AUDIODESCRIÇÃO JORNALÍSTICA NO MUSEU DO JANGO

July 27, 2017 | Autor: Janine Motta | Categoria: Jornalismo, Acessibilidade, Cidadania, Fotografia, Audiodescription, Acessibilidade Em Museus
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA Campus – São Borja/RS NÍVEL GRADUAÇÃO

JANINE DA MOTA ROSA

AUDIODESCRIÇÃO JORNALÍSTICA NO MUSEU DO JANGO

São Borja/RS 2015

Janine da Mota Rosa

AUDIODESCRIÇÃO JORNALÍSTICA NO MUSEU DO JANGO

Projeto Experimental apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, pela Universidade do Federal do Pampa UNIPAMPA Orientador(a): Prof. Me. Marco Bonito

São Borja/RS 2015

Janine da Mota Rosa

AUDIODESCRIÇÃO JORNALÍSTICA NO MUSEU DO JANGO Relatório de projeto experimental, apresentado ao curso de Comunicação Social – Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa, como requisito para aprovação na disciplina de TCC II, sob orientação do Profº. Me. Marco Bonito e avaliação dos seguintes docentes:

Aprovado em (26) (Janeiro) (2015)

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me Marco Bonito (orientador) – Universidade Federal do Pampa

Prof. Dr. Alexandre Augusti – Universidade Federal do Pampa

Prof. Dr.Joel Felipe Guindani – Universidade Federal do Pampa

Dedico este trabalho as pessoas com deficiência visual e a todas as fontes que acreditaram no meu profissionalismo e na minha responsabilidade com as informações.

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais pelo amor e dedicação que sempre tiveram comigo. Agradeço a minha irmã Bruna, que pude contar desde criança com suas palavras de incentivo e companheirismo. Agradeço a futura jornalista, Barbara Fcamidu, pela construção de uma amizade verdadeira e parceria nas aventuras desses quatro anos. Além do seu incentivo indispensável com todos os meus projetos, principalmente com este trabalho. Agradeço a minha amiga publicitária Mariah Schmidt, por ter me ensinado tantas coisas boas, mas principalmente por ter dito palavras certas em momentos de desespero. Agradeço ao Nude do Campus Itaqui, pela parceria com este TCC, em especial ao bolsista Maicon Lenon Aos técnicos audiovisuais da Unipampa, Eduardo Martinez e João Batista Correa, um obrigado especial pelo empenho nas gravações. Agradeço a: Luciane Molinos, Felipe Mianes, Cristiele Lopes, Adriana Pires, Ivana Cavalcante, Lorraine Inácio, Phillipp Gripp, Thaís Leobeth, Paulo Fiorite, Jeferson Balbueno, ao sr. Luiz e Alessandra Bilibio pelo estímulo na execução deste trabalho. Agradeço a ADEVASB por ser parceira neste trabalho, me ajudando a compreender as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com a falta de acessibilidade em nossa sociedade. Aos que aguentaram as minhas angustias e me impulsionaram para frente: Emilly Caroline, Guilherme Afonso, Andrea Leite, Mayra Ananda, Jéssica Ogassawara, Felipe Eduardo, Renato Siqueira, Fábio Giacomelli, Victor Rocha, Caroline Rossasi, Fernanda Martini e Karine Moraes. Agradeço ao quinteto mais profano da Universidade ou quem sabe ao quinteto com personalidades tão distintas e tão especiais ao mesmo tempo. Independente de tudo, sabemos o valor de cada história, obstáculo e alegria que compartilhamos. Agradeço a família Goulart por ter me permitido entrar na história da família e resgatado informações.

Agradeço aos educadores que tive desde a educação infantil até a conclusão deste trabalho, com certeza sem vocês não teria chegado aqui. Em especial, os da graduação: Obrigada Joseline Pippi pelas primeiras aulas práticas na faculdade; Obrigada Sara Feitosa por sua ética, comprometimento e sabedoria ao ministrar com responsabilidade suas aulas; Obrigada Vivian Bellochio por seu carisma e persistência nas aventuras das produções acadêmicas; Obrigada Geder Parzianello por ter me ensinado algumas teorias nas quais precisarei lembrar no mercado de trabalho; Obrigada Marcelo Rocha pela paciência, pela simpatia e por todo amor que apresenta quando está ensinando; Obrigada Roberta Ross pelas maravilhosas aulas de telejornalismo e pela caminhada construída com o webjornal Pampa News; Obrigada Tabita Strassburger pela vontade de transmitir seus conhecimentos e pela paixão que demonstra quando fala sobre pesquisa; Obrigada Mara Ribeiro pelos ensinamentos sobre a história da imprensa e do jornalismo; Obrigada Alexandre Augusti por ter me apresentado o radiojornalismo de uma forma tão apaixonante e informativo quanto as outras mídias, além disso, te agradeço por toda a sua atenção e comprometimento em transmitir o seu conhecimento durante esses quatros anos e por sua colaboração também na execução deste último trabalho. Ao meu orientador Marco Bonito, pelas aulas, pelo incentivo em todos os trabalhos desenvolvidos, por suas experiências de vida e acadêmicas compartilhadas, por ter acreditado em mim na execução deste trabalho; obrigada por despertar o lado humano, aquele lado que precisa estar presente antes de qualquer pauta a ser apurada. Obrigada aos professores de Publicidade e Propaganda: Renata Correa, Juliana Salbego e Fábio Corniani. Obrigada professores do curso de Relações Públicas: Tiago Martins, Marcela Guimaraes e Joel Guindani. Professores, vocês podem não perceber mas são “peças” essenciais na construção do quebra-cabeça chamado: ser humano. Obrigada por terem sido tão profissionais e amantes na arte de educar. Agradeço aos meus entrevistados, sem vocês não teria superado aos exercícios da faculdade, não teria executado esta experimentação e não teria aprendido tanto.

Eu vou olhar o mundo totalmente distinto. Tenho capacidade de ir nos lugares e enxergar diferente. Afinal, eu também sou um ser humano e preciso ir pra frente. (Alessandra Bilibio)

RESUMO O trabalho apresenta uma proposta jornalística e acessível para os cegos no museu do ex-presidente João Goulart, em São Borja/ RS. Com o objetivo de tornar o museu um espaço acessível para as pessoas com deficiência visual, além disso, o trabalho mescla técnicas de audiodescrição e de radiojornalismo. Para ampliar o acesso das obras no museu utiliza-se também imagens em alto relevo e braille para que o cego possa compreender melhor o espaço, gerando assim uma comunicação acessível e cidadã para os visitantes com deficiência visual no museu. PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo, Audiodescrição, Cidadania, Acessibilidade, Fotografia.

LISTA DE SIGLAS IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PDV

Pessoas com Deficiência Visual

ONU

Organização das Nações Unidas

ADEVASB Associação dos amigos e Deficientes Visuais de São Borja DUDH

Declaração Universal dos Direitos Humanos

SECIS

Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social

ITS

Instituto de Tecnologia Social

MCTI

Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação

TA

Tecnologia Assistiva

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2. OBJETIVOS DO PRODUTO A ............................................................................. 15 3. REFERENCIAIS TEÓRICOS ................................................................................ 16 3.1 JORNALISMO ..................................................................................................... 16 3.1.1 Radiojornalismo ............................................................................................. 18 3.2 CIDADANIA ......................................................................................................... 21 3.3 ACESSIBILIDADE ............................................................................................... 24 3.3.1 Tecnologias Assistivas .................................................................................. 26 3.3.2 Braille .............................................................................................................. 28 3.3.3 Audiodescrição .............................................................................................. 28 4. METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA ........................................................... 31 5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................................................... 34 5.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ........................................................................ 34 5.2 CIRCULAÇÃO DO MATERIAL........................................................................... 38 5.3 EQUIPAMENTOS ............................................................................................. 38 5.4 CUSTOS ............................................................................................................. 38 6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO .................................................. 39 APÊNDICE A - TÍTULO DO APÊNDICE .................................................................. 44 ANEXO A - TÍTULO DO ANEXO ............................................................................ 103

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1 INTRODUÇÃO Acessibilidade. Palavra frequentemente utilizada em nossa sociedade, principalmente após os anos 2000 com a adequação das leis para as pessoas com deficiência. Mesmo com a atualização, as pessoas com deficiência visual enfrentam dificuldades em consumir informações. É só pensarmos quantas vezes fomos em uma escola e encontramos livros em braille1? Quantas vezes fomos a uma exposição e deparamos com legendas audiodescritas e obras de arte reproduzidas em alto relevo? Quantas vezes enxergamos nas bancas de jornal, periódicos em áudio, Braille? A falta de público cego ou com deficiência visual não é justificativa para o mercado cultural/jornalístico não garantir o direito dessas pessoas ao acesso à informação. Segundo a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, revelou que no Brasil, 45.606.048 pessoas têm alguma deficiência, representando 23,9% da população. Dentre as deficiências, a que mais predomina no país é a visual, com 78,45%2. Esta falta de percepção e acuidade visual prejudica este grupo social de pessoas com deficiência visual (PDV) e o campo de estudos em comunicação social vem, nos últimos anos, dando maior atenção para estas questões, embora ainda que muito inicialmente, o jornalismo tem contribuído com pesquisas e técnicas apropriadas que resultam em conteúdos com acessibilidade. O Jornalismo é responsável por narrar os fatos do cotidiano, mas, mais do que isso, de participar na construção do saber para a sociedade. O jornalismo também acaba contribuindo para registrar e documentar a história da sociedade e preserva documentos que servem como fontes de informação e conhecimento. Para a Doutora em Ciência da Informação, Maria das Graças Targino (2009), o jornalismo é: Atividade profissional da área de comunicação social e, portanto, de teor social, voltada para a elaboração e divulgação de notícias em suportes impressos, televisivos, radiofônicos, digitais e eletrônicos, não se mantém isolado das inovações científicas e tecnológicas, presentes nos diferentes estágios de desenvolvimento dos povos. Acompanha, com avidez, as tendências de cada momento histórico. (TARGINO, 2009, p.27)

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É um sistema de leitura em tato para o cego. Considerando a pesquisa do IBGE: Cegos, grande dificuldade ou alguma dificuldade para enxergar

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Diante deste relevante significado, o jornalismo tem a função social, através de seus profissionais como agentes transformadores da sociedade, de informar a todos de maneira acessível e isonômica. É o papel do jornalismo para a cidadania, entendido como: A forma como os jornais abordam a luta por cidadania e direitos humanos nos leva a crer que o espaço público mediático nem antecipa nem retarda a construção de cidadania. O jornalismo está envolvido na dinâmica social, pois ele é uma esfera pública essencialmente interligada às outras esferas da sociedade. A representação jornalística da realidade, mesmo seguindo certos padrões de construção dos acontecimentos, reflete a maneira como os diversos segmentos sociais estão organizados e se relacionam. (FERNANDES, 2002, p. 10)

O conceito de cidadania, vem desde a época das antigas religiões, na civilização grega. A Doutora em Ciência Política, Elisa Maria da Conceição Pereira Reis explica historicamente o desenvolvimento do conceito em uma palestra realizada em 1997, no seminário internacional de Justiça e Cidadania, sob o título: “Cidadania: história, teoria e utopia”. Com os gregos, já são incorporados os ideais que remetem à noção de liberdade, de valores republicanos, constituindo o germe do conceito de cidadania. E mesmo antes dos gregos as referências abstratas à noção de igualdade na doutrina das religiões antigas já introduzem alguma noção de igualdade. A noção que os seres humanos são idênticos perante Deus, perante alguma divindade, constitui uma inovação nesse sentido. (REIS, 1997, p. 12)

Desde a época do Império Romano a cidadania já estava presente, mesmo sendo no sentido religioso. Para Manzini-Covre (2006), a cidadania está relacionada ao surgimento da vida na cidade, à capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadão. Na atuação de cada indivíduo, há uma esfera privada (que diz respeito ao particular) e uma esfera pública (que diz respeito a tudo que é comum a todos os cidadãos) Não existe apenas um direito que constitui a cidadania, pois ela é o conjunto de vários outros direitos, como explica Murilo César Soares: Os cidadãos precisam de acesso à informação pública para exercerem seus direitos de acesso ao poder político, de modo que o direito à informação é necessário ao exercício dos demais direitos da cidadania (GENTILE, 2005, p. 128). Desse modo, o acesso à informação é um “direito-meio”, que dá acesso aos demais direitos, entendidos como “direitos-fins”. É por meio da informação que os cidadãos podem fazer escolhas e julgamentos de forma autônoma, de modo que ela os auxilia a exercerem suas prerrogativas,

12 tornando, por meio de sua difusão, mais acessível os demais direitos. (SOARES, SOARES,2008, p.4,)

Um dos direitos que colabora para a construção da cidadania de um ser humano é o direito à liberdade de expressão, constituída no artigo XIX de 1948 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU). Por outro lado, a partir de 1970 a sociedade começou a debater o direito pela informação e pelo acesso aos meios de comunicação de massa, surgindo assim um novo direito: direito humano à comunicação3. Além disso, a Constituição Federal Brasileira de 1988 garante o direito à cultura, em que o Estado visa “garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais” BRASIL1988. Os museus são locais de sensações históricas, ideias novas e aprendizado para as pessoas. No Brasil, a lei de 14 de janeiro de 2009, instituído pelo estatuto dos museus diz que: Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.

