ALAIC 2012 – XI CONGRESO LATINOAMERICANO DE INVESTIGADORES DE LA COMUNICACIÓN
Astúcias do Saneamento Midiático: A imagem televisiva da atuação militar do Estado na “Guerra ao Tráfico” no Rio de Janeiro1 Adriano Miranda Vasconcellos de JESUS2
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -‐ PUC-‐SP -‐ Brasil
RESUMO: Esse texto vem apresentar as estratégias midiáticas brasileiras, a imagem do Estado e sua percepção social após o episódio de transmissão da operação militar de ocupação do Complexo de favelas do Morro do Alemão em novembro de 2010, secundado e apoiado pelas características contemporâneo. Estado e mídia reunidos, desenvolvem um papel fundamental em uma estratégia de governabilidade. O objetivo do trabalho é a observação e a análise da percepção do cidadão e a dimensão social de sua atuação, considerando as logísticas das imagens de saneamento midiático nas transmissões televisivas e o seu papel na construção da percepção social dos serviços estatais. TEMA CENTRAL: Midiatização do Poder PALAVRAS-CHAVE: Televisão – Governabilidade – Estado – Medo -‐ Percepção Social
A percepção social da atuação do Estado no processo nas várias camadas da população se estrutura e fortalece por uma midiatização de seu poder. Ordenar as naturezas das visualidades desta atuação é base da presença midiática do Estado, que conta com uma logística da percepção, principalmente nos serviços relacionados a segurança pública.
O Complexo de Favelas do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro é um dos território mais conflituoso no Brasil, e se tornou nos últimos vinte anos um marco geopolítico que desafia a eficiência de atuação do Estado e consequentemente se configurava como a imagem triunfante do crime.
1 Resumo apresentado para o GT- 3, Comunicación Política y Medios, Comunicación Política y Medios, evento componente do XI Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación - Alaic 2012. 2 Radialista, Bacharel em Direito, Mestre em Comunicação Social, doutorando pela PUC-SP, bolsista CAPES e
professor dos cursos de comunicação social da UAM e FAPCOM, São Paulo, SP. Email:
[email protected]
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Há cerca de 20 anos o território de favelas é mencionado na mídia televisiva quando a pauta é violência urbana da cidade do Rio de Janeiro. A região abrange 13 favelas circunvizinhas em uma intrincada e desordenada formação de casas, barracos, vielas e outros acessos.
O morro do Alemão incorporou a Serra da Misericórdia, que possuía uma densa vegetação e nascente de rios e córregos. Nos anos 1920 as terras foram adquiridas pelo polonês Leonard Kaczmarkiewicz, conhecido pelos moradores como “alemão”. Na década de 1950 a área é loteada e comercializada aos trabalhadores do Curtume Carioca e outras fábricas instaladas na região à partir da abertura da Avenida Brasil. Na década de 60 com o adensamento das construções e asfaltamento de suas principais ruas de acesso, os rios foram assoriados e aterrados em galerias subterrâneas. Porém nas décadas de 1970 e 1980 essas fábricas mudaram e fecharam. Consequentemente o bairro cresceu de forma desordenada favorecendo da criminalidade e do tráfico de drogas.
Na década de 90 o local se tornou o ponto principal de atuação do tráfico no Estado do Rio de Janeiro pela sua localização, demografia, rotas de saída, malha interna complexa e um declive bem acentuado. Em 1993 foi considerado como bairro em uma área de 186 hectares, ocupados na época por 56 mil habitantes, com uma densidade de 302 habitantes por hectares, ou seja seis vezes superior à densidade média do Rio de Janeiro, de 49 habitantes por hectare, segundo o Instituto Pereira Passos. No último senso realizado (2008/2009) pelo Escritório de Gerenciamento de Projetos do Governo do Estado do Rio de Janeiro (EGP-Rio), estimam que a população do Complexo do Alemão supere as 85 mil pessoas e já ocupa 296,09 hectares.
