As fortificações do Rio Grande do Sul e Uruguaiana na guerra do Paraguai

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AS FORTIFICAÇÕES DO RIO GRANDE DO SUL E URUGUAIANA NA GUERRA DO PARAGUAI Adler Homero Fonseca de Castro

TRABALHO ELABORADO PARA APRESENTAÇÃO NO VII ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA SOBRE AS OPERAÇÕES BÉLICAS NA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA

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Na maior parte dos estados costeiros do Brasil há fortificações monumentais que nos lembram de nosso passado de lutas – 66 são tombadas, declaradas monumentos nacionais pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.1 Elas vão do extremo norte, o forte de S. Joaquim, em Roraima, até as proximidades da fronteira Sul, com o forte de S. Tecla, no Rio Grande do Sul. Em alguns estados essas obras são grandes atrativos turísticos, como o complexo de fortificações de Florianópolis, administrados pela Universidade Federal de Santa Catarina. No Rio de Janeiro, o Museu do Exército – Forte de Copacabana, é o terceiro monumento mais visitado do estado: foram 780 mil em 2012,2 só perdendo para atrações turísticas mundialmente reconhecidas: o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. O Rio Grande do Sul é diferente – são conhecidas apenas três fortificações no Estado, dois dos quais tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Forte Pedro II, em Caçapava e as fundações do forte de S. Tecla.3 No entanto, eles estão longe de serem atrações turísticas muito visitadas. Parte do problema é devido à sua localização, em cidades afastadas dos grandes centros populacionais ou dos roteiros turísticos tradicionais – Caçapava fica a 259 km de Porto Alegre e Bagé a 486 km. Cremos, porém, que a distância não seja a razão por que esses fortes recebam poucos visitantes ou mesmo não tenham uma maior atenção por parte da imprensa em geral e de outros órgãos de divulgação. Parte das razões para uma falta de interesse na questão das fortificações do Rio Grande do Sul seja pela falta de conhecimento sobre essas defesas, devido a problemas de má compreensão de sua história. Isso foi gerado em parte pela própria situação dos monumentos existentes: o forte Pedro II é uma obra incompleta, a qual, erroneamente, não se associa nenhuma atividade bélica, enquanto o S. Tecla, que teve um passado militar importante, é um sítio arqueológico, pouco ou nada perceptível para o visitante comum.4 Em 1

A Fundação Cultural Exército Brasileiro está fazendo um levantamento de todas as fortificações que existiram em território nacional, tendo sido publicados dois volumes de uma previsão de quatro tratando do assunto. Até o momento foram levantados quase novecentos fortificações de uma previsão de cerca de 1.100. Nossas pesquisas apontam que ainda existem 135 dessas fortificações feitas no passado. 2 CASTRO, Adler Homero Fonseca de. Muralhas da memória: fortificações, patrimônio e turismo cultural. IN: Caderno virtual de Turismo. Rio de Janeiro : Coppe, 2013. p. 10. (http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/index.php?journal=caderno&page=article&op=view&path[]=903&path[]=362, acesso em julho de 2015). 3 O terceiro forte que se sabe que sobreviveu no estado, o reduto do Passo de Santana existe apenas como sítio arqueológico, a cerca de 30 km ao sul de Uruguaiana, sendo desconhecido por quase todas as pessoas. Ver: PLANTA do lugar denominado Santa Maria Velha onde se acha construído o reduto em frente ao passo do mesmo nome pelo 1º tenente de Artilharia Joaquim de Salles Torres Homem, 1875. Mss. Arquivo Histórico do Exército. 4 Em 1970 foram feitas pesquisas arqueológicas no forte de Santa Tecla e a opção dos pesquisadores foi a de encobrir as ruínas então existentes e visíveis, para protegê-las de maiores danos. Isso, contudo, escondeu os vestígios ainda observáveis, de forma que os remanescentes da fortificação só são notados por especialistas. Isso teve um impacto negativo na própria comunidade local, que deixou de usufruir o bem, por não conseguir mais o entender como uma forte. IPHAN: Processo de tombamento 392-T-48, Pasta de Obras. Arquivo Noronha Santos.

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nossa opinião o problema maior é um de percepção social, devido a uma dada construção de uma memória regional: o Rio Grande do Sul é orgulhoso de seu passado de lutas, na visão local, foi o “estado que escolheu ser brasileiro”. Um elemento fundamental na construção dessa memória é o “gaúcho peleador”, montado em seu cavalo, fazendo expedições móveis e rápidas contra o inimigo, como nas “Califórnias”5 do general Chico Pedro. O habitante do estado seria o “centauro dos pampas” que, por sua habilidade como cavaleiro, passou ser visto como se fosse uma figura única do homem e sua montaria, tornando-se, literalmente, mitológico, uma figura mais do imaginário, imortalizada na literatura, como coloca Euclides da Cunha, ao descrever a cavalaria do Rio Grande do Sul operando nos sertões do Nordeste, em 1897: O Gaúcho, o peleador valente, é, certo, inimitável numa carga guerreira; precipitando-se, ao ressoar estrídulo dos clarins vibrantes, pelos pampas, com o conto da lança enristada, firme no estribo; atufando-se loucamente nos entreveros; desaparecendo, com um grito triunfal, na voragem do combate, onde espadanam cintilações de espadas; transmudando o cavalo em projétil e varando quadrados e levando de rojo o adversário no rompão das ferraduras ou tombando, prestes, na luta em que entra com despreo6 cupação soberana pela vida.

Esse modo de ver o gaúcho, contudo não é compatível com a questão das fortalezas, defesas fixas, no qual a infantaria, o soldado a pé tem mais relevância,7 e isso talvez explique não se dar muita importância para a questão das defesas fixas na história regional. De qualquer forma, devemos reconhecer que parte da visão do gaúcho como o soldado a cavalo tem sua razão de ser: o terreno em grande parte do estado – o pampa – e a grande profusão de cavalos facilitam em muito as operações montadas e criam grandes dificuldades para a eficiência de fortificações – essas quase sempre podiam ser contornadas, ou serem forçadas a se render pela fome, por não poderem ser abastecidas em face de um bloqueio feito por forças de cavalaria, as vezes menores do que a própria guarnição do forte, como aconteceu o forte de S. Tecla em 1776. Como usual, essas simplificações não mostram toda a verdade e isso se comprova com uma simples análise numérica do assunto: nossas pesquisas apontam para a existência de 98 fortes no história do Rio Grande do Sul – sem contar 5

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Califórnia: expedições de cavalaria, não oficiais, feitas de 1849 a 1850 sob o comando do general Francisco Pedro Buarque de Abreu, barão de Jacuí, antigo chefe farroupilha conhecido como Chico Pedro, CUNHA, Euclides da. Os Sertões: Campanha de Canudos. São Paulo, Ed. Círculo do Livro, s.d. p. 96. Deve-se frisar que, apesar de toda a importância da cavalaria para a história do Rio Grande do Sul, o estado sempre teve importantes forças de infantaria: em 1860 havia 4.516 praças na Província – a maior do Império. Desses, 2.800 homens (62%) faziam parte dos quatro batalhões de infantaria destacados no Rio Grande. RIO GRANDE DO SUL. Relatório do presidente de Província de 1860. Porto Alegre: Tip. do Correio do Sul, 1860, pp. 16-17. Um dos fatores da superioridade militar do Império nos conflitos da região se poder contar com uma boa infantaria, enquanto seus adversários, muitas vezes, davam uma ênfase maior à cavalaria.

