ASTROFOTOGRAFIA COMO AUXÍLIA À APRENDIZAGEM NO ENSINO DE ASTRONOMIA

May 28, 2017 | Autor: Romualdo Santos | Categoria: Astronomia, Ensino Aprendizagem, Astrofotografía
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XXXII Encontro de Físicos do Norte e Nordeste – João Pessoa – 2014

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ASTROFOTOGRAFIA COMO AUXÍLIA À APRENDIZAGEM NO ENSINO DE ASTRONOMIA Romualdo Santos Silva Jr.1, Tarso Leandro Holanda Leite2 , Samuel Lamarão Alves3 1

Universidade Federal de Sergipe/Departamento de Física/UFS, [email protected] 2 3

Instituto Federal de Rondônia, [email protected]

Instituto Federal de Rondônia, [email protected]

Resumo: Desde a antiguidade, a astronomia tem despertado ao homem uma profunda curiosidade acerca da origem do universo, bem como a sua formação. O ensino de astronomia através de auxílio pedagógico sendo ele experimental em laboratório ou de forma mais simples em sala de aula é sem dúvida uma importante ferramenta no ensino de Ciências. Este trabalho tem por objetivo mostrar a importância da astrofotografia no ensino de astronomia como forma de auxílio à Aprendizagem Significativa, mostrado uma breve introdução à Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, reflexão sobre a astrofotografia como prática pedagógica no ensino médio e de que maneira essa prática pode auxiliar os alunos à aprendizagem significativa em astronomia.

Introdução A astronomia transmite grande interesse por parte dos estudantes, por ser uma ciência bastante interdisciplinar, e dessa forma é considerada a mais antiga das ciências, entretanto, ainda é bastante “desconhecida” por parte das escolas e da população de um modo geral. Assuntos relacionados com a astronomia chamam a atenção de pessoas de qualquer faixa etária. Segundo Neves e Pereira (2004, p. 27): “O estudo da Astronomia tem fascinado as pessoas desde os tempos mais remotos. A razão para isso se torna evidente para qualquer um que contemple o céu em uma noite limpa e escura. Depois que o Sol – nossa fonte de vida – se põe, as belezas do céu noturno surgem em todo o seu esplendor”.

Uma grande valia e importância para a educação científica e tecnológica é a abordagem teórica e experimental de assuntos relacionados à ciência, objetivando assim contemplar uma grande variação de métodos de aprendizagem estudantis. A continuação dos estudos também é importante para o desenvolvimento do conhecimento. Muitos assuntos estudados em Ciências, no ensino fundamental, são revistos e aprofundados no ensino médio, em Física, Química e Biologia. Porém, a Astronomia que também possui elevada importância, juntamente com as demais disciplinas não é trabalhada no ensino médio, demonstrando a existência de uma lacuna na formação do aluno no ciclo básico de ensino. Como comentado anteriormente, os fenômenos celestes despertam um grande fascínio nas pessoas e, em especial aos estudantes. De fato, a observação destes fenômenos por meio de dispositivos óticos simples é um recurso importante no processo de ensino aprendizagem do aluno, bem como a substituição da abstração pela visualização. A seguir será apresentada a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, seguida de algumas reflexões sobre a astrofotografia como

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prática pedagógica no ensino médio e de que maneira essa prática pode auxiliar os alunos à aprendizagem significativa em astronomia. Teoria da aprendizagem Significativa Esta teoria conhecida como “Teoria da Aprendizagem Significativa” foi criada por David Paul Ausubel em meados da década de 60 do século XX. O principal conceito desta teoria é o da Aprendizagem Significativa, que pode ser definida como, Moreira (2009, p. 8): Um processo através do qual uma nova informação se relaciona, de maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivíduo. Neste processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel chama de "conceito subsunçor" ou, simplesmente "subsunçor", existente na estrutura cognitiva de quem aprende.