O Complexo do Alemão sempre teve uma ocupação midiática televisiva relevante onde a sucessão hierárquica do tráfico foi acompanhada em uma narrativa que se confunde com a história do narcotráfico no Brasil. Dos primeiro malandros e golpistas aos traficantes e lideres de grupos armados e estruturados. O primeiro a flertar com a midi a foi "Orlando Jogador", líder do Comando Vermelho facção criminosa que tinha como
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objetivo apropriar pontos de vendas de drogas de grupos rivais. Utilizava uma logística tática de impactar os adversários em ataques surpresas, algo que gerava nele uma certa identificação com as estratégia da mídia (APURAR ISSO MELHOR) foi morto pelo traficante Uê em uma emboscada em 1994 líder do Terceiro Comando, inimigo e facção oposta. Assim iniciou uma guerra interna do tráfico pelas posses dos pontos de venda. Em um combate que utilizava o medo e a coação dos moradores como escudo de proteção e táticas complexas de tomadas de territórios oras em ações dissuasivas oras em ações ostensivas ( MELHORAR AQUI)
Em agosto de 2001 a Rede Globo apresentou uma série de reportagens chamada Feira das Drogas, produzida pelo jornalista Tim Lopes que resultou em traficantes presos e prejuízo de 40 dias interrompidos do comércio de drogas. Com o sucesso de público e prêmios da reportagem (Prêmio Esso 2001) o jornalista Tim Lopes retornou ao Complexo do Alemão para realizar outra reportagem sobre os Bailes Funk. Na quarta ida ao Morro no dia 02 de junho de 2002 ele foi capturado pelos traficantes do Comando Vermelho ordenados por Elias Maluco e foi torturado, morto e seu corpo carbonizado. Mais que um crime uma ação midiática de repercussão nacional e internacional, rompendo assim o limite de atuacao territorial ingressando na disputa do controle midiatico. Tal crime tratava de uma recado para a imprensa em uma intenção de estabelecer seus limites ali dentro. Neste momento a morte do jornalista é atrelada a uma imagem de falência do Estado e uma ousadia sem limites do poder do narcotráfico. A Emissora Rede Globo de Televisão ao falar de seu jornalista repercutiu sobre crime e abre espaço para a população recorrer a própria emissora em busca de Justiça. Indiretamente e posiciona como vitima dessa falência do sistema e impedida de cumprir seu papel social de alerta.
Na sequência destes acontecimentos o telejornalismo se estrutura e atua repercutindo eventos como a Rebelião do presídio Bangu I (2002), os Ataques de retaliação do PCC no Rio de Janeiro (2003), Sequência de Rebeliões em presídios no Rio de Janeiro (2004), Atentados Terroristas do PCC que pararam São Paulo (2006), Massacre no Complexo do Alemão e vigilância da região para a segurança dos Jogos Panamericanos
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(2007), Visita do Presidente Lula, lançamento do PAC e do território da Paz (2008), Inaugurações Obras do PAC no Complexo do Alemão e intensificação das Milícias (2009) e o evento com maior repercussão: Retomada e Ocupação do Complexo de Favelas do Alemão (2010), depois surgiram na sequência matérias sobre a Inauguração de mais obras do PAC e inauguração do teleférico (2011).
A ofensiva televisiva de saneamento dos problemas sociais invadiu e apropriou outras esferas como por exemplo da teledramaturgia como os seguintes programas da Rede Globo de Televisão: Cidade dos Homens (2002 – 2005), Carandiru, outras histórias (2005), Antônia (2006), Duas Caras (2007) e Força Tarefa (2009 - 2010).
Esses produtos televisivos revelam a mudança perceptiva das metrópoles brasileiras nesta primeira década onde a deteriorização de seus marcos geopolíticos e a falência dos serviços urbanos geram novas visualidades de suas paisagens. Ao mesmo tempo recupera a imagem criada mentalmente pelos indivíduos da atuação do Estado, seus espaços de habitação e convivência e os meios tecnológicos de comunicação presentes em sua vida. Neste momento o Estado percebe a relevância da atuação midiática dado que o indivíduo governado é um ser midiático, para quem as estratégias de poder se articulam, considerando sua atmosfera cultural e seu acesso a dispositivos midiáticos.
