As placas votivas da «Anta Grande» da Ordem (Maranhão, Avis): um marco na historiografia do estudo das placas de xisto gravadas do Sudoeste peninsular.

June 15, 2017 | Autor: M. Andrade | Categoria: Megalithic Monuments, Megaliths, Megalithic Culture
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estudos & memórias

Terra e Água Escolher sementes, invocar a Deusa estudos em homenagem a victor s. gonçalves

Ana Catarina Sousa ∙ António Carvalho ∙ Catarina Viegas (eds.)

CENTRO DE ARQUEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

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estudos & memórias

Volumes anteriores de esta série:

Série de publicações da UNIARQ (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa) Workgroup on Ancient Peasant Societies (WAPS) Direcção e orientação gráfica: Victor S. Gonçalves

LEISNER, G. e LEISNER, V. (1985) – Antas do Concelho de Reguengos de Monsaraz. Estudos e Memórias, 1. Lisboa: Uniarch/INIC. 321 p.

9. SOUSA, A. C.; CARVALHO, A.; VIEGAS, C., eds. (2016) – Terra e Água. Escolher sementes, invocar a Deusa. Estudos em Homenagem a Victor S. Gonçalves. estudos & memórias 9. Lisboa: UNIARQ/ FL-UL. 624 p. Capa: desenho geral e fotos de Victor S. Gonçalves. Face: representação sobre cerâmica da Deusa com Olhos de Sol, reunindo, o que é muito raro, todos os atributos da face – sobrancelhas, Olhos de Sol, nariz com representação das narinas, «tatuagens» faciais, boca e queixo. Sala n.º 1, Pedrógão do Alentejo, meados do 3.º milénio. Altura real: 66,81 mm. Verso: Cegonhas, no Pinhal da Poupa, perto da entrada para o Barrocal das Freiras, Montemor-o-Novo (para além de várias metáforas, uma pequena homenagem a Tim Burton...). Paginação e Artes finais: TVM designers Impressão: AGIR, Produções Gráficas 300 exemplares + 100 com capa dura, numerados. Brochado: ISBN: 978-989-99146-2-9 / Depósito Legal: 409 414/16 Capa dura: ISBN: 978-989-99146-3-6 / Depósito Legal: 409 415/16

Copyright ©, 2016, os autores. Toda e qualquer reprodução de texto e imagem é interdita, sem a expressa autorização do(s) autor(es), nos termos da lei vigente, nomeadamente o DL 63/85, de 14 de Março, com as alterações subsequentes. Em powerpoints de carácter científico (e não comercial) a reprodução de imagens ou texto é permitida, com a condição de a origem e autoria do texto ou imagem ser expressamente indicada no diapositivo onde é feita a reprodução. Lisboa, 2016. O cumprimento do acordo ortográfico de 1990 foi opção de cada autor.

GONÇALVES, V. S. (1989) – Megalitismo e Metalurgia no Alto Algarve Oriental. Uma aproximação integrada. 2 Volumes. Estudos e Memórias, 2. Lisboa: CAH/Uniarch/ INIC. 566+333 p. VIEGAS, C. (2011) – A ocupação romana do Algarve. Estudo do povoamento e economia do Algarve central e oriental no período romano. Estudos e Memórias 3. Lisboa: UNIARQ. 670 p. QUARESMA, J. C. (2012) – Economia antiga a partir de um centro de consumo lusitano. Terra sigillata e cerâmica africana de cozinha em Chãos Salgados (Mirobriga?). Estudos e Memórias 4. Lisboa: UNIARQ. 488 p. ARRUDA, A. M., ed. (2013) – Fenícios e púnicos, por terra e mar, 1. Actas do VI Congresso Internacional de Estudos Fenícios e Púnicos, Estudos e memórias 5. Lisboa: UNIARQ. 506 p. ARRUDA, A. M. ed., (2014) – Fenícios e púnicos, por terra e mar, 2. Actas do VI Congresso Internacional de Estudos Fenícios e Púnicos, Estudos e memórias 6. Lisboa: UNIARQ. 698 p. SOUSA, E. (2014) – A ocupação pré-romana da foz do estuário do Tejo. Estudos e memórias 7. Lisboa: UNIARQ. 449 p. GONÇALVES, V. S.; DINIZ, M.; SOUSA, A. C., eds. (2015) – 5.º Congresso do Neolítico Peninsular. Actas. Lisboa: UNIARQ/ FL-UL. 661 p.

