AS ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS E O USO DAS INFRAESTRUTURAS DE TRANSPORTES E ARMAZENAMENTO DO SETOR CERAMISTA CATARINENSE

July 17, 2017 | Autor: G. Grupo de Estud... | Categoria: Transportes, Santa Catarina, Ceramica
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AS ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS E O USO DAS INFRAESTRUTURAS DE TRANSPORTES E ARMAZENAMENTO DO SETOR CERAMISTA CATARINENSE Keity Kristiny Vieira Isoppo Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC Laboratório de Circulação, Transporte e Logística – LABCIT Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional e Infraestruturas – GEDRI Orientador: Márcio Rogério Silveira A região de Criciúma/SC é um dos principais pólos cerâmicos brasileiros, sabemos que a concentração geográfica é uma das características da cadeia produtiva de revestimentos cerâmicos, portanto, grande parte das empresas está ali concentrada, o que é uma importante vantagem competitiva. Com a terceirização oriunda da reestruturação produtiva nos anos de 1990, além das indústrias cerâmicas Santa Catarina passou a contar com outras indústrias, tais como, máquinas e equipamentos, insumos minerais e químicos, embalagens, fritas, esmaltes, corantes, tijolos refratários, além de manutenção, armazenagem e transportes e serviços logísticos. Afirma-se que a terceirização foi uma estratégia competitiva adotada por muitas indústrias a fim de diminuir os custos de produção, pois especializaram-se em seu core business, isto é, a produção de revestimentos cerâmicos. As estratégias logísticas e o uso das infraestruturas de transportes e armazenamento são analisados considerando toda a cadeia de suprimentos, incluindo o transporte e suas estratégias de armazenamento como parte fundamental de todas as etapas do sistema econômico. Destaca-se a utilização da logística como importante estratégia competitiva a fim de otimizar o uso das infraestruturas de transportes e armazenamentos existentes. As maiores indústrias em relação a investimento tecnológico, faturamento e produção (Portobello de Tijucas/SC, Cecrisa de Criciúma/SC e Eliane de Cocal do Sul/SC) possuem como uma das estratégias competitivas a fabricação de produtos com alto valor agregado obtidos através de investimento em tecnologia, qualidade e diversificação em design. As pequenas e médias indústrias, tais como Angelgres, Cejatel, Ceusa, Elizabeth, Itagres, Moliza, Pisoforte e Solar possuem como estratégia competitiva produtos de menor valor agregado que fabricados em grandes escalas ou através da via seca. Já as cerâmicas Gabriella e Giselitêmo “enfoque” como principal estratégia competitiva, pois são especializadas em um tipo específico de revestimento. Embora não seja a indústria cerâmica que execute todas as etapas de transportes e armazenamento dos suprimentos, da produção e da distribuição, sem dúvida, é ela que planeja e integra a logística corporativa que envolve essas diversas empresas. A consolidação do polo ceramista sul catarinense além de permitir maior dinamismo entre os fluxos desta cadeia produtiva diminui os custos de transporte. Isso permite fluidez no abastecimento das matérias primas, insumos químicos, maquinário e peças de reposição, que dispensa as indústrias cerâmicas da necessidade de ter um local de armazenagem para grandes estoques. Todavia, a vinda de suprimentos de outras regiões do Brasil e de maquinaria da Espanha, Itália e China, necessita de uma logísticaque otimize o uso das infraestruturas de transportes e armazenagens a fim de manter a continuidade dos fluxos diminuindoos custos de produção e armazenagem devido a estoques pequenos. O transporte realizado a montante (mineradora e colorifícios) é terceirizado, normalmente pago pelas indústrias cerâmicas no caso das matérias primas e pelos colorifícios no caso dos insumos químicos. O modal priorizado pelo setor é o rodoviário. Em poucos casos é utilizada a cabotagem, para transportar fritas, granilhas, esmaltes e corantes. A ineficiência da integração entre os modais de transportes e a falta de periodicidade de rotas marítimas para outros portos não estimula a utilização da cabotagem mesmo sendo mais eficiente, tendo em vista seu baixo custo para grandes distâncias e maior capacidade de carga. Dependendo da mercadoria o transporte pode ser mais ou menos especializado. Há distinção no fluxo, na periodicidade e da especialização necessária entre os transportes de matérias primas, insumos químicos e maquinarias. Isso requer transportes e armazenamentos diferenciados. O gerenciamento da logística e de todo o processo de transporte e armazenamento dos revestimentos cerâmicos (produto acabado) é realizado pelas indústrias cerâmicas em cooperação com transportadoras, distribuidores, varejistas, entre outros, já que se optou pela terceirização deste serviço. Esta é a parte do processo de transporte e armazenagem que mais ganha investimentos em logística por parte das indústrias cerâmicas. Ela é necessária para diminuir os custos com transporte e a distância absoluta dos principais mercados consumidores: as regiões Sudeste e Nordeste do país. As pequenas e médias cerâmicas possuem sua estratégia logística baseada no processo, enquanto as grandes líderes Portobello e Cecrisa, baseiam suas estratégias no mercado consumidor e na informação. A competição têm auxiliado as indústrias cerâmicas a buscarem alternativas de diferenciação em seu processo logístico a fim de permanecerem lideres no segmento de mercado em que estão inseridas. Após 2008, a principal estratégia competitiva adotada foi reposicionar a produção ao mercado interno que até aquele momento estava dedicada à exportação. Para isso, utilizaram-se outras estratégias competitivas. Uma delas foi a importação de produtos chineses, sua vinda exigiu uma nova estratégia logística, já que o preço desse era mais barato do que o preço médio dos porcelanatos produzidos no Brasil. Uma outra estratégia adotada por pequenas e médias empresas foi o investimento em novas fábricas, aumentando sua capacidade de produção, investindo em grandes escalas

de produção e produtos de baixo valor agregado. Essas empresas souberam aproveitar o aumento da demanda de mercado incentivado pelo Programa Minha Casa Minha Vida. Em relação à distribuição para omercado interno, as indústrias cerâmicas catarinenses têm como problemas o alto custo de transporte, precisando assim superar a distância até o mercado consumidor. Uma das estratégias logísticas foi substituir o CIF (Cost, Insuranceand Freight) pelo FOB (Free On Board) em que o custo do transporte passa a ficar a cargo do cliente. Isso torna o fator localização um aspecto ainda a ser considerado, pois apesar de atenuada pelo pelos meios de comunicação e de transporte a distância relativa continua existindo. Sabendo que os custos de transporte incidem sobre o preço final do produto, as indústrias cerâmicas catarinenses criaram outros atrativos em sua logística de transportes, tais como: serviço qualificado através do sistema de FOB Dirigido, padrão de qualidade das embalagens e armazenagem, segurança da carga e pontualidade da entrega. Deste modo, o transporte e armazenamento para o setor de revestimento cerâmico é um ponto crucial na obtenção do lucro empresarial. Isso porque é um setor que possui uma mercadoria com peso e volume elevados e preço bastante variado (dos revestimentos com preços populares aos com alto valor agregado). Isso induz a necessidade de diminuir os custos de transportes em toda a cadeia produtiva e a melhor forma de realizar isso é através de uma logística coorporativa (estratégia, planejamento e gestão de transportes e armazenamento) mais eficiente, além de aproveitar a ampliação das infraestruturas de transportes (fruto de uma logística de Estado).

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