As Moedas da Bíblia

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As Moedas da Bíblia Stan Hudson Poucas recordações tangíveis do cotidiano bíblico tem visto pouca mudança sobre os séculos como tem as moedas. Exceto para produções técnicas, as moedas tem recebido pouca melhora em conceito desde os tempos bíblicos. A importância do ouro e prata como um meio de troca foi extensivamente conhecido, é claro, inclusive antes da invenção das moedas. No Antigo Testamento encontramos referencias para tal uso. A riqueza de Abraão foi medida em ouro, prata e gado (Genesis 13:2). Quando metais preciosos significavam dinheiro eles eram formados em ingotes ou cunhas (tal como a cunha de Acã de Josué 7:21) e anéis maiores, fáceis de transportar (os pacotes de dinheiro de Genesis 42:35). Esse uso tardio está preservado na palavra kirkar, ou talento, significando “circular” ou “anelar.” Antes que as moedas em formas e tamanhos padrão fossem inventadas, pagamentos eram determinados por pesos. De fato, os termos “pagar” e “pesar” eram expressados por uma palavra shaqal. Desse verbo tomaremos a palavra shekel (ou mais precisamente, sheqel), o qual veio a denotar um peso aproximadamente de 12 a 14 gramas. Pelo tempo de Salomão pesos de pedra fora padronizados, alguns com inscrições de valores, eram usados para determinar o preço de metais preciosos em transações de troca. Salomão advertiu contra a prática do engano por usar mais de uma medida de peso (Provérbios 20:23).

As Primeiras Moedas Heródoto atribuiu precisamente a invenção da cunhagem de moedas aos Lídios, uma nação pequena mas endinheirada no oeste da Ásia Menor. As primeiras moedas, cunhadas por volta de 640 AC, foram cunhadas em electrum, uma fundição ocorrida naturalmente de ouro e prata, originalmente pensava-se ser um elemento em seu próprio direito. Mais tarde somente o ouro foi usado; a prata seguiu no tempo de Croesus (metade do sexto século BC). Essas diminutas moedas eram de estilos similares, tendo cada uma a figura grosseira de um animal (frequentemente um leão) ou desenhos geométricos sobre um lado, e uma estampa profunda, ou fundida, impressões sobre a outra.

As Moedas Persas e Gregas Quando, em 547 AC, Ciro tomou Sardes, e toda a Asia Menor se tornou de possessão Persa, os Persas rapidamente viram as vantagens da moeda. Dario I (Hystapsis) (521-486 AC.) introduziu o ouro dárico, talvez nomeado mais tarde por ele mesmo, e sua contraparte prateada, o siglos. Essas moedas foram as primeiras em representar um ser humano (o rei emergente). O dárico é mencionado no Antigoo Testamento em Esdras 2:69 e 1 Cronicas 29:7, e é provavelmente a moeda mencionada em Esdras 8:27 e Neemias 7:70-72, ainda que palavras diferentes sejam usadas. Também, o shekel de Neemias 5:15 pode referir-se ao siglos. Essas são as únicas referências a moedas do Antigo Testamento. Pelo final do quinto século AC as moedas estavam sendo produzidas em Gaza, Aradus, Tiro e Sidom, mas os persas merecem os créditos por introduzir a cunhagem em Israel. Pequenas moedas de prata, talvez cunhadas localmente, existem com a palavra Yehud, o nome persa para a província da Judéia, inscrita em aramaico. Estas foram cunhadas no quinto e quarto séculos AC.

Lídia, sétimo século A.C., 1/48 estáter (tamanho: 5 mm; note seu tamanho quando comparada com uma moeda de dólar de 10 centavos).

Uma moeda de interesse em particular mostra uma cabeça barbuda em capacete coríntio sobre o anverso, e uma divindade entronizada sobre o reverso. Dado que verter o deus de uma nação conquistada sobre a cunhagem local era uma pratica persa comum, pensa-se geralmente que essa divindade é nenhuma outra que uma representação persa do Deus dos Judeus (baseado, talvez, sobre a visão de Ezequiel), e dessa maneira, única em cunhagem. A raridade da moeda sugere sua impopularidade na Judéia.

Judaea Province (Persia), quarto século A.C., “Deus dos Judeus” (Cortesia do Museu Britânico, 15 mm).

Com a entrada de Alexandre III (o Grande) veio o padrão Ático de cunhagem, consistindo na drachma. Alexandre estabeleceu dúzias de casas da moeda através de seu império. Acre, mais tarde chamada de Ptolemais, se tornou a casa da moeda para a palestina. A cunhagem de Alexandre se tornou um padrão por séculos. Sobre o anverso de sua drachma e tetradrachma estava representado Hercules (ou Alexandre como Hércules), e no reverso, figuras de Zeus sentado. O já antigo costume de colocar uma “marca d’agua” sobre o reverso foi continuado. A inscrição usual consistia de Alexandrou – isto é, de Alexandre (dinheiro). A qualidade dessas moedas era excelente;

elas foram populares e frequentemente falsificadas. Os seguintes governantes Selêucidas e Ptolomeus, continuaram usando estilos e pesos similares.

