As interfaces entre o PIBID e a formação inicial: um estudo no Curso de Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro

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XVI Encontro de Iniciação à Docência Universidade de Fortaleza 17 a 20 de outubro de 2016

As interfaces entre o PIBID e a formação inicial: um estudo no Curso de Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro. Sebastião Wesley Freitas da Silva1* (ID), Roberta da Silva2 (PO) 1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Cedro, Programa de Estudante Voluntário 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Cedro [email protected] Palavras-chave: Formação Inicial; PIBID; Licenciatura em Matemática; Interfaces

Resumo Este trabalho propõe-se apresentar resultados parciais da terceira etapa de uma pesquisa do Projeto Estudante Voluntário em Iniciação Científica aprovado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, PósGraduação e Inovação do IFCE, com os alunos do curso de Licenciatura em Matemática, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID do Campus Cedro. O objetivo da pesquisa é analisar a interface do Programa com a formação inicial na perspectiva do bolsista de iniciação à docência. Para tanto, a pesquisa qualitativa, na modalidade estudo de caso, utilizou como método de coleta de dados a entrevista com 12 bolsistas, utilizando-se com critério de seleção os que possuíam maior tempo de atividade no Programa. Os achados da pesquisa elucidam que o programa de iniciação à docência, tem contribuído significativamente no processo de formação inicial e continuada, em especial na relação teoria e prática e identidade profissional.

Introdução Este artigo resulta da terceira etapa de estudo do Projeto Estudante Voluntário em Iniciação Científica aprovado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do IFCE, o qual tem por objetivo analisar a contribuição do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência - PIBID no processo de formação inicial dos licenciandos do Curso de Matemática do IFCE - Campus Cedro, por entender que o Programa surge como um importante aliado para o processo de formação inicial dos futuros professores. A primeira e segunda etapas de estudos constituíram em uma pesquisa bibliográfica e documental, respectivamente, a respeito da temática proposta, de modo que fosse possível ISSN 21755396

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identificar as interfaces entre o Programa de Iniciação a Docência e a Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro, na perspectiva dos bolsistas de iniciação à docência, concretizando assim o objetivo deste estudo. Gatti e Barreto (2011) entende que a formação de professores transcende o plano do improviso, superando a posição missionária ou de oficio, tornando-o um indivíduo consciente do seu papel como profissional, o qual, diante dos mais variados problemas complexos deverá encontrar-se preparado para confrontá-los por meio da busca de soluções, mobilizando recursos cognitivos e afetivos. Para tanto, é imperativo a combinação entre a formação acadêmica e a pedagógica, no intuito de preparar os professores para o exercício de uma atividade que não se limita, apenas, a ministrar aulas. (FELÍCIO, 2014). No tocante à formação do professor de Matemática, D’Ambrosio (1993), ao tratar do grande desafio da formação desses professores de Matemática para o século XXI, aponta para a necessidade de o docente não seguir a visão tradicional do ensino de Matemática, tratando-a como uma disciplina pronta e acabada, apresentando resultados e procedimentos infalíveis, mas sim, compreender que se trata de uma disciplina investigativa, cujo avanço é fruto do processo de investigação e resolução de problemas, fornecendo os recursos e o suporte necessário para que os alunos possam adquirir uma melhor compreensão do mundo a sua volta. O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, é um programa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, como uma reposta dada pelo Ministério da Educação – MEC aos inúmeros debates e pesquisas a respeito da formação inicial. São objetivos do Programa: Incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; contribuir para a valorização do magistério; elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem (Portaria nº 096 CAPES, 2013, p.2)

O Programa de Iniciação à Docência no IFCE – Campus Cedro possui atualmente um grupo de 35 bolsistas, dos quais, dois são bolsistas de coordenação de área, três supervisores e 30 bolsistas de iniciação à docência. O programa funciona semanalmente com encontros destinados à formação pedagógica e especifica, coordenados pelos professores coordenadores de área e com atendimento nas escolas parceiras com os alunos participantes, sob o acompanhamento dos supervisores. Nessa perspectiva, sustentando-se o pressuposto de que o PIBID está relacionado a uma série de fatores que podem ser determinantes tanto no processo de formação inicial quanto no exercício da prática profissional, o estudo buscou responder à seguinte questão problema: “Como o PIBID tem contribuído com o processo de formação inicial dos bolsistas-alunos da

Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro?”

