As mamoas do Taco (Albergaria-a-Velha). Recuperação e valorização patrimonial, \"Albergue, História e Património do concelho de Albergaria-a-Velha\", nº 3, 2016.

May 22, 2017 | Autor: P. Sobral de Carv... | Categoria: Megalithic Monuments, Burial Practices (Archaeology), Valorization Cult. Heritage
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ALBERGUE História e Património do Concelho de Albergaria-a-Velha

N.º 3 – 2016

Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha

ALBERGUE – História e Património do Concelho de Albergaria-a-Velha REVISTA DE PUBLICAÇÃO ANUAL N.º 3 - NOVEMBRO DE 2016

DIRECTOR: Delfim Bismarck Ferreira EDITOR: Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha Praça Comendador José Luiz Ferreira Tavares 3850-053 Albergaria-a-Velha _______________________________________________________________________ IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Artipol, Ld.ª Águeda TIRAGEM: 500 exemplares IMAGEM DA CAPA: Retrato de Bernardino Máximo de Albuqeuque. Óleo sobre tela. João dos Reis. 1936. Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha DESIGN DA CAPA: Pedro Cruz ISBN: 978-972-98181-8-9 ISSN: 2183-4741 DEPÓSITO LEGAL: 3833458/14 _______________________________________________________________________ OS ARTIGOS PUBLICADOS NESTE NÚMERO SÃO DA RESPONSABILIDADE CIENTÍFICA E ÉTICA DOS SEUS AUTORES 2

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AS MAMOAS DO TACO (ALBERGARIA-A-VELHA) Recuperação e valorização patrimonial Pedro Sobral de Carvalho * & Vera Caetano ** 1. INTRODUÇÃO A autarquia de Albergaria-a-Velha, ciente do avançado estado de degradação dos monumentos funerários pré-históricos denominados por Mamoas 1 e 3 do Taco, e no âmbito de um plano mais vasto de dinamização do património cultural do seu concelho, adjudicou, através de concurso público, à empresa Eon, Indústrias Criativas, Lda, o cumprimento de um projeto de valorização e dinamização dos supra referidos monumentos. Embora os trabalhos se tenham dividido em dois tipos de ações, arqueologia e restauro, este texto irá reportar-se essencialmente aos aspetos relacionados com os procedimentos feitos no âmbito do restauro e da valorização dos monumentos que decorreram entre 24 de Outubro de 2014 e dia 3 de Setembro de 2015. De acordo com a legislação, os trabalhos arqueológicos e de valorização foram conduzidos pelo arqueólogo Pedro Manuel Sobral de Carvalho, arqueólogo, e por Vera Moreira Caetano, técnica de Conservação e Restauro. Embora seja premente uma inventariação e catalogação atualizada de todas as mamoas do concelho de Albergaria-a-Velha, tendo como base a bibliografia disponível, podemos afirmar que são conhecidos, neste concelho, 12 sepulcros pré-históricos, dos quais cinco se encontram já destruídos. Assim, são conhecidas a Mamoa dos Açores (também conhecida por Mamoa da Cavada Morta ou Arrôtas), na freguesia de Valmaior, a Mamoa do Boi (também conhecida por Mamoa do Cabeço/Monte Redondo ou Cova da Moura), na freguesia de Alquerubim, as mamoas 1 e 2 da Srª do Socorro, na freguesia de Valmaior (destruídas), a Mamoa de S. Julião, na freguesia de Branca, a Mamoa 1 do Cabeço dos Mouros, na freguesia de Ribeira de Fráguas, as Mamoas 1 e 2 de Beduído, na freguesia de Albergaria-a-Velha (destruídas), a Mamoa Negra ou da Areia, na freguesia de Angeja e as Mamoa 1, 2 e 3 do Taco na freguesia de Albergaria-a-Velha. É muito provável que o número de monumentos seja maior, carecendo de prospeção de campo intensiva. Contudo, não podemos deixar de referir que o número de monumentos destruídos, sobretudo pela plantação de eucaliptos, deve ser considerável. De qualquer maneira, e por muito parca que seja a amostra, cremos que esta espelha bem a propensão de nesta região litoral não existirem grandes necrópoles como acontece no megalitismo de montanha que se desenvolve logo nas serras vizinhas da Freita, Arada, Arestal e S. Macário (Maciço da Gralheira), Montemuro e Caramulo. ____________________ * ………………………………….. ……………………………………. ** …………………………………. 3

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O megalitismo de Albergaria-a-Velha encontra-se ainda mal estudado, sendo, por isso, difícil fazer uma correta avaliação da tipologia de sepulcros que existem. De facto, os únicos monumentos arqueologicamente estudados são as Mamoas 1 e 3 do Taco. As Mamoas do Taco foram descobertas por Patrício Teodoro Álvares Ferreira que delas deu conhecimento ao ilustre arqueólogo José Leite de Vasconcelos, que logo as visitou em Setembro de 1911, dando notícia das mesmas no ano seguinte (Vasconcelos, 1912). Leite de Vasconcelos faz uma curta descrição dos monumentos, referindo que eram em número de três e que não apresentavam pedras à superfície, mas que se destacavam por possuir mamoas pouco altas, mas muito largas. Em 1985, quando se começava a expandir o Parque Industrial e a ameaça da sua destruição era latente, foi levado a cabo um plano de investigação com vista ao seu estudo e salvaguarda. Este, feito por Fernando Augusto Silva, compreendeu a escavação apenas das Mamoas 1 e 3, pois a mamoa nº 2 apresentava-se praticamente destruída “(...) limitada a um enrugamento indelével no terreno, (...)” (Silva, 1992: 264). Esta ação foi crucial para a defesa dos monumentos salvando-os da pressão do alargamento do Parque Industrial. A intervenção efectuada por Fernando Silva em 1985 e 1986 deu a conhecer à comunidade científica dois monumentos pré-históricos com características muito particulares. 2. LOCALIZAÇÃO Administrativamente, as Mamoas do Taco localizam-se no distrito de Aveiro, concelho e freguesia de Albergaria-a-Velha, a uma altitude média dos 139m e apresentam as seguintes coordenadas geográficas: Mamoa 1 do Taco: 40° 42’ 25.8’’ N 08° 29’ 43.6’’ W