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com os que, construídos por Portugueses, mas que hoje em dia ficam no atual território do Uruguai – Santa Tereza e São Miguel, que são monumentos nacionais daquele país. Muitos desses fortes foram feitos no período colonial, quando os portugueses disputavam com os espanhóis a posse da região, centrada no controle do porto da cidade de Rio Grande, o posto de abastecimento de toda as posses portuguesas no Estado e onde, por isso, houve uma grande concentração de fortificações. Mas essas certamente não foram as únicas obras defensivas construídas no Estado, apesar praticamente de serem os únicos lembrados quando se fala de fortificações no Rio Grande do Sul. Especificamente em termos da presente jornada, relativa à Guerra do Paraguai e com ênfase nos 150 anos do cerco à cidade de Uruguaiana, as exceções ao modelo de que o Estado do Rio Grande não teria uma grande história de fortificações adquirem maior relevância. Podemos apontar que a jornada se propõe a lembrar os 150 anos do cerco a Uruguaiana, a palavra lembrando que a cidade foi fortificada em um determinado momento, no ponto mais ao sul que as forças paraguaias sob o comando do coronel Estigarribia atingiram em sua invasão ao Brasil. Só que essas não foram as primeiras obras defensivas da cidade e a história e contexto em que essas fortificações foram feitas sendo o objeto deste artigo. Como colocado acima, houve um grande esforço de construção de fortificações no Rio Grande do Sul no período colonial. Isto se entende na medida em que a população estava concentrada em uma região relativamente delimitada e de dimensões restritas, de forma que o controle dos pontos de acesso, ou melhor, das vias tradicionais de invasão, como o Chuí8 ou a coxilha central do Uruguai, onde os espanhóis construíram os fortes de S. Tecla e Serro Largo – propostas válidas no contexto da época, pois eles conduziam ao principal acesso à região, o porto do Rio Grande. Ali foi feita uma grande quantidade de fortes, tanto pelos lusitanos quanto pelos espanhóis, durante a ocupação destes últimos da margem sul do canal de acesso da Lagoa dos Patos – a área era tão importante, que o último projeto de fortificação para a barra do Rio Grande data de 1908.9 A situação estratégica se altera com o aumento da população do estado e, principalmente, com a aquisição de mais e mais terras a oeste, principalmente com a conquista das Missões por José Borges do Canto, em 1801. Com essas terras, a situação militar se alterou em parte – nas principais cidades costeiras ainda valia a pena pensar-se em defesas fixas, contra um ataque vindo do mar, mas no interior a

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Neste caminho para a cidade do Rio grande foram feitos os fortes de S. Tereza, S. Miguel, Taim e Albardão. Observações manuscritas na planta de RIPLEY, W. E. Porto do Rio Grande, planta geral das obras. Mss. Arquivo Histórico do Exército. s.d.

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guerra móvel, feita por forças de cavalaria, fazia mais sentido, de forma que os portugueses não fizeram maiores esforços para fortificar o interior do País. Uma política de construção de fortificações também não cabia muito dentro da situação militar do Brasil após 1831: no período colonial, Portugal tinha adotado uma estratégia de longo prazo, baseada em maximizar a exploração colonial e um dos caminhos para se obter os maiores rendimentos com o Brasil era não fazer gastos aqui. A solução, em termos militares, foi deixar a defesa inteiramente a cargo dos moradores da Colônia – perceber isso ajuda até a entender a própria fundação da capitania do Rio Grande do Sul em 1737. Era necessário apoiar o esforço militar na Colônia do Sacramento, no Uruguai, e isso foi feito, durante muito tempo, usando-se recursos vindos do Rio de Janeiro e da Bahia, não de Portugal, frise-se. Contudo, esse esquema era complicado e ineficiente por causa das distâncias envolvidas, de forma que se decidiu pela colonização de Santa Catarina, o último bom porto antes do Uruguai – e do Rio Grande do Sul, para que os novos moradores dessas regiões pudessem apoiar efetivamente a Colônia de Sacramento. Essa forma de política defensiva, baseada no uso de recursos estritamente locais, tinha suas implicações, quando consideramos o Brasil como um todo – devendo-se lembrar que o Rio Grande do Sul apresentava-se com uma configuração diferente, nem que seja pela topografia e pelo hábito das pessoas usarem os cavalos. Como as ações militares ficavam a cargo das comunidades, sem maior apoio vindo da Europa, os trabalhos de defesa eram financiados e guarnecidos por forças levantadas nas localidades10 e como essas normalmente não tinham excesso de recursos para aplicação em projetos “não essenciais”, muitas vezes interesses paroquiais e não os de Portugal ou do Vice-Reinado determinavam como se proceder no tocante às questões militares. Um exemplo claro disso é a existência de um grande número de fortes de pequeno porte e de desenho precário, pois essas construções podiam ser feitas com os parcos recursos dos municípios, sem taxarem a capacidade das comunidades. Por outro lado, essas edificações eram pouco eficientes e dispersavam as tropas disponíveis, dando mais uma sensação de segurança as habitantes do que funcionando efetivamente contra um ataque – podemos citar o forte de Jesus Maria José da cidade do Rio Grande, construído de forma precária, de toros de madeira, mas que podia abrigar toda a população da comunidade se esta fosse atacada por indígenas ou espanhóis.11

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O Rio Grande do Sul é, na verdade, uma exceção a esse quadro geral que vale para quase todo o Brasil, considerando que forças vindas de outras regiões do Brasil, especialmente de São Paulo, sempre tiveram um papel relevante na defesa da capitania no período colonial. Ver o papel da Legião de São Paulo nas campanhas de 1801 e 1817, por exemplo. O forte de Jesus Maria José de Rio Pardo também tinha características semelhantes, só que no seu caso, toda povoação ficava abarcada pelas obras defensivas.

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Outra característica decorrente da forma de organização implantada pelos portugueses no Brasil era a questão das milícias e ordenanças, forças militares compostas por moradores, que eram mobilizados apenas se houvesse uma emergência. Tais tropas reforçavam o espírito de defesa local, pois sendo forças sem maior treinamento, eram apenas adequadas à defesa local, para o que tinham uma motivação clara. Não eram, contudo, tropas das mais adequados para uso fora de suas regiões natais, quando o natural conflito entre as necessidades pessoais e as imposições sociais era exacerbado pelo problema de que dificilmente se pagavam salários às topas de milícias e ordenanças, de forma que um soldado delas teria graves preocupações sobre como manter sua família enquanto estava em campanha. O sistema militar alterou-se forma radical a partir da Regência, em 1831. As antigas práticas coloniais, de basear a ação na requisição forçada de recursos e de homens para o trabalho em obras militares, já tinha sofrido um forte baque com a Constituição de 1824, quando deixou de ser possível o simples confisco de dinheiro, as assim chamadas “contribuições”, ou a requisição, sem pagamento, de escravos para trabalhar em obras públicas. O uso de milícias e ordenanças também passou a ser visto com desconfiança. Essas forças, no resto do Brasil, eram organizadas em linhas raciais, havendo unidades de brancos, de pardos (mestiços) e de negros livres (os Henriques). Essas duas últimas, sendo muito discriminadas, como era a visão normal da época. Quando da Independência, tropas de milícias de negros e pardos apoiaram em força o movimento de emancipação política, certamente um fator para isso sendo a esperança que houvesse uma mudança nas relações sociais internas, especialmente com o fim da escravidão ou, pelo menos, uma diminuição da discriminação. Isso não aconteceu e estouraram revoltas ou movimentos sediciosos no entre as tropas de negros e pardos do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Com a abdicação de Pedro I em 1831 se decidiu fazer uma mudança na política militar do Império, extinguindo-se as milícias e ordenanças e se fazendo uma imensa redução nos efetivos do período. Em substituição as antigas forças, foi criada a Guarda Nacional, um tipo de tropa miliciana, formada por pessoas com uma renda mínima – para evitar a participação de pessoas sem recursos e que tinha uma forte base no poder local e não na administração central. Essa mudança, em termos de fortificação, implicou que não havia mais forças para guarnecer as muitas obras existentes no País e não mais se podia fazer requisições forçadas de pessoas para manejá-las e as manter, a consequência lógica e inevitável disso sendo a desmobilização do sistema defensivo implantado pelos portugueses – no Rio Grande do Sul, a defesa ficou a cargo das tropas móveis e da Guarda Nacional, contudo, esse novo sistema durou pouco tempo. O processo de enfraquecimento do poder central fez com que eclodissem uma série de revoltas, a 6

