Aspectos da pesca e socieconomia de pescadores artesanais do município de São João de Pirabas, Pará

June 2, 2017 | Autor: R. Chagas | Categoria: Socioeconomics, Pescadores Artesanais, ENGENHARIA DE PESCA
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ISSN 1678­0701

Número 56, Ano XV. Junho­Agosto/2016.

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 Relatos de Experiências 04/06/2016

ASPECTO DA PESCA E SOCIOECONOMIA DE PESCADORES ARATESANAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE PIRABAS, PARÁ   Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2342  Like Be the first of your friends to like this.

ASPECTO DA PESCA E SOCIOECONOMIA DE PESCADORES ARTESANAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE PIRABAS, PARÁ   1 Rafael Anaisce das Chagas ; Mara Rúbia Ferreira Barros2; Wagner Cesar Rosa dos Santos3; Ana Virgília Pereira do Vale4; Carlos Romildo Santos de Sousa5   1Engenheiro de Pesca – UFRA, email: [email protected]

2Graduanda em Engenharia de Pesca – UFRA, [email protected] 3Engenheiro de Pesca – UFRA, email: [email protected]

4Graduanda em Engenharia de Pesca – UFRA, email: [email protected] 5Graduando em Engenharia de Pesca – UFRA, email: [email protected]

  Resumo:  Devido  a  precariedade  de  dados  da  pesca,  o  conhecimento  do perfil  socioeconômico  dos  pescadores  artesanais  e  a  estrutura  organizativa da  pesca  se  fazem  importantes  pois  mostram  a  realidade  da  atividade pesqueira.  O  estudo  foi  realizado  em  junho  de  2014  no  município  de  São João  de  Pirabas,  baseado  em  coleta  de  dados  em  campo  através  de aplicação de 30 questionário semiestruturados direcionados aos pescadores. Dos  entrevistados,  todos  eram  homens,  com  idades  entre  38  e  72  anos, casados, com média de 3 filhos. Sobre o índice escolar dos pescadores, 65% possuem  o  segundo  grau  completo  ou  incompleto  e  apenas  5%  é considerado  analfabeto  funcional.  Sobre  a  renda,  os  pescadores  afirmam que  a  renda  principal  é  oriunda  da  atividade  pesqueira  oriunda  da  pesca, onde  60%  adquirem  uma  renda  acima  de  três  salários  mínimos  e  80% recebem aposentadoria que complementam a renda familiar mensal. Verifica­ se  a  importância  de  levantamentos  socioeconômicos,  tais  como  nesse estudo,  pois  verifica­se  uma  mudança  da  perspectiva  dos  pescadores  em relação ao futuro de seus filhos, que estimulam os estudos dos filhos visando um direcionamento oposto a atividade pesqueira. Palavras–chave: Aspectos Socioeconômicos. Pesca Artesanal. Pescador.  

