As indulgências

June 3, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: History, Leiria
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Estórias da nossa História Ricardo Charters dAzevedo

QuandoIeiuns e abstinências eram obrigatórios | Quaresma: “carême” em francês, deve 6 seu nome ao nome em latim “quadragésima” que significa o 40 o dia antes da Páscoa. Importante era também o dia de “mi-carême” , ou dia do meio. A importância era devido aos jejuns que a Igreja institúia. Eles eram na sexta-feira, dia da morte de Cristo, no sábado, dia em que ele esteve no seu túmulo, aos quais se juntou a quarta-feira de cinzas, dia em que ele foi vendido por Jtidas. Cada véspera era ainda dia dê penitência, isto é, a véspera de cada festa obrigatória, os dias das têmporas, correspondentes aos três primeiros dias do início das estações, os três dias que precedem a Ascensão, e por último pêlo Advento (quatro semanas antes do Natal) e durante a Páscoa. Assim, os nossos antepassados apertavam 0 cinto, não somente quando as colheitas eram más, mas igualmente quando éram boas, pois teriam de fazer cerca de 200 dias por ano de jejuns e de abstinências. Isto a menos que comprassem “indulgências” . Os jejuns e as abstinências eram obrigatórios (jejum é a privação de alimentos e abstinência é a privação de carne, naquele tempo coisa rara), mas a Igreja interditava ainda, nesses dias, toda a atM dade sexual. E tal não era brincadeira, pois as “aproximações” de um marido junto da sua mulher durante os dias de penitência equivaliam a condenações “a pão e água” durante 20 dias, se tal fosse confessado ao pároco. Durante a Páscoa, os 4 0 dias eram demasiado longos, pelo que se “libertaram” seis dias, que eram os cinco domingos e o dia do meio ou o da “mi-carême” . Este dia era chamado igualmente o da “velha” , e, por isso, nas aldeias e pequenas cidades, os jovens se divertiam, provocando os

Jornal de Leiria 28 de Janeiro de 2016

velhos, lembrando-lhes que poderiam finalmente ter atividades sexuais. Somente nesses dias se poderiam comer ovos, pois estes foram, durante muito tempo assimilados a “carne” e consequentemente eram interditos naquelas semanas. No dia de Cinzas, a dona de casa preparava as suas caçarolas, limpando-as das gorduras da carne para que a família passasse a comer somente legumes e peixe. Mas havia exceções: podiam-se comprar umas imagens de santos que davam indulgências de vários dias (conforme o preço) para quem rezasse determinadas orações diante da imagem. Há um equívoco coxhUm que indulgências seria o perdão dos pecados, contudo, elas só perdoam a pena temporal causada pelo pecado. Uma pessoa continua a ser obrigada a ter os seus pecados isentos por um sacerdote para receber a salvação. No sábado, o padre fazia uma volta pelas casas para as abençoar. Ele aspergia-as, bebia um pequeno copo de vinho generoso oferecido pelo dono da casa e partia para a visita seguinte. A dona da casa ia à igreja abastecer-se de água benta. No dia seguinte os sinos repicavam, pois era o grande dia. Os sinos marcavam o tempo. Os nossos antepassados sabiam a hora olhando para o sol ou escutando os sinos. Notemos que não era importante saber a hora exata pois não tinham que apanhar o comboio ou ver um determinado programa de televisão. Previa-se que tal trabalho fosse feito durante a tarde ou que demorassê 0 tempo de uma Ave Maria ou de um Pai Nosso, como se previa uma viagem para 0 domingo antes do dia de Todos-os-Santos ou para a ségunda-feira depois do Carnaval.

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