A aprendizagem significativa vem a ocorrer quando o aprendiz consegue atribuir significado a aquilo que está sendo aprendido, porém estes significados são relacionados quase sempre com atributos pessoais. Sendo assim, uma aprendizagem em que não exista uma atribuição de significados pessoais nem uma relação com o conhecimento prévio do aluno, não é considerada como uma aprendizagem significativa e sim mecânica. Ou seja, a nova informação armazenase de forma arbitrária e literal. Para que a aprendizagem significativa venha a acontecer, Ausubel propõe que a programação do conteúdo a ser ensinado em sala de aula obedeça basicamente a dois princípios básicos: a diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa. Para que ocorra a aprendizagem significativa, de acordo com Novak (2000, p. 19), são necessários três requisitos fundamentais, que são: i) Conhecimentos anteriores relevantes: ou seja, o formando deve saber algumas informações que se relacionem com as novas, a serem apreendidas de forma não trivial. ii) Material [potencialmente] significativo: ou seja, os conhecimentos a serem apreendidos devem ser relevantes para outros conhecimentos e devem conter conceitos e proposições significativos. iii) O formando deve escolher aprender significativamente. Ou seja, o formando deve escolher, consciente e intencionalmente, relacionar os novos conhecimentos com outros que já conhece de forma não trivial.

A ocorrência da aprendizagem significativa está relacionada diretamente com as condições anteriores. O primeiro requisito diz basicamente que é preciso que existam subsunçores relevantes na estrutura cognitiva do aprendiz, para que possa haver uma relação entre os novos conhecimentos e ele. No segundo requisito fala que o material de aprendizagem precisa ser potencialmente significativo. De acordo com a teoria de Ausubel, um material potencialmente significativo, é todo aquele que seja “passível de se relacionar com as ideias relevantes ancoradas na estrutura cognitiva do aprendiz.” Ausubel (2003, p. 57). É possível perceber que o material contendo estas características, pode influenciar a predisposição do aluno em aprender, e consequentemente, facilitando a sua aprendizagem significativa. O terceiro requisito afirma que o aprendiz precisa manifestar vontade (disposição) para

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aprender significativamente. Ou seja, o aluno não é um mero receptor de conhecimentos, mas sim um sujeito que decide querer aprender ou não. Ocorre que, “ninguém aprenderá significativamente se não quiser aprender. É preciso uma predisposição para aprender, uma intencionalidade” Moreira (2008, p. 16).Tais pressupostos teóricos permitiram a elaboração da proposta didática descrita a seguir, na qual se levou em consideração a concepção de que as imagens astronômicas (astrofotografia) é um assunto estimulador da curiosidade natural dos estudantes e ao ensino de astronomia, que eles já detêm diversas informações sobre o tema em suas estruturas cognitivas. Reflexões sobre Astrofotografia como auxilia na aprendizagem Apostar em uma nova didática não significa apenas atrair o aluno a uma sensação de novidade que uma atividade experimental pode proporcionar, mas sim utilizar desse artifício para construir um conhecimento mais próximo da sua realidade. Além disso, processos experimentais podem ser facilitadores de um conhecimento mais aprofundado quando relacionado aos conhecimentos prévios dos alunos, aproximando assim a realidade deste com o conhecimento científico. Isso se justifica, pois, As atividades experimentais permitem aos alunos o contato com o objeto concreto, tirando-os da zona de equilíbrio e colocando-os em zona de conflito, construindo mais conhecimentos e posteriormente retornando a zona de equilíbrio. (Cunha, 2002, p. 5).