índice

APRESENTAÇÃO ana catarina sousa antónio carvalho catarina viegas

VICTOR S. GONÇALVES E A FACULDADE DE LETRAS DE LISBOA paulo farmhouse alberto

11

15

TEXTOS EM HOMENAGEM Da Serra da Neve a Ponta Negra em busca do Munhino I

21

Reconstruir a paisagem antónio alfarroba

27

O «ciclo de Cascais». Victor S. Gonçalves e a arqueologia cascalense antónio carvalho

33

Os altares dos «primeiros povoadores da Lusitânia»: visões do Megalitismo ocidental carlos fabião

45

ana paula tavares

Báculos e placas de xisto: os primórdios da sua investigação joão luís cardoso

69

Optimismo, pessimismo e «mínimo vital» em arqueologia pré-histórica, seguido de foco em terras de (Mon)Xaraz luís raposo

81

O Neolítico Antigo de Vale da Mata (Cambelas, Torres Vedras) joão zilhão

97

No caminho das pedras: o povoado «megalítico» das Murteiras (Évora) manuel calado

113

As placas votivas da «Anta Grande» da Ordem (Maranhão, Avis): um marco na historiografia do estudo das placas de xisto gravadas do Sudoeste peninsular marco antónio andrade

125

O Menir do Patalou – Nisa. Entre contextos e cronologias jorge de oliveira

149

Percorrendo antigos [e recentes] trilhos do Megalitismo Alentejano leonor rocha

167

Os produtos ideológicos «oculados» do Terceiro milénio a.n.e de Alcalar (Algarve, Portugal) elena morán

179

Gestos do simbólico II – Recipientes fragmentados em conexão nos povoados do 4.º/ 3.º milénios a.n.e. de São Pedro (Redondo) rui mataloto ∙ catarina costeira

189

Megalitismo e Metalurgia. Os Tholoi do Centro e Sul de Portugal ana catarina sousa

209

A comunicação sobre o 3.º Milénio a.n.e. nos museus do Algarve rui parreira

243

Informação intelectual – Informação genética – Sobre questões da tipologia e o método tipológico michael kunst

257

Perscrutando espólios antigos: o espólio antropológico do tholos de Agualva rui boaventura · ana maria silva ∙ maria teresa ferreira

293

El Campaniforme Tardío en el Valle del Guadalquivir: una interpretación sin cerrar j. c. martín de la cruz · j. m. garrido anguita

309

Innovación y tradición en la Prehistoria Reciente del Sudeste de la Península Ibérica y la Alta Andalucía (c. 5500-2000 Cal a.C.) fernando molina gonzález ∙ juan antonio cámara serano josé andrés afonso marrero ∙ liliana spanedda

317

A Evolução da Metalurgia durante a Pré-História no Sudoeste Português 341 antónio m. monge soares ∙ pedro valério Bronze Médio do Sudoeste. Indicadores de Complexidade Social joaquina soares ∙ carlos tavares da silva

359

Algumas considerações sobre a ocupação do final da Idade do Bronze na Península de Lisboa elisa de sousa

387

À vol d’oiseau. Pássaros, passarinhos e passarocos na Idade do Ferro do Sul de Portugal ana margarida arruda

403

Entre Lusitanos e Vetões. Algumas questões histórico-epigráficas em torno de um território de fronteira amilcar guerra

425

O sítio romano da Comenda: novos dados da campanha de 1977 catarina viegas

439

A Torre de Hércules e as emissões monetárias de D. Fernando I de Portugal na Corunha rui m. s. centeno

467

Paletas Egípcias Pré-Dinásticas em Portugal luís manuel de araújo

481

À MANEIRA DE UM CURRICULUM VITAE, SEGUIDO POR UM ENSAIO DE FOTOBIOGRAFIA

489

Victor S. Gonçalves (1946- ). À maneira de um curriculum vitæ

491

Legendas e curtos textos a propósito das imagens do Album Fotobiografia

549

LIVRO DE CUMPRIMENTO S

619

ÚLTIMA PÁGINA

623

558

AS PLACAS VOTIVAS DA «ANTA GRANDE» DA ORDEM (MARANHÃO, AVIS): UM MARCO NA HISTORIOGRAFIA DO ESTUDO DAS PLACAS DE XISTO GRAVADAS DO SUDOESTE PENINSULAR marco antónio andrade1

