As relações bilaterais do Brasil com a Turquia e o Irã

June 5, 2017 | Autor: Luiza Cerioli | Categoria: Iranian Studies, Turkey, Middle East Politics
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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil

As relações bilaterais do Brasil com a Turquia e o Irã Natália Barbosa Argiles Gonçalves1 Luíza Gimenez Cerioli2 Resumo O seguinte artigo objetiva analisar as atuais relações bilaterais do Brasil com o Irã e com a Turquia, verificando as relações econômicas e políticas, assim como as estratégias de inserção internacional comum entre eles. Em defesa de uma ordem multipolar, o Brasil busca uma estratégia de aproximação com países em desenvolvimento, a chamada cooperação Sul-Sul, e, mesmo com suas divergências, esses três países emergentes, possuem certas semelhanças quanto sua inserção no cenário internacional atual. Cada vez mais o Brasil afirma sua posição de árbitro entre os interesses da agenda Sul e os da agenda Norte, assim como a Turquia busca se posicionar como mediadora do diálogo entre países muçulmanos e como uma ponte entre o Ocidente e o Oriente. Já o Irã, mesmo com suas relações conturbadas, é um país chave para compreender o Oriente Médio, visto sua posição central na Eurásia. Em suma, buscamos compreender o perfil das atuais relações do Brasil com esses dois países, visto que eles se encontram em uma posição extremamente estratégica dentro do Oriente Médio, que faz parte do projeto de cooperação Sul-Sul. Brasil; Irã; Turquia; Cooperação Sul-Sul; Política Externa Brasileira.

A Nova Política Externa Brasileira O Brasil hoje está reorganizando a sua política externa, buscando se posicionar como um importante ator global e diversificar seus parceiros internacionais. Durante as duas últimas décadas, a natureza das prioridades e perspectivas da política externa brasileira vem sendo objeto de um debate intenso, opondo duas tendências: a hemisférica-bilateral e a global-multilateral (Pecequilo 2008). A política externa do governo Lula, que tem tido continuidade no governo Rousseff, objetivou combinar o eixo vertical – a tradicional relação com os EUA e a Europa – e o eixo vertical – representado pelas parcerias com nações emergentes, países periféricos e emergentes. De acordo com Visentini (2006) o governo Lula começou a desenvolver uma agenda internacional intensa como porta voz de uma política externa de desalinhamento em relação ao consenso do Atlântico Norte, como forma de recuperar sua capacidade de negociação e poder de barganha. Essas alterações na política externa se deram consequente a necessidade de reavaliação do papel brasileiro como potência média e nação emergente que precisa, de acordo com Celso Amorim (2007, apud Pecequilo, 2008) de uma diplomacia de alto perfil adequada a suas capacidades e necessidades. De acordo com essa nova agenda externa, o Brasil tenta se posicionar como um ator internacional em várias questões importantes na comunidade internacional, como as reuniões dos BRICS e do grupo G4, que busca reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Além disso, o Brasil tem se firmado 1 2

Graduando em Relações Internacionais na Faculdade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), [email protected] Graduando em Relações Internacionais na Faculdade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), [email protected] Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil como porta voz dos interesses dos grupos regionais UNASUL e Mercosul, assim como porta voz dos países emergentes nas discussões da ECOSOC e da OMC3. Os benefícios do Brasil no aperfeiçoamento das relações com os países emergentes e os menos desenvolvidos são diversos, entre econômicos, estratégicos e políticos (Pecequilo 2008). Dessa maneira, é interessante para o Brasil aperfeiçoar suas relações com países considerados periféricos do Oriente Médio e da África, visto que há lá não só um grande mercado consumidor, mas também parceiros políticos pra a estratégia multilateral brasileira. Dois países emergentes se destacam como ascendentes dentro dessas regiões, Turquia e Irã, ambos presentes no grupo Next Eleven, escolhidos pelo Goldman Sachs como importantes países emergentes, até considerados os novos BRICS.