Mamoa 3 do Taco: 40° 42’ 20.8’’ N 08° 20’ 42.7’’ W

A necrópole tumular do Taco encontra-se geograficamente enquadrada no Centro Norte Litoral, na vasta área aplanada denominada de Plataforma Litoral1, mais concretamente, na plataforma de Albergaria. Esta consiste numa superfície aplanada, inclinada para oeste, em direção ao mar e que vai subindo de cota gradualmente desde os 120m até aos 200m, terminando num alinhamento de pequenos relevos com orientação NS desde Fradelos (a norte) à Srª do Socorro (a Sul). De sublinhar que a sul da Srª do Socorro este declive é mais acentuado para sudoeste conforme é demonstrado pela orientação da rede hidrográfica (Ribeira de Albergaria-a-Velha e seus afluentes da margem esquerda) (Gomes e Barra, 2001: 2). 1 Consideramos a Plataforma Litoral uma área em que predominam as superfícies aplanadas, nas proximidades da linha de costa correspondente a uma faixa entre os 5Km e os 20 km de largura que circunda quase todo o litoral português. Esta área em Albergaria estará em consonância com a descrita para a região do Porto: “A plataforma litoral do Porto corresponde a um conjunto de patamares escalonados, descendo para o mar a partir de uma linha de relevos que designaremos como “relevo marginal”, que corresponde ao “rebordo interior da plataforma” segundo A. B. Brum Ferreira, 1987” (Araújo, 1991: 13).

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Necrópole do Taco na Carta Militar de Portugal, 1:25000, flª 175.

Mamoas do Taco. Fotografia aérea. Foto: Sérgio Pereira/Que Cena.

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3. TRABALHOS DE RESTAURO E DE VALORIZAÇÃO As estruturas arqueológicas são importantes elos de ligação com o passado, cuja integridade deve ser preservada sem adulterar a sua autenticidade. Reconhecendo a sua relevância informativa e os riscos da sua destruição, estabelece-se a necessidade de aplicação de métodos científicos de preservação específicos, baseados não apenas na aplicação das técnicas de arqueologia, mas numa base mais ampla de conhecimentos e competências profissionais, mantendo a cada momento o seu carácter instrutivo e a atividade da memória, sendo estes os requisitos primordiais para a sua conservação (Machado, 2005: 284). Foi neste sentido que os trabalhos desenvolvidos incidiram na restituição da integridade dos dois monumentos, para uma leitura integral dos espaços funerários, promovendo, a sua valorização e dinamização cultural, garantindo, desta forma, a preservação e salvaguarda da sua configuração original. Inicialmente, e por se considerar essencial a qualquer abordagem conservativa, foi implementada uma fase documental, de levantamento e de análise do estado de conservação. Esta passagem cognitiva inicial teve como objetivo garantir um suporte de documentação gráfica e fotográfica aprofundada dos dois monumentos, recorrendo, também à fotogrametria. A fotogrametria permitiu o levantamento e o estudo morfológico das superfícies pétreas. Os modelos tridimensionais resultantes deste levantamento representaram de forma minuciosa e rigorosa as atuais condições morfológicas dos esteios do dólmen da Mamoa 1 do Taco, permitindo produzir diversos tipos de registo gráfico e dimensional para apoio aos trabalhos de restauro e conservação. Os trabalhos de conservação e restauro focaram-se sobretudo na Mamoa 1 do Taco, uma vez que se optou pelo aterro da Mamoa 3. Esta decisão foi fundamentada pela inexistência da câmara dolménica e por questões complexas em relação à conservação, a longo prazo, das estruturas existentes. 3. 1 Descrição dos monumentos Os dois monumentos são compostos por duas grandes mamoas. A Mamoa 1 exibe um montículo com 34 metros de diâmetro e uma altura entre 0,80 e os 2,20 metros, já a Mamoa 3 tem um diâmetro de 30 metros, sensivelmente e com uma altura 1,70 metros. São constituídas, não só com solo humoso, mas com saibro-argiloso compactado, contendo na periferia uma «couraça» de blocos de quartzo, “fechando” externamente a mamoa, designado de anel de contenção periférica. As câmaras funerárias são bastante distintas nos dois monumentos do Taco. Na Mamoa 1 do Taco, a câmara megalítica é composta por um dólmen de câmara poligonal alongada, aberta a SE, com 9 esteios em xisto, apesar de apenas se encontrarem 5 esteios visíveis. Uma particularidade, digna de referência, é o facto de este monumento não possuir de qualquer estrutura de contrafortagem da câmara sepulcral (Carvalho, 2016; Silva, 1992: 275). A obtenção da matéria-prima utilizada na construção da câmara dolménica – xisto – dada escassez de afloramentos na Plataforma Litoral, foi adquirida seguramente no Monte da Senhora do Socorro, também conhecido por Pedra da Águia ou Bico do Monte, cerca de 2 quilómetros para ENE do Taco (Silva, 1992: 267). 6

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Os esteios de xistosidade acentuada revelam «folhas» ou «lâminas» com constituição semelhante. São formados essencialmente por quartzo e mica, moscovite e/ou biotite, não descartando a possibilidade de poderem conter algum feldspato. O quartzo, por norma, forma grãos irregulares ou agregados lenticulares, ou constitui «camadas» paralelas às da mica. As micas, em regra, com forma cristalina pouco distinta, formam vulgarmente delgadas camadas ou lentículas constituídas por placas irregulares ou palhetas. Apresentam, ainda, vulgarmente granadas (especialmente a granada vermelho-escura, almandina), estaurolite, cianite, silimanite, horneblenda e grafite. São precisamente estes os cristais que evidenciam a patine que alguns esteios do Taco 1 apresentam na sua superfície, como é o caso da coloração ferrosa, tão evidente no esteio 3, que por conseguinte faz sobressair com mais veemência as gravuras, descobertas em 1985 por Fernando Silva. As colorações são muito variáveis, tal como podemos constatar pelas distintas porções relativas de quartzo, moscovite e biotite, podendo ser branca – prateada, acinzentada, tal como observamos no esteio 2, assim como dourada, vermelha e vermelhaacastanhada, como verificamos nos restantes esteios. A câmara funerária do Taco 3 mostra-nos a existência de um conjunto de estruturas complexas, de difícil interpretação, ao nível da área teoricamente reservada às deposições mortuárias. Em termos genéricos, restam apenas os vestígios de um espaço delimitado por um murete pétreo que se encontra provavelmente associado a uma reutilização do espaço central da mamoa no Calcolítico ou na Idade do Bronze (Carvalho, 2016; Silva, 1992: 281). O murete é constituído por elementos de quartzo e fragmentos de xisto sobrepostos, formando um anel lítico com cerca de 0,50 metros de espessura, assentes em terra saibro-argilosa (Carvalho, 2016; Silva, 1992: 281).

Mamoa 1 do Taco. Vista geral da câmara dolménica. 2014.

