Atitudes dos Transportadores e Passageiros face ao Acesso aos Transportes Colectivos e Semi-colectivos de Pessoas com Deficiência Física em Maputo

June 3, 2017 | Autor: Jenisse Abilio | Categoria: Clinical Psychology, Educational Psychology
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Descrição do Produto

Jenisse Abílio Jonas











Atitudes dos Transportadores e Passageiros face ao Acesso aos Transportes
Colectivos e Semi-Colectivos para as Pessoas com Deficiência Física: Caso
das Paragens Praça dos Trabalhadores e Terminal do Museu, Cidade de Maputo
(2014-2015)



Licenciatura em Psicologia Educacional com Habilitação em Educação e
Assistência Social

















Universidade Pedagógica

Maputo, Novembro 2015





Jenisse Abílio Jonas









Atitudes dos Transportadores e Passageiros face ao Acesso aos Transportes
Colectivos e Semi-Colectivos para as Pessoas com Deficiência Física: Caso
das Paragens Praça dos Trabalhadores e Terminal do Museu, Cidade de Maputo
(2014-2015)



Licenciatura em Psicologia Educacional com Habilitação em Educação e
Assistência Social



















Universidade Pedagógica

Maputo, Novembro 2015




Índice

DECLARAÇÃO DE HONRA v
LISTA DE TABELAS vi
LISTA DE FIGURAS vii
LISTA DE GRÁFICOS viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ix
DEDICATÓRIA x
AGRADECIMENTOS xi
RESUMO xii
ABSTRACT xiii
INTRODUÇÃO 14
CAPÍTULO I: MARCO TEÓRICO 17
1.1.Conceitos Básicos 17
1.2.Teoria de Suporte da Pesquisa 18
1.3. Concepções sobre a Deficiência 19
1.3.1.Breve Historial Sobre a Deficiência 20
1.3.2.Diferentes Formas de Atendimento às Pessoas com Deficiência Física
21
1.4.Exclusão Social 22
1.5. Factores que Contribuem para a Exclusão Social 23
1.6. Medidas de Combate à Exclusão Social 24
1.7. O Sistema de Transporte na Cidade de Maputo 25
1.7.1. As Barreiras de Acesso aos Transportes para as Pessoas com
Deficiência Física 26
1.8.Exclusão das Pessoas com Deficiência Física no acesso aos
Transportes Colectivos e Semi-Colectivos na cidade de Maputo 27
CAPÍTULO II METODOLOGIA DE PESQUISA 29
2.1. Descrição da Área de Estudo 29
2.1.1.Descrição da Paragem Praça dos Trabalhadores e Terminal do Museu
30
2.2.Tipo de Pesquisa 31
2.3. Instrumentos de Recolha de Dados 32
2.4. População e Amostra 33
CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 34
3.1.Estrutura Sócio-Demográfica das Pessoas com Deficiência Física 34
3.1.1. Caracterização da Condição Física dos Entrevistados 36
3.2.Tratamento manifestado pelos passageiros em relação às Pessoas com
Deficiência Física nos transportes colectivos e semi-colectivos 37
3.3.Atitudes dos transportadores em relação as Pessoas com Deficiência
Física 39
3.4.Opinião dos entrevistados sobre as medidas que a sociedade e o governo
devem tomar de modo a promover o acesso aos transportes para todos os
cidadãos 40
CONCLUSÃO 43
SUGESTÕES 44
BIBLIOGRAFIA 45
APÊNDICES 50






































DECLARAÇÃO DE HONRA



Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as
fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na
bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra
instituição para a obtenção de qualquer grau académico.



Maputo, aos _______ de __________ de 2015



A declarante

_____________________________




























LISTA DE TABELAS

" Tabela " -" Distribuição dos entrevistados por sexo e faixa "
"1 " "etária……………………...36 "
" Tabela " -" Distribuição dos entrevistados por ocupação laboral e área"
"2 " "residencial……37 "
" Tabela " -" Relação entre o tipo e causa da deficiência dos "
"3 " "entrevistados……………...39 "
" " " "






































LISTA DE FIGURAS

"Figura 1" -" Diagrama ilustrativo do problema………………………………………….16 "
"Figura 2" -" Perfil Municipal de Maputo……………………..……………………….....31 "
" " " "
" " " "







































" "
" "
"LISTA DE GRÁFICOS "
"Gráfico 1 - Opinião dos entrevistados sobre o tratamento que os "
"passageiros dão em relação as PDF nos transportes colectivos e "
"semi-colectivos………………………………………40 "
" "
"Gráfico 2 - Opinião do entrevistado em relação as atitudes dos "
"passageiros e transportadores no acesso ao transporte colectivos e "
"semi-colectivos para as PDF…….…….………………………………………………………………………………42 "
" "
"Gráfico 3 - Medidas que o governo e a sociedade devem tomar para "
"melhorar o acesso aos transportes para as "
"PDF…………………………………………………………………….45 "
" " " "





























LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS



ADEMO – Associação dos Deficientes de Moçambique

ADEMIMO – Associação dos Deficientes Militares de Moçambique

EMTPM- Empresa Municipal e Transportes Rodoviários de Maputo

EPPDFP - Estratégia da Pessoa Portadora de Deficiência na Função Pública

FAMOD - Fórum das Associações Moçambicanas dos Deficientes

INDE - Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação

INE – Instituto Nacional de Estatística

MAE – Ministério da Administração Estatal

ONU – Organização das Nações Unidas

PDF- Pessoa com Deficiência Física

RAVIM – Rede de Assistência as Vítimas das Minas

RUTH - Rede Uthende

TPM- Transportes Públicos de Maputo
















DEDICATÓRIA



Aos meus pais Abílio Jonas Matsimbe e Isabel Rosalina Amides e a todas
Pessoas com deficiência física.








































AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que sempre esteve presente iluminando cada passo na
realização deste trabalho.

Os meus agradecimentos vão igualmente a minha supervisora Mestre Lúcia
Suzete Simbine, que incansavelmente dedicou seu esforço e com muita
paciência na orientação e supervisão deste trabalho científico.

A minha família em particular aos meus pais, aos meus irmãos Carla, Vânia,
Júnior, Aires Banze, que sempre estiveram presentes apoiando-me moralmente
principalmente nos momentos difíceis, aos meus amigos Albano Marane e Félix
Mudlovo, por terem disponibilizado algum material para compor este
trabalho.

Os meus agradecimentos estendem-se a todos os docentes da Faculdade de
Ciências de Educação e Psicologia, a todos os colegas da turma de
Psicologia Educacional 2011-2014 aos quais considero minha segunda família.

E a todos que directa ou indirectamente contribuíram para o sucesso do
presente trabalho.


























RESUMO

A presente pesquisa intitulada Atitudes dos Transportadores e Passageiros
face ao Acesso aos Transportes Colectivos e Semi-colectivos para as Pessoas
com Deficiência Física, casos verificados nas paragens da cidade de Maputo,
problematizou o impacto das atitudes manifestadas pelos passageiros e
transportadores dos transportes colectivos e semi-colectivos no acesso a
estes transportes para as Pessoas com Deficiência Física, o objectivo geral
consistiu em analisar as atitudes dos passageiros e transportadores que
podem facilitar ou dificultar o acesso aos transportes colectivos e semi-
colectivos para as Pessoas com Deficiências Físicas (PDF) também usuárias
destes transportes, para a operacionalização deste objectivo pautamos por
descrever o perfil sócio-demográfico das PDF; colher sensibilidades das
PDF, no que concerne ao tratamento proporcionado pelos utentes nos
transportes Colectivos e Semi-Colectivos; descrever as atitudes
manifestadas pelos transportadores e utentes que facilitam ou dificultam o
acesso a estes transportes para as PDF; colher opinião das PDF sobre as
medidas que a sociedade e o governo devem tomar de modo a promover o acesso
a estes transportes para as PDF. A pesquisa teve como questões de partida
as seguintes: Qual é o perfil Sócio-Demográfico das PDF; De que modo os
passageiros tem tratado as PDF nas paragens e nos transportes colectivos e
semi-colectivos; Que atitudes tomadas pelos transportadores podem facilitar
ou dificultar o acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos para as
PDF; Que medidas a sociedade e o governo devem tomar de modo a promover o
acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos a todos os cidadãos.
Metodologicamente recorreu-se a uma pesquisa de natureza qualitativa
descritiva, realizada por meio da entrevista semi-estruturada esta que
esteve aliada à observação, e foi usada uma amostragem não probabilística
por conveniência, foram entrevistadas 32 pessoas com deficiência física
sendo 16 pessoas na terminal de colectivos e semi-colectivos do Museu e
igual número na terminal da Praça dos Trabalhadores respectivamente. Os
resultados obtidos permitiram concluir que não há ainda a prioridade e
reconhecimento social das PDF e consequentemente não se atendem os direitos
das PDF no acesso ao sistema de transportes na cidade de Maputo, tanto os
públicos bem como os privados colectivos e semicolectivos de passageiros e
como estratégia para colmatar a situação o governo deve proporcionar
transportes que sejam acessíveis a todos as pessoas incluindo as com
deficiência física.

Palavras-Chave: Atitudes; Exclusão Social; Deficiência Física e Transportes
Colectivos e Semi-colectivos.



