A importância da Turquia e do Irã para a Cooperação Sul-Sul A teoria dos complexos regionais de segurança de Buzan e Weaver (2003) reconhece a existência de um complexo para o Oriente Médio. Essa teoria foi criada para explicar a nova estrutura internacional que estava em transformação com o fim da Guerra Fria, onde subestruturas regionais do sistema internacional teriam efeitos imediatos na dinâmica global. Segundo a teoria, os Complexos Regionais de Segurança derivam, por um lado, das relações entre as estruturas anárquicas e as consequências de suas balanças de poder e, por outro, das pressões da proximidade geográfica local. O elemento da territorialidade se mostra importante a partir da concepção de que a proximidade possibilita mais interações de segurança entre vizinhos do que entre Estados situados em regiões diferentes. No caso do CRS do Oriente Médio, existe um padrão de interdependência de segurança que é presente em quase toda a região, do Marrocos ao Irã, incluindo Israel. Os autores percebem o interesse da Turquia e do Irã em agir como forças regionais, como foi visto no caso dos dois países terem participado militar e politicamente na questão dos curdos nas fronteiras do Iraque (Buzan, Weaver 2003). Além disso, esses dois países se encontram em uma posição extremamente estratégica, não só para o Oriente Médio, mas também perante as outras regiões próximas. Turquia e Irã são atores importantes não só pelo seu aparato militar na região, mas também por representarem interesses de potências globais na esfera regional, ou seja, possuírem características militares, estratégicas e econômicas que condizem com o perfil de potencia regional traçado por Buzan e Weaver (2003). 3

BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), G-4 (Alemanha, Brasil, Índia e Japão), UNASUL (União das Nações Sul Americanas), Mercosul (Mercado Comum do Sul), ECOSOC (Comitê Econômico e Social da Assembleia Geral das Nações Unidas )e OMC (Organização Mundial do Comércio). Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil 4 De acordo com o autor Pepe Escobar (2006) , a cidade de Esfahan, no Irã, é o Aleph5 dos dias de hoje. Esfahan seria o centro da Eurásia, equidistante entre Paris e Xangai e a porta que conecta o Ocidente Europeu e o Oriente. Para o autor, o Irã é a intersecção chave entre o mundo árabe, turco, indiano e russo, localizado em uma posição estratégica entre o Oriente Médio, a Ásia Central, o Cáucaso o subcontinente indiano e o Golfo Pérsico. Dessa maneira, Peppe afirma que o Irã é um país chave para compreender as relações internacionais no dia de hoje. Além de sua posição estratégica, o Irã é uma das maiores reservas de petróleo e de gás natural do mundo, sendo o cruzamento ideal na distribuição do petróleo e do gás para o Sul da Ásia, para a Europa, para o Leste da Ásia. Economicamente, o Irã representa hoje a vigésima economia mundial, com um PIB estimado em 357,2 bilhões de dólares6, entretanto, essa, economia está muito atrelada ao petróleo e o gás, com pouca diversificação de produção e extremamente dependente das variações dos preços dessa matéria prima. Além disso, a sociedade sofre com a crescente inflação, que aprecia o rial frente ao dólar, prejudicando o setor exportador (Ilias 2008). Objetivando melhor dinamizar a economia iraniana, desde o fim da década de 1980 o governo busca uma política de atrair investimento externo, entretanto, tal política tem como obstáculo as diversas sanções e os embargos econômicos impostos pelos EUA e pela ONU. Politicamente, o Irã é cenário da clara disputa ideológica entre o Oriente e o Ocidente, tendo a república fundamentalista islâmica iraniana classificada pelo discurso do democrata conservador George W. Bush, em 2002, como uma ditadura opressora e pertencente no “eixo do mal”. Além disso, nas contestadas eleições de 2009 o presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad manteve-se no poder, o que dificulta, mais ainda, um abrandamento das relações com o Ocidente. A administração de Ahmadinejad tem apresentado uma postura mais rígida perante a comunidade internacional, principalmente nos discursos sobre o direito soberano iraniano de ter um programa nuclear. O grande objetivo da política externa de Ahmadinejad é posicionar o Irã como uma potência regional e, para isso, seria necessário não só uma melhora nas relações com os seus vizinhos, mas também o estabelecimento do programa nuclear pacífico iraniano. Na região, o Irã é hoje um importante membro da ECO – Organização de Cooperação Econômica - que abarca dez países muçulmanos. E objetiva melhorar o desenvolvimento e promover o comercio e oportunidades de investimento entre os países, e houve um progresso nas relações com o Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita, Egito e Sudão nos anos 2000. 4