mais longa e importante sendo a dos Farrapos (1835-1845), que colocou em cheque a própria existência de um império centralizado, por ser um movimento separatista e republicano. Do ponto de vista das fortificações, pode parecer que a situação da Revolução Farroupilha não era adequada para uma guerra de posições, em torno de construções defensivas fixas: a índole do gaúcho, do homem montado, bem como a organização da Guarda Nacional, que favorecia a formação de tropas entre os grandes estancieiros, que usavam seus empregados das fazendas nas unidades militares, favoreciam em tese uma guerra móvel, ainda mais por que no Rio Grande não havia grandes contingentes de infantaria. No entanto, não foi inteiramente o que aconteceu: havia alguns pontos que eram considerados como fundamentais em termos estratégicos e políticos. Porto Alegre, a capital, Rio Grande e, acessoriamente, São José do Norte do outro lado do estuário, o porto de abastecimento da Província e Pelotas, no ponto extremo navegável do Rio São Gonçalo, que liga a Lagoa dos Patos com a Mirim. Tais pontos foram mantidos fortificados durante a Revolução, sendo até usados pelos Farrapos, como durante em que estivem em controle de Porto Alegre ou quando construíram os fortes de Itapoã, para contestar o acesso a Porto Alegre à Marinha Imperial.12 Uma situação menos conhecida de construção de fortificações durante a Revolução Farroupilha foi a estratégia do Barão de Caxias no final do conflito. O Barão decidiu assumir uma postura de dividir parte de suas forças para guarnecer uma série de cidades no interior da província, o objetivo dessa decisão sendo negar aos rebeldes áreas em que pudessem repousar, se recompor das operações bélicas e complementar seus efetivos e cavalos. Era uma ideia muito boa – afinal, deu certo –, apesar de ser, a primeira vista, arriscada, pois as guarnições espalhadas pelas cidades não podiam ser muito numerosas sem que elas desfalcassem o corpo de exército em operações contra os Farrapos. Efetivos reduzidos, espalhados por uma área de mais de duzentos mil quilômetros quadrados, criariam um atrativo muito grande para um contra-ataque farrapo, pois suas forças eram bem móveis, podendo de deslocar de um ponto a outro da província, se concentrando contra uma dessas guarnições, vencendo-a por meio da superioridade numérica. Isso efetivamente aconteceu em São Gabriel, quando uma força deixada na cidade foi surpreendida por uma incursão de cavalaria Farroupilha, a cidade sendo então fortificada para se evitar uma repetição do evento. Para diminuir o risco que essas guarnições sofriam, Caxias determinou que as cidades recebessem fortificações, pois um soldado protegido por um parapeito 12

O forte foi construído em 23 de março de 1839, com sete peças de artilharia. ANUÁRIO da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1885. Porto Alegre: Gundlach & Cia., Livreiros, 1884. p. 107.

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tem sua efetividade aumentada muitas vezes com relação a um que tem que combater a peito descoberto, essa vantagem sendo ampliada significativamente se o inimigo for uma força cujos principais efetivos eram de cavalaria. Deve-se frisar que essa política é notável na história militar do Brasil, pois é o oposto do que acontecia no resto do País naquele momento, quando os fortes estavam sendo desativados. Infelizmente, pouco se sabe sobre essas fortificações – só sobreviveram plantas detalhadas referentes às trincheiras de Bagé, Jaguarão e São Gabriel, mas muitas outras obras foram feitas para auxiliar na defesa da província – no momento sabemos que além das cidades citadas, foram defendidas as cidades de Rio Pardo, Caçapava, Cachoeira, Encruzilhada do Sul, Alegrete e Uruguaiana, exemplos esses que apontam que o Estado foi o objeto do maior projeto de construção de fortificações no Império, apesar dessas serem obras temporárias. Se nos basearmos nas plantas conhecidas, essas primeiras fortificações de Uruguaiana devem ter sido bem amplas, defendendo pontos de acesso a cidade, apesar de certamente não serem obras complexas ou permanentes – tanto é que nenhuma delas sobreviveu à guerra. Depois do conflito, tendo em vista a importância estratégica de algumas posições durante as operações militares e tendo em vista possíveis conflitos com as repúblicas platinas, o exército decidiu fortificar alguns pontos, que serviriam de base de operações se uma nova guerra eclodisse. Foi o caso do forte Pedro II, em Caçapava, as trincheiras de Rio Grande, Jaguarão e, mais importante em termos do presente artigo, Uruguaiana, devendo-se notar que os trabalhos a serem feitos em Rio Grande, Caçapava e Uruguaiana, ao contrário do que tinha acontecido durante a Guerra dos Farrapos, as fortificações seriam “permanentes”, isto é, feitas de alvenaria de pedra, de forma a serem mais resistentes e durarem mais tempo. No caso de Uruguaiana, foi decidido a construção de um forte, que na documentação aparece as vezes como simplesmente “Caxias”, as vezes como “Barão de Caxias” ou, mais tarde, como “Duque de Caxias”, este último nome um anacronismo, já que o general só recebeu o título de duque muitos anos depois do fim da Revolução Farroupilha. A construção não era de grande porte: não há plantas dela, mas ela aparece em imagens referentes ao cerco de Uruguaiana, como as pinturas de Cândido Lopez (ver figura 1) ou a planta de Grivot (ver figura 2). Por essas, podemos ver que não protegia a cidade e que, se fosse concluído, deveria ser um quadrado abaluartado, com cerca de 600 palmos de frente (130 metros), feito de alvenaria de pedra13. Segundo as informações disponíveis, a construção nunca foi terminada como uma obra fechada, seus parapeitos nunca tendo sido levantados e somente a frente 13

GRIVOT, F.A. Planta topográfica da Vila de Uruguaiana com as posições do exército aliado no dia 18 de setembro de 1865. Buenos Aires: Vigier et Goiran, 1865. O forte também é ilustrado em: LOPEZ, Candido. Acampamento Argentino em frente a Uruguaiana. Óleo sobre tela, Museu Histórico Nacional da Argentina.

