Aspectos do quotidiano numa casa de Silves, durante o século XV.

October 14, 2017 | Autor: João Cardoso | Categoria: Portugal, História da Idade Média, Idade Média
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Silves nos Descobrimentos

XELB: revista de arqueologia, arte, etnologia e história, ISSN 0872-1319, N° 3,1996, págs, 33-78

ASPECTOS DO QUOTIDIANO NUMA CASA DE SILVES, DURANTE O SÉCULO XV M,lrio Varela Gomes"', Rosa Varela Gomes"'* e João LlIís Carcl oso::: u

1. Arqueologia e quotidiano histórico

Desde os se us tempos pi.oneiros que o principal objectivo da Arqueologia tem sido a reconstituição dos qu otidianos pretéritos. Não esqueçamos qu e a complexa trama de interacções co nstituintes do passado humano, mesmo O mais próximo, não se pode esgotar na informação haurida nos textos. Bem pelo co ntrário, apenas alguns dos raros factos, ocasionalmente co nsiderados mais signifi cativos , foram registados por esc rito. Também o número des tes redu z-se progressivamente com o recuar no tempo, até quase des'aparecerem, como acontece para os períodos mais remotos dos Tempos Hi stóri cos, sendo tai s fontes inex istentes, conforme à sua própria definição, no longínquo percurso pré-histórico. O testemunh o arqueológico é, por outro lado, co nsequ ência directa da vivê ncia humana, desde as mais singelas acções li gadas à subsistência de cada indivíduo, às mais comp lexas manifes tações do raro ideológico, tanto singulares como colectivas. Ele é, na grande maioria das vezes, despojado do carácter refl ectido e interpretativo dos textos, sempre feridos pela perspectiva de qu em os elaboro u ou de qu em ord enou a sua execução, dado não podermos esquecer tratar-se de documentos que têm como finalidade única a comunicação, aquilo que se quer deixar registado e transmitir a outros. Tal situação conduz a que aArqueologia por um lado ocu pe importante papel na COlltcx tual ização dos tex tos, e dado o esgotamento, em termos de fontes, da inforll1ação por eles proporcionada,colllo a sua total ausência em Illuitas áreas, possa, por outro lado, orerecer, com a parti cipação de outras ciências, Lima imensidade de novos dados, decisivos à corrccta reco nstrução e compreensão elas sociedades que oos precederam.

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D;"l Acndcmin Portuguesa da História. Direc tor do Museu Municipal de Arqueologia de Sil ves.

",* Ass is tent e d,l Un ivers idad e Nova de Li sboa. Do In stituto Ori ent al da Un ivers idad e NOVRdc Li sboa. :;:/.4 Centro de Estudos Geológicos, rCTfUNL. Coordenador do Cen tro el e Estudos Arqu eológicos do Concelho de Ooiras (C.M.O.).

Como cxcmplo do significati vo contributo quc aArqueolog ia poderá desempcnhar, penni timo-nos rceordar os eonh ec im cntos que hoj e dctcmos, por vezes com grande porm enor. cios grandes factos históricos oco rri dos no Portugal do século xv, enqu an to pouco ou nad a se sabe sobre a vida quotidiana dos homens que foram os seus protagoni stas, Pouco ou nada se sa be dos diferent es aspec tos da vida urbana ou rural de então, da habitação, do mob ili ário c restante eq uipamcnt o dom és ti co. do pequcno comércio, dos hábi tos alimentares, da econom ia dom és tica e al·tcsilna l, do desabrochar elas indú stria s, elc .. , E não devcrcmos, ainda, deixar de ref erir os significat i vos aspectos ela vida cogni li va quc, de igual modo, o rcgisto arq ueol ógico doeumcnta, tanto di rectam ente com o através de subtis manifestações simbóli cas. É uma fracção de um desses quotidianos urbanos cio séc ulo xv, da cntão ainda import ante cidade dc Sil ves. capita l do rein o elo A lgar vc, terra elo dcscobridor dos A çorcs ( 1427). cuja alca idari a roi eo nced ida ao ln rantc D , Henriqu e ( 1457) c onde Z urara term i nou a "C/'ôl/ica da TOllla da de Cel/w " ( 1450), que pa ssarcm os a es tud ar.

2. Uma casa c algum do seu espólio M cnciona o " Livro doA /llIoxa /'ifado" dc Si I ves, elaborado cm 1474 pelo esc udei ro e esc ri vão das sisas rcais Gonçalo Pires, no capítul o referenle ao " Ti/u/o da s casas pa/'dieim,\' e c/uioo.\' ql/ e o di/o Sel/ho/' Rey ha (/e/1//'o 1/ 0 co /'po da diw çidade", um a " RI/a que se cOlll eço aa po /'/a da IIi/a

Fi g. I - Lücali L:lçãO do «pillio anexo ao poçO-t'iSlcnm» ( 1, Castelo ; 2. Sé: 3. Porta do Sol; 4. Porta da Azôi;]: 5. Porlil de Loul é: 6. l'nço-cislcrna: 7. BanhO": 8. P5tio anexo :lO po~:o 4c i !'o lcrna ).

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f-ig. 2 - P,íti o anexo ao poço-cisterna. Aspecto dos tl"ab,\lhos, cm 1986. nos quadrad os 1. 2. 14 e 15.

f-ig. 3 - P;Ílio ancxO ao

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Fig. 9 - Cc rfimicJ COIllUlll. P
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