Por mais que o número de visitantes tenha aumentado em 2010 de 7,3% para 14,7% em 20134, os museus foram criados por pessoas videntes5 e sob suas lógicas. As obras ficam expostas com legendas impressas ou dentro de vidros que obriga o visitante a manter uma distância do objeto, ou seja, apenas as pessoas que enxergam conseguem ter acesso. Este é um dos pontos controversos na lei criada em 2009: como desenvolver uma sociedade através da cultura, se ela não está acessível a todos? No museu Casa Memorial João Goulart objeto de estudo deste

3 Direitos que fazem parte de uma sociedade democrática. Reconhecer o direito das pessoas através da sua voz, forma de expressão. Direito que as pessoas têm de ter acesso a todos os meios de de produção e veiculação de informação, possuir ferramentas para essas informações serem acessíveis a qualquer pessoa. 4 Segundo a pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disponível em: http://pnc.culturadigital.br/metas/aumento-em-60-no-numero-de-pessoas-que-frequentam-museucentro-cultural-cinema-espetaculos-de-teatro-circo-danca-e-musica/ 5 Utiliza-se esta palavra no sentido de “que ou pessoa que vê, em contraposição a pessoa cega”, conforme Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: .

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projeto, localizado no município de São Borja, não é diferente. Os objetos do expresidente e da família Goulart estão expostos dentro de caixas de vidros, com legendas em português. Assim, limita o acesso ao público cego, ou seja, essas pessoas não são asseguradas pela Constituição de 1988 na prática. O principal objetivo deste trabalho foi criar uma narrativa acessível jornalística para o público com deficiência visual. Além disso, oferecer para essas pessoas a compreensão da história exposta no museu, abordar detalhes da vida do expresidente que possa contextualizar o objeto/lugar descrito e criar uma “lógica” que dê autonomia das pessoas com deficiência visual no museu do Jango. Neste trabalho há dois aspectos principais: um relacionado ao campo cientifico/acadêmico e o outro no campo social. O primeiro ponto está relacionado com o campo cientifico/acadêmico porque a partir de pesquisas realizadas em bancos de dados, observamos um possível ineditismo da proposta, já que nenhum trabalho que atendesse o Jornalismo acessível nos museus ou em ambientes culturais foi localizado. Segundo Richard Romancini (2007), o campo de estudo do jornalismo pertence às ciências humanas e sociais e muitas vezes acaba problematizando pesquisas com um viés interdisciplinar, que é o caso do produto desenvolvido. Tendo esta ligação com a museologia6; entretanto não deixa de estar ligado com a história, por ser um produto proposto no museu do ex-presidente João Goulart e por esse lugar conter objetos que retratam vários momentos da vida dele e do Brasil. O segundo ponto está ligado com o campo social almejando certa contribuição para o exercício pleno da cidadania de pessoas com deficiência visual. Desejou com este trabalho desenvolver um produto de suporte para a comunidade nas visitações ao museu. Nesse sentido, unir jornalismo, história e museus tem uma profunda ligação para os estudos na área da comunicação, como explica Romancini (2007), “registrar o que foi feito resulta num guia útil a interessados, e ao mesmo tempo pode servir – através de exemplos – para mostrar a produtiva interação entre essas áreas” (ROMANCINI, 2007, p.24). Portanto, o desafio da pesquisa foi propor um novo modelo de descrição para os cegos, contextualizando e informando sobre o que se apresenta no local; gerando um formato diferenciado na comunicação dos espaços públicos, locais que resguardam histórias e curiosidades e que podem diferenciar o 6

Museologia é o conjunto de conhecimentos científicos, técnicos e práticos que dizem a respeito à conservação, classificação e apresentação dos acervos e museus.

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modo como a pessoa irá interpretar o espaço. Diante disso, essa experimentação pôde repensar as práticas e o compromisso do jornalismo no âmbito da informação nesses ambientes. Então, sobre esses parâmetros, a partir de observações sobre a necessidade de colocar em prática o papel social e de cidadania do Jornalismo, questionou se o jornalismo pode colaborar em uma comunicação acessível nos ambientes culturais. Tendo em vista o museu como ambiente de comunicação com valores históricos e educacionais para as pessoas, propõe-se uma comunicação jornalística acessível e cidadã aos visitantes com deficiências visuais nas dependências do museu do expresidente João Goulart, mais conhecido como Jango. A seguir apresentarei os objetivos específicos deste trabalho investigativo acadêmico.

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2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Compreender a importância da acessibilidade no jornalismo.

2.2 Objetivos específicos -Criar uma narrativa acessível jornalística para o público com deficiência visual. - Oferecer ao público com deficiência visual uma compreensão da história e dos documentos que fazem parte do museu;. - Abordar detalhes da vida do ex-presidente que possa contextualizar o objeto/lugar descrito; - Criar ferramentas acessíveis para colaborar na autonomia das pessoas com deficiência visual no museu do Jango; - Divulgar o produto no site Soundcloud.

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3 REFERENCIAIS TEÓRICOS Para a realização deste trabalho foi preciso conhecer e compreender alguns conceitos para nos ajudar no desenvolvimento do produto. O referencial teórico se “fundamenta em atividades de estudo de conceitos relevantes para a problemática” (BONIN, 2011, p. 5). Para a pesquisadora a apropriação do autor sobre os conceitos é que faz a adequação com os estudos. É um desafio apresentar os conceitos e fazer uma reflexão sobre a relação deles com a pesquisa. 3.1 JORNALISMO A história da imprensa no Brasil inicia-se em 1808 com a chegada do príncipe regente D. João e assume outras características depois da Independência. O autor Marques de Melo (2003) apresenta sete principais problemas que justificam a demora da implantação da imprensa no país, são eles: 1) A natureza feitoral da colonização 2) O atraso das populações indígenas 3) A predominância do analfabetismo 4) A ausência da urbanização 5) A precariedade na burocracia estatal 6) Incipiência das atividades comerciais e industriais 7) Reflexo da censura e do obscurantismo metropolitana (MELO, 2003, p.113)

Como observa-se havia um problema histórico com relação à burocracia e as diversas precariedades sociais, bem como as normas e até mesmo os direitos dos cidadãos. Porém, foi no começo do século XIX que o Brasil sofreu algumas transformações no sentido cultural/educativo. Nesse período, o país passa a ter o seu primeiro Museu Nacional e Biblioteca Real (atualmente conhecida como Biblioteca Nacional). Com esses avanços e com a presença dos primeiros jornais: Gazeta do Rio de Janeiro e Correio Braziliense. Foi nesse período (Joanino1) que o jornalismo se desenvolveu de “modo rápido e peculiar, testemunhando as continuas mudanças sociais, econômicas e políticas pelas quais começa a passar o país. Em outros termos, a atividade jornalística integra-se à história mais ampla do Brasil.” (ROMANCINI, Richard; LAGO, Cláudia; 2007, p. 27).

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Período Joanino é após a chegada da Família Real para o Brasil, inicia-se em 1808 até 1821.

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O papel do jornalismo com a sociedade é muito mais de apresentar o fato, os autores Bill Kovach e Tom Rosenstiel, no livro Elementos do jornalismo (2003), elaboraram uma lista com os itens fundamentais para a profissão, uma questão de missão: A primeira obrigação do jornalismo é a verdade. 2. Sua primeira lealdade é com os cidadãos. 3. Sua essência é a disciplina da verificação. 4. Seus profissionais devem ser independentes dos acontecimentos e das pessoas sobre as que informam. 5. Deve servir como vigilante independente do poder. 6. Deve outorgar um lugar de respeito às críticas públicas e ao compromisso. 7. Tem que se esforçar para transformar o importante em algo interessante e oportuno. (KOVACH, Bill; ROSENSTIEL,2005, p. 22)

A missão desta profissão é apurar o fato, organizar as informações,que a fonte (o entrevistado) não terá sua integridade ferida e o principal, saber como e o que divulgar como notícia relevante para a sociedade. O jornalista Manuel Carlos Chaparro, publicou em 1994 o livro Pragmáticas do Jornalismo, revelando a responsabilidade moral e ética da profissão, apresentando o jornalismo além do “simples” modo de informar: No jornalismo, as ações, os fazeres e seus contextos são de alta complexidade, pois se trata de um processo social e cultural de intermediação, com múltiplos emissores produtores (de informações e opiniões) e receptores usuários (CHAPARRO,1994, p.27). Ou seja, o jornalismo faz parte de um processo social e cultural da sociedade, em que o jornalista precisa ter o compromisso de captar as informações e publicá-las de modo que seja útil para as pessoas:É dever do jornalista combater e denunciar todas as formas de corrupção; divulgar todos os fatos que sejam do interesse público; lutar pela liberdade do pensamento e expressão; opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão; defender os princípios expressos na Declaração dos Direitos Humanos” (CHAPARRO, 1994, p. 36).

Diante desses deveres e missão da profissão, o papel dos jornalistas se impõem como desafios ante aos novos cenários e contextos culturais. Neste sentido é desafiado a promover cidadania através da inclusão das pessoas com deficiência, por meio de conteúdos acessíveis. O meio de comunicação mais para propício para desempenhar esta função é o rádio, conforme explicamos a seguir:

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3.1.1 Radiojornalismo O jornalismo no rádio está presente desde as suas primeiras experiências de transmissão. Segundo, ORTRIWANO (2003), “As emissoras, de maneira geral, são inauguradas transmitindo algum evento ou, ao menos, informando sobre sua própria existência”. (ORTRIWANO, 2003, p. 2) No livro, Rádio – O veículo, a história e a Técnica do autor Luís Artur Ferraretto, aborda a primeira exposição pública do rádio no Brasil foi em 7 de setembro de 1922, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, que comemorava o centenário da Independência. O público que estava na inauguração do evento escutou as transmissões por alto falantes. A demonstração atingiu seu objetivo, e surgiram no Brasil os pioneiros do rádio ao redor de Edgard Roquette-Pinto. Começa no ano seguinte, a trajetória desta mídia no país. (FERRARETTO, 2001,p.94). A primeira emissora regular do país foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada por um grupo em 20 de abril de 1923, na sede da Academia Brasileira de Ciências. O grupo era liderado por Roquette-Pinto e Morize, que conseguiu junto ao Estado um empréstimo para transmissores da Praia Vermelha durante uma hora por dia. As transmissões começaram no dia 1º de maio do mesmo ano. Segundo Ferraretto(ano), o rádio nasceu de maneira precária no país. Em seus primeiros meses de funcionamento a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro operou sem uma programação definida e com emissões esporádicas. Em outubro, começa a ser organizada uma sequência de programas com notícias de interesse geral, conferencias literárias, artísticas e cientificas, números infantis, poesia, música vocal e instrumental. (FERRARETTO, 2001,p.96)

Podemos perceber que, a presença do entretenimento se misturando com as informações, sem regras especificas, sem horários definidos para os programas. O primeiro jornal falado do Brasil foi o jornal da Manhã, produzido por Roquette Pinto de forma improvisada e amadora. Segundo Haussen & Cunha(2003), a seleção das informações era selecionada por Roquette de uma maneira informal:

Em casa, ele lia os jornais, e marcava as notícias que considerava mais interessantes. E após, por telefone, entrava no ar para apresentar o informativo, lendo os fatos que havia selecionado e fazendo comentários.

19 Em comparação com as técnicas atuais de captação de informações e redação dos textos das notícias de rádio ou mesmo com as que surgiram logo depois, na segunda fase da história do rádio brasileiro, pode-se realmente avaliar que Roquette Pinto utilizava recursos rudimentares, improvisados e amadores para a produção do seu “Jornal da Manhã”. (HAUSSEN & CUNHA, 2003, 16)

Observa-se que desde os primórdios do radiojornalismo, o rádio não perdeu o contato de “captar e transmitir” informações através do telefone. E desde o início do jornalismo nesta mídia, o jornalista já selecionava o que achava que seria de interesse para o público. O evento em comemoração ao centenário mostrou os progressos da indústria nacional atraindo investidores estrangeiros. Foi nesse período que o Brasil começou a se fortalecer para os anos 30. Roquette, teria tido uma boa ideia para difundir o rádio, além da transformação social através do meio: Teria visto no rádio um instrumento de transformação educativa. Conferências cientificas, música erudita e análise dos fatos políticos e econômicos marcam, deste modo, as primeiras transmissões da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Intelectuais e cientistas estrangeiros em visita ao Brasil falam ao microfone da primeira emissora do país. É o que ocorre quando o físico alemão Albert Einstein ou o poeta e ensaísta italiano Felipe Tommaso Marieneti (criador do movimento futurista) vêm ao Brasil. (FERRARETTO, 2001, p.98)

O trecho anterior trecho, conseguimos refletir sobre o papel da fonte jornalística, dando mais credibilidade para o que o jornalista comenta. Podemos observar que neste período já inicia uma etapa de programas de entrevistas, de debates e a relação do meio com a sociedade. Nos anos 30, a Rádio Record de São Paulo transformou o modo do rádio em vários sentidos, mas destaca-se aqui pela programação política introduzida no meio, levando vários políticos até o rádio para as “palestras instrutivas” (ORTRIWANO, 2002, p.70). Outro fator que começou a destacar nesta época foi a inserção de entrevistados para legitimar o que o locutor informava. Contudo, entrevistar fontes que têm/tiveram relação com a política e com a história do João Goulart tem todo o significado para o trabalho que se realiza dentro do museu do ex-presidente, além de legitimar as informações expostas.