resumo Escavada por Manuel de Mattos Silva em 1892, a «Anta Grande» da Ordem assumiu-se desde logo como paradigma da cultura megalítica alentejana. Em específico em relação às placas votivas, a sua quantidade e qualidade mereceram automaticamente a atenção dos investigadores, tendo sido precisamente utilizadas por José Leite de Vasconcellos nas suas Religiões da Lusitânia (1897) para ilustrar a originalidade destes elementos durante a Pré-História das antigas comunidades camponesas no território português. Este texto apresenta assim a análise as placas votivas recolhidas neste monumento megalítico alentejano, incluindo-a nos vectores de investigação do projecto PLACA-NOSTRA, não só por todas as questões que levantam (em termos de iconografia e imagética), mas também pelo próprio lugar que ocupam na historiografia do estudo das placas de xisto gravadas do Sudoeste peninsular. abstract Excavated by Manuel de Mattos Silva in 1892, the passage grave of Ordem 1 (designated as «Anta Grande», the «large dolmen») was immediately assumed as a paradigm of the megalithic culture of Alentejo. Regarding specifically the votive plaques, their quantity and quality automatically earned the attention of researchers, having been precisely used by José Leite de Vasconcellos in his Religions of Lusitania (1897) to illustrate the originality of these elements during the Prehistory of the ancient peasant communities in the Portuguese territory. This paper thus presents the analysis of the votive plaques collected in this megalithic monument, including it in the research vectors of the PLACA-NOSTRA project, not only for all questions that they raise (in terms of iconography and imagery), but also by the very place that they occupy in the historiography of the study of the engraved of schist plaques in Southwest Iberia.

1





UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa, Portugal. FCT. [email protected]

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0. abrindo... Como já afirmado anteriormente, se há artefactos que justificam estudos individuais, mesmo que alheados de contextos específicos de recolha e sua associação a outros artefactos, estes são as placas de xisto gravadas – que valem pelo seu valor iconográfico e simbólico intrínseco. Não é este o caso do conjunto da «Anta Grande» da Ordem, estando este a ser estudado juntamente com o restante espólio aí recolhido no âmbito da minha dissertação de Doutoramento (Geometrias do território megalítico na margem esquerda da Ribeira da Seda: tempos e espaços do Megalitismo na área meridional do Alto Alentejo), a apresentar à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, subsidiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/86232/2012) e orientada pelo Professor Victor S. Gonçalves. No entanto, dado a quantidade e qualidade deste espólio, excessiva para os parâmetros métricos actuais de um artigo científico, a sua publicação conjunta via-se dificultada. Neste sentido, apresenta-se agora o estudo individual destas placas votivas, nunca descurando contudo o conjunto votivo onde estão incluídas. Seria natural que a minha contribuição para este volume de homenagem ao Professor Victor S. Gonçalves incidisse sobre as placas de xisto gravadas, um caminho de estudo que ambos partilhamos há cerca de três lustros, desde a escavação de XZ-1 e STAM-3 (onde foram largamente discutidas à sombra do velho quercus suber), e prolongado pelo projecto PLACA-NOSTRA, na UNIARQ, no Museu Nacional de Arqueologia, no Museu de Évora, no Museu dos Serviços Geológicos... Vários motivos justificam o estudo individual das placas votivas da «Anta Grande» da Ordem. Desde logo, os próprios motivos iconográficos que exibem, com alguns exemplares verdadeiramente notáveis. Em segundo lugar, por se encontrar numa óbvia área de transição entre ambientes geo-culturais distintos: por um lado, encontra-se na área teórica de transição de dois grupos megalíticos diferenciáveis, o do Alto Alentejo e o do Alentejo Central; por outro, localiza-se na charneira de ambientes ecotónicos distintos, entre os contextos hercínicos na orla ocidental da zona de Ossa-Morena e os depósitos terciários de enchimento do Tejo. Em último lugar, refira-se a sua importância historiográfica, visto ser um dos primeiros contextos em que se reconheceram placas de xisto gravadas, sendo as mesmas usadas como exemplo por José Leite de Vasconcellos nas suas Religiões da Lusitânia para ilustrar a «originalidade» das manifestações simbólicas das comunidades pré-históricas portuguesas em relação às suas congéneres europeias (Vasconcellos, 1897, p. 155-166). Com efeito, a quantidade e qualidade dos elementos recolhidos na «Anta Grande» da Ordem (apenas igualada à altura pela necrópole de Aljezur, sendo ambos contextos suplantados alguns anos depois por Brissos 6, com perto de quatro dezenas de elementos, juntando-se outros tantos recolhidos durante a intervenção posterior de Manuel Heleno), permitiu evidenciar a importância deste monumento na definição das práticas funerárias das comunidades do Neolítico final e Calcolítico no Sudoeste peninsular.

1. a «anta grande» da ordem A «Anta Grande» da Ordem foi escavada em 1892 por Manuel de Mattos Silva com o apoio de José Leite de Vasconcellos, no âmbito das acções do juiz da comarca de Ponte de Sor em monumentos megalíticos alto-alentejanos das áreas de Avis e Montargil – tendo, especificamente na primeira área referida, escavado os monumentos de Ordem, Capela, Assobiador e São Martinho (Silva, 1895a, 1895b e 1896; Andrade, no prelo), sendo este espólio encaminhado para o Museu Etnológico (actual Museu Nacional de Arqueologia) apenas em Junho de 1910 (Vasconcellos, 1910).

