As Galerias dos Prelados Carmelitas Descalços e o seu Pintor

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As Galerias dos Prelados Carmelitas Descalços e o seu Pintor1

Foram sempre os bispos portugueses, um dos grandes esteios da vida social portuguesa. Isto, em todos os tempos, no passado sobretudo. Nunca se fez, nem se fará talvez jamais, o balanço dos serviços por eles prestados à grei quando no desempenho do seu múnus serviam a Deus e honravam a Pátria. Xavier Coutinho – “Apontamentos Iconográficos de Alguns Bispos Portugueses”, in Revista Museu, Vol. III, N.º 7. Porto: Círculo Dr. José de Figueiredo, 1944, p. 115. O movimento reformador da Ordem do Carmo, iniciado por St.ª Teresa de Jesus e S. João da Cruz no ano de 1562, em Espanha, no qual tem origem a Ordem dos Carmelitas Descalços, vem a culminar com a separação definitiva dos Calçados em 1580, com o Breve Pia consideratione de Gregório XIII, datado de 22 de Junho. A nova Ordem Descalça virá rapidamente a estabelecer-se em Portugal. Assim, no ano de 1581, após as determinações do 1.º Capítulo, celebrado a 3 de Março em Alcalá de Henares, frei Ambrósio Mariano, juntamente com outros religiosos, entraram no Reino de Portugal, onde o apoio régio de Filipe II de Espanha e I de Portugal permitiu edificar, em Lisboa, o primeiro Convento da descalçez Carmelitana. Imediatamente iniciou-se a fundação de conventos e a Ordem começou a receber noviços, contabilizando, nos primeiros 19 anos (1581-1600), cerca de 80 profissões religiosas2. As construções conventuais avançaram de forma espantosa no séc. XVI: Lisboa (1581), Cascais (1594), Évora (1594) e Alter do Chão (1595), esta última sem sucesso. No séc. XVII, doze: Figueiró dos Vinhos (1600), Coimbra (1603), Aveiro (1613), Porto (1617), Viana do Castelo (1618), Buçaco (1628), Santarém (1646), Olhalvo (1648), Braga (1653), Setúbal (1660), Corpus Christi (1661) e Carnide (1681), sendo as duas últimas em Lisboa. E no séc. XVIII, três: Tavira (1737), Vila do Conde (1755) e Faro (1766)3. O acolhimento privilegiado que os Marianos4 receberam em terras portuguesas permitiu um crescimento e notoriedade que serão manifestamente relevantes por

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O tema desta comunicação faz parte de um trabalho de investigação que estamos a desenvolver sobre o Retrato Eclesiástico. Os elementos aqui apresentados são ainda escassos e permitem, apenas, uma apresentação parcial do assunto em questão; e visam dar a conhecer a história e actual localização de um conjunto de retratos que, até 1834, formavam a Galeria dos Prelados Carmelitas Descalços; bem como o nome de um pintor, por ora desconhecido, que em finais do século XVIII se evidenciou como pintor retratista. 2 P. Fr. José Carlos VECHINA, Catálogo dos Religiosos Carmelitas Descalços de Portugal, 1582-2003 (documento em suporte digital que aguarda publicação). Aproveitamos para agradecer ao Rev. Fr. José Carlos Vechina as informações que, generosamente, tem partilhado connosco. E destacamos a importante tarefa que tem levado a cabo, quer na localização de diversos documentos referentes à Ordem, quer na sua transcrição e disponibilização. 3 Houve outros intentos fundacionais noutras localidades: Montemor-o-Velho (1604), que não tendo a propagação desejada foi encerrada no séc. XVIII, Tomar (1616), Beja (1617), Lamego (1617) e S. Pedro do Sul (1743), mas não passaram disso mesmo. 4 Nome por que ficaram apelidados entre nós os Carmelitas Descalços, em homenagem a Fr. Ambrósio Mariano.

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ocasião da Restauração da Independência de Portugal e anos seguintes. A instalação em Portugal e a criação da Província portuguesa de S. Filipe em 1612 vão permitir a abertura da Ordem às missões – desejo fortemente inculcado por St.ª Teresa. Embora as adversidades sentidas no princípio do ímpeto missionário os pudesse fazer desistir do sonho da sua reformadora5, as missões da Província de S. Filipe foram, de certa forma, as primeiras em toda a descalçez da Península Ibérica. Assim, os missionários Carmelitas Descalços garantiram a sua presença no Congo, Angola, Brasil, Índia e Moçambique, onde edificaram conventos6. De facto, o Padroado português viria a facilitar o «espírito missionário da nascente reforma»7, mas nem sempre o Estado Confessional procurou agilizar os interesses da missionação nos bispados ultramarinos. Por vezes, as dissensões entre a Coroa Portuguesa e a Santa Sé, especialmente no domínio das nomeações episcopais, provocavam longas vacâncias nas dioceses, deixando aos missionários momentos difíceis de partidarismo religioso. Contrariamente às dificuldades, a estima com que eram rodeados os religiosos e a fama do seu comportamento eram tais que concorreram para que fossem considerados idóneos para o desempenho do múnus episcopal. Assim, na esperança da resolução de problemas entre o Estado, a Igreja e os fiéis, reconhecendo a habilidade e sadios costumes dos descalços no governo das suas obrigações, são nomeados prelados de diferentes dioceses ultramarinas, entre os anos de 1656 e 1783, nove religiosos portugueses da Província de S. Filipe. A importância que a Ordem alcançara no Reino não se limitava à escolha dos bispos dela oriundos. A Província portuguesa, temendo a recusa do rei D. José I ao Pacto de Família estabelecido por Carlos III, a 26 de Agosto de 1761, da qual resultou a Guerra Fantástica (1761-1763) - o que «distanciou ainda mais os portugueses da nação vizinha»8 -, e receando o corte das comunicações com Castela, viu apoiada pelo poder régio a «separação do governo da Congregação [Descalça] de Espanha»9, conseguindo, em 1772, a autonomização definitiva, com a criação da Congregação da Beatíssima Virgem Maria do Monte Carmelo do Reino de Portugal. Continuando sempre fiel ao carisma teresiano, a nova Congregação procurou deixar registados na história os rostos dos homens ilustres que muito honraram a “Santa Religião” ao serviço da Igreja e da dilatação da Fé Católica. Mas a mudança de século trouxe com ele um ideário político em que quase tudo o que dizia respeito à vida eclesial seria seriamente questionado. Desta forma, o incremento da consciência liberal nos governos portugueses virá a culminar, em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas… A espoliação dos bens determinada no Decreto de extinção foi causa de delapidação de valores patrimoniais significativos: entre fundição de objectos preciosos de ouro ou prata para amoedamento, vendas, musealizações e redistribuições, os extravios, considerados por alguns insignificantes, foram brutais e irrecuperáveis! Foi um incalculável prejuízo para o legado cultural!

