As músicas das aberturas dos animes: Um estudo sobre as influências em seu processo de escolha.

July 27, 2017 | Autor: Jessica Leonel | Categoria: Japanese Popular Culture, Anime, Consumo, Animação, Cultura Pop Japonesa, Abertura de Anime
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As músicas das aberturas dos animes: Um estudo sobre as influências em seu processo de escolha. Jessica Leonel Costa Sol Faria ([email protected]) Guilherme Castro ([email protected]) Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix

Resumo Este artigo traz uma breve história dos desenhos animados japoneses (anime) e da música japonesa. Irá falar da música das aberturas dos animes, situá-las historicamente e estudar as mudanças de condições que possam ter influenciado o seu processo de escolha. Este artigo também faz uma análise a partir de uma coleta de dados em alguns fóruns, visando mostrar se os fãs dos animes notaram a mudança que a abertura dos animes sofreram durante os anos e quais os impactos que estas tiveram sobre os mesmos. Palavras-chaves: Animação japonesa; cultura pop; abertura de anime; música japonesa; consumo. Abstract This article provides a brief history of Japanese cartoons (anime) and Japanese music. It will talk about the music of the anime’s openings, situate them historically and study the changes in conditions that may have influenced their choosing process. This paper also makes an analysis from a data collection in some forums aiming to show if anime fans have noticed the change that opening animes suffered over the years and what impacts they have had on fans. Key-word: Japanese animation; pop culture; anime opening; Japanese music; consumption.

Introdução Anime no Japão são desenhos animados feitos dentro e fora do Japão. Fora do Japão, anime é um termo utilizado quando nos referimos de desenhos animados nipônicos que normalmente são baseados em histórias em quadrinhos, os chamados mangás. Eles possuem características marcantes no traço como olhos grandes, exagero de expressões faciais e, além disso, ocorrem em diversos gêneros como comédia, romance, fantasia, ação e aventura. (FARIA, 2007). Nos animes, assim como em filmes e séries, existem trilhas sonoras ao longo dos episódios. Essas trilhas são denominadas de anime songs ou anisong, que além de serem as canções presentes nos animes, são também os temas de tokusatsu (filmes ou séries com atores) e games (NEGADO, 2011). Do mesmo modo que uma trilha sonora é feita para emocionar (CARRASCO, 2010), as trilhas dos animes mexem de alguma forma com quem está escutando e assistindo. Ela traz uma sensação nostálgica, e mexe com as emoções e sentimentos dos fãs do anime, principalmente em suas aberturas e encerramentos (NUNES, 2012). Assim, os anisongs costumam ser uma parte importante e marcante para os telespectadores.

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Na abertura de um anime é comum passar um resumo da temporada, mostrar os personagens, seus poderes, seus inimigos, seus aliados e o que irá acontecer no decorrer da história. A música costuma complementar essas informações visuais e também ajudam a ressaltar o enredo do anime. Se o anime é tenso, de suspense, a música também é; se o anime é de comédia e ―engraçadinho‖, a música também tende a seguir esse contexto. A articulação entre sons e imagens no filme ocorre em dois níveis. O primeiro deles é o dramático/narrativo. A música é parte da articulação dramático-narrativa do filme. Em outras palavras, ela é um dos elementos usados para se contar a história. (CARRASCO, 2010, p. 1) Hoje, portanto, a peça audiovisual é entendida como uma composição complexa, percebida pelo espectador como uma unidade em que sons e imagens não se apresentam como dois conjuntos dissociados, mas como uma mensagem única. Essa interação foi chamada de "contrato audiovisual", pelo teórico Michel Chion, um dos principais autores de trabalhos sobre o assunto. (CARRASCO, 2010, p. 1).