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Com o tempo o rádio se adaptou com programações e horários específicos para o público segundo o que é possível realizar com a mídia. Segundo Ferraretto (2001), “historicamente, a maioria das rádios buscou atingir públicos amplos com uma programação baseada em uma média de gosto generalizante”. (FERRARETTO, 2001,52). O autor explica o processo de segmentação do rádio: Define-se segmentação como um processo em que, a partir dos interesses dos ouvintes e dos objetivos da empresa de radiodifusão sonora, se adapta parte ou a totalidade de uma programação a um público especifico. Considera-se, assim, não apenas classe social, faixa etária, sexo e nível de escolaridade, mas sim interesses determinados como, por exemplo, as preferências do grupo ao qual o indivíduo pertence (FERRARETTO, 2001, p. 54)

Diante da segmentação do público, o rádio precisou repensar seus programas, sua linguagem. Ferraretto (2001) apresenta os tipos informativos: Noticiário;

Programa

de

entrevista;

Programa

de

opinião;

Mesa-redonda;

Documentário. Além de apresentar os tipos de programas de entretenimentos: Programa humorístico; Dramatização; Programa de auditório; Programa musical. Entre o programa informativo e o entretenimento, tem o radiorevista e programa de variedades, que fica no “meio termo” das duas caracterizações. Segundo McLeish (2001), para utilizarmos o rádio de modo adequado, devemos adaptar a linguagem que aprendemos na escola, “mais formal” para uma que represente mais a nossa tradição oral. Com isso, é possível perceber que a linguagem do rádio é mais coloquial. Outro ponto a ser destacado na característica radiofônica é a comunicação entre você (radialista/locutor/jornalista) e o ouvinte. Na séria juvenil “Mundo da Lua”, exibido pela TV cultura dos anos de 1990 até 1995, que contava a história de Lucas Silva e Silva, um garoto de dez anos que criava histórias e gravava no gravador. Nesta série havia uma emprega doméstica que se chamava Rosa, e adorava ouvir a programação do rádio. Rosa, falava com o locutor Ney Nunes, quem ouvia até parecia ser uma conversa por telefone ou pessoalmente, mas a empregada falava sozinha. Neste exemplo, podemos relacionar com o que McLeish (2001) destaca: “escreva, portanto, para o indivíduo – ele sentirá que você está falando apenas com ele e assim as palavras terão muito mais impacto” (MCLEISH, 2001, p.62). Além disso, o autor destaca 12 itens que seria o modelo ideal de “texto para os ouvidos”:

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Decida o que você quer dizer; Faça uma lista das suas ideias numa ordem lógica; torne a abertura interessante e informativa; Escreva para o ouvinte individualmente – visualize-o enquanto escreve; Fale em voz alta o que você quer dizer, depois tome nota; use “sinalizadores” para explorar a estrutura da sua fala; Crie imagens, conte histórias e apele para todos os sentidos; Use a linguagem coloquial comum; escreva sentenças ou frases curtas; Utilize a pontuação de modo a tornar a locução clara para o ouvinte; Digite o roteiro em espaço duplo e com margens amplas e parágrafos nítidos; Quando estiver com dúvida, mantenha a simplicidade – lembre-se de que a ideia é expressar e não impressionar” (MCLEISH, 2001, p.65). Utilizando esses itens na construção do texto radiofônico é possível que a informação atinja um estágio didático, com o efeito de ensinar o ouvinte. A organização na hora de produzir uma notícia/reportagem/programa especial ou documentário para o rádio é imprensidivél. É através desta organização, que conseguimos identificar quais as palavras que realmente devem ser ditas, qual a ordem de importância da notícia, o que é mais relevante é a última informação dita pelo locutor. É comum, o apresentador/jornalista iniciar um programa de rádio com a segunda informação mais importante do fato, assim também “prende” a atenção do ouvinte. O modo como nos expressamos no jornalismo pode gerar uma credibilidade no profissional e no meio. Podemos repensar a importância da informação e do compromisso de informar a sociedade de uma maneira correta, seguindo os direitos humanos de liberdade de expressão e comunicação, como é apresentado no tópico seguinte através dos assuntos que envolvem cidadania e direitos humanos.

3.2 CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS Fuser (2010), destaca a importância do estado reconhecer o que é cidadania, antes mesmo de se falar sobre: Cidadania implica o reconhecimento por parte do Estado da igualdade entre os homens. As dimensões que o Estado reconhece como de exercício da cidadania constituem os direitos: civis (livre movimentação, livre pensamento, propriedade), de Justiça, políticos (ser elegível, eleger) e sociais (acesso a bem-estar e segurança materiais). (FUSER, 2010, p. 179180).

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Cidadania, entendida aqui, é a ação de reconhecer o direito do outro, o direito livre a liberdade de direitos. É assegurar, a condição do ser humano de ser livre para ir e vir, para ter direito ao voto, de ter acesso aos bens culturais e educativos. Funari (2003) explica que o conceito é derivado da Revolução Francesa:

Cidadania é um conceito derivado da Revolução Francesa (1979) para designar o conjunto de membros da sociedade que têm direitos e decidem o destino do Estado. [...] Em latim, a palavra ciuis gerou civitas, ‘cidadania’, ‘cidade’, ‘Estado’. Cidadania é uma abstração derivada da junção dos cidadãos e, para os romanos, cidadania, cidade, Estado constituem um único conceito – e só pode haver esse coletivo, se houver antes cidadãos. Civis é o ser humano livre e, por isso, civitas carrega a noção de liberdade” (FUNARI, 2003, P.49)

Entendemos a cidadania, neste trabalho, como elemento importante para gerar liberdade e autonomia para as pessoas com deficiência visual, com segurança e de maneira digna. Não é possível ter cidadania plena se não houver também respeito aos Direitos Humanos, por isso esta pesquisa baseia-se nestas premissas fundamentais associadas. Os direitos do cidadão são muitas vezes confundidos, Rabenhorst (2008) nos explica: Um direito, de forma muito geral, é a possibilidade de agir ou o poder de exigir uma conduta dos outros, tanto uma ação quanto uma omissão. Por exemplo, a Constituição Federal, em seu artigo 5°, diz que todo brasileiro tem direito à liberdade de expressão. Isso significa que temos a possibilidade de expressar livremente nossas convicções religiosas, mas também que podemos exigir que os outros, principalmente o Estado ou os membros de outras religiões, não criem obstáculos à nossa liberdade de culto. Observe, por conseguinte, que a cada direito corresponde um dever. Na realidade, quando digo, por exemplo, que “tenho direito à vida”, estou exigindo o direito de não morrer injustamente, o que significa que os outros têm o dever de respeitar a minha vida. Ter um direito, por conseguinte, é ser beneficiário de um dever correlativo por parte de outras pessoas ou do próprio Estado. (RABENHORST, 2013, p. 14)

Sendo assim, o conceito de direitos está diretamente ligado aos direitos humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), é um documento escrito por várias culturas e nações a fim de respeitar firmar direitos universais 2. Esse documento foi aprovado no dia 19 de dezembro de 1948, em Paris. Desde

2

Informação do site da http://www.dudh.org.br/declaracao/

Declaração

Universal

dos

Direitos

Humanos:

23

1948, a DUDH foi traduzida para 360 idiomas e consta no artigo XIX o direito de liberdade de opinião e expressão: Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras (DIREITOS HUMANOS, 1948, p.9).

Relacionamos este direito com o direito de ir e vir, que consta no artigo XIII da DUDH: “1) Todo ser humano tem o direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar” (DIREITOS HUMANOS, 1948, p. 7). Diante disso, já estão assegurados os direitos de ir e vir dos deficientes visuais e mais do que ter acesso é fazer dessa informação parte transformadora na vida do sujeito: Nesse sentido, mais do que promover o direito ao acesso à informação, é necessário fomentar o direito à comunicação. Não se trata de uma comunicação linear que envolve apenas emissores, mensagens, canais e receptores. Refere-se a uma comunicação orgânica e complexa, que não se localiza somente nas tecnologias e técnicas de transmissão de informações, mas que resulta na conquista da cidadania para a transformação social. (TRESCA, 2006, p.51)

Com isso, o intuito deste trabalho é transformar o ambiente público para realmente deixa-lo para todos os públicos, sem segregação por questões de falta de acessibilidade, no âmbito comunicativo. Deste modo reconhecendo a luta pela cidadania das pessoas com deficiência visual. Esta trajetória já possui 40 anos de lutas e algumas conquistas, os deficientes continuam tendo seus direitos preteridos na sociedade em detrimento a lógicas sociais dos videntes, principalmente quando se fala em comunicação. Conforme já mencionado, Aa deficiência que mais predomina na sociedade brasileira é a visual, são 21,5% dos cidadãos(ãs) brasileiros(as) têm algum grau de deficiência visual. Na realidade local, o município de São Borja tem cerca de 61.000 habitantes, destas 2.595 pessoas são cegas ou têm grande dificuldade para enxergar, o que corresponde a 4% da população geral. Embora o número geral de residentes na cidade que se declaram com algum tipo de deficiência visual seja de 11.660 pessoas. Com números absolutos expressivos para uma cidade no interior,

24

trabalhamos a tecnologia assistiva para propor ao museu do Jango uma comunicação acessível em formato jornalístico.

3.3 ACESSIBILIDADE Em nossa sociedade quando se fala em acessibilidade logo se associa a questão de mobilidade urbana que beneficia (ou beneficiaria) pessoas com algum tipo de deficiência motora. Entretanto, a palavra acessibilidade é mais do que isso, é o que garante o Art. 8º, do Decreto nº 5296, de 2 de dezembro de 2008: Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e dos equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transportes e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2008)

Acessibilidade, conceito muito bem definido pela lei brasileira, mas não presente em nossa sociedade. As pessoas com deficiência visual ainda não têm acesso pleno de utilizar com segurança uma calçada sem que possa cair, pois as calçadas não contêm piso tátil3. Não conseguem usufruir das informações expostas em ambientes públicos, muitas vezes, por não ter acessibilidade comunicacional para elas. Segundo consta no livro “História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil”, a história da luta das pessoas com algum tipo de deficiência começa bem antes de 2008. Após a independência do Brasil, o primeiro passo considerado um avanço nessa luta foi em 1841, com a construção do hospital destinado para o tratamento dos chamados: “alienados”. Em 1854, foi fundado o Instituto dos Meninos cegos e em 1856, Instituto dos Surdos-Mudos4. Mesmo que as ações voltadas para os deficientes tenham iniciado bem antes, foi a partir do final de 1970 que se consolidou o movimento das pessoas com deficiência com o intuito de lutar pelos direitos dessa parte da sociedade. A partir desse momento, elas começam a exigir do Estado sua autonomia, investindo em organizações ligadas a este direito. As primeiras associações de cegos surgiram no Rio de Janeiro, voltado 3

Faixas em alto relevo fixadas no chão. No livro a História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil (p.20), explica que não é usual o termo “surdo-mudo”, pois o fato de não falar já está relacionado com a falta de audição. 4

25

para economia, mas com o objetivo dessas pessoas se fazerem presente na sociedade: Os associados eram, em geral, vendedores ambulantes, artesãos especializados no fabrico de vassouras, empalhamento de cadeiras, recondicionamento de escovões de enceradeiras e correlatos. Ao contrário dos asilos, hospitais e mesmo das escolas especializadas, fruto da caridade e da filantropia ou de iniciativas governamentais, as novas associações nasciam da vontade e da ação dos indivíduos cegos que buscavam, no associativismo, mecanismos para a organização de suas lutas e melhoria de sua posição no espaço social (BRASIL, 2010, p. 29)

Além desse espaço que começava a se difundir na sociedade, “o movimento das pessoas com deficiência surgiu tendo em vista que, pela primeira vez, elas mesmas protagonizaram suas lutas e buscaram ser agentes da própria história.” (História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil, 2010,p.12). Outra conquista foi a nomenclatura para se dirigir a essas pessoas. A história do termo apresenta que em 1980, essas pessoas eram chamadas de “pessoas” deficientes. Após alguns anos, a nomenclatura muda para “pessoas portadoras de deficiência”, sendo adotada pela Constituição Federal de 1988 e tudo o que se referenciava as deficiências. Mas, essas pessoas não se sentiram à vontade com este termo, lutando mais uma vez por mudanças, dessa vez com uma justificativa extremamente plausível: A condição de “portador” passou a ser questionada pelo movimento por transmitir a ideia de a deficiência ser algo que se porta e, portanto, não faz parte da pessoa. Além disso, enfatiza a deficiência em detrimento do ser humano. “Pessoa com deficiência” passou a ser a expressão adotada contemporaneamente para designar esse grupo social. Em oposição à expressão “pessoa portadora”, “pessoa com deficiência” demonstra que a deficiência faz parte do corpo e, principalmente, humaniza a denominação. Ser “pessoa com deficiência” é, antes de tudo, ser pessoa humana. É também uma tentativa de diminuir o estigma causado pela deficiência. A expressão foi consagrada pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2006.(BRASIL, 2010, p.15)

Apesar dessas lutas, essas pessoas ainda têm dificuldades na sociedade. Como questionado na introdução deste trabalho, quantas vezes enxergamos conteúdo midiático acessível? Como um dos objetivos deste trabalho foi realizar uma

comunicação

acessível

no

museu,

“entende-se

como

acessibilidade

comunicacional toda ação que facilita a interação entre pessoas e o ambiente”

26

(TAVARES, 2011, p.4). Neste sentido o conteúdo gerado por este trabalho pode ser considerado como Comunicação Acessível. 3.3.1 Tecnologia Assistiva Tecnologia assistiva é uma ferramenta que oferece uma autonomia para as pessoas com deficiência em seu cotidiano. No livro Pesquisa Nacional de Tecnologia Assistiva (2012), escrito por Jesus Carlos Delgado García e Teófilo alves Galvão Filho, tecnologia assistiva é entendida como: Tecnologia Assistiva é uma expressão nova, que se refere a um conceito ainda em pleno processo de construção e sistematização. A utilização de recursos de Tecnologia Assistiva, entretanto, remonta aos primórdios da história da humanidade ou até mesmo da pré-história. Qualquer pedaço de pau utilizado como uma bengala improvisada, por exemplo, caracteriza o uso de um recurso de Tecnologia Assistiva. (GARCIA& FILHO, 2012, p.12)

Ou seja, todo recurso que colabore para a cidadania das pessoas5. Ainda segundo o livro Pesquisa Nacional de Tecnologia Assistiva (2012), essa tecnologia pode ser confeccionada artesanalmente, atendendo assim as dificuldades de cada pessoa. Todo material de recurso simples que colabore para o desempenho de alguma atividade na qual o indivíduo tenha dificuldade em realizar, é considerado uma tecnologia assistiva, é o que considera o Autor: Existe um número incontável de possibilidades, de recursos simples e de baixo custo, que podem e devem ser disponibilizados nas salas de aula inclusivas, conforme as necessidades específicas de cada aluno com necessidades educacionais especiais presente nessas salas, tais como: suportes para visualização de textos ou livros; fixação do papel ou caderno na mesa com fitas adesivas; engrossadores de lápis ou caneta confeccionados com esponjas enroladas e amarradas, ou com punho de bicicleta ou tubos de PVC “recheados” com epóxi; substituição da mesa por pranchas de madeira ou acrílico fixadas na cadeira de rodas; órteses diversas, além de inúmeras outras possibilidades. (GARCIA& FILHO, 2012, p.12)

Diante disso, a proposta deste trabalho visou criar através do jornalismo conteúdos acessíveis a partir das técnicas de audiodescrição em apropriação jornalística.