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Cf. P. Fr. Jeremias VECHINA - Reforma Teresiana em Portugal – História, p. 9 (on-line). Consultado em 8 de Maio de 2013. Disponível em: . 6 Moçambique (1642), Luanda (1659), Baía (1665) e Olinda (1686). Para os casos concretos de Goa e Cochim, cf. Idem, Ibidem, pp. 14-17. 7 Ibidem, p. 9. 8 Ibidem, p. 17. 9 Ibidem, p. 17.

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O processo de arrecadação dos objectos foi de tal forma caótico, que se perderam por incúria, destruição e roubo, preciosidades que a devoção claustral tinha guardado ao longo de séculos10.

Memórias de um passado florescente Como já atrás referimos, a Congregação dos Carmelitas Descalços procurou em finais do século XVIII perpetuar a memória dos indivíduos que no seu claustro, ou fora dele, ocuparam diversos cargos eclesiásticos. E qual a melhor forma de concretizar o propósito senão através da imagem?! As galerias de retratos e as pinacotecas (de que foram brilhantes entusiastas D. Fr. Manuel do Cenáculo e o Pe. José Mayne, ambos religiosos da Ordem Terceira de S. Francisco) estavam na moda, faziam-se sentir no espírito da época e na relação com o ensino das artes. O retrato, independentemente de ser ou não vera efígie, impõe-se pelo forte simbolismo da representação pictórica e iconográfica, no âmbito da emanação do poder ou da devoção, atestando o status do indivíduo retratado. Note-se que os retratos apresentados são assumidos, como outrora nas casas conventuais, sob a forma de Galeria de retratos. As primeiras notícias documentais sobre a Galeria dos Prelados Carmelitas Descalços aparecem nos autos de inventário da supressão das casas conventuais. Aí apercebemo-nos que a Ordem mandou pintar galerias de retratos para três Conventos: N.ª Sr.ª dos Remédios e Corpus Christi, na Capital, e N.ª Sr.ª do Carmo, no Porto. Também deu para compreender que as galerias divergiam entre si em número de retratos. Assim, nos Remédios de Lisboa existiam dezassete retratos de “religiosos e bispos da ordem”11 (é possível que alguns destes não fizessem parte do conjunto pictórico em análise, enquanto produção do mesmo autor); no Corpus Christi, “treze painéis de bispos da ordem de diversos tamanhos, pintados em pano”12; e no Porto, “nove painéis com o retrato de diferentes bispos”13. Embora os inventários dos conventos da Ordem em Évora e Coimbra não sejam pormenorizados quanto à descrição dos painéis e quadros, conseguimos saber que também essas casas possuíram a sua Galeria14. A comprovação da anterior existência de retratos nesses cenóbios baseou-se na recente localização e identificação de alguns retratos nas mesmas localidades, que pertencem, hoje, ao Museu de Évora e à

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Não cabe no âmbito deste estudo o que talvez fosse mais importante referir: o destino de centenas de religiosos forçados a abandonar os ideais de vida a que foram chamados. E muitos deles sem terra, sem lar aonde regressar! 11 ANTT – AHMF, Convento de N.ª Sr.ª dos Remédios de Lisboa, cx. 2231, “Autos de Regia Portaria da Junta do exame do estado…”, n.º 109, fl. 59, “Relação dos painéis do extinto convento de N.ª Sr.ª dos Remédios”. 12 ANTT – AHMF, Convento do Corpus Christi de Lisboa, cx. 2231, apenso n.º 8, “Auto de inventário dos objectos…”, fl. 4 v.º. Em simultâneo, Luís Gonzaga PEREIRA, na sua obra Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, pp. 90 e 91, vem comprovar a existência neste convento de «alguns quadros de varões illustres, que muito honrrarão a sua religião e a patria». 13 ANTT – AHMF, Convento de N.ª Sr.ª do Carmo do Porto, cx. 2246, apenso n.º 2, fl. 47. 14 “ Treze grandes painéis de diferentes santos que estão no sitio chamado ante-coro”, ANTT – AHMF, Colégio de S. José de Coimbra, cx. 2210, fl. 12 v.º. Julgamos ter havido equívoco por parte do responsável pela elaboração do inventário. Na descrição, em vez de santos, deveria figurar a palavra bispos.