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FIG. 1. Localização da «Anta Grande» da Ordem. A: no Ocidente peninsular; B: no contexto dos monumentos megalíticos do Alto Alentejo e Alentejo central (base cartográfica: Google Maps, 2015).

Localiza-se no concelho de Avis, freguesia do Maranhão, distrito de Portalegre. Implanta-se sobre uma pequena chã no extremo de um terraço fluvial incluído em contextos paleogénicos, na área imediata da confluência da Ribeira do Almadafe com a Ribeira da Seda, situada a poucas dezenas de metros de manchas de granitos alcalinos (que lhe servem de suporte construtivo). Trata-se assim de uma anta de granito, de grandes dimensões, de Câmara e Corredor diferenciados (constituindo o arquétipo dos monumentos megalíticos nesta área regional, segundo Andrade, 2009). A Câmara, poligonal, forma-se por sete esteios organizados a partir do esteio de Cabeceira, apresentando 3,30 m de diâmetro longitudinal e 3,60 m de diâmetro transversal. O Chapéu encontra-se in situ, com cerca de 3 m de diâmetro, apresentando duas «covinhas» na face externa. O Corredor, com 6,10 m de comprimento (Corredor longo), conserva 15 esteios in situ (sete no lado Sul, oito no lado Norte), estando orientado a 125 grados. Apresenta um curioso traçado rombóide, fazendo lembrar a planta das grutas artificiais das penínsulas de Lisboa e Setúbal. Inclui-se numa necrópole composta por 14 monumentos dispostos ao longo de ambas margens da Ribeira de Almadafe, compreendendo os monumentos de Ordem 1 a 7 (com os quais mantém relação visual directa), Gonçala 1 a 4 e Figueirinhas 1 a 3, sendo também espacialmente associáveis os monumentos de Antões 3, Galhardo e Entreáguas 1 a 5. Estes monumentos oferecem uma interessante variabilidade, tanto em termos arquitectónicos como em termos dos mobiliários votivos aí recolhidos – sendo exemplos paradigmáticos para a definição da origem e desenvolvimento do Megalitismo funerário nesta área regional. FIG. 2. Em cima, perspectiva da «Anta Grande» da Ordem (adaptado de Silva, 1895a, p. 121); em baixo, as placas de xisto gravadas da «Anta Grande» da Ordem, segundo J. L. de Vasconcellos (1897, p. 153, 156-157, 160, figs. 24-29), representando os exemplares MNA 997.78.36, 997.78.36.50, 997.78.34, 997.78.35, 997.78.38 e 997.78.41.

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FIG. 3. Em cima, aspecto da «Anta Grande» da Ordem na década de 90 do século passado (fotografia de Eduardo Palhais – curandeiro, fadista e vidente, verdadeiro Zaratustra alentejano); em baixo, o núcleo megalítico da Ordem, visto a partir do povoado de Monte da Gonçala 1. Os monumentos encontram-se indicados pelas setas. FIG. 4. Planta da «Anta Grande» da Ordem, adaptando-se o levantamento de G. e V. Leisner (1959, Taf. 14) à realidade actualmente visível.

Outros elementos de constituição da paisagem megalítica se encontram na sua envolvência imediata. Destaca-se a presença de menires, como Gonçala 5 (Calado, 2005; Calado et al., 2009), áreas de habitat, com realce para o povoado de Monte da Gonçala 1 (Rocha, 1999; Calado et al., 2009), e rochas com «covinhas», como Monte do Rato 2 e 3 (Rocha, 1999; Calado et al., 2009).

2. as placas votivas da «anta grande» da ordem Dado o número de placas votivas recolhidas na «Anta Grande» da Ordem, não se procederá neste texto à descrição individual de cada um dos elementos, como é meu preceito, mas seguir-se-á um esquema em que as placas serão descritas de acordo com as suas caractéristicas genéricas (em termos da decoração da Cabeça, do Separador Cabeço-Corpo e do Corpo, comentando-se individualmente alguns casos excepcionais). O conjunto inclui 19 placas votivas, às quais se somaria uma outra apresentada por Vergílio Correia como proveniente deste monumento (Correia, 1921, p. 77, fig. 61), mas referida por Georg e Vera Leisner como pertencente à anta de São Bernardo, Ponte de Sor (Leisner e Leisner, 1959, p. 75). Existe ainda uma certa confusão em relação ao número real de placas aqui recolhidas: Manuel de Mattos Silva refere a recolha de 15 exemplares (Silva, 1895a, p. 123); José Leite de Vasconcellos refere a recolha de 19 exemplares (Vasconcellos, 1910, p. 250); Georg e Vera Leisner apontam igualmente a recolha de 19 exemplares, referindo especificamente a recolha de 18 placas de xisto e uma placa de grés (Leisner e Leisner, 1959, p. 75). Foram utilizados na análise destas placas os critérios descritivos actualmente em uso na UNIARQ, no âmbito do projecto PLACA-NOSTRA (e expressos, por exemplo, em Gonçalves, 2003a, 2004a, 2004b, 2004c, 2011 e 2013).