Introdução   A pesca, extração de organismos aquáticos para diversos fins, é uma atividade  tão  antiga  quanto  o  próprio  homem,  fornecendo  alimento  para  os pescadores e suas famílias desde o surgimento da humanidade (OLIVEIRA &  NOGUEIRA,  2000;  PEREIRA,  2002).  É  amplamente  reconhecida  a precariedade  das  estatísticas  da  pesca  artesanal  no  mundo  inteiro,  e  a situação  não  é  diferente  no  Brasil  onde  a  pesca  artesanal  sofre  de  uma carência,  generalizada,  de  informações  biológicas  e,  especialmente, socioeconômicas,  sendo  mais  evidenciadas  as  carências  referindo­se  aos tipos  de  emprego  e  renda,  de  tecnologias  empregadas  e  os  aspectos organizativos dos pescadores artesanais (ALVES DA SILVA et al., 2009). O conhecimento do perfil socioeconômico dos pescadores artesanais e  a  estrutura  organizativa  da  pesca  quase  sempre  são  negligenciados  nas pesquisas  pesqueiras,  entretanto,  tais  estudos  são  relevantes  para implementação  de  medidas  de  manejo  dos  estoques,  assim  como  para  o desenvolvimento  econômico  destas  populações  (MINTE­VERA,  1997; WALTER, 2000). O  presente  trabalho  buscou  delinear  o  perfil  socioeconômico  do pescador  artesanal  do  município  de  São  João  de  Pirabas,  com  a  finalidade de  compreender  sua  forma  de  vida,  buscando  ao  mesmo  tempo  retratar  os aspectos socioeconômicos do pescador e seus familiares, possibilitando uma reflexão e tomada de consciência sobre a atividade e suas transformações.   Material e Métodos   O estudo foi realizado em junho de 2014 no município de São João de Pirabas  (00°46’29”  S;  47°10’38”  W),  situado  no  nordeste  paraense,  distante 190  km  da  capital  Belém,  abrangendo  uma  área  de  709,4  km2  possuindo aproximadamente 20 mil habitantes. Esse  trabalho  foi  feito  com  base  em  coleta  de  dados  em  campo, fundamentado  em  pesquisa  qualitativa,  fazendo  uso,  quando  necessário  de suporte  quantitativo  para  fundamentar  a  representatividade  dos  dados coletados.  O  questionário  semiestruturado  foi  baseado  em  Richardson (1989), onde constituem­se num roteiro simples de perguntas e questões que são  apresentadas  e  posteriormente  complementadas  pelo  entrevistado.  O questionário foi elaborado com as seguintes informações de cada pescador: sexo, escolaridade, número de filhos, tempo de atividade pesqueira, o tipo de residência,  o  grau  de  satisfação  do  pescador  e  entre  outras  perguntas relacionado  com  a  atividade  pesqueira.  Aplicou­se  30  questionários  e organizou­se  os  dados  obtidos  em  planilhas  do  programa  Microsoft  Excel 2010  para  analisar  as  informações  relevantes  acerca  dos  aspectos socioeconômicos dos pescadores. Resultados e Discussão   Os  pescadores  artesanais  entrevistados  no  neste  estudo,  eram  do sexo  masculino,  com  idades  entre  38  e  72  anos,  casados.  Sobre  o  índice escolar  dos  pescadores,  35%  possuem  o  ensino  médio  incompleto,  30%  o ensino  médio  completo,  20%  o  fundamental  completo,  10%  o  fundamental incompleto  e  5%  é  analfabeto  funcional.  Possuem  uma  média  de  3  filhos, sendo que 95% dos pescadores considera importante filhos frequentarem a escola,  porém  notou­se  que  85%  destes  frequentam  a  escola.  Essa preocupação  em  relação  a  educação  dos  filhos  foi  encontrada  por  Ranzani De  Paiva,  Castro  e  Maruyama  (2006)  que  observou  entre  os  pescadores  a

preocupação  quanto  à  educação  formal  de  seus  filhos,  sendo  constatada   também  uma  maior  escolaridade  dos  filhos  em  relação  aos  pais,  inclusive alguns com ensino superior ou ensino médio completo. Quando  perguntados  sobre  o  tempo  de  exercício  da  atividade pesqueira, a totalidade possui mais de 20 anos na pesca, sendo que dentre os  entrevistados  havia  um  pescador  com  50  anos  de  trabalho  na  pesca, ficando  evidente  a  transição  familiar  desta  atividade  em  totalidade  dos pescadores.  Essa  relação  de  idade  é  semelhante  a  encontrada  em  outros estudos que revelam a dificuldade atual encontrada pela pesca artesanal em recrutar  os  mais  jovens  para  essa  atividade  (PETRERE­JR.,  WALTER  & MINTE­VERA,  2006;  RANZANI  DE  PAIVA,  CASTRO  &  MARUYAMA,  2006; VASCONCELLOS,  DIEGUES  &  SALES,  2007;  ALVES  DA  SILVA  et  al., 2009).  Mesmo  com  o  tempo  de  atividade  pesqueira  sendo  superior  a  duas décadas,  notou­se  que  apenas  50%  dos  pescadores  possuem  registro, verificando  que  60%  destes  fizeram  ou  pretendem  fazer  algum  curso  de capacitação profissional, visando uma melhor qualificação na pesca. Em  relação  as  condições  habitacionais  destes  pescadores,  verificou­ se que 90% possuem casa própria de alvenaria e 10% em casas alugadas, 50% possuem abastecimento de água através da rede pública de distribuição e  o  restante  através  de  poços  comuns.  Sobre  o  descarte  dos  resíduos domésticos, 90% direciona o lixo para a coleta seletiva do município e 10% queima­o. Sobre a renda oriunda da pesca, 60% adquirem uma renda acima de três salários mínimos, 30% entre um e três salários e 10% uma renda mensal de  menos  de  um  salário,  além  disso  80%  recebem  aposentadoria  que complementam a renda familiar mensal, porém todos os pescadores afirmam que a renda principal é oriunda da atividade pesqueira. Essa realidade sobre a  renda  foi  debatida  por  Alencar  e  Maia  (2011)  onde  verificou­se  que  na região norte a renda média anual dos pescadores foi de R$ 3.064,00, abaixo da  média  nacional  (R$  3.282,00).  Alencar  e  Maia  (2011)  comenta  que  o número  de  empregos  na  pesca  e  aquicultura  aumentou  em  média  3,6%  ao ano desde 1980, e esse fato se deve principalmente a inserção da mulher na atividade  pesqueira,  porém  verificou­se  neste  estudo  que  todos  os pescadores  mostraram­se  satisfeitos  com  a  pesca,  porém  80%  afirma  que não  desejam  que  seus  filhos  continuem  com  a  atividade  pesqueira,  20% desejam que os filhos continuem ou já exercem. Sobre a pesca e venda do pescado, 95% possuem o barco próprio e o restante  (5%)  pesca  no  barco  de  empresas.  Em  relação  a  venda,  os pescadores  recebem  ajuda  de  familiares  (60%)  ou  de  outros  pescadores (40%), não havendo dificuldade na comercialização do pescado, que em sua maioria  (80%)  é  comprado  por  atravessadores  ou  vendidos  na  feira­livre (20%),  com  um  percentual  de  apenas  10%  dos  peixes  tratados  antes  da comercialização.   Conclusão   Estudos sobre a socioeconomia da classe oriunda da pesca artesanal faz­se  importante  para  que  se  possa  ter  uma  compreensão  precisa  e necessária  sobre  a  realidade  da  pesca  no  estado  do  Pará.  Através  de pesquisas  como  esta,  visa­se  elaborar  planos  de  incentivo  a  pesca  e/ou  de ampliação dos valores tradicionais oriundos da atividade pesqueira.   Referências  