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3.2 Levantamento do estado de conservação A partir do momento em que o estudo arqueológico termina, muitas estruturas acabam por sofrer uma rápida degradação, motivada pela falta de proteção, relacionada com a carência de interesse científico momentâneo (Machado, 2005:290). De facto, a impercetibilidade por parte dos gestores do património e do público em geral de que o património cultural não é eterno, constitui um dos principais problemas para a sua conservação (Jopela, 2012: 11). É neste cenário que encontrámos as Mamoas 1 e 3 do Taco. Após as escavações de 1985, os monumentos ficaram sem qualquer ação de proteção ou de manutenção, culminado no estado deplorável que se encontravam. Os dois locais eram utilizados, frequentemente, como ‘locais de vazadouro de lixo’, o que agravou ainda mais a sua conservação.

Tumulus da Mamoa 1 e Mamoa 3 do Taco É importante salientar que os tumuli dos dois monumentos, ou seja, as estruturas externas – mamoas - apresentavam um estado mais crítico de conservação, de avançada degradação em relação aos espaços fúnebres internos. A situação lamentável em que se encontravam os dois monumentos resulta num desencadeamento de processos de degradação, onde se identificaram alguns fatores determinantes para a degradação da constituição das suas estruturas. As patologias identificadas nas duas mamoas são resultantes da vegetação superior e rasteira que prolifera em toda a superfície dos tumuli, das valas de sondagem, resultantes da escavação de 1985 e de ações climatéricas e antrópicas. O tipo de vegetação identificada era constituída, sobretudo, por fetos, tojos, eucaliptos, pinheiros, carvalhos, matéria morta e alguns cepos. A arborização é sempre mais nefasta, pelos danos provocados pelas suas raízes. Os danos irreparáveis nos solos estimulam afloramentos que provocam a destruição de qualquer material pétreo no sub-solo. As valas de sondagem, com 2 m de largura, esventraram as mamoas dos dois monumentos, descaraterizando a sua morfologia original, promovendo a sua desintegração, colocando em risco a estabilidade do conjunto. Consequentemente tornaram-se locais apelativos para a fixação de fauna autóctone, onde se verificavam inúmeras tocas de animais (luras), que perfuraram significativamente toda a estrutura tumular, aumentando a sua instabilidade. As ações climatéricas têm sempre um papel preponderante na degradação dos monumentos. No caso dos tumuli dos dois monumentos do Taco, as ações, sobretudo dos ventos e das chuvas, resultam na erosão dos solos. As ações de origem antrópica são evidenciadas sobretudo na Mamoa 1. Estas ações estavam patentes em atos de vandalismo e depósitos de resíduos inorgânicos, porém a ação mais assoladora verificou-se com a abertura da avenida a Oeste, que corta a mamoa em 6 metros.

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Mamoa 1 do Taco. Valas de sondagem, resultantes da escavação de 1985. 2014.

Mamoa 3 do Taco. Vista parcial a Este, antes dos trabalhos de limpeza. 2014.

Câmara funerária da Mamoa 1 As câmaras funerárias dos dois monumentos apresentam patologias distintas. No entanto, e contrariamente ao estado de conservação dos tumuli, podemos considerar, de uma forma geral, que se encontravam bem conservadas face às adversidades em que se encontravam expostas nos últimos 30 anos. 9

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A câmara da Mamoa 1 do Taco, com a escavação de 1985, veio evidenciar a sua relevância pela descoberta de dois factos verdadeiramente interessantes: a inexistência de um sistema de contrafortagem e as gravuras que surgem na superfície dos esteios em xisto. São duas particularidades raras, que conferem a sumptuosidade deste monumento. A existência de manifestações simbólico-decorativas, representando semi-círculos concêntricos, veio despertar novas hipóteses quanto à edificação do monumento, não sendo possível qualquer datação absoluta. Já no decorrer dos trabalhos de limpeza, no âmbito deste projeto de conservação e valorização das Mamoas do Taco - 2015, foram descobertas novas gravuras em três esteios da câmara. Posteriormente, concluiu-se que existiam gravuras simbólico-decorativas em todos os esteios do monumento.

Câmara funerária da Mamoa 1 do Taco, antes dos trabalhos de limpeza. 2014

O estado de conservação atual da câmara funerária da Mamoa 1 do Taco, à semelhança da sua estrutura tumular, encontrava-se coberta por vegetação superior intensa, onde se destacavam fetos de grandes dimensões, tojos e matéria morta de diversa natureza. Após os trabalhos de limpeza no contexto dos trabalhos de arqueologia, eram visíveis vários fragmentos no solo, na envolvente da área deposicional. Tratavam-se de fragmentos de esteios que Fernando Silva colocara em 1985 no tardoz dos cinco esteios, fechando o espaço aberto entre os mesmos (zonas reentrantes). Uma vez que estes fragmentos não possuíam localização definida, excetuando dois deles, que fazem parte do esteio 1, como veremos adiante, foram transladados para o Arquivo Municipal de Albergaria-a-Velha. Os restantes esteios foram colocados por Fernando Silva em 1985, com base na descoberta das bases de assentamento em conjugação com a localização de cada um, com a exceção do esteio nº 5 que se encontrava in situ (Silva, 1992: 274).

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Esteio 1 O esteio 1 encontrava-se tombado para o interior da câmara. Com o início dos trabalhos de registo e de levantamento dos fragmentos do local, verificou-se que este se encontrava fraturado na parte superior, no sentido diagonal, precisamente sob um veio de quartzo, que acaba por demarcar as duas zonas de fratura. Estruturalmente, manifestava patologias muito pontuais, porém bastante alarmantes, como a fratura, mencionada, algumas microfissuras, plaquetas e destacamentos em lascas (lascagem) que surgem sobretudo nas zonas de fratura e extremidades do esteio. A sua superfície apresentava algumas sujidades de fraca aderência, verificava-se alguma erosão diferenciada na base e lateral direita do esteio, e ainda pontualmente, foram verificados, alguns depósitos e alteração cromática originada pela própria patine da pedra. Após a avaliação dos fragmentos encontrados dispersos na câmara fúnebre, constatou-se que dois desses fragmentos pertenciam ao esteio 1.

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Mamoa 1 do Taco. Esteio 1. Modelo de Resíduo Morfológico e mapeamento de patologias.

