As violências ocultas e a cordialidade brasileira: O Homem Cordial de Sérgio Buarque de Holanda e o filme Que horas ela volta?

May 30, 2017 | Autor: L. Tosta Barbato | Categoria: Brazilian Cinema, Historiografia, Cinema brasileiro, Sérgio Buarque De Holanda
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AS VIOLÊNCIAS OCULTAS E A CORDIALIDADE BRASILEIRA: O HOMEM CORDIAL DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E O FILME QUE HORAS ELA VOLTA? Luis Fernando Tosta Barbato* 1

Estefany Amorim Viana de Castro Yasmin Amorim Viana de Castro Mateus Henriques Patrício

Resumo: O presente artigo traz uma análise do filme Que horas dela volta?, de Anna Muylaert a partir do conceito de cordialidade, proposto pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda em seu livro Raízes do Brasil. A partir da análise do filme, temos como objetivo mostrar que o conceito de cordialidade defendido por Holanda, marcante no caráter nacional brasileiro, e que, apesar de aparentemente ser positivo, serve para ocultar uma série de violências, pode ser evidenciado no filme. Desta maneira, a partir da análise conjunta das obras, pretendemos mostrar que a obra de Sérgio Buarque de Holanda ainda se mostra como muito relevante para entendermos os problemas sociais da atualidade. Palavras-chave: Historiografia brasileira; Cinema Brasileiro; Sociedade Brasileira. Resumen En este artículo se presenta un análisis de la película Que Horas Elas Volta?, de Anna Muylaert, a partir del concepto de cordialidad propuesto por el historiador Sergio Buarque de Holanda en su libro Raízes do Brasil. A partir del análisis de la película, nuestro objetivo es mostrar que el concepto de “cordialidade” adoptado por Holanda, marcante el carácter nacional de Brasil, y que, a pesar de ser aparentemente positivo, sirve para ocultar una gran cantidad de violencia, se puede evidenciar en la película. Así, desde el análisis conjunto de las obras, pretendemos mostrar que la obra de Sérgio Buarque de Holanda sigue cómo muy importante para comprender los problemas sociales de los dias actuales. Palabras clave: Historiografía Brasileña; Cine Brasileño; Sociedad Brasileña.

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Instituto Federal do Triângulo Mineiro

1. Introdução Lançado no Brasil em 2015, o longa Que horas ela volta?, dirigido por Anna Muylaert, tem como personagem principal Val, uma empregada doméstica nordestina, interpretada por Regina Casé, que em busca de uma vida melhor, deixa sua filha em Perbambuco e vai morar em São Paulo. O filme expõe uma tensão latente entre uma classe alta, no caso os patrões, e uma classe mais baixa, que é a empregada doméstica, tudo isso permeado por uma pretensa cordialidade que deixa essa tensa relação ainda mais interessante, pois, mesmo a empregada sendo tratada como “da família”, isso não altera a realidade em que ela é inferiorizada, evidente em diversos momentos do filme. O longa nos traz reflexões interessantes sobre a maneira como a desigualdade social está permeada, e muitas vezes, naturalizada, na sociedade brasileira. No entanto, o que mais nos chama a atenção ao analisarmos o filme, é a maneira como as violências que Val sofre o tempo todo estão ocultas pela cordialidade. Como já adiantamos, Val era “quase da família”, mesmo tendo que viver em um quanto insalubre, comer um sorvete diferente daqueles dos patrões ou servir, devidamente uniformizada de empregada, os convidados dos patrões nos dias de festa, entre outras violências constantes

que

muitas vezes

passavam

despercebidas devido justamente a essa “cordialidade” existente nessa relação patrões-empregada. Desta maneira, essa cordialidade existente entre as classes sociais, que oculta e neutraliza violências, além de mascarar opressões tão

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presentes na história do Brasil, nos abre espaço para analisarmos o filme de Muylaert em uma relação com o conceito de cordialidade presente na obra de Sérgio Buarque de Holanda, que trata justamente desse aspecto tão presente e importante para a formação do caráter nacional brasileiro (BARBATO, 2010). A cordialidade de Holanda está expressa no capítulo “O Homem Cordial”, de sua obra Raízes do Brasil, que se trata de uma das maiores contribuições para a historiografia e pensamento sociológico brasileiros, buscando as origens dos traços tão marcantes do Brasil e seus brasileiros ainda no Brasil colonial, e principalmente na presença do colonizador português na gênese da formação da sociedade brasileira. Segundo o autor, todas as formas de exclusão e violência, muito bem dissimuladas nos traços cordiais presentes no brasileiro de seu tempo, eram em razão da colonização portuguesa (DECCA, 2002, pp.11-12). No capítulo “O Homem Cordial”, Sérgio Buarque de Holanda busca explicações que justifiquem a cordialidade presente no brasileiro, e ele encontra suas respostas comparando as figuras do Estado e da Família. O Estado seria algo voltado para o racional e para o indivíduo, em contraposição à Família, que estabelece relações mais sentimentais e intimistas. E nesse sentido, o brasileiro, cordial por natureza, se formou respaldado por uma ideia mais voltada para o padrão familiar, na qual a razão muitas vezes cede para dar lugar aos anseios de cunho intimista e familiar, o que deixa, por tanto, o Estado, e todo o conjunto de instituições que ele representa, em segundo plano. Portanto, ser cordial, não