Com o passar do tempo, é possível notar algumas diferenças nos anime songs: a relação abertura/música começou a se distanciar. O que antes era música para o anime começou a ser uma música mais dissociada do enredo, sem muita relação direta com o mesmo. Hoje, mesmo que a música seja feita para o anime, sua composição e performance é realizada por uma banda e a música passa a ser conhecida pelos fãs dos animes como ―a música da banda‖ e não como ―a música do anime‖. Isso parece demonstrar outros interesses, como as questões econômicas que tangem a indústria cultural. Segundo Adorno, na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Industria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel específico, qual seja , o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema. (SILVA, 2002, p. 1)

É nesse contexto que se insere esta pesquisa: um mapeamento das questões que cercam esse processo de escolha das anisongs e seu impacto junto aos fãs. Essa pesquisa foi feita através de análises bibliográficas tendo como principais referências Mônica Rebecca Ferrari Nunes (2012), Mônica de Faria (2007), Cristiane A. Sato (2007), Alexandre Negado (2011) e Giuliano Peccilli (2008). Junto a isso, foram feitas consultas em fóruns para saber o que as pessoas acham sobre essa mudança, bem como uma análise sobre alguns animes escolhidos: Dragon Ball (1986), Samurai X (1996), Panda kopanda (1972), Speed Racer (1967) e Bleach (2004); que foram escolhidos devido à familiarização que possuo com os mesmos, a maior facilidade de encontrar informações e também, devido à diferença de aproximadamente uma década entre a data de lançamento deles, o que ilustrará a mudança que ocorreu ao longo desse tempo.

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Breve Histórico sobre os Animes Os japoneses começaram os experimentos de animação graças ao cinema do começo do século XX, que estava divulgando comercialmente os primeiros trabalhos de animações vindas de Nova York e Paris, em 1909 (SATO, 2007). Então, em 1913 o artista japonês Seitaro Kitayma, utilizou como base, fábulas infantis e criou os primeiros curtas-metragens japoneses, o Saru Kani Kassen e o Momotaro (1918). (FARIA, 2007) Em busca da redução de custos na produção da animação em 1917, o desenhista Oten Shimokawa começou utilizar lousa e giz, onde ele desenhava e depois fotografava. Também começaram a utilizar menos quadros por segundos e utilizavam imagens estáticas que através do olhar dos personagens passavam a sensação de movimento (SILVA et. NEVES, 2012). A partir dos anos de 1920 o anime teve uma grande evolução técnica e artística devido à forte concorrência com cinema sonoro e a também com produções estrangeiras. Assim, em 1930, o Noburo Ofuji produziu a primeira animação sonora japonesa, o Osekisho (O inspetor de estação) (SILVA et. NEVES, 2012). Ainda na década de 30, o Japão se deparou com o início da Guerra Sino-Japonesa e o governo militarista passou a utilizar as animações como uma propaganda a favor da guerra. Logo depois teve o início da 2ª Guerra Mundial, e o governo proibiu a exibição de alguns desenhos americanos (SATO, 2007). Com o final da Segunda Guerra mundial (1945), a derrota do Japão e a instalação militar americana no país, a cultura ocidental passou a ter forte presença no oriente. E a produção das animações nacionais aumentou. Porém, os japoneses começaram a pegar as influências estrangeiras e adaptá-las, de acordo com a cultura local. ―A fórmula da produção e do consumo em massa podia ser americana, mas o produto final tinha que ser culturalmente japonês‖ (SATO, 2007). Isso também pode ser notado na música popular japonesa, que devido à influência ocidental, se desdobrou em outros gêneros como o J-pop. Até 1950 os desenhos animados eram conhecidos como dõga, mas devido à influência da palavra inglesa animation, passou a ser chamado de anime. (SILVA et. NEVES, 2012). Foi também no período pós-guerra alguns artístas se juntaram e começaram a formar vários estúdios independentes, como Shin Nihon Dõga (1945), Nihon Dõga (1947) e Toli Dõga (1950) que ficou conhecida como Toli Animation, uma das principais produtoras de anime. Osamu Tezuka (1928-1989, considerado o deus do Mangá) foi o primeiro desenhista a desenhar os personagens com olhos grandes (inspirado no teatro Takarazuká) e foi o principal difusor do anime pelo mundo de 1940 a 1970. Ele também revolucionou o modo de fazer mangá ao lançar o Shin Takarajim, que era um mangá no formato de um storyboard de

