribuam para o ensino de História Antiga na Educação Básica é imprescindível. Por tratar-se do estudo de sociedades distantes espaço-temporalmente, pretendemos aproximar a realidade daquelas culturas antigas à contemporaneidade através do ludismo. Partindo deste princípio, criamos um jogo de tabuleiro - Sherlock "Rome” - que tem como objetivo formular maneira para ensino-aprendizagem das sociedades antigas, especificamente - no caso desse jogo - o da Roma Antiga. Inserido na proposta de Educação Patrimonial, adaptamos o jogo "Detetive" utilizando objetos da cultura material presentes no acervo do Museu Nacional para promover o aprendizado sobre arquitetura de uma domus romana, relações sociais e cotidiano.

ENSINO DE HISTÓRIA E GAMIFICAÇÃO: DIÁLOGOS COM A ROMA ANTIGA Profa. Doutoranda Marcella Albaine Farias da Costa (UNIRIO) Prof. Dr. Christiano Britto Monteiro (Colégio Pedro II) Esta comunicação tem por objetivo problematizar de que forma os games podem ser utilizados para construir experiências concretas de aprendizagem no âmbito dos estudos históricos na educação básica. A estrutura utilizada para o desenvolvimento do trabalho, realizado com discentes de turmas da educação básica, consistiu na elaboração do roteiro de um possível game cujo contexto histórico fosse a Roma Antiga. Demarcando a autoria e a criatividade dos educandos, buscou -se perceber os elementos que foram mobilizados por eles na elaboração do seu imaginário narrativo materializado em escrita textual e imagética, como estes sujeitos trouxeram elementos do mundo infantil e como significaram a temporalidade histórica de formas diversas, manifestando e fixando suas subjetividades. Chegou-se a conclusão que os games e as tecnologias, de uma forma geral, muito têm a oferecer em termos de mudanças da lógica de pensar e de construir conhecimento nos espaços escolares, sendo necessária, entretanto, uma reflexão profunda e complexa por parte de pesquisadores, professores em exercício e de futuros educadores. 18:00 – 19:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 20 - SALA 227 Coord.: Profa. Doutoranda Dolores Puga Alves de Sousa

A CONSTRUÇÃO DE UM HERÓI HUMANIZADO DO SÉC. VIII-V AEC Graduando Artur Vítor de Araújo Santana (UEFS) No presente trabalho, busco construir uma imagem comum dos heróis gregos, estes que são seres de contradição, pois ao mesmo tempo que são mortais, tem uma maior aproximação com o divino, já que em sua maioria são descendentes dos olimpianos, além de buscar delimitar quais seriam as características humanas ou imortais presente nos heróis, estabelecendo um paralelo entre as epopeias e as tragédias, tendo principalmente Romilly e Viera como referencial teórico.

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O FINANCIAMENTO TEATRAL COMO ESTRATÉGIA POLÍTICA: A COREGIA E A ANÁLISE DAS PEÇAS "AS BACANTES" E "AS RÃS" Profa. Doutoranda Dolores Puga Alves de Sousa (UFMS (docente) / UFRJ (doutoranda) Este trabalho se fundamenta da necessidade de reavaliação do teatro ateniense, em especial a peça Bakxai (As Bacantes) de Eurípides, e Bátraxoi (As Rãs) de Aristófanes, ambas apresentadas nos festivais de 405 a. C. em Atenas. A pesquisa visa problematizar o uso do teatro como instrumento de financiamentos estatais e privados de cidadãos interessados em sustenta-lo dentro de disputas políticas. As peças, em suas mensagens socioculturais, mais do que representar novos olhares mitológicos, traduzem a agon política em jogo: as hetaireías de poetas, magistrados, coregos os quais, segundo Peter Wilson, financiavam os coros e tudo aquilo que os cerca, e eram responsáveis pelo pagamento (mistos) às cidades para administração do teatro. Como hipótese, cada uma das peças traduz, na sutileza da mensagem estética, o grupo político que o financiou para a sua apresentação a público. MEDEIA: UM DISCURSO DE FEMININO POSSÍVEL Graduanda Luzia dos Santos Silva (UEFS) Alguns estudos que se propuseram a falar da Mulher nas cidades gregas, especificamente na Atenas Clássica, evidenciavam a condição das mulheres enquanto tuteladas, como fator determinante para uma suposta ausência da mulher nas decisões políticas da pólis. Esses estudos tratava a participação feminina como encerrada no gineceu da casa, terminantemente enclausuradas no oîkos. Tais estudos têm como fonte a documentação oficial e nessa análise do discurso politico da época, explicitamente masculino, a imagem da mulher é a submissa retida ao oîkos. Este trabalho pretende, ao analisar o discurso politico, que delegou a mulher apenas o silencio, buscar os discursos de feminino possível que emergem da pólis, a partir de outros espaços. Sem se interessar especificamente pelas mulheres reais, consideradas históricas, esse estudo busca estudar o que há de real na possibilidade, utilizando como fonte a tragédia Medeia de Eurípedes OS ESPAÇOS FEMININOS NO CONTEXTO DAS CIDADES GREGAS Bacharel Michelle Borges Pedroso (UNIFESP) A proposta que se segue pretende refletir sobre quais são os espaços sociais femininos nas cidades gregas e compreender os possíveis discursos vinculados às imagens dos vasos áticos. Por meio da observação das pinturas em cerâmica busca-se descrever os distintos tipos de mulheres representadas e pensar sobre como elas se relacionam com a cidade e se inserem na sociedade. O feminino e o masculino ocupam lugares diferentes, mas de igual relevância para a estruturação social. A partir dessa percepção propõe-se lançar novos olhares sobre essas imagens e procurar outras interpretações sobre as mulheres e sua atividade. A ideia é observar a presença feminina na sociedade ática com a finalidade de repensar sua experiência histórica e conferir uma autonomia dos antigos pressupostos sobre sua inatividade social. Assim, deseja-se remodelar os paradigmas da História da Arte e lançar outro olhar sobre as mulheres devido à pouca evidência conferida as suas figuras. A análise dirigida as mulheres pretende desconstruir a autoridade, as instituições e as ideologias que lhes colocam resistência, questionando os espaços cullturais e psicológicos tradicionalmente destinados as mulheres e reforçando a ideia de que é preciso atentar para como as representações podem revelar noções comportamentais e culturais distintas das nossas.

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CERÂMICA LOCAL E IMPORTADA NA GÁLIA MERIDIONAL PROTO-HISTÓRICA E O EMARANHAMENTO CULTURAL Graduando Thaís Rodrigues dos Santos (UFF) Minha pesquisa está relacioada às cerâmicas produzidas localmente e também algumas importadas de uma região que durante a proto-história (séc. VI a II a.C.) era chamada de Gália Meridional, que corresponde ao atual Sul da França. Meu foco principal se trata da cidade de Lattes, o assentamento proto-histórico do sul da França mais extensivamente escavado e documentado. Nesse período, na região, ocorria um encontro cultural entre populações celtas locais e populações gregas advindas da cidade da Focéia (da Grécia Oriental, no litoral da Ásia Menor). Já que, estas últimas, a partir do século VI a.C. fundaram uma cidade grega na região, conhecida como Marselha. Através da análise da Cerâmica Não-Torneada, uma cerâmica de produção tradicionalmente local, desde a Idade do Bronze, e a análise da Cerâmica Pseudo-ática e da Cerâmica de Pasta Clara, ambas produzidas por Marselha, aponto como o contato constante entre essas populações as tornaram populações emaranhadas. Além de como a produção da Cerâmica Não Torneada Local era uma atividade que envolvia o trabalho cooperativo, sendo um foco de interação social e não uma atividade doméstica, desenvolvida por mulheres, como a grande maioria dos pesquisadores da região defendem.