Seleucida Siria, segundo século A.C., dracma (17 mm).

As Primeiras Moedas Judias O mais antigo governante judeu a cunhar moedas foi Alexandre Yannai (Janeu) 10478 AC. Por razões de dependência política e condições econômicas pobres, essas moedas foram cunhadas somente em bronze. Moedas judias de prata não foram feitas até o período da primeira revolta judaica, AC 66-70. As moedas judias nunca foram feitas em ouro. Ambos em estilo e em peso a primeira moeda de Yannai assemelhava-se a uma antiga moeda cunhada em Jerusalém entre 132 e 130 AC pelo governante selêucida Antioco VII (Sidetes). Era um pouco menor que um centavo americano e portava um lírio sobre o anverso, com uma ancora sobre o reverso. As moedas de Yannai tinham ambas inscrições hebraicas e gregas. Os hasmoneus conservaram a escrita hebraica sobre as moedas, mais como clássico, ainda que menos comum, que o aramaico falado.

Jerusalem, Alexander Jannaeus, c. 100 B.C. (14 mm).

As Moedas de Herodes Herodes o Grande (37-4 A.C.) manifestou seu desejo por fortalecer os elementos estrangeiros na Judeia por meio de suas moedas. Somente inscrições gregas foram usadas, uma prática copiada por seus filhos. O caráter militar de seu reinado também aparece sobre suas moedas em símbolos tais como escudos, capacetes e buques de guerra. Não obstante era tomado muito cuidado para não ofender seus súditos judeus. Herodes fez a única moeda até então produzida por um judeu para judeus representando

um ser vivente (contrariando o segundo mandamento). A pequena moeda de bronze portava a figura de uma águia – provavelmente a mesma figura aguiar, erigida em estilo romano padrão no pátio do Templo, que causou um motim ao fim do reinado de Herodes. Assim que, podemos datar essa moeda por volta do tempo do nascimento de Cristo – 5 ou 4 AC.

Judéia, Herodes o Grande, c. 5 A.C., “imagem gravada” (13 mm).

Arquelau (Judéia, Samaria e Idumeia), Antipas (Galiléia e Perea) e Felipe (Itureia, Traconites e outros territórios) continuaram cunhando moedas de bronze de tamanhos variados, todas levando ambos os nomes de Cesar e deles mesmos. Mais tarde Herodes mostrou menos e menos favor para com os judeus sobre suas moedas, preferindo imitar as moedas romanas.

Moedas dos Procuradores Romanos Depois que Herodes Arquelau foi banido da Judeia, os procuradores romanos governaram seu território desde 6 a 41 AD e novamente de 44 a 66 AD. Esses governantes cunharam pequenas moedas de bronze de tamanho uniforme, copiando estas dos Hasmoneus e dos Herodes. Foram duas dessas moedas, ou dos Hasmoneus, Herodes, ou dos procuradores que a viúva pobre de Marcos 12:42 lançou no templo na caixa de ofertas. Tal moeda era chamada de prutah em Aramaico, essa palavra seria desconhecida aos leitores não judeus de Marcos. De fato, ele usou a palavra lepton, a qual significa “algo insignificante ou minúsculo.” Então ele acrescenta, “que corresponde a um centavo,” isto é, um quadrante romano, a menor das moedas romanas, para mostrar o quão monetariamente insignificante era a oferta da viúva. Os procuradores não estavam permitidos em cunhar moedas portando seus proprios nomes. Afortunadamente, no entanto, as moedas são datadas; e juntamente com os nomes dos Césares e outros registros históricos, podemos determinar o procurador que a cunhou. O infame Pôncio Pilatos (A.D. 26-36) fez três moedas de dois desenhos diferentes. Ou ele era ignorante do sentimento religioso dos judeus ou ele não se importava, posto que suas moedas portam notavelmente símbolos pagãos – o littus (varita de pressagio) e o simpulum (colherzona de libação). Antonius Felix (AD 52-59/60) cunhou duas moedas de diferentes desenhos. Uma moeda portava ramos de palmeiras cruzados, a outra cruzava escudos de guerra. Interessantemente, a última é a mais comum dos dois tipos. Um terceiro tipo, tendo um molho de cevada tem sido usualmente atribuída a Felix, mas agora alguns pensam que Porcio Festo (A.D. 58 ou 60–62) pode ter cunhado esse tipo pouco depois de chegar em Cesareia para substituir Felix. Se produzida por Felix ou Festo, essa moeda, cunhada em

Cesareia, a capital romana da Judeia, era corrente enquanto Paulo estava aprisionado em Cesareia. Dado que estas pequenas moedas de bronze (lepta) eram usualmente mal cunhadas e tinham beiradas irregulares, frequentemente com bordas afiadas, a referência de Jesus em Lucas 12:33 para “bolsas que não se tornem velhas” (isto é, bolsas de couro que não se gastem) é mais compreensível. Não demoraria muito para que estas moedas desgastassem qualquer bolsa de couro em que estavam.

