As origens de alguns tracos do pensamento chines do primeiro terco do seculo XX em tres romances historicos

May 22, 2017 | Autor: P. Ferreira | Categoria: China
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Pedro Tiago Ferreira

As origens de alguns traços do pensamento chinês do primeiro terço do século XX em três romances históricos. (2012) Em Leaving the pass, Anti-Aggression e Bringing back the dead, Lu Xun utiliza uma técnica de escrita parecida com a que Benito Pérez Galdós usa nos seus Episodios Nacionales; os Episodios são romances históricos onde são narrados acontecimentos marcantes da história de Espanha entre 1805 e 1880. Para o efeito, Galdós cria um conjunto de personagens fictícias – como Gabriel, o narrador dos dez primeiros livros, que constituem a 1ª série – que interagem com personagens históricas reais, através das quais vai narrando os eventos que antecedem acontecimentos históricos como, por exemplo, a batalha de Trafalgar, em 1805, (Trafalgar) a exoneração do Rei Carlos IV e a consequente chegada ao poder de Fernando VII, bem como a chegada do exército francês a Madrid, em 1808 (El 19 de Marzo y el 2 de Mayo), ou a Batalha no campo dos Arapiles, em Salamanca, que fez cessar o domínio francês em Espanha, em 1812. (La batalla de los Arapiles) A originalidade da escrita de Galdós consiste no facto de este autor narrar eventos reais utilizando um estilo próprio dos romances ficcionais, esbatendo a distinção aristotélica entre “poeta”1 e “historiador”:

não é ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verosimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta, por escreverem verso ou prosa (...) - diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder. (Poética, 1451 ab)

Galdós, todavia, relata aquilo que realmente aconteceu, e não o que poderia ter acontecido, utilizando as técnicas próprias do escritor, e não as do historiador.

Lu

Xun faz algo semelhante nos contos que integram Old stories retold; conforme o próprio o afirma no prefácio, a sua ideia inicial, em 1922, era “to rework various stories, 1

Como é sabido, Aristóteles escreve numa tradição onde a ficção era sempre composta em verso, sendo a prosa utilizada pelos historiadores, razão pela qual Aristóteles se refere ao “poeta” e não ao “autor”; o argumento é, contudo, aplicável a todos os géneros literários, e não só à poesia.

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both ancient and modern, into short fiction.”2 Lu Xun, no entanto, nunca teve a intenção de criar uma obra monumental, ao jeito da de Galdós: “Those very detailed works, stuffed with research, every fact checked, that some deride as scholarly fiction – they’re no picnic to pull off. If instead you take one tiny scrap of fact, add a bit of colour, then extrapolate it into a story of sorts: this doesn’t take much out of a person.” 3 Desta forma, Lu Xun chega a um equilíbrio entre história e ficção, diferente do de Galdós, por um lado, visto que este põe grande ênfase na realidade histórica, ao passo que Lu Xun parece apenas partir de acontecimentos reais, envolvendo-os em fantasia; por outro lado, tal como Galdós, Lu Xun usa a ficção para narrar, tanto de uma forma crítica como de uma forma esteticamente apetecível, acontecimentos reais, embora o próprio provavelmente discordasse desta segunda intenção que lhe atribuímos dado que, ainda no prefácio, Lu Xun faz uma espécie de declaração de princípio, ao afirmar que “most of the pieces are only sketches, and certainly not literary fiction.”4 Esta é uma opinião arrojada, cuja valia não cabe aqui discutir. Tenha-se, em todo o caso, presente a questão formulada por E.D. Hirsch a propósito deste assunto: “On what grounds is it true to say that value is an essential property of literature, and that valuation is therefore an essential element of description?”5 Por outras palavras, saber se é condição necessária para se classificar um texto como literário que este tenha valor, por ser esteticamente agradável, por levantar questões morais polémicas, por criticar opções políticas (contemporâneas ou antigas) ou por qualquer outra razão, é uma contenda polémica, aberta desde há muito tempo e cujo fim não parece estar à vista. Assim sendo, não é pelo facto de Lu Xun não classificar estes contos como “ficção literária” que eles deixarão de o ser, dado que cada crítico terá os seus critérios de avaliação, não existindo consenso, no mundo da teoria literária, sobre que tipos de textos são obras literárias. O que Lu Xun parece marcadamente querer fazer é criticar a forma de pensar da sua sociedade, explorando, nos contos em análise, as origens de alguns hábitos sociais ou superstições que, na sua opinião, a enfermam. O autor, aliás, assume, no prefácio de Outcry, ser seu desiderato mudar a mentalidade chinesa através da literatura e das artes: “The first task was to change their spirit; and literature and the arts, I decided at the time, were the best means to this end. And so I reinvented myself as a crusader for