QUINTA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2015 09:00 – 10:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 21 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Dr. Deivid Valério Gaia

ETNICIDADE NA VITA GALBAE DE SUETÔNIO Prof. Mestrando Carlos Eduardo da Silva dos Santos (PPGLC-UFRJ) A proposta deste trabalho é refletir sobre a aplicabilidade do conceito de etnicidade em relação aos atributos de que deve se revestir um princeps no contexto político da crise do Ano dos Quatro Imperadores. Assim, pretende-se analisar a personagem Galba, descrita nas vidas de Suetônio, e mapear o conjunto de atributos e traços étnicos capazes de auxiliar na ascensão ao trono e no processo de investidura do poder. Utilizar-se-á para análise deste estudo, o conceito de Edward M. Anson em relação à noção de percepções e associações étnicas consideradas significativas e reconhecidas por outras pessoas. ROMA COMO TÓPOS SATÍRICO EM JUVENAL Profa. Dra. Mônica Valéria Costa Vitorino (UFMG) Grande parte dos estudos sobre as sátiras de Juvenal abordam a questão do seu valor coo testemunho do momento histórico da época na qual vivia. Na sátira III, o poeta denuncia os vários problemas enfrentados pelos habitantes menos favorecidos de Roma. O trabalho propõe analisar a sátira e demonstrar que Juvenal encontra nesse gênero literário o meio ideal para manifestar a sua crítica social, sendo que é justamente essa constatação que deve ser levada em conta ao se examinar o valor histórico da obra do poeta satírico.

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A GUERRA CIVIL DE 49-45 A.C.: ANÁLISE DAS BATALHAS À LUZ DE SUETÔNIO, DE PLUTARCO E DE JÚLIO CÉSAR Graduanda Amanda Prima Borges (LHIA-UFRJ) O final da República Romana foi palco de conflitos que mudaram para sempre os rumos da História de Roma, colocando fim à República e dando início ao Principado. Dentre os mais notáveis conflitos dessa época, a Guerra Civil entre Júlio César e Pompeu, de 49-45 a.C foi, talvez, o que mais impactou as bases institucionais republicanas. Na História da Roma Antiga, esse conflito é o mais bem documentado, pois diversos autores, alguns contemporâneos ao conflito, deixaram registros sobre o evento. No entanto, devido às diferentes visões e temporalidades desta documentação, deparamo-nos com certa confusão entre os relatos, gerando problemas de interpretação dos fatos. Sendo assim, a proposta dessa comunicação é apresentar, em primeiro lugar, algumas considerações sobre três diferentes visões acerca das batalhas da Guerra Civil: a de Plutarco, a de Suetônio e do próprio Júlio César. Em segundo lugar, a partir da organização crítica desses relatos, pretende-se também demonstrar o quanto a relação de César com o povo e com o seu exército influenciou no andamento das batalhas. OS PROBLEMAS FINANCEIROS DURANTE A GUERRA CIVIL DE 49-45: AS ROGATIONES DE CÉLIO E DOLABELA Prof. Dr. Deivid Valério Gaia (UFRJ) Durante a Guerra Civil de 49-45 a.C., a cidade de Roma atravessou um período de grande crise financeira, política e social. Neste contexto conturbado temos dois casos singulares de tentativas de resolução de crise financeira, a primeira foi proposta por Célio, pretor peregrino em 48 a.C., e a segunda, por Dolabela, tribuno da plebe em 47 a.C. Suas rogationes tinham como objetivo diminuir os efeitos da crise, no entanto, ocorreu o inverso, pois os magistrados acabaram por criar problemas ainda maiores devido à crise política que tinha se instaurado deste o início da Guerra Civil. Nesta comunicação, os problemas decorrentes dessas crises – financeira e política – serão analisados à luz de Veleio Patérculo, Dion Cássio, Suetônio, Tito Lívio, Cícero, Júlio César e alguns documentos jurídicos. Também daremos destaque especial à forma como a crise financeira foi remediada por Júlio César durante os seus cinco triunfos ao final da Guerra Civil. 10:45 – 12:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 22 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Dr. Deivid Valério Gaia

ENTRE RESISTÊNCIA E CONVIVÊNCIA: AS CIDADES DO IMPÉRIO E AS INVASÕES BÁRBARAS NO SÉCULO III Prof. Mestre Pedro Benedetti (Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne) No auge do período antonino, Aelius Aristide recitava seu Elogio à Roma e exaltava a beleza da cidade que não tinha muros, mas que havia construído uma barreira muito maior, ao redor de todo o Império. Eram as cidades das fronteiras, os fortes e as legiões que as protegiam. Cerca de um século depois, o muro de Aureliano, obra de impressionante magnitude, já circundava Roma depois das províncias terem sido devastadas por sucessivas invasões. Essa comunicação, que tem como base minha pesquisa de mestrado, visa propor uma reflexão sobre a natureza do enfrentamento entre as populações urbanas das províncias romanas e os povos das fronteiras reno-danubianas, desde as primeiras invasões dos Alamanos nos anos 230, quando o tênue equilíbrio nas fronteiras foi perturbado pelas migrações góticas, até o estabelecimento de populações 'bárbaras' em território romano sob Aureliano, Probo, Diocleciano e mais massivamente sob Constantino.

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O VARRÃO DE SANTO AGOSTINHO: UMA PERSPECTIVA CRISTÃ DO MUNDO ROMANO Graduanda Maria Luiza Silva Patury e Souza (LHIA – UFRJ) A série de transformações que se sucedeu no decorrer da Antiguidade Tardia acabou por fazer desse período um recorte significativamente original para a História romana. Os séculos IV e V d.C. adquiriram uma nova configuração em relação àqueles que os antecederam e, da mesma forma, as mentalidades foram modificadas lentamente, levando em conta o surgimento de novos valores: os cristãos. O Cristianismo cresce em importância e seus princípios passam a infiltrar-se em todos os âmbitos da vida do homem romano. Dentro desse panorama, o trabalho em questão buscará mostrar o quadro que Santo Agostinho, na obra “Cidade de Deus”, fazia dos adeptos das religiosidades romanas, incluindo os valores morais veiculados pelos mitos e absorvidos pelo homem romano (de diferentes estratos sociais), a relevância destes na vida civil e os rituais. Para embasar e tornar tal quadro mais concreto, evidenciaremos o diálogo traçado entre Santo Agostinho e Varrão, importante personalidade do mundo antigo e seguidor da tradicional religião politeísta. Ainda, por considerar tal obra uma resposta às severas críticas tecidas por representantes das religiosidades romanas, abordaremos as defesas do bispo de Hipona em favor de sua fé, que sofria não apenas com esses ataques, mas temia pela perda de sua unidade e sobrevivência com a aproximação dos povos germânicos.