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animação. Manteve as falas em balões, mas acrescentou várias onomatopéias (SILVA et. NEVES, 2012). No Brasil os animes começaram a ser exibidos em algumas redes de televisão por volta de 1980. Mas os tokusatsu eram os que faziam mais sucesso no Brasil, como Ultraman, Spectreman, Jaspion, Jiraya que eram exibidos em TV aberta. Os tokusatsu começaram a serem exibidos em 1960 na TV tupi (FARIA, 2007). Os tokusatsu (filmes e séries feitos com atores) exibidos nessa época no Brasil possuíam músicas de aberturas do mesmo modo que nos animes, porém já tinham um caráter ocidental, como no uso de solos de guitarras elétricas. Hoje essa música japonesa ocidentalizada e derivada da música popular japonesa antiga (Enka) é conhecida como J-pop.

Do Enka ao J-pop A música Enka começou na Era Meijin (1868-1912) quando membros do ―Movimento de Liberdade e dos Direitos do Povo‖ começaram a lançar músicas que protestavam e divulgavam a causa para as outras pessoas. Mesmo em 1905 com o esquecimento do movimento, o gênero da música continuou vivo e começou a sofrer mudanças gradativamente até que se tornou popular (SATO, 2007). O gênero Enka em geral é muito dramático, possui letras tristes, melancólicas, que falam de amores não correspondidos e sofridos. A sua melodia é baseada no sistema pentatônico, o que lembra músicas do Japão antigo. Além disso, ela também possui interpretações opostas, como fala Cristiana Sato (2007, p. 271): ―homens que cantam letras que representam mulheres falando de um amor perdido, ou de mulheres que contam baladas heroicas de samurais, vestidas e gesticulando como homens‖. Após a segunda guerra mundial (1945) a música Enka começou a disputar espaço com a música ocidental e aos poucos perdeu de vista o seu público mais jovem. Isso fez com que as canções Enka da época ganhassem novas roupagens. Ganhou um ritmo mais ocidental, mas continuou com seus arranjos japoneses (na escala pentatonica) e, passou a ser conhecida como kayoukyoku, que significa música popular japonesa. Na década de 70, voltaram a chamá-la de música Enka e passou a ser regra utilizá-la em trilhas sonoras dos filmes de samurai ou de lutas de espada (SATO, 2007). Foi na década de 90 que a mudança da música japonesa começou a ficar mais nítida. Começou a fundir cada vez mais com a música pop ocidental, como a disco, hip-hop e hard rock, que estavam agradando cada vez mais aos jovens devido a sua letra mais otimistas e ritmos mais modernos. Com a venda das músicas ocidentalizadas aumentando cada vez mais

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e diminuindo a venda da música Enka, algumas produtoras começaram a rever e cancelar alguns contratos de músicos que pertenciam a esse gênero. (SATO, 2007). Essa música moderna, com ritmos ocidentais e com palavras em inglês, é a denominada hoje de J-pop (Japonese Popular Music). Cada vez mais frequente na vida dos japoneses, a J-pop passou a ser frequentemente tocada em rádios, televisões, shows, compondo trilha sonora de propagandas, programas, animes, jogos, filmes, novelas e até mesmo, como música ambiente (SATO, 2007). Essa distribuição e comercialização do J-pop também possibilitou, consequentemente, a criação de um mercado de consumo e de mercado de bens simbólicos. Onde esse bem simbólico é um produto de atividade humana ligados à vida cotidiana e/ou objetos do cotidiano, desse modo possuem significado diferente para diferentes pessoas, tornando esse produto um fato social. (BOURDIEU, 1992)