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necessariamente significa algo positivo, pois essa cordialidade guarda egoísmos e personalismos, que acabam por desencadear efeitos negativos na sociedade brasileira, tais como a ocultação de problemas e violência, e um Estado no qual todo um aparelhamento é formado não para atender às necessidades do coletivo, mas sim da pessoa e da família (HOLANDA, 1956). Nesse sentido, como nos trouxe Teresa Sales: Sergio Buarque de Holanda apresenta a mediação de classes sob uma outra óptica, embora as raízes de ambos, Sergio e Gilberto, estejam apontando para elementos que encobrem as desigualdades sociais por uma espécie de fetiche. A óptica do autor de Raízes do Brasil é á do "homem cordial", aquele cuja característica é o horror às distâncias, que tem suas raízes na esfera do íntimo, do familiar e do privado, cujas origens, por sua vez, estão relacionadas antes com a especificidade de nossa casa-grande que com traços patrimoniais herdados da cultura portuguesa (SALES, 1994). Portanto, dentro dessa temática expressa por Holanda, essa cordialidade se expressa na diminuição da distância entre as pessoas, voltando-se para o íntimo e o familiar nas mais diversas relações, mesmo naquelas que deveriam escapar dessa esfera. No entanto, “a lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam”, como diz o próprio Holanda, também guarda seus elementos negativos, uma vez que acoberta, nessa aparente doçura das relações, as violências e as desigualdades entre as classes sociais.

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E é nesse ponto que a obra de Anna Muylaert nos serve como um bom exemplo para entendermos essa cordialidade ancestral que marca o brasileiro como elemento atenuante de violências, uma vez que o mote do filme é justamente esse: a empregada que é inferiorizada e aviltada com uma doçura que muitas vezes faz com que essa violência se torne imperceptível, ou pelo menos, menos explícita. Assim, a partir da análise conjunta das duas obras, buscaremos mostrar como o conceito de cordialidade, expresso por Holanda, ainda é muito interessante para compreendermos nossas relações sociais no Brasil, tendo o filme como um objeto privilegiado para essa análise.

2. Acerca da utilização da cordialidade No capítulo “O Homem Cordial”, da obra Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, o autor conceitua a diferença entre duas instituições antagônicas em diversos aspectos: O Estado, como figura que estabelece normas gerais, promove a individualização e traz a racionalização das relações sociais; e a Família, que por ser sustentada por laços consanguíneos, atua colocando seus valores apoiados em sentimentos e na subjetividade. O atrito existente entre essas concepções causa, como o próprio autor coloca, crises sociais, o que no caso do Brasil se mostra como algo bastante forte, devido principalmente à nossa resistência em abandonar os valores familiares, fato esse responsável por debilidades em diversos aspectos de nossa sociedade.

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No ambiente colonial traçado por Holanda, observamos uma falta de autoridade por parte das instituições, em uma sociedade herdeira das sociedades ibéricas, como era a brasileira, na qual cabia a obediência e submissão à autoridade patriarcal, na falta de outra, produziu esse tipo de relação social mesmo dentro de relações hierárquicas, na qual havia se expressavam de maneira mais simples e diretas, ocorridas nos moldes das relações familiares, o que não significa que quebravam as posições hierárquicas, apenas as reconfiguravam (AVELINO FILHO, 1990). A real consequência desse conflito, entre tais instituições - a Família, com sua pessoalidade e subjetividade, e o Estado, como sua razão - para o país pode ser encontrada exatamente no que ele chama de cordialidade, que nos ajuda a “preservar intactas sua sensibilidade e sua emoções” e que no fundo não passa de um ordinário triunfo da Família sobre os interesses gerais, triunfo esse muitas vezes nocivo para o convívio social e o bom andamento do sistema político e que torna a maioria das organizações muito pessoais e pouco adeptas de normas e rituais, o que traz sérias consequências para o próprio desenvolvimento social do país, uma vez que, gerido por ideais personalistas e familiares, o bem-estar geral se mostra prejudicado. Em meio a essa dissonância social que Holanda nos traz, um exemplo pode ser encontrado na família rural e patriarcal brasileira e o início da desigualdade social, que remonta ao Brasil colonial, que ela representa, e como veremos no decorrer deste texto, ainda traz ecos na sociedade brasileira.