ABSTRACT

This research titled the Attitudes Expressed by Passengers and Bus Drivers
on the Accessibility of Public and "Semi-Collective" Transport for Persons
with Physical Disabilities at "Praça dos Trabalhadores" and "Terminal do
Museu" bus stops in Maputo city. The main objective was to analyse the
attitudes expressed by passengers and bus drivers of public and semi-
collective transport on the access of PPD users of such transport, and more
specifically it intended to describe the socio-demographic profile of PPD;
capture sensitivities of PPD in regard to the treatment provided by the
normal passengers in "Collective" and "Semi-Collective" transport; identify
the attitudes expressed by bus drivers and normal passengers that
facilitate or hinder access to these transport to the PPD and collect
opinions of PPD on the measures that society and the government should take
in order to promote access to these transport to PPD. The start questions
for the research were the following: what is the society demographic
profile of PPD; what kind of behaviour the normal passenger has expressed
in relation to the PPD at bus stops and public and semi-collective
transport; How actions taken by passengers and bus drivers, helps or hinder
access to transport to the PPD in public transports; What actions does the
society, the government should take in order to promote access in the
public transport for the PPD. The methodology used was a descriptive
qualitative research. Data were captured using a semi-structured interview
and non-participle observations either to the busy station and the people
with disability. In total, we interviewed 32 people with disabilities using
an intentional convenience sampling in the "Praça dos trabalhadores" and
"Terminal do Museu" bus stops. As results, we find that, regarding to
respect and priority for PPD in the public transport, it's still no either
social recognition or rights of the persons with physical disability in
public transport in Maputo city. As a strategy to remedy the situation the
government must provide a kind of transportation that is accessible to all
people including to PPD.



Keywords: Attitude; Social Exclusion; Physical Disability and private and
public Transport.











INTRODUÇÃO

Todos os cidadãos na sociedade têm direitos, deveres e obrigações, todavia
para que esses direitos sejam exercidos é necessário que sejam reconhecidos
e do conhecimento de todos para que os respeitem.

Muito se tem abordado sobre os direitos das pessoas com deficiência esses
que vão desde as políticas de inclusão social, políticas de integração no
mercado de trabalho, acessibilidade às pessoas com deficiência e demais
políticas, porém em quase todo mundo as pessoas com deficiência física
(PDF) ainda sofrem dificuldades de mobilidade pelas cidades e demais
ambientes de uso colectivo, sentindo-se muitas das vezes privadas de
adquirir um estilo de vida saudável. PINTO (2012)

De acordo com a ONU (2014), cerca de 10 % da população mundial (650
milhões) tem algum tipo de deficiência física, mental e sensorial, das
quais 80% destas vive em países em via de desenvolvimento.

Em Moçambique, cerca de 2% da população são pessoas com deficiência, INE
(2007). Uma percentagem aparentemente baixa, mas em termos numéricos esta
cifra corresponde a 475.011 e com tendências a aumentar devido ao elevado
índice de sinistralidades rodoviárias que vêm se registando no país,
acidentes de trabalhos, e demais situações.

As pessoas com deficiência tal como foi referido no parágrafo anterior
sofrem diversas barreiras. Assim, o JORNAL VERDADE (2012) do dia 16 de
Novembro, indica que essas barreiras vão desde a falta de rampas e
corrimãos nas instituições públicas e privadas, o limitado acesso
bonificado aos transportes públicos de passageiros e entre outras
anomalias, constituem discriminação e, por conseguinte, uma violação dos
direitos deste grupo social, até ao mais agravante que é nos transportes,
em particular semi-colectivos de passageiros os vulgos chapas[1], a pessoa
com deficiência física não é respeitada, não lhe cedem espaço para se
acomodar de modo a viajar com o mínimo de comodidade.

O JORNAL NOTÍCIAS (2014) de 25 e Junho, vem referir que as pessoas com
deficiência encontram-se em desvantagem quando comparadas às pessoas
consideradas "normais", devido a barreiras físicas e sociais que impedem a
sua participação plena e o acesso à igualdade de oportunidades.

Entretanto, a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE (2011) no seu Artigo
37 realça que os cidadãos com deficiência gozam de plenos direitos e estão
sujeitos aos deveres como ressalva do exercício ou cumprimento daqueles
para os quais, em razão da deficiência, se encontrem incapacitados. E
ainda, a Política para as Pessoas com Deficiência aprovada pelo Conselho de
Ministros (1999) na Resolução 20/99 de 23 de Junho alínea (g) assegura que,
a pessoa com deficiência tem direito a facilidade de acesso aos serviços
sociais, a recintos, transportes públicos e privados bem como a assentos
reservados.

Embora a legislação revele igualdade de direitos para todos, no que
concerne ao acesso aos serviços de transportes públicos colectivos e semi-
colectivos para as pessoas com deficiência física, na situação real essa
igualdade não se verifica, devido ao modo como os passageiros e
transportadores tratam os passageiros com deficiência física quando estas
pretendem ter acesso aos transportes públicos colectivos e semi-colectivos
nas paragens da cidade de Maputo. Podendo-se, por exemplo, elucidar alguns
modos como, cobranças de valores fora das tarifas tabeladas por parte dos
transportadores, e por parte dos passageiros considerados normais a não
disponibilização dos assentos, assim como a falta de prontidão em apoiar os
passageiros com deficiência física quando estas encarram dificuldades para
embarcar e desembarcar nos transportes, mesmo com mensagens e imagens
estampadas dentro dos machimbombos os vulgarmente chamados por (TPM)
Transportes Públicos de Maputo e (EMTPM) Empresa Municipal dos Transportes
Rodoviários de Maputo ilustrando a priorização das PDF, os passageiros não
as respeitam, associado a estes factos está o deficiente sistema de
transporte que não está devidamente estruturado de modo que seja acessível
às pessoas com deficiência física motora. Segundo PINTO (2012), os
obstáculos impostos à circulação de pessoas com deficiência nas vias
públicas e nos transportes públicos, impedem que sejam exercidos os
direitos à educação, à saúde e ao trabalho por essas pessoas. Diante dos
pressupostos, surgiu a seguinte inquietação:

Até que ponto as atitudes dos transportadores e passageiros podem
facilitar ou dificultar o acesso aos transportes colectivos e semi-
colectivos para as pessoas com deficiência física?

A priorização da pesquisa deste assunto, comparativamente aos vários outros
que afligem a nossa sociedade e os pesquisadores nas áreas de ciências
sociais em particular, prendeu-se ao facto de no nosso quotidiano observar-
se nas paragens dos transportes públicos, na cidade de Maputo,
especialmente nas terminais da Praça dos Trabalhadores e do Museu, pessoas
com deficiência física enfrentando dificuldades de acesso aos transportes.
Sendo que a maior parte das PDF que procuram pelos transportes públicos não
possui meio de transporte pessoal. Tornou-se também relevante a abordagem
deste assunto principalmente para a área de Psicologia Educacional com
Habilitação em Educação e Assistência Social, uma vez que a psicologia
dedica-se ao estudo do comportamento, e através da análise do comportamento
social é possível delinear estratégias de educação e sensibilização social
sobre o modo de proceder com a diversidade humana promovendo a inclusão
social.

Neste âmbito constituiu Objectivo Geral Analisar as atitudes dos
transportadores e passageiros que podem facilitar ou dificultar o acesso
aos transportes colectivos e semi-colectivos para as pessoas com
deficiência física. Objectivos Específicos; Descrever o perfil sócio-
demográfico das PDF; Colher sensibilidades das PDF sobre o tratamento dado
pelos utentes nos transportes colectivos e semi-colectivos; Identificar as
atitudes tomadas pelos transportadores que facilitam ou dificultam o acesso
aos transportes colectivos e semi-colectivos para as PDF; Colher opinião
das PDF sobre as medidas que a sociedade e o governo devem tomar de modo a
promover o acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos para as PDF;
Consoante os objectivos traçados foram lançadas as seguintes Questões de
Pesquisa: Qual é o perfil Sócio-Demográfico das PDF? De que modo os
passageiros tem tratado as PDF nas paragens e nos transportes colectivos e
semi-colectivos de passageiros? Que atitudes tomadas pelos transportadores
podem facilitar ou dificultar o acesso aos transportes colectivos e semi-
colectivos para as PDF? Que medidas a sociedade e o governo devem tomar de
modo a promover o acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos a
todos os cidadãos?

A presente pesquisa apresenta a seguinte estrutura: Introdução; seguindo o
primeiro capítulo do Marco Teórico, o segundo capítulo a Metodologia; o
terceiro capítulo da apresentação e discussão dos resultados da pesquisa e
de seguida apresentou-se a Conclusão, seguindo-se as Sugestões, e por fim a
Bibliografia usada para a compilação do trabalho.









CAPÍTULO I: MARCO TEÓRICO


Neste capítulo, são discutidas ideias de diferentes autores em relação ao
tema em estudo:


1.1.Conceitos Básicos

Na visão de DAVIDOFF (2001) atitudes - são cognições ou crenças,
sentimentos ligados a avaliações e tendências a se portar de uma
determinada maneira.

Para BOCK & FURTADO (2001), atitudes - são informações com forte carga
afectiva, que predispõem o indivíduo para uma determinada acção
(comportamento).