A relação Anime X Mercado de Consumo Através do anime, vários bens simbólicos de consumo podem surgir para alimentar o mercado de consumo, dentre eles os Original Video Animations (OVA), que começaram em 1980 com o objetivo de comercializar os animes em formato VHS, sem exibição prévia na televisão ou no cinema (SILVA et. NEVES, 2012). E também as próprias anisongs, com o fim de vender CDs de DVDs de bandas, além dos CDs do próprio anime. A abertura dos animes veio sofrendo algumas mudanças ao longo do tempo. Se até pouco tempo atrás as músicas de abertura tinham grande simbiose com desenho, há algum tempo que as produtoras começaram a escolher as bandas que estão na moda, a fim de atrair um público mais velho, além do infantil. Com isso o que antes possuía letras de superação, amizade, heroísmo (NUNES, 2012), hoje passou a não ter esse caráter muito presente. A partir da década de 1980, este mercado expandiu e à medida que novos títulos de animes e games foram surgindo, o termo se consolidou e mesclou com o J-pop – atraindo o público adolescente, graças aos ritmos mais próximos do rock, e não só o infantil que originalmente consumia o gênero. (NUNES, 2012.) Podemos concluir, que séries tradicionais ou para público infantil, a velha anime songs permanece ativa, como o gênero Super Sentai e séries como Pokemon. Quando o público é mais velho, o mercado toma mais cuidado na trilha sonora, selecionando artistas que estão em moda, ou que irão fazer moda, inserindo esses em animes para publico infanto-juvenil. (PECCILLI, 2008. Disponível em Acesso em 08 de setembro de 2014)

Como exemplo, temos o anime Dragon Ball (1986)1, que conta a história de um garoto, Goku, que foi criado por seu avô em um lugar distante da civilização. O avô deixa de 1

Exibição original em 26 de Fevereiro de 1986 a 12 de Abril de 1989. Direção de Minoru Okazaki e Daisuke Nishio.

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herança a quarta esfera de dragão que possuía poderes místicos que eram ativados quando as sete esferas existentes estão juntas. Graças à esfera, uma garota encontra Goku. Logo depois os dois embarcam em uma aventura e começam a procurar todas as esferas do dragão, (que estão espalhadas pelo mundo) a fim de juntá-las e libertar a criatura mística que está preza dentro delas (um dragão). E assim, poder fazer um único pedido, sem restrições, para ao dragão que aparece. A abertura do anime conta essa história e a música Makafushigi Adobenchā! (Aventura Mística) 1 faz o papel narrativo de uma trilha sonora junto com a animação da abertura. Como podemos notar na letra da música a seguir — dublada pelo estúdio Gota Mágica exibida pela emissora SBT no Brasil em 1996: Aventura Mística Vamos desvendar as esferas do dragão, Esse é o maior mistério que já vi. Vamos decifrar as esferas do dragão, O monstro desconhecido que mora ali. Vamos lá buscar as esferas do dragão, Uma viagem no rastro do sol. Vamos revelar as esferas do dragão, É força pra lutar é Dragon Ball. Tentando conquistar o azul do céu, Trazendo na mente um sonho de caçador. E uma grande armadilha preparar, Numa nuvem dourada navegar. Viver o fantástico, uma aventura, Indo de encontro ao dragão. Confiante nos desejos de vitória, Certo de que nada foi em vão. Confiante nos desejos de vitória, certo de que nada foi em vão. Vamos desvendar as esferas do dragão, Esse é o maior mistério que já vi. Vamos decifrar as esferas do dragão, O monstro desconhecido mora ali. Vamos lá buscar as esferas do dragão, Uma viagem no rastro do sol. Vamos revelar as esferas do dragão, É força pra lutar, é Dragon Ball. (Gota Mágica, 1996)

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Versão brasileira (1996) disponível em Acesso em 27 de setembro de 2014. Versão brasileira (2002) disponível em Acesso em 14 de agosto de 2014>

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Além disso, a trilha sonora também traz uma sensação nostálgica aos fãs do anime como podemos ver na entrevista feita por Mônica Rebecca Ferrari Nunes, publicada em seu artigo ―Consumo musical nas culturas juvenis: Cosplay, mundo pop e memória‖. Como sublinha Camila, ao responder sobre os motivos que levaram a banda a tocar apenas animes: ―tem a ver com infância... com a nostalgia, porque a gente toca as músicas que passaram na tevê há 10 anos. É um gosto que a gente tem. (NUNES, 2012, p. 91)