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Nesse aspecto, podemos estabelecer uma relação entre a obra de Sérgio Buarque de Holanda e o filme de Anna Muylaert, uma vez que um dos pontos abordados no filme Que horas ela volta? é exatamente a desigualdade social, reflexo evidente desse contexto histórico herdado dos tempos coloniais, e personalizada pela empregada Val e a patroa Bárbara, pessoas de classe sociais distintas, na qual uma é subordinada a outra, em uma relação de subordinação e dominação que extrapola gerações. Mas o que há de mais interessante nas personagens e em suas relações, se refere ao fato de Val ser tratada como pertencente aquela família, por morar na mesma casa há vários anos e cuidar do filho de Bárbara, o que acabou gerando vínculos de intimidade entre todos, mesmo estando essas pessoas separadas por diferenças sociais bastante significativas, a ponto de Val se sentir incluída àquele meio que a oprime e a inferioriza, adotando para si, inclusive, o papel de mãe para o filho dos patrões. Esse sentimento de pertença na família da patroa é revestido exatamente pela cordialidade de Sérgio Buarque de Holanda. Pela polidez, pelo sentimentalismo, por ser relativo ao coração, a relação entre patrões e empregada (e posteriormente sua filha), em um primeiro momento, parecem mesmo estarem acomodadas como relações familiares, mesmo que o filme, ao longo de seu desenvolvimento, dê indícios, que no seu desenrolar se tornam cada vez mais evidentes, de que tudo aquilo se trata de mera cordialidade para camuflar uma relação normal de patrões e empregados, marcada por preconceitos de classe e ideais de exploração e inferiorização.

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Um exemplo disso é o vínculo de Val com o filho de sua patroa: existe ali laços estreitos que apelam para uma incoerência social, pois temos um filho de uma mulher socialmente bem sucedida que prefere abraçar a empregada pobre do que a própria mãe, evidenciando o quão complicadas e tensas são essas relações retratadas no filme e problematizadas por Sérgio Buarque de Holanda. Tanto Val quanto Bárbara realmente acreditavam estar, justamente pela existência da cordialidade, atuando como uma família. No entanto veja bem, de uma pretensa mesma família, mas nunca de uma mesma classe social. A cordialidade de Bárbara, nesse sentido, é bastante hipócrita, por ter a empregada em sua casa há tanto tempo e dizer que ela faz parte da família, ao mesmo tempo em que não pode comer de sua mesma comida ou entrar na piscina de sua casa. No entanto, é essa cordialidade, hipócrita, mas apaziguadora de conflitos ao mesmo tempo, que perpassa a sociedade brasileira há décadas e que se revela a um olhar mais acurado, desde os altos escalões da administração pública até as microgerências familiares Portanto, por mais que as personagens pretendam ser uma família, continuam sendo empregada e patroa. E a cordialidade apenas faz a patroa sentir-se bondosa e humilde, e a empregada bem afortunada e querida, ao passo que essa gentileza é colocada à prova com a chegada de Jéssica, filha de Val, representando a ruptura nesse ambiente violento, mas harmônico, justamente pela presença dessa cordialidade que camufla os antagonismos de classe e a exploração. Percebemos, deste modo, que a cordialidade do brasileiro neste filme, que evidentemente não deixa de ser uma

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representação da realidade, é utilizada como uma máscara para a desigualdade social desenvolvida ao longo de nossa história, sendo que essa desigualdade encontrou ao longo de tempos terras férteis em nosso país e sua origem parece vir de alguns valores familiares como o patriarcalismo e até mesmo o coronelismo, tudo, sempre velado pela cordialidade.

3. Sobre a cordialidade, a desigualdade social e a crise política atual Para Sérgio Buarque de Holanda, essa familiaridade característica dos brasileiros atua, sob um ponto de vista político, como um empecilho para “os grandes feitos”, ou seja, para o desenvolvimento do país. Nesse sentindo, o autor cita que as grandes mudanças no cenário político brasileiro, como a Independência e a Proclamação da República, foram encabeçadas por grupos racionais, como maçons e positivistas, e, portanto, alheios a essa vertente familiar e cordial que marca o brasileiro. A Democracia, por exemplo, exige que os cidadãos escolham alguém que, acima de tudo, desempenhe um papel representativo no plano governamental. Neste plano, para Sérgio Buarque de Holanda, é onde deve ter vez os chamados órfãos sociais, aqueles que se individualizaram, que não seguem a polidez dos valores familiares, e que geralmente são pessoas com estudo e mais oportunidades, se destacando assim desse padrão cordial inerente às relações sociais e políticas do Brasil, exemplo de uma velha ordem que deve ser superada em nome dessa racionalidade. É neste ponto em que o filme Que horas ela volta? assimila muito bem ao retratar a dificuldade que pessoas de baixa renda e de regiões do