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Esteio 2 O esteio 2 é o que aparentemente apresenta melhor estado de conservação. Porem, além de se constatarem algumas patologias significativas, tal como no esteio 1, este foi o esteio mais fustigado pelos atos de vandalismo – grafitos. Foram observáveis sulcos quer na face, quer no tardoz do esteio. Verificaram-se pontualmente algumas alterações, como plaquetas e lascagem, sendo mais evidentes no centro do esteio e extremidades. Estas formas de alteração são bastante preocupantes, porque geram processos de destacamento da superfície pétrea, conduzindo ao desaparecimento das gravuras.

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Mamoa 1 do Taco. Esteio 2. Modelo de Resíduo Morfológico e mapeamento de patologias.

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Esteio 3 As gravuras evidenciadas pelo contraste da coloração acastanhada da superfície do esteio 3, detentoras de uma beleza excecional, conferem um certo misticismo a todo o conjunto megalítico. Esta tonalidade acastanhada surge como alteração cromática derivada da própria patine da superfície pétrea onde a presença de óxidos de ferro é mais intensificada. A colonização liquénica presente era bastante evidenciada, surgindo pontualmente na parte inferior do esteio com mais incidência no quadrante inferior direito. A sua proveniência foi provocada pelos elevados níveis de humidade que se concentraram na zona inferior do esteio, considerando também os fenómenos de ascensão capilar. Infelizmente, também o esteio 3 foi alvo de ações vandálicas com grafitos na sua superfície, incidindo-se sobretudo na zona das gravuras, onde foram registadas, também, algumas lascagens da superfície pétrea. Registaram-se ainda algumas plaquetas e depósitos superficiais generalizados por todo o esteio.

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Mamoa 1 do Taco. Esteio 3. Modelo de Resíduo Morfológico e mapeamento de patologias

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Esteio 4 Considerando que nenhum esteio se encontra inteiro e não conhecendo o seu estado primitivo, é bastante difícil apurar as formas de alteração relativamente ao estado de conservação dos mesmos, no presente da sua construção, sem que nos estejamos a cingir às formas de alteração da rocha. É difícil entender se o resultado que nos surge é produto de fenómenos de alteração que ocorreram durante estes milénios ou se, eventualmente, as superfícies pétreas já seriam irregulares aquando a construção deste espaço fúnebre. Estas hipóteses justificariam as zonas de fratura/lacuna ou de erosão que encontramos em todos os esteios. Efetivamente todos os esteios, aparentemente, apresentam lacunas nas suas extremidades, evidenciando-se sobretudo nos seus topos e laterais. Podem estar relacionadas com forças de compressão da laje de cobertura? O esteio 4, assim como o esteio 5 são exemplos claros que efetivamente estamos perante lacunas resultantes de fraturas pelas dimensões que apresentam. No esteio 4 a área de lacuna abrange a parte superior direita e no esteio 5 abrange parte do quadrante superior esquerdo, podendo considerar que a fratura dos mesmos poderá estar relacionada. Por consequência da sua perda e considerando a sua composição pétrea, é percetível que no esteio 4, surjam diversas zonas onde se verificaram destacamentos em plaquetas. Verificou-se alguma lascagem da superfície, no centro do esteio, onde também é possível observar, algum desgaste da superfície, decorrente de fenómenos de erosão diferenciada. Verificaram-se depósitos de sujidades generalizados, evidenciando-se nos topos e reentrâncias das placas xistosas das zonas de fratura do esteio. A sua patine confere uma variação cromática exuberante, de onde ressaltam tons amarelados, acastanhados, avermelhados e esverdeados, considerando como alteração, zonas onde se denotam os minerais oxidados de ferro.

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Mamoa 1 do Taco. Esteio 4. Modelo de Resíduo Morfológico e mapeamento de patologias.

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Esteio 5 Como já referido na descrição patológica do esteio 4, o esteio 5 apresenta uma fratura/lacuna significativa no topo da estrutura, do lado esquerdo, oposto ao esteio 4. É de facto curioso, que ambos estejam fraturados em zonas confinantes, dando enfase à nossa pertinente hipótese, que coloca em questão que as fraturas estejam relacionadas. Considerando que este esteio foi o único a encontrar-se in situ nas escavações de 1985, podemos eliminar a hipótese da sua fratura estar relacionada com o desmoronamento do próprio esteio como poderíamos considerar nos outros casos. Podemos considerar que possa ter relação com a laje de cobertura. Relativamente às alterações observadas, podemos constatar depósitos em toda a sua superfície, algumas plaquetas que se evidenciam na zona de fratura, lascagem mais acentuada nos planos inferiores da superfície e erosão diferenciada nas zonas mais salientes.

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Mamoa 1 do Taco. Esteio 5. Modelo de Resíduo Morfológico e mapeamentos de patologias.

Câmara funerária da Mamoa 3 Apesar das patologias verificadas nas duas mamoas se evidenciarem bastante distintas, forçosamente pela diferença da tipologia construtiva, podemos assegurar que os fatores de degradação são bastante semelhantes. Todo o espaço fúnebre estava revestido por depósitos superficiais de matéria morta e algum lixo inorgânico, acumulado ao longo destes 30 anos, obstruindo por completo, as duas fossas. A estrutura lítica apresentava-se bastante debilitada, verificando-se pontualmente alguns desmoronamentos de elementos pétreos. Baseados nos levantamentos de Fernando Silva (Silva, 1992) podemos constatar que existem lacunas na composição lítica. Existiam primitivamente duas lajes de xisto, possivelmente de esteios fragmentados, que aparentavam dois umbrais de entrada ao recinto fúnebre.

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Mamoa 3 do Taco. Escavação de 1985. Foto: Fernando Silva.

3.2 Caracterização dos fenómenos de alteração Os monumentos megalíticos encontram-se inseridos num determinado contexto e estão sujeitos a diversos fenómenos de alteração. Posteriormente à avaliação do seu estado de conservação e de todas as características inerentes ao conjunto megalítico, bem como a análise dos seus materiais constituintes, principais agentes e seus mecanismos de degradação, podem-se estabelecer considerações mais precisas sobre os fenómenos de alteração responsáveis pela paulatina degradação dos monumentos. Com base no levantamento do estado de conservação das duas mamoas que concomitantemente exibiam as mesmas patologias, podemos salientar que a arborização foi determinante para a degradação das estruturas tumulares. A forma como são plantados os eucaliptos, implicando a mobilização dos terrenos e a utilização de maquinaria pesada, tem levado à destruição de muitos vestígios arqueológicos, em especial de monumentos funerários da Pré-história Recente. Fernando Silva alertava para a problemática deste fenómeno, mencionando que a forte implementação de repovoamento florestal com eucaliptos, a par de um grande surto industrial, colocava em perigo o património arqueológico (Silva, 1992: 271). Não foi só o repovoamento florestal responsável pela destruição do património arqueológico, no concelho de Albergaria-a-Velha, mas também os processos de deterioração que têm vindo a sofrer ao longo da história, por ações antrópicas, diretas ou indiretas que originam alterações bastante nefastas. No caso particular das mamoas, o próprio desenvolvimento económico e industrial tem também a sua quota-parte nessa destruição (Silva, 1992). É responsável pela destruição de um monumento, a Mamoa 2 do Taco, referido por José Leite de Vasconcelos e que se situaria a “... uns decâmetros desta para Norte.” (Vasconcelos, 1912: 72).