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quadro 1. características gerais e motivos dominantes ref. mna

mp

composição da cabeça

perfs.

998.78.31

Xisto Ardosiano

Faixas horizontais preenchidas ladeando «Cabeça dentro da Cabeça» moldurada

1TC

998.78.33

Grés

Sub-trapezoidal

Lisa

Lisa

1BTC

998.78.34

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Faixas ziguezagueantes compartimentadas

Faixas horizontais preenchidas ladeando «Cabeça dentro da Cabeça» moldurada

2TC

998.78.35

Xisto Anfibólico

Sub-rectangular

Motivo radiante central



2BTC

998.78.36

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Bandas de triângulos preenchidos com o vértice para cima

Faixas horizontais preenchidas ladeando a «Cabeça dentro da Cabeça»

2C

998.78.37

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Faixas ziguezagueantes compartimentadas

Faixas verticais-oblíquas preenchidas

1TC

998.78.38

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Motivo caótico

Motivo caótico

1BTC

998.78.39

Xisto Ardosiano

SubBandas de triângulos preenchidos -rectangular com o vértice para cima

Cabeça tri-partida

2BTC

998.78.40

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Bandas de triângulos preenchidos com o vértice para cima

Faixas verticais-oblíquas preenchidas

1BTC

Sub-trapezoidal

Lisa

Lisa

2TC

Ovóide

Lisa

Lisa

1TC

998.78.43 Serpentinito

Sub-rectangular

Faixas ziguezagueantes não compartimentadas

?

?

998.78.45

Xisto Ardosiano

SubBandas de triângulos preenchidos -rectangular com o vértice para cima

Faixas horizontais preenchidas

1C

998.78.46

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Motivo caótico

?

?

998.78.47

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Motivo híbrido: bandas de triângulos preenchidos com o vértice para cima e motivo em xadrez

Faixas horizontais preenchidas ladeando «Cabeça dentro da Cabeça» moldurada

1TC

998.78.48

Xisto Ardosiano

Sub-rectangular

Faixas ziguezagueantes não compartimentadas

Faixas horizontais-oblíquas ladeado «Cabeça dentro da Cabeça» moldurada

1BTC

998.78.49

Xisto Ardosiano

Subrectangular

Bandas de triângulos preenchidos Motivo híbrido: faixas verticaiscom o vértice para cima oblíquas preenchidas e banda de triângulos preenchidos com o vértice para cima

1BTC

998.78.50

Xisto Ardosiano

Sub-trapezoidal

Bandas de triângulos preenchidos com o vértice para cima, 1 banda com «triângulos ocos»

Bandas horizontais-oblíquas preenchidas

1TC

998.78.51

Xisto Ardosiano

SubBandas de triângulos preenchidos -rectangular com o vértice para cima

Bandas verticais-oblíquas preenchidas

1TC

998.78.41 Serpentinito 998.78.42

Xisto Ardosiano

forma

motivo dominante do corpo

SubBandas de triângulos preenchidos -rectangular com o vértice para cima

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2.1. matérias-primas, dimensões, contornos e perfurações

A larga maioria das placas utiliza xisto ardosiano como suporte, excluindo-se um exemplar em xisto anfibólico (MNA 998.78.35), dois exemplares em serpentinito (MNA 998.78.41 e 998.78.43) e um exemplar em grés (MNA 998.78.33). As alturas destas placas distribuem-se entre os 12 cm (correspondendo a um exemplar reaproveitado, MNA 998.78.36) os 19,3 cm, havendo contudo uma grande incidência de placas com alturas dispostas entre os 14 cm e os 16 cm. Tratam-se maioritariamente, de acordo com a relação entre a altura e a largura da base, de placas médias – com índices de alongamento compreendidos entre 1 e 2 valores, embora muitas apresentem índices elevados (acima de 1,85) aproximando-se a placas alongadas. Apenas duas placas se podem considerar alongadas, apresentando índices de 2,01 e 2,29 valores (correspondendo às placas MNA 998.78.49 e 998.78.39, respectivamente). As espessuras distribuem-se entre os 0,4 cm e os 1,2 cm. Os contornos são exclusivamente geométricos, estando ausentes as placas de contorno antropomórfico. Dividem-se entre placas de recorte sub-trapezoidal (10 elementos) e de recorte sub-rectangular (oito elementos, alguns deles de feição sensivelmente rombóide), apresentando um único elemento «recorte ovóide» (correspondendo no entanto a uma «placa» usando como suporte um seixo de xisto achatado e sumariamente polido, MNA 997.78.42, sendo esta a sua forma «natural»). Praticamente todos os exemplares apresentam orifício de suspensão, não perceptível nas placas MNA 997.78.43 e 997.78.46, fracturadas no terço distal. Encontram-se exemplares com uma perfuração (12 elementos) e com duas perfurações (cinco elementos), sendo estas de perfil cilíndrico, troncocónico (principalmente realizadas da Face para o Verso, à excepção da placa MNA 997.78.37,

realizada do Verso para a Face) e bi-troncocónico (descentrado nas placas MNA 997.78.38 e 997.78.49).