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Nordeste do Brasil tem de estudar em uma universidade. Jéssica, filha de Val, ao chegar em São Paulo para prestar vestibular, por coincidência o mesmo que o filho de Bárbara irá fazer, todos duvidam de sua capacidade de passar. Esse ponto é reforçado pela desigualdade social existe entre eles, além de outro detalhe, que mostra a cordialidade da patroa ao saber que seu filho não passou, mas Jéssica sim. Cordialidade essa revestida de inveja e de ciúme pelo filho com sua empregada. Logo, como na política temos as pessoas cordiais escolhendo seus representantes, incluindo aquelas que não possuem chance de estudar e/ou ingressar em uma universidade, acabamos voltando à familiaridade e ao sentimento, por nossas sensações com relação a certo político, carente de razão e imerso nesse universo paternalista e ineficiente. Essa crise de representação dos interesses do povo também faz parte do momento político atual, na qual os partidos não mostram a opinião de seus eleitores. Estes certamente buscam novas soluções e grupos políticos com relações mais estreitas com o povo e que saibam identificar seus problemas e causas.

4. Conclusão Em suma, é perceptível as semelhanças entre aspectos do longa Que horas ela volta? com o conceito central de “O Homem Cordial” do livro Raízes do Brasil. Quando Sérgio Buarque de Holanda busca explicar motivos que torna o brasileiro cordial, vemos que o nosso passado histórico foi determinante para nossas condições atuais. O fato de o brasileiro ser menos objetivo e buscar sempre estabelecer relações

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intimistas implica na sua pouca racionalidade, e acaba por tornar nossas relações políticas menos eficientes, além de esconder uma série de mazelas sociais, opressões e inferioridades, sempre ocultas pela aparente cordialidade marcante do brasileiro. Essa ineficiência leva a diversas crises sociais e políticas, e o cenário retratado no filme é a uma dessas crises, a de desigualdade social. Mas mais que isso, esse “homem cordial” de Holanda, além de trazer a ineficiência administrativa, uma vez que não há razão na governança e no trato com a coisa pública, em prol do benefício familiar, essa cordialidade mascara relações de opressão e de violência, e é justamente isso o que podemos notar no filme de Muylaert, no qual tal opressão é deveras latente e muito visível até, mas se atenua pela aparente intimidade existente entre opressor e oprimido. Desta maneira, podemos concluir que o filme de Anna Muylaert é uma interessante representação dessa sociedade descrita por Sérgio Buarque de Holanda: personalista, egoísta e paternalista, herdada desde tempos longínquos do Brasil colonial e que pode ser entendida como uma das responsáveis pelas mazelas sociais que assolam o país, mas que, no entanto, permanece dissimulada em traços cordiais, aparentemente sensíveis, mas que, hipocritamente, servem para perpetuar essas relações de violência, ao mesmo tempo tão visíveis e tão escondidas na sociedade brasileira. Val, Bárbara, Jéssica e todos os demais personagens de Que horas ela volta? encarnam, portanto, esse universo descrito por Sérgio Buarque de Holanda, no qual a violência e a desigualdade existem, mas por estarem

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acomodadas sob uma capa expressa em trejeitos e palavras cordiais, acabam por parecerem diminutas, ou de menor importância, quando na verdade não o são. Assim, podemos concluir que a obra de Sérgio Buarque de Holanda, mesmo já passadas muitas décadas, ainda se mostra bastante atual para nos ajudar a compreender a complexidade das relações sociais no Brasil, e o filme Que horas ela volta? nos serve como exemplo disso, pois mostra que essas violências ocultas pela cordialidade ainda permeiam nossa sociedade.

4. Referências bibliográficas

AVELINO FILHO, George. Cordialidade e civilidade em Raízes do Brasil. In. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 5, n° 12, fev. 1990. BARBATO, Luis Fernando Tosta. Da casa-grande ao mucambo: Gilberto Freyre e as origens do caráter nacional brasileiro. Revista de História, 2, 1, 2010. DECCA, Edgar Salvadori de. “Tal pai, qual filho? Narrativas históricoliterárias da identidade nacional”. In. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em História e do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, n° 24, 2002. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1956.

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SALES, Teresa. Raízes da desigualdade social na cultura política brasileira. In. Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº 25, 1994. QUE horas ela volta? Direção: Anna Muylaert. Produção: Fabiano Gullane, Caio Gullane, Débora Ivanov, Anna Muylaert. Globo Filmes e África Filmes, 13

2015. 144 min.

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