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Atualmente, podemos afirmar que a Mamoa 2 do Taco foi destruída pela estrada que passa junto às Mamoas 1 e 3 do Taco, e é responsável, também, pela destruição de uma parte do Mamoa 1, cortando 6 metros do tumulus. Apesar das destruições e mutilações, a negligência e/ou o abandono, são também fatores importantes no processo de deterioração. Quando um monumento entra em desuso, a velocidade da sua deterioração acelera, assim como a falta de trabalhos de manutenção contribuem para a rápida e progressiva degradação (Jopela, 2012:11). A identificação dos fenómenos de alteração e degradação (alterabilidade), e a classificação dos danos sofridos ao longo do tempo, varia em função dos materiais, da qualidade das matérias-primas, das técnicas usadas, da sua idade, do uso, dos fatores ambientais envolventes, etc. Mecanismos físicos São exemplos dos mecanismos físicos os fenómenos de gelo-degelo da água nos poros e fissuras das rochas, os fenómenos de hidratação e cristalização de sais, todos provocados por variações do estado higrométrico da atmosfera. Sendo, portanto esta, considerada uma das principais responsáveis pelo decaimento dos monumentos (AiresBarros, 2001:231). Os mecanismos ou fenómenos físicos estão intimamente relacionados com fatores de diversas índoles, como podemos verificar, pelo levantamento do estado de conservação. Alguns destes fenómenos como as tensões físicas e mecânicas, originaram a falta de estabilidade ou coesão das estruturas, causadas quer por movimentações do subsolo, quer por circulação de água no seu interior intercristalino, originando processos físicos como dilatação e retração, que resultaram em fissuramento e fratura dos materiais, evidenciandose nos esteios 1, 4 e 5. Fatores climatéricos De acordo com a classificação de Köppen e Geiger, o clima em Albergaria-a-Velha é quente e temperado classificado como Csb. Durante o ano corrente da intervenção (2015) foram registados 14.7 °C como temperatura média anual, com níveis de pluviosidade média anual na ordem de 1078 mm, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Em relação aos ventos, podemos constatar que a sua força e direção predomina a Oeste, provenientes da costa marítima e a Leste-Nordeste, podendo ultrapassar os 40km/h. Este facto explica a alteração significativa dos esteios 4 e 5, onde se evidenciam com mais intensidade fenómenos de erosão, destacamento e lascagem da superfície pétrea. Fatores antrópicos A ausência de medidas conservativas e preventivas, imediatas à descoberta arqueológica e a falta de manutenção levou, inevitavelmente, a que a proliferação da vegetação e a florestação dominassem o espaço envolvente. Concomitantemente este fator leva à ocultação do monumento, condicionando-o a um lugar ermo, isolado, ideal para a 22

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deposição de resíduos sólidos e entulho, sem qualquer responsabilidade cívica. Simultaneamente transforma-se, num local atrativo para a prática de atos ilícitos, a verificar pelo tipo de vestígios, encontrados no local, onde consequentemente se desencadearam ações de vandalismo. Mecanismos biológicos São uma das grandes preocupações da conservação e restauro, pela degradação das superfícies devido à presença de organismos biológicos, bem como pelo ataque destes ou dos produtos químicos que libertam. Tendo sido já mencionada a vegetação e a arborização identificada nos dois monumentos, centramo-nos nos microrganismos encontrados nos esteios da Mamoa 1 do Taco. A colonização encontrada era sobretudo de líquenes de diversas espécies. Sem a identificação precisa e determinação de espécie concreta, podemos afirmar que estamos perante espécies da família das caloplacas, lecanoras, verrucária e chrysothrix? Os líquenes são plantas que não realizam clorofilina. São uma simbiose entre um fungo e uma cianobactéria ou alga e são as plantas mais deletérias para com o património. Devido ao seu metabolismo produzem ácidos, como: oxálico; cítrico; carbónico; nítrico; sulfúrico; etc., que atacam os minerais da pedra, permitindo a penetração das hifas. Em suma, podemos constatar que, as mamoas 1 e 3 do Taco sofreram grandes alterações quanto à sua morfologia original, quer por fenómenos climatéricos que desencadearam processos como erosão e dissolução dos solos, quer por ações antrópicas, como a própria escavação de 1985, que “desventrou” as mamoas com as quatro valas de sondagem, permitindo a perfuração destas e a permanência de animais autóctones, quer por mecanismos físicos e biológicos desenvolvidos pelas raízes de eucaliptos, que a curto prazo tornaram-se a causa de degradação mais perniciosa para toda a estrutura tumular dos dois monumentos. Em relação às estruturas fúnebres internas, podemos constatar que, mais uma vez são os fenómenos climatéricos - ventos fortes - que simultaneamente com as oscilações da temperatura promovem alterações significativas à superfície dos esteios. Evidencia-se a situação dos esteios 4 e 5, que se encontram entre as duas valas a Oeste e a Este, onde se verifica a intensidade e a direção dos ventos predominantes nesta região, resultando em destacamentos e lascagem da superfície pétrea. 3.3 Descrição dos trabalhos No seguimento dos trabalhos de arqueologia – limpeza e decapagem do terreno – e perante o estado de conservação observado, foram desenvolvidas uma série de medidas de conservação e restauro, com o objetivo de restituir a integridade do monumento megalítico, permitindo uma leitura e interpretação coerentes favorecendo a sua preservação e salvaguarda. Os trabalhos contemplados para a Mamoa 3 cingiram-se ao encerramento do monumento. Considerou-se que, tal como a sua interpretação, seria bastante complexa a sua intervenção e futura manutenção. A problemática da conservação destas estruturas, não 23

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recai nas soluções técnicas da conservação e restauro, mas na dificuldade de compreensão e respeito, por parte do público, por esta área deposicional. Entendemos que, por este motivo, e adicionando o facto de ficar exposto aos inúmeros fatores de degradação, optouse pelo seu encerramento. 3.3.1 Tumuli da Mamoa 1 e Mamoa 3 do Taco 3.3.1.1 Trabalhos de limpeza Os trabalhos de limpeza integrados nos trabalhos de arqueologia compreenderam a remoção de toda a vegetação infestante, composta maioritariamente por fetos, tojos, manta morta, e matéria inorgânica, procedendo-se a uma decapagem do terreno. Não obstante, após uma avaliação da atual morfologia da mamoa, tendo em conta a regularização da superfície e a estabilização dos solos, foi necessária uma intervenção um pouco mais incisiva e pontual, onde se optou pela remoção de cepos, encontrando-se já desidratados e pelo abate de algumas árvores, nomeadamente eucaliptos.