No livro: “Globalistan: How the Globalized World Is Dissolving Into Liquid War”, 2006 O Aleph surgiu na literatura romântica de Jorge Luiz Borges, sendo um lugar onde é possível se ver todos os outros pontos do universo, um local que, sozinho, se abarca toda a realidade do universo. 6 Dados de: Cia World Fact Book 5

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil Apesar desse abrandamento nas relações na região, discursos de caráter pessoal do Ahmadinejad, muitas vezes preconceituosos, e seu posicionamento rígido em determinados tópicos, tem corroído a imagem diplomática do país. Já o não cumprimento das promessas de distribuição de renda em larga escala e de fim da corrupção – principalmente para a base destituída que o elegera - propiciou certa perda de apoio popular ao presidente (Visentini 2010). O que se viu nas eleições do parlamento em 2012 é uma clara ruptura entre os dois lideres do país, Ahmadinejad e Khamenei, e uma clara preferência aos conservadores vinculados com o aiatolá, visto que esses obtiveram a maioria dos votos. O progressivo isolamento de Ahmadinejad entre os conservadores pode indicar um melhor abrandamento nas relações com o Ocidente, visto o possível pragmatismo dos conservadores religiosos. A Turquia, por sua vez, é o mais forte candidato a ser o líder do complexo regional de segurança de acordo com a teoria de Buzan e Weaver. O país tem uma das mais capacitadas forças militares da Europa, e sua economia tem crescido nas últimas décadas, a ponto de que, hoje, o país tem o 17º PIB nominal do mundo. Em 2002, a Turquia eliminou seis dígitos de sua moeda, a lira turca, o que trouxe estabilidade à economia e semeou as bases para o crescimento sustentável (Akyuz 2009). Durante a última crise econômica, o país sofreu em 2009, mas a economia recuperou-se em seguida. Além disso, o país, que faz fronteira com o Irã, também está localizado em uma posição extremamente estratégica, tanto que muitos afirmam que o país se encontra em uma zona transcontinental, pertencendo tanto à Ásia, quanto a Europa. Economicamente, o governo turco tem incentivado pequenos e médios produtores e empresários, facilitando a importância do setor empresarial e do investimento na economia do país. A distribuição de renda nacional é ainda bastante desigual, o que é claramente percebido nos grandes centros urbanos do país. Já o setor financeiro tem se fortalecido e o fato de não ter havido uma só falência bancária durante a crise financeira de 2008, demonstra a solidez das instituições turcas (Kose 2011). O governo turco, a fim de incentivar seu crescimento econômico, tem feito campanhas para atrair o investimento externo e o capital internacional, principalmente para os setores industriais. A Turquia também carece de recursos energéticos, tendo que importar grande parte de seu consumo; o Irã é um dos principais fornecedores de gás para os turcos, o que aproxima os países e um dos fatores pelo qual a Turquia não se opor são projeto nuclear iraniano. Politicamente, hoje se percebe uma inversão na política externa turca que, durante a Guerra Fria, se mantinha atrelada aos interesses do Ocidente e tinha como maior objetivo fazer parte da União Europeia. Após o colapso da Guerra Fria, se percebe uma intensificação das relações comerciais, militares e securitárias da Turquia com os outros países do Oriente Médio. Com a ascensão do partido AKP no Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil governo turco (esse partido possuí raízes islâmicas) o Oriente Médio passa a ser a região chave para a política externa do país, que vem, cada vez mais tentando se firmar como potência da região. O governo turco passou a atuar incisivamente na resolução do conflito palestino-israelense e como mediador no programa nuclear iraniano. Sob o lema “nenhum problema com os vizinhos”, houve uma melhoria no relacionamento com a Síria, o Irã e o Iraque (Turkmen 2010) e as trocas econômicas como esses países estão cada vez mais se intensificando. Além disso, dentro do Oriente Médio, o governo turco é considerado uma instituição democrática estável o que atrai os investimentos externos. Além das políticas que visam à integração econômica, criando uma interdependência crescente entre a Turquia e seus países vizinhos, é possível notar que Ancara deseja também, de uma maneira pragmática, exercer uma influência política na região (Ghiggi 2010), sendo mediador de tratados e acordos internacionais. Compreender a importância da Turquia e do Irã na região é extremamente importante para qualquer país que visa ampliar suas relações com os países do Oriente Médio. O Brasil, com sua política externa que visa uma ampliação da cooperação Sul-Sul em uma ordem internacional muito mais multipolar, tem grandes interesses no mercado consumidor e nas parcerias políticas que essa região pode oferecer. Dessa maneira, objetivamos traçar um breve relatório sobre as atuais relações bilaterais do Brasil com esses dois países e também analisar a parceria dos três países na questão do projeto nuclear iraniano.