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LX, p. 295. LX, p. 296. 4 LX, p. 296. 5 Hirsch, p. 319. 3

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cultural reform.”6 Uma das maneiras de alcançar este objectivo é, precisamente, indo às raízes daquilo que Lu Xun considera ser o problema, criticando os pensadores da antiguidade, através de algo parecido – não igual, dado não haver detalhe semelhante ao utilizado por Galdós, por exemplo – com o romance histórico, de forma a fazer com que os seus leitores se apercebam que muitos dos pressupostos que os orientam nas suas vidas são resultado de um pensamento milenar que, no entanto, estagnou no tempo, e não se coaduna com a sociedade do final do século XIX/início do século XX. A mensagem que Lu Xun parece querer passar é a de que continuar a aderir ao pensamento de Confúcio,7 em pleno século XX, traduz-se em atraso cultural, o que se repercutirá nas demais áreas do conhecimento – na medicina, no Direito, na ciência política, na indústria, etc. –, e resultará numa desvantagem política e económica em relação ao Ocidente. O desdém que Lu Xun nutre por Confúcio começa por ser manifestado em Nostalgia, onde o narrador participante confessa que a invasão seria, por si, vista com bons olhos, na medida em que “when the Long Hairs were about to descend on us, my teacher had left; the Long Hairs, I therefore reasoned, were a force for good.”8 O professor representa Confúcio – o conto começa com a exegese feita aos Analectos – e, inerentemente, aquilo que está mal com o ensino contemporâneo, que molda a cabeça dos futuros líderes, cujas políticas perpetuarão a miséria em que o povo vive. O povo, por seu turno, não tem como reagir perante tal situação, visto que “(He who) conducts government by (his) virtue may be compared to the northern constellation, (which) remains in its place, and all the stars bend towards it. (…)When a Prince rules by his moral character transformation results without activity on his part, people believe him before he speaks, and without effort all succeeds well.”9 O pensamento de Confúcio é, em grande parte, responsável pelo status quo, dado que impede o povo de reagir contra os seus líderes, encarados como seres perfeitos, – a virtude moral do líder torna-se insindicável a partir do momento em que a crença nele, independentemente do que ele diga (e antes de o dizer), se torna um pressuposto da sua governação – o que leva o 6

LX, p. 17. Laura Kearns argui que, “by revealing the government’s perversion of popular Chinese philosophies, Lu Xun also showed society’s control over the lower classes. Rituals of Confucianism, which included deference to the aged, were not sincerely performed but intended only for display.” Cf. Kearns, p. 12. Em nossa opinião, que difere parcialmente da de Kearns, Lu Xun manifesta-se também contra a perversão do Confucionismo, mas não só; parece-nos que existe igualmente uma posição bem vincada contra o próprio Confucionismo, tendo em atenção aquilo que por nós é dito, no corpo do texto, infra. 8 LX, p. 9. 9 Analects, p. 144. 7

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jovem narrador participante de Nostalgia a desejar que os invasores atirassem a cabeça do professor contra Li, “freeing me from The Analects to dedicate myself to antdrowning.”10 A alternativa – invasão por parte de um grupo de mercenários com fortes probabilidades de haver uma chacina – é, aos olhos da criança, infinitamente melhor, o que é revelador da opinião de Lu Xun perante o pensamento de Confúcio e o poder que este ainda detém sobre a sociedade contemporânea. Em Leaving the pass e Anti-aggression as críticas à filosofia de Confúcio são ainda mais patentes. No primeiro conto, que conta com a participação do próprio Confúcio, Lu Xun põe na boca de Confúcio – personagem – palavras que indicam que o que ele diz é imperceptível: “To be understood is hard indeed. Or is it the Way that is hard to explain?”11 As palavras de Laozi, por outro lado, de pouco consolo servem, já que este parece querer insinuar que, para além de imperceptível, aquilo que Confúcio advoga é inútil: “Your words are like a path; and a path is tramped out12 by sandals – but are they the same thing? (…) Nature is unchangeable; fate is unalterable; time is unstoppable; the Way is unblockable.13 Once the Way is within your grasp, all will go your way. Without it,14 you are lost.”15 Apercebendo-se da sua incapacidade para efectuar mudanças no mundo sem a conivência do líder de ocasião, o que implicaria corromper a sua própria filosofia16 – “If I do not embrace change myself, how will I succeed in changing others?”17-18 –, Confúcio dá-se conta de que o seu Mestre é um 10