Outro anime que também possui simbiose entre a animação e a música é o Speed Racer (1967) produzido pelo estúdio de animação Tatsunoko Production. Conta a história de um piloto adolescente que dirige um carro especial, o Mach-5 e, ao mesmo tempo em que participa de corridas, ele ajuda a polícia a capturar criminosos. (SATO, 2007) Go Speed Racer1 Aí vem ele Aí vem Speed Racer Ele é um demônio sobre rodas Ele é um demônio, e ele vai perseguir alguém. Ele está ganhando de você é melhor se ligar Ele está ocupado turbinado um poderoso Mach 5. E quando as chances estão contra ele E há trabalho perigoso a fazer Você aposta sua vida Speed Racer Vai vê-lo passar. Vai Speed Racer Vai Speed Racer Vai Speed Racer, Vai! Ele está na frente e voando enquanto ele atira com seu carro na pista Ele está pisando no pedal como nunca Aventuras esperam logo à frente. Vai Speed Racer Vai Speed Racer Vai Speed Racer, Vai! (Nobuyoshi Koshibe e Yoshida Yoshiyuki, 1967, tradução de Diek Samer dos Santos2)

Já o anime Rurouni Kenshin (Samurai X)3, lançado em 1996, conta a história de um samurai que, depois de participar de uma guerra, decidiu que não iria mais matar e começou a andar com uma Sakabatou (espada de lâmina invertida) para que, quando alguém o viesse a desafiar, ele pudesse vencer sem matar o oponente. 1

Abertura em inglês disponível em Acesso em 04 de setembro de 2014. Abertura em japonês disponível em Acesso em 04 de setembro de 2014. 2 Disponível em Acesso em 08 de setembro de 2014. 3 Exibição original 10 de janeiro de 1996 a 8 de setembro de 1998. Direção de Nobuhiro Watsuki. Estúdio Studio Gallop.

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A abertura do anime1 visualmente faz a função de apresentar os personagens, seus inimigos e amigos, porém a música não acompanha a animação. A música “Freckles” da banda Judy and Mary (1991) não contém uma letra coerente com o que acontece na temporada do anime, como podemos observar a seguir. Freckles Tocar, roçando o sardo que eu odiava tanto Um pequeno vacilo, e só, e depois eu vejo realmente como são as coisas. O profundo amor que uma vez eu compartilhei com você como milagre desapareceu igual a um cubo de açúcar na água. A criança que tenho dentro de mim se horrificou como uma pequena "espinha" que me machuca. Suponho que não possa confiar neles horóscopos tolos. Eu imagino como seria se a gente fosse embora, né? Eu seria tão feliz Se isso fosse possível lembranças que eu tenho são sempre lindas na minha mente. Mas eu não posso me contentar só com lembranças, isso já não me satisfaz. Esta noite realmente deveria ser sombria Eu me pergunto por que? Eu não compreendo porque as lágrimas corriam pelo rosto dele naquela noite. Só sei que não consigo seguir vendo (Judy and Mary, 1996, tradução de Vaiper)

Essa mudança na abertura dos animes, além de atrair outro público, permitiu que as produtoras proporcionassem outras formas de consumo – junto com o consumo do próprio anime – como, a venda de camisas dos personagens e bandas favoritas, miniaturas e outros produtos derivados. Além disso, nesse mercado de bens simbólicos há produtos gerados não somente por produtoras, mas também pelos próprios fãs, como o Anime Music Video (AMV). Estes são vídeos feitos por fãs, sendo uma série de colagens de cenas de animes junto com uma música que faz o papel de trilha sonora. (BELLAN, 2011). E essas músicas utilizadas pelos fãs para fazer o AMV, provavelmente também é utilizada como referência para os produtores da trilha sonora de alguns animes, ainda quando pensamos que estamos em um contexto de mercado de bens simbólicos. Desse modo, observando o padrão de consumo de música dos fãs e utilizando esse padrão para compor a trilha sonora de um anime, diminui a chance de erro, do fã não aprovar a música utilizada no mesmo. Com a mudança na abertura para atrair outros públicos e proporcionar outras fontes de consumo, houve o aumento do consumo de CDs e DVDs das bandas, que se tornam cada 1

Disponível em . Acesso em 14 de agosto de 2014.