Relações Bilaterais do Brasil com a Turquia Por serem países emergentes, Brasil e Turquia enfrentam desafios semelhantes: crescimento e desenvolvimento econômico e inserção internacional. Ao combinar elementos ocidentais e orientais, como o islamismo e o secularismo, a Turquia se posiciona como mediadora do diálogo entre países muçulmanos e representa uma ponte entre o Ocidente e o Oriente (Girald 2011). Em comparação, o Brasil afirma sua posição de árbitro entre os interesses da agenda Sul e os da agenda Norte (Ghitis 2009). As relações entre Brasil e Turquia crescem rapidamente e se tornam cada vez mais relevantes tanto para estes países, como para o resto do mundo. Em 2006, foi criada uma comissão mista de alto nível, para dinamizar as relações em diversas áreas, como comércio, investimentos e defesa. Este foi o primeiro passo para a significativa aproximação nos anos posteriores. Em maio de 2009, o presidente Lula visitou a Turquia, sendo o primeiro presidente brasileiro a visitar este país. Em retribuição, o Primeiro Ministro da Turquia, Tayyiq Erdogan, veio ao Brasil, em maio de 2010, o que também foi um Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil acontecimento inédito. Durante esta visita, foi estabelecido um Plano de Ação para a parceria estratégica entre os dois países (Brasil 2010a). De acordo com esse Plano, a parceria passa a ter como base o diálogo político, a cooperação econômica, securitária e em questões ambientais, além de afirmar a necessidade de articulação em foros multilaterais, principalmente nas questões de paz e segurança e defesa da não proliferação nuclear. Na área de defesa, a parceria incentiva o intercâmbio para visitas, treinamentos e identificação de possíveis negócios na indústria da defesa. A Turquia expõe seus interesses comerciais com o e MERCOSUL, além do interesse de se aproximar dos grupos BRICS e IBAS, pois se considera apta a facilitar o diálogo entre esses países, e, pela mesma razão, aprova a aproximação do Brasil com a Organização da Conferência Islâmica (OCI) (Brasil 2010a). O diálogo político resultou em um significativo crescimento nas trocas comerciais, de aproximadamente 330% entre os anos de 2002 e 2008 (Brasil 2010b, 217-218) atingindo o valor de US$ 2.195.456.920 em novembro de 2011. As exportações brasileiras se concentram em minérios, que representaram, em 2011, aproximadamente 30% do volume total. O Brasil importa uma pauta mais diversificada de bens intermediários como barras e fios de ferro e aço e fios de fibras artificiais. Destacase a cooperação energética, que evoluiu com a parceria entre a Petrobras e a Corporação Turca de Petróleo (TPAO) na exploração de petróleo e gás na costa do Mar Negro, desde 2006. Porém, mesmo que a Turquia tenha a economia complementar à brasileira, sendo um importante centro logístico, que facilita os transportes e a distribuição de mercadorias para a Europa, Oriente Médio e Norte da África, percebe-se que as relações comerciais com o Brasil ainda estão abaixo das potencialidades (Brasil 2009b, 59). A visita da Presidenta Dilma Rousseff em outubro de 2011 serviu para reafirmar o interesse dos dois países em fortalecer a parceria estratégica e tratar de assuntos da agenda global, como a Primavera Árabe, a situação na Síria, a crise econômica que vive a Europa e o andamento das negociações com o Irã. Em encontro com o Presidente Abdullah Gül, os países reiteraram a defesa do multilateralismo, da solução pacífica de controvérsias e da necessidade de maior representatividade em foros multilaterais. A primeira divergência foi em relação à situação na Síria, em que o Brasil adota uma postura intermediária, enquanto a Turquia condena abertamente as atitudes do governo sírio, aplicando sanções e fazendo exercícios militares próximos à fronteira com a Síria (Jornal de Brasília 2011).