LX, p. 8. LX, p. 372. 12 As palavras de Confúcio são “espezinhadas”, ou seja, distorcidas. Neste ponto concordamos com a leitura de Kearns – nota 11. 13 Ou seja, nada do que Confúcio pense, diga ou escreva produzirá consequências, a menos que a Natureza intervenha. A Natureza é corporizada na pessoa do Príncipe, visto que este é o mandatário do Céu, é o representante divino na Terra. Aquilo que Confúcio diga é vinculativo na medida em que o líder da ocasião o determine. As ideias de Confúcio são aquilo que o líder diga que elas são, daí que Confúcio, nas palavras de Laozi, só retiraria proveito das suas filosofias (all will go your way) se conseguisse, de alguma forma, controlar o líder (once the Way is within your grasp); a partir da morte de Confúcio não só ele, como a população em geral, ficou perdida, à mercê dos líderes (lost). 14 A leitura da nota 17 pressupõe que “it” se refere a “grasp”, e não a “Way”; esta dúvida só seria sanável através da consulta do original, algo que não temos a possibilidade de fazer. Em todo o caso, a nossa leitura parece-nos correcta, dado que Laozi afirma que “the Way is unblockable” e, portanto, o que está em causa não é a existência de uma filosofia ou religião (sem a qual Confúcio estaria “lost”) mas sim quem a controla. 15 LX, p. 372. 16 É impossível não nos darmos conta do paralelismo estabelecido com A Apologia de Sócrates, onde Sócrates é acusado de corromper a juventude através da sua filosofia. Contudo, as acções de Sócrates devem-se à sua vontade em descobrir o significado das palavras do Oráculo de Delfos, que é um Deus, e não a um desejo de modificar as condutas dos outros. 17 É neste ponto que nos demarcamos da opinião de Kearns, e arguimos que as críticas de Lu Xun não se dirigem só aos corruptores de Confúcio, mas ao próprio Confúcio, obrigado, ab initio, a corromper a sua própria filosofia. 18 LX, p. 374 11

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obstáculo, dado que, conforme Laozi observa, “Confucius understands me. And as he knows that only I can see through him, he will never relax.”19 O exílio é, portanto, a única solução, na medida em que as filosofias dos dois filósofos são incompatíveis – ou, melhor dizendo, o uso antagónico que ambos fazem da mesma filosofia torna a coexistência de ambos impossível. Quanto a Anti-aggression, Lu Xun usa uma personagem que se opõe frontalmente às filosofias de Confúcio. Neste conto, Lu Xun demonstra, de forma ainda mais patente, o desprezo que tem pelo filósofo. Logo no início da história, Lu Xun usa um seguidor de Confúcio para, através da analogia que este faz entre os humanos e os restantes animais, ridicularizar a filosofia de Confúcio;20 curiosamente, é este mesmo discípulo quem, num assomo de incongruência, acusa Mozi e os seus discípulos de se portarem como animais, devido ao facto de pregarem “universal love instead of honouring our fathers.”21 A escolha de Mozi como personagem principal deste conto não é feita ao acaso. Com efeito, Mozi advoga uma forma de vida que a humanidade, 2500 anos passados após a acção deste conto, ainda não acolheu na sua globalidade. Persistem, nos dias de hoje, conflitos marcados pela irracionalidade – bem como outros marcados por uma racionalidade económica quiçá mais perigosa do que a própria irracionalidade. É sintomático, a este propósito, que a proibição da guerra só tenha surgido, no Direito Internacional, em 1945, com a Carta das Nações Unidas – nº 3 do artigo 2º –, cerca de 2500 anos, como dissemos, após Mozi ter vivido. Lu Xun identifica-se, certamente, muito com este personagem, visto que o seu desejo é contribuir para uma sociedade mais esclarecida, que só assim será uma sociedade pacífica, tanto internamente, como a nível internacional. As bonitas e profundas palavras que Lu Xun coloca na boca de Mozi demonstram o estado de espírito do autor a propósito desta temática: “The poor make silk, hemp, rice and millet, but the rich need them, too. Even more so with justice.”22 É preciso não esquecer que, se o Direito pode ser visto como o instrumento através do qual o mais forte domina o mais fraco – o que cria a ilusão de que o mais 19

LX, p. 374. Que, neste caso em concreto, faz eco do que é dito por Mateus na Bíblia: “Olho por olho, dente por dente.” Mateus, 5:38. Parece, no entanto, haver aqui uma instância de distorção da filosofia, dado que Confúcio apenas advoga que o homem deve ser “honrado”; a honra, no entanto, é um conceito que vai mudando ao longo do tempo pelo que, neste caso particular, poderá haver uma distorção da filosofia de Confúcio. Este advoga o homem honrado sendo que, no período em que a acção deste conto decorre, lutar – independentemente do motivo – era uma questão de honra. 21 LX, p. 383. 22 LX, p. 391. 20

