AS INVASÕES NORMANDAS E A CRISE DA MONARQUIA (SÉCULO IX)

September 23, 2017 | Autor: Mário Oliveira | Categoria: Vikings
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Descrição do Produto

Página " 7


Universidade de Lisboa/Faculdade de Letras.
Cadeira: História Medieval (Economia e Sociedade).
Curso: História.
Ano Letivo: 2014/2015.


"AS INVASÕES NORMANDAS E A CRISE DA MONARQUIA (SÉCULO IX) "
Análise Textual













Docente: Discente:
Prof. Doutora Manuela Santos Silva Mário Oliveira N.º 50366
Introdução

O texto alvo da análise é da autoria do monge Richer que viveu na segunda metade do século X. Este texto não é o único deixado pelos monges, aliás, muito do que se conhece sobre as incursões vikings em território francês deve-se a este género de textos. É de referir que este texto está bem estruturado e mantêm-se fiel a apenas um assunto facilitando a sua abordagem. Os Vikings são guerreiros e praticantes de pirataria. Originários da Escandinávia invadiram e pilharam grandes áreas da Europa numa fase inicial durante o século VIII. Três grandes povos que habitam a região da península da Escandinávia: os Noruegueses, os Suecos, os Dinamarqueses sendo que eles próprios estavam organizados em múltiplas populações, não eram apenas um povo grande e unido. Há quem defenda que estes povos não tinham práticas agrícolas mas segundo Pierre Riché os escandinavos são agricultores e normalmente os operários agrícolas são escravos ou libertos. São uma comunidade organizada, sendo que a sociedade revela ser tripartida: aristocracia, homens livres e escravos. Os vikings tinham já tentado entrar em espaço franco em pleno início da dinastia Carolíngia mas o Carlos Magno tinha conseguido travar esta expansão. Foi devido às rivalidades entre os sucessores de Carlos Magno que os Escandinavos retomaram a rota do sul. Fizeram-se aproveitar da sua má imagem e do seu domínio do ferro, superior ao do reino franco. Na primeira metade do século IX os dinamarqueses, especialmente eles, fizeram vários ataques á costa norte da europa (França). Penetraram no Elba, Sena, Loire e no Tamisa. Criaram bases nas Ilhas da Mancha onde começaram a estabelecer-se. A comunidade viking era extremamente agressiva e pilhava e massacrava quase tudo o que encontrava. Foi na segunda década do século IX que os ataques dos vikings começaram a ameaçar a calma e as terras prósperas do enorme Império Franco preocupando Luís, o Piedoso do perigo do norte. Um dos casos mais conhecidos foi o da ilha de Noirmoutier, um grande porto de sal da altura.
Análise Textual
O parágrafo introdutório do texto aborda resumidamente a temática expressa no seu seguimento, evocando as consequências das devastações normandas e fazendo referência à autoria do texto. Antes de se proceder à análise propriamente dita, é necessário pegar na introdução e fazer uma contextualização histórica de maneira a poder abordar o texto de uma maneira mais coesa e com um sentido mais claro.
Como diz a introdução, a região da atual França sofreu devastações por parte dos normandos. Estas devastações não eram um acontecimento inédito do século IX. Aliás tais invasões segundo Pierre Riché iniciaram-se por volta do século VIII, durante o Império de Carlos Magno, isto no contexto francês. O dito imperador conseguiu fazer face a estas incursões durante o seu reinado.
Foi devido às rivalidades entre os sucessores de Carlos Magno que os Escandinavos retomaram a rota do sul. Na primeira metade do século IX os dinamarqueses em particular, fizeram vários ataques á costa norte da europa (França). Penetraram no Elba, Sena, Loire e no Tamisa. Criaram bases nas Ilhas da Mancha onde começaram a estabelecer-se. A comunidade viking era extremamente agressiva e pilhava e massacrava quase tudo o que encontrava e que chocava com a cultura deles.
Avançando agora no tempo e retomando o texto introdutório, falemos do que antecedeu e procedeu e como se desenrolou a deposição de Carlos, o Gordo e a eleição de Eudes (marcos políticos referentes no dito excerto textual).