CABRAL & NICK (2006) definem atitudes em diferentes contextos psicológicos,
sendo:

a) Predisposição adquirida e relativamente duradoura para responder de um
modo coerente a uma dada categoria de objectos, conceitos ou pessoas,
e estas predisposições incluem componentes motoras e afectivas
(emocionais);
b) Estado mental persistente que possibilita ao indivíduo responder
prontamente a determinado objecto ou categoria de objectos, não como
elas são, mas como os indivíduos pensam que eles são;
c) É o somatório das relações básicas positivas/negativas entre o Eu e
seus objectos: tolerância, preconceito, simpatia, antipatia,
receptividade, repulsa, altruísmo, egoísmo.
Em suma, podemos perceber que as atitudes são tendências psicológicas que
levam os indivíduos a pensar e agir de maneiras positivas ou negativas
acerca dos sujeitos, objectos e fenómenos em seu redor.

Na perspectiva de LAMÔNICA et al (2008) acessibilidade é a possibilidade de
acesso com segurança ao meio edificado, a via pública, aos transportes, às
tecnologias de informação e comunicação com o máximo possível de autonomia
e usabilidade por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida

Na perspectiva de BORGES (2006:3), transporte colectivo urbano - abrange o
transporte público realizado em áreas urbanas, com características de
deslocamento diário dos cidadãos.

Transporte semi-colectivo – refere aos autocarros com capacidade de até 25
lugares, de peso bruto até 7.000Kg adaptados para o transporte de
passageiro. (www.portaldogoverno.gov.mz)


1.2.Teoria de Suporte da Pesquisa

A abordagem teórica é constituída pelas teorias que sustentam o trabalho
como um todo, assim sendo, o presente trabalho tomou como base de
sustentação teórica a Teoria do Contacto de Gordon Allport. Esta teoria
baseia-se no pressuposto de que o contacto entre grupos em conflito permite
aos indivíduos descobrirem um conjunto de afinidades que nunca pensariam
existir proporcionando o seu relacionamento e compreensão mútua. Com isso,
Allport elaborou uma espécie de taxonomia dos factores para especificar em
que condições o contacto facilitaria a percepção de semelhança entre os
membros dos grupos. Essa taxonomia contém os seguintes factores:

Factores quantitativos - relacionados com a duração dos contactos, com o
número de pessoas envolvidas e ainda com a sua diversidade;

Factores de Estatuto - relacionado com o nível do estatuto dos membros e
dos próprios grupos em questão;

Aspectos de papel - relacionado com o tipo de papéis, subordinação ou
dominância;

Atmosfera envolvente - intimamente relacionado com o tipo de contacto
(voluntário ou involuntário, real ou artificial, típico ou excepcional);

Personalidade dos Indivíduos - nível de preconceito, experiência prévia do
grupo, idade e ainda nível de instrução.

Áreas de Contacto entre Grupos - profissional, recreativa, religiosa e
política.

O contacto estruturado e devidamente implementado, podem reduzir o
preconceito e os estereótipos. Allport coloca ainda quatro condições, que
levam a diminuir o preconceito na situação real de contacto que a seguir é
descrito:

1. O contacto deve ser suficientemente íntimo para produzir conhecimento
e a compreensão recíproca;
2. Deve haver um suporte e autoridade institucional ou clima social de
forma a incentivar o contacto entre grupo;
3. Os membros de vários grupos devem compartilhar a igualdade de
estatutos;
4. A situação de contacto deve conduzir o grupo a fazer coisas juntas;
deve-se exigir no grupo cooperação para conseguir o objectivo. (HORNE,
1985; JONES, 1984) citado por SANTOS (2013).

1.3. Concepções sobre a Deficiência

A convenção de Guatemala decreto número 3956/01 citado por LIMA (2006) traz
o conceito de deficiência como sendo a restrição física mental ou sensorial
de natureza permanente ou transitória que limita a capacidade de exercer
uma ou mais actividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo
ambiente económico e social.

De acordo com WIMAN (2003) citado por NETO (2008), a deficiência é somente
uma limitação funcional na habilidade do indivíduo e realça que nem todas
as limitações são deficiências porque não são relacionadas a impedimentos.
Dessa forma as pessoas podem se relacionar com o seu meio superando apenas
as barreiras de diversas formas como mudanças ou adaptações físicas,
sociais e culturais do ambiente.

Para D'AMARAL (2004), o sentir mais ou menos deficiente depende das
experiências vivenciadas por cada indivíduo, uma vez que a posição social e
as actividades por elas desempenhadas influem na maior ou menor capacidade
de sua realização e inserção social; apontando que o sentido negativo e
excludente da palavra deficiente tem a ver com uma civilização cujo
fundamento é a capacidade de produzir efeitos e tudo é medido por essa
capacidade.

Para PEDRINELII et al (1994), a Deficiência Físico-Motora - caracteriza-se
por um distúrbio da estrutura anatómica ou da função que interfere na
movimentação ou locomoção do indivíduo.

Na perspectiva de NETTO & GONZALEZ (1996) a deficiência física motora
refere a uma variedade de condições não sensoriais que afectam o indivíduo
em termos de mobilidade, coordenação motora geral ou fala, como decorrência
de lesões sejam elas neurológicas, neuromusculares, ortopédicas ou ainda de
mal formação congénita ou adquirida.

Assim, considerando a deficiência como um fenómeno social, a compreensão
dela e das transformações ocorridas em sua interpretação pela sociedade
pode ser pensada como grande impulsionadora de movimentos sociais e
políticas públicas.


1.3.1.Breve Historial Sobre a Deficiência

A questão da deficiência é tratada desde as sociedades antigas, desde a
época da segregação, integração à inclusão social no mundo e mais tarde nos
países em via de desenvolvimento. Deste modo, em função do nosso estudo,
apresentamos uma breve resenha sobre a segregação que de alguma forma
julgamos que culmina com a abordagem sobre a exclusão social das pessoas
com deficiência física.

De acordo com SILVA, MORAIS & SANTOS (s/d), desde a idade primitiva, os
nossos antepassados acreditavam que crianças nascidas com deficiência
estavam possuídas por espíritos demoníacos e eram seres incapazes de
realizar actividades individuais e colectivas, sendo assim isolavam-nas da
sociedade ou eliminavam suas vidas. Os "defeitos" físicos e mentais eram,
portanto, alvos de rejeição por todos que eram considerados "normais".

No final da idade média, a sociedade destruía todas as possibilidades de
desenvolvimento das pessoas com deficiência, aprisionando-as, matando-as e
escondendo-as como se possuíssem algo impuro, sendo muitas vezes por esta
razão queimadas em fogueiras. Tudo isso acontecia com o consentimento da
família, pois o acontecimento era normal e partia do cumprimento de suas
crenças, considerando seus filhos mártires.

No século XVI as primeiras pesquisas que surgiram sobre pessoas com
deficiência, foram observadas tanto pelos familiares, como por
pesquisadores impulsionados pelo intuito de ajudar e descobrir métodos que
transformasse e melhorasse a situação de total desamparo em que viviam as
pessoas com deficiência, pois eram excluídos do convívio familiar, da
participação social e escolar. Esses pesquisadores trabalhavam intensamente
para suavizar as dificuldades das pessoas com deficiência através de
experiências, desenvolvendo assim habilidades de crianças e adultos com
necessidades especiais. As mudanças e melhorias para as pessoas com
deficiência foram avançando ao desenrolar do tempo. As lutas e pesquisas em
favor daqueles que até então eram considerados diferentes só ganhavam
força, ampliando suas possibilidades de sobrevivência, descobrindo suas
capacidades e abrindo direitos à vida social e educacional que é direito de
qualquer ser humano.

Desde a Idade Média ao período em que as leis vigoraram para atender as
pessoas com deficiência ocorreram muitas transformações. Algumas pessoas na
sociedade era contra e outras a favor dessa causa. Desta maneira, muitas
interrogações, dúvidas e incertezas cercavam toda a população sobre o tema
deficiência, pois todas as crenças e paradigmas que norteavam as formas de
ver e viver na sociedade seriam desmitificados. O surgimento de leis trouxe
respostas e melhorias às pessoas com deficiência, pois visava atender as
suas necessidades, buscando uma igualdade entre pessoas com algum tipo de
deficiência e os demais cidadãos, considerados "normais". As normas
jurídicas é um dos mais importantes e eficazes instrumentos para que a
oportunidade de igualdade e de uma vida melhor seja garantida e cumprida
para as pessoas com deficiência. Sendo assim, nenhuma pessoa deve ser
considerada em um patamar superior à outra, independente de seu poder
aquisitivo, classe a que pertence, ou mesmo situação física ou mental.
Todos são iguais em direitos, e assim devem ser considerados. Para garantir
a igualdade de oportunidades na educação, foi elaborado com urgência um
documento contendo normas, onde o atendimento da população que se apresenta
com necessidades especiais iriam ser supridos mediante Directrizes
Nacionais para a Educação Especial na Educação básica. É uma luta que
iniciou desde a Idade Média e estende-se até os dias de hoje, com a
legislação vigente. Porém, apesar dos progressos e conquistas, esta luta
está longe de acabar, ainda há um longo caminho a ser percorrido, pois as
leis que foram criadas em favor das pessoas com necessidades especiais
precisam ser cumpridas para que essas pessoas possam ser beneficiadas e
tenham igualdade de oportunidade. SILVA, MORAIS & SANTOS (s/d)




1.3.2.Diferentes Formas de Atendimento às Pessoas com Deficiência Física

Ao discutirmos sobre o atendimento dado as pessoas com deficiência física,
neste contexto, trazemos diferentes formas de atendimento que baseava-se em
certos modelos: o modelo médico, o modelo de caridade e o modelo social de
deficiência.