Metodologia O estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa exploratória, desenvolvida por meio de um estudo de caso, no Curso de Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro, a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID. Os dados foram coletados a partir da realização de um grupo focal formado por 12 alunos de um total de 30 bolsistas de iniciação à docência, do curso de Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro. Inicialmente, foi apresentado ao grupo de bolsistas participantes o objetivo da pesquisa, para que em seguida, fosse possível realizar o recrutamento para o grupo focal. Tendo em vista que o grupo era composto por bolsistas veteranos e novatos, foi estabelecido como critério para participação do grupo focal, os bolsistas com maior tempo em atividade, considerando que esses possuem maior experiência no programa. Para o início da discussão, a pergunta disparadora buscou identificar as interfaces entre o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID e o Curso de Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro, no intuito de identificar os elementos do Programa que fortalecem o processo de formação inicial dos bolsistas. Foram propostas outras questões, para que atingisse os objetivos do estudo proposto. As discussões foram transcritas e analisadas no intuito de se discutir sobre as interfaces entre o Curso de Licenciatura em Matemática e o Subprojeto PIBID do IFCE - Campus Cedro, na perspectiva dos bolsistas. Os dados coletados foram organizados em categorias de análises, à luz dos objetivos propostos para o estudo, evidenciando aspectos relevantes à temática proposta.

Resultados e Discussão A partir das transcrições, foram identificadas duas categorias de análise: relação teoria e prática e identificação profissional, as quais foram discutidas a partir dos resultados obtidos nas duas etapas anteriores. 3.1 Relação teoria e prática Em estudo realizado por Silva e Silva (2016), aponta-se para a inexistência da relação entre teoria e prática na maioria dos processos de formação inicial do país, bem como, o distanciamento dos campos de formação (a universidade e a escola) e a insuficiente forma com que os estágios são realizados. Em um estudo realizado por Gatti (2014), evidencia-se que não é de hoje que são postas em questão as reflexões e discussões acerca dos cursos de formação inicial de professores, contemplando sua institucionalização e currículo. Diante disso, Fernandes e Mendonça (2013) compreendem a formação inicial como uma ação conjunta de um complexo e longo processo

entre universidade e escola pública de educação básica. Enquanto essa exerce a função de coformadora, a outra assume o papel de instituição formadora. “Esta concepção de formação contempla a articulação teoria-prática, pautada no tripé ensino-pesquisa-extensão, princípio norteador da universidade pública.” (FERNANDES E MENDONÇA, 2013, p. 227) O PIBID surge como uma política de fortalecimento da iniciação à docência, contribuindo com o processo de formação inicial de professores, conforme destacado pelos bolsistas. [...] tem a questão de está preparando a gente para encarar uma sala de aula, como bolsista 2 falou, a gente tá pondo em prática o que tá vendo aqui e isso nos permite, não sei com vocês, mas eu nunca tinha entrado numa sala de aula de antes e meu primeiro contado foi com o PIBID, isso me deixa até mais tranquila, até mesmo para o Estágio aqui no curso, foi bem mais, mais fácil encarar a sala de aula, sendo que eu já tenho essa experiência no PIBID. Apesar de ser com menos alunos, mas nada impede de ter uma liberdade maior, de colocar em prática nossas metodologias e ver se elas realmente dar certo. GRUPO FOCAL

Bento e Pereira (2012) afirmam que a formação teórica e a formação prática devem ser contempladas na formação inicial, mediante um trabalho articulado que possibilite o conhecimento da área de atuação e a formação que irão nortear as ações didáticas e as práticas pedagógicas, complementando-se teoria e prática no sentido de uma formação de qualidade. É, a partir do momento que você tá lá, você já tá vivenciando o ambiente escolar, um ambiente diferente, onde você já tá associando com o que você vê aqui na licenciatura, você já vai conjecturando, fazendo suas reflexões a partir de algo que é real para aquilo que tá escrito, aquilo que você está estudando, isso é muito interessante. Além de nós facilitar para outras coisas, é, acho que assim, a forma de a gente dialogar, a forma de se expressar, isso melhora muito. Porque você tá lá tentando aprender a dar aula. GRUPO FOCAL

Destaca-se ainda a oportunidade ofertada pelo PIBID, em poder vivenciar o que muito é discutido nas aulas do curso de graduação, como o funcionamento da escola, dispositivos e ferramentas de avaliação, resultados esperados entre outros. Acrescenta-se ainda que No Estágio você tem que tentar, meio que, metodologias que já são utilizadas né?, normalmente até mesmo a do seu professor regente né?, para ser utilizada em sala de aula. Já o PIBID não, ele traz uma proposta diferente, ela traz uma proposta de você tentar inovar, tentar pegar uma metodologia de Matemática diferenciada né?, você pegar um conteúdo que você trabalharia normalmente no Estágio , dentro de sala, com quadro e pincel ou lousa. É, você traz pro PIBID com que? Com material manipulável, com jogos, coisas diferenciadas e isso possibilita, assim, uma relação entre o PIBID e a nossa formação e com certeza o PIBID contribui muito nisso, no como você pode trabalhar novas metodologias. GRUPO FOCAL

No construto das falas, argumenta-se que o PIBID, oportuniza mais liberdade de atuação, o que pode contribuir significativamente no desenvolvimento profissional, em especial na criação de novas metodologias de ensino. Diferentemente do estágio, em que muitas das vezes o licenciando acaba preso à metodologia do professor regente em sala.