Na publicação de Outubro / Novembro de 2010 da revista Desafios do Desenvolvimento do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em sua matéria de capa “Ipea sobe o Morro” coloca em pauta os impactos da intervenção urbanística no Complexo do Alemão, ao término do texto apresenta o depoimento do arquiteto responsável pelo Projeto IUCA (Intervenção Urbanística do Complexo do Alemão), Jorge Jauregui: a segurança não é o único problema. "Eu diria que nem sequer é o principal. O problema da favela é sua condição marginal em relação ao resto da cidade, o fato de não ter direito de residência, direito de posse, não ter uma situação de fornecimento de serviços normais, como escola, educação, trabalho, transporte, infraestrutura", sentencia. Ele acrescenta que "o Estado não tomou posse do problema, deixou que a população resolvesse isso por seus próprios meios. Claramente, então, há um déficit da presença do poder
ALAIC 2012 – XI CONGRESO LATINOAMERICANO DE INVESTIGADORES DE LA COMUNICACIÓN público. Este tipo de trabalho [do Ipea e da Caixa, além das obras] implica fazer e pensar e pensar e fazer ao mesmo tempo. Não há tempo para primeiro pensar e depois fazer. Esta é a diferença entre trabalhar na cidade informal e trabalhar na cidade formal", conclui
A reportagem deixa claro em sua abertura que os projetos tem como objetivo retirar o Complexo do Alemão das páginas policiais, e incluí-lo nos exemplos de práticas de intervenção sócio-urbanísticas para áreas de assentamento precários. O modelo de intervenção urbana incluso no PAC e subsidiado pelo Habitar Brasil BID possui uma séria de dimensões: mobilidade, qualidade ambiental, moradia, acesso a serviços, cidadania, inserção no mundo do trabalho, vida social e comunitária. Além disso são abordados aspectos de valores simbólicos, como por exemplo a denominação de “comunidade pacificada”, os sentimentos e percepções ligados a exclusão e a segregação em função do local da moradia, as limitações de mobilidade física. E neste ponto a atuação do meio comunicativo se torna eficaz para alterar e modelar a forma de pensar destes moradores desta área.
O projeto de Intervenção Urbanística do Complexo do Alemão teve inspiração na projeto de Medellin na Colombia, onde a alteração do desenho urbano imprimia novas possibilidades nas relações sociais com foco na diminuição da violência, para sua implantação teve que integrar as obras com ações de segurança pública. O ponto alto deste projeto de Medellin foi a implantação de um icônico teleférico. No caso do Complexo do Alemão o teleférico passou a ser o elemento chave na Intervenção Urbanística. Primeiro pelo seu aspecto único e monumental da obra, segundo pela vitrine midiática da ação do Governo Federal dada a dimensão do investimento, a enormidade da área, a profundidade da precariedade envolvida e o fortalecimento de sua imagem. O teleférico iria organizar as visualidades "caóticas" daquela região imprimindo um referencial a ser utilizado em vários vetores de intervenção no bairro que se pretende formar. Assim, Educação, cultura, turismo, mobilidade, segurança e valorização imobiliaria viria junto com o teleférico.
Porém antes de inaugurar o teleférico seria necessário uma extenso e efetivo saneamento midiático da imagem da atuação estatal, uma ação a altura do monumento
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físico a ser construído, uma estratégia do poder estatal cuja lógica perceptiva tornaria coerente tais investimentos na área. Uma ação nao só aos moradores da regiao mas para todo o crime organizado do estado do rio de janeiro. O momento era ideal, desde o início de 2010 a mídia ostentava em seus editoriais uma crise na segurança pública no Brasil ao mesmo tempo que comemorava o Rio de Janeiro (02 de outubro de 2009) iria sediar os jogos Olímpicos de 2016. Assim perguntas como: o que fazer para conter a explosão da violência nas metrópoles brasileiras? Como combater a corrupção da polícia e o tráfico de drogas? Por que o Governo não chama o Exército? Qual a imagem internacional do Brasil? Conseguiremos realizar a Copa e as Olimpíadas sem a intervenção do crime organizado?
Outro fator era a reconfiguração que o crime na cidade do Rio de Janeiro que vem ocorrendo desde 2005. As formações das Milícias sofisticaram a atuação dos criminosos, não interrompendo o tráfico mas incluindo em sua lista de negócios o transporte clandestino, negociação e especulação imobiliária, venda de botijões de gás, TV a cabo pirata, venda de votos e principalmente o fornecimento de “segurança”. Com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora desde 2008 induziram a modernização da economia do tráfico, analistas em segurança pública apontam que na inviabilidade de extinguir o negócio das drogas o efeito se dará na redução das armas em circulação e do despotismo a que são submetidas tantas comunidades.