Relações Bilaterais do Brasil com o Irã Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil Na década de 1950, o Brasil e o Irã assinaram os primeiros acordos de cooperação e em 1961, a Legação do Brasil em Teerã foi elevada à categoria de Embaixada. Durante a guerra Irã – Iraque, as relações foram enfraquecidas, pois o Brasil fornecia equipamentos ao exército iraquiano. Porém, já na metade da década de 1980, o Brasil vendeu ao Irã aviões Tucano EMB-312, dando início às relações com a nova República Islâmica do Irã (Preiss 2011, 46-48). Até o ano de 1997, o Brasil era deficitário no comércio com o Irã, mas neste ano, o Brasil parou de comprar petróleo iraniano, causando uma queda brusca no volume total das importações7. Somente com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Oriente Médio, em 2003, o Brasil percebeu a importância de se estabelecer uma parceria com o Irã, que se destaca por ser o maior mercado consumidor na região. Assim, a partir do ano de 2003, o comércio entre os dois países voltou a crescer, tendo ultrapassado um bilhão de dólares em 2004, havendo grande superávit brasileiro.8 Atualmente, os principais produtos exportados pelo Brasil são alimentos, como carne, soja e açúcar, além de insumos agrícolas. O Irã exporta frutas secas, tapetes e combustíveis minerais. Estes, porém, em menor quantidade do que no início da década de 1990. Em 2009, foram realizados três encontros empresariais com o intuito de se “descobrir afinidades, explorar parcerias e discutir temas da agenda global” (Brasil 2009a, 183). Estes encontros resultaram na assinatura de diversos acordos de cooperação nas áreas de minas e energia, comércio, educação, ciência e tecnologia e inovação e um importante convênio entre a Organização para Pesquisa em Agricultura iraniana e a EMBRAPA (Brasil 2009a, 233). Neste mesmo ano, ocorreu a polêmica visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil. No Brasil ocorreram manifestações denunciando as fraudes nas eleições presidenciais iranianas do mesmo ano, criticando o programa nuclear iraniano, as declarações antissemitas feitas por Ahmadinejad e as supostas violações dos direitos humanos feitos pelo seu governo. A visita também teve reprovação dos Estados Unidos e de alguns de seus aliados. Entretanto, o presidente Lula o recebeu com cordialidade e foram assinados treze tratados bilaterais de cooperação, nas áreas de cultura, finanças, tecnologia e energia (Sesterhenn 2009, 1-2). No governo de Dilma Roussef, percebe-se uma retração e distanciamento da posição brasileira em relação ao Irã. Alguns atribuem o fato à ênfase dada pela presidenta à defesa dos direitos humanos. Além disso, o Brasil votou favoravelmente a uma proposta feita pelos EUA, no Conselho de Direitos Humanos 7

Fonte: http://aliceweb2.mdic.gov.br Consulta: NCM, Capítulo SH 27 - Combustíveis minerais, óleos Minerais e produtos da sua destilação; Matérias betuminosas; Ceras Minerais 8 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/interna.php?area=5&menu=2477&refr=576 Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil da ONU, para enviar um investigador independente de direitos humanos ao Irã. O Brasil afirma que mantém as mesmas diretrizes de política externa que no governo Lula. Mesmo assim, seu distanciamento já se reflete na redução do comércio entre os dois países nos últimos meses (Agência Brasil 2012).