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para o rio foi concluída. No entanto, podia ser considerado como operacional, pois em fortes era comum o uso de parapeitos de materiais menos duráveis, como gabiões – cestos feitos de ramos entrelaçados e cheios de terra – ou até sacos de areia. De qualquer forma, com base na documentação podemos ter certeza que o forte foi considerado como estando ativo, pois foi armado com dois canhões de 6 libras, que seriam capturados pelos paraguaios em 1865.14 O forte, situado ao sul da cidade e na margem do rio Uruguai, no início da atual Rua Monte Caseros, aparentemente destinava-se também a controlar a navegação fluvial, pois protegeria a cidade de uma embarcação que tentasse subir o rio, vinda da Argentina ou do Uruguai – colocamos como hipótese que a fortificação serviria também como base de operações para uma guerra contra a Argentina ou Uruguai, se isso fosse necessário – era esse o motivo de outra construção iniciada dentro do ambicioso plano de defesa de Caxias, o forte Pedro II, de Caçapava. Talvez essas múltiplas funções tenham justificado a longevidade do forte Barão de Caxias, pois ele aparece na documentação oficial do exército como sendo um comando independente até o ano de 190715 – deve ter sido oficialmente desativado em 1908, como aconteceu com uma grande quantidade de obras fortificadas naquele ano. Neste momento deve-se notar que a obra não tinha uma real função defensiva há décadas, mas ainda assim foi o último forte a ser desmobilizado no Rio Grande do Sul.

Figura 1 - acampamento argentino em frente a Uruguaiana 22 de setembro de 1865. Pintura de Candido Lopez. A imagem mostra o trecho ao sul das fortificações de Uruguaiana, com o forte Barão de Caxias em primeiro plano, a esquerda.

Sejam quais tenham sido as intenções do Barão de Caxias ao iniciar o seu plano de defesa, o corte de despesas que se seguiu à pacificação do Rio Grande implicou que praticamente todas as posições defensivas construídas durante o conflito fossem abandonadas ou mesmo destruídas – nas trincheiras de Porto Alegre 14

CANABARRO, David. Ofício do comando da 1ª Divisão Ligeira, quartel-general a uma légua de Uruguaiana, 3 de outubro de 1865. IN: Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1980. Vol.V Porto Alegre: s.ed., 1983. 6. Coleção Alfredo Varela. Correspondência ativa. p. 272. 15 ALMANAQUE do Ministério da Guerra. Capital Federal: Imprensa Nacional, 1907.

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isso aconteceu mesmo antes do término das hostilidades, pessoas até saqueando as obras defensivas em 1844.16 Em 1851, o relatório do Ministro da Guerra, a respeito do forte Barão de Caxias informava que “Não estando bem demonstrada na atualidade a importância de uma fortificação na margem esquerda do Uruguai, resolveu o governo sobrestar na continuação das obras projetadas e orçadas em mais de cem contos [de réis]”.17

Figura 2 – plano de Grivot, mostrando as trincheiras paraguaias, o forte Barão de Caxias, a beira rio e as forças aliadas, organizadas para o assalto, ao sul.

Mesmo sem terem sido feitas novas obras no forte Caxias, a cidade ainda receberia novas defesas, mas agora com nova função e desenho: quando os Paraguaios invadiram o Rio Grande do Sul, seu avanço foi uma surpresa e as cidades no seu caminho foram sendo tomadas, os paraguaios “apossando-se de tudo o que encontravam e destruindo o que não podiam conduzir ou enviar em suas canoas para a coluna da margem oposta, conforme lhes fora ordenado pelo Ditador Lopez”.18 O 16

BRASIL - Ofício do Major José Joaquim de Mesquita, encarregado das obras militares ao marechal Tomás José da Silva, comandante da Guarnição e Praça. Porto Alegre, 5 de novembro de 1844. IN: Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. v. 11. Porto Alegre, 1995. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 1995. p. 31. 17 BRASIL – Relatório da repartição dos negócios da guerra apresentado à Assembleia Geral Legislativa na 3ª sessão da 8ª legislatura pelo respectivo ministro e secretário de estado, Manoel Felizardo de Sousa e Mello. Rio de Janeiro: Tipografia Americana de I. P. da Costa, 1851. p. 21. 18 SOUZA, Augusto Fausto de. A redenção de Uruguaiana. Histórico e considerações acerca do sucesso de 18 de Setembro de 1865 na Província do Rio-Grande do Sul. s.n.t. p. 3. Segundo ofícios capturados em Uruguaiana, Lopez teria ordenado o saque das cidades brasileiras e o assassinato dos prisioneiros de guerra: “Depois de ter entregue a povoação ao livre saque dos soldados por horas determinadas para cada corpo, conforme as instruções que V. Ex. foi servido dar-me, recolhi alguns gêneros que nesta data envio ao Major Duarte, com ordem de os fazer transportar na primeira ocasião para a Villa da Encarnação”, Antonio Estigarribia, S. Borja em 14 de Junho de 1865. Outro ofício, este do major Duarte ao General Robles, especifica: “O Marechal me ordena que leve todo o gado que encontre, que mate todos os prisioneiros que caírem em meu poder e

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avanço Paraguaio, contudo, foi indeciso e extremamente lento: de São Borja a Uruguaiana, uma distância de menos de 200 km, as forças de Estigarribia demorando 56 dias para chegar a esta última povoação, um avanço médio de menos de quatro quilômetros por dia. Isso permitiu que fossem tomadas algumas medidas defensivas: decidiu-se inicialmente defender Uruguaiana, parando-se ali a invasão Paraguaia e, para isso, se começou a fortificar a povoação como um todo, com trincheiras. A decisão de fortificar criou um sentimento de segurança nos moradores, que acreditaram que os militares os iriam proteger, o que foi reforçado pelo Exército não ter retirado da cidade os suprimentos de seu depósito. A proposta, contudo, não foi encaminhada com o vigor necessário e quando o general Canabarro mandou inspecionar as defesas, construídas pelo engenheiro Manoel da Cunha Galvão, a avaliação do capitão Fernandes Sampaio, da Comissão de Melhoramentos do Material do Exército não foi positiva, conforme o Coronel Mena Barreto explicita: A vila da Uruguaiana estava pessimamente fortificada, como provo pelo parecer que V. Ex. tem em seu poder assinado por mim e pelo capitão Sampaio na ocasião em que V. Ex. nos mandou examinar aqueles trabalhos. A guarnição que havia na Uruguaiana naquele tempo era de 200 homens, mais ou menos, porém, sem a mais pequena aparência de soldados, inclusive o seu próprio comandante; munição havia bastante e bocas de fogo lembro-me de ter visto duas, que me consta terem sido aproveitadas pelos 19 paraguaios, logo que tomaram conta daquela infeliz povoação.