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vez mais conhecidas graças aos animes e AMVs, alimentando assim um ciclo onde, com a atração de um público de faixa etária maior, tem-se também uma maior diversificação dos produtos relacionados ao anime, bem como outros padrões de consumo relacionados a esse novo público. Podemos notar esse consumo das músicas da banda através do fórum de debates ―Yahoo Respostas‖. Em um tópico criado sobre o tema Anime e quadrinhos, encontramos as seguintes postagens de fãs: Qual é o nome da banda que toca as músicas temas de Death Note, a "The World" e a "What'sup"? [...]Queria ouvir outras músicas deles, porque adorei essas do anime, podem me ajudar. Obrigado! (Leonel Cordeiro) Disponível em Acesso em 25 de agosto de 2014. Como é o nome da música da 2ª abertura do Bleach? E o nome da banda que toca? A todos que responderem, obrigada! (Kuchiki May) Disponível em Acesso em 25 de agosto de 2014 Qual é o nome da banda da Abertura de One Piece, as musicas japonesas (se não for a mesma banda que canta, qual é o nome da maioria das musicas?) Abraçooo (Venancio Coelho) Disponível em Acesso em 25 de agosto de 2014. Fairy Tail ..qual o nome e quem canta a musica de abertura do anime ? tem pra baixar essa musica ..?? (luana Q.)Disponível em Acesso em 25 de agosto de 201. Alguem sabe o nome da banda do opening 4 hunter x hunter? da ova hunterxhunter nome da musica é "pray!". (Leonardo) Disponível em Acesso em 25 de agosto de 2014.

Através dessas perguntas realizadas pelos fãs dos animes, é possível notar o surgimento de interesse pelas bandas que tocam na abertura dos animes. E também o surgimento de consumo da música a partir das aberturas. Isso reforça que ouve atração de um novo público, já que animes como Death Note possuem classificação etária de 16 anos. E também colabora para que novas formas de consumo ocorrem. Partindo desse comportamento de consumo, podemos observar no anime Bleach (2004), que a trilha sonora foi provida pela gravadora Sony Music Entertainment, a qual seleciona bandas que são de seu Cast, como Yui, Orange Range, UVERworld, SID, ViViD para tocar no anime. Esse fato parece ser fruto de outros interesses econômicos, como a finalidade de divulgar um determinado artista de seu cast e/ou ter menos custos com obrigações referentes a direitos autorais. Ao que parece, a escolha dos anisongs se dava de outra forma nos animes mais antigos, como no Panda Kopanda(1972)1, que teve a abertura feita por Masahiko Satō, e 1

Episódios 01 e 02 legendados disponíveis em Acesso 14 de agosto de 2014

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Dragon Ball, que teve a sua primeira abertura produzida por três pessoas:Yuriko Mori (letra), Takeshi Ike (música), Kõhei Tanaka (arranjo) e teve a performance feita pelo japonês Hiroki Takahas 1 . Mesmo havendo também interesses econômicos nesses anime songs, eles claramente se manifestavam de maneira distinta, conseguindo manter a relação simbólica entre música e anime.