Declaração Conjunta de Irã, Turquia e Brasil – A Questão Nuclear Iraniana O fortalecimento das relações econômicas entre o Brasil e o Irã deu bases sólidas para certa cooperação política. Assim, o Irã convidou o Brasil para ingressar na OPEP, e, em troca, o Brasil sustentou uma retórica em defesa do direito iraniano de desenvolver pesquisas nucleares (Muxagato 2010, 1-2). Lula falou da intenção brasileira em manter o diálogo com todos os países do Oriente Médio e da necessidade desta região buscar “a incorporação de novos interlocutores genuinamente interessados na paz”. Esta declaração mostrou com clareza o interesse do Brasil em mediar questões relativas ao Oriente Médio (Brasil 2009a, 183-185). As intenções brasileiras concretizaram-se com a visita do presidente Lula ao Irã, em maio de 2010. Quando foi firmado um acordo relativo ao programa nuclear iraniano entre Ahmadinejad e o primeiroministro turco, Tayyiq Erdogan, intermediado por Lula. O acordo consistia na emissão de 1,2 mil quilos de urânio iraniano para a Turquia, que seria enriquecido em 20%, o suficiente para usos pacíficos, mas não para fins militares. Os três países reafirmaram o compromisso com o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), ressaltando o direito de todos os Estados-parte, inclusive do Irã, de desenvolver pesquisa, produção e uso de energia nuclear para fins pacíficos (Brasil 2010b, 189-191). Desde o seu início, em 2002, o programa nuclear iraniano tem sido questionado. Por ser signatário do TNP, o Irã deveria permitir inspeções regulares ao seu programa. Porém, este se recusou a mostrar todas as suas instalações, o que gerou desconfianças e a emissão de sansões pelo Conselho de Segurança. Em novembro de 2009, a AIEA divulgou um relatório denunciando a construção secreta de uma segunda usina de enriquecimento de urânio. Então, o Conselho da AIEA emitiu uma resolução para que o Irã suspendesse a construção das instalações nucleares de Qom. O Brasil se absteve de votar nesta resolução (Muxagato 2010, 6). Lula e Erdogan colocaram-se como possíveis mediadores e o Irã se mostrou mais confortável negociando com duas nações emergentes. O Brasil mostrou a sua cordialidade, buscando construir confiança e minimizar o nível de tensão e hostilidade entre as partes. Entretanto, as potências ocidentais rejeitaram o acordo, criticando que a declaração final não abrangia a produção iraniana de urânio enriquecido a 20% e que o Irã poderia solicitar a devolução do seu urânio caso as provisões da declaração Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil não fossem respeitadas, o que poderia ser feito a qualquer momento. Os Estados Unidos e alguns aliados consideraram que o Irã não estava agindo em boa fé (Jesus 2010, 16-17). Assim, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a quarta rodada de sanções ao Irã. Turquia e Brasil foram os únicos países que votaram contra e o Líbano se absteve. Posteriormente, Lula assinou as sanções ao Irã aprovadas pela ONU, embora mantivesse opinião contrária. Embora o acordo não exatamente como queriam as grandes potências, ainda assim, em vez de descartado, poderia ser usado como base para próximas negociações, sendo o primeiro passo para restabelecer o diálogo e construir a confiança (Jesus 2010, 20). Na realização deste acordo, a diplomacia brasileira foi coerente com os propósitos do TNP. O Brasil não estava defendendo a produção de armas nucleares e até mesmo “defende que o Oriente Médio, como a América do Sul, seja considerada área livre de armamentos nucleares.” O Brasil é um dos dez países detentores de tecnologia para enriquecimento de urânio, com uma técnica bastante competitiva, que utiliza 25 vezes menos energia para produção do que a técnica norte-americana ou a francesa. Portanto, ao defender o direito do Irã, o Brasil está lidando com as repercussões sobre o seu próprio programa nuclear, caso seja questionado ao querer manter segredos comerciais sobre sua tecnologia, como já ocorreu em 2004 (Muxagato 2010, 5-7). Com esse acordo, a Turquia desejava equilibrar a situação entre o Oriente e o Ocidente, a fim de se aproximar do Irã e provar a sua importância aos aliados ocidentais. O Irã pretendia mostrar que não estava isolado e adiar novas sanções. O Brasil visava aumentar o seu comércio com estes países, demonstrar o potencial brasileiro como mediador e se tornar um interlocutor privilegiado no Oriente Médio. Esta foi uma oportunidade de atuar como um global player e criar pontes entre as potências ocidentais e o mundo em desenvolvimento, fortalecendo sua capacidade para ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança (Jesus 2010, 17-18).