2.2. os motivos decorativos da cabeça

As placas da «Anta Grande» da Ordem apresentam uma interessante diversidade em relação aos motivos decorativos da Cabeça, podendo-se mesmo dizer que não se encontram duas placas iguais (embora se registem casos muito semelhantes). A «Cabeça dentro da Cabeça» encontra-se representada por exemplares de feição triangular, trapezoidal (entre exemplares de lados rectos e de lados curvilíneos simétricos) e rectangular (MNA 997.78.31). Encontra-se por vezes «moldurada», sendo delimitada por faixas laterais preenchidas (MNA 997.78.31, 997.78.34, 997.78.47 e 997.78.48) em oposição à delimitação por traços simples e excluindo os casos em que a «Cabeça dentro da Cabeça» se forma pelas linhas interiores das laterais da Cabeça (como nas placas MNA 997.78.40 e 997.78.51, cuja decoração da Cabeça se compõe por faixas oblíquas-verticais preenchidas convergindo dos bordos para o Separador Cabeça-Corpo). As laterais da Cabeça das placas da «Anta Grande» da Ordem encontram-se maioritariamente decoradas com faixas horizontais preenchidas (sete elementos, ainda que um deles possa referir-se a decoração composta por faixas oblíquas-horizontais preenchidas convergindo dos bordos para a «Cabeça dentro da Cabeça», MNA 997.78.50). Dois elementos apresentam as laterais da Cabeça decoradas com faixas radiais, correspondendo a faixas oblíquas-verticais preenchidas, formando as interiores a «Cabeça dentro da Cabeça» (já mencionado acima). Motivos singulares encontram-se nos exemplares MNA 997.78.37, 997.78.39 e 997.78.49. O primeiro não apresenta clara distinção entre a Cabeça e o Corpo, prolongando-se o motivo deste para além dos limites daquela (indicados pelo vértice do triângulo da «Cabeça dentro da Cabeça») e encimado por faixas oblíquas-verticais preenchidas; o segundo corresponde a um exemplar de «Cabeça tri-partida» (laterais completamente preenchidas, sem gravação de faixas); o terceiro exemplar apresenta motivo híbrido, composto por bandas de triângulos preenchidos com o vértice

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para cima encimadas por faixas oblíquas-verticais preenchidas (notando-se ainda um pequeno erro de paginação na estruturação desta composição). Um comentário merece ainda a suposta área da Cabeça da placa MNA 997.78.35. Apesar de aparentemente apresentar motivo único compondo a sua decoração, a não gravação do espaço triangular vazio na área central do topo (ao contrário do que sucede com a área central da base, onde um triângulo foi gravado preenchendo o espaço vazio) poderia transmitir a ideia subtil de uma «Cabeça dentro da Cabeça».

2.3. os separadores cabeça-corpo

A larga maioria das placas da «Anta Grande» da Ordem apresenta a separação entre a Cabeça e o Corpo indicada por traço simples. Separadores mais complexos encontram-se nas placas MNA 997.78.47 e 997.78.48. A primeira placa mostra um Separador Cabeça-Corpo (com cerca de 1,8 cm de espessura média) formado por uma faixa horizontal preenchida enquadrada por duas faixas horizontais lisas; a segunda placa apresenta um Separador Cabeça-Corpo (com cerca de 0,9 cm de espessura média) formado por duas faixas horizontais preenchidas acopladas. Poderia ser igualmente considerado como Separador Cabeça-Corpo a primeira banda de triângulos do Corpo da placa MNA 997.78.45. Apesar de repetir o motivo decorativo genérico do Corpo, apresenta uma espessura visivelmente inferior (cerca de 1,4 cm) em relação à espessura das duas outras bandas (cerca de 3,4 cm e 4,5 cm). A já referida placa MNA 997.78.37 não apresenta separação formal entre a Cabeça e o Corpo, visto o motivo decorativo deste invadir o espaço da Cabeça, estabelecido a partir do vértice do triângulo invertido formando a «Cabeça dentro da Cabeça».