Ainda com o intuito de se buscar por melhorias na relação ensinoaprendizagem, é que pesquisadores, professores e alunos devem estar empenhados e comprometidos com a melhoria da educação como um todo, buscando meios para a promoção de uma aprendizagem significativa. Onde percebemos que “os conceitos abordados serão realmente assimilados pelos alunos, se eles forem apresentados numa linguagem que também faça sentido para o aprendiz”, Nogueira et al. (2000, p. 518). Segundo Araújo & Abib (2003, p. 190): Estimular a participação ativa dos estudantes, despertando sua curiosidade e interesse, favorecendo um efetivo envolvimento com sua aprendizagem e também, propicia a construção de um ambiente motivador, agradável, estimulante e rico em situações novas e desafiadoras que, quando bem empregadas, aumentam a probabilidade de que sejam elaborados conhecimentos e sejam desenvolvidas habilidades, atitudes e competências relacionadas ao fazer e entender a Ciência.

Os autores acima colocam ainda que o uso da experimentação no ensino Ciências, mais especificamente de Física “tem sido apontado por professores e alunos como uma das maneiras mais frutíferas de se minimizar as dificuldades de aprender e de se ensinar Física de modo significativo e consistente”, Araújo & Abib (2003, p. 176). Delizoicov, Angotti e Pernambuco ao escreverem sobre os desafios para o ensino de ciências, fazem três perguntas que poderiam nortear os professores na elaboração de seus planejamentos, que são: O que ensinar? Porque e para que ensinar ciências? Para quem ensinar ciências? Por isso, porque não apostar em uma nova metodologia de ensino de ciências, como por exemplo, à astronomia,

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e assim proporcionar ao aluno uma visão mais ampla e esclarecida do universo, mesmo que seja em uma pequena escala, mas ainda assim abrir caminhos para a sua curiosidade. O ensino de astronomia através de imagens de astros pela astrofotografia pode ser uma ótima metodologia de ensino para os professores e alunos do ensino médio, de modo que esta prática experimental proporcionará uma melhor interação entre a escola, professor e aluno. A utilização de recursos de laboratório e multimídia é de grande importância no processo de ensino aprendizagem em ciências, quanto no ensino fundamental e médio, pois proporciona um estímulo a mais para os alunos e professores, capaz de exemplificar fenômenos físicos e astronômicos. A proposta de enquadrar a astrofotografia como metodologia interdisciplinar pode propiciar um conjunto de atividades práticas e agradáveis aos estudantes fazendo uso de telescópio, luneta, computador e câmera digital simples, afim de capturar e analisar imagens de objetos astronômicos. Já dizia Neves e Pereira (2007, p. 29): Trabalhar com a Astrofotografia pode aproximar o interesse das pessoas num céu já tão empobrecido pelo sistema de ensino e pelas luzes e poluição das cidades. Investir, pois, numa Astrofotografia simples, significa tocar a imaginação das pessoas, trazendo para um “pedaço de papel” um pedaço do céu como nunca antes observado. Além disso, a fotografia astronômica pode se constituir num recurso didático enriquecedor para o aprendizado de conceitos de Astronomia e do aprendizado de Física, especialmente envolvendo a interdisciplinaridade entre aquela ciência e os conceitos de ótica.

Através desta atividade experimental será possível abordar conceitos relacionados não só à astronomia, mas com diversas disciplinas, como: física, química, geografia, matemática, história, filosofia, informática entre outras, em função da sua característica multidisciplinar, tanto do projeto em si como da astronomia. A presente proposta tem como principal motivador educacional propiciar aos estudantes o uso de uma metodologia científica que tem um caráter observacional, como aquela lançada por Galileu Galilei, levando os estudantes a fazer reflexões de maneira crítica e construtiva sobre os fenômenos físicos naturais. No intuito de a experimentação proporcionar a aprendizagem significativa, os experimentos não devem ser realizados de qualquer maneira. Assim, Carrascosa em seu trabalho no ano de 2006 propõe que as atividades experimentais devem ter um enfoque investigativo. O autor afirma ainda que os estudantes devam participar ativamente de todos os processos da experimentação, não fazendo somente o que foi prescrito pelo professor, mas havendo uma interação entre os mesmos Dessa forma espera-se que a aprendizagem adquirida sirva não somente para a vida escolar do aluno, mas para sua vida como um todo. Os professores e alunos como proposta poderão obter as astrofotografias através de câmeras simples, utilizadas no dia a dia, ou se possível com uma câmera ainda melhor, onde será possível obter astrofotografias com uma maior qualidade. Dessa forma, os professores irão estimular os próprios alunos para uma atividade interdisciplinar e ainda a interação entre professor-aluno e aluno-aluno será de grande importância para p ensino aprendizagem. Através desta atividade, será possível trabalhar com os alunos os conceitos e conhecimentos de varias áreas, como por exemplo, geografia, história, física, astronomia entre outros. Dessa maneira a intenção de interdisciplinar desta proposta