UMA MULHER ANTIGA NA AURORA DE NOVOS TEMPOS: A ANTIGUIDADE TARDIA ATRAVÉS DO ESTUDO DA "VIDA DE MELÂNIA, A JOVEM" Graduanda Amanda Reis dos Santos (LHIA – UFRJ) O objetivo do presente trabalho é apresentar algumas considerações da pesquisa que está sendo desenvolvida através do Laboratório de História Antiga (LHIA-UFRJ), cujo recorte temporal abrange a Antiguidade Tardia – e para tanto, a fonte escolhida foi a hagiografia de Santa Melânia, escrita por São Jerônimo no século V d.C. Meu objetivo é verificar a validade desta periodização através da análise da importância das mulheres aristocratas na propagação do Cristianismo; do papel dos santos na sociedade tardo-antiga e do impacto socioeconômico das doações de Santa Melânia com a mudança de paradigma do evergetismo à caridade. A ARTE EPISTOLOGRÁFICA EM PLÍNIO: UMA BREVE REFLEXÃO Prof. Doutorando Lucas Matheus Caminiti Amaya (PPGLC-UFRJ) Como Cícero, Plínio, o Jovem, é um dos principais autores da Roma Antiga de quem temos uma grande quantidade de epístolas. Assim como seu predecessor republicano, Plínio não escreveu cartas visando especificamente à publicação, mas aceita fazê-lo cedendo a pedidos diversos. Em algumas de suas epístolas, que estudamos e apresentamos neste trabalho, ele faz uma breve reflexão sobre o que é a epistolografia em seu tempo e como deveria ser composto o gênero literário. Esta comunicação busca revisitar algumas dessas epístolas para que se chegue a uma nova análise do papel da epistolografia no cenário literário de Roma. OS JUDEUS NO LIVRO V DAS HISTORIAE DE TÁCITO Prof. Mestrando Bruno Torres dos Santos (PPGLC-UFRJ) Na presente comunicação, propõe-se refletir acerca da construção da imagem do povo Judeu, por meio do olhar de Tácito, no livro V de suas Historiae. Partir-se-á da hipótese de que o autor, ao explorar as relações de alteridade entre os Romanos e outras etnias, tem como intenção moralizar a

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sua própria sociedade. Para tal, dentro da obra destacada, far-se-á um levantamento das passagens pertinentes, as devidas traduções para o vernáculo e a apresentação/interpretação dessas construções dentro de suas técnicas narrativas. Serão levadas em consideração as particularidades do gênero historiográfico e noções acerca das relações de alteridade e etnicidade. 10:45 – 12:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 23 - SALA 227 Coord.: Profa. Dra. Cláudia Andréa Prata Ferreira

O LIVRO DE ESTER: O PROTAGONISMO FEMININO NA CIDADE DE SUSA Profa. Dra. Cláudia Andréa Prata Ferreira (Faculdade de Letras da UFRJ) O Livro de Ester faz parte das Cinco Meguilot (“rolos”). Na Bíblia Hebraica estão reunidas no terceiro grupo designado por Ketuvim (“Escritos”) e pertencem ao ciclo de leitura sinagogal. As meguilot são lidas nas festividades judaicas de Pessach/Páscoa (Cântico dos Cânticos), Shavuot /Pentecostes (Rute), Tishá BeAv/Memorial pela destruição do Templo e de Jerusalém (Lamentações), Sucot/Festa das Tendas (Eclesiastes) e Purim (Ester). O Livro de Ester aparece em dois momentos distintos da liturgia da Igreja Católica (Lecionário Romano), conservando sua riqueza e protagonismo: 1º momento: Na quinta-feira da primeira semana da quaresma. 1ª Leitura: Est 4,17 e Sl 138 - 2ª Leitura: Mt 7, 7-12. 2º momento: Na festa de Nossa Senhora Aparecida – 12 de outubro. 1ª Leitura: Est 5,1-2; 7,2-3 e Sl 45 - 2ª Leitura: Ap 12,1-16. Evangelho: Jo 2,1-11.O Livro de Ester é uma narrativa, em forma de novela, que aborda a vida judaica num período de dominação estrangeira, em especial quando os judeus vivem fora de Judá (no exterior). O palco do protagonismo de Ester acontece no ambiente persa, precisamente na cidade de Susa, uma das capitais do Império Persa. A redação do texto hebraico data em torno de 350 a.E.C., antes de o Império Persa ter sido conquistado por Alexandre Magno (333 a.E.C.). A leitura do texto de Ester permite propor paralelos interessantes com o Livro do Êxodo. Pois, ambos tem como meta a luta pela verdade e justiça a fim de que o povo (judeu) possa sobreviver. Outro paralelismo perceptível é com a literatura sapiencial. No Livro de Provérbios é possível destacar o tema da humilhação do injusto e da exaltação do inocente. No mais, outras lições sapienciais como os conselhos voltados para a confiança, a solidariedade, a ação cautelosa, o discernimento prudente que cria estratégias possíveis e eficazes podem ser observadas. Em outra perspectiva, o ponto de ligação importante que faz de Ester um livro que preconiza o Eclesiástico, Daniel, Judite e Macabeus é o zelo pela identidade cultural e religiosa. Outra possibilidade de leitura do livro de Ester são os Salmos 58, 94, 109 e 137 cuja tônica é redescobrir que a vingança dos oprimidos não é mais do que a busca da verdade e da justiça. A personagem Ester, como protagonista do livro que leva seu nome, destaca a ação da mulher no resgate de sua dignidade e na participação das lutas libertárias do seu povo. O olhar mais detalhado sobre o Livro de Ester desperta questões sobre o protagonismo feminino nas Cinco Meguilot. Tais questões são relevantes para compreender o papel da mulher na Bíblia. Permitem novas interrogações e descobertas e levantam questões sobre a posição da mulher na sociedade da época. No mais, fazem perceber o que significa o texto bíblico para ela nessa situação. " EU VOS FAREI PESCADORES DE HOMENS". CURAS, MILAGRES, PREGAÇÕES: BETSAIDA E CAFARNAUM NO MINISTÉRIO DE JEUS Bacharel Claudio Márcio Costa Silva (UFRJ) Esta comunicação pretende dentro do tema proposto por este ciclo de debates, abordar duas regiões/cidades muito importantes para as pesquisas relativas ao cristianismo primitivo, a saber Cafarnaum e Betsaida. Sua relevância se dá por ser o local onde a personagem principal dos evangelhos,Jesus de Nazaré, atuou de forma importante, realizando muitos milagres. Alguns dos seus discípulos eram oriundos desta cidade, e também a qual Jesus escolheu para

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morar.Abordaremos as origens dos nomes destas cidades que estão atrelados as condições favoráveis a profissão dos discípulos, analisaremos também as interações com os milagres, pregações, a chamada dos discípulos para seguir a Jesus e a relação dessa região com o Judaísmo,com o Templo de Jerusalém e com o Império Romano. JOAQUIM NABUCO, EPICTETO E A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA Prof. Dr. Aldo Lopes Dinucci (UFS) Nesta apresentação, veremos como Joaquim Nabuco juntou literariamente suas forças a Epicteto na luta contra a escravidão no Brasil, fazendo uma distinção entre a escravidão dos tempos antigos e a moderna e demonstrando que a instituição da escravidão corrompe as demais instituições sociais e ameaça a sociedade como um todo, tornando-a iníqua.