O cenário era ideal para uma atuação Estatal, porém não poderiam cometer o mesmo erro do Massacre do Complexo do Alemão (2007) onde toda a imprensa deu destaque a morte de inocentes na mega-operação revertendo os efeitos midiáticos figurando a força policial com despreparada e truculenta. Então estava claro que Estado e mídia deveria atuar em cooperação e na mesma logística perceptiva para uma eficaz campanha de saneamento midiático.
OPERAÇÃO NOVEMBRO DE 2010
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No final de Novembro de 2010 a região metropolitana do Rio de Janeiro foi novamente alvo de ataques onde criminosos ligados ao narcotráfico promoviam os chamados “atos terroristas”. Destes ataques, sem comprovação de autoria motivou uma ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) no dia 25 de novembro 2010 para tomar controle da Vila Cruzeiro que resultou em uma cena emblemática de fuga dos traficantes e indivíduos ligados ao crime para o Complexo do Alemão transmitidos ao vivo pela câmera de um helicóptero da Rede Globo. A fuga de cerca de 300 pessoas e o impacto das imagens forneceram o argumento necessário para as forças policiais do Rio de Janeiro produzir a chamada “retomada do Complexo do Alemão”.
A edição do dia 25 de novembro do Jornal Nacional foi em quase totalidade balisada pelos conflitos do Rio de Janeiro, definindo como situação caótica, com cenas de câmera da mão, tiros, pânico e desespero das pessoas. Diante do clamor popular midiático de perigosos criminosos a solta de sua região de exclusão foi suficiente para motivar a participação na operação da Marinha do Brasil com sua frota de oito blindados e o grupo de fuzileiros navais.
Em questão de horas os criminosos que estavam ocupando a área do Complexo do Alemão se deslocaram com facilidades para outras regiões vizinhas da cidade devido ao fácil acesso a uma pedreira e até mesmo em vielas e tubulações de água pluvial. Mesmo assim no dia 27 de novembro, já sabendo da desocupação dos criminosos as forças unificadas do Estado emitiram um comunicado que ordenava a rendição até o “pôr do sol”, a televisão repetia a todo momento e em todas as edições de seus jornais o comunicado se pronunciando diretamente a população da área. Trinta criminosos se entregaram neste período.
PALCO DAS OPERAÇÕES DIA 28 DE NOVEMBRO DE 2010
Nas primeiras horas do dia 28 de novembro de 2010, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro com 1,2 mil homens, 400 policiais civis e 300 policiais federais e 800 militares do exército, além de 30 carros blindados da policia civil, militar e marinha
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estavam posicionados estrategicamente nas entradas do Morro do Alemão. Concomitante a imprensa foi instruída para acompanhar as tropas com cautela e em pontos determinados.
A cobertura televisiva foi aos moldes da Guerra do Golfo de 1991, transmitida pela CNN, em uma sequência lógico perceptiva onde audiência era impactada por informações sobre o armamento que seria utilizado e imagens do palco das operações. Na noite anterior os telejornais apresentavam as características dos blindados da Marinha do Brasil, sua força bélica, junto com o depoimento das autoridades prevendo um confronto sem precedentes na história dos conflitos sociais brasileiros.
No início da operação os jornalistas acompanharam a entrada do Batalhão mais numeroso pela rua principal do Complexo do Alemão, o momento era ideal, as oito horas da manhã de um domingo a cena foi marcada por tiros ao alto e razantes de helicópteros. Os repórteres por uma questão técnica ainda transmitiam via cabo, conforme a subida do morro as transmissões foram feitas por link de internet conectados via celular. O marco seria a imagem ao vivo de um repórter no alto do morro anunciando o êxito da operação.
Em apenas uma hora e vinte minutos foi anunciada oficialmente a retomada do morro do Complexo do Alemão. Após foi feita uma varredura na comunidade em busca de criminosos e apreensão de armas e drogas. Ao final as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro foram hasteadas sobre a estrutura do teleférico, ponto mais alto, com a intenção de criar um ícone da eficiência da operação. Porém o que mais chamou atenção da mídia foi a “mansão” do traficante conhecido como “Pezão”, um imóvel tríplex com piscina, hidromassagem, discoteca, ar condicionado central, televisores de lcd e uma vista privilegiada de toda a região.