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garante que os alunos obtenham um conhecimento baseado em uma metodologia cientifica de caráter observacional, os fazendo refletir de maneira critica e construtiva com respeito aos fenômenos naturais. Considerações Finais Diante das dificuldades encontradas em se ensinar ciências, em especial à Astronomia, é preciso ainda se discutir quais as melhores formas de ensino de ciências, qual proposta ou projeto se adéqua melhor ao ensino e aprendizagem do aluno e se essa trará uma melhor compreensão dos conceitos aos mesmos. Defende-se aqui que esta aprendizagem seja significativa, e que está relacionada com a interação professor-aluno, e que faça sentido para a vida do aluno desde o ambiente escolar como também após o ensino médio. Como meio de auxílio à aprendizagem significativa no ensino de Astronomia, encontramos nas Astrofotografias um forte instrumento para tal objetivo, pois esta exibe um caráter interdisciplinar, ligando o aluno ao professor e aos outros alunos, sem esquecer-se da motivação pelo conhecimento cientifico dos fenômenos naturais da vida. Estamos convencidos que a prática da Astrofotografia é uma ferramenta bastante útil no ensino aprendizagem de ciências, em especial à Astronomia, pois os conhecimentos adquiridos teoricamente em sala devem proporcionar ao aluno a capacidade de conciliar o seu cotidiano à teoria de forma prática e pedagógica, expondo suas ideias, pensamentos e críticas, e assim participarem mais das aulas e tornar os experimentos didáticos mais próximos de sua realidade e cotidiano, implementando recursos e instrumentos tecnológicos na pratica experimental. Mesmo porque, é interessante que a forma de linguagem utilizada em sala de aula seja proporcional ao contexto do aluno, principalmente quando se tem como finalidade a construção de novos pensamentos e conceitos. Por fim, esperamos que este trabalho possa ter contribuído para clarificar o quão relevante é o ensino de astronomia para os alunos, onde se faz necessário pensar em novas metodologias para o ensino da mesma, garantindo o ensino aprendizagem de forma significativa. Referências Dias, C. A. C. M., Santa Rita, J. R.. Inserção da Astronomia como disciplina curricular do Ensino Médio. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia RELEA, n. 6, p. 55-65, 2008. AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. 1a ed., Lisboa-PT, Plátano Edições Técnicas, 2003. 219p. Delizoicov, D., Angotti, J. A., Pernambuco, M. M., Ensino de Ciências: Fundamentos e Métodos, (Cortez, São Paulo, 2007). AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. 1. Ed., Lisboa-PT, Plátano Edições Técnicas, 2003. 219p. CARRASCOSA, J.; PEREZ, D. G.; VILCHES, A.; VALDEZ, P. Papel de la actividad experimental en la educación científica. Caderno Brasileiro do Ensino de Física, Vol. 23, n. 2: p. 157-181, 2006. MOREIRA, M. A. Subsídios teóricos para o professor pesquisador em ensino de ciências: A Teoria da Aprendizagem Significativa. Porto Alegre-RS, 2009.

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A Teoria da Aprendizagem Significativa segundo Ausubel. In: MASINI, E. F. S.; MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa: condições de ocorrência e lacunas que levam a comprometimentos. 1ª. Ed. São Paulo: Vetor, 2008. Cap. 1.

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