As opiniões sobre o que fazer divergiam – tanto é que a questão foi aberto um inquérito para se averiguar se a entrega de Uruguaiana teria sido justificável ou não: o general Chico Pedro, inimigo político de Canabarro, por exemplo, defendia, com base em sólidos argumentos, que seria possível defender a cidade com sucesso, chamando a entrega de Uruguaiana aos inimigos de uma “verdadeira calamidade nacional”.20 Do ponto de vista do presente artigo não vamos tecer maiores considerações se a decisão foi a certa ou não, deixamos esse assunto para outros pesquisadores. O que nos propomos a fazer é apenas comentar sobre as fortificações brasileiras da cidade e, infelizmente, os dados que temos são muito poucos para se fazer uma avaliação correta de sua eficiência. Segundo Canabarro, “O entrincheiramento [de Uruguaiana], visto a aspereza do terreno pedregoso, pouco tempo, pessoal, não podia ser uma trincheira propriamente dita”.21 Podemos adiantar que, pela avaliação do

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que persiga os gringos amigos de Mitre. V. S. deve fazer a mesma coisa por lá”. 3 de Junho de 1865. IN: SOUZA, op. cit. p. 57. BRASIL - Ofício do Coronel João Manoel Mena Barreto ao tenente-general João Frederico Caldwell. Acampamento em frente à Uruguaiana, 6 de Setembro de 1865. IN: SOUZA, op. cit. p. 100. ABREU, Francisco Pedro Buarque de, Barão de Jacuí, ofício ao tenente general João Frederico Caldwell, ajudante general do Exército. Campo volante da 2ª Divisão ligeira junta da Villa de Uruguaiana, 16 de Setembro de 1865. IN: SOUZA, op. cit. p. 104. CANABARRO, David, Brigadeiro. Ofício ao General João Frederico Caldwell, ajudante-general Brigadeiro, Quartel general a uma légua da Uruguaiana, 3 de Outubro de 1865. IN: SOUZA, op. cit. p. 116.

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capitão Sampaio, o grande perímetro escolhido para a defesa da povoação necessitaria de uma força de quatro mil infantes, tropa que não estava disponível naquele momento, havendo apenas a metade22 – e esses eram a força de manobra do exército disponível naquele momento, que poderia se comprometer estrategicamente em uma resistência em posição fixa, perdendo a possibilidade de reagir às iniciativas paraguaias. Ressalvamos que não temos motivos para duvidar da competência do capitão Sampaio, escolhido pela prestigiosa Comissão de Melhoramentos para ir ao Rio Grande do Sul como instrutor das novas armas que estavam sendo adotas pelo exército, os canhões La Hitte e fuzis Minié. De qualquer forma, a decisão foi pelo abandono da cidade às vésperas da entrada dos paraguaios, recolhendo-se apenas o material bélico mais importante dos depósitos: os moradores não tiveram tempo de remover suas posses e os dois canhões do forte Barão de Caxias, então inoperantes por estarem sem suas carretas, foram deixados para trás, sendo capturados por Estigarriba, todo esse material sendo usado para a defesa da cidade. A documentação aponta que as fortificações improvisadas foram arrasadas, mas não cremos que isso tenha sido feito, pois não havia tempo para tanto. O lento avanço dos paraguaios permitiu que as forças aliadas, que estavam se concentrando na Argentina, Uruguai e no Rio Grande do Sul conseguissem chegar à região de operações, o que foi auxiliado pela decisão de Estigarribia de ficar na cidade e a defender. Estabeleceu-se, então, um cerco, inicialmente a distância, com forças de bloqueio impedindo a manobra paraguaia para fora de suas trincherias, as forças depois se aproximando da povoação. Tudo isso deu tempo para que as tropas paraguaias ampliassem e melhorassem as obras existentes, abandonadas pelo Exército Imperial. Sobre essas defesas há bem mais informações, seja em termos de descrições, seja de plantas, como a já citada de Grivot, o croqui feito pelos tenentes L.V. Ferreira e Augusto Fausto de Souza e até as pinturas do argentino Cândido Lopez. Contudo, esses dados as vezes são contraditórios, de forma que tentaremos apenas fazer uma avaliação com base na planta de Grivot, que nos parece ser mais confiável e nos disponibiliza mais dados, como a topografia local.

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Id. Observamos que a avaliação de quatro mil homens parece ser um pouco excessiva, já que as normas militares do período recomendavam um defensor para cada setenta centímetros de frente defendida, o que exigiria uma força de apenas dois mil soldados para efetivamente guarnecer Uruguaiana.

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Figura 3 – Rendição de Uruguaiana, 18 de setembro de 1865, Candido Lopez. A imagem nos mostra uma série de detalhes importantes sobre as fortificações, tais como a falta de flancos em sua frente principal, como a igreja de Santana (o prédio mais alto, a esquerda, na cidade) dominava o campo de batalha e o cemitério, que não foi utilizado pelos paraguaios como fortificação avançada. Note que Lopez não ilustrou os redentes adiante da muralha, que também não aparecem na planta de Fausto de Souza.

Grivot ilustrou a posição paraguaia como sendo um circuito irregular, cobrindo quase toda a cidade: as casas que ficaram fora do perímetro, especialmente as do lado sul, foram demolidas pelos Paraguaios, para dar-lhes um campo de fogo livre e fornecerem-lhes material para revestimento das suas trincheiras, ao mesmo tempo em que retiravam uma possível cobertura para uma força atacante. Deve-se observar que essa prática, de limpar o campo de fogo, apesar de ser bem destrutiva da propriedade privada de civis, era considerada como aceitável pelas leis e costumes da guerra. A topografia de Uruguaiana não é muito acidentada, mas a cidade se encontra no em uma pequena elevação que desce para o rio, a linha de trincheiras feitas não seguindo as cristas, os pontos mais elevados, como seria de se recomendar. Isso era uma imposição da conformação urbana, pois a cidade também não seguia essa linha de cristas. Do ponto de vista de um cerco, os navios da esquadra teriam a possibilidade de atingir qualquer ponto da povoação usando as ruas, que começavam no Rio, tal como apontava o Conde d’Eu.23 O conde apontava também um problema que é bem visível nas plantas do cerco: segundo ele “rodeou o inimigo toda a cidade de uma trincheira, a qual consiste num simples fosso com parapeito de terra e parece ter sido traçado sem plano.”24 A crítica do Conde é pertinente: uma trincheira não deve permitir que o inimigo a “enfie”, ou seja, que tiros disparados contra ela pelo flanco possam atingir longos trechos, afetando muitos defensores. Para isso, se deve adotar um traçado “em 23 24

D’EU, Conde. Viagem militar ao Rio Grande do Sul (agosto a novembro de 1865). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936. p. 133. Id. p. 133. O grifo é nosso. Deve-se dizer que as imagens de Candido Lopez mostram que as trincheiras parecem ser feitas de pedra, mas isso certamente é uma ilusão, pois os paraguaios não tinham tempo ou recursos para construir obras elaboradas como essas. Ver: LOPEZ, Candido. A campanha do Paraguai de Corrientes a Curupaiti vista pelo Tenente Candido Lopez. Rio de Janeiro: Record, 1973.