2.4. os motivos decorativos do corpo

Percentualmente, regista-se nas placas da «Anta Grande» da Ordem uma notável maior incidência de exemplares decorados com bandas de triângulos preenchidos com o vértice para cima – contando-se com oito exemplares, aos quais se poderá somar a placa MNA 997.78.38 (com gravação caótica, mas onde são perceptíveis, mesmo que em esboço, a gravação de bandas de triângulos). O número de bandas varia entre três (MNA 997.78.40, 997.78.45, 997.78.50, 997.78.51, contabilizando também na placa 997.78.45 a primeira banda assumida no ponto seguinte como possível Separador Cabeça-Corpo), quatro (MNA 997.78.31 e 997.78.39) e sete (MNA 997.78.49, contabilizando também a última banda assumida no ponto seguinte como possível Indicador de Fim de Corpo). Sobre a placa MNA 997.78.36, tratando-se de um exemplar reaproveitado por repolimento no terço inferior, não é possível afirmar com certezas o número total de bandas – embora seja perceptível um mínimo de três (a terceira efectivamente truncada pelo reaproveitamento). Uma variante é apresentada pela placa MNA 998.78.50, sendo a banda central formada por «triângulos ocos». As placas gravadas com faixas ziguezagueantes encontram-se representadas por três elementos, divididos entre exemplares gravados com faixas ziguezagueantes compartimentadas (MNA 998.78.34 e 998.78.37, nesta última invadindo o espaço formal da Cabeça, como referido acima) e não compartimentadas (MNA 998.78.48). Poder-se-ia igualmente somar a este conjunto a placa MNA 997.78.43, aparentemente gravada com faixas ziguezagueantes lisas – podendo contudo tratar-se de uma placa inacabada, discutida no ponto 2.6. Placas com motivos híbridos estão representadas por um único exemplar, MNA 998.78.47, apresentando o Corpo decorado com bandas de triângulos preenchidos com o vértice para cima na

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as placas votivas da «anta grande» da ordem (maranhão, avis): um marco na historiografia do estudo das placas de xisto gravadas do sudoeste peninsular • marco antónio andrade

metade superior e com campo de xadrez (com células de feição rectangular vertical) na metade inferior. Os campos exclusivos de xadrez são apenas sugeridos pela placa MNA 997.78.46, embora se considere este exemplar como um esboço, discutido no ponto 2.6. Motivos excepcionais são apresentados apenas pela placa MNA 997.78.35, ostentando motivo radiante central de cuidado acabamento (estruturado vertical e horizontalmente com linhas-guia). Trata-se de um motivo de todo raro no contexto da iconografia e imagética das placas de xisto gravadas do Sudoeste peninsular, discutido mais abaixo. Placas com gravação no Verso registam-se apenas no exemplar MNA 998.78.46, repetindo o motivo da Face. Tratando-se de um aparente esboço, será comentado no ponto 2.6. Na placa MNA 998.78.34, regista-se a gravação, no terço superior do Verso, de um traço horizontal, podendo corresponder ao ensaio da delimitação da Cabeça; a este encontram-se adossados, no lado esquerdo, oito traços verticais sensivelmente paralelos, não sendo clara a sua intenção e/ou significado.

2.5. bandas indicadoras de fim de corpo

Um único elemento ostenta um claro Indicador de Fim de Corpo. Trata-se da placa MNA 998.78.39, tendo sido gravada junto à base uma faixa horizontal preenchida, separada do motivo decorativo do Corpo por uma faixa horizontal lisa. Da mesma maneira como se referiu acima para a placa MNA 997.78.45 (em que a primeira banda de triângulos da decoração do Corpo poderia ser teoricamente interpretada como um Separador Cabeça-Corpo), para a placa MNA 997.78.49 poder-se-ia fazer corresponder a última banda de triângulos (motivo decorativo genérico do Corpo) a uma aparente Indicador de Fim de Corpo. A sua espessura, de cerca de 4 cm, é manifestamente superior à espessura das restantes bandas, oscilando entre 1,4 cm e 2,2 cm. Outra característica que se poderá considerar como um Indicador de Fim de Corpo, mesmo que pela negativa (ou seja, pela sua ausência), encontra-se na placa MNA 997.78.48. Com efeito, o espaço vazio rematando o motivo ziguezagueante poderá ser assumido precisamente como uma área referente a este campo morfológico, contrariando o horror vacui que se regista em placas com gravação deste género – sendo normalmente gravados triângulos preenchidos ocupando o espaço vazio entre as quebras da última faixa ziguezagueante e o bordo inferior da placa.