a) Modelo Médico

O modelo médico da deficiência, que prevaleceu até 1960, mantém o foco da
deficiência na doença, adoptando uma vertente individualista, que atribui a
limitação ao próprio corpo em decorrência de suas falhas funcionais. Esse
modelo é pautado numa sociedade que não está atenta a ambientes espaciais
inadequados, já que segue o pressuposto de que há um modelo ideal de homem,
mais conhecido como modelo de homem-padrão, ou seja, aquele que se enquadra
dentro da "normalidade" SASSAKI (1999). Segundo DEVENNEY & MITRA (2005)
neste modelo a deficiência é vista como uma questão individual que deve ser
tratada sob o ponto de vista biomecânico. E acrescentam ZARB & FELLOW
(1995), que deve ser tratado apenas como uma doença desconsiderando uma
gama de limitações causadas pelo ambiente que cerca a pessoa.




b) Modelo de Caridade

O modelo de caridade descreve as pessoas com deficiência como sendo
necessitadas, dignas de pena, sem defesa, vítimas eternas, crianças
assexuadas, incuradas, corajosas, excepcionais e com necessidades de
cuidados, DEVENNEY (2004).

c) Modelo Social

Essa nova perspectiva surgiu dos questionamentos das próprias pessoas com
deficiência à sociedade em relação aos estigmas e opressão por si sofridos,
SASSAKI (1999). QUINN & DENGER (2002) citados por NETO (2008) abordam a
questão da deficiência como um construtor social baseando-se nas premissas
de que a diferença não é inata mas socialmente construída e aplicada por
meio de rótulos, como por exemplo "o deficiente"; a pessoa não é rotulada
em um processo de neutralidade, há sempre a premissa de estabelecer os
níveis de poder e de preservar as coisas da forma que são apresentadas e as
estruturas físicas também são feitas de modo a separar as pessoas, os
pontos de acesso do dia-a-dia estabelecem uma referência à norma dominante.

Analisando os três modelos, o que se pode entender é que o modelo médico
descarta a influência do meio ambiente como um factor limitante das
potencialidades do indivíduo e ainda prevalecem traços deste modelo em
nossa sociedade por sua vez o modelo de caridade é também discriminatório
pois vem descrever a pessoa com deficiência como digna de pena e piedade,
pois todos os indivíduos têm suas particularidades e potencialidades assim
sendo a deficiência não é uma limitação; já as ideias demonstradas pelo
modelo social contribuem para a inclusão social ao respeitar as diferenças
das pessoas e compreender que a remoção de barreiras contribui para uma
vida independente para as pessoas com deficiência.


1.4.Exclusão Social

Exclusão social é um processo de privação colectiva que inclui a pobreza,
discriminação, subalternidade, WANDERLEY (2001).

Na visão de MAMMARELLA (2000) exclusão social identifica os grupos e
indivíduos que vêm sistematicamente perdendo seus direitos de cidadania,
que se encontram carentes dos meios de vida e fontes de bem-estar social,
com baixíssimos rendimentos, falta de moradia, de acesso à educação e
saúde, e que não encontram meios de se inserirem no mercado de trabalho.

Por sua vez, QUINTÃO (2005), também explica que os processos de exclusão
são culturais, são acumulados, nunca vêm sozinho; desenvolvem-se e se
reproduzem através do tempo, por meio de um sem número de formas que se
entrelaçam no tecido social e se movimentam através das instituições, dos
regulamentos, dos saberes, das técnicas e dos dispositivos que se instalam
na cultura.

De acordo com FERNANDES (2014), o meio social é padronizado e
segregacionista, dificultando o acesso das PDF a uma vida de participação
plena e igualdade de condições. A sociedade está estruturada de forma
inadequada às necessidades dos sujeitos com deficiência de maneira a
contemplar as diferenças dos sujeitos sociais. Todavia, esta autora
acrescenta que para as pessoas com deficiência possuírem um lugar garantido
no contexto da vida em comunidade, requer acessibilidade e a acessibilidade
significa tornar a sociedade capacitada, apta a reconhecer que a
diversidade faz parte de seu movimento e será preciso criar estruturas, em
suas instâncias, que comportem as múltiplas variações da expressão humana.

Assim, CONTINI, KOLLER & BARROS (2002), vem referir que para além dos
preconceitos, a pessoa com deficiência muitas vezes é colocada como vítima
de uma desgraça, digna de compaixão e protecção, de quem nada pode ser
exigido, as diferentes concepções que se têm sobre esses indivíduos podem
variar de acordo com os valores culturais.


1.5. Factores que Contribuem para a Exclusão Social

Diversos são os factores que podem contribuir para a exclusão social, são
descritos alguns como os problemas sociais e as desigualdades sociais.

a) Problemas Sociais

De acordo com TEIXEIRA (2009), para que um fenómeno se constitua um
problema social é necessário que estejam presentes três condições: primeiro
é necessário que tenha ocorrido determinadas transformações dentro da
sociedade que afectam a vida dos indivíduos, segundo que seja visto ou
sentido como problema pelo menos por uma parte da população, e que seja
socialmente identificado com determinadas situações ou categorias sociais e
em terceiro, um trabalho de institucionalização ou seja, que acerca dele
sejam produzidas interpretações oficiais, feitas por peritos com
competência reconhecida, que o consagrem oficialmente como um problema.
Compreendemos o problema social como uma situação ou fenómeno que ameaça
aos membros de uma sociedade, e depende das condições, características
particulares de cada grupo social e da época ou contexto histórico a que se
traduz uma avaliação moral e ideológica do fenómeno em causa.

b) Desigualdade Social

A desigualdade social se caracteriza por uma ameaça permanente à
existência, um intenso sofrimento, uma tristeza que se cristaliza em um
estado de paixão crónico na vida cotidiana, que se reproduz no corpo
memorioso de geração a geração. Bloqueia o poder do corpo de afectar e ser
afectado, rompendo os nexos entre mente e corpo, entre as funções
psicológicas superiores e a sociedade. SAWAIA (2009)

Ao olharmos para o conceito de desigualdade social imediatamente remete-nos
a percepção de diferenças na distribuição do poder seja ele social,
económico, segurança, podendo desencadear conflitos e extremo sofrimento
pelos grupos sociais mais baixos.


1.6. Medidas de Combate à Exclusão Social

A acção para combater a exclusão social pode ser feita através de uma
intervenção preventiva e com uma mobilização de políticas em domínios como:
saúde, educação e acção social.

Saúde

De acordo com a OMS (2003) é um estado completo de bem-estar físico, mental
e social e não apenas a ausência de doenças, trata-se também de uma
convivência harmoniosa baseada em carinho e amor pelo outro. Para o
RELATÓRIO MUNDIAL DE DEFICIÊNCIA (2011), o sistema de saúde deve tornar os
serviços de saúde acessíveis às pessoas com deficiência, isto reduzirá as
disparidades de saúde e as necessidades não atendidas. As Pessoas com
deficiência devem receber os serviços de equipas de cuidados primários,
serviços especializados; organizações e instituições devem estar
disponíveis quando necessário para assegurar um serviço de saúde
abrangente.

Educação

Na perspectiva de RIBEIRO & RIBEIRO (2012), com o objectivo de combater
atitudes e comportamentos intolerantes e de discriminação contra grupos
e/ou pessoas vulneráveis ou em situação de risco pessoal e social, através
da escola pode-se incluir, nos currículos, temáticas que discutam questões
relativas à diversidade sociocultural. A Educação em Direitos Humanos deve
actuar com acções colectivas, onde gestores, Psicólogos, professores, pais
e alunos envolvam vários segmentos e organizações, de modo a buscar formas
de romper com atitudes discriminatórias e preconceituosas que, ainda
vigoram na sociedade contemporânea, bem como produzam estratégias de acção
para fomentar a cidadania. Nessa via, a educação adquire poder de inclusão
para fortalecer o respeito às liberdades fundamentais por meio do
desenvolvimento amplo da personalidade humana e da promoção de sentimentos
como: igualdade, compreensão, solidariedade e tolerância, fomentando,
portanto, a paz e justiça social.

O psicólogo também intervém na inclusão social das PDF praticando o
enfrentamento e a lidando com a exclusão tentando introduzir principalmente
a afectividade no quotidiano das pessoas. COSTA & ZEMELLA (2012)


Acção Social

A acção social visa garantir assistência social ou outro tipo social a
indivíduos, grupos sociais e famílias em situação de pobreza, de modo a
melhorar as suas condições de vida e se tornarem aptos a participar no
desenvolvimento global do país, em pleno gozo dos seus direitos sociais
básicos com o objectivo de promover a integração dos grupos sociais
situados à margem do processo normal de desenvolvimento de modo a
contribuir para uma plena igualdade de oportunidades entre cidadãos, bem
como para a estabilidade social, RIBEIRO & RIBEIRO (2012).


1.7. O Sistema de Transporte na Cidade de Maputo

De acordo com ANDREATTA & MAGALHÃES (2011), o transporte público urbano na
cidade de Maputo é maioritariamente constituído por "Chapas" e por
Machimbombos, onde as tarifas são muito baixas e não permite que o serviço
seja rentável. O sistema público responde por 30% da oferta e o sistema
privado por 70% e a rede de transportes não alcança o nível mínimo de
qualidade, e a mobilidade é bastante precária. O funcionamento por meio de
"chapas" privados que admitem um número de passageiro muito maior do que a
própria capacidade do veículo e alguns poucos machimbombos que circulam na
cidade, as deficiências são muitas e o funcionamento do sistema de
transportes públicos é caótico.