14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 24 - SALA 227 Coord.: Prof. Dr. Júlio César Vitorino

A TEORIA DA CIDADE ANTIGA Prof. Dr. Júlio César Vitorino (UFMG) A fundação de novas cidades, de colônias, bem como a reconstrução de conjuntos urbanísticos mais antigos é prática frequente no mundo antigo, particularmente entre os romanos, que possuíam um modelo bem codificado para essas implantações, baseado em um sistema organizado segundo uma geometria ortogonal bem rígida. No entanto, além desse modelo distributivo a cidade era pensada também a partir de pressupostos teóricos que extrapolam os limites rígidos de uma urbanística formal e meramente funcionalista. O trabalho proposto pretende identificar tais pressupostos em textos de arquitetura e de direito civil que possam contribuir para uma compreensão mais abrangente da idéia da cidade no mundo greco-romano. DESIGN DAS CIDADES Graduanda Andréia Simões de Araujo (UFRJ) A gênese das joias pode ser um tanto difícil de ser demarcada. Hoje, este mercado econômico apresenta produtos de grande influência de povos antigos, sendo alguns dos mais fortes, os povos egípcios, árabes e portugueses. Geralmente, lembrados por sua influência nas arquiteturas e decorações, é deveras interessante observar o quanto a preciosidade das influências destes povos se mostram presentes no Brasil, indo além da arquitetura para a confecção de joias que apresentam a utilização da ferramenta primordial da escrita e do desenho conhecida como linha. Uma das técnicas mais tradicionais em montagens de joias é o Filigrana, sendo também utilizado em vestuários e diversos outras plataformas de trabalho. Esta técnica conta com a utilização de fios geralmente feitos de materiais preciosos aquecidos e modelados artesanalmente, tomam suas formas lineares e curvas em um objeto de valor, não apenas ligado ao dinheiro, mas sim no poder social ou religiosa que o objeto carrega. Seguindo essa linha de pensamento, pretendo chamar atenção para a relação de poder que linhas e curvas podem trazer na arquitetura das cidades, como verdadeiras joias e vice-versa. CIDADES ANTIGAS NOS VIDEOGAMES: UMA LEITURA Profa. Ms. Marina Fontolan (Unicamp) Ao pensarmos em videogames, é comum pensarmos que não passam de coisas de “nerds” e crianças, algo que esvazia a importância que se dá a este tipo de entretenimento na atualidade. Com o grande

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sucesso da indústria de videogames no mundo, uma grande quantidade de títulos é lançada a cada ano, o que incluem aqueles que possuem cenários históricos, dando grande destaque à antiguidade. Assim sendo, o objetivo desta comunicação é pensar a forma como a cidade antiga é representada em videogames com cenários históricos. A leitura será embasada numa perspectiva de Usos do Passado, que busca refletir sobre quais discursos, narrativas e representações os videogamos se utilizam para reconstruir a antiguidade. METODOLOGIA APLICADA NO ESTUDO DE ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM DAS CIDADES GREGAS COLONIAIS DA SICÍLIA: RECONSTRUINDO ESTRUTURAS, RELAÇÕES E LUGARES Profa. Doutoranda Christiane Teodoro Custodio (USP) A arqueologia da paisagem é um dos campos privilegiados da Arqueologia no que concerne a multiplicação de trabalhos que vem contribuindo para um refinamento de conceitos, metodologias de investigação e importantes resultados no campo das ciências sociais. Não obstante, o terreno, a base sobre a qual se assenta a vida social, as construções, os caminhos e os abrigos ainda não ocupa um lugar de destaque nas indagações dos arqueólogos, sobretudo como elemento fundamental da definição geográfica dos homens e das significações que dela decorrem. A natureza das cidades antigas também abrange resultados de escolhas conscientes e não conscientes, racionais ou irracionais e quaisquer modelos esquemáticos e universalmente válidos empregados na sua análise são inócuos, por certo. Ainda assim, alguns requisitos essenciais condicionam escolhas que se materializam na ocupação e nos contornos que a cidade adquire ao longo de sua existência. A tecnologia de sistemas de informação geográfica ocupa um espaço de destaque nas investigações, permitindo o ordenamento e a concatenação de fontes diversas, aumentando o potencial informativo dos dados. Adotar escalas de trabalho em níveis intra-local e regional separadamente e recortes temporais bem definidos constitui método adequado de execução da pesquisa. Buscaremos discutir o potencial das ferramentas e da metodologia aplicada ao estudo das estratégias de assentamento das fundações gregas na Sicília no período arcaico e respectivas dinâmicas sociopolíticas. 14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 25 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Dr. André da Silva Bueno

O ARTHASHASTRA DE KAUTILYA Prof. Doutorando Luiz Maurício Bentim da Rocha Menezes (UEAP) Esse trabalho se propõe a fazer uma análise política da tradução em português do "Arthashastra" de Kautilya. Kautilya viveu no séc. IV a.C. na Índia, servindo como conselheiro do rei Chandragupta Maurya. Sua obra original se compõe de quinze livros tratando de política, economia, legislação, agricultura entre outros temas, no entanto, a tradução feita no Brasil por Sérgio Bath é uma seleta de partes da obra original tendo como foco maior a política. Isso talvez explique a escolha do tradutor em colocar como subtítulo (inexistente no original) “o Maquiavel da Índia”. O centro da política de Kautilya é a punição aliada a um forte esquema burocrático de controle do governo. Com isso, ele pretende dar plenos poderes para o governante fazer o que for preciso para manter o Estado. O "Arthashastra" consiste em uma descrição realista da arte de administrar o Estado e, em nosso estudo, pretendemos investigar os pontos fortes dessa política destinada a auxiliar o monarca da antiga Índia em seu governo.