2.6. placas reaproveitadas, placas anepígrafas, esboços e placas caoticamente gravadas

Dentro daquilo que se poderá considerar como placas de «segunda categoria» (cf. abaixo a definição deste conceito), contam-se exemplares objecto de reaproveitamento, exemplares lisos, exemplares inacabados e exemplares com gravação caótica. MNA 997.78.36 refere-se a uma placa reaproveitada, conservando cerca de 2/3 da peça original. O reaproveitamento caracteriza-se pela reconformação e repolimento do terço proximal, perpendicularmente ao eixo longitudinal da placa e seccionando a última banda de triângulos preenchidos do Corpo (num máximo possível de três, como referido acima). As placas lisas encontram-se representadas nos exemplares MNA 997.78.33, 997.78.41 e

997.78.42. O primeiro refere-se a uma placa de grés, o segundo a uma placa de serpentinito com perfuração dupla e o terceiro a um seixo achatado de xisto perfurado e com os bordos polidos Como placas inacabadas, em estado de esboço ou intencionalmente não terminadas, poderão ser apontadas as peças MNA 998.78.43 e MNA 998.78.46. A primeira corresponde a uma placa de

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xisto sumariamente polida, de contorno sub-trapezoidal assimétrico, na qual foram gravadas linhas ortogonais formando campo em xadrez, na Face e no Verso. A segunda refere-se a uma placa de serpentinito gravada com faixas ziguezagueantes, sendo que o facto de não se encontrarem preenchidas (assim como a relativa assimetria do seu traçado) poderá levar a considerar esta peça como um exemplar inacabado. A placa MNA 998.78.38 assume-se como um caso curioso, referindo-se a um exemplar com gravação caótica. Com efeito, apresenta uma série intricada de traços dispostos aparentemente sem sentido em toda a extensão da peça, ostentando assim uma decoração desordenada. No entanto, a desconstrução desta gravação permitiu inferir que, numa etapa inicial, ainda se procurou obedecer à paginação estruturante que baseia a decoração das placas de xisto gravadas «canónicas», com a delimitação clara da «Cabeça dentro da Cabeça» e das bandas decorativas do Corpo (assim como o esboço de triângulos preenchendo as mesmas). Posteriormente, a sua gravação terá degenerado para uma gravação final caótica e sem sentido aparente.

quadro 2. principais medidas de referência ref. mna

est.

n.º perfs.

alt

alt cb

alt sp

alt cp

lb

lt

ia

dpf

dpv

esp

998.78.31

Int.

1

19,3

4,5



15,8

10,2

8,5

1,89

0,9

0,4

0,8

998.78.33

Int.

1

15,7







9,6

6,0

1,64

0,6

0,5

1,3

998.78.34

Int.

2

16,6

5,1



11,5

10,8

7,4

1,54

0,6/0,6 0,5/0,6

0,8

998.78.35

Int.

2

16,3







11,8*

10,2

1,38

0,6/0,6 0,6/0,6

1,3

998.78.36

Int.

2

12,0

4,1



7,9

9,0

6,4

1,33

0,5/0,5 0,5/0,5

0,7

998.78.37

Int.

1

14,3

4,3



10,0

7,9

4,1*

1,81

0,3

0,6

1,0

998.78.38

Int.

1

14,6

5,5



9,1

8,4

5,3

1,74

0,7

0,8

1,1

998.78.39

Int.

2

14,7

4,3



10,4

6,4

6,0

2,29

1,1/1,0

0,8/0,8

1,1

998.78.40

Int.

1

15,4

4,8



10,6

11,1

7,1

1,39

0,7

0,6

0,8

998.78.41

Int.

2

12,7







9,8

6,0

1,29

998.78.42

Int.

1

12,8







7,8

5,0

1,64

0,9

?

1,4

998.78.43

Prox.

?

?

?

?

?

8,0*

?

?

?

?

0,6

998.78.45

FRec.

1

14,1

4,8

1,4

7,9

?

5,7*

?

0,6

0,5

0,5

998.78.46

Prox.

?

?

?

?

?

9,9*

?

?

?

?

0,4

998.78.47

FRec.

1

18,7

5,0

1,8

11,9

9,8*

6,7

1,91

0,6

0,4

0,7

998.78.48

Int.

1

15,4

6,0

0,9

8,5

8,9

6,3*

1,73

0,7

0,6

0,8

998.78.49

Int.

1

18,5

4,2

/

14,3

9,2

7,4

2,01

1,1

0,9

1,1

998.78.50

Int.

1

16,4

5,3

/

11,1

10,2

6,3*

1,61

1,0

0,5

1,2

998.78.51

Int.

1

18,6

4,4

/

14,2

10,1

8,8

1,84

0,9

0,4

1,2

0,6/0,6 0,3/0,3

1,1

Legenda: ALT.: Altura medida num ponto central, em cm; ALT CB: Altura da Cabeça, em cm; ALT SP: Altura do Separador Cabeça/Corpo, em cm; ALT CP: Altura do Corpo, em cm; LB: Largura da Base, em cm; LT: Largura do Topo; IA: Índice de Alongamento (Altura/Largura da base): alongado (>2), médio (2-1), curto (
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