1.7.1. As Barreiras de Acesso aos Transportes para as Pessoas com
Deficiência Física

De acordo com MOREIRA & DONOSO (2007) as pessoas com deficiência,
principalmente aqueles com dificuldade de locomoção, encontram sérias
dificuldades para empreender uma viagem. Pois são poucas as estações
rodoviárias que possuem rampas de acesso aos veículos, plataforma de
embarque geralmente é feito por passarelas elevadas ou escadas, dentro dos
autocarros, em geral, não há espaço para uma cadeira de rodas e a distância
entre as poltronas é muito pequena. Nas longas viagens, as pessoas com
deficiência submetem-se a longos períodos sem lanche ou sem uso da casa de
banho, pois o deslocamento da poltrona é extremamente problemático.

Uma pesquisa realizada por VENTER et al (2002), sobre os problemas
específicos de barreiras a mobilidade ao transporte público que teve como
objectivo investigar a mobilidade em vários países nomeadamente África do
Sul, Moçambique, Índia e Malawi, quanto ao uso do sistema de transportes; a
sistematização de dados e os resultados apontaram semelhanças notáveis
entre os países as seguintes questões como barreiras de acesso ao
transporte público:

As Barreiras Sociais

Os prestadores de serviço, queira público ou não, podem criar barreiras as
pessoas com deficiência na utilização dos transportes públicos seja por
falta de treino e consciencialização.

Comunicação: pessoas com deficiência sensoriais e cognitivas frequentemente
possuem dificuldades de comunicação com motoristas, cobradores e outros
passageiros.

Custo: para a utilização do transporte público para pessoas com
deficiência, o factor custo pode ser alto quando não há subsídios para a
utilização do serviço de transporte.

As Barreiras Psicológicas

Algumas pessoas com deficiência podem evitar utilizar alguns modos de
transporte devido à percepção que as outras pessoas têm em relação a sua
deficiência.

As Barreiras Estruturais

O desenho do veículo - que pode apresentar grandes obstáculos à sua
utilização mesmo de pessoas que não tem deficiência ou dificuldade de
mobilidade.





Imagem 1 e 2 Porta de entrada do transporte público colectivo e escadas que
dificultam o acesso as pessoas com deficiência física

Infra-estrutura - configura-se como uma grande barreira à mobilidade das
pessoas com deficiência, o ambiente que a pessoa enquanto pedestre enfrenta
até chegar ao meio de transportes, incluindo-se aqui as calçadas, meio fio,
etc.

Ambiente do pedestre - antes de chegar, o usuário na figura de pedestre
deve vencer uma série de barreiras físicas como calçadas mal cuidadas,
falta de sinalização, ausência do meio fio rebaixado, etc.

No que toca as barreiras relacionadas aos transportes para as PDF, pode-se
perceber que o sentido é o idêntico que é excluir, por exemplo as barreiras
estruturais se caracterizam por serem obstáculos de acesso existentes em
edificações de uso público ou privado que no contexto real são evidentes
paragens mal edificadas sem rampas, com pavimento deteriorado, transportes
sem rampas calçadas, edificações que claramente restringem o uso de espaços
colectivos para as pessoas com deficiência; no tocante aos obstáculos
sociais e psicológicos também são discriminadores pois apesar de não
estarem ligadas a limitações estruturais descritas acima mas são também
capazes de impedir o reconhecimento ou gozo dos direitos humanos por parte
das pessoas com deficiência, através da opressão, estigma e o desrespeito
pela diversidade humana.

1.8.Exclusão das Pessoas com Deficiência Física no acesso aos Transportes
Colectivos e Semi-Colectivos na cidade de Maputo

No estudo feito pela Rede de Assistência às Vítimas das Minas (RAVIM) &
Handicap Internacional, (2010) nos municípios de Maputo e Matola relatam a
questão da exclusão das pessoas com deficiência nos sistemas de transportes
ao afirmar que a questão do transporte é particularmente crítico para todos
os habitantes em particular para as pessoas com deficiência, por causa das
tarifas demasiado elevadas, de veículos inconfortáveis, de difíceis
interconexões, ou ainda por causa de paragens esporádicas nos bairros mais
descentrados; acrescentam-se a estas dificuldades, constrangimentos maiores
relativos aos preços (55% contra 28%) e, sobretudo o acesso físico nos
"chapas" geralmente superlotados e estreitos (43% contra 27%); o cartão de
pessoa com deficiência atribuído pelas associações de pessoas com
deficiência permite em teoria se beneficiar dos transportes públicos (TPM)
gratuitamente; mas os bairros periféricos são na sua maioria servidos pelos
transportadores individuais e privados (chapas e machimbombos), e estes
últimos aplicam regras próprias relativas ao preço e ao atendimento,
pedindo, muitas vezes, o dobro do preço as pessoas com deficiência
acompanhadas ou com cadeiras de rodas.

Nesta sequência acrescenta por sua vez o presidente do Fórum das
Associações Moçambicanas dos Deficientes (FAMOD) citado por RAINS (2009)
que os transportes semi-colectivos e os TPM que interligam os bairros do
grande Maputo não cumprem com as normas que obrigam que partes das frotas
sejam doptadas de elevadores e cadeiras reservadas para acomodar Pessoas
com Deficiência; actualmente nenhum dos dois sistemas oferece o almejado
serviço ou melhor quando entramos neles não só não há cadeiras reservadas,
como também os passageiros ditos "normais" não se levantam para nos ceder
os lugares, como consequência, temos que percorrer, longas distâncias
apoiados nas nossas muletas. Tanto os autocarros TPM, quer os "chapas" não
param quando nos vêem. Eles fazem isso porque não querem perder tempo, nas
eventuais manobras que temos que fazer para entrar neles, uma vez que não
estão adaptados para facilitar a nossa já difícil condição.




















CAPÍTULO II METODOLOGIA DE PESQUISA

Tendo em conta que a metodologia delimita as operações que permitem a
obtenção dos dados da pesquisa, nesta parte do trabalho indicamos a
descrição do campo de estudo, o tipo de pesquisa, o método de abordagem, as
técnicas e instrumentos usados na colecta dados, e por fim a população e
amostra.


2.1. Descrição da Área de Estudo

A cidade de Maputo é a capital de Moçambique, sendo também a maior cidade
do país. Ela localiza-se no sul de Moçambique, nas Latitudes 25o49'09" e
26o05'23" extremos Norte e Sul respectivamente e Longitudes 33o00'00" e
32o02'06" extremos este e oeste, sendo limitada ao norte pelo distrito de
Marracuene; ao noroeste e oeste, esta faz fronteira com o Município da
Matola; a oeste, o Distrito de Boane; a sul, o Distrito de Matutuíne
(Figura 2) (MAE, 2007).

Figura 2. Perfil Municipal de Maputo.



Fonte: INE (2007).

A cidade de Maputo possui uma extensão de aproximadamente 347,69 km² e uma
população de 1 244 227, sendo na sua maioria do sexo feminino (51,5%). A
densidade populacional é de 3.937 habitantes por quilómetro quadrado" INDE
(2009). Assim, a pesquisa foi orientada concretamente nas paragens da praça
dos trabalhadores e terminal do museu e ambas localizam-se na cidade de
Maputo.


2.1.1.Descrição da Paragem Praça dos Trabalhadores e Terminal do Museu

A paragem Praça dos Trabalhadores é uma paragem terminal e localiza-se na
Praça dos trabalhadores, Próximo aos CFM de Moçambique, nesta paragem
funcionam maioritariamente os transporte Públicos Colectivos os vulgarmente
conhecidos por TPM, EMTPM, mas também os privados FEMATRO, esta paragem
engloba quase todas as rotas da província e cidade de Maputo.






Imagem 3.Paragem de transportes públicos colectivos sem assentos, sem
rampas e sem sinalizações adequados para pessoas com deficiência física

A segunda paragem em estudo é a paragem do Museu, esta localiza-se Próximo
à Escola Secundária Josina Machel e Escola Comercial, é também terminal de
diversas rotas.

Nesta paragem não só funcionam os transportes públicos colectivos, como
também os privados semi-colectivos. Fisicamente esta paragem possui apenas
uma estrutura edificada sendo que muitos passageiros usam o passeio da
Escola Comercial e Escola Secundária Josina Machel para parar e esperar
pelo transporte, muita das vezes os passageiros ficam expostos a
intempéries devido à escassez de edifícios para acomodação.





Imagem 4. Terminal dos transportes colectivos e semi-colectivos do Museu





Imagem 5. Passeio esburacado que serve de paragem com passageiros dispersos
ao relento


2.2.Tipo de Pesquisa

Quanto a abordagem do problema a pesquisa é Qualitativa com enfoque
descritivo. De acordo com ALMEIDA e FRERE (2010) a pesquisa qualitativa
procura compreender de forma detalhada as características de um fenómeno
social, isto é, conhecer a forma como as pessoas experienciam e interpretam
um certo fenómeno.