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ENCONTROS CULTURAIS E EXPERIÊNCIAS RELIGIOSAS NO ORIENTE: A CHEGADA DO BUDISMO AO JAPÃO Profa. Mestranda Larissa Bianca Nogueira Redditt (Museu Nacional/UFRJ e GEHJA CEIA/UFF) O budismo nasce na Índia, por volta do século V ou VI a.C. , e se desloca ao longo de vários séculos através da Rota da Seda, ao longo da qual viajaram não só mercadorias mas também ideias. Chega ao Japão quase um milênio depois, se apresentando em forma bastante diferente daquela que saiu da Índia, agora com aspectos muito mais metafísicos, adquiridos em sua passagem pela China. Compreendendo que a cultura é historicamente reproduzida na ação, e que, portanto, os esquemas de significação e compreensão do mundo podem se alterar constantemente com a praxis, a partir de uma reavaliação funcional de categorias, é possível analisar a chegada do budismo no Japão e os novos elementos da realidade que se colocaram ao povo japonês como uma ocasião que gerou uma ressignificação do sistema simbólico e seus significados. BUDISTAS NO IMPÉRIO ROMANO: VESTÍGIOS E DISCURSOS Prof. Dr. André da Silva Bueno (UERJ) Entre os séculos 1 a 3 EC, o Império Romano tornara-se um palco de disputas religiosas, como bem indicou Greg Wolf (2009). Cultos das mais diversas partes do Mediterrâneo – e mesmo, de fora dele – buscavam aumentar sua influência junto à sociedade e ao poder imperial, constituindo um quadro intenso e fértil de debates. Nessa comunicação, pretendemos destacar os vestígios da presença Budista dentro do Mundo Romano, revelando o trânsito desse movimento intelectual e religioso indiano. Embora esparsos, esses fragmentos apontam para uma atuação relativamente significativa do Budismo no Ocidente, por quase dois séculos, até o seu desaparecimento após a ascensão do Cristianismo. Com bases na documentação textual e arqueológica Greco-romana, a presença budista no Mediterrâneo demonstra as extensas possibilidades de diálogo intercultural na antiguidade (Panikkar, 1998), ampliando nossas perspectivas sobre a religiosidade no período imperial romano. RAÍZES AFRO-ASIÁTICAS?: A FORMAÇÃO DA CULTURA GREGA NA OBRA “BLACK ATHENA” Graduanda Luiza Tonon da Silva (UDESC) A obra “Black Athena – the Afroasiatic roots of classical civilization” foi lançada em 1987 pelo historiador britânico Martin Bernal, a causar debates acadêmicos na área de História Antiga e História da África. Nela defende-se a ideia de que povos dos continentes asiático e africano, sobretudo do Antigo Egito e do Levante, exerceram grande influência nas gêneses da Grécia Antiga e tudo que ficou conhecido posteriormente como “legado greco- romano da civilização ocidental”; e de que a pesquisadores dos séculos XIX e XX buscaram sempre negar essa influência por razões relacionadas ao racismo e colonialismo europeu de seu tempo. Nesse trabalho pretende-se analisar, através da obra, tanto a disputa - política e epistemológica – da historiografia da Antiguidade como alguns dos elementos que Martin Bernal traz de cultura, religião e sociedade que teriam sido incorporados na formação da Grécia Antiga, das civilizações cicládicas e minoana às póleis.

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15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 26 - SALA 227 Coord.: Profa. Dra. Lolita Guimarães Guerra

PALÁCIO DO CATETE E AS REPRESENTAÇÕES GRECO-ROMANAS: UMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL Graduanda Luiza de Paschoal Mohamed (UFRJ) Em um mundo onde cada vez mais demandamos do aluno, as atividades dentro e fora da sala de aula são de suma importância, tanto para a formação acadêmica quanto para a social. Ao analisar as representações imagéticas da mitologia greco-romana inseridas no Museu da República, propõe-se então uma atividade extra-curricular na qual os alunos poderão se apropriar e ressemantizar mais facilmente e de modo mais dinâmico o conteúdo dado em sala de aula, assim como perceber a profunda importância que a História Antiga possui tanto na construção do saber acadêmico, como na história do nosso país e no pensamento Ocidental. UM PALÁCIO QUASE ROMANO: A FACHADA DO PALÁCIO DO CATETE E A INVENÇÃO DE UMA TRADIÇÃO CLÁSSICA NOS TRÓPICOS Prof. Mestrando Marcus Vinícius Macri Rodrigues (PPGHC - UFRJ) Em Pompeia, a entrada de uma casa tinha um importante papel na distinção do status de seu dono. As portas dos ilustres deveriam refletir sua glória, sendo decoradas para demonstrar o lugar de seus proprietários naquela sociedade. Nessa apresentação, analisaremos a fachada do Palácio do Catete, construído no Brasil do século XIX, mostrando o uso de diversos elementos da Antiguidade Clássica como veículos de comunicação da posição social de seu proprietário, o Barão de Nova Friburgo, no contexto de uma nação que buscava inventar uma tradição clássica nos trópicos. REVERBERAÇÕES POLITEÍSTAS NO TEMPLO-MUSEU DE CLAUDE MONET NA ORANGERIE DO JARDIM DAS TUILERIES EM PARIS Profa. Dra. Lolita Guimarães Guerra (UERJ / FFP) Em 1927, um ano após a morte de Claude Monet, é inaugurada na antiga orangerie do jardim das Tuileries, em Paris, a exposição permanente de sua coleção de grandes telas doadas ao governo francês, pintadas a partir de 1914 em seu jardim em Giverny. A coleção, Les Nymphéas, foi alocada em uma seção do edifício totalmente reformada a partir de orientações do próprio Monet ao arquiteto responsável pelo projeto, Camille Lefèvre. As telas foram assim expostas em duas longas salas em formato elíptico precedidas por um pronau, elemento constante na arquitetura religiosa clássica, espaço de transição por meio do qual o devoto era sensorialmente preparado para a epifania no recinto seguinte, onde encontrava-se estátua de uma divindade. Diante da história das sensibilidades evocadas pelo jardim em Giverny e pelas próprias pinturas, as quais materializam-se na escolha de fazer do museu que as abriga um templo, nos perguntamos que sagrado possível é esse que se oferece aos sentidos para além do pronau. Ao nos debruçarmos sobre os escritos do próprio Monet e dos historiadores da arte, observamos um elenco de imagens relacionadas ao delírio, ao sonho, à continuidade e ao ilimitado, à identidade e à intimidade. Procuramos, portanto, investigar como tais imagens, sensações e tentativas de interpretações relacionam-se a um entendimento particular, por parte do artista e seus contemporâneos (e também de autores do nosso tempo), acerca da religião e do sagrado na antiguidade. O ‘selo de sagrado’ impresso à obra por meio de sua localização no templo-museu deve ser pensado para além do que seria uma leitura formal do politeísmo antigo por Monet, mas como parte de uma longa tradição de produção de imagens mentais, pictóricas e discursivas relativas à experiência do sagrado, cujo ponto de referência constitui-se numa religião grega possível ao olhar moderno.