5

Entende-se também como TA, a ferramenta que ajude não só a pessoa com deficiência, mas os idosos, crianças, grávidas.

27

A Pesquisa Nacional de Tecnologia Assistiva realizada pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social (SECIS), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com o Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil), no período de 2007 até 2008, desvendou alguns dados sobre a produção, e a caracterização da TA, a serem ressaltados neste trabalho: Os três estados brasileiros que mais produzem a ferramenta são: 1) Rio Grande do Sul com 36 projetos (33%), 2) São Paulo com 31 projetos (28,4%) e Rio de Janeiro com 17 projetos (15,6). Ao todo, no país, são 109 projetos desenvolvidos no país. Esses projetos são 66% realizados por instituições privadas e mais da metade (52,3%) deste número correspondem às instituições privadas sem fins lucrativos e apenas 22% das instituições públicas aparecem com trabalhos na área. O tipo de instituição que desenvolve os projetos a maior parte é por instituições acadêmicas (81,7%) do total. Segundo a pesquisa ainda, 78% dos estabelecimentos que fizeram parte da pesquisa, responderam que realizam pesquisas a serem destinadas na aplicação de novos produtos (bens e serviços). Quanto ao tipo de desenvolvimento da TA, o maior alvo é a deficiência física, seguida pela visual. Considerando a participação das pessoas com deficiência nesses projetos, apenas 7,8% das instituições responderam que não houve a participação delas em seus projetos. A importância da TA é ressaltada no livro Pesquisa Nacional de Tecnologia Assistiva, que diz: Para a pessoa com deficiência, muitas vezes trata-se de um direito fundamental que possibilita o exercício pleno da cidadania e o acesso a outros direitos básicos como aprender, comunicar-se, trabalhar, divertir-se etc. Assim como já existem políticas públicas de concessão gratuita de próteses, por exemplo, essas políticas devem ser progressivamente estendidas também a esses outros tipos de recursos de Tecnologia Assistiva. (GARCIA& FILHO, 2012, pag. 47)

Diante dos conceitos já apresentados, desenvolvemos conteúdos acessíveis baseados na ideia de promover a cidadania e respeitar os direitos humanos com relação à comunicação.

28

3.3.2 Braille O braille é um sistema de leitura do público cego. Segundo Belarmino (2010). Quem iniciou esse processo de investigar os processos da leitura foi Diderot, segundo Belarmino (2004). A autora ainda salienta que o autor desenvolveu esse documento 40 anos antes que a primeira escola destinada para cegos, em 1887, em Paris. O Braille é a combinação de “códigos” como explica a autora: Ver-se-á como a célula Braille, associação e combinação de seis pontos justapostos, criando símbolos que em nada se assemelhavam às letras manuscritas convencionais. (BELARMINO, 2004, p. 33)

O sistema Braille é uma sistema de leitura que utiliza o tato. Para isso, é utilizado a combinação de seis pontos que formam algarismos, sinais de pontuação, números, letras. Na imagem a seguir você pode entender melhor: Para que seja possível escrever em braille, o usuário precisa ter uma reglete e um punção.(Apêndice 1 e Apêndice 2) A reglete é um instrumento no qual você encaixa a folha e fecha e com o punção pressiona para que seja possível deixar o papel o ponto, que com uma combinação é possível escrever. Para a escrita dos números nas fotos em alto relevo, utilizamos uma reglete e um punção e escrevemos os números para identificar as fotos de acordo com o nosso áudio. Além disso, a impressão em braille dos roteiros em áudio foi uma opção a mais dada para as pessoas com deficiência visual dentro do museu, pois a pessoa pode escolher se quer ouvir os áudios ou se quer apenas ler.

3.3.3 Audiodescrição A história da Audiodescrição teve início na década de 70 nos Estados Unidos, com as ideias desenvolvidas por Gregory Frazier em sua dissertação de mestrado. Porém, começou a ser trabalhado mesmo na década de 80 pelo casal Margaret e Cody Pfanstiehl. Segundo as autoras Eliana Paes Cardoso Franco e Manoela Cristina Correia Carvalho da Silva, a técnica consiste na:

29 A audiodescrição consiste na transformação de imagens em palavras para que informações-chave transmitidas visualmente não passem despercebidas e possam também ser acessadas por pessoas cegas ou com baixa visão. O recurso, cujo objetivo é tornar os mais variados tipos de materiais audiovisuais (peças de teatro, filmes, programas de TV, espetáculos de dança, etc.) acessíveis a pessoas não-videntes.(2010, p.19,)

Audiodescrição, entendida aqui como uma ferramenta essencial para a compreensão do mundo visual, não somente para as pessoas com deficiência visual. Como a técnica se aproxima muito do radiojornalismo, podemos refletir sobre a presença de um idoso/ criança em um museu, na qual só ouviu falar sobre as peças expostas dentro desse ambiente, mas nunca teve acesso à informações tão precisas. A audiodescrição pode nesse caso apresentar o que não é entendido de uma maneira clara e objetiva. Nesse sentido, a audiodescrição jornalística teve como objetivo ir além disso, e propor mais informações que a audiodescrição, sendo possível a compreensão mais detalhadamente. O primeiro material (DVS) audiodescrito e gravado foi lançado em 1990. No Brasil, a presença da audiodescrição inicia em 2003 no festival Assim Vivemos: Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência. O primeiro filme audiodescrito no Brasil surgiu em 2005, com o título: Irmãos de Fé. Em 2008 surge a primeira propaganda audiodescrita no Brasil, realizada pela empresa Natura. Podemos considerar que o rádio colaborou inicialmente para as técnicas de audiodescrição. Segundo Santana (2010), a narração de uma partida de futebol no rádio não deixa de ser audiodescrita. Quando o rádio estava para completar nove anos de existência no Brasil, foi realizada a primeira transmissão de partida de futebol por essa mídia, no dia 19 de julho de 1931, entre os times de São Paulo e do Paraná no Campo. O locutor da partida, Nicolau Tuma da Rádio Educadora Paulista, inovou para além de narrar o que acontecia na partida, explicando as regras do jogo: Surgiram então, estilos e jargões que se consagraram, criando assim uma cultura nos ouvintes, que, além de adquirirem suas preferências por um ou outro profissional, também se acostumaram a decodificar as mensagens transmitidas de forma a entenderem com maior exatidão o que de fato estava se passando dentro de campo, não precisando mais, inclusive, que as regras do futebol fossem explicadas. Qualquer amante das transmissões futebolísticas no rádio sabe que, por exemplo, sempre que o narrador aumenta a intensidade da voz e acelera o ritmo da transmissão é um perigo de gol, ou sempre que existe uma grande defesa do goleiro, o narrador aumenta o tom de voz, estendendo a frase que indica a ação deste. ...É importante reforçar que esses jargões só fazem sentido porque tanto o

30 receptor quanto o emissor conhecem perfeitamente o código. Aí está, certamente, o maior desafio da audiodescrição. (SANTANA, 2010, p.156)

Nesta pesquisa, realizamos a técnica de narração usando as práticas do radiojornalismo e da audiodescrição, tornando o áudio de fácil compreensão para os visitantes com e sem deficiência visual. Em uma entrevista realizada (2014) para este trabalho com a jornalista da TV Folha de São Paulo, Melina Cardoso, ela nos conta da dificuldade do meio em aderir a audiodescrição em sua programação. Segundo ela, foi através de uma pauta sobre um casamento de cegos6 que seria audiodescrito, que ela propôs ao jornal, não apenas contar o fato em si, mais tornar ele acessível às pessoas com deficiência visual7. A matéria repercutiu e a jornalista sugeriu ao jornal fazer uma reportagem por semana para o canal da TV com audiodescrição. A Tv Folha inovou no meio jornalístico ao inserir audiodescrição em alguns de seus vídeos e incluir uma tecnologia que permite a leitura em áudio dos conteúdos de cada reportagem. Porém, esta tecnologia não contempla a audiodescrição, sendo apenas uma leitura explícita do próprio texto8.

Como este trabalho se trata de uma experiência, a

proposta foi desenvolver os conteúdos com acessibilidade, associando as técnicas de

radiojornalismo

com

as

de

audiodescrição.

No

desenvolvimento

da

audiodescrição jornalística, nos preocupamos em informar de maneira adequada sobre o local e sobre a mídia na qual estamos explorando.

6 Matéria disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/2013/10/1305637-noivoscegos-enxergam-casamento-por-meio-da-audiodescricao.shtml 7 Para essa reportagem, quem inseriu a audiodescrição foi a pesquisadora em audiodescrição Lívia Motta. 8 Veja um exemplo de reportagem que não atinge a acessibilidade, pois é uma narração mecânica do texto escrito: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/11/1549220-sem-chuva-nivel-dos-sistemascai-ao-menos-02-ponto-percentual-nesta-2.shtml

31

4 METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA A descrição da metodologia é fundamental em um projeto de pesquisa, pois além de guiar a pesquisa em sua área de estudo e do objeto a ser estudado, reflete também sobre as práticas utilizadas em outros projetos para referencia-las e avançar em novas discussões. Isto conforme a pesquisadora Jiani Bonin (2011) que elucida a estruturação9 de uma metodologia. Para que fosse possível atingir o objetivo geral proposto no projeto, buscamos cumprir os objetivos secundários que constituíam o objetivo geral. O primeiro movimento metodológico utilizado para a execução deste projeto foi a pesquisa da pesquisa. Esse primeiro processo consistiu na listagem e busca de pesquisas já realizados sobre o assunto, dando continuidade no processo iniciado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, tendo como assuntos nos principais bancos de dados de pesquisas Intercom, La referencia, Scielo, SBP Jor: museus, acessibilidade em espaços culturais, acessibilidade e comunicação, audiodescrição em museus, jornalismo e audiodescrição, deficiente visual, cegos e museologia. Em seguida, foi realizada a pesquisa documental. Esta, segundo Gil (2007), consiste em buscar documentos oficiais, contratos, relatórios, ou seja, materiais que não foram trabalhados analiticamente. Neste passo metodológico encontramos documentos, como o decreto de desapropriação da casa para espaço público, decreto de tombamento público do local regimentos do local e a planta da casa que contribuíram para a pesquisa e um melhor entendimento sobre o local. Além disto, realizamos também: pesquisa exploratória e de campo, no âmbito empírico, feita com a ajuda dos membros da Associação dos Deficientes Visuais e Amigos de São Borja (ADEVASB). A técnica utilizada para conhecer melhor os usos e apropriações que as pessoas com deficiência visual fazem dos ambientes culturais foi a entrevista em profundidade, que segundo Lakatos (2010) incide em: ...o encontro de duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnostico ou no tratamento de um problema social” (LAKATOS, 2010,p.178).

9 Texto que explica os passos de um TCC: Revistando os bastidores da pesquisa – práticas metodologias na construção de um projeto de investigação.