Mamoa 1 do Taco. Durante os trabalhos de limpeza do quadrante a NO.

3.3.1.2 Reconstituição do volume da mamoa Subsequentemente aos trabalhos de limpeza, a primeira ação a realizar-se foi o aterro das valas de sondagens arqueológicas, dando início aos trabalhos de reconstituição ou reposição do volume original da mamoa. Esta ação foi precedida pela colocação de uma manta geotêxtil de 150gr/m2 nas valas de sondagem, para delimitação da área escavada e simultaneamente para proteção do

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anel lítico, onde este era visível. Na Mamoa 3, foi colocado o geotêxtil em toda a área de escavação, acondicionando e salvaguardando todas as estruturas existentes. O aterro foi executado com os sedimentos que se encontravam depositados na periferia da mamoa, resultantes da escavação de 1985, intercalado por ações de compactação mecânica. A compactação, efetuada por camadas de 50cm de solo, teve como objetivo a diminuição do índice de vazios, conseguida fundamentalmente à custa da redução do volume de ar, mantendo constante o teor de água. Este fator é importante, quando procuramos aumentar o efeito da compactação à custa de sucessivas transmissões de energia, através das placas-vibratórias ou mesmo do cilindro manual com vibração, gerando quer modificações na orientação das partículas, quer na incrementação de ligações entre partículas orientadas. Se os efeitos obtidos com a compactação dependem da energia transmitida ao solo durante o processo, por outro lado, a quantidade de água envolvida tem grande influência na forma como se desenvolvem os fenómenos elétricos associados às partículas mais finas, como é o caso do solo em questão (argiloso). É neste sentido, que se realça a importância do humedecimento de todo o terreno, durante e após as ações de compactação. Posteriormente, e após a análise da morfologia da mamoa, foi efetuada a regularização do terreno e a redefinição do perímetro original, para a colocação, na superfície, de um saibro estabilizado aditivado com ligante. A opção deste tipo de material, em detrimento do solo natural, recai pelas características físicas e mecânicas que possui, conferindo durabilidade, estabilidade e resistência ao conjunto estrutural, assim como, contribui decisivamente para uma simples e económica manutenção, senão a longo, pelo menos a médio prazo. A vantagem da aplicação deste material incide nas suas características físicas e mecânicas como a sua resistência à erosão eólica, hidráulica e mecânica, sendo também vantajosa a sua fácil reparação. O aditivo aplicado na estabilização química foi o cimento. O objetivo da utilização do mesmo recai pelas suas características mecânicas e pela estabilidade relativamente à variação do teor em água. O cimento Portland normal é constituído por cerca de 45% de silicato tricálcico (SiO2.3OCa) e 27% de silicato bicálcico (SiO2.2OCa), e hidrata com o solo formando um gel de silicato hidratado de bi e monocálcico. Por outro lado, a cal libertada pela hidratação do cimento vai provocar o endurecimento dos agregados de partículas de argila (Cristelo, 2001). O processo consistiu na aplicação, inicial, de uma camada de saibro com 5 cm de espessura em toda a área da mamoa, onde se depositou posteriormente uma mistura (a seco) de saibro, areia amarela e cimento com o respetivo traço 1:1:1. A areia amarela era essencial para o equilíbrio da mistura, quer pela sua granulometria conferir mais resistência ao conjunto, quer para equilibrar a tonalidade desejada, uma vez que o cimento confere uma tonalidade muito acinzentada. Após a sua distribuição, foi necessário irrigar toda a superfície para que o humedecimento conferisse a presa, sendo posteriormente compactado. O processo foi precedido da aplicação de uma membrana geotêxtil com 250gr/m2 para o impedimento da proliferação de vegetação infestante, como fetos, entre outros.

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Mamoa 1 do Taco. Colocação da primeira camada de saibro.

Mamoa 3 do Taco. Regularização da superfície.

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3.3.2 Câmara funerária da Mamoa 1 do Taco 3.3.2.1 Reconstituição da câmara dolménica A reconstituição da câmara dolménica requeria a contenção de terras do tumulus, prevenindo a ocorrência de aluimentos, e um acesso ao interior do monumento. Não obstante, foi necessário implementar um sistema de drenagem de modo a recolher a água em excesso do solo resultante da elevação do nível freático, e da ocorrência de precipitações intensas, criando condições controladas de escoamento de superfície no interior da câmara dolménica. O muro de contenção é um muro de gravidade, executado em alvenaria de tijolo de Leca, salvaguardando a compatibilidade com os materiais originais, assente em fundação a uma cota inferior à da superfície do terreno, de modo a minimizar o risco de rutura por deslizamento. No entanto, foram ainda aplicados contrafortes ou “travamentos” com o objetivo de aumentar a estabilidade da estrutura conferindo maior resistência às forças de tração. Foi ainda necessário implementar um sistema de drenagem no interior do muro de contenção, para conduzir as águas que provêm dos solos. O sistema interno é fundamental para o controlo da pressão de água no interior da própria estrutura evitando forças indesejáveis na estrutura de contenção. O revestimento do muro, foi executado com argamassa hidráulica aplicando posteriormente, e ainda em fresco, terras argilosas, secas, para a reintegração estética do interior do túmulo. Em relação ao enchimento do espaço entre o muro e os esteios foram executados à altura máxima do esteio mais baixo, ou seja, o esteio 5, para que a leitura do monumento fosse uniforme. Para o acesso ao monumento foi efetuado o rebaixamento da zona a sudeste da mamoa, criando um declive pouco acentuado para o interior da câmara, recriando a denominada “entrada em funil”. Deste modo, a mamoa vai rebaixando progressivamente de cota à medida que nos aproximamos da câmara megalítica. 3.3.2.2 Conservação e restauro dos esteios Limpeza e desinfestação dos suportes pétreos A limpeza inicial incidiu, sobretudo, na remoção de componentes estranhos, assim como, depósitos superficiais, poeiras, matérias mortas e soltas, por meio de trinchas e escovas muito brandas. A libertação da superfície pétrea facilitou a impregnação do desinfestante. A desinfestação foi efetuada através da aplicação de um fungicida/algicida composto por amónio quaternário, numa concentração baixa, na ordem dos 3%, em água destilada, por meio de aspersão, com 2 semanas de cura. A sua remoção foi executada através de uma limpeza mecânica com água nebulizada de baixo caudal. Sabendo que a limpeza é seguramente uma das tarefas mais delicadas e complexas de um processo de conservação e restauro, tornou-se necessário 27

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definir os critérios de limpeza, decidindo que esta deverá ser um processo lento, controlado e gradativo, recorrendo a janelas de limpeza, respeitando a patine natural, como indicador.