Meses depois o Complexo do Alemão foi palco uma outra ocupação, a midiática. O governador do Estado Sergio Cabral visando ações de cidadania e reprimir a ilegalidade anunciou serviços de internet gratuita e TV a cabo a partir de R$ 25,00. As empresas
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Embratel e Sky criaram pacotes especiais para combater o serviço clandestino, popularmente conhecido como “gatonet”. O programa de internet digital por wi-fi irá custar R$ 5,5 milhões e cobrirá três milhões de metros quadrados partindo de 257 antenas emissoras.
Programas de televisão incluíram em suas pautas o Complexo do Alemão, nos três meses subsequentes quase todos os programas de entretenimentos foram até a região, “Caldeirão do Huck”, “Mais Você”, “Globo Esporte”, “Hoje em dia” da Record, além de programas de humor e dramaturgia em geral. Uma invasão bárbara midiática explorando uma desconhecida matéria prima.
Como repercussão o governo federal e estadual repetiu a operação nos anos subsequentes atuando em outras regiões como: Morro da Mangueira (janeiro de 2011), Complexo do São Carlos (fevereiro de 2011) e Morro do Vidigal e Rocinha (novembro de 2011) todas com ampla repercussão midiática.
RETOMADA DO TERRITÓRIO MIDIÁTICO
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A Governabilidade Midiática - A preocupação da atual administração publica sobre a percepção social e a imagem da eficiência do Estado na diversas áreas de atuação - Midiatização do Poder o Quais suas origens que ficaram culturalmente invisíveis o As manifestações que emergem vetores que apontam seus interesses de controle e atuação estatal na mídia, revestidos de um papel social do telejornalismo. - A ordenação das visualidades - A percepção social e a imagem do poder - A complexidade do problema e como ele deve ser visto
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- A metodologia utilizada: a cautela arqueológica (agamben). Abandono da concepção tradicional de Estado e Governabilidade, sem suas categorias universais, mas uma análise dos dispositivos concretos através dos quais o poder penetra nos próprios corpos de seus súditos e governa suas formas de vida. O território Estratégico da Governabilidade ou a tradução que os meios comunicativos fazem destas regiões e que narrativa é gerada por esses territórios - Periferia e favelas / Zonas de tensão urbana - Telejornalismo como território da Governabilidade - Imaginário do local do medo ( os medos coletivos e a alteração da percepção social por meio da mídia). o A cultura dirigente e o interesse em alterar e modelar a forma de pensar pelo convívio com os meios midiáticos o Lucien Febvre a civilização é produto da longa batalha do medo o Bauman e o medo - O reforço do imaginário com a midiatização do local. Nomeando os medos e criando imagens - A qualificação midiática das favelas e o choque de sua auto-‐imagem A Midiatização da “Guerra ao Tráfico” - O panorama breve do telejornalismo hoje, e as características que favorecem o seu uso em estratégias de governabilidade. - A quem se dirige as imagens, a classe média. - A periferia como meio comunicativo, - A construção da imagem do morro: o telejornalismo e a favela. Comparação com fotojornalismo e outros suportes como rádio. Imagem incompatível - A construção desordenada das imagens dispositivos de controle do estado. O que levou a operação (contexto) o Experiência traumática de 2007 – vésperas do pan o Fortalecimento das milícias e onda de ataques em 2010 ( texto José Cláudio Souza Alves e sociólogo) o Enfraquecimento do tráfico; o Alto uso de armas de fogo o Inibição de consumo e acesso da população o Visão internacional o Fortalecimento da imagem do estado o Saneamento dos problemas sociais brasileiros As astúcias do Saneamento Midiático - A transmissão ao vivo – dispositivo espetacular de controle do Estado - O Saneamento Midiático e seu papel na narrativa jornalística - As habilidades de enganar (análise dos vídeos: descrição das imagens, texto, roupas e construção do espetáculo. O horário, o impacto, o dia, a repercussão e seu tempo).