32

Também foram realizadas entrevistas técnicas

com profissionais e

pesquisadores nas áreas de acessibilidade, museologia e comunicação, a fim de colaborar na construção da narrativa para os cegos, foi enviado um áudio teste para algumas pessoas com deficiência visual. (Apêndice 3 e 4) Outros entrevistados importantes para as questões jornalísticas foram os familiares do ex-presidente João Goulart, esses depoimentos tornaram imprescindíveis para a construção do produto. A escolha das fontes familiares, aconteceu por questão de estarem diretamente ligadas com diversos momentos históricos do país, a exemplo, o exílio, onde é entrevistado o filho de João Goulart para contar como foi a adaptação da família em outro país. Após a realização destes três passos, partimos para a produção do produto jornalístico acessível, utilizando as técnicas da audiodescrição e de radiojornalismo associadas, a fim de contribuir para a cidadania das pessoas com deficiências visuais, facilitando a compreensão deles sobre o espaço e, principalmente, sobre as informações expostas no museu. Também foram reproduzidas as fotos em alto-relevo e a impressão em braille e em fonte ampliada do roteiro da audiodescrição jornalística, com o intuito de possibilitar e ampliar o acesso das PDV. Por fim, com o produto finalizado disponibilizamos no museu João Goulart e divulgamos esta produção em uma página criada no site Soundcloud. O Departamento de Comunicação da Prefeitura de São Borja, foi parceira para a reprodução desses áudios no site da Prefeitura, se este material estiver viável segundo a Banca examinadora deste trabalho. Para a divulgação dessa experimentação, a prefeitura de São Borja foi parceira em colaborar conosco para a divulgação na mídia sobre o trabalho. Abaixo, para uma melhor compreensão, montamos uma tabela com os objetivos desse trabalho, o procedimento metodológico, quais os instrumentos que foram necessários para a realização e quais foram os resultados alcançados:

33 Procedimento metodológico

Instrumento necessário para a operacionalização

Resultados alcançados

1) Oferecer ao público com deficiência visual uma compreensão da história e dos documentos que fazem parte do museu.

Pesquisa da Pesquisa; Documental; Pesquisa Exploratória; Pesquisa de Campo.

Busca dos documentos no museu; Parceria com a ADEVASB para realizar uma visita com os deficientes visuais a fim de encontrarmos as dificuldades.

Informações necessárias para o próximo passo.

2) Abordar detalhes da vida do ex-presidente que possa contextualizar o objeto/lugar descrito

Entrevista em profundidade.

Contato via telefone com os familiares do ex-presidente.

Informações necessárias para a criação do produto em áudio.

3) Criação de uma ferramenta para colaborar na autonomia das pessoas com deficiência visual no museu do Jango

Técnicas de audiodescrição e radiojornalismo; Edição;

Entrevistas Técnicas; Gravador de áudio; Roteiro de audiodescrição radiojornalismo; Material de papelaria.

União do Jornalismo e audiodescrição.

Objetivo

Impressão do material em Braille e Ampliado; Reprodução das fotos em alto relevo;

Colaborar na autonomia das pessoas com deficiência visual no museu no Jango. 4) Divulgação do produto, após a defesa em Banca.

Técnicas Jornalísticas

Contato com o departamento de Comunicação da Prefeitura;

Conhecimento da sociedade sobre o produto.

34

5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 5.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES Este projeto foi desenvolvido por etapas e consequentemente uma ligada com a outra. A primeira atividade foi a visita ao museu com um formulário adaptado 1 especialmente para o local (apêndice 5), através dessa visita pudemos compreender melhor o que era acessível e o que era possível adaptar. Já que a acessibilidade plena do local não concebia o desenho universal2. A segunda atividade foi a visitação/roteiro de entrevistas com as pessoas da ADEVASB com deficiência (Apêndice 6) visual no museu do Jango, esse momento possibilitou compreender melhor como essas pessoas utilizavam o local, além de contar com a opinião delas sobre as informações expostas no ambiente museológico e assim decidir quais conteúdos, de quais cômodos, iríamos transformar em conteúdo acessível. Visto que seria impossível realizar o trabalho em todo o conteúdo do museu neste projeto experimental. Nas entrevistas, as fontes indicaram a falta de “compreensão” nos objetos expostos como: livros, presentes do Presidente, etc. Além, disso relataram a necessidade do material em braille, audiodescrição e em fonte ampliada. O terceiro passo foi a realização do roteiro de perguntas (Apêndice 7) e as entrevistas (Apêndice 8) com os familiares do ex-presidente: João Vicente (Filho mais velho de Jango), Christopher Goulart (Filho de João Vicente e neto mais velho do ex-presidente) e João Alexandre (Filho de João Vicente e neto de Jango). Todas as entrevistas com os familiares foram realizadas por Skype e gravadas através do software gratuito: Free Video Call Recorder for Skype. A entrevista com a Maria Thereza Goulart foi cedida pelo programa OverFashion3. A escolha das fontes serem os familiares, ocorreu devido que o museu é um lugar que foi a antiga casa do expresidente, além disso, para dar um tom mais próximo da história, nada melhor que

1 Formulário adaptado do livro: Temas de Museologia: Museus e Acessibilidade do Instituto Português de Museus 1ª edição – 2004, disponível em < http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/AreasAtividade/desenvolvimentoeinovacao/Docu ments/Temas%20Museologia_Museus%20e%20Acessibilidade.pdf> 2 Concepção de produtos, ambientes, programas e serviços que podem ser usados por todas as pessoas. 3 A entrevista original pode ser assistida através do link: https://www.youtube.com/watch?v=ZpAFklMxWEI

35

as pessoas que dividiram vários momentos com o Jango. Outra fonte, foi Ramão Aguilar, que participou do velório de Jango em 1976. A decupagem das entrevistas ocorreu nesta etapa, pois é uma parte fundamental para perceber o que seria necessário utilizar das sonoras4 nos produtos em áudio. O quarto passo deste processo foi oficializar (apêndice) para a prefeitura o projeto. Além disso, expor as dificuldades dos deficientes visuais ao visitarem o museu, a falta de informação acessível. Com isso, conseguimos que seja possível que o visitante com deficiência visual toque nos objetos expostos nas três salas. O quinto passo foi a escrita do roteiro (reestruturando as informações expostas no museu), paralelamente com a busca por momentos marcantes como a posse de Jango, etc. Com o roteiro pronto, realizamos a gravação no estúdio de rádio da Unipampa – Campus São Borja, em seguida foram escolhidas as trilhas para serem utilizadas nos 24 áudios. A escolha das trilhas ocorreu através dos sites: sounddogs.com e youtube.com/trilhas e foram selecionadas sete trilhas. Após a escolha das trilhas, foi realizada a edição do material em áudio. Nesta etapa também foi o momento de confeccionar as imagens em alto relevo. As imagens foram reprodução das fotografias expostas nas três salas da Casa Memorial João Goulart. Na sala da Lareira (sala 3) a foto que foi confeccionada foi a de Jango com sua filha Denise (Apêndice 6), as demais fotos estão expostas na sala “A morte” (sala 6). Para confeccionar as imagens foi realizado os passos: 1) busca/ampliação das fotos: As fotos estão expostas ou impressas no quadro, ou dentro dos expositores de vidro, como não é possível abrir o expositor, buscamos pelas mesmas fotos na internet, algumas não foram encontradas então, tivemos que tirar foto da foto para poder ampliar em tamanho A3. 2) Traçando as linhas: Nesta etapa utilizamos a cola colorida para deixar os principais traços da foto com relevo, veja (imagem 2):

4

O termo Sonora no Jornalismo significa entrevistas gravadas.

36 Imagem 2

Imagem apenas com traços (1º passo). Nesta imagem, Jango está fumando. Ao fundo tem uma mulher com guarda-chuva e um homem de costas.

3) Após, colocamos uma folha A4, em cima dos traços para tirarmos o molde e fazermos o recorte do tecido. Algumas fotos necessitam desta etapa, pois contém na imagens bandeiras ou roupas. 4) O último passo para a confecção das fotos, foi acrescentar os detalhes, como o cigarro, os botões das camisas, a grama, a escada (com a lixa de parede), etc.

37

Imagem 3

Imagem pronta. Nesta imagem, é o Jango com a sua filha Denize sentados na fazenda Rancho Grande, em São Borja. Denize está com o dedo na boca e o Jango segura um chimarrão. Na foto reproduzida em alto relevo foi utilizado tecidos nas roupas, grama artificial onde mostra na imagem original que é grama, erva-mate no chimarrão, e arame para mostrar a ideia de bomba da cuia. Além disso, foi colocado nos cabelos, cabelo artificial.

Com os áudios gravados e editados e as imagens confeccionadas, partimos para a impressão das legendas das fotos em braille e a impressão em fonte ampliada, tamanho 26. A impressão em braille foi feita na Unipampa – Campus Itaqui. O último passo deste trabalho, será disponibilizar os produtos na Casa Memorial João Goulart. As fotos e o material impresso em braille e a fonte ampliada. Os áudios também foram gravados em um CD e entregue na casa Memorial, já que o museu não tem um site para os futuros visitantes consultarem o que contém de acessibilidade no local.

38

5.2 CIRCULAÇÃO DO MATERIAL Os áudios estão disponíveis na conta criada no site Soudcloud5. As 9 imagens serão expostas na Casa Memorial João Goulart, juntamente com o roteiro dos áudios impressos em braille e em fonte ampliada, tamanho 26. Decidimos em colocar no museu após a avaliação da banca final deste trabalho. 5.3 EQUIPAMENTOS Para a realização das entrevistas com os familiares do Jango, utilizamos o software Free Video Call Recorder for Skype, que possibilita através de créditos a ligação para números de telefones fixos ou celulares. Já as fotos em alto relevo, utilizamos tecidos, cola colorida, cola para artesanato, grama artificial, arame para artesanato, botões, cabelo artificial, cola super bonder e lixa de parede. 5.4 CUSTOS Produto

Valor Unitário

Quantidade

Valor

Viagem Itaqui/RS

25,00

4

100,00

Ligação Skype

-

-

100,00

Tecido

-

-

40,00

Cola colorida

7,50 caixa

2

15,00

Impressão Fotos

0,80

9

7,20

Cola p/ artesanato

5,00

2

10,00

Grama Bola

29,90

1

29,90

Cola super bonder

5,00

1

5,00

Lixa de parede

5,00

1

5,00

Arame artesanato

2,00

1

2,00

Cartolina Gessada

1,00

6

6,00

49,90

1

49,90

Impressão fonte maior Reglete Positiva 5

Áudios disponíveis em: https://soundcloud.com/audiodescricaojornalistica/

39

Total:

370,00

6. AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO A

realização

deste

projeto

experimental

abriu

portas

para

novos

conhecimentos, incomuns ao campo científico da comunicação, como é o caso da museologia. Ao mesmo tempo firmou conhecimentos adquiridos ao longo desses quatro anos. Para a realização deste projeto, foi necessário mais que as leituras, foi imprescindível a persistência para aprender. Tive que entrar em contato com as pessoas com deficiência visual para tentar compreender como é chegar em um local onde existem muitas informações nas quais as pessoas não podem se apropriar. Aprender como imprimir um texto em braille foi outro momento importante, embora seja muito simples pensar o ato de imprimir nas impressoras utilizadas por pessoas videntes, o processo de impressão em braille é trabalhoso e complexo. Além disso, foi visível perceber a importância da comunicação social no âmbito da acessibilidade e mais do que isso, o papel do jornalismo. A reorganização de informações, o modo como as informações são ainda “jogadas” nos ambientes culturais, causando muitas vezes a desinformação. As quatro disciplinas com o foco no e radiojornalismo foram essenciais para que eu conseguisse com segurança citar os autores que foram apresentados em sala de aula, saber utilizar um roteiro, editar um material jornalístico e até mesmo a maneira como entrevistar para essa mídia. Outra disciplina que colaborou para que eu pudesse desenvolver melhor o produto, foi a disciplina de agência, como lidamos com a produção de material para várias mídias semanalmente, é necessário a organização e o cumprimento dos prazos, diante disso, tive que me reorganizar nos processos. A Disciplina Complementar de Graduação (DCG), de Comunicação para o Terceiro Setor foi útil para eu compreender como funciona a comunicação dentro dessas instituições e para saber como elas atuam diante a sociedade. Através disso, realizei um contato melhor com a ADEVASB para a realização desse trabalho. A audiodescrição jornalística provou que é possível sim, trabalhar um jornalismo de fato mais humano, visando os direitos dessas pessoas. E mais do que isso, proporcionando o resgate documental, uma informação além do pontual. Por

40

fim, este trabalho é só o primeiro passo de uma futura pesquisadora em acessibilidade na comunicação, através do TCC pude perceber o gosto pela pesquisa e como a descoberta pelo tema faz toda a diferença. Além disso, esta pesquisa teve um papel transformador na minha futura profissão, agora sei o quanto é possível, apesar de todas as dificuldades unir o jornalismo e acessibilidade. Finalizo esses quatro anos deixando uma reflexão sobre a importância de ser desenvolvido trabalhos de ensino, pesquisa e extensão no âmbito da comunicação acessível na academia.

41

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44

(APÊNDICE 1)MODELO DE REGLETE, PARA ANOTAÇÃO

APÊNDICE 2 - PUNÇÃO – INSTRUMENTO PARA ESCRITA EM BRAILLE (ESCRITA NO REGLETE)

45

46

(APÊNDICE 3) RESPOSTA DO ÁUDIO TESTE

(Pesquisa Realizada Com Pessoas com Deficiência Visual/Voluntários)

47

(APÊNDICE 4) - RESPOSTA DO ÁUDIO TESTE (2)

(pesquisa realizada com pessoas com deficiência visual/voluntários)

48

(APÊNDICE 5) FORMULÁRIO ADAPTADO O Espaço/Fachada A informação

SIM x

NÃO

O nome do museu é legível? (Letras com 15cm de altura) Tem versão em Braile? Tem versão sonora? O horário do museu é legivel? (Letras com 15 cm de altura) Tem versão em Braile?

x x

Entrada do museu - Informação (escrita e áudio) Há textos de leitura fácil nos painéis. nos folhetos. nos roteiros. Há textos em versão ampliada. Há textos em Braille. Há anéis de indução magnética (ou dispositivo semelhante). Há disquetes ou CD-Rom para o uso do visitante que traz o seu próprio equipamento de comunicação.