Mamoa 1 do Taco. Aplicação do biocida no esteio 3.

Mamoa 1 do Taco. Limpeza do esteio 3.

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Fixação da superfície pétrea A fixação foi efetuada em zonas de destacamento do material pétreo, onde se evidenciavam plaquetas e lascagem. Esta ação confere maior estabilidade e resistência mecânica, permitindo a restituição física da superfície pétrea dos esteios. Para este tratamento optou-se por uma resina que possuísse uma estabilidade química elevada, grande resistência à água e aos solventes, considerando a sua fluidez, flexibilidade e resistência ao calor. Todos os procedimentos de fixação foram efetuados por meio de injeção, para que a penetração fosse executada convenientemente e que preenchesse todo o espaço vazio.

Mamoa 1 do Taco. Fixação do esteio 3.

Esteio 1 O esteio 1 por se encontrar caído e fraturado foi submetido a tratamentos particulares como colagens de fragmentos e recolocação no seu local original. A colagem de fragmentos foi previamente ensaiada para minimizar os erros de encaixe estudando os diversos pontos de contacto, sobretudo nas superfícies de fratura onde havia perda de material. A escolha da resina a aplicar excluiu totalmente as resinas acrílicas por serem polímeros termoplásticos, e as resinas poliéster que apesar de existirem algumas termoendurecíveis como as epóxidas, as suas propriedades adesivas e mecânicas, são relativamente baixas não conferindo bons resultados. Assim a nossa escolha recaiu por uma resina epóxida pela sua elevada estabilidade química, grande resistência à água e aos solventes, mas sobretudo pela ótima resistência mecânica (compressão, tração e flexão) e pelo excelente poder de adesividade à maioria dos substratos, sendo estes considerados adesivos estruturais.

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A viscosidade foi sendo manipulada através da quantidade de carga adicionada, consoante a especificidade de cada colagem, sendo posteriormente exercida pressão através de sistemas de torniquetes.

Mamoa 1 do Taco. Colagem dos fragmentos do esteio 1.

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A recolocação foi um processo bastante refletido, considerando que a base onde se encontrava, mostrou-se pequena para a largura que o esteio possuía. Com os novos dados relativos á sua estrutura, tendo em conta os novos fragmentos pertencentes ao topo e simultaneamente com a descoberta das suas gravuras, considerou-se que a sua posição correta centrar-se-ia cerca de 200 a 250 para a sua esquerda. A sua configuração, consequentemente também se modifica, adquirindo um formato retangular. A recolocação pressupôs a escavação da base, onde se estabilizou o esteio com material pétreo e argamassa de cal, protegendo a base do esteio com manta geotêxtil. Micro-estucagem A micro-estucagem é uma componente de sacrifício que garante a selagem em zonas de colagens, destacamentos, fraturas e fissuras protegendo o material pétreo e evitando a penetração de água e de qualquer tipo de sujidades, podendo, estes dois fatores estimular o aparecimento de microrganismos. A argamassa utilizada foi constituída por cal hidráulica natural, pó de pedra e sílica (1:1:1). Foi aplicada em zonas onde se verificavam plaquetas, lascagem, destacamentos, fissuras, lacunas de superfície pétrea, reentrâncias no suporte, e em locais onde se verificava a possibilidade de acumulação e penetração de água. Foi ainda necessária a sua tonalização, requerendo a pigmentos sintéticos. A paleta de pigmentos utilizados incidiu nos tons semelhantes aos que cada esteio apresentava, variando pelo verde oliva, ocre, terra natural e terracota. 3.4 Considerações finais Após os trabalhos de conservação e restauro consideramos que, apesar de algumas situações não terem correspondido ao expectável, as intervenções nas Mamoas do Taco decorreram em conformidade com o projeto proposto. Julgamos que tenha sida um projeto desafiante e ousado, onde se pretendeu devolver ao monumento a sua dignidade e integridade física, restituindo a sua configuração original. Pretendeu-se, desmitificar o conceito errado concebido, habitualmente, pelo público em geral, em relação ao património megalítico, criando formas mais simples para a compreensão deste tipo de monumentos, superando a ininteligibilidade de estruturas arqueológicas. A monitorização após os trabalhos concluídos é essencial, para avaliação das ações executadas conferindo a adequação e o comportamento dos materiais. Porém é fundamental o papel das entidades responsáveis para a futura manutenção, como a Autarquia de Albergaria-a-Velha, a qual pretendemos enaltecer pelo seu investimento no estudo do seu passado e na sua história, por ter salvaguardado os terrenos onde estão as Mamoas e por ter permitido esta intervenção que transformou aquele conjunto num pequeno centro interpretativo. Considerando que a memória coletiva é insegura e frágil, obrigando à existência de um suporte efetivo que permita a criação de vínculos, com o passado (Machado, 2005), é fundamental a implementação de diversos mecanismos de conservação, como um meio de

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valorização, tornando o passado percetível, unindo-o a um futuro, com a continuidade e identificação no tempo.

Vista geral da Mamoa 1 do Taco. Foto: J. Pinto.

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Vista aérea dos dois monumentos. Foto: Sérgio Pereira | Que Cena.