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Universidade de Coimbra (Arquivo). A procura de referências bibliográficas sobre o assunto veio corroborar o raciocínio15. Fica assim confirmada a presença de uma Galeria de Retratos dos Prelados Carmelitas Descalços em cinco conventos da Ordem – Remédios e Corpus Christi em Lisboa, Carmo no Porto, Remédios em Évora e S. José em Coimbra. Não vamos descrever os retratos das cinco galerias, pois cada conjunto segue o mesmo estilo e poucas diferenças há entre eles, pertencendo todos ao mesmo pincel. E mesmo assim, o trabalho ficaria incompleto, pois das cinco galerias só duas aparentam estar completas: as de Évora e Porto; sendo que esta última é a única que se mantém no seu local primitivo16. Das outras três, a do Corpus Christi está hoje em lugar desconhecido17, da dos Remédios de Lisboa apenas localizámos quatro retratos18, e da de Coimbra, embora tenhamos referências para treze retratos e posteriormente para cinco, só vimos um19. Vamos, então, unicamente, apresentar a Galeria do antigo Convento de N.ª Sr.ª dos Remédios de Évora e o seu percurso até ao momento. Galeria de retratos do Convento de N.ª Sr.ª dos Remédios de Évora Em 1834, correspondendo às directrizes emanadas de Lisboa e para cumprimento do decreto de Extinção das Ordens Religiosas, o Dr. José Maria Soares da Câmara Zarco, corregedor provedor das comarcas de Évora, procedeu à realização do inventário no Convento dos Remédios. As pinturas desta casa conventual foram inventariadas com tão pouca exactidão que só ligeiramente conseguimos antever a Galeria de retratos: “Catorze quadros velhos nos corredores”20. Curioso modo para descrever uma Galeria de retratos!... Prosseguindo com a façanha de arrecadação de objectos dos extintos conventos, criaram-se para o efeito, nas capitais de distrito, diversos depósitos onde as autoridades locais deveriam recolher de maneira regular «as livrarias, cartórios,

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Manuel Augusto RODRIGUES - “Relação dos Quadros Existentes no Paço das Escolas e na Capela da Universidade em 1846”, in: Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, Vol. VI, 1984, pp. 354, 361, 362, 370 e 371. Nesta relação, que existe manuscrita no Arquivo da Universidade, estão enumeradas diversas pinturas sacras, hagiográficas e retratísticas, provenientes dos antigos colégios das ordens religiosas, aquando da supressão em 1834, e onde se encontram relacionados cinco retratos da Galeria do Colégio de S. José. De facto, a Universidade de Coimbra recebeu, pelas vias legais, livrarias, quadros e outros objectos dos extintos conventos da cidade. O vice-reitor, em 1837, indica que os quadros se encontravam «collocados n’huma Galeria do Paço da Universidade […] aonde existem sem divisão, ou distinctivo algum das casas regulares a que pertencerão»; (in: Paulo BARATA - Os Livros e o Liberalismo – Da livraria conventual à biblioteca pública uma alteração de paradigma. Lisboa: Biblioteca Nacional, 2003, p. 126. Veja-se também sobre o assunto as pp. 123-127). 16 Presentemente, a antiga igreja dos Carmelitas no Porto continua afecta ao serviço do culto católico sob a responsabilidade do reitor, padre António de Almeida Garrido, a quem agradecemos o acolhimento concedido. O antigo edifício conventual está ocupado pela Guarda Nacional Republicana. 17 Ficou referido no respectivo inventário da supressão o destino da Galeria: “Declaro que os painéis dos bispos em consequência de não servirem para mais ninguém se entregarão aos Padres ditto ODelariys” (cota do documento, cf. nota n.º 12). Pelo que conseguimos apurar, o apelido “Delaris” é oriundo de Espanha ou Itália. 18 Localizados no Convento dos Cardais em Lisboa. Aproveitamos para agradecer à Irmã Ana Maria as facilidades de acesso que nos concedeu. 19 Queremos agradecer ao Professor Doutor José Pedro Paiva e ao Doutor Júlio Ramos, respectivamente director e director-adjunto do Arquivo da Universidade de Coimbra, o acesso que nos deram aos retratos guardados nas instalações do Arquivo. 20 ANTT – AHMF, Convento de N.ª Sr.ª dos Remédios de Évora, cx. 2214, fl. 16.

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pinturas, e mais perciosidades litterarias e scientificas dos conventos suprimidos»21. Porém, o enorme fracasso nas recolhas ficou a dever-se à «desarticulação entre os diferentes organismos»22. Em Évora, ficou responsável pela inventariação das pinturas do depósito o Cónego Francisco de Paula Velez Campos, que, por vezes, referiu nas suas comunicações para Lisboa as faltas e os desvios de alguns quadros23. Contudo, é num apontamento manuscrito, com o título “PINTURAS DOS CONVENTOS EXTINTOS QUE DEVEM EXISTIR”, onde Cunha Rivara declarou o seu parecer a favor da conservação das pinturas em diversos conventos e esclareceu, de modo inequívoco, a existência da Galeria do Convento dos Remédios de Évora: “Os retratos dos reverendíssimos”24. Talvez pela persistência de Cunha Rivara e por o fundo de pintura dos Remédios ser pobre, não intentaram os inventariantes a sua transferência para o Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos (DLEC). Todavia, e contrariando as permanentes objecções de Cunha Rivara acerca da transferência de quadros para o depósito de Lisboa (DLEC), em 1836, são enviadas para a capital 443 pinturas antigas de diversos conventos eborenses25. Só mais tarde as objecções de Rivara alcançaram resultados positivos. Certa, porém, foi a transferência realizada para a Biblioteca de Évora, onde, juntamente com as colecções de pintura de D. Frei Manuel do Cenáculo e os sobejos provenientes de outras casas conventuais, vieram enriquecer as salas de Pintura da Biblioteca, dando origem à Colecção da Biblioteca Pública de Évora. Ao que tudo indica, a galeria esteve vários anos na Casa Forte. O escritor António Francisco Barata, ao inventariar em 1890 as pinturas da Biblioteca, relacionou, também, os retratos da Galeria dos Prelados Carmelitas Descalços26. Em 1915, após a criação oficial do Museu Regional de Évora, a colecção foi transferida da Biblioteca para o recém-criado museu, e aí se encontra desde então. A Galeria é composta por doze retratos de meio-corpo pintados a óleo sobre tela e todos eles, sensivelmente, com a mesma dimensão (112 x 92cm). Apresentam, do ponto de vista iconográfico e cénico, diversas insígnias episcopais, objectos de uso quotidiano e decorativo, que nos remetem de imediato para uma tipologia, ainda que simplificada, do retrato de aparato. Decorativamente, destacam-se os elementos arquitectónicos, as estantes com livros e os reposteiros. Do uso quotidiano, as mesas