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redentes”, ou seja, com linhas em ziguezague, que tem a vantagem adicional de colocar um eventual atacante sob fogo de flanco, o mais mortífero. De forma geral, foi esse o projeto adotado, conforme a opinião de um autor da época, o coronel León Palleja: “o sistema de fortificação era irregular, quase predominava nele o de redentes”, mais isso não foi feito de forma correta, pois o próprio coronel colocava que “Não havia um só baluarte ou reduto de forma regular, se havia procurado flanquear os fogos da melhor forma possível”.25 Apesar da descrição de Palleja, as imagens disponíveis mostram que as trincheiras de Uruguaiana tinham longos trechos em linha reta, deixando sem flanqueamento grande parte da defesa, inclusive no melhor ponto para um ataque, o lado sul da cidade. Deve-se apontar que aparentemente os paraguaios fizeram ali duas lunetas isoladas, fortificações em forma de “V”, com o vértice para o lado avanço do inimigo, ilustradas por Grivot. Se essas lunetas existiram, elas certamente atrapalhariam um avanço aliado, mas eram apenas uma medida parcialmente adequada, pois elas mesmo podiam ser flanqueadas pelo fogo da artilharia, especialmente pela argentina, que se postou a leste quando do ataque. Segundo o Conde d’Eu, a igreja de Santana foi fortificada, o que parece ser adequado, já que ela se encontrava no flanco do ponto chave por onde poderia ocorrer um ataque, sua altura sobre o campo de batalha e paredes de pedra constituindo uma proteção reforçada contra o fogo aliado. O mesmo se aplicaria ao muro do cemitério, fora da cidade, que poderia servir como um forte avançado,26 mas que foi abandonado por Estigarribia. O conde ainda escreve sobre uma “trincheira especial de terra e uma estacada”27 no lado norte da cidade, mas essas não aparecem nas plantas estudadas. Do ponto de vista da construção específica das trincheiras, o coronel Palleja as descreve dessa forma: Percorremos as trincheiras. Sua extensão total era de cerca de duas milhas [3.200 metros]. Toda a fortificação consistia em um fosso de um metro e meio de largura, em algumas partes de dois metros e outro tanto de profundidade. Como o terreno era todo de pedregulhos e pedras, não conseguiram dar toda a profundidade necessária. A terra estava empilhada contra 28 um revestimento de tábuas, pedras ou tijolos soltos , de dois metros ou 29 menos em algumas partes. As peças de artilharia, em número de cinco, um obuseiro de ferro e quatro peças de bronze de 4 [libras] com reparos de praça, estavam distribuídas em toda a grande extensão da linha, na qual tinham deixado várias canhoneiras para colocar as peças onde houvesse maior perigo. As plataformas eram de estilo paraguaio, novas em seu gênero, ou seja, um poço circular de setenta e cinco centímetros de profundida-

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PALLEJA, León. Diario de la campaña de las fuerza aliadas contra el Paraguay. Montevideo: Biblioteca Artigas, 1960. p. 143. A tradução é nossa. 26 D’EU, op. cit. pp. 133 e 134. 27 Id. p. 134. 28 Material obtido com a demolição das casas do interior da cidade. 29 O autor não conta os dois canhões de calibre 6 libras, capturados na cidade.

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de. Dessa forma os serventes ficavam ocultos, as peças sendo colocadas 30 nas canhoneiras para disparar.

A avaliação do coronel uruguaio sobre a eficiência dessas defesas sendo muito negativa, ele dizendo que os paraguaios não tinham reservas, todo seu pessoal estando nas trincheiras, de construção “fraca e ruim”. Segundo a opinião do autor, não seria possível defender no local, pois cada tiro de peça faria grandes danos aos defensores pelos estilhaços de pedras e tijolos atingidos pelas explosões das granadas, cada tiro tendo a capacidade de abrir uma brecha nas muralhas – certamente um exagero, considerando o pouco poder destrutivo das granadas da época, que usavam pólvora negra como explosivo. De um ponto de vista das operações militares do restante da guerra, esse desenho inadequado das defesas de Uruguaiana merece uma nota: durante a invasão do Paraguai, eles fizeram dezenas de fortificações de características semelhantes, pois as defesas fixas eram uma forma de maximizar o efeito das armas obsoletas que usavam. No entanto, erros semelhantes aos cometidos em Uruguaiana se repetiram em muitas delas, ao longo de todo o conflito, certamente uma consequência dos paraguaios terem um exército criado de forma amadorística, sem que houvesse uma formação técnica avançada de seus oficiais, ao contrário do que acontecia com o Exército Imperial, que tinha uma prestigiosa academia militar desde 1811. Por outro lado, deve-se dizer que também houve erros primários na condução do cerco, como na formação feita para o ataque, que aparece na ilustração de Grivot: um ataque contra posições defensivas preparadas – mesmo que de forma inadequada – é sempre muito custoso em vidas, como os assaltos a Curupaiti e Estabelecimento viriam a provar durante a invasão do Paraguai. Opções menos danosas para os atacantes teriam sido um bombardeio da cidade ou um cerco em regra. Um bombardeio era politicamente inaceitável, considerando a perda de vidas de civis brasileiros que isso acarretaria, enquanto um cerco em regra, que envolve a abertura de trincheiras de ataque se aproximando da posição a ser atacada, leva certo tempo, o que também era politicamente indesejável, em face da presença de um invasor estrangeiro em território nacional. O bombardeio das trincheiras paraguaias, visando abrir uma brecha nas mesmas, seria o mais viável, especialmente considerando a vantagem em bocas de fogo dos aliados com relação às forças sitiadas, tanto em número como em qualidade, já que o Brasil tinha canhões raiados, que disparavam granadas explosivas de longo alcance, ao contrário das bocas de fogo paraguaias, que só podiam usar projéteis sólidos.

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PALLEJA, op. cit. pp. 142-143. A tradução é nossa.

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Figura 4 – Projeção das informações colhidas na obra de Grivot em uma planta moderna de Uruguaiana, mostrando em vermelho as fortificações existentes e, em azul, o dispositivo de ataque dos aliados.

A força aliada chegou a se posicionar para fazer esse bombardeio inicial, construindo espaldas (parapeitos) para proteger suas bocas de fogo. Só que essas posições foram feitas muito próximos das posições paraguaias, segundo a planta de Grivot a apenas a cerca de 200 metros dos redentes externos paraguaios, dentro do alcance de seus fuzis de alma lisa e de carregar pela boca.31 Um risco desnecessário e, pode-se dizer, estúpido – o engenheiro André Rebouças, que estava presente ao cerco, escreveu “São incríveis as loucuras que se fizeram” quando falou sobre as operações.32 Talvez se possa justificar tal posicionamento pelo desconhecimento do efeito e funcionamento das bocas de fogo raiadas ou pela presença de canhões mais antigos nos exércitos Argentino e Uruguaio, mas ainda assim, não era uma prática aconselhável, mesmo na época da artilharia lisa. Esse último ponto é importante – um assalto, mesmo contra trincheiras improvisadas e construídas de forma amadorística, teria causado muitas perdas entre os atacantes, de forma que os exércitos aliados foram felizes com a rendição das tropas de Estigarriba, causada pela queda de moral dos defensores e pela fome. As fortificações paraguaias foram desmontadas, desaparecendo na história, mas a importância militar de Uruguaiana continuou: durante a guerra do Paraguai ali ficava o centro de mobilização das forças do Rio Grande do Sul que seguiriam para

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O alcance efetivo da arma era de perto de 75 metros, mas em tiros de voleio, feitos por massas de homens, a convenção era que o alcance máximo seria de cem braças, ou seja, 220 metros. 32 REBOUÇAS, André. Diário e notas autobiográficas. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1938. p. 98.