Tomando em consideração que o estudo desenvolvido usou parte do universo
(amostra) para inferir sobre a população, o método que melhor se adequou
para esse tipo de pesquisa, é o indutivo, que na óptica de RODRIGUES (2007)
método indutivo é um processo mental que, partindo de dados particulares,
suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não
contida nas partes examinadas. Neste método a generalização derivou de
observações de casos concretos de pessoas com deficiência física, que foram
entrevistadas nas paragens da Praça dos Trabalhadores e Terminal dos chapas
do Museu e será feita uma inferência por todas as paragens da Cidade de
Maputo.


2.3. Instrumentos de Recolha de Dados

Para uma melhor recolha de dados fez-se necessário o uso de instrumentos[2]
de recolha de dados:

Análise Bibliográfica


A análise bibliográfica que consistiu em efectuar uma revisão bibliográfica
actualizada e detalhada das ideias de diferentes autores sobre o fenómeno
em estudo.

Entrevista- Semi-Estruturada

A pesquisa baseou-se em entrevistas semi-estruturadas na medida em que
algumas perguntas eram estruturadas e algumas abertas que foram surgindo ao
longo da entrevista, as entrevistas foram tomadas as pessoas com
deficiência física nas paragens com o intuito de colher sensibilidades das
pessoas com deficiência física no que concerne a atitude tomadas pelos
transportadores e passageiros em relação as PDF nas paragens e nos
transportes em estudo. (Vide Roteiro de Entrevista Apêndice 1)

Observação

Através desta técnica foi possível captar emoções, colher algo mais do que
o que os entrevistados diziam, a técnica permitiu também observar a maneira
como os transportadores e passageiros tratam as pessoas com deficiência
física.

(Vide Grelha de Observação Apêndice 2)


2.4. População e Amostra

Segundo CORRAR & THEÓPHILO (2005), a população compreende a totalidade dos
elementos considerados, possuidores de uma determinada carracterística
comum que servirá para o estudo desejado

Sendo assim, a população desta pesquisa é composta por todas as pessoas com
deficiência física da Cidade e Província de Maputo que corresponde a um
total de 37.941 pessoas de acordo com o no Censo populacional, INE (2007).

Amostra - é um subconjunto de uma população que se quer estudar que possui
características dessa população e possa representá-la.

Para a obtenção dos resultados para esta pesquisa estabeleceu-se uma
amostra por conveniência, isto é, todas as pessoas com deficiência física
usuárias dos transportes colectivos e semi-colectivos que se dispusessem a
participar da pesquisa, tendo sido alcançada uma amostra de 32 pessoas, das
quais 21 são do sexo masculino e 11 do sexo feminino, com um intervalo de
idade compreendida entre os 11 aos 60 anos e mais em diante.































CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo é reservado à análise e interpretação de dados recolhidos a
partir dos instrumentos supracitados na metodologia. MARCONI & LAKATOS
(2010) afirmam que "na análise, o pesquisador entra em detalhes dos dados
recolhidos a fim de conseguir respostas às suas indagações e procurar
estabelecer as relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses
formuladas".

Assim sendo, os dados foram agrupados em categorias, de acordo com a
natureza das respostas dadas pelos entrevistados, e os resultados estão
apresentados em gráficos e tabelas, de acordo com o tipo de resposta e
esses gráficos e tabelas poderão mostrar em valores numéricos o estado de
prevalência do fenómeno no terreno.


3.1.Estrutura Sócio-Demográfica das Pessoas com Deficiência Física

Com o objectivo de descrever o perfil sócio-demográfico dos entrevistados
numa amostra de 32 PDF, tomando como variáveis as seguintes: o sexo, faixa
etária, ocupação laboral, residência, tipo da deficiência e a causa da
deficiência.


Deste modo, são analisadas na tabela 1 as variáveis sexo e a faixa etária:
" "Faixa Etária "
" "11-20 "21-30 "31-40 "41-50 "60+ "Total "
" "Anos "Anos "Anos "Anos "Anos " "
"Sexo "Masculi"3 "4 "9 "2 "3 "
" "no " " " " " "


Tabela 1. Distribuição dos entrevistados por sexo e faixa etária

De acordo com os dados da tabela, relativamente a faixa etária é notório
que grande parte das pessoas com deficiência física pertence a faixa etária
adulta, e muitas são do sexo masculino. De acordo com MWAMWENDA (2004) "a
fase adulta é marcada pela produtividade, procriação, educação das gerações
mais novas é também a fase de reflexão sobre as suas próprias conquistas, o
fracasso destas pode resultar em estagnação em que o indivíduo não
manifesta interesse pelos mais novos." Uma das preocupações marcadas nesta
fase é a procura do emprego, para renda e o sustento familiar e torna-se
difícil 0para as pessoas com deficiência física conquistar um emprego, uma
profissão, sem meios de se deslocar, isso devido ao estigma e discriminação
protagonizado pela sociedade.

A tabela 2 a seguir analisa a distribuição dos entrevistados por sector
laboral e área residencial:


" "Residência das PDF " "
" " " "
" " "Total "
" "Cidade de "Cidade da "Outros " "
" "Maputo "Matola "distritos " "
" " " "da " "
" " " "província " "
" " " "de Maputo " "
"Sector " "Sector "2 "2 "0 "4 "
"Laboral " "público " " " " "
" " "Sector "1 "1 "0 "2 "
" " "privado " " " " "
" " "Conta "3 "1 "0 "4 "
" " "própria " " " " "
" " "Desempregado"9 "8 "2 "19 "
" " "Estudante "2 "1 "0 "3 "
"Total "17 "13 "2 "32 "


Tabela 2. Distribuição dos entrevistados por sector laboral e a área
residencial

No tocante à ocupação laboral, os dados da tabela 2 tornam evidentes um
elevado número das pessoas com deficiência que são desempregadas (19) e
quanto às áreas de residência, muitas delas reside na cidade de Maputo e
Matola tendo afirmado claramente que necessitam de algum meio de transporte
público para deslocarem-se a diversos lugares pretendidos, afirmaram também
não possuir uma renda para o sustento pessoal e familiar sendo assim, quase
todos os dias as PDF têm que percorrer diversos pontos da cidade de Maputo
a procura de esmola para a sua sobrevivência. De acordo com o RELATÓRIO
MUNDIAL SOBRE DEFICIÊNCIA (2011), "as pessoas com deficiência sofrem com
taxas de pobreza mais altas do que as pessoas sem deficiência, na média,
pessoas com deficiência e lares com membros com deficiência sofrem taxas
mais altas de privação; incluindo insegurança alimentar, habitação
precária, falta de acesso à água limpa e ao saneamento, acesso inadequado a
serviços de saúde e possuem menos activos do que pessoas e lares sem
deficiência".
Os resultados mostram também que é reduzido o número de pessoas com
deficiência física com algum nível de escolaridade, apenas 3 pessoas
possuem alguma formação. As outras 10 PDF entrevistadas possuem uma
ocupação laboral, sendo que 4 pessoas fazem conta própria onde muitas delas
justificaram o fazer como a única alternativa de ajuda ao sustento
familiar, 4 entrevistados trabalham no sector público, porque este traz
consigo políticas de inclusão em diversos sectores daí a razão destes
valores que embora não tão altos mas que comparativamente ao sector privado
está acima, apenas 2 pertencem ao sector privado a razão destes valores é
que a preocupação deste sector é maximizar a produtividade e os
estereótipos que as entidades empregadoras possuem sobre as PDF, estes se
vêem impedidos de executar as tarefas. De acordo com MANHIQUE (2011), as
entidades empregadoras carregam preconceitos sobre as PDF, é como se a PDF
carregassem uma característica que o transforma em um ser "incapaz". Ainda
nesta perspectiva, a autora acresce que o preconceito que as entidades
empregadoras, o patronato, carregam, categoriza as pessoas e atribui certas
características esperadas nos indivíduos a cada categoria e estas
expectativas, acabam se tornando em rígidas exigências, e só são percebidas
quando não são correspondidas e assim a mentalidade que se tem sobre a
pessoa com deficiência acaba ofuscando suas reais potencialidades.

3.1.1. Caracterização da Condição Física dos Entrevistados

A tabela 3 procura mostrar a condição física dos entrevistados, assim sendo
são descritas o tipo e as causas da deficiência dos entrevistados:

" "Causa da deficiência " "
" " "Total "
" " " "Adquirida " " "
" " "Congénita "por "Doença " "
" " " "acidente " " "
"Tipo de "Membros "2 "16 "5 "23 "
"deficiência "inferiores " " " " "
" "Membros "0 "8 "1 "9 "
" "superiores " " " " "
"Total "2 "24 "6 "32 "


Tabela 3. Relação entre o tipo e a causa da deficiência

No que diz respeito ao tipo de deficiência, a tabela 3 demonstra claramente
que todos os entrevistados têm alguma deficiência física motora que
consiste na amputação ou perda de membros superiores ou inferiores. De
acordo com PEDRINELI et al (1994) amputação é um distúrbio ortopédico que
consiste na ausência congénita ou retirada de um ou mais membros.

No que tange às circunstâncias nas quais adquiriram a deficiência,
encontram-se 2 entrevistados que nasceram com a deficiência (congénita) em
que ambos perderam os membros inferiores, 24 adquiriram a deficiência,
tendo 8 perdido os membros superiores e 16 com perda de membros inferiores,
dentre eles vítimas de acidente de viação, vítimas de minas, falha médica e
acidentes de trabalho. Destacam-se também 6 pessoas que foram vítimas de
doença tendo descrito a poliomielite infantil como causa da deficiência,
das pessoas que adquiriram a deficiência devido à doença, 5 delas perderam
os membros inferiores e 1 perdeu os membros superiores.