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15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 27 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa

OS JOGOS FÚNEBRES DE PÁTROCLO: UMA ANÁLISE DO CANTO XXIII DE A ILÍADA DE HOMERO Graduanda Ana Caroline Paiva Lourenço (UFRJ) Esta comunicação tem como objetivo estudar o canto XXIII de A Ilíada, onde mostra o ritual funerário de Pátroclo e os jogos que nele foram disputados. Pretende-se estudar a relação dos jogos com o funeral através de Homero e seus poemas. Através de A Ilíada, é possível saber um pouco mais sobre a famosa Guerra de Troia. Ao contrário do que muitos pensam, A Ilíada não é para relatar os acontecimentos de uma guerra que teve a duração de 10 anos, mas sim para relatar os acontecimentos finais desta guerra, por consequência das atitudes de Aquiles (o maior herói dos Aqueus). Porém o que vai ser aqui estudado não são as atitudes de Aquiles durante todo o poema homérico, mas sim em um canto específico: o Canto XXIII, depois da morte de Pátroclo e de sua luta por vingança contra Heitor, é celebrado o funeral em honra ao seu primo Pátroclo e, logo após são realizadas competições entre os gregos, não com o objetivo de ganhar os prêmios, mas sim de poder mostrar que o vencedor era o melhor entre os melhores. Serão analisados as sete competições que foram realizadas durante o funeral: os jogos de equitação; corrida com carros; pugilato; corrida; luta com armas; competição de arremesso; jogo de atiradores de dardos. E analisar o motivo que cada jogo está ligado ao tiro funerário. A ALTERIDADE INTERNA NO CONTEXTO FUNERÁRIO HOMÉRICO: AQUILES E SUAS AÇÕES MÁS (KAKÀ ÉRGA) Profa. Doutoranda Bruna Moraes da Silva (UFRJ) Objetos de análise desde a Antiguidade, a Ilíada e a Odisseia foram consideradas importantes meios de difusão da cultura helênica, tendo seu valor paidêutico verificado tanto na sua época de composição quanto posteriormente. Ao desvelar em seus versos diferentes códigos de conduta, Homero não punha em evidência apenas as ações consideras dignas de um aristoí, mas também exemplos a não serem seguidos, isto é, transgressões realizadas até mesmo por personagens tidos como grandes heróis. À vista disso, na presente comunicação, propomos investigar a maneira pela qual o aedo expôs em suas obras, especialmente na Ilíada, as normas a serem seguidas pelos vivos diante dos falecidos, dando destaque à análise das transgressões existentes nesse campo discursivo ao evidenciarmos um caso de alteridade interna, isto é, da quebra de regras estabelecidas em um mesmo meio social. Para isso, faremos uma análise de caso do herói Aquiles, visto que o regulamento ético presente na sociedade helênica no que compete às suas práticas funerárias é por ele violado.

OS SÍMILES DE ANIMAIS EM HOMERO E SUA FUNÇÃO PAIDÊUTICA Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa (UFRJ) Profa. Doutoranda Renata Cardoso de Sousa (UFRJ) Objetivamos nessa comunicação refletir como as comparações a animais na Ilíada, de Homero, constituem-se em um importante instrumento de estudo da paideia, que assim constrói um ideal heroico e uma referência de alteridade para a Grécia Arcaica. Para tal reflexão, utilizaremos a caracterização de Páris.

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ATENAS: DE PÓLIS A COSMÓPOLIS – REPRESENTAÇÕES DA CIDADE NO DISCURSO DE MÁTRON DE PITANE Profa. Doutoranda Alessandra Serra Viegas (UFRJ/PUC-Rio) A Atenas representada no fragmento cuja autoria cabe a Mátron, um autor de paródias do século IV a.C., é bem diferente daquela a que estamos acostumados. Mátron é oriundo da cidade de Pitane, atual Çandarli, na Turquia, o que já nos aponta esta antiga pólis que agora pode ter se tornado uma Cosmópolis. Em meio ao burburinho desta cidade, deparamo-nos com um texto aos moldes homéricos em sua forma – o que pressupõe uma audiência específica –, porém bastante curto, como aquele será utilizado a partir do século III a.C. por Apolônio de Rodes, por exemplo. Outra característica do texto e Mátron é a presença do anfitrião que oferecerá uma refeição (um deîpnon ático) e se chama Xenoklês, portanto, alguém que porta a glória do estrangeiro. Este trabalho quer trazer alguns questionamentos acerca do autor e deste personagem tão interessantes ao estudo dessa Atenas que se mostra através do texto, contido na coletânea do Deipnosophistae, de Atheneu de Naucrátis.

18:00 – 19:30 – SALÃO NOBRE

CONFERÊNCIA 07 VIVER E SOBREVIVER NA VRBS Profa. Dra. Renata Lopes Biazotto Venturini (UEM) No final do século I a.C. amplia-se o afluxo para Roma de homens, mulheres e crianças de diferentes regiões do mundo romano, o que sugere o aprofundamento de problemas no plano da infra-estrutura urbana. A Vrbs transforma-se, sobretudo, num centro político-administrativo como também de consumo. Sua manutenção encontrava-se fundada na produção agrícola dos municípios e das províncias, e em fontes de recursos especiais com a prata, o azeite, o vinho. A ação do fiscus, na arrecadação de impostos e tributos, era responsável pelo abastecime nto da cidade. Todas essas razões nos levam a interrogar como vive e sobrevive a superpopulação de Roma. Entendemos o viver como a expressão dos costumes frente aos hábitos cotidianos como alimentar, vestir, habitar, divertir, entreter relações, levando em conta os distintos comportamentos diante da necessidade da sobrevivência. O desconforto e as incertezas que as condições de sobrevivência causavam serão lidos a partir da documentação epistolar de Caio Plínio Cecílio Segundo (61/62-113 d.C.) e dos versos do poeta espanhol Marco Valério Marcial (44-102 d.C.). CONFERÊNCIA 08 “ESCAVANDO” A CIDADE GREGA DA SICÍLIA ARCAICA: CONTATO E IDENTIDADE Profa. Dra. Elaine F.V. Hirata (MAE/USP) A implantação dos assentamentos gregos no Mediterrâneo Ocidental, ainda no início do séc. VIII a.C., quando as pólis também estão em formação nos Bálcãs, coloca algumas questões interessantes sobre o impacto do contato com as populações que viviam na Magna Grécia e Sicília na formação dessas apoikias (“ as casas longe de casa”) e no processo de emergência de uma identidade helênica e políade. A variabilidade das formas de contato observadas no registro arqueológico revela o envolvimento de dois grupos que internamente não são homogêneos e que irão interagir de forma dinâmica, redefinindo posições sociais , selecionando e acomodando traços e práticas sociais, criando respostas originais diante de situações de competição ou de necessidade de colaboração. A

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apresentação de alguns estudos de caso pontuais , apoiados em documentação arqueológica, pretende colocar em debate a configuração especifica da cidade grega da Sicília e, a partir daí, a formação de uma identidade helênica regional.

SEXTA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2015 10:00 – 12:00 –SALÃO NOBRE

CONFERÊNCIA 09 O HOMEM MAIS FELIZ DE ATENAS Prof. Dr. Alexandre Santos de Moraes (UFF) Um dos passos mais famosos de Heródoto é o célebre diálogo entre Sólon e Creso (Histórias, I, 30). O discurso é marcado por dois pontos de vista radicalmente distintos a respeito da ideia de felicidade. Nossa comunicação debaterá essa variação sob o ponto de vista das diferenças étnicas, observando a importância que interlocutores dão às cidades no marco da condução de uma vida próspera e/ou feliz. CONFERÊNCIA 10 A MULHER, SEUS FRUTOS E A CIDADE Profa. Dra. Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa (UFMG) Vamos focalizar a tensão entre o ideal e o real, entre a fantasia e a verdade prática ou, em outros termos, a realidade. Pretendemos conjugar a situação da mulher e a idealização da terra, mãe dos cidadãos atenienses, em uma leitura das tragédias euripidianas Íon e Medeia. Abordaremos o mito da autoctonia e discutiremos a pólis antiga que, n os textos, está marcada ideologicamente por esse referido mito. Observaremos o mascaramento, em vários níveis, principalmente o lexical da desvalorização do corpo feminino. Observaremos, outrossim, os termos referentes a filhos nas duas tragédias.