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forte não precisa de justiça –, a posição em que as “partes” se encontram pode variar ao longo da história; aquele que hoje é o mais forte poderá não o ser amanhã, sendo que uma total ausência de justiça poderá levar uma sociedade ao caos, na medida em que o apuramento de quem é o mais forte, pela força, poderá levar todos os intervenientes à posição de mais fraco, o que poderá ser aproveitado por outras forças que, pacientemente, não intervieram numa primeira fase, encontrando-se posteriormente numa posição privilegiada para tomar o poder. Esta visão do Direito enquanto instrumento através do qual o mais forte – em termos de estatuto social – exerce o seu domínio sobre o mais fraco tem aplicação em Bringing back the dead. Numa primeira instância, o polícia, quando aparece em cena, presume que o agente do crime é Zhuangzi; com efeito, ele encontra-se vestido, e está a lutar com um homem nu, havendo por isso todas as indicações de que Zhuangzi terá roubado os pertences àquele que o polícia não pode evitar ver como sendo a vítima. No entanto, após Zhuangzi lhe revelar quem era e ao que ia, a única preocupação do polícia passou a ser zelar pelo seu bem estar – “Could I persuade you to rest a while at our humble station?”23 – ao ponto de ignorar por completo as necessidades da “vítima”, pretendendo mesmo sair do sítio onde se encontrava, abandonando-a à sua sorte. Contudo, o que é curioso em Bringing back the dead é o absurdo de toda a situação, fazendo lembrar Beckett e o seu famoso Waiting for Godot, onde acontecem as coisas mais absurdas sem haver, aparentemente, qualquer tipo de fio condutor que apoie a história. Em Beckett, Vladimir e Estragon esperam por alguém que nunca chega a aparecer – e de cuja existência o leitor/espectador chega a duvidar; em Bringing back the dead, o “motivo” pelo qual Zhuangzi pede ao “Deus do Destino” que ressuscite o crânio é puramente egoísta e tão absurdo quanto esperar indefinidamente pela vinda de alguém que não se sabe ao certo que existe. A vinda do polícia faz com que a acção enverede por um caminho totalmente imprevisível, e a moral da história parece ser a de que os poderosos conseguem eximir-se das mais complicadas situações por si criadas – embora não provavelmente da forma que Zhuangzi gostaria, dado que o Deus do Destino não atendeu às suas preces uma segunda vez. Em suma, Lu Xun utiliza uma versão do género literário “romance histórico” para, através de personagens e acontecimentos verídicos, interligados com a sua própria imaginação, explorar as origens de algumas das características do pensamento chinês

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LX, p. 400.

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contemporâneo, de forma crítica, com a esperança de efectivar uma mudança na mentalidade dos seus compatriotas. Lu Xun chegou a assistir ao fim da era imperial, embora tenha falecido antes da implementação da República Popular da China. O seu labor criativo, ainda durante a 1ª República, era manifestação do seu descontentamento por ver que o progresso por si idealizado não se havia concretizado com a celeridade que desejaria. Mas o que é facto é que a mentalidade de um povo é, acima de tudo, resultado da sua cultura, e esta não é passível de ser modificada pela vontade de um só homem. Lu Xun fez a sua parte e, ao contrário do que o próprio diria, fê-la muito bem. Os seus trabalhos, em geral, e os contos em análise, em particular, poderão não ser, porventura, obras-primas da literatura, mas tal decorre do facto de essa nunca ter sido a intenção de Lu Xun. Mais do que produzir literatura esteticamente apelativa, o que Lu Xun sempre procurou fazer foi despertar consciências. O homem morreu, mas a obra perdura, e só o tempo dirá se o seu objectivo algum dia será alcançado.

Rerefências: (Poetics) Aristotle, Poetics. (Trad. S. H. Butcher).

(Analects) Confucius, (1910) The Analects. (Trad. William Edward Soothil) Yokohama, Fukuin Printing Company, Ld.

(Trafalgar) Galdós, Benito Pérez, (1873) Trafalgar, Madrid.

(El 19 de Marzo y el 2 de Mayo) Galdós, Benito Pérez, (1873), El 19 de Marzo y el 2 de Mayo, Madrid.

(La batalla de los Arapiles). Galdós, Benito Pérez, (1875), La batalla de los Arapiles, Madrid.

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(Hirsch) Hirsch Jr., E.D., (Summer 1968) “Literary Evaluation as Knowledge”, Contemporary Literature, Vol. 9, No. 3, Modern Criticism, pp. 319-331.

(Kearns) Kearns, Laura Belle, (2006) "Fracturing Fairy Tales”: Lu Xun’s Old Tales Retold Reveals

Power

in

Ancient

Chinese

Mythology,

consultado

em

http://juro.uga.edu/2006/kearns.pdf

(LX) Lu, Xun, and Julia Lovell (2009) The real story of Ah-Q and other tales of China: the complete fiction of Lu Xun (trans. J. Lovell). London: Penguin Books.

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