3.2.Tratamento manifestado pelos passageiros em relação às Pessoas com
Deficiência Física nos transportes colectivos e semi-colectivos

Com o objectivo de recolher dados sobre as atitudes dos transportadores e
passageiros diante das pessoas com deficiência física nos transportes
colectivos e semi-colectivos, foi avançada a seguinte questão de partida:
De que modo os passageiros tem tratado as PDF nas paragens e nos
transportes colectivos e semi-colectivos de passageiros?



Gráfico 1. Opinião dos entrevistados sobre o tratamento que os passageiros
dão em relação as PDF

O gráfico 1, analisa as respostas dos entrevistados em relação ao
tratamento que os passageiros tem dado às Pessoas com Deficiência Física,
deste modo, apurou-se que a maior parte dos entrevistados (59%) tem
recebido um mau tratamento por parte dos demais usuários pois, muitas das
vezes estes não cedem assentos e espaços dentro dos transporte para as
pessoas com deficiência, até mesmo em assentos destinados e reservados para
as pessoas com deficiência elas ocupam, outros não se preocupam em ajudar
as pessoas com deficiência física a embarcar no transporte, mesmo
necessitando de ajuda e ainda são os mesmos que influenciam os
transportadores para que não transportem as pessoas com deficiência
alegando que constituem uma demora e atrasam seus planos. (25%) afirmam
receber um bom tratamento, mas que isso se verifica com mais constância nos
transportes públicos urbanos, e os restantes (16%) o equivalente mostraram-
se indiferentes quanto ao tratamento que recebem nos transportes colectivos
e semi-colectivos.

Enquanto discursavam foi também notório nas suas vozes e rostos sentimentos
de revolta, tristeza, desânimo, devido a falta de respeito dos usuários,
foi visível enquanto (C) e (D) discursavam:

"É doloroso como os passageiros e os transportadores têm
nos tratado, as vezes tenho tido receio em sair de casa, só
de imaginar o desprezo e a humilhação que irei passar lá
nos chapas, mas mesmo assim tenho que enfrentar a vida, mas
isso é muito doloroso." (C, homem, 38 anos)

"É lamentável porque as pessoas me desprezam, posso ficar
por muito tempo na paragem, se não venho acompanhada,
ninguém me ajuda a subir o machimbombo ou chapa, são poucas
pessoas de boa-fé que tentam apoiar os deficientes e isso
me faz pensar que um deficiente não serve para nada." (D
mulher, 45 anos)

Os resultados aqui apresentados entram em consonância com a análise de
FERNANDES (2014), ao referir que o meio social é padronizado e
segregacionista, dificultando ainda mais o acesso das PDF a uma vida de
participação plena e igualdade de condições. A sociedade está estruturada
de forma inadequada às necessidades dos sujeitos com deficiência de maneira
a contemplar as diferenças dos sujeitos sociais.

COHEN & DUARTE (s/d) afirmam que é preciso prover adaptações que se mostrem
necessárias favorecendo a convivência e a familiaridade com as pessoas com
deficiência, derrubando as barreiras físicas, sociais, psicológicas e
instrumentais que as impedem de circular no espaço comum.

ALLPORT (1954) alega que a percepção de semelhança entre os indivíduos num
domínio socialmente valorizado sobrepor-se-ia à percepção de dissemelhança
entre eles por causa da sua pertença a um grupo socialmente desfavorecido,
facilitando o aumento da atracção e a redução das atitudes preconceituosas.


3.3.Atitudes dos transportadores em relação as Pessoas com Deficiência
Física

Com o objectivo de descrever o modo como os transportadores agem perante as
PDF nos mesmos transportes, foi colocada aos entrevistados a seguinte
questão: Que atitudes tomadas pelos transportadores podem facilitar ou
dificultar o acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos para as
PDF?



Gráfico 2. Opinião do entrevistado em relação as atitudes dos
transportadores diante das PDF

Ao analisar-se o gráfico 2, notou-se que 81,% dos entrevistados tem tido
dificuldades no acesso aos transportes, principalmente nas horas tidas como
de "ponta", pois os operadores dos transportes, principalmente de Semi-
Colectivo de passageiros não têm dado prioridade no acesso aos transportes
às PDF considerando-os "carga", alguns transportadores aceitam apenas
transportá-las caso paguem um valor adicional principalmente as pessoas
usuárias das cadeiras de rodas; o mesmo tem acontecido nos transportes
públicos mas em menor frequência, principalmente quando não está um fiscal
por perto. Os entrevistados relataram ainda que os operadores dos
transportes públicos não respeitam as pessoas com deficiência quando fazem
um sinal de paragem do autocarro, os motoristas sem parar passam ignorando
o sinal de paragem feito por um passageiro com deficiência. 19%, declararam
que tem tido alguma facilidade no acesso principalmente nos transportes
públicos colectivos (TPM, EMTPM), mas os mesmos afirmaram que evitam tanto
concorrer aos transportes Semi-Colectivos de passageiros e bem como viajar
nas "horas de ponta".

Os entrevistados mostraram se indignados e insatisfeitos com os modos e a
falta de educação dos transportadores. Estas atitudes geradas impedem com
que as pessoas com deficiência possam exercer o direito de cidadania porque
são sempre rejeitadas nos transportes.

"O tratamento dos chapeiros é que é mais exagerado, é que afecta-
nos mais, eles podem nos deixar a sofrer nas paragens sem nos
levar. Uma vez estava na paragem da terminal do museu tive que
levar longas horas na paragem à espera pelo machimbombo
carregar, isto porque nenhum chapeiro quis levar-me fiquei por
volta das 11horas e 30 minutos até às 17 horas, a espera do TPM
houve essa demora porque todos os machimbombos foram levados
para abastecer na empresa e só apareceu o primeiro TPM às 17
horas, foi um dos dias difíceis para mim." (A, mulher, 40 anos)

Para VENTER et al (2002), os prestadores de serviço, queira público ou não,
podem criar barreiras às pessoas com deficiência na utilização dos
transportes públicos seja por falta de treino e consciencialização.

FEIJÓ (s/d) vem referir que a sociedade sempre escolheu modelos de
perfeição a serem seguidos e quando se trata das pessoas com deficiência,
têm-se em mente ideias preconcebidas que fogem da realidade da vida de uma
pessoa com deficiência. DEMARTIS (1999) acrescenta que essas ideias
preconcebidas constituem uma das grandes barreiras sociais que bloqueia a
integração social e profissional das PDF.


3.4.Opinião dos entrevistados sobre as medidas que a sociedade e o governo
devem tomar de modo a promover o acesso aos transportes para todos os
cidadãos

Com o objectivo de propor estratégias de sensibilização aos passageiros e
transportadores sobre os modos de proceder e lidar com as pessoas com
deficiência física nestes mesmos transportes e paragens, foi colocada aos
entrevistados a seguinte questão: Que medidas a sociedade e o governo devem
tomar de modo a promover o acesso aos transportes para todos os cidadãos?



Gráfico 3. Medidas que o governo e a sociedade devem tomar para melhorar o
acesso aos transportes para as PDF

Das 32 pessoas entrevistadas, 84% foram unanimes em dizer que há
necessidade de o governo disponibilizar mais transportes e que isso
contribuirá igualmente na redução da superlotação nos transportes. BAHIA et
al (1998) refere que as barreiras de transporte são as dificuldades ou
impedimentos apresentados pela simples falta de adaptação dos meios de
transporte particulares ou coletivos, terrestres, marítimos, fluviais ou
aéreos, às demandas do usuário e, para eliminá-las, deve-se melhorar toda a
infra-estrutura de apoio, com as estações de paragem dos machimbombos,
barcos, comboios e aeroportos.
13% dos entrevistados responderam que existe uma necessidade de
sensibilizar os usuários dos transportes sobre os bons modos de tratar as
PDF, tal como se pode perceber no discurso de (K).
"O conselho municipal deve sinalizar em lugares públicos
imagens priorizando as pessoas com deficiência, mesmo
existindo alguns lugares sinalizados, ainda são poucos os
lugares sinalizados. (K homem, 27 anos) "

Estes resultados entram em conformidade com a análise de BAHIA et al
(1998), ao defender que "as campanhas de sensibilização têm efeito
educativo e devem, por isso, fazer parte do processo de planejamento,
aliadas às intervenções que eliminem as barreiras físicas".
RIBEIRO & RIBEIRO (2012) vem por sua vez salientar que a Educação em
Direitos Humanos deve actuar com acções colectivas (…) de modo a buscar
formas de romper com atitudes discriminatórias e preconceituosas que, ainda
vigoram na sociedade contemporânea, bem como produzir estratégias de acção
para fomentar a cidadania.
3,0 % disseram que existe necessidade de uma nova legislação, contudo,
poucos foram os entrevistados que responderam a favor da revisão das leis,
pois a maioria dos entrevistados não conhecem as leis e políticas de
protecção dos cidadãos com deficiência dado o baixo nível de escolaridade
da maioria dos entrevistados e poucos recursos de acesso as essas leis.
Contudo ficou evidente que os participantes em estudo reconhecem as
limitações causadas pela deficiência, mas acreditam que a disponibilização
de transportes adaptados a todos os indivíduos facilitaria muito suas
vidas, e a acessibilidade deixa as pessoas mais seguras.






