Impacto das mudanças na concepção dos fãs Embora as aberturas de animes tenham sofrido algumas mudanças durante as décadas, isso aparentemente não afetou os fãs a ponto de sentirem necessidade de comentar nos fóruns analisados. Porém algumas coisas puderam ser notadas, como a mudança de abertura de um anime como um todo. A cada temporada os animes costumam mudar a animação e a música da abertura. E isso, para a maioria dos fãs, não traz efeitos negativos: alguns afirmam que a abertura tem que mudar em toda temporada independente da anterior ser boa ou ruim. Mas alguns reconhecem que existem aberturas com as quais eles criam afinidade e, quando ocorre a troca, é difícil de acostumar. Tem que mudar toda temporada, independentemente se a abertura é ruim ou não, [...] uma das coisas mais legais do anime é a abertura, todo anime não deve ser igual Hunter x Hunter, mds a música de Hunter x Hunter já enjoou, mesmo mudando a animação, a abertura ainda é meio chata... E eu odiei quando mudaram a abertura de Death Note, a segunda abertura é só o cara gritando igual louco, eu em, achei horrível... Tipo, inicialmente quando um anime muda a abertura se a música me agradar eu vou gostar na hora, [...] então acho que vai do gosto musical de cada um. Mas a abertura também pode ter um significado sentimental dependendo do anime, por exemplo eu, eu gosto muito de Naruto, e quando meus personagens preferidos morreram, que foi o Jiraiya e o Itachi, a abertura da temporada que eles morreram é a minha preferida (eles morreram na mesma temporada) porque retrata isso na abertura, além da música ser boa, e a melhor na minha opinião, as imagens foram muito bem colocadas [...]. (Aron, 2014). Disponível em Acesso em 15 de setembro de 2014. [...] depende muito de como ficou a abertura, exemplo Death Note, quando a abertura mudou foi fod#, Bleach já não foi tanto na 4ª temporada, isso acontece porque você se apega na abertura, e quando ela muda, você ainda não se acostumou com ela. Eu gostei da mudança da abertura de Death Note porque ela representou bem o anime dali pra frente (Whats Up People!?), já Bleach meio que tirou o ânimo que havia [...] (LordAlucardSupremus, 2014). Disponível em Acesso em 15 de setembro de 2014.

Algumas aberturas recebem críticas ruins dos fãs, devido à animação mal feita, dublagem ruim, música ruim e letras sem sentido. Estas chegam até a participar de ―top10‖ ou ―top5‖ de piores aberturas de anime colocadas em sites como ―Mais de oito mil‖2, ―Notícias

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Dublador (VoiceActor) que já realizou a performance de diversas músicas de jogos e anime, além de dublar as vozes de personagens de jogos, filmes e anime 2 Disponível em < http://maisdeoitomil.wordpress.com/> Acesso em 03 de dezembro de 2014.

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de Anime‖1, ―Melhores do Mundo‖2 (MDM) e ―Tema Anime‖3. Abaixo segue um exemplo de um anime colocado no ―Top 5,5 piores aberturas de anime‖ do site MDM, que trata do anime One Piece, que foi exibido pela emissora SBT, cuja abertura sofreu varias críticas, devido ao distanciamento da abertura original. [...] mania horrível que as empresas americanas têm ao comprar os direitos de um anime é de picotar o seu conteúdo, fazer uma nova abertura (com cenas das aberturas orientais e do desenho em si) e criar uma nova música. Pois bem, e One Piece [..]) conseguiu bater o recorde de ruindade (e olha que é sempre ruim!). Colocaram um Hip-Hop (?!), com rimas imbecis, chamam o Zoro de samurai, quando na verdade ele é um espadachim (porra! Só porque é japonês e tem uma espada tem que ser um samurai?!) e na versão brasileira traduziram ―The Great Line‖ como ―A Grande Linha‖, mas esse ―line‖ em português significa ―rota‖!!! [...] (___, 2007) Disponível em http://goo.gl/C09OqS /> Acesso em 15 de setembro de 2014.

Apesar dos casos de aberturas ruins, os fãs dos animes gostam de assistir as aberturas e gostam de escutar as músicas. Mesmos que estas possam ter um aspecto comercial mais presente, os telespectadores fazem das músicas hinos, cantam em grupos, festivais de anime e compartilham em redes sociais. Assim, mesmo o J-pop sendo incluído nas aberturas, para os fãs houve uma boa aceitação como, por exemplo, os fãs do anime Bleach que comentaram no Fórum Project.com.br4. O fã Yamamoto Takeshi disse que as músicas ―São muito boas, adoro todas as musicas, sem preferência, todas são as melhores *-*‖ e L-sama comentando que o anime ―Bleach é um dos animês que possui as melhores trilhas sonoras, principalmente na parte de OSTs5 [...]‖.