Cesareia, Procuradores Romanos, A.D. 12-58: (1) M. Ambibulus (16 mm); (2) V. Gratus (16 mm); (3) P. Pilatos (16 mm); (4) P. Pilatos, reverso, com “LIZ” date (16 mm); (5) A. Felix (17 mm); (6) P. Festo (17 mm).

Moedas Nomeadas no Novo Testamento Sete moedas são mencionadas pelo nome no Novo Testamento – o lepton (Marcos 12:42, Lucas 12:59; 21:2); três moedas de prata gregas, a dracma (cap. 15:8), a didracma (Mateus 17:24), e o estáter ou tetradracma (verso 27); o quadrans (cap. 5:25; Marcos 12:42); o assarius (Marcos 10:29; Lucas 12:6); e o denarius (Mateus 18:28, 20:2, 9, 10). Mina e talento são termos monetários usados no Novo Testamento mas eles se referem mais a pesos de prata do que moedas. A dracma é uma moeda inusual dos tempos de Cristo. O denário romano substitui por longo tempo as moedas selêucidas/gregas e era seu equivalente. Pensa-se que talvez a moeda (mencionada somente em Lucas 15:8) era uma dracma capadociana, figurando o busto de Tibério, dado que essas moedas são encontradas na Palestina e eram contemporâneas com a história de Jesus e a história da mulher e sua moeda perdida. Eu penso no entanto, que a moeda era selêucida. A referência de Jesus parece ser para porção do dote da noiva conservado de uma boda. Tais moedas seriam passadas de mãe para filha e explicariam tanto como a presença de uma moeda não largamente em corrente circulação e o desespero da mulher. A didracma e a tetradracma (atualmente estáter) são referencias a moedas de prata da cidade de Tiro, usadas nos negócios do Templo. Os estateres eram iguais aos shekels, e porque os judeus estavam proibidos de emitir suas próprias moedas de prata, eles eram forçados a usar moedas dessa cidade mercante. Ironicamente, as moedas levavam a imagem do antigo rival de Israel, Baal. Cambistas estavam disponíveis para prestar serviço, trocando moedas estrangeiras em moedas tirenses por um percentual. Judas foi pago com trinta estáteres. Os quadrans e os assarius eram moedas do Imperio Romano significando que circulavam através de todo o Império. Do tamanho de um centavo dos Estados Unidos, o quadrans levava os símbolos religiosos, enquanto o assarius, maior, usualmente figurava o imperador. A versão King James traduziu ambas as moedas como centavo (Mateus 5:26; 10:29; Marcos 12:42; Lucas 12:6). De longe a moeda mais frequentemente mencionada da Bíblia é o denário. Mencionado sessenta vezes. O denário era uma moeda de prata do tamanho de uma moeda de dez centavos americano e valia dez assarii. Essa é a moeda traduzida como “penique” na versão King James. Taxas civis tinham que ser pagas nessa moeda. Judeus piedosos questionaram a moralidade tal ato.

Moedas das Revoltas Judaicas Quando os judeus se revoltaram contra Roma em 66 A.D., eles imediatamente fundiram todas as moedas de prata tiras nos cofres do Templo (e talvez o denarii em circulação também) e cunharam as primeiras moedas judias de prata. Esses shekels e meio shekels tinham um cálice no anverso, e frutos no reverso. Moedas de bronze foram cunhadas também com designs similares.

Jerusalém, primeira revolta, “Ano Quatro” (A.D. 69), 1/8 shekel (20 mm).

Essas moedas levavam slogans revolucionários tais como “A Liberdade de Sião,” e foram datadas de acordo com o ano da revolta – “Ano Dois” (A.D. 67) ou “Ano Quatro” (A.D. 69). Pela primeira vez desde os hasmoneus as inscrições estavam totalmente em hebraico. A segunda revolta, A.D. 132-135 (dirigida por Bar Kochba), novamente viu os judeus fundindo moedas em prata e bronze. Durante esse período, as moedas foram cunhadas sobre as moedas romanas existente, frequentemente algo do desenho original à mostra. Como os judeus planejaram, isso enfureceu os romanos. O shekel dessa revolta é a única moeda da antiguidade a representar o Templo judeu em Jerusalém. Dado que o Templo havia sido destruído pelos romanos uns sessenta anos antes, datar essa moeda foi, por um tempo, um problema. Pensa-se agora que o desenho significava evocar os abusos passados dos romanos e infundir nos judeus indignação moral e coragem para a batalha. Dessa maneira o antigo mundo das moedas, envolvendo política, religião, e cultura dá aos modernos estudantes uma visão interessante da vida cotidiana nos tempos bíblicos.

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