14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 28 - SALÃO NOBRE Coord.: Prof. Doutorando Fabiano de Souza Coelho

O SAQUE DE ROMA PELOS VISIGODOS: DUAS VISÕES TARDO-ANTIGAS Prof. Doutorando Luís Eduardo Formentini (UFES) O saque de Roma pelos visigodos, ocorrido em 410 d.C constitui evento de importância no processo de desagregação do Império do Ocidente. Sua importância reside em grande parte no simbolismo implicado na “queda da senhora das nações”. Tal acontecimento foi apropriado pelos godos, tornando-se parte de sua identidade histórica. No presente trabalho analisaremos as visões sobre a tomada da cidade na obra de dois escritores tardo-antigos relacionados com os godos. O primeiro é Jordanes, godo de origem, escrevendo da Constantinopla do século VI. O segundo é Isidoro, bispo de Sevilha em princípios do século VII, principal nome do episcopado do Reino Visigótico.

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ESTATUTOS DIFERENCIADOS DE HUMANIDADE NO DISCURSO CRISTÃO DE AGOSTINHO DE HIPONA Prof. Doutorando Wendell dos Reis Veloso (PPHR/UFRRJ) Na Antiguidade Tardia o eclesiástico Aurélio Agostinho (354-430), bispo da cidade de Hipona no Norte da África (394-430), empreendeu reflexões sobre o credo niceno ser o único caminho possível para que o homem restaurasse a sua condição de Imago Dei e assim garantisse, tanto o bem viver na Cidade dos Homens, quanto a vida eterna, na Cidade de Deus. Nestas reflexões, o bispo aborda questões como a existência legítima de alguns seres sociais e os estatutos garantidores desta, assim como aqueles estatutos que caracterizariam a existência menos verdadeira de outros seres. Nossa proposta é analisar estas reflexões agostinianas a partir das referências em De Vera Religione (c. 386), Confessiones (c. 397) e De Bono Coniugali (c. 401), abordando também, se possível, as reverberações para os seres sociais que se desviassem de suas proposições e fossem identificados com uma existência menos verdadeira. Isto posto, a partir de pressupostos da História Cultural daremos atenção à influência neoplatônica presente na documentação, identificando assim a maneira como as realidades das comunidades tardo-antigas eram pensadas e dadas a ler por Agostinho de Hipona, levando em consideração sua visão de mundo universalista. TESTEMUNHO DE AGOSTINHO E JERÔNIMO SOBRE AS MULHERES NA ANTIGUIDADE TARDIA, A PARTIR DE MISSIVAS CRISTÃS Prof. Doutorando Fabiano de Souza Coelho (PPGHC/UFRJ) Pensaremos e objetivamos, portanto, nessa proposta de comunicação, entender como foram construídas as representações do feminino – as mulheres cristãs virtuosas – em duas missivas de Padres da Igreja, a saber, uma carta de Jerônimo (347 a 419 d. C.), e outra de Agostinho de Hipona (354 a 430 d. C.), entre os finais do século IV e início do século V d. C., período que convenhamos chamar de Antiguidade Tardia. Para realizar tal proposta e análise faremos uso do conceito teórico de representação social de Roger Chartier e a abordagem comparativa proposta por Marc Bloch e Kocka. 14:00 – 15:30 – MESA DE COMUNICAÇÕES 29 - SALA 227

A URBS QUE MOLDA A CIUITAS: O ESPAÇO URBANO COMO ELEMENTO DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO EM MARCIAL Prof. Dr. Fabio Paifer Cairolli (UFF) O presente trabalho pretende investigar de que forma, nos epigramas de Marcial, poeta latino que atuou na segunda metade do século I d. C., ficam evidenciados mecanismos de inclusão ou exclusão social relacionados às características físicas de Roma. Além do aporte de reflexões metodológicas que interessam ao pesquisador, serão apresentados dois poemas em que alguns destes mecanismos podem ser exemplificados.

XXV CICLO DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA: CIDADES

“A RECEPÇÃO DO MITO DE HÉRACLES NA ETRÚRIA POR MEIO DE UM ESTUDO DE HIDRIAS CERETANAS” Graduanda Nancy Maria Antonieta Braga Bomentre (UNIFESP) Buscando uma maior compreensão da cultura etrusca, este estudo propõe verificar como foi introduzida a narrativa do mito de Héracles e como se deu sua recepção e assimilação por este povo, visto pela fruição dos objetos de arte. Os objetos específicos escolhidos para esta análise foram hidrias ceretanas, por formarem um corpus coeso e de características muito peculiares. Para tanto, partiu-se em três trajetórias distintas: uma primeira que trata de um levantamento histórico sobre a Etrúria e o contexto geral do período, uma segunda sobre a arte etrusca objetivamente e uma terceira, que contempla um estudo sobre cerâmicas do período e sua iconologia.

A CHEGADA DE ENÉIAS AO LÁCIO: VIRGÍLIO, TITO LÍVIO E O JANÍCULO Prof. Doutorando Thiago de Almeida Lourenço Cardoso Pires (UNIRIO) A chegada de Enéias ao Lácio, e o consecutivo assentamento do contingente troiano, marca o fim da peregrinação marítima do herói pelo Mediterrâneo e assegura a vontade dos deuses de nascimento do povo romano. Nosso intento, para esta apresentação, é traçar uma breve comparação sobre a chegada de Enéias ao Lácio segundo duas fontes literárias: a Eneida de Virgílio e Ab Urbe Condita de Tito Lívio. Para tanto, iremos averiguar como o Janículo mitológico se relaciona com o mito de fundação do povo romano e o estabelecimento dos troianos no Lácio. A SOBERBA NA TOMADA DE DECISÕES DA PRIMEIRA GUERRA PÚNICA Graduando Lucas Marques Ribas (LHIA-UFRJ) Através da análise de três episódios marcantes dentro da Primeira Guerra Púnica, este trabalho tem como objetivo identificar e expor situações nas quais o sentimento de soberba influenciou na tomada de decisões, tanto dos comandantes quanto dos soldados. A análise será feita a partir do estudo da obra “Histórias” escrita pelo autor grego Políbio.