Conclusão: A prioridade dessa nova política externa brasileira é desenvolver um maior grau de autonomia e visibilidade em um cenário interacional cada vez mais multilateral. Dessa maneira, Brasil busca diversificar os seus parceiros internacionais, priorizando uma intensificação das relações com os outros países emergentes e em desenvolvimento, as chamadas relações Sul-Sul. Dessa maneira, se mantém as tradicionais relações verticais com as grandes potências internacionais e se intensifica e aperfeiçoa as relações horizontais. Esses dois eixos possuem significativo espaço de desenvolvimento, amparados em parcerias estratégicas clássicas com os EUA e a Europa, mas também por meio de adaptações, renovações Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI

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SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil e ampliações dos contatos ao Sul com emergentes em todos os continentes e nas dinâmicas de alianças nas organizações internacionais (Pecequilo 2008). As relações do Brasil com os países do Oriente Médio são de grande potencial para a ampliação desse projeto Sul-Sul da política externa nacional. Na região, dois países se destacam por seus planos em ser potencia regional: Turquia e Irã. Ambos esses países se encontram em uma posição estratégica, no centro da Eurásia e rota de grande tráfego comercial e de petróleo. As relações comerciais e políticas do Brasil com esses dois países oscila em importância, porém há perspectivas dessas crescerem. Já o envolvimento na questão do programa nuclear iraniano permitiu que o Brasil e a Turquia orquestrassem um papel de mediador internacional, ganhando uma influência positiva onde a influencia dos Estados Unidos e a Europa é vista por muitos como algo duvidoso e até negativo. A decisão de instaurar o diálogo, em vez do isolamento ao Irã, apesar das críticas da comunidade internacional, foi um importante passo para a construção de um sistema internacional mais democrático e menos assimétrico em relação às grandes potências (Muxagato 2010, 7). Além disso, o Irã é a favor dos projetos brasileiros dentro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o Brasil busca uma vaga permanente para si e para mais cinco países (Alemanha, Japão, Índia e dois africanos) importantes nessa nova ordem multipolar. A capacidade de estabelecer o diálogo com o Irã, enquanto grandes potências não obtiveram êxito, demonstram a sintonia de posições entre Brasil, Turquia e Irã. De fato, as relações do Brasil com estes países passaram a ter maior relevância nos últimos anos, porém, em razão do forte dinamismo destas economias, certamente, ainda existem muitas potencialidades a serem exploradas. Devido à importância demográfica, econômica e estratégica tanto da Turquia como do Irã, fortalecer os laços com estes países é fundamental para que o Brasil atinja os objetivos propostos por sua política externa, de fortalecimento do multilateralismo e da cooperação Sul-Sul, a fim de que possa se tornar um ator decisivo nas questões centrais da política internacional.

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AKYÜZ,

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