Considerações Finais Durante um momento de grande dificuldade em que o Japão se encontrava — com a imposição de uma cultura ocidental (1945) e com um período em que a troca de informação começou a ser facilitada graças à tecnologia —, a nação nipônica viu sua cultura pop ser modificada aos poucos. Assim, os animes — por participarem do cotidiano da população japonesa — também foram sofrendo alterações, como as que encontramos em suas músicas, onde fora gradativamente sendo incluído o gênero J-pop. Embora a música japonesa tenha mudado e os anisong tenham acompanhado essa mudança, ficou claro durante a pesquisa foi o foco comercial que os animes e também suas aberturas começaram a ter. A indústria começou a ver oportunidades para lucrar, como por 1

Disponível em < http://pokemonredetv.blogspot.com.br/> Acesso em 03 de dezembro de 2014. Disponível em < http://melhoresdomundo.net/> Acesso em 03 de dezembro de 2014. 3 Disponível em Acesso em 03 de dezembro de 2014. 4 Disponível em Acesso em 23 de setembro de 2014. 5 Original Sound Tracks são as músicas que aparecem durante o episódio (músicas de fundo) 2

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exemplo, no anime Pokémon, que inicialmente era um jogo do console Game Boy da Nintendo, e que devido ao seu grande sucesso virou mangá, posteriormente anime e então, tornou-se um jogo de cartas. Sem falar dos inúmeros itens simbólicos como, bichos de pelúcias, música, cadernos com tema Pokémon, sabonetes, sovertes e roupas. Não que seja ruim, bens simbólicos possuem uma grande importância para os fãs, como eu pude notar nos Festivais de Animes que já frequentei, onde o consumo desses bens se dão em grande escala e pela maioria dos frequentadores. Os anime songs, também estão incluídos nesses bem simbólicos, e são consumidos em massa nos festivais onde ocorrem vendas de CDs e DVDs de bandas e dos próprios animes, além de diversas apresentações de bandas que interpretam os anisong. Devido a essa relação do anime com o mercado de consumo, das diversas oportunidades da empresa lucrar, da redução dos riscos de erro comercial e reduzir os custos na produção do anime, fez com que as anime songs das aberturas perdessem sua simbiose com o anime. A maioria das empresas responsáveis pelos anime songs estão pegando ―formas‖ de músicas que fazem parte do cotidiano japonês e que já possuem alguma relação simbólica com os mesmos, o que pode resultar na redução da qualidade simbiótica da abertura e sua música com a história do anime. O que pode ser notado nos animes Rurouni Kenshin, Dragon Ball GT, Bleach e Digimon Adventure, cuja letra da maioria das aberturas não possuem características dos animes. Os fãs dos animes podem aprovar, mas provavelmente isso se dá pelo fato da trilha sonora ter estreita relação com cotidiano e a moda. Até onde essa pesquisa pode alcançar, para os fãs brasileiros dos animes em questão, a mudança não foi significativa: o anime Rurouni Kenshin já teve sua abertura incluída em ―Top‖ de melhores aberturas como o ―Top de melhores aberturas em japonês‖ do site ―Garotas Geeks‖ 1 . A música do Dragon Ball GT – Sorriso Resplandecente – conquistou vários fãs, traz nostalgia aos mesmos sempre que escutada efoi incluída no ―Top de melhores aberturas de todos os tempos‖ também do site ―Garotas Geeks‖. A versão brasileira de Digimon trouxe uma letra que estava relacionada ao anime, diferente da original. Mesmo assim, existem alguns fãs que prefere a abertura original ou diz que as duas versões são excelentes, como o Mikasa Ackerman 2 responde no Yahoo Respostas que ―[...] ela em japonês é melhor‖. Como a pesquisa foi feita em fóruns e sites brasileiros, não pude comprovar se no Japão os fãs dos animes notam essa mudança e quais efeitos tiveram sobre a população 1 2

Disponível em . Acesso em 26 de setembro de 2014 Disponível em Acesso em 23 de dezembro de 2014.

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nipônica. Também pude notar que em alguns animes, como One Piece, não ficou claro se escolheram várias produtoras musicais ou várias bandas, devido à falta de informação disponível. De qualquer forma, essa pesquisa inicial aponta para um aspecto dessa delicada relação entre bens culturais e seus consumidores. Pela dificuldade de encontrar os dados necessários a uma pesquisa mais profunda, fica a sensação de que maiores confirmações e detalhamentos sobre esse tema ainda estão por vir.

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