15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 30 - SALÃO NOBRE Coord.: Profa. Dra. Liliane Cristina Coelho

AS ESTELAS ABIDIANAS E O CULTO DE OSÍRIS DURANTE O REINO MÉDIO Graduanda Beatriz Moreira da Costa (UFRJ/GEKemet-CEIA/UFF) O Museu Nacional do Rio de Janeiro comporta a maior coleção de Egito Antigo da América Latina, por isso muitos estudiosos brasileiros utilizam seu acervo como fonte para suas pesquisas. Em nossa pesquisa, mobilizamos as estelas votivas abidianas do acervo visando compreender o culto de Osíris durante o Reino Médio nessa localidade. Nessa comunicação, pretendemos demonstrar que a importância de erigir uma capela composta por uma ou mais estelas é que o ka do indivíduo poderia compartilhar eternamente as oferendas a Osíris durante cada ano de suas festividades além de cumprir um papel social ao demarcar seu status na corte real como um homem de posses, sendo assim, reconhecido pelos vivos.

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AS INFLUÊNCIAS DA RELIGIÃO EGÍPCIA NO COMPORTAMENTO FAMILIAR DURANTE O REINO NOVO Graduanda Ana Paula de Souza (UNESA/GEKemet-CEIA/UFF) A proposta do presente trabalho é discutir as influências da religião egípcia no comportamento familiar. Como as crenças da vida após a morte na importância da constituição familiar, e no culto aos vários deuses determinou a forma como o povo egípcio lidava com as relações familiares. Fator importante dentro dessa sociedade era a perpetuação familiar através do casamento e nascimento dos filhos. Tal fator se devia, também, ao fato de que após a morte do pai, seria o filho quem cuidaria de sua morada eterna. Devemos levar em consideração que os vestígios dos quais dispomos, em sua grande maioria, são oriundos de túmulos de nobres, reis e rainhas e sacerdotes. Portanto, muitas vezes as tradições funerárias não estavam ao alcance das camadas sociais mais baixas. Fator este que torna difícil a garantia de que em toda a sociedade egípcia a tradição fosse seguida à risca. Nosso foco no reino novo, especificamente na XVIII dinastia, se dá devido às transformações religiosas promovidas por Akhenaton e Nefertite na religião. Mudanças essas que elevaram a família real á posição de deuses, sendo cultuados como tal por praticamente todo o período em que governaram o Egito. QADESH: UMA DIVINDADE SÍRIO-PALESTINA NO EGITO Graduanda Ana Luiza da Costa Duarte (GEKemet-CEIA/UFF) Com a intensificação dos contatos culturais ocorridos durante a invasão dos Hicsos no Egito, no chamado Segundo Período Intermediário, várias deidades sírio-palestinas cruzaram as fronteiras do Egito antigo. Uma em particular chama a nossa atenção por sua iconografia diferenciada e por sua associação a outros deuses. Nesta comunicação trataremos dos estudos que foram realizados até aqui na tentativa de identificar a deidade que recebeu o nome de Qadesh em estelas encontradas na necrópole da vila dos trabalhadores de Tebas. UMA CIDADE EGÍPCIA NO PERÍODO ROMANO: O PORTO DE ESPECIARIAS DE BERENICE Prof.ª Dra. Liliane Cristina Coelho (GEKemet-CEIA/UFF e NEA/UERJ) A cidade de Berenice, situada às margens do Mar Vermelho a cerca de 870 quilômetros ao sul do Canal de Suez, foi um dos principais portos de comércio durante o período de dominação grecoromana no Egito. Pesquisas recentes, no entanto, sugerem que a área já era utilizada ao menos desde a XII Dinastia (c. ), especialmente durante o reinado de Amenemhat IV (c. ), devido a objetos como estelas funerárias datadas desta época recuperadas na última temporada de escavações na área (2014-2015). A maior quantidade de artefatos, no entanto, pode ser datada do Período Romano, época em que o porto, em conjunto com Myos Hornos, era responsável por uma quantidade considerável de importações e exportações de produtos, especialmente especiarias vindas da Ásia. Como parte de uma rede comercial, Berenice pode ser considerada um Emporium na denominação dada a cidades coloniais pelos antigos gregos, o que a torna um importante ponto de comunicação com outros povos. Há, no entanto, estruturas urbanas associadas ao porto e que podem ser analisadas dentro de um contexto social, sendo assim interpretadas como locais de desenvolvimento de relações de sociabilidade. Nesta comunicação apresentarei os primeiros resultados obtidos em uma pesquisa que envolve as cidades greco-romanas no Egito e que tem com objetivo, em uma primeira etapa, entender o contexto de criação e desenvolvimento dos assentamentos urbanos implantados ou adaptados pelos gregos e romanos no Egito, bem como suas especificidades e funções, importantes para a compreensão da cidade no contexto egípcio.

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15:45 – 17:00 – MESA DE COMUNICAÇÕES 31 - SALA 227 Coord.: Profa. Ms. Cintya dos Santos Callado

ROMA SOB O REINADO DE NERO Profa. Mestre Cintya dos Santos Callado (UFRJ) O presente trabalho procurará traçar um panorama sobre as realizações de Nero, durante seu reinado (54 a 68 DEC), em Roma, com base no trabalho de David Shotter, intitulado “Nero Caesar Ausgustus: Emperor of Rome”. Dar-se-á, também, ênfase à escolha das fontes utilizadas pelo autor para se pesquisar o período histórico mencionado.

RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIAS ECONÔMICAS E FINANCEIRAS EM TORNO DE JÚLIO CÉSAR Graduanda Hellen Winin Silva Gomes (LHIA – UFRJ) Meu objetivo nesta comunicação é apresentar algumas considerações de uma pesquisa recentemente iniciada, onde eu pretendo analisar a forma pela qual Júlio César utilizava seu poder econômico para criar laços de dependência com a plebe e com a nobilitas romanas através do empréstimo de dinheiro a juros e através de doações de dinheiro. Para tanto, partirei da análise dos escritos de Suetônio, de Plutarco e do próprio Júlio César. ENDIVIDAMENTO NA ROMA TARDO-REPUBLICANA: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE CREDORES E DEVEDORES NAS CARTAS DE CÍCERO A ÁTICO Graduanda Mayan Rodrigues Melo Braga (LHIA- UFRJ) O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo ainda em desenvolvimento sobre o endividamento na segunda metade do I século a.C. e a relação estabelecida entre credores e devedores a partir da análise das cartas de Cícero a Ático (Epistulae ad Atticum). No âmbito das relações apresentadas no documento e dentre os diversos temas que podem ser explorados, destacaremos o processo de endividamento da elite romana em torno de Cícero e a forma como tal processo estabelecia uma relação entre credores e devedores gerando laços de dependência entre as partes que iam além do embate financeiro. A DEVOÇÃO AO DINHEIRO NA OBRA "AULULARIA" DE PLAUTO Graduanda Nathalia Eugenio da Costa (LHIA-UFRJ) Nosso objetivo neste trabalho é analisar a peça teatral Aulularia escrita por Plauto, tendo como problemática principal o estudo da devoção ao dinheiro e ao patrimônio do personagem Euclião, que é apegado a uma panela de ouro que lhe foi entregue pelo deus Lar. Pretendemos mostrar o papel exercido pelo dinheiro e pela avareza na sociedade romana à época de Plauto. O trabalho também conta com uma crítica ao final da obra escrita por Codro Urceu, pois o final original foi perdido.

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