4. TRABALHOS DE ARQUEOLOGIA: resultados preliminares Embora este texto privilegie a descrição dos trabalhos de restauro e de valorização, não queremos deixar de apresentar sucintamente uma resenha dos resultados obtidos com os trabalhos arqueológicos. Os trabalhos de limpeza e reescavação arqueológica das mamoas 1 e 3 do Taco realizadas entre 2014 e 2015 permitiram a obtenção de importantes resultados para o estudo do megalitismo regional. Efetivamente, embora o objetivo principal destes trabalhos fosse o restauro e a valorização destes dois monumentos, ao abandono desde 1985/1986, a verdade é que os resultados das ações de limpeza, escavação e redefinição das estruturas e contextos arqueológicos, permitiu a identificação de novas realidades e uma nova leitura e reinterpretação da história destes monumentos. Assim, gostaríamos de sublinhar alguns aspectos particulares destes monumentos que ganharam nova expressão com os trabalhos realizados em 2014/2015. O primeiro ponto a sublinhar é que, apesar de ser uma tarefa difícil e, por vezes, ingrata, a reescavação de um monumento/sítio pode revelar dados novos e muito interessantes. Não queremos, desta forma, tirar o mérito dos trabalhos anteriores, mas sim valorizar as novas abordagens, os novos olhares, que, no fundo, vêm atestar a arqueologia como ciência e, como tal, a evolução de metodologias, de paralelos, de conceitos e de abordagens.

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As intervenções de 2014/2015 permitiram perceber melhor as arquiteturas funerárias das mamoas 1 e 3 do Taco, que sublinham, de uma forma evidente, o acentuado polimorfismo a uma escala supraregional tanto nas expressões mais antigas dos finais do Vº/ inícios do IVª milénio ao IIº milénio a. C. Assim, em jeito de conclusão, podemos sublinhar que os monumentos do Taco possuem características arquitectónicas pouco comuns, ou mesmo inéditas, que os tornam referência obrigatória nos estudos de megalitismo.

Mamoa 1 do Taco. Levantamento fotogramétrico. 2016. (Hugo Pires).

Um primeiro aspecto prende-se com o diâmetro extremamente anormal das mamoas. Repare-se que a mamoa 1 apresenta 34 m de diâmetro tendo ao centro uma câmara funerária com esteios relativamente pequenos que ocupa uma área de pouco mais de 9 m2. Cenário semelhante teria a mamoa 3. Um outro aspecto interessante em relação aos tumuli do Taco é que, talvez pelo seu exagerado diâmetro, acreditamos que o seu topo fosse aplanado e não cónico como é comum observar-se. De facto, estes dados são a prova evidente que os tumuli assumiam um cariz fortemente simbólico. Só assim se justifica que as 34

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comunidades construtoras dos megálitos tenham transportado cerca de 1200 toneladas de terra e pedras para a construção da mamoa 1 e cerca de 1000 para a mamoa 3. Foi um esforço enorme que exigiu a conjugação de forças certamente de toda a comunidade. Isto sem já considerar o esforço despendido para o transporte das lajes em xisto das câmaras desde a Serra do Socorro que dista cerca de 3 Km. Um outro aspecto extremamente interessante pela sua raridade, pelo menos a nível regional, é o facto do dólmen 1 do Taco e, muito certamente, também o dólmen 3, não possuírem estrutura de contrafortagem dos esteios2. Efetivamente, mesmo tendo como certo que os esteios pouco ultrapassariam primitivamente os 2 m de altura, seria natural possuírem contrafortes, como aliás se pode observar em todo o mundo funerário megalítico peninsular.

Mamoa 3 do Taco. Levantamento fotogramétrico. 2016. (Hugo Pires).

Um dos dados mais importantes resultantes da intervenção de 2014/2015 prendese com a identificação de um conjunto de motivos gravados em todos os esteios do dólmen 1 do Taco, a maioria inéditos, que vêm suscitar novas visões sobre este importante assunto. Igualmente extraordinário foi o achado incluso nas terras do tumulus de um elemento dormente de moinho manual com pigmentos de coloração vermelha nas faces. Este achado indicia o uso de colorantes em determinado momento da vida do monumento, fosse na 2 Dentro dos poucos casos conhecidos, podemos referir a cista megalítica da Mamoa 2 do Juncal, Manhouce, S. Pedro do Sul (SILVA, 2001: 16, nota 30).

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pintura dos esteios, dos corpos inumados ou no simples depósito no chão do monumento como aliás foi, por exemplo, observado na Mamoa 1 do Calvário, em Escariz, Arouca, localizada apenas cerca de 40 Km a norte (Silva, 1987a: 33). Se os resultados obtidos na Mamoa 1 do Taco foram extremamente relevantes para o conhecimento das práticas funerárias do Neolítico desta região, não menos excecionais foram os dados conseguidos na Mamoa 3. Referimo-nos essencialmente à identificação de um conjunto de complexas estruturas relacionadas com o segundo momento de utilização do monumento, que terá acontecido no IIIº milénio a. C. Extremamente complexas e de difícil interpretação, estas estruturas refletem, acima de tudo, uma nova postura perante a morte. Assim, e tendo em consideração essencialmente os dados do capítulo 6.2.2.2.1., avançamos com a hipótese de, provavelmente nos finais do IIIº milénio a. C., o espaço central onde estava construída a câmara funerária megalítica do neolítico, ter sido profundamente remodelado. Estas novas comunidades, muito provavelmente de metalurgistas, destruíram a câmara megalítica, selaram todo esse espaço com terra e milhares de lascas em xisto, e em seu lugar criaram um novo espaço cenográfico composto por um murete de planta subrectangular e duas fossas escavadas no substrato de base onde colocariam, muito provavelmente, as inumações. A forte carga simbólica deste recinto lítico é sublinhada pelo achado de um conjunto de seixos quartzíticos, integrados na sua estrutura. 5. PROMOÇÃO E DINAMIZAÇÃO Junto dos monumentos foram colocados dois painéis com informação escrita e gráfica direcionada para todos os públicos, com textos bilingues (português/inglês). Foi igualmente feita uma brochura promocional com textos e imagens apelativas (Carvalho, 2016). Para melhor chegar a todos os públicos, e uma vez que a explicação das estruturas da Mamoa 3 do Taco é extremamente difícil, optámos por conceber a ilustração dos dois momentos de uso do monumento (anyforms design). 6. BIBLIOGRAFIA AIRES - BARROS, Luís, (2001), “As Rochas dos Monumentos Portugueses - Tipologias e Patologias”, IPPAR, nº3, 2º Vol. Lisboa. ARAÚJO, Maria da Assunção Ferreira Pedrosa de (1991). Evolução geomorfológica da plataforma litoral da região do Porto, Dissertação apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Disponível em: http://web.letras.up.pt/asaraujo/Trabalhos/09%20tese%20com%20fotos%20protegida.pd f CARVALHO, Pedro Sobral de (2016), Taco a Taco: a história de 2 monumentos, Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha. CRISTELO, Nuno (2001), Estabilização de solos residuais graníticos através da adição de cal, Dissertação para obtenção do grau de mestre em Engenharia Civil – Escola de Engenharia da Universidade do Minho.

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