ALENCAR, C. A. G. D. & MAIA, L. P. Perfil socioeconômico dos pescadores brasileiros.  Arquivos  de  Ciências  do  Mar,  Fortaleza,  v.  44,  n.  3,  p.  12­19, 2011.   ALVES  DA  SILVA,  M.  E.  P.,  et  al.  Levantamento  da  pesca  e  perfil socioeconômico  dos  pescadores  artesanais  profissionais  no  reservatório Billings. Boletim do Instituto de Pesca, v. 35, n. 4, p. 531­543, 2009.   MINTE­VERA,  C.  V.  A  pesca  artesanal  no  reservatório  Billings  (São Paulo). 1997. 86p. Dissertação de Mestrado ­ UNICAMP, Campinas, 1997.   OLIVEIRA,  R.  D.  D.  &  NOGUEIRA,  F.  M.  D.  B. Characterizationofthefishesandofsubsistencefishing  in  the  Pantanal  of  Mato Grosso,  Brazil.  Revista  Brasileira  de  Biologia,  São  Carlos,  v.  60,  n.  3,  p. 435­445, 2000.   PEREIRA,  R.  C.  Nécton  marinho.  In:  SOARES­GOMES,  A.  Biologia Marinha. Interciência, Rio de Janeiro, 2002. p. 158­193.   PETRERE­JR., M.; WALTER, T. & MINTE­VERA, C. V. Income evaluation of small  scale  fishers  in  two  Brazilian  urban  reservoirs:  Represa  Billings  (SP) and Lago Paranoá (DF). BrazilianJournalofEcology, São Carlos, v. 66, n. 3, p. 817­828, 2006.   RANZANI  DE  PAIVA,  F.;  CASTRO,  P.  M.  G.  &  MARUYAMA,  L.  S.  Pesca artesanal  na  Represa  Billings,  Estado  de  São  Paulo:  uma  arqueologia  da existência.  In:  SEMINÁRIO  DE  GESTÃO  SOCIOAMBIENTAL  PARA  O DESENVOLVIMENTO  SUSTENTÁVEL  DA  AQÜICULTURA  E  DA  PESCA NO  BRASIL,  2006,  Rio  de  Janeiro.  Anais  de  Seminário  de  gestão socioambiental para o desenvolvimento sustentável da aqüicultura e da pesca no Brasil. 2006, p.1­6.   RICHARDSON,  R.  J.  Pesquisa  social:  métodos  e  técnicas.  São  Paulo: Atlas, 344p, 1989.   VASCONCELLOS,  M.;  DIEGUES,  A.  C.  &  SALES,  R.  R.  Limites  e possibilidades  na  gestão  da  pesca  artesanal  costeira.  In:  LOBO,  A.  Nas redes da pesca artesanal. Brasília: Ibama, 2007. p. 15­63.   WALTER,  T.  Ecologia  da  pesca  artesanal  no  lago  Paranoá  –  Brasília  – DF.  2000.  227p.  Dissertação  de  Mestrado  ­  Universidade  de  São  Paulo (USP), São Carlos, 2000.

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