SIM

Réplicas

x x NÃO x x não tem não tem x x x x

49 Quando contacto com o original é impossível, existem réplicas para tocar. As réplicas são acompanhadas por amostras do material usado no original. x Existem versões simplificadas a preto e branco de quadros e imagens. Há imagens em relevo. x Miniaturas e ampliações Há ampliações de peças pequenas. Há miniaturas de peças grandes. São acompanhadas por uma indicação do seu tamanho real.

x

x

x x x

(APÊNDICE 6 – ENTREVISTA NO MUSEU) Entrevista com deficiente visual: Alessandra Bilibio Data da entrevista: 15/10/2014 Horário: 14h30 Local: Museu do Jango Idade da Fonte: 36 anos Deficiente desde: 25 anos Tempo de entrevista: 1h05

Contextualização: Esta entrevista consiste em saber o que a deficiente visual de 36 anos, que contém a doença Stargardt compreende dos objetos e informações expostas no museu João Goulart.

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Descoberta em 19 em Berlim pelo oftalmologista, Karl Stargardt, a doença Stargardt é genética e se manifesta dos 7 aos 15 anos. Pode levar a baixa visão acentuada. Além disso, causa sensibilidade ao sol e em alguns casos a cores escuras.

(E) Eu ganhei este material lá do banco de olhos. (J) Faz tempo que você ganhou? (E) Não, vai fazer um ano agora. (J) E como foi sua adaptação? Já se adaptou? (E) É não foi bem uma adaptação, estou me adaptando ainda. Eu utilizo bastante a lupa para eu ler no computador, pois mesmo assim o “cara” falando comigo, eu tenho que utilizar a lupa. (J) Então até os 25 anos você não tinha nenhum problema de visão? (E) Ter até tinha, mas nenhum médico sabia que era tão grave. (J) E você não sentia a necessidade do óculos? (E) Sim, fiz vários óculos, mas chegou em um ponto que não fazia diferença utilizar. Só de 1999 pra cá que eu comecei a me tratar. Faz oito anos que me trata no Banco de olhos de Porto Alegre e um que estou aposentada por invalidez. (J) Comentei com o meu orientador sobre a placa de entrada do museu, que fica em cima, forçando a nos olhar diretamente para o sol. (E) Nossa, placa de loja assim, tem um monte que eu não sei o que está dizendo. Pois não tem como eu ler, para chegar mais perto tem que ser com os óculos ou com a lupa.

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Na Sala 1 Cronologia (diante a uma exposição no meio da sala de vidro)

(E) Aqui são revistas da época né? (J) Isso! E você não tinha vontade de vir aqui antes, não tinha curiosidade?

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(E) Eu sou natural de São Borja. Curiosidade a gente sempre tem né! Mas na correria do dia-a-dia, sempre cruzo, tenho vontade de entrar. E outra coisa, eu dependo muito do meu marido, sabe?! Muitas coisas eu me privo por depender dos outros. Eu não quero incomodar os outros também.

(Entrevistada tenta ler o painel de cronologia exposto na sala. Com dificuldades e com ajuda de um óculos, ela consegue ler tendo uma distância de aproximadamente 10cm do quadro.)

(J) Você consegue ler os textos de cima? (E) Não, está muito alto né? Eu leio parece criança que está aprendendo a ler né?! (J) Mas você conseguiu entender o que você leu aqui? (E) Claro, consegui. Sabe é que eu fiquei muito tempo sem ler, estou retornando a ler agora. (J) E as imagens você consegue ver bem ou não?

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(E) Não, tudo em branco. (J) Como ficam as imagens para você? (E) embaralhadas, sabe?! (J) Como que você acha que tinham que ser as imagens para você ter acesso? (E) É o preto e o branco para o deficiente visual é complicado. Na verdade o branco não é aconselhável pois força mais a visão. Lá no centro da visão que eu frequento, eles nos explicaram que o branco não é bom, pois força muito a vista. Ela é muito sensível. (J) Como que você acha que conseguiria compreender uma imagem? (E) Ela deveria ser um pouco mais ampliada e também ter uma audiodescrição né?! Chegar aqui e poder assistir um filme né?! Pq você escutando, você memoriza bem mais. Tipo, você entra em um shopping e as portas fala com você. E no museu também deveria ser assim: “Bem vindos ao museu do Jango”. A gente entrou aqui e ficamos no silêncio, estamos no quadro e estamos no silêncio. Poderia ser mais modernizado. Uma audiodescrição seria bem-vinda né?! (J) Nessa sala o que você achou mais interessante e o que te deu curiosidade para compreender melhor? (E) Eu acho que nessa sala deveria ter um ponto de informações. E saber que ele é um museu, pois não tem nada que identifique para nós deficientes que é um museu. Eu entrei aqui no silêncio e estou até agora no silêncio, estou conversando contigo. Então, hoje quanto mais audiodescrição melhor. (J) E o que você mais gostou nessa sala? (E) Eu acho que para uma pessoa que não tem deficiência, que não tem a deficiência que eu tenho, ele está perfeito. (J) E para você? (E) Pra mim, para ele ser perfeito ele precisava estar falando. Claro que um dia isso pode vir a acontecer, mas pra mim se eu não tivesse esses recursos aqui (Lupa, binoculo, óculos) eu entraria daqui e sairia daqui sem ler e sem aprender nada. A não ser que alguém me falasse.

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(J) E algo de interessante nesta sala? (E) Sim, aqui que está começando a história. Ainda bem que tenho meus recursos que consegui ler, nos períodos do que aconteceu. (J) E agora como que você está se sentindo dentro do museu? (E) Olha eu estou bem gelada, pois sempre passo aqui e nunca entro. Foi através de um convite seu. Tô meio emocionada.

Na Sala 2 Oratório

(E) Não toque. Nem com o binoculo eu consigo ler, está muito longe. (J) E qual o tamanho ideal de uma letra para você? (E) Ah, quanto maior a letra, melhor ela vai ser.

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(A entrevistada precisou se agachar para ler a placa abaixo)

(E) Onde será que está o certificado de batismo? Pois diz na placa, mas eu não consigo ver. Ah, está aqui. Não consigo enxergar. (J) O que te chamou mais atenção nessa sala? (E) Ah, adorei essa sala. (J) E para você como é a questão do toque no objeto?

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(E) Não sei explicar muito isso para você, mas nós que temos a deficiência somos muito curiosos. Nós já temos a dificuldade, então a gente quer ver, quer tocar. Não quer dizer que eu não confie no que a pessoa está me dizendo, mas para sentir mesmo.

Sala 3 Lareira

(E) Olha aqui tem uma televisão, talvez passe filmes com audiodescrição. Se eu utilizar meus equipamentos eu consigo, mas aqui eu não consigo ver. Olha tenho que agachar.

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(J) Consegue visualizar as imagens? (E) não, nada. Fica muito embasado. (J) O quadro oficial você consegue? (E) Sim, consigo. (J) Não sei se você tem curiosidade sobre os objetos, aqui em cima da lareira. Aqui temos a mateira e um presente que ele

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ganhou do Minist. Do Trabalho. Além disso, tem uma roda de carroça que ele ganhou de um CTG. (E) Que cor ela é? (J) Marrom, como se fosse de barro. Ela tem uns relevos. (ela toca a fonte com as mãos e pede para eu ir explicando os desenhos...)

(E) Que desenho é? (J) É uma faca aqui, e uma carne espetada no chão, sabe?! Aí tem o cifre do boi, uma garrafa de vinho. Ai tem um boi. O relevo é bom pra ti? (E) Sim, o relevo é ótimo. E o que é aqui? (J) um chapéu, dai tem duas botas como se fosse uma em cima da outra deitada, sabe?! Ai tem a guaiaca (forma de cinto com pochete que é utilizado pelos gaúchos, principalmente os mais tradicionais.) (E) Ele é todo em marrom com preto? (J) Não, ele é marrom. Como se fosse barro. E os objetos desta sala, qual você gostou mais? (E) O objeto que eu mais identifiquei, mais gostei foi a roda. Pois consegui sentir, identificar. (J) E o que você sentiu necessidade para conseguir compreender aqui nesta sala? (E) Teria que ter uma audiodescrição para mim, eu também não encontrei nesta sala. A não ser o que estamos conversando, o que você está me passando, fora isso não tenho informação nenhuma. Até visualizei uma televisão aqui, mas ela está neutra. Está

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apagada para mim. Assim como as portas do museu, estão escuros pra mim. (J) Doí olhar para o preto? (E) Como te disse, doí muito meus olhos. (J) E desta sala o que você mais gostou? (E) foi falar que ela foi restaurada, mas para mim que sou deficiente não identifica nada né. E os objetos também temos dificuldades ao acesso, pois eles estão tudo dentro de um vidro.

Sala 4 O Homem

(J) O que você consegue compreender aqui? (E) Aqui é complicado, é tudo preto. Não posso tocar em nada. Eu teria que chegar bem perto com os meus recursos e tocar. Bem pequeno esse quarto. (J) Eles restauraram a parede de toda a casa (E) Pois é, deveria ter uma parte para nós tocarmos, pois ali na entrada na placa diz né que foi restaurado.

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Sala 5 O Presidente

(E) Tem objetos aqui né? (J) Sim. Você consegue identificar alguns? (E) Acredito que sim, tem uma mala ali e gravatas né?! E o que seria aquilo ali? (J) É um lençol bordado com linha lilás claro, o fundo é branco e tem as iniciais JG do ex-presidente e algumas flores bordadas também. (E) E o que é aquilo ali? (J) é um estojo e objetos para barbear.

Sala 6 A morte (E) Aquilo são malas? (J) Isso, são malas usadas pelo Jango. (E) Ele viajava para São Paulo com elas então! (risada) (J) Aqui é o que? (E) Aqui é um livro de registros de quem compareceu no seu velório. E o que diz ali?

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(J) é uma faixa escrito: “Jango estará sempre conosco”. Nesta sala o que você destaca? (E) Destaco que pude ver as armas de coleção dele, as malas que pude sentir e tocar. Mas dos outros lados que diz sobre a sua morte não tem como eu saber como foi a sua morte, não tem audiodescrição e nem objeto, nem nada. Tenho que estar acompanhada de alguém para essa pessoa me dizer como foi a história.

Sala 7 Mobiliário

(J) Esta sala tem a mesa da sala de jantar. (E) Tem fotografias né? O que tá escrito nessa foto? (J) Ele tá tomando café com um moço. Está escrito: “João Goulart em campanha eleitoral para vice presidente da república”. Só não consigo identificar quem é, pois não diz. (E) Esta sala estou colocando a mão na mesa, consigo identificar melhor. É uma sala bem ampla, bem arejada. Só tem umas escritas que não consigo ver direito. Mas acho que deve ser fotos deles almoçando né? (J) Não, tem fotos de vários momentos dele e de sua vida. Tipo, tem foto dele em Nova York. (E) Então tem vários tipos de fotos? (J) Isso. Aqui Alessandra eles deixaram na parede a pintura original mesmo depois de reformada. Você consegue sentir o desenho? (E) Não, só uma parte áspera e outra mais lisa. Aqui são livros?

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(J) Sim, os livros do curso de Direito que ele fez na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desta sala o que você destaca de melhor? (E) Pra mim no caso, teria que ter mais divulgação. O que me chamou mais atenção foi a mesa, que foi possível tocar e ter a certeza que é uma mesa. A certidão dde nascimento deveria estar em outro lugar, mais exposto.

Sala 8 Gabinete

(E) Aqui era o gabinete do pai do Jango. É aqui eu não consigo ler (J) Aqui é uma lembrança do falecimento da missa do 7º dia do pai do Jango. (E) Tá faltando muita identificação, não consigo compreender quase nada.

Corredor (J) Aqui é uma foto mais recente da ex-primeira dama com o seu neto. Você consegue ver algo? (E) Muito pouco. (J) Depois dessa visita então, como você se sente com as informações expostas aqui? (E) Algumas eu consegui identificar, outras não. A maioria deixou a desejar. Faltou muita informação pra mim. Eu estou saindo daqui com poucas informações, eu poderia sair com mais informações daqui. Mais informações com audiodescrição, foi o que

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eu senti né. (J) Qual sua maior dificuldade dentro do museu? (E) Foi em ler, se tivesse uma audiodescrição seria melhor. (J) E quanto tempo seria ideal para você ouvir? Quanto tempo você acha que conseguiria ouvir de informações? (E) Eu acho que não deveria ter um tempo especifico, mas sim seria do meu interesse. Se eu quisesse saber toda a história do Jango, estaria a disposição em áudio. Vai do tempo da minha curiosidade. Também deveria ter fala dos familiares, pois lemos várias coisas que falam dos familiares, mas não tem nada identificando. (J) Quais conteúdos que tem aqui que você gostaria de saber com acessibilidade? (E) A morte do Jango. (J) E das salas o que te despertou mais curiosidade, mas você não teve acesso? (E) Foi a sala do oratório. Deu para ver que ele é um cara religioso. E a sala que eu não tive acesso realmente, foi a sala da morte. Sai dali sem saber se realmente é verdade dos fatos descritos. Sai com dúvidas. (J) Você conhece material então com audiodescrição, né? (E) Me ajuda bastante, utilizo no meu computador. É um dos recursos que eu encontrei para estar atualizada ao mundo da internet. (J) Você é uma pessoa que frequenta museus? (E) Não, eu não frequento. (J) E qual o motivo? Não te chama atenção? (E) Até me chama atenção, mas é por causa da minha deficiência mesmo. Fico um pouco encolhida, me achando menos que as outras pessoas. E dependo muito do meu esposo. (J) Você lê em braile?

