Atenção e Funções Executivas e Funções Neuropsicologicas Alteradas no TDAH

May 23, 2017 | Autor: V. Ruffatto Grego... | Categoria: Tdah, Neuropsicologia
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RESENHA

Atenção e Funções Executivas: Funções Neuropsicológicas Alteradas no TDAH

Vanessa Ruffatto Gregoviski

No texto "Atenção e Funções Executivas: Funções Neuropsicológicas Alteradas no TDAH", das autoras Adriana Nobre de Paula Simão e Sylvia Maria Ciasca, é mencionado a importância da atenção e das funções executivas para a capacidade de aprendizagem e ressaltado o fato de que no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade essas funções se encontram alteradas.
Mas o que seria atenção? Atenção seria, basicamente, a capacidade de manter-se focado em uma determinada situação, por exemplo, prestar atenção ao conteúdo que está sendo estudado em sala de aula. Por isso mesmo que se diz que a atenção é um fator fundamental para a aprendizagem.
As autoras ainda destacam que no processo de atenção está incluída a capacidade de organização, de estabelecimento de prioridades, de manter o foco em um objeto ou situação, de sentido de alerta, de esforço e regulação da velocidade de processamento, de output (saída de informações), de administração da frustração, de recuperar fatos, de memória de curto prazo, de monitorar e de realizar o auto-regulamento de ações.
A atenção é voluntária ou reflexa, sendo que é classificada como voluntária quando a pessoa está prestando atenção em alguma situação, e, já a segunda, quando é a habilidade de descrever algo que nos chama atenção. Por isso é dito que a atenção é um mecanismo que engloba várias capacidades básicas como, por exemplo, concentração, atenção para duas situações simultaneamente, etc.
A atenção deve seguir por duas vias para atingir um determinado objetivo, são elas: atenção sustentada: concentração, e atenção alternada: capaz de manter o foco sobre um assunto e, ao trocar de foco, ter a capacidade de retornar ao anterior.
Para conseguirmos manter a atenção em um nível considerado bom, é requerido esforço e treino, segundo as autoras. Engelhardt e colaboradores relatam três teorias para redes neurais e a função neuropsicológica da atenção e Pliszka e colaboradores uma quarta teoria para explicar como a atenção age no cérebro: 1) Strauss e Benson – diz que a atenção é relacionada ao sistema frontal-diencefalo-tonco cerebral; 2) Mesulan – diz que regiões como lobo frontal e pariental agem em conjunto com a ação; 3) Luria – diz que funções neuropsicológicas não podem ser localizadas no córtex cerebral, mas se organizam em zonas, sendo que cada qual desenvolve uma determinada função; 4) Pliszka e colaboradores: dizem que sistema atentivo posterior (noradrenérgico, desliga SNC para novos estímulos que podem ser recebidos e filtra novos estímulos para a atenção) e sistema atentivo anterior (dopaminérgico, relacionados às funções executivas) agem em conjunto.
Como as autoras relatam, a atenção é fundamental, não apenas no processo de aprendizagem como, também, na vida de uma pessoa de uma forma geral. Quando trabalhamos com pessoas que têm TDAH é possível percebermos a dificuldade nessa área, já que, o indivíduo tem dificuldade em manter o foco, é considerado por muitas vezes como alguém "estabanado".
Após explicar com riqueza de detalhes sobre o que é atenção e como ela age sobre o cérebro humano, as autoras falam sobre as funções executivas. Estas são funções que nos possibilitam começar a acabar uma tarefa. Existem vários processos cognitivos que estão envolvidos nas funções executivas, são eles: estado de alerta, atenção sustentada, seletiva, tempo de reação, fluência e flexibilidade de pensamentos.
Apesar desse conceito básico, as definições dadas para funções executivas variam muito quando lemos um autor ou outro, ou quando nos baseamos em determinada teoria. Simão e Ciasca nos falam a respeito de algumas dessas diferentes concepções: 1) Funções Executivas correspondem à capacidade do ser humano em realizar ações voluntárias, auto-organizadas e direcionadas. 2) Conjunto de habilidades que fazem com que o sujeito possa direcionar seus comportamentos para um objetivo, repensar estratégias, resolver problemas, etc. 3) Habilidade em planejamento e organização de tarefas, impor níveis de importância em tarefas, capacidade de trocar de tarefas rapidamente, facilidade em distrair-se, dificuldade em filtrar estímulos, falta de motivação, entre outros. 4) Processo comporto por: volição (traçar um objetivo e estar motivado para seguir o mesmo), planejamento (saber identificar o que é necessário para atingir seu objetivo), ação proposital (querer fazer e, consequentemente, realizar ações) e desempenho efetivo (avaliar o próprio comportamento e averiguar se há necessidade de mudança, caso houver, ter a flexibilidade para poder realizá-la).
As funções cognitivas começam a se desenvolver um ano após o nascimento e atingem seu ápice aos seis ou oito anos e permanecem se aperfeiçoando até a adolescência ou idade adulta. As autoras destacam ainda que são um conjunto de capacidades que estão relacionadas à várias áreas do córtex pré-frontal e estão relacionadas com as habilidades anteriormente mencionadas. O córtex pré-frontal lateral é o responsável por armazenamento de informações, memória de trabalho, atenção seletiva, controle inibitório e flexibilidade. O córtex pré-frontal ventromedial está ligado às emoções. O córtex cingulado anterior está relacionado às tarefas cognitivas, à atenção dividida e à supervisão de atenção.
"Memória de trabalho, atenção seletiva, controle inibitório, planejamento, flexibilidade e atenção dividida e monitoramento da atenção como componentes das funções executivas, funcionam de maneira conjunta e hierárquica, sendo que, ao ocorres uma falha em um dos componentes acima supracitados, são sintomas do Transtorno Invasivo do desenvolvimento, Esquizofrenia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) entre outros." (SIMÃO, CIASCA, p. 36).

Concluindo, podemos afirmar que o assunto explicado minuciosamente pelas autoras é de grande importância para nós, futuros profissionais da saúde. Diria que é um dever de todos conhecermos esses conceitos para que possamos pensar em modos para proporcionar aos indivíduos que possuem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade uma vida de maior qualidade em todas as áreas, seja ela escolar, familiar ou qualquer outra.

REFERÊNCIAS

O QUE é TDAH. Associação Brasileira do Déficit de Atenção, 2012. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2013.

SIMÃO, Adriana Nobre de Paula; CIASCA, Sylvia Maria. Atenção e Funções Executivas: Funções Neuropsicológicas Alteradas no TDAH. Revista Debates em Psiquiatria, 2012.




Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade de Passo Fundo.

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