Estes povos do norte, vikings, subiram o rio Sena com uma enorme frota (ordem das centenas), rumo à grande cidade fortificada de Paris e ao território que se estendia para lá dela. Segundo o monge Abbon de Fleury, este exército era composto por 40 000 inimigos vindos em mais de 700 navios que bloquearam o Sena em mais de duas léguas de rio abaixo. Estes normandos viram o seu avanço bloqueado por duas pontes baixas que ligavam a ilha da cidade de Paris às duas margens. Estes "bárbaros" do norte eram chefiados por Sigfred, chefe militar dinamarquês. Este chefe que aparentemente era conhecedor das tradições da Europa cristã e dotado de astúcia diplomática, abordou o guardião espiritual de Paris, o abade Joscelin com o propósito de conseguir um acordo que permitisse aos vikings avançar. Aparentemente o bispo Joscelin explicou ao chefe dinamarquês que os parisienses estavam obrigados a opor-se ao avanço destas comunidades nórdicas, obrigação imposta por Carlos, o Gordo, bisneto de Carlos Magno, cujo império se tinha desagradado, entrado em constantes crises após a sua morte, em 814. Os normandos viram-se com a vida facilitada, no momento em que determinada cheia arrastou uma das pontes. Devido a tal sorte, vários vikings conseguiram progredir embora, outros ficassem para trás para continuar com o cerco à cidade onde a certa altura a fome e as doenças começaram a instalar-se e a causar mortes. Só após um ano é que o rei, Carlos, o Gordo, chegou a Paris comandando um exército. É certo que se travou algumas batalhas mas o problema central que levou à deposição deste rei está no acordo feito com os vikings, onde o rei Carlos concedeu o direito de passagem pelo rio, permitindo que estes senhores do norte pudessem pilhar durante o inverno indo só embora na primavera. Não chegando isto, para ainda mais descontentamento do povo parisiense e redores que se tinham oposto ao avanço dos vikings, o rei concedeu ainda 300Kg de prata como presente de despedida.
Visto isto, dá para entender que Carlos, o Gordo abriu um conflito interno de grande dimensão quando "traiu" o seu povo. Este conflito juntamente com a crise económica instaurada e com a má governação levou à sua deposição e à ascensão do conde Eudes. Isto aconteceu em 887 como refere o texto. Sucedeu a Carlos o filho bastardo de Carlomano, Arnulfo, proclamado na Germânia. Depois com apoio da Aristocracia, Eudes, o conde que se fez notar na resistência de Paris face aos vikings, subiu ao trono em 888, em Compiègne. Futuramente e com apoio de nobres poderosos, o trono foi reivindicado para Carlos, o Simples (893), mas só reinou normalmente após a morte de Eudes em 898. Foi Carlos, o Simples através do tratado de Saint-Clair-Sur-Epte, em 911 que os normandos adquiriram a conhecida Normandia (norte da atual França).
Recuemos agora um pouco atrás no tempo, mais concretamente por volta do ano de 888/889, durante a governação de Eudes. Rei referente no seguimento do texto. Texto este, que se inicia com um caracter politico mas que se desenrola a um nível essencialmente económico.
O governo do rei Eudes durou cinco anos e durante esse tempo o reino sofreu diversos ataques dos vikings. O texto faz referência a sete combates na Nêustria, onde Eudes saiu vitorioso e outras nove vezes que obrigou os vikings a fugir. Foi possivelmente em Montfaucon que Eudes mais se destacou. Nada destas vitórias interessa quando as incursões normandas deixam um vasto rasto de destruição prejudicando economicamente sobretudo as populações.
O texto mostra-nos essencialmente os problemas económicos trazidos por estas incursões nórdicas. O problema da terra ficar imprópria para cultivo durante anos, a inflação de bens alimentares devido à sua escassez como é o caso do trigo e da carne (galinhas, carneiros, vacas, etc.) não selvagem. O comércio do vinho foi dos setores com mais impacto negativo pois as vinhas tinham sido destruídas e este comércio tinha grande movimentação, sendo este produto dos mais consumidos. Eudes tomou medidas construindo fortificações e tendo colocado estrategicamente tropas. Mas embora tenha dotado estas medidas, este preferiu mudar-se para a Aquitânia com um exército enquanto não houvesse recuperação económica para acabar com a inflação.
Conclusão
Estes texto consta em: " Richer, Histoire de ton temps, liv. 1, Société de l'Histoire de France, trad. Francesa de J. Guadalete, t. l, Paris, 1845, pp. 17-19.
Este texto em conteúdo é dividido pela vertente política e económica, estando criada uma relação direta entre estas. É um texto muito descritivo quanto às consequências trazidas pelas investidas normandas.
As grandes invasões vikings fazem parte do século IX, mas em todas ela independente da altura foram muito marcantes devido às mortes provocadas, às profanações causadas e acima de tudo, aos prejuízos como os que pudemos ver no texto.
A análise feita só foi possível devido aos estudos feitos até ao momentos mas sobretudo aos relatos deixados pelos monges da época.
O conteúdo da análise está dentro dos limites impostos pela professora (5 páginas, excluindo capa, bibliografia e anexos). Toda a bibliografia expressa no trabalho foi consultada durante o processo de investigação o que permitiu esta análise, embora nem toda esteja referida.