CONCLUSÃO

Após a realização da pesquisa sobre as Atitudes dos transportadores e
passageiros face ao acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos
para as Pessoas com Deficiencia Física- Caso das paragens da Praça dos
Trabalhadores e Terminal do Museu chegou-se as seguintes constatações:

Relativamente ao primeiro objectivo que pretendia descrever o perfil sócio-
demográfico das Pessoas com Deficiência Física constatamos que grande parte
das pessoas com deficiência física encontra-se na faixa etária adulta,
destacou-se também um elevado número destas Pessoas desempregadas e
residentes na cidade de Maputo.

No que concerne ao segundo objectivo que procurou colher sensibilidades das
Pessoas com Deficiência Física, sobre o tratamento proporcionado pelos
passageiros nos transportes colectivos e semi-colectivos verificamos que
maior parte das Pessoas com Deficiência Física tem recebido um tratamento
negativo o que exclui as PDF do acesso ao sistema de transportes.

No que toca ao terceiro objectivo, que pretendia identificar as atitudes
manifestadas pelos transportadores, se facilitam ou dificultam o acesso aos
transportes colectivos e semi-colectivos para as Pessoas com Deficiência
Física constatamos que a negligência, a discriminação e cobranças ilícitas
são atitudes manifestadas com maior prevalência pelos transportadores e que
dificultam o acesso aos transportes para as mesmas.

No que se refere a opinião das Pessoas com Deficiência Física sobre as
medidas que a sociedade e o governo devem tomar de modo a promover o acesso
aos transportes a todos os cidadãos apurou-se com mais ênfase que a
disponibilização dos transportes e a sensibilização social seriam as
principais estratégias.

Assim, a pesquisa respondeu ao objectivo traçado uma vez que as pessoas com
deficiência física percebem que atitudes dos transportadores, assim como
dos passageiros dificultam o acesso aos transporte uma vez que as Pessoas
com deficiência física abstêm-se realizar suas viagens por estarem cientes
da rejeição que enfrentarão no seu dia-a-dia nos transportes colectivos e
semi-colectivos.


SUGESTÕES

Os resultados da pesquisa revelaram não haver boas formas de tratamento às
pessoas com deficiência física tanto por parte usuários, bem como dos
transportadores no que diz respeito ao acesso aos transportes colectivos e
semi-colectivos para as Pessoas com Deficiência Física, e deste modo sugere-
se:

Que sejam feitos mais estudos do género, assim como planos de acções
na área da deficiência, de forma mais abrangente e detalhada incluindo
outros Distritos e Províncias do país;

O governo estabeleça canais de difusão de informações sobre os
deveres e direitos das pessoas com deficiência; bem como a criação de
programas de capacitação dos operadores dos transportes de modo a
melhorar os procedimentos que oferecem aos utentes dos transportes
públicos e privados colectivos e semi-colectivos.

Psicólogos Educacionais, Sociais, Associações, Voluntários,
Educadores Profissionais participem massivamente na elaboração e
implementação de projectos e movimentos sócio-educativos que visem a
redução de atitudes discriminatórias;

Introduzam-se nos programas escolares disciplinas ou tópicos
relacionados a compreensão sobre a diversidade humana, compreensão de
valores morais, éticos com vista a incutir ainda precocemente estes
valores aos alunos.






















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APÊNDICES

Apêndice 1: Guião de entrevista para as pessoas com deficiência física

O presente roteiro de entrevista foi elaborado pela pesquisadora para fins
de colecta dados referentes as atitudes tomadas pelos transportadores e
passageiros face ao acesso aos transportes colectivos e semi-colectivos
para as pessoas com deficiência física, com base nos objectivos propostos.

I. Informação Sócio-Demográfica das PDF
Idade_______ Grau de instrução/Escolaridade
_______Profissão____________________

Residência ___________Número do agregado familiar___________
Género/Sexo_______

Tipo de deficiência______________________ Causa da
deficiência__________________


Perguntas relativas ao uso dos transportes colectivos e semi-colectivos
1. Que tipo de transporte o Sr(a) tem usado frequentemente para fazer
as suas viagens?
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________.
2. Quantas viagens o Sr(a) têm efectuado diariamente através dos
mesmos transportes?
____________________________________________________________________.
3. Considera os transportes colectivos e semi-colectivos como meios de
transporte acessíveis e essenciais, para o Sr(a) se deslocar a um
determinado local?
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________.
4. Que tipo de dificuldades o Sr(a) tem enfrentado nesse tipo de
transportes?
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________.


Perguntas relativas as atitudes dos transportadores em relação as PDF nos
transportes colectivos e semi-colectivos


1. De que maneira os transportadores (o cobrador e motorista) dos
transportes colectivos e semi-colectivo têm tratado o/a Sr (a)?
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
1. De que maneira esse tratamento que os transportadores (o cobrador e
motorista) manifestam tem afectado na sua vida quotidiana e no seu bem
-estar?
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________.
2. Como o Sr (a) se sente diante das atitudes manifestadas pelos
transportadores?
_______________________________________________________________________.
3. Qual é o tratamento que o/a Sr (a) acha que os transportadores (o
cobrador e motorista) devem proporcionar às pessoas com deficiência
física nos transportes colectivos e semi-colectivos?
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________.

Perguntas relativas as atitudes dos passageiros usuários dos transportes em
relação às PDF também usuárias dos transportes colectivos e semi-colectivos


1. De que maneira os passageiros têm tratado o/a Sr (a)?
____________________________________________________________________.
2. De que maneira esse tratamento que os passageiros manifestam afecta
na sua vida quotidiana e no seu bem -estar?
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
3. Acha que as atitudes manifestadas pelos passageiros limitam o
acesso aos transportes para o Sr/Sra?
__________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________.
4. O Sr(a) acha que os passageiros têm dado prioridade às pessoas com
deficiência física nos transportes colectivos e semi-colectivos?
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________.
5. Qual a atitude que o Sr(a) acha que os passageiros devem tomar
perante as pessoas com deficiência física nos transportes
colectivos e semi-colectivos e nas paragens?
__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________.

Perguntas relativas ao conhecimento dos direitos das pessoas com
deficiência física em Moçambique


6. O Sr (a) conhece os direitos e as leis que protegem as pessoas com
deficiência? Se conhece, pode mencionar os direitos e leis por ti
conhecidos?
______________________________________________________________________.
7. Na sua percepção, acha que esses direitos e leis de proteção são
satisfatórios para os nossos concidadãos?
_____________________________________________________________________.
8. Na sua opinião que estratégias a sociedade, o governo devem tomar
de modo a promover o acesso aos transportes para as pessoas com
deficiência física?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________.

























Apêndice 2: Grelha de Observação

"Observador "Hora: "
"Data: " "
"Inferências "Sim "Não "Obs."
" "Os transportes colectivos e semi-colectivos de " " " "
"Estrutur"passageiros possuem rampas, assentos reservados " " " "
"a dos "e apropriados para as pessoas com deficiência " " " "
"Transpor"física " " " "
"tes e " " " " "
"paragens" " " " "
" "As paragens possuem rampas de acesso, assentos " " " "
" "para os passageiros se acomodarem enquanto " " " "
" "aguardam pelo transporte " " " "
" "As paragens estão devidamente edificadas de modo" " " "
" "a proteger os passageiros contra intempéries " " " "
" "Nas paragens há sinalizações de lugares " " " "
" "reservados as Pessoas com deficiência física " " " "
" "As paragens possuem sanitários para o uso dos " " " "
" "passageiros e a entrada a esses sanitários é " " " "
" "acessível para as pessoas com deficiência física" " " "
" "Os passageiros costumam ceder cadeiras as " " " "
"Atitudes"pessoas com deficiência física " " " "
" "Os passageiros têm ajudado as pessoas com " " " "
" "deficiência física a se deslocarem até ao " " " "
" "transporte " " " "
" "Os transportadores têm transportado sempre as " " " "
" "pessoas com deficiência física " " " "






Apêndice 3: Termo de Consentimento livre esclarecido

O Sr/a está sendo convidado a participar da pesquisa sobre as Atitudes dos
Transportadores e Passageiros face ao Acesso aos Transportes Colectivos e
Semi-colectivos para as Pessoas com Deficiência Física - Caso das Paragens
da Cidade de Maputo.

O objectivo dessa pesquisa é compreender como as atitudes manifestadas
pelos transportadores e passageiros podem facilitar ou dificultar o acesso
aos transportes colectivos e semi-colectivos para as pessoas com
deficiência física.

As informações obtidas através dessa pesquisa serão sigilosas e garantimos
o anonimato sobre sua participação.


Declaro que entendi o exposto acima e concordo em participar

-----------------------
[1] Em Moçambique o termo chapa refere-se aos transportes privados, semi-
coletivos de passageiros.
[2] Meios e ferramentas de colecta de dados, como por exemplo,
questionários, auto-relato, entrevista, observação de aulas MOREIRA E
MONTEIRO, (2010).




-----------------------
Monografia Científica apresentada ao Departamento de Psicologia, FACEP para
a obtenção do grau de Licenciatura em Psicologia Educacional com
Habilitação em Educação e Assistência Social sob orientação da Mestre Lúcia
Suzete Simbine.
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