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- As estratégias disuassivas e os formatos ostensivos o Logística da percepção. - Extensões desta estratégia, outros usos e possibilidades futuras. Conclusão - A cultura dirigente formada pelo Estado e o telejornalismo visa ordenar as naturezas das visualidades de seu poder e assim manter uma eficiência de atuação estatal. Assim a necessidade de uma “guerra ao tráfico” homologa esse papel e equipara o poder do telejornalismo ao do Estado, secundando e apoiando um ao outro. Cenário este que tende a se fortalecer aumentando a opacidade dessas ligações e expondo o Estado de tal forma que altere e modele a forma de pensar do indivíduo comum.
- Telejornalismo como território da Governabilidade O telejornalismo inicia no Brasil dois dias após o início das transmissões de 18 de setembro de 1950, na TV Tupi o primeiro telejornal: Imagens do Dia. No segundo semestre de 1950 Getúlio Vargas inicia seu percurso para voltar ao poder como o “Pai dos Pobres”. As imagens da campanha de Getúlio Vargas nos comícios no Estado do Amazonas, para ser veiculada nos cinejornais faziam parte de uma estratégia de propaganda política, descrito no livro de Karla Crisitna de Castro amaral (getulio vargas criador de ilusões). Era comum nos telejornais o nome de patrocinadores como “telenotícias Panair”, Reportes Esso, Telejornal Bendix, Reportagem Ducal, Telejornal Pirelli Todos com forte herança radiofônica Na década de 60 os profissionais não vinham apenas do rádio mas migraram das redações do jornal impresso. O Golpe Militar brasileiro de 1964 limita a evolução do telejornalismo, como Ato Institucional n 5, o Jornal de Vanguarda que trazia jornalistas como produtores e cronistas (Villas-‐Bôas Correia, Millor Fernandes e Stanislaw Ponte Preta) foi extinto pela própria emissora. Assim os telejornais passaram a utilizar o padrão norteamericano utilizando apresentadores dispensando o uso dos jornalistas.
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O Jornal Nacional surge em setembro de 1969 contando com uma rede de transmissão nacional de seu sinal visando integrar cerca de 56 milhoes de espectadores com interesses políticos e mercadológicos evidentes. Sua atuação na política se constrói nos governos militares principalmente entre 1977 e 1979 no governo Geisel (confirmar) e o governo João Baptista Figueiredo o telejornalismo brasileiro, principalmente o Jornal Nacional passa a ter uma censura interna. Na década de 1980 a venda dos canais da então cassada TV TUPI possibilitam a formação de duas novas redes de televisão o SBT e a Rede Manchete. Quanto a tecnologia em 1973 filme 16mm começa a ser substituído pelas instalaçãoo da ENG (eletronic News Gathering) que permite a ediçãoo em vídeo tape, possibilitando velocidade na produçãoo da noticia. Em 1991 pela primeira vez uma guerra é transmitida ao vivo pela TV, as imagens da Guerra do Golfo
Teorias de Barbero Segundo Martin Barbero (prefácio a 5 ed espanhola), aponta como novos rumos de sua investigação as tecnologias audiovisuais e informáticas que adquiriram nesta última década uma expressiva “envergadura econômica-‐cultural” que inserem os meios na construção das políticas sociais e econômicas da américa latina. Destaca Martin Barbero como elemento de mudança dos cenários das comunicações das últimas décadas na America Latina o otimismo tecnológico com o mais radical pessimismo político, e o que busca é legitimar, através do poder dos meios, a onipresençaa mediadora do mercado. A comunicação passa a se situar como local estratégico na configuração das novas sociedades Barbero (pg1 4) No que concerne a política, o que estamos vivendo não é, como crêem os mais pessimistas a sua dissolução mas a reconfiguraçãoo das mediações em que se constituem os novos modos de interpelaçãoo dos sujeitos e de seus vínculos. A mediação televisiva ou radiofônicas passou a constituir, a fazer parte da trama dos discursos e da própria ação política. Se falar de cultura política significa levar em conta as formas de intervenção das linguagens e culturas na constituição dos atores e do sistema político, pensar a política a partir da comunicação significa por em primeiro plano os ingredientes simbólicos e imaginários presentes nos processos de formação de poder.