Bibliografia

2. Bibliografia Geral:
2.1 Obras de Referência:
RINGLER, Richard N (consultor), Vida e Sociedade no tempo dos vikings, trad. PIRES, Paulo Emílio, Lisboa, Editorial Verbo, 2002, pp. 53-60.
2.2 Obras Gerais:
ARBMAN, Holger, Os Vikings, Lisboa, Verbo, 1967.
BRONDSTED, Johannes, Os Vikings, trad. Horta, H. Silva, Lisboa, Ulisseia, 1963
BALLARD, Michel, GENET, Jean-Philippe, ROUCHE, Michel, A Idade Média no Ocidente, dos Bárbaros ao Renascimento, Lisboa, Edições Dom Quixote, 1994, pp. 102-103.
DIOGO, António Dias, XAVIER, Ângela Maria Barreto, SANTOS, Maria Catarina Madeira Henriques dos, et. al. História da Vida Quotidiana, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 1993.
HALPHEN, Louis, Carlos Magno – O Império Carolíngio, Lisboa, Editorial Início, 1970, pp. 294-306
HEERS, Jacques, História Universal, O Mundo Medieval, [s.l], Circulo de Litores, 1977, pp.50-89.
Palgrave, Sir Francis R. H, The History of Normandy and of England, vol. I, Cambridge, University Press, 1919.
PREVITÉ-ORTON, C.W, História da Idade Média, Vol. III, Lisboa, Editorial Presença, 1973, pp. 67- 75.
REIS, António, MACEDO, Jorge Borges de, História Universal, Vol I,[s.l], Circulo de Leitores – Selecções do Reader's Digest, [s.d].
RICHÉ, Pierre, Grandes Invasões e Impérios: séculos v a x, Lisboa, Publicações Dom Quixote,1980, pp. 200-211.
2.3 Sitiografia:
http://www.mitologia.templodeapolo.net/textos_impressao.asp?Cod_conteudo=83 [Consultado: 23-11-2014].

Anexos
Figura 1Figura 1
Figura 1
Figura 1
Figura 2Figura 2
Figura 2
Figura 2
















Figura 3Figura 3
Figura 3
Figura 3



As invasões normandas e a crise da monarquia (século IX)


Vide infra anexos, p. 7, fig. 3
Historiador francês especializado na Idade Média.
RICHÉ, Pierre, Grandes Invasões e Impérios: séculos v a x, Lisboa, Publicações Dom Quixote,1980, pp. 200-211.
Ano de 885.
Monge francês que escreveu a crónica do ataque a Paris.
Corresponde à atual e denominada Île de la Cité.
Nesta altura Paris era governada pelo bispo Joscelin e pelo conde Eudes.
RINGLER, Richard N, (consultor), Vida e Sociedade no tempo dos vikings, trad. PIRES, Paulo Emílio, Lisboa, Editorial Verbo, 2002, pp. 53-60.
Imagem retirada do "Google Imagens".
Vide: RICHÉ, Pierre, Grandes Invasões e Impérios: séculos v a x, Lisboa, Publicações Dom Quixote,1980, p. 200.

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