3.2 Identidade profissional Holanda e Silva (2013) acreditam que, por oportunizar a vivência da prática docente, possibilitando aos bolsistas a construção do perfil do profissional reflexivo, o PIBID apresenta-se como um leque de oportunidades face à formação inicial, tornando-se “fundamental para a reflexão e formação de uma identidade profissional, pois nos proporciona uma conscientização sobre o verdadeiro papel do professor, já que vivenciamos as experiências da docência, ainda que em menor proporção” (HOLANDA E SILVA, 2013, p.13). [...] lá, você não está focando numa avaliação, no resultado em si. Mas, tá querendo analisar se sua metodologia, se aquilo que você levou, tá dando certo ou não em sala de aula. Acho que é isso que vai facilitando em relação a outras experiências em sala de aula, é pouco mais de liberdade ao aluno, ao discente, para que ele se veja mais como profissional, como professor e como responsável por aquela sala. GRUPO FOCAL

Silva e Silva (2016) compreendem que vivenciar a realidade escolar ainda no processo de formação inicial caracteriza-se como momento ímpar para a formação inicial e continuada de professores, tendo em vista a possibilidade da interlocução e surgimento de práticas docentes, entendendo-as como parte intrínseca da personalidade profissional do professor. Tendo em vista que a gente a está num curso de formação de professores e falar dessa relação do curso o PIBID. PIBID surge como ferramenta ativa nesse processo de formação inicial do professor. Através do PIBID, muitas vezes os alunos participantes bolsistas, conseguem formar a identidade profissional né? E a partir disso vai formando sua identidade profissional. Então essa relação, é..., o PIBID surge com um... um ser ativo no processo de formação inicial do licenciando. GRUPO FOCAL

Convergindo para essa fala, Fernandes e Mendonça (2013) afirmam que, o Programa, caracterizado pela articulação entre Ensino Superior e Educação Básica, tem beneficiado a atuação dos bolsistas licenciandos no contexto escolar, minimizando significativamente o choque de realidade no início da carreira. Além disso, também tem favorecido a ocorrência de atividades fundamentais para processo de formação inicial e continua, bem como no desenvolvimento de novas metodologias de ensino.

Conclusão Conforme foi evidenciado na primeira etapa de estudo deste projeto de pesquisa, a ausência da relação teoria e prática, o distanciamento entre os campos de formação, o mal funcionamento do estágio curricular supervisionado na maioria dos cursos são aspectos que tem contribuído para a má formação dos futuros professores. Por outro lado, o Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID tem-se mostrado como forte política do processo formação inicial e continuada. Este estudo proporcionou discutir acerca das reflexões dos bolsistas a respeito do PIBID, permitindo ratificar o que fora levantado nas etapas anteriores do projeto de pesquisa. Dessa forma, infere-se que o programa de iniciação à docência tem possibilitado a relação entre teoria e prática, aproximação entre os campos de formação, universidade e escola, bem como o fortalecimento da identidade profissional.

Referências BENTO, Maria Cecília; PEREIRA, Fátima. A avaliação na formação inicial de professores: um estudo de caso. Revista Contemporânea de Educação, Rio de Janeiro, v. 1, n. 14, p.440-460, dez. 2012. BRASIL. Portaria nº 96, de 18 de julho de 2013. Portaria. Brasília. D'AMBROZIO, Beatriz S.. Formação de Professores de Matemática para o Século XXI: o Grande Desafio. Pro-prosições, Campinas, v. 4, n. 10, p.35-41, mar. 1993. Quadrimestral. FELÍCIO, Helena Maria dos Santos. O PIBID como “terceiro espaço” de formação inicial de professores. Revista Diálogo Educacional, Paraná, v. 14, n. 42, p.415-434, ago. 2014. FERNANDES, Maria José da Silva; MENDONÇA, Sueli Guadelupe de Lima. PIBID: Uma contribuição à política de formação docente. Entrever: Revista das Licenciaturas, Florianópolis, v. 3, n. 4, p.220-236, jun. 2013. GATTI, Bernardete Angelina. Formação inicial de professores para educação básica: pesquisas e políticas educacionais. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 25, n. 57, p.24-54, abr. 2014. GATTI, Berbadete Angelina; BARRETTO, Elba Siqueira de Sá; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo de Afonso. Políticas docentes no Brasil: um estado da arte. Brasília: Unesco Brasil, 2011. 200 p. HOLANDA, Dorghisllany Souza; SILVA, Camila Sibelle Marques da. A contribuição do PIBID na formação docente: um relato de experiência. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais... Curitiba: Sbem, 2013. p. 1 - 10. SILVA, Sebastião Wesley Freitas da; SILVA, Roberta da. O Diálogo Entre a Formação Inicial de Professores de Matemática e o Pibid: Uma Revisão de Literatura. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 12., 2016, São Paulo. Anais... . São Paulo: Sbem, 2016. p. 1 - 12.

Agradecimentos Ao Subprojeto do PIBID no Curso de Licenciatura em Matemática do IFCE – Campus Cedro e ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Cedro.

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