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(E) Tentei aprender, mas não tive muito sucesso. (J) E agora como você se sente saindo daqui? (E) Eu vou olhar o mundo totalmente distinto. Tenho capacidade de ir nos lugares e enxergar diferente. Afinal, eu também sou um ser humano e preciso ir pra frente. Se não tiver acessibilidade e nem recursos, tentar buscar, tentar que outras pessoas busquem pra mim. (APÊNDICE 6 – ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A FAMÍLIA GOULART) Nome do entrevistado: Christopher Goulart Data de nascimento: Neto mais velho do ex-presidente João Goulart (Filho de João Vicente) Mora em Porto Alegre/RS Vereador de Porto Alegre e Senador Suplente do Rio Grande do Sul.

Roteiro de entrevista:  Você tinha apenas dois meses quando seu avô faleceu. Gostaria de saber então, o que o seu pai dizia sobre Jango pra ti. Como que ele dizia sobre a sua morte?  Da sua avó o que você lembra? Ela contava algo sobre seu avô?  Como foi sua infância? Você dizia para os seus amigos da infância que era neto do ex-presidente que foi deposto no Brasil?  Você cresceu ouvindo o que sobre a morte do seu avô?  Você acompanhou todo o processo de exumação e inumação? Qual o motivo de estar próximo a este processo?

65

 O que você sente quando dizem o nome ou sobre o ex-presidente do Brasil, João Goulart? Nome do entrevistado: João Alexandre Goulart Data de Nascimento: 06/06/1979 Neto do ex-presidente João Goulart (Filho de João Vicente) Mora em Porto Alegre/RS Publicitário e Diretor Adjunto de Comunicação e Acervo na empresa Instituto Presidente João Goulart. Roteiro de Entrevista:

 O que o seu pai dizia sobre o seu avô para você? Como que contava que seu avô tinha morrido?  Sobre a relação da morte do seu avô, sua infância e sua avó o que você lembra? Ela contava algo sobre seu avô?  Como foi sua infância? Onde morou? Você dizia para os seus amigos da infância que era neto do ex-presidente que foi deposto no Brasil?  Você acompanhou todo o processo de exumação e inumação?  Sobre o Museu Casa João Goulart, você lembra da implantação? Como a sua família contribuiu? O que vocês doaram para o museu?  Existe algum objeto que esteja do museu e que você tem um carinho especial? Se sim, qual?  Como foi a criação do Instituo João Goulart? Qual o motivo da criação?  Pra ti quem foi, João Belchior Marques Goulart? Nome do entrevistado: João Vicente Goulart Data de Nascimento: Filho do ex-Presidente João Goulart Mora em Brasília/DF

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Roteiro de Entrevista:  Vamos falar da sua infância... O que você lembra do seu pai quando você era criança? Como era sua ligação com ele?  Jango dizia o que pra você sobre o Brasil?  Você lembra das manias do seu pai? Dos seus gostos?  Como era a relação da sua mãe e do seu pai quando o assunto era política? Você lembra algo que marcou muito a família de vocês?  Sobre São Borja, você lembra de ter vindo aqui pela primeira vez?  João Vicente você nasceu já sendo filho de um vice-presidente da república, como você lidava com isso diante a sociedade? Como foi sua infância sendo filho de um político tão conhecido?  Ele falava algo sobre a casa que ele morou até os 7 anos?  Na época o que você lembra do seu pai como Presidente?  Quando ele foi para o exilio na Argentina você não morava no Brasil né? Como vocês tinham contato com ele?  Sobre o Museu Casa João Goulart, você lembra da implantação? Como a sua família contribuiu? O que vocês doaram para o museu?  Existe algum objeto que esteja do museu e que você tem um carinho especial? Se sim, qual?  Como foi a criação do Instituo João Goulart? Qual o motivo da criação?  Você acompanhou todo o processo de exumação e inumação? Pra ti quem foi, João Belchior Marques Goulart?

67

(APÊNDICE 7 – OFICIALIZAR PROJETO NA PREFEITURA)

68

ROTEIRO - INSTRUÇÕES Descrição: Este roteiro é o roteiro correspondente ao áudio instruções. Ele será o primeiro áudio apresentado ao ouvinte. Duração: 1’ Locução: Janine Motta 123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012 TÉCNINA

Trilha 5’’, vai a BG Olá visitante, seguem algumas instruções para que a sua experiência com

Janine

o museu seja ainda melhor. Esta audiodescrição jornalística propõe mesclar as técnicas de audiodescrição com as de jornalismo, para promover às pessoas com deficiência visual o contexto e o consumo dos bens culturais. Esta experiência é parte integrante do Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa, da acadêmica Janine Motta. Bom, vamos às instruções:

Janine

A primeira coisa que você deve fazer é encontrar, no batente direito de cada passagem de ambiente, a marca em braile que indica o número da sala e do áudio que você deve executar.

69 No início de cada áudio você vai ouvir este som: TÉCNICA

BIP e corta. Volta trilha em BG Ao final das informações você ouvirá este outro BIP para saber que se

Janine

trata do encerramento daquele áudio.

TÉCNICA

BIP e corta. Volta trilha em BG. Além disso, estas salas possuem algumas fotografias disponíveis em alto-

Janine

relevo acessíveis ao toque. Para você encontrar a foto na sala eu vou passar as instruções em cada áudio. Em caso de dúvidas, consulte a funcionária do Museu. Bom passeio!

70 ROTEIRO Sala 1 – Cronologia Locução: Janine Motta 123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012 TÉCNINA

BIP inicial Sobe trilha vai a BG

Janine

Título: Sala da Cronologia – Faixa 1 Sala 1 Bem vindo ao museu Casa Memorial João Goulart. A casa foi a verdadeira residência do ex-presidente. Se você estiver na porta de entrada da sala, ao seu lado esquerdo há um quadro com os nomes das instituições e pessoas que colaboraram para a criação deste museu. Ainda se localizando pela porta de entrada, na sua frente, aproximadamente quatro passos há uma caixa de vidro com uma exposição

Janine

que é trocada a cada 3 meses. Para ter saber o conteúdo exposto neste momento, consulte a funcionária do museu. Ao fundo da sala

há um quadro impresso sem moldura de aproximadamente 2

metros de comprimento; e outros dois quadros impressos e sem molduras de um metro e meio cada, que estão localizados ao lado direito e ao lado

71 esquerdo do quadro maior. Esses três quadros resumem a vida de João Goulart. Agora você poderá escutar alguns dos momentos marcantes na história do nosso país.

TÉCNICA

SOBE TRILHA E CORTA BIP FINA

TÉCNICA

BIP INICIAL Trilha

Janine

Título: Quadro cronológico 1918 – Faixa 2 Sala 1 Você vai ouvir agora as informações expostas no quadro situado ao lado esquerdo do fundo da sala, com a linha tempo do ano de 1918 até 1954.

TÉCNICA Volta trilha em BG João Belchior Marques Goulart nasceu no dia primeiro de março de mil

72 novecentos e dezoito, na fazenda Iguariaçá, na cidade de São Borja no Janine

Rio Grande do Sul. Ficou conhecido como Jango em sua trajetória política e como Janguinho para seus familiares. João Goulart foi o sexto filho de Vicente Rodrigues Goulart e Vicentina Marques Goulart. Em 1928, Jango foi cursar o Ensino médio no Colégio Sant’Ana na cidade de Uruguaiana, no estado do Rio Grande do Sul. João Goulart ingressou em mil novecentos e trinta e cinco seus estudos na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, situada na cidade de Porto Alegre. Após concluir o curso no ano de mil novecentos e trinta e nove, retornou para São Borja. No ano de mil novecentos e quarenta e sete, foi eleito Deputado Estadual Constituinte e Presidente do Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB de São Borja. Trabalhando como um dos coordenadores da campanha presidencial de Getúlio Vargas; foi eleito Deputado Federal no ano de 1950. Jango se afastou do mandato de Deputado Federal para exercer o cargo de Secretário do Estado de Interior e Justiça do Rio Grande do Sul, no governo de Ernesto Dornelles, no ano de 1951.

73 No ano de 1952 presidiu o PTB nacional. Escute o hino do partido: TÉCNICA Sobe som Corta trilha Volta trilha em BG Em dezoito de junho de mil novecentos e cinquenta e três foi nomeado Janine

Ministro do Trabalho, Industria e Comércio no Governo de Getúlio Vargas. Sonora

Em vinte e três de fevereiro de mil novecentos e cinquenta e quatro, João Goulart renunciou ao cargo de Ministro, após conceder aumento de 100% ao salário mínimo.

Getúlio Vargas morreu às oito e meia da manhã no dia vinte e quatro de agosto de mil novecentos e cinquenta e quatro, mas deixou ensinamentos sobre política para Jango.

74 No próximo áudio você vai escutar as informações expostas no quadro maior, localizado ao fundo da sala. Sobe BG TÉCNICA

Corta trilha BIP FINAL

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BIP inicial Sobe trilha e vai a BG 8’’ Título: Quadro cronológico 1955 – Faixa 3

Janine

Sala 1 Quadro impresso de aproximadamente 2 metros de comprimento, situado ao fundo da sala.As informações expostas vão do ano de 1955 até 1964. Trilha, vai a BG

TÉCNICA

Maria Thereza Fontella conheceu João Goulart em São Borja, com apenas treze anos. A ex-primeira dama relembra a história de amor:

Janine Vai a BG TÉCNICA

75 Sonora: "Eu tinha apenas 13 anos, saí do colégio e fui para São Borja. SONORA

Nessa época eu saia final de semana para a casa de um político que era muito famoso na época, Doutor Girardi Dorneles Vargas, era sobrinho do Doutor Getúlio. E aquela política de todos, e as reuniões sempre na casa dele. Então eu fui levar uma correspondência pro Jango que também morava na frente da minha casa. Foi uma coisa muito engraçada, pois eu conhecida muito ele de nome, família Goulart eu conhecia muito de nome, mas nunca tinha visto, foi a primeira vez que eu vi. E aí começou um namorinho, mas muito de leve."

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Sobe trilha e vai a BG

Janine

Jango e Maria Thereza namoraram por algum tempo, até que resolveram se casar no dia dezessete de maio de mil novecentos e cinquenta e cinco.

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Baixa Trilha em BG Sonora: "Casei depois que sai do colégio com 17 anos. Foi muito

SONORA

engraçado, pois foi tudo resolvido de última hora: "vamos casar?" "Vamos!". Aí ele estava em Porto Alegre e chovia muito em São Borja e o avião dele não pôde sair. Aí eu acabei casando por procuração com o irmão dele, no civil. Aí depois, 4 dias depois que passou a chuva, eu

76 vim pra Porto Alegre e me casei pelo religioso na catedral com Dom Vicente Scherer." Em três de outubro de mil novecentos e cinquenta e cinco, Jango foi Janine

eleito Vice-Presidente da República, na chapa do Partido Social Democrata, o PSD, junto com o presidente Juscelino Kubitschek.

TÉCNICA SONORA/SPOT Janine

Corta trilha “Na hora eu vou Jangar... é o Jango Goulart...” Jango foi reeleito para ser Vice-Presidente em três de outubro de mil novecentos e sessenta, concorrendo pela chapa de oposição ao candidato eleito Jânio Quadros, do Partido Democrata Cristão.

Janine

Jânio Quadros renunciou à Presidência em vinte e cinco de agosto de mil novecentos e sessenta e um. Jango estava em visita à China; era a primeira visita oficial de uma autoridade de governo àquela nação. Relembre o discurso de Jango:

77 SONORA

SONORA “Meus amigos chineses nestes poucos dias de convívio com o povo chinês e com seus dirigentes pude ver que esta não é a velha China, cheia de lendas e superstições que os povos ocidentais encaravam com misto de vago temor e uma admiração reverencial pelo desconhecido. O vosso país dá me a sensação de uma renovada juventude dentro de si mesmo. Ao primeiro contato convosco, diante da recepção calorosa que nos proporcionastes, senti-me como se estivesse hospedado na casa de um velho e bom amigo.”

Janine Os ministros militares tentaram impedir a posse de Jango, e o Presidente da Câmara dos Deputados foi empossado. João Goulart foi impedido de desembarcar em Buenos Aires no dia trinta e um de agosto de mil novecentos e sessenta e um, devido a um Janine

forte dispositivo militar armado pelo governo argentino. Jango viajou para Montevideo. No dia primeiro de setembro de mil novecentos e sessenta e um, Jango

Janine

desembarcou em Porto Alegre, onde milhares de pessoas o esperavam no Planalto Piratini.

78 O Congresso Nacional aprovou em dois de setembro de mil novecentos e Janine

sessenta e um, o sistema parlamentarista como solução conciliatória visando a garantia da posse de Jango. João Goulart assumiu a presidência do Brasil no dia sete de

Janine

setembro de mil novecentos e sessenta e um, sendo o vigésimo quarto presidente da República. O Deputado Tancredo Neves tornou-se Primeiro Ministro. Relembre um pouco do discurso de Jango:

Técnica

Corta trilha

“Assumo a Presidência da República consciente dos graves deveres que me incumbem perante a Nação. A minha investidura, embora sob a égide de um SONORA

novo sistema, consagra respeitoso acatamento à ordem constitucional. Subo ao poder ungido pela vontade popular, que me elegeu duas vezes Vice-Presidente da República e que, agora, em impressionante manifestação de respeito pela legalidade e pela defesa das liberdades públicas, uniu-se, através de todas as suas forças, para impedir que a decisão soberana fosse desrespeitada.”