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Paulo BARATA - Os Livros e o Liberalismo – Da livraria conventual à biblioteca pública uma alteração de paradigma. Lisboa: Biblioteca Nacional, 2003, p 32. 22 Idem, Ibidem, p. 99. 23 Cf. Ibidem, pp. 116, 148, 153 e 159. 24 Publicado por Luís SILVEIRA em Paineis de Évora, Instituto para a Alta Cultura, Lisboa: 1946, pp. 28-31; e por Túlio ESPANCA em “As Antigas Colecções de Pintura da Livraria de D. Frei Manuel do Cenáculo e dos Extintos Conventos de Évora”, in: Cadernos de História e Arte Eborense, Vol. 7. Évora: Edições Nazareth, 1949, pp. 32-36. Ao tentarmos confrontar o original manuscrito com as duas publicações do mesmo, não nos foi possível encontrar, nos documentos de Cunha Rivara (Armário III-IV, nº 34, peça 4), guardados na Biblioteca de Évora, o documento em questão. Constatámos, deste modo, que este manuscrito e uma outra relação de pinturas dos conventos femininos da cidade de Évora, datada de 1845 (também referenciada e publicada pelos autores já citados), estão actualmente em falta, ou desapareceram! 25 Túlio ESPANCA, Op. cit., pp. 8 e 9. 26 No documento manuscrito que hoje pertence ao Museu de Évora e ficou conhecido por Inventário Barata, surgem relacionados os retratos com os seguintes nºs de ordem: 43, 355, 357, 358, 361, 362, 363, 364, 367, 368, 376 e 389, in Inventário dos quadros e outros objectos – 1890.

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revestidas com panejamentos, cadeiras, livros e tinteiros. Iconograficamente, os prelados apresentam-se revestidos com o hábito prelatício da Ordem27, cruz peitoral, anel e solidéu; outras insígnias comuns são a mitra e o barrete eclesiástico (vulgo tricórnio). Destaca-se, na figuração dos arcebispos, a cruz e o pálio arquiepiscopal, e entre estes somente um ostenta o báculo pastoral. Salienta-se, também, a representação heráldica das armas de fé em três retratos. Na parte inferior das pinturas exibem-se legendas em que estão inscritos os dados biográficos identificativos de cada uma das personagens retratadas. Vamos então revelar a Galeria:

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Os hábitos prelatícios dos regulares seguiam um código de cores análogo aos hábitos das respectivas ordens. Somente mudava o modelo das vestes, que se aproximava mais das vestes prelatícias dos seculares. Recordamos, a propósito, a relutância sentida por alguns prelados regulares no uso do roquete, considerado inadequado e demasiado ostensivo, para os bispos provindos de ordens mendicantes; o que vamos aqui testemunhar, pois nenhum prelado carmelita foi retratado com roquete, com excepção de ambos os retratos de D. Fr. Manuel de St.ª Catarina, existentes no Porto e em Coimbra.

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Fig. 1 – Museu de Évora, ME 1311, foto: MatrizNet 

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“O EX.mo e R.mo S. D. Fr. Sebastião da Con.çam Carm.ta Des.ço Lente de Filozofia, e de Theologia, Reytor no Coll.o de Coimbra,/Prior no Conv.to dos Remedios, Definidor Geral 2ª vezes, e tres Provincial desta Provincia, B.º de Meliapor/nomeado por EL Rey D.João o 4º em 1656. Faleceu a 3 de Abril de 1663.” 28

A nomeação não chegou a ser confirmada pela Santa Sé.

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Fig. 2 – Museu de Évora, ME 1284, foto: MatrizNet 

“O Exº e Rº S. D. Fr. Antonio do Espº S.to Carmelita Des.ço Lente de Theologia, Prior no Coll.º de Vianna e no Conv.to dos Reme-/dios Definidor Geral, e havendo dado á Luz varias obras de Moral, foi eleito Bº de Angola em 1672, Sagrado em/Lxª em 1673. Jaz na Capella Mor do Conv.to de Angola.”

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Fig. 3 – Museu de Évora, ME 1320, foto: MatrizNet 

“O Ex.mo e R.mo D. Fr. Luis de S.ta Thereza Carmelita Descalço Lente de Theo/lógia, Bº de Pernambuco em 1738. Faleceu a 17 de Novembro de 1757 jaz na Ca/pella Mor do Conv.to de S. Joaõ da Cruz de Carnide de Lx.a” 29

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Este retrato esteve presente na exposição: Encontro de Culturas. Oito Séculos de Missionação Portuguesa, Mosteiro de S. Vicente de Fora, Lisboa, 1994, encontrando-se reproduzido no respectivo catálogo, p. 380.

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Fig. 4 – Museu de Évora, ME 1322, foto: MatrizNet 

“O Ex.mo e R.mo Senhor D. Fr. Joaõ da Cruz Carmelita Descalço, Lente de Filozofia, e Theologia,/Prior no Collegio de Braga, e S.ta Cruz do Bussaco, Bº do Rio de Janeiro em 1739 Trans/ferido p.ª o Bispado de Miranda em 1750 faleceu a 20 de Outubro de 1756.”