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o teatro de operações, como o 2º e 3º corpos de exército e mesmo depois da guerra a povoação não foi abandonada militarmente. Ainda em termos de historiografia, uma situação pouco divulgada é a relativa às ameaças de guerra que houve com a Argentina em diversas ocasiões, isso talvez por elas não terem ocorrido. Só que isso não implica que não tenham sido feitas preparações sérias para esses possíveis conflitos. Não foi o primeiro, mas um dos mais sérios eventos dessa natureza ocorreu entre 1872 e 1876, quando o Império renegou o tratado da Tríplice Aliança, que previa a entrega para a Argentina de uma grande área no Chaco, que era disputada por aquele país, pela Bolívia e pelo Paraguai. A posição argentina tinha tanta validade quanto a dos outros países, mas não interessava ao Império enfraquecer ainda mais o combalido Paraguai de após guerra, ao mesmo tempo em que abriria uma nova área de contato com os platinos, na fronteira do Mato Grosso. As tensões entre a Argentina e o Brasil chegaram a um nível muito alto, a ponto de o governo Brasileiro ter se mobilizado para o início das hostilidades – foram comprados emergencialmente 9.000 fuzis de retrocarga Chassepot, armas capturadas pelos alemães na Guerra Franco Prussiana de 1870, mas recondicionadas e que podiam ser entregues de forma rápida. Além disso, foram adquiridas mais três mil carabinas Spencer, de repetição,33 metralhadoras Gatling, 60 canhões Krupp, de aço e retrocarga, e a Marinha comprou dois poderosos monitores, o Javari e o Solimões, armados com canhões de 10” (254 mm), especialmente projetados para operar em águas fluviais. Além dessas medidas de caráter geral, de preparação das forças armadas, não se descuidou da defesa do Rio Grande na sua fronteira sul, pois se julgava que os argentinos podiam se aliar aos uruguaios – ou mesmo invadir aquele país – e atacar o Brasil por ai e, desta forma, se fortificou Santana do Livramento. O oeste, a região mais relevante, por ter contato direto com a Argentina, foi feitas mais obras, como redutos em Pai Passo, no Quaraí e Santana Velha, no rio Uruguai, para controlar esses pontos de passagem.34 Ao mesmo tempo se autorizou a construção de uma via férrea, de Porto Alegre para Uruguaiana, mas esta só ficaria pronta décadas mais tarde, medidas emergenciais tendo sido tomadas para melhorar as comunicações, como a construção de estradas estratégicas na região de fronteira, ligando o centro de operações militares, Alegrete, com os pontos possivelmente ameaçados. Uma linha telegráfica também foi inaugurada, ligando Porto Alegre com Uruguaiana. 33

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LIMA, Mariano Carlos de Sousa Lima, Ofício ao diretor do Arsenal de Guerra da Corte, Major Aires Antônio de Moraes Âncora, 4 de novembro de 1872, remetendo diversos contratos para o fornecimento de armamento, munições de guerra e outros artigos. Mss. Arquivo Nacional. MATTOS, Ernesto Augusto da. Ofício reservado do chefe da Comissão de Engenharia Militar no Rio Grande do Sul ao Ministro João José de Oliveira Junqueira. Uruguaiana, 24 de fevereiro de 1875. Mss. Biblioteca Nacional.

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Uruguaiana foi reforçada, com o deslocamento do 6º Batalhão de Infantaria para lá: anteriormente havia apenas um destacamento na cidade. Mais importante, se construíram em 1874 fortificações para proteger a cidade. Apesar de terem sido feito doze fortificações, não eram obras extensas como as de 1865, apensas lunetas isoladas, trincheiras e baluartes destacados, feitos de terra, as fortificações sendo compostas de duas linhas, uma mais avançada do que a outra,35 de forma a se cobrirem os intervalos, cada luneta tendo um fosso e plataformas para três canhões, atirando a barbeta.36 As posições podiam se apoiar mutuamente com o fogo de artilharia e para isso foram enviados dez canhões para Uruguaiana, oito obsoletos canhões-obuses João Paulo, modelo de 1852 de 114 mm, adequados para a defesa aproximada e dois canhões La Hitte de 4 (84 mm), de montanha, mais modernos, mas também sem um longo alcance37 – de qualquer forma, o perímetro protegido, a 1.500 metros dos limites da cidade, era muito maior do que as fortificações construídas anteriormente e resguardariam a população civil de um bombardeio.

Figura 5 – em vermelho, sobreposição das fortificações construídas em Uruguaiana com base na 38 planta de Quadros, em um mapa atual. Em azul, a igreja de Santana e o antigo cemitério.

Tudo isso visava a impedir uma incursão de cavalaria argentina que pudesse ameaçar os suprimentos depositados na cidade e a força naval do Alto Uruguai, que então ficava estacionada na cidade.39 Para essa última função, a velha posição “Ba35

QUADROS, Francisco Raimundo Everton. Planta dos arredores de Uruguaiana e plano defensivo. 1875.Mss. Arquivo Histórico do Exército. 36 VIANNA, José Feliciano Lobo. Guia Militar para o ano de 1898 (abrangendo os anos de 1893, 1894, 1895, 1896 e 1897). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1897. p. 391. 37 MATTOS, Ernesto Augusto da. Ofício reservado do chefe da Comissão de Engenharia Militar no Rio Grande do Sul ao Ministro João José de Oliveira Junqueira. Uruguaiana, 19 de março de 1875. Mss. Biblioteca Nacional. 38 QUADROS, op. cit. 39 MATTOS (24 de fevereiro de 1875), op. cit.

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rão de Caxias”, da época farroupilha, assumiria uma importância maior, de forma que se decidiu concluir a obra, não mais como forte fechado, mas apenas como uma frente abaluartada, com parapeitos de terra revestidos de tijolos.40 Para se guardar os materiais da fortificação, foram construídos nele três paióis e instaladas posições para quatro canhões, mas não foi destacada uma guarnição para operá-los41 – era apenas um preparativo, para uma guerra que não houve. De qualquer forma, havia sérias dúvidas sobre a validade de defesas fixas em uma guerra, como colocado pelo Duque de Caxias em 1877, quando era ministro da Guerra: Si é quase impossível levantar fortificações em todos os pontos do nosso litoral e na extensa linha de nossas fronteiras, onde muito conviria estabelecer de um modo permanente este meio de defesa, ainda menos possível seria conservá-las convenientemente armadas e guarnecidas, porque os re42 cursos do Estado não comportariam tão avultada despesa.

O ministro decidiu então mudar a forma de ação da Comissão de Engenharia que atuava no Rio Grande do Sul desde 1874, de uma proposta de construção de defesas para outra, voltada para edificação de quartéis. Dessa forma, em 1879 quando houve um novo medo de guerra com a Argentina e, nesse momento, com a flotilha do Uruguai já estava estabelecida em Itaqui e sem uma presença constante nas fortificações, decidiu-se desarmar o forte Barão de Caxias43 e, podemos supor, que as outras fortificações da cidade foram igualmente abandonadas: em 1886 o ministro da Guerra, João de Oliveira Junqueira, escrevia que a câmara municipal de Uruguaiana tinha obtido licença para a demolição de algumas das obras feitas em 1875, o que foi rapidamente feito, se entulhando outras. O ministro considerava apropriada a construção de um campo fortificado em na cidade para proteger a região de um golpe de mão (incursão) argentina, mas que as fortificações feitas em 1875 não tinham condições de cumprir essa função, ele não vendo incoveniente no arrasamento das obras. Este foi o fim de uma história de trinta anos de fortificações na cidade44 e a partir daí, a questão da guerra no Rio Grande voltou-se para as operações móveis, seguindo o padrão de comportamento do clássico modelo do gaucho montando a cavalo pelos pampas, mas a história das fortificações de Uruguaia mostram como os estereótipos podem ser enganosos.

Bibliografia: ABREU, Francisco Pedro Buarque de, Barão de Jacuí, ofício ao tenente general Jo40

MATTOS, Ernesto Augusto da. Ofício reservado do chefe da Comissão de Engenharia Militar no Rio Grande do Sul ao Ministro João José de Oliveira Junqueira. Uruguaiana, 24 de junho de 1875. Mss. Biblioteca Nacional. 41 BRASIL – Relatório do ano de 1885 do Ministro da Guerra João José de Oliveira Junqueira apresentado à Assembléia Geral Legislativa na 1ª Sessão da 20ª Legislatura. S.n.t. p. 21 42 OURIQUE, Jacques. Defesa Estratégica da Província do Rio Grande do Sul. Revista do Exército o Brasileiro. Rio de Janeiro, Tipografia da Tribuna Militar, 1882. 1 Ano. p. 9. 43 id. p. 9. 44 BRASIL – Relatório (1885), op. cit. p. 21

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ão Frederico Caldwell, ajudante general do Exército. Campo volante da 2ª Divisão ligeira junta da Villa de Uruguaiana, 16 de Setembro de 1865. IN: SOUZA, op. cit. ALMANAQUE do Ministério da Guerra. Capital Federal: Imprensa Nacional, 1907. ANUÁRIO da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1885. Porto Alegre: Gundlach & Cia., Livreiros, 1884. BRASIL - Ofício do Coronel João Manoel Mena Barreto ao tenente-general João Frederico Caldwell. Acampamento em frente à Uruguaiana, 6 de Setembro de 1865. IN: SOUZA, op. cit. BRASIL - Ofício do Major José Joaquim de Mesquita, encarregado das obras militares ao marechal Tomás José da Silva, comandante da Guarnição e Praça. Porto Alegre, 5 de novembro de 1844. IN: Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. v. 11. Porto Alegre, 1995. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 1995. BRASIL – Relatório da repartição dos negócios da guerra apresentado à Assembleia Geral Legislativa na 3ª sessão da 8ª legislatura pelo respectivo ministro e secretário de estado, Manoel Felizardo de Sousa e Mello. Rio de Janeiro: Tipografia Americana de I. P. da Costa, 1851. BRASIL – Relatório do ano de 1885 do Ministro da Guerra João José de Oliveira Junqueira apresentado à Assembléia Geral Legislativa na 1ª Sessão da 20ª Legislatura. S.n.t. CANABARRO, David, ofício ao General João Frederico Caldwell, ajudante-general Brigadeiro, Quartel general a uma légua da Uruguaiana, 3 de Outubro de 1865. IN: SOUZA, op. cit. CANABARRO, David. Ofício do comando da 1ª Divisão Ligeira, quartel-general a uma légua de Uruguaiana, 3 de outubro de 1865. IN: Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1980. Vol.V Porto Alegre: s.ed., 1983. 6. Coleção Alfredo Varela. Correspondência ativa. CASTRO, Adler Homero Fonseca de. Muralhas da memória: fortificações, patrimônio e turismo cultural. IN: Caderno virtual de Turismo. Rio de Janeiro : Coppe, 2013. (http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/index.php?journal=caderno&page=article&op=view&path[]=903&path[]=362, acesso em julho de 2015). CUNHA, Euclides da. Os Sertões: Campanha de Canudos. São Paulo, Ed. Círculo do Livro, s.d.. D’EU, conde. Viagem militar ao Rio Grande do Sul (agosto a novembro de 1865). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936. GRIVOT, F.A. Planta topográfica da Vila de Uruguaiana com as posições do exército 20

aliado no dia 18 de setembro de 1865. Buenos Aires: Vigier et Goiran, 1865. IPHAN: Processo de tombamento 392-T-48, Pasta de Obras. Arquivo Noronha Santos. LIMA, Mariano Carlos de Sousa Lima, Ofício ao diretor do Arsenal de Guerra da Corte, Major Aires Antônio de Moraes Âncora, 4 de novembro de 1872, remetendo diversos contratos para o fornecimento de armamento, munições de guerra e outros artigos. Mss. Arquivo Nacional. LOPEZ, Candido. A campanha do Paraguai de Corrientes a Curupaiti vista pelo Tenente Candido Lopez. Rio de Janeiro: Record, 1973. MATTOS, Ernesto Augusto da. Ofício reservado do chefe da Comissão de Engenharia Militar no Rio Grande do Sul ao Ministro João José de Oliveira Junqueira. Uruguaiana, 24 de fevereiro de 1875. Mss. Biblioteca Nacional. MATTOS, Ernesto Augusto da. Ofício reservado do chefe da Comissão de Engenharia Militar no Rio Grande do Sul ao Ministro João José de Oliveira Junqueira. Uruguaiana, 19 de março de 1875. Mss. Biblioteca Nacional. MATTOS, Ernesto Augusto da. Ofício reservado do chefe da Comissão de Engenharia Militar no Rio Grande do Sul ao Ministro João José de Oliveira Junqueira. Uruguaiana, 24 de junho de 1875. Mss. Biblioteca Nacional. OURIQUE, Jacques. Defesa Estratégica da Província do Rio Grande do Sul. Revista do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, Tipografia da Tribuna Militar, 1882. 1o Ano. PALLEJA, León. Diario de la campaña de las fuerza aliadas contra el Paraguay. Montevideo: Biblioteca Artigas, 1960. PLANTA do lugar denominado Santa Maria Velha onde se acha construído o reduto em frente ao passo do mesmo nome pelo 1º tenente de Artilharia Joaquim de Salles Torres Homem, 1875. Mss. Arquivo Histórico do Exército. QUADROS, Francisco Raimundo Everton. Planta dos arredores de Uruguaiana e plano defensivo. 1875.Mss. Arquivo Histórico do Exército. REBOUÇAS, André. Diário e notas autobiográficas. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1938. RIO GRANDE DO SUL. Relatório do presidente de Província de 1860. Porto Alegre: Tip. do Correio do Sul, 1860. RIPLEY, W. E. Porto do Rio Grande, planta geral das obras. Mss. Arquivo Histórico do Exército. s.d. SOUZA, Augusto Fausto de. A redenção de Uruguaiana. Histórico e considerações acerca do sucesso de 18 de Setembro de 1865 na Província do Rio-Grande do 21

Sul. s.n.t. VIANNA, José Feliciano Lobo. Guia Militar para o ano de 1898 (abrangendo os anos de 1893, 1894, 1895, 1896 e 1897). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1897.

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Curriculum vitae Adler Homero Fonseca de Castro Licenciado e mestre em história, pesquisador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), professor do mestrado profissional em Patrimônio Cultural do IPHAN, membro do Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército (CEPHiMEx), do Instituto de Geografia e História Miltiar do Brasil e pesquisador da Fundação Cultural Exército Brasileiro (FUNCEB).Trabalha a 35 anos em pesquisas relacionadas à história militar e patrimônio cultural, tendo feito setenta apresentações em congressos e seminários, publicado oitenta artigos e cinco livros, entre os quais Armas, Ferramentas da Paz e da Guerra (Bibliex, 1991) e dois volumes de Muralhas de pedra, canhões de bronze, homens de ferro (2009 e 2013), um levantamento dos fortes do Brasil, atualmente com o terceiro volume no prelo.

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