79 TÉCNICA

Volta Trilha em BG No dia 6 de janeiro de mil novecentos e sessenta e três, com 10

Janine

milhões de votos a favor e cerca de 2 milhões contra, o parlamentarismo foi rejeitado em plebiscito.

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Corta trilha

SONORA/SPOT

”Nós vamos acabar com a confusão, é a nossa vez, no dia 6, vamos dizer que não. O parlamentarismo não tem jeito nem razão, no dia 6 vão dizer que não, não e não.”

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Volta Trilha em BG

Janine

O sistema presidencialismo voltou e Jango torna-se Chefe de Governo.

Janine

Em treze de março de mil novecentos e sessenta e quatro, cerca de 150 mil pessoas lotaram a Praça da República na cidade do Rio de Janeiro, para escutar o discurso do presidente João Goulart. O presidente anunciou o tabelamento dos aluguéis e a encampação das refinarias de petróleo particulares e o programa de reforma de base:

80 TÉCNICA

Corta trilha

SONORA

SONORA “... trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada, embora em parte, a sua mais sentida e justa reinvindicação, aquela que lhe dará um pedaço de terra para trabalhar, um pedaço de terra para cultivar. Aí, então, o trabalhador e sua família irão trabalhar para si próprios, porque até aqui eles trabalham para o dono da terra, a quem entregam, como aluguel, metade de sua produção. “

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Volta trilha em BG

Janine

Ocorreu em São Paulo em dezenove de março de mil novecentos e sessenta e quatro, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade; o objetivo era mobilizar a opinião pública contra o governo de Jango.

Janine João Goulart chegou em Brasília em primeiro de abril de mil novecentos e sessenta e quatro, buscando apoio do Congresso. Os governadores Miguel Janine

Arraes, de Pernambuco e João Dória de Sergipe, foram presos por militares como traidores da nação. Jango partiu para o exilio no Uruguai em 4 de abril de mil novecentos e

81 sessenta e quatro. João Vicente Goulart, filho de Jango conta como foi a adaptação de sua família em outro país.

SONORA

SONORA “No exilio a vida mudou, evidentemente estávamos mais juntos, mais unidos como família...” “No exilio nós tivemos que ir forçados para um país que não era o nosso e aprender novamente e entender novamente o porquê nós éramos uma família banida do nosso estado, nós estávamos em um país estrangeiro, tivemos que aprender outra linguagem, outro hino, cantar outro hino nacional, jurar a bandeira de outro país.”

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Sobe trilha No próximo áudio você vai escutar as informações expostas no quadro

Janine

direito da sala. Sobe trilha

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BIP inicial

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Título: Quadro cronológico 1965 – Faixa 4

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Janine

Sala 1 Sobe trilha vai a BG e corta As informações a seguir estão expostas no quadro direito do fundo da sala com a linha tempo do ano de 1965 até 1976.

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Trilha em BG O político e jornalista Carlos Lacerda viajou para Montevidéu em quatorze de setembro de mil novecentos e sessenta e sete, para encontrar com o Jango em busca de apoio ao movimento frente ampla. O objetivo de

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lutar contra a ditadura e tornar o país democrático. No ano de mil novecentos e setenta e três, Jango foi morar em Buenos Aires, após convite do Presidente da Argentina, Juan Domingo Péron. João Belchior Marques Goulart morreu vítima de um ataque cardíaco, em Mercedes na Argentina, no dia 6 de dezembro de mil novecentos e setenta

83 e seis. Cerca de 30 mil pessoas acompanharam seu velório na cidade de São Borja. Corta trilha TÉCNICA

BIP Final

84 ROTEIRO Sala 3 – Lareira Locução: Janine Motta 123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012 TÉCNINA

BIP inicial Sobe trilha vai a BG SALA 3

Janine

Título: Lareira Ambiente – Faixa 5 Estamos na sala da Lareira, este cômodo é bem amplo e era a sala de estar da família, ligando para os demais cômodos da casa. Toda a parede da casa contém uma faixa decorativa. Você poderá ter acesso a reprodução em alto relevo desta faixa, que se encontra em cima da Lareira. Se você estiver entrando na sala pelo cômodo da cronologia, a lareira está ao seu lado direito. Se você estiver entrando na sala pela porta do oratório, a lareira está na sua frente, aproximadamente 4 passos. Há uma lareira de tijolos que faz parte da construção original da casa. À sua volta existe um degrau estreito, que você pode subir para ter acesso à parte de cima da lareira.

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Baixa Triilha

85 Bip Final TÉCNICA

Bip inicial Sob trilha e vai a BG Título: Lareira - Faixa 6 Em cima da lareira existem três objetos que você poderá tocar, para

Janine

isso, solicite à funcionária do museu. Ao lado esquerdo está a bolsa que Jango utilizava para carregar o chimarrão, chamada de mateira aqui no Rio Grande do Sul.

Ao lado direito tem um presente que Jango recebeu

quando era Ministro do Trabalho, no governo de Getúlio Vargas, em 1953. Janine

Em cima da lareira, na parede, há uma foto de Jango com sua filha. No próximo áudio Irei descrever esta foto para você, solicite à funcionária a foto em relevo para que possa tateá-la.

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Baixa Trilha e vai a BG

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Bip Inicial Sobe trilha e vai a BG

Janine

Título:

Foto Jango e Denise - Faixa 7

Jango e sua filha Denise estão sentados e tomando chimarrão na fazenda Rancho Grande em São Borja.

Denise, que nesta foto ainda é criança,

86 está com o dedo na boca e olhar cerrado, Jango esboça um sorriso sem mostrar os dentes. TÉCNICA

Bip Inicial Sobe Trilha e vai a BG

Janine

Título: Roda de carroça – Faixa 8 Em baixo da lareira, no local onde se faz o fogo, há uma roda de carroça que Jango ganhou do CTG "Sentinela da Fronteira", quando era vicepresidente em 1959. Ela foi produzida em madeira com detalhes desenhados com temas campestres. Filho de Jango João Vicente Goulart, conta um pouco da personalidade do seu pai que nos ajuda a entender porque ele ganhava tantos presentes: “Ele era uma pessoa muito simples, uma pessoa criada na fronteira, em São Borja. Ele tinha uma atração muito grande pela simplicidade, pelas

SONORA:

coisas, mas simples da vida." Apesar de não ter convivido com seu avô, Christopher Goulart relembra as

Janine

histórias que algumas pessoas contavam sobre Jango: “O que me marca muito são essas histórias, o bom relacionamento que ele tinha com todo mundo. Histórias como no clube comercial, que o clube passou a aceitar negros porquê meu avô gostava muito de carnaval e eles

87 SONORA

tinham um bloco, o bloco dos rengos, por que ele tinha problema na perna, ai no desfile de carnaval, ele estava passando na frente do comercial que não aceitava negro, e ele pegou e entrou e nesse bloco tinha negros, tinha pobres, e entrou no comercial. E a partir desse dia o clube passou a aceitar negros, é o que consta aí né. Isso é uma história bem emblemática, porque mostra bem o espírito dele mesmo, de quebrar preconceitos, de estar à frente da época dele..."

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Sobe Trilha e Corta Bip Final

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Bip inicial Sobe Trilha e Vai a BG Título: Localização quadro poema – Faixa 9

Janine

Se você se situar de frente para a lareira e se virar para o lado direito, dando aproximadamente quatro passos, vai encontrar um quadro

Janine

com um poema feito pela Prefeitura de São Borja em 1986 em homenagem ao Jango. Para escutar o poema escute a próxima faixa ou pule para 11.

88 TÉCNICA

Baixa Trilha e corta BIP Final

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Bip inicial Sobe trilha e vai a BG Título: Poema – Faixa 10

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Poema de 10 anos da morte de Jango, 1986 “Nesta pedra polida Outra pedra exercita Seu interno brilho e nela refazes teu nome

João Batista

tua obra, tua lei operária e brilha a pampa de todos tua face de inteira poesia que acorda a festa de cada dia e renasce no Passo como moradia: uma estrela deserdada do cais a partir nosso coração urgente Ah, como és tudo, Jango, E somos pouco sem ti

89 Diante da ausência Mas somos o que renasce Na luz redonda da esperança Essa voz azul que ensinaste (Luiz de Miranda ) TÉCNICA

Sobe Trilha, vai a Bg e corta BIP Final Bip inicial

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Sobe trilha e vai a BG Título: Mais presentes e televisão – Faixa 11

Janine

Na parede em frente à lareira há uma cristaleira com uma foto de Jango na época que se candidatou como senador, além disso, na estante há duas garrafas de vinho que Jango ganhou de seus amigos. Mais para o lado esquerdo desta mesma parede há uma Televisão que transmite o documentário sobre a vida de João Goulart. Em baixo da televisão existe uma exposição que é trocada a cada três meses. Para

Janine

saber o que está exposto atualmente consulte a funcionária do Museu.

90 ROTEIRO Sala 6 – A Morte Locução: Janine Motta 123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012 TÉCNINA

BIP inicial Sobe trilha vai a BG

Janine Título: A morte – Faixa 12 Este cômodo tem três entradas e uma Janela em uma das paredes. Se você estiver entrando no cômodo pela sala "O Presidente", terá à sua esquerda uma das entradas e à sua frente há mais uma porta sendo que ao lado desta há um quadro impresso na parede.

Embaixo desse quadro impresso,

dentro de um expositor de vidro, existem alguns documentos como: o livro de visitantes que compareceram no dia do velório de Jango em 1976, bilhetes que Jango escrevia para as futuras providências sobre suas propriedades, foto do seu amigo Bijuja, uma reportagem da Revista Fatos & Fotos do dia 19 de dezembro de 1976, uma foto do ex-presidente no exílio que está disponível em alto relevo, além da certidão de óbito, lembrança do trigésimo dia da morte do presidente e também a lembrança

91 da missa de 1º mês do seu falecimento. O próximo áudio será a descrição da foto Jango no exílio que está no expositor, essa é a primeira foto. No canto de cada foto contém uma numeração que segue a sequência crescente, do menor para o maior. Vou descrever pausadamente para você poder tatear de forma mais confortável, solicite as fotos em alto relevo para a funcionária do museu. TÉCNICA

Som vai a BG e corta BIP Final

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BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG

Janine

Foto 1 Título: Foto Jango no Exílio- Faixa 13 Esta foto foi tirada em preto e branco. Jango está em um ambiente externo, de pé, com as mãos no bolso, posando para foto. Veste uma calça comprida e camisa de manga curta. Atrás dele, há um carro branco.

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Bobe trilha, vai a BG e corta BIP Final

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BIP INICIAL TÉCNICA Janine

Sobe trilha e vai a BG Título: Quadro A morte – Faixa 14 O quadro é impresso com aproximadamente dois metros. Nele constam algumas fotos com breves legendas, essas fotos estão disponíveis em alto relevo em cima do expositor de vidro. A seguir, vou descrever as fotos para você, elas já estão em ordem referente ao áudio e possuem uma numeração em braile no canto superior direito da foto. Sobe trilha, vai a BG e corta

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BIP Final BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG

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Foto 2 Título: Foto Faixa Jango – Faixa 15 Esta é a foto que representa as mais de 30 mil pessoas que acompanharam

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o velório de Jango em 1976. Tirada no dia 6 de dezembro de 1976, no cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja/RS. O caixão do ex-

93 Janine

presidente se encontra no meio da foto, cercado por várias pessoas. Em cima do caixão contém a bandeira do Brasil. Em cima algumas pessoas seguram uma faixa com a mensagem: Jango continuará conosco.

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BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG

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Foto 3 Foto Jango e Getúlio – Faixa 16 Na foto Jango está discursando no microfone com a mão para cima, ao seu lado esquerdo está Getúlio Vargas.

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94 TÉCNICA

BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG

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Foto 4 Foto Jango com Maria Thereza – Faixa 17 João Goulart está com a mão no rosto. Ao seu lado está com sua esposa, Maria Thereza dentro de um carro. O registro foi feito no dia que a mãe de Jango faleceu.

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BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG

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Foto 5 Foto Jango a caminho do exílio – Faixa 18 Jango está no banco de trás de um carro, olhando para fora. Na frente

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estão dois homens, o motorista e mais um, não identificados. EsTe momento foi registrado no dia 4 de abril de 1964, quando João Goulart seguia para o exilio no Uruguai.

95 Filho de Jango, João Vicente conta um pouco desse momento que viveu com sua família no Uruguai. “Em 1964, eu tinha 7 anos, quando se dá o golpe do Estado. Eu já era SONORA

filho de um ex-presidente da república, deposto por um golpe militar sanguinário que manteve o Brasil 21 anos sob a tutela da ditatura militar, que manteve o Brasil abaixo de tortura, de morte, de sacrifícios individuais, sequestros da pessoa humana, um país que fechou o congresso nacional, um país que não tinha abes corpus, foi assim que eu cresci, não como filho de presidente.” Sobe trilha, vai a BG e corta

TÉCNICA

BIP Final

BIP INICIAL Técnica

Sobe trilha e vai a BG Foto 6

Janine

Foto Jango Fumando – Faixa 19 Jango está