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Fig. 5 – Museu de Évora, ME 1303, foto: MatrizNet 

“O Ex.mo e R.mo Senhor D. Fr. Manoel de St.a Ignes, Carmelita Descalço Lente de Theologia, [Prior no] Collegio de Braga, Rey=/tor do de Coimbra donde foi Eleito B.º de Angola no anno de 1745. Transferido para Arcebispo da Bahia em/1762 aonde tambem governou o Estado alguns annos. Faleceu em Junho de 1771.”

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Fig. 6 – Museu de Évora, ME 1305, foto: MatrizNet 

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“O Ex.mo e R.mo Senhor D. Fr. Ignacio de S. Caetano Carmelita Descalço, Lente de Theologia, Prior do Collegio/de Braga, e do Convento de Carnide, Chronista da Provincia, Bº de Penafiel, Arcebispo de Thessalonica,/Inquizidor Geral do S.to Officio, e Confessor de F. Rainha N. Senhora D. Maria 1ª. Anno de 1786./ Faleceu em 22 de Novembro de 1789" 30

A indicação do óbito foi acrescentada posteriormente à execução do retrato.

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Fig. 7 – Museu de Évora, ME 1310, foto: MatrizNet 

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“O Ex.mo e R.mo S.r D. Fr. Manoel de S.ta Catharina, Carmelita Descalço, Lente de Filozofia, e Theologia/Prior no Collegio de Braga sua Patria, B.o de Cochim em 1779, e Arcebispo de Goa em=/1784 onde tomou o Pallio a 21 de Novembro do mesmo anno.” 31

Encontro de Culturas. Oito Séculos de Missionação Portuguesa, Mosteiro de S. Vicente de Fora, Lisboa, 1994, p. 224.

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Fig. 8 – Museu de Évora, ME 1288, foto: MatrizNet 

“O Ex.mo e R.mo Senhor D. Fr. Jozé do Menino Jesus Car[melita Descalço,] Pregador de El Rey, Natu/ral da Villa da Jacobina na America, B.º do Maranhão [em 1780]. Transferido p.ª o Bispado de Vizeu em/1783 aonde se acha governando. Anno de 1786.”

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Fig. 9 – Museu de Évora, ME 1323, foto: MatrizNet 

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“O Ex.mo e R.mo S.r D. Fr. Jozé da Soledade Carmelita Descalço, B.º de Cochim,/Sagrado em Goa a 21 de Novembro de 1784.” 32

Idem, p. 225.

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Fig. 10 – Museu de Évora, ME 1283, foto: MatrizNet 

“O Ex.mo e R.mo S.r D. Fr. Paulo da Ponte Carmelita Descalço, Bispo de Torcello, e Arcebispo de Corfù/Tresladado para Torcello a 13 de Setembro de 1777 conservando o Titolo de Arcebispo.”

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Fig. 11 – Museu de Évora, ME 1286, foto: MatrizNet



“O Ex.mo e R.mo Senhor D. Fr. Francisco Salezio das dores de Nossa Senhora/Carmelita Descalço, Bispo Germanecense.”

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Fig. 12 – Museu de Évora, ME 1321, foto: MatrizNet 

“O Ex.mo e R.mo S.r D. Fr. Angelino de S. Jozé Carmelita Descalço,B.º de Anthedonia, e Vigario A/postolico do Gran Mogor em 12 de Agosto de 1785. Sagrado em Lx.ª a 19 de Fevereiro de/1786.”

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Sobre os últimos três retratos é conveniente abrir um parêntesis: figuram neles três prelados carmelitas descalços estranhos à Congregação de Portugal – um italiano, um alemão e um austríaco. Colocamos a hipótese de estes terem sido membros da comunidade dos Carmelitas Descalços Alemães introduzida em Portugal no ano de 1708 pela rainha D. Maria Ana de Áustria, que lhes erigiu o Hospício de S. João Nepomuceno e St.ª Ana, em Lisboa. Estes religiosos tinham como missão a administração dos sacramentos aos cidadãos alemães residentes na cidade33. Muito provavelmente, o domicílio destes religiosos no reino de Portugal veio facilitar o envio dos mesmos para antigos territórios ultramarinos portugueses, e que estavam confiados aos cuidados pastorais da Congregação dos Carmelitas Descalços, em concreto, na Índia, onde as relações nem sempre foram fáceis; para aí foram nomeados Vigários Apostólicos: para Verapoly, D. Fr. Francisco Salezio e para o Grão Mogor, D. Fr. Angelino de S. José – deste temos notícia explícita que fora Sagrado em Lisboa a 19 de Fevereiro de 178634. Apesar de não passar de uma probabilidade, admitimos, que a representação pictórica destes confrades estrangeiros na galeria não foi alheia à encomenda da Congregação em Portugal, e a única razão que por ora se nos apresenta mais concludente foi a sua ligação a Portugal. Além destes três estrangeiros, nas galerias, figurava, igualmente, o retrato do primeiro cardeal Carmelita Descalço, João António Guadagni. No Convento de Évora, também existiu o seu retrato, mas é de outro pintor e encontra-se actualmente na reitoria da Universidade de Évora. Juntamente, existem nesse local outros quatro retratos pertencentes à Galeria em análise e que foram aí depositados pelo Museu de Évora35.

Um Pintor desconhecido Quando começamos a relacionar retratos eclesiásticos para o nosso trabalho, confrontámo-nos com uma tarefa árdua, que em muitos meios foi alvo das mais diversas incompreensões e, por vezes, nos desalentou da prossecução do mesmo. Se não fosse o apoio de amigos e técnicos comprometidos com a nossa História Cultural, teríamos abandonado o nosso intento. Não consigo evitar a crítica, sobre o comportamento de algumas pessoas que julgam viver no tempo dos feudos, fazendo com que tudo gire à sua volta, pretendendo impor a sua vontade aos trabalhos dos outros. Um anacronismo medonho! Mas o indescritível regozijo da redescoberta levou-nos a ir mais além36. 33

Agradecemos à Exma. Senhora Dr.ª Maria de Lurdes Calvão Borges as pistas que nos deu sobre este assunto. Sobre Fr. Angelino de S. José, não resistimos a transcrever um excerto de uma denúncia feita ao Tribunal do Santo Ofício de Lisboa em 1773: «…com a morte do Illmo. Vigr.º Ap.º fica esta Ilha em contigencia, e o R.º P.e Fr. Angelino de S. Iozeph, que por industria he hoje Vigr.º Geral por muy juvenil, he muy imprudente, e obstinado, e como tal não he sufficiente, e habil p.ª o tal ministerio. Cada hum deles espera ser Vigr.º Apostolico, e Bispo, se isto assim acontecer não será pequena desgraça do Povo.» ANTT – Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 16713, fl. 2v., “Denúncia contra o Frei Francisco da Paixão, Frei Clemente da Anunciação, Frei Angelino de S. José”. 35 Os retratos de: D. Fr. Luís de St.ª Teresa; D. Fr. João da Cruz; D. Fr. Manuel de St.ª Catarina; e D. Fr. José da Soledade. No Roteiro Histórico dos Jesuítas em Évora, p. 39, José Filipe MENDEIROS, divulgara a existência de «…bastantes telas com retratos de bispos carmelitas do Convento dos Remédios…» num dos corredores do Conventinho (actual reitoria da Universidade de Évora). 36 Não podemos deixar passar esta ocasião sem fazer alguns agradecimentos: à Dr.ª Virgínia Gomes, do Museu Machado de Castro (que posso dizer ter sido a pessoa que nos aconselhou a realização do nosso trabalho); à Prof. Luísa 34

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Pinturas ocultas aos nossos olhos ao longo de vários anos, sem que ninguém lhes dê valor, apartadas da história, vítimas dos depósitos e tratadas como antiqualhas, permitem-nos conhecer e perpetuar a memória dos seus autores. Foi o que aconteceu neste caso. Depois de documentadas as incertezas e visualizados os retratos, verificámos que quatro estão assinados – Stanislaus ou Estanislaus, Fecit 37.

Fig. 13 – Pormenor, Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor

Fig. 14 – Pormenor, Convento dos Cardais, Lisboa, foto: Jorge Inácio

A procura de notícias sobre este pintor fez-nos compulsar todas as obras de referência conhecidas; mas o que desejávamos obter foi inconcretizável devido à ausência do nome do autor e do seu trabalho nas recolhas efectuadas por alguns estudiosos38. Outras dúvidas surgiram então: um pintor ignorado, um pseudónimo, ou um estrangeiro?... Tudo está em aberto. As únicas referências que encontrámos, até agora, cingem-se, única e exclusivamente, à sua obra! Concretamente, retratos eclesiásticos. Deixou retratados, além dos Prelados Carmelitas Descalços, os Bispos de Angra e outros religiosos célebres. Em Angra, encarregou-se da Galeria dos Bispos Diocesanos, para onde pintou vinte e dois retratos de meio-corpo, os quais deram origem à Galeria (figs. 15 a 18); o último está assinado Stanislaus, com a referência explícita que o bispo entrou no bispado no ano de 1785 “e vive no dito anno” – o que nos permite identificar a provável data de execução (fig.19)39. Do franciscano Francisco de Santo Agostinho de Macedo, pintou um retrato de corpo inteiro, sendo que neste assinou o nome completo: Stanislaus Ludovicus Antonius, faciebat an. 1796 (fig.20)40.

Arruda; à Arqt.ª Teresa de Campos Coelho; à Dr.ª Fátima Pimenta, do Museu Soares dos Reis; ao Dr. Jorge Miranda e ao Jorge Inácio. A todos, obrigado pela partilha e incentivo que nos têm dado. 37 Dois no Porto, um no Convento dos Cardais em Lisboa e outro no Arquivo da Universidade de Coimbra. Apesar de em Évora nenhum parecer estar assinado, após a confrontação com os outros, podem, com segurança, atribuir-se ao mesmo autor. 38 Somente encontrámos referenciado por Maria Clementina de Carvalho QUARESMA, no Inventário Artístico de Portugal: Cidade do Porto, “Igreja dos Carmelitas”, o nome de Stanislaus, quando noticia a Galeria do Convento do Porto: «Retratos dos bispos portugueses que figuram no corredor de acesso à sacristia da igreja dos extintos Carmelitas, assinados dois deles Stanislaus Fecit. Somente dois estão assinados, mas tudo leva a crer que os restantes também sejam de sua autoria. Esta série de quadros tem interesse iconográfico, visto os retratados, carmelitas descalços, serem todos bispos portugueses, e quatro deles, eleitos para dioceses brasileiras, gozarem de certo prestígio.». 39 Agradecemos o precioso auxílio de Marta Bretão, do pároco da Sé de Angra, padre Hélder de Sousa Mendes e do Museu de Angra do Heroísmo na pessoa do Dr. Francisco de Lima. 40 Informação retirada de Gabriel PEREIRA – Biblioteca Nacional de Lisboa: Notícia dos Retratos em Tela. Lisboa, Tipografia do Dia, [1900], p. 7. Este retrato pertence hoje à colecção de quadros da Torre do Tombo, onde foi por nós

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Possivelmente, pintou uma Galeria dos franciscanos ilustres da Província de Santo António dos Capuchos, mas não conseguimos, para já, confirmá-lo. Quem é este Estanislau Luís António?!... Fica a dúvida sobre a história da sua vida. Contudo, as suas obras aí estão, despertando o seu estudo e a sua valorização, e, quem sabe, outras redescobertas! Proposta para uma valorização futura Pelos motivos já apresentados, entendemos que o acervo da Galeria do antigo Convento dos Remédios de Évora é importante e de valor indiscutível, quer pelo carácter histórico e único da mesma, quer pelo número de retratos que a vontade dos homens preservou – fazendo dela, actualmente, a Galeria dos Prelados Carmelitas Descalços com o maior número de retratos do pintor Estanislau Luís António41. Seja-nos permitido propor que os retratos, depois de convenientemente restaurados, possam voltar a ser conservados na antiga casa conventual, à qual pertenceram. O trabalho realizado pela Câmara Municipal de Évora, nas instalações do antigo Convento de N.ª Sr.ª dos Remédios, quer na protecção e divulgação do património cultural, quer na promoção das mais diversas actividades, tem sido notável, e possibilitará que os retratos voltem a ser apresentados sob a forma de Galeria, favorecendo um melhor entendimento sobre as memórias deste espaço ascético. Para terminar, um agradecimento especial às Senhoras Doutora Maria do Céu Grilo, do Museu de Évora, e Arquitecta Filomena Monteiro, da Câmara Municipal de Évora, sem as quais este trabalho não teria sido possível. Bem-hajam. José João Loureiro

localizado. Tivemos a oportunidade de confirmar a respectiva autoria através da visualização, in loco, da assinatura do pintor e correspondente datação no canto inferior direito da pintura. 41 Actualmente existem no Convento dos Cardais em Lisboa, os retratos de: D. Fr. António do Espírito Santo; D. Fr. João da Cruz; D. Fr. Angelino de S. José e do Cardeal D. Fr. João António Guadagni, sendo que este último está assinado (figs. 21-25). No Arquivo da Universidade de Coimbra: D. Fr. Manuel de St.ª Catarina, que está assinado (fig. 26). Na Igreja dos Carmelitas no Porto, para onde foram encomendados ao pintor sete retratos («Março de 1787 […] pª os sete retratos dos bispos …... 57$050», ANTT – Ordem dos Carmelitas Descalços, Convento de N.ª Sr.ª do Carmo do Porto, liv. 12, fls. 50 e 51), actualmente somente existem seis da sua autoria: D. Fr. Luís de St.ª Teresa; D. Fr. João da Cruz; D. Fr. Manuel de St.ª Inês; D. Fr. José da Soledade; D. Fr. José do Menino Jesus e D. Fr. Manuel de St.ª Catarina, estes dois últimos assinados (figs. 27-33); o sétimo retrato desta galeria foi por nós localizado na igreja da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, antiga Sé de Penafiel, no qual figura D. Fr. Inácio de S. Caetano, 1.º e único bispo de Penafiel (fig. 34). A desintegração deste retrato da galeria do Porto e transferência para a cidade penafidelense, é por nós entendida como uma tentativa de perpetuar a história e a memória do Bispado de Penafiel, 1770-1778 (tal como aconteceu com outras peças de uso litúrgico-pontifical em exposição na sacristia da igreja e de proveniência diversa). A transferência realizou-se após a extinção das ordens e, segundo julgamos, ainda em finais do séc. XIX. Os nossos agradecimentos à Dr.ª Rita Fernanda Pedras pelas informações que nos facultou, sobretudo as que vieram confirmar a explanação deste caso em concreto. Também, recentemente, localizámos um documento que atesta a entrega de várias pinturas por parte do DLEC à Irmandade do SS.mo Sacramento da Ressurreição, sita na Real Capela de N.ª Sr.ª da Conceição de Lisboa, e onde estão descritos nove retratos de bispos Carmelitas Descalços: D. Fr. Manuel de St.ª [Inês]; D. Fr. José do Menino Jesus; D. Fr. José da Soledade; D. Fr. Sebastião da Conceição; D. Fr. António Guadagani; D. Fr. Manuel de St.ª Catarina; D. Fr. João da Cruz; D. Fr. Inácio de S. Caetano; e D. Fr. Luís de St.ª Teresa, todos com as mesmas dimensões (tela): alt.: quatro palmos e sete polegadas e meia, larg.: quatro palmos e duas polegadas e meia (106,75 x 94,25cm). Pela descrição dos retratados e dimensões das telas, podemos atribuí-los igualmente ao autor das outras Galerias carmelitanas; porém, não conseguimos identificar a sua antiga proveniência conventual, ou localizá-los no imediato, continuando este assunto em estudo até que novos elementos se nos apresentem.

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Fig. 15 – Sacristia da Sé de Angra, foto: Marta Bretão

Fig. 16 – Sacristia da Sé de Angra, foto: Marta Bretão

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Fig. 17 – D. Rodrigo Pinheiro, 2.º Bispo de Angra Sé de Angra, foto: J. Guedes da Silva/MAH, dim:

Fig. 18 – D. Fr. António da Ressurreição, 13.º Bispo de Angra Sé de Angra, foto: J. Guedes da Silva/MAH, dim: 110x91cm

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Fig. 19 – D. Fr. José de Ave-Maria Leite Costa e Silva, 23.º Bispo de Angra Sé de Angra, foto: J. Guedes da Silva/MAH, dim:

Fig. 20 – Fr. Francisco de St.º Agostinho de Macedo Arquivo Nacional da Torre do Tombo, foto: Digitarq, dim: 215x161cm

25

Fig. 21 – D. Fr. António do Espírito Santo 42 Convento dos Cardais, Lisboa, foto do autor, dim: 112x92cm

Fig. 22 – D. Fr. João da Cruz 43 Convento dos Cardais, Lisboa, foto do autor, dim: 111x91,5cm

42 43

Encontro de Culturas. Oito Séculos de Missionação Portuguesa, Mosteiro de S. Vicente de Fora, Lisboa, 1994, p. 159. Idem, p. 380

26

Fig. 23 – D. Fr. Angelino de S. José 44 Convento dos Cardais, Lisboa, foto do autor, dim: 111x92cm

Fig. 24 – D. Fr. António Guadagni Convento dos Cardais, Lisboa, foto do autor, dim: 105x123cm

44

Ibidem, p. 309

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Fig. 25 – Convento dos Cardais, Lisboa, foto: Jorge Inácio

Fig. 26 – D. Fr. Manuel de St.ª Catarina Arquivo da Universidade de Coimbra, foto: Maria Leonor Monteiro, dim: 108x91cm

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Fig. 27 – D. Fr. Luís de St.ª Teresa Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor, dim: 112x92cm

Fig. 28 – D. Fr. João da Cruz Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor, dim: 112x92cm

29

Fig. 29 – D. Fr. Manuel de St.ª Inês Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor, dim: 112x92cm

Fig. 30 – D. Fr. José da Soledade Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor, dim: 112x92cm

30

Fig. 31 – Pormenor das armas de D. Fr. José da Soledade Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor

Fig. 32 – D. Fr. José do Menino Jesus Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor, dim: 112x92cm

31

Fig. 33 – D. Fr. Manuel de St.ª Catarina Igreja dos Carmelitas, Porto, foto do autor, dim: 112x92cm

Fig. 34 – D. Fr. Inácio de S. Caetano Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, foto: Rita Fernanda Pedras, dim: 111x91,2cm

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Abreviaturas AHMF – Arquivo Histórico do Ministério das Finanças ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo DLEC – Depósito das Livrarias dos Extintos Conventos MAH – Museu de Angra do Heroísmo Fontes e Bibliografia Fontes - Fontes manuscritas Arquivo Nacional da Torre do Tombo - AHMF, Convento de N.ª Sr.ª dos Remédios de Lisboa, cx. 2231 - AHMF, Convento do Corpus Christi de Lisboa, cx. 2231 - AHMF, Convento de N.ª Sr.ª do Carmo do Porto, cx. 2246 - AHMF, Colégio de S. José de Coimbra, cx. 2210 - AHMF, Convento de N.ª Sr.ª dos Remédios de Évora, cx. 2214 - Ordem dos Carmelitas Descalços, Convento de N.ª Sr.ª do Carmo do Porto, liv. 12, “Gasto do Convento por Extenso”, 1778-1834. - Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 16713 Museu de Évora - BARATA, António Francisco, - Inventário dos quadros e outros objectos – 1890 - Fontes iconográficas - Digitarq - Arquivo Nacional da Torre do Tombo, - MatrizNet - Museu de Évora, - J. Guedes da Silva / Museu de Angra do Heroísmo - Wood Matter - Jorge Inácio - Fontes digitais - MONTEIRO, Maria Leonor Cruz Pontes Gouveia, - Inventário dos Retratos do Arquivo da Universidade de Coimbra. (Documento word) 33

- Portugal. Academia Nacional de Belas Artes [et. al.] - Inventário Artístico de Portugal, Lisboa: ANBA; IPPAR, 2000 (CD-ROM) - VECHINA, Jeremias, - Reforma Teresiana em Portugal. Consultado em 8 de Maio de 2013, . - VECHINA, José Carlos, - Catálogo dos Religiosos Carmelitas Descalços de Portugal, 1582-2003. (Documento em suporte digital que não está acessível on-line; o acesso ao mesmo, devemo-lo à generosidade do autor). Bibliografia - Impressas - BARATA, Paulo Jorge dos Santos, - Os Livros e o Liberalismo – Da livraria conventual à biblioteca pública, Lisboa: Biblioteca Nacional, 2003 - BRUNO, Jorge A. Paulus (coord.), - Bispos – Retratos dos Bispos de Angra: 475 Anos da Diocese de Angra, Angra do Heroísmo: Museu de Angra do Heroísmo, 2009 - Conferência Episcopal Portuguesa (org.), - Encontro de Culturas. Oito Séculos de Missionação Portuguesa, Lisboa: CEP, 1994 - COUTINHO, Xavier, - “Apontamentos Iconográficos de Alguns Bispos Portugueses”, in Revista Museu, Vol. III, N.º 7, Porto: Círculo Dr. José de Figueiredo, 1994 - DINIZ, Pedro, - Das Ordens Religiosas em Portugal, Lisboa: Typographia de J. J. A. Silva, 1853 - ESPANCA, Túlio, - “As Antigas Colecções de Pintura da Livraria de D. Frei Manuel do Cenáculo e dos Extintos Conventos de Évora”, in Cadernos de História e Arte Eborense, Vol. 7, Évora: Edições Nazareth, 1949 - FRANCO, José Eduardo; MOURÃO, José Augusto; GOMES, Ana Cristina da Costa (dir.), Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, [Lisboa]: Gradiva, 2010 - Galeria das Ordens Religiosas e Militares, desde a mais remota antiguidade até nossos dias, Porto: Typographia na Rua Formosa, 1843

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- MENDEIROS, José Filipe - Roteiro Histórico dos Jesuítas em Évora, Braga: Editorial A. O., 1992 - PEREIRA, Gabriel, - Biblioteca Nacional de Lisboa: Notícia dos Retratos em Tela, Lisboa: Tipografia do Dia, [1900] - PEREIRA, Luís Gonzaga, - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927 - RODRIGUES, Manuel Augusto, - “Relação dos Quadros Existentes no Paço das Escolas e na Capela da Universidade em 1846”, in Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, Vol. VI, Coimbra: Arquivo da Universidade, 1984 - SILVEIRA, Luís, - Paineis de Évora, Lisboa: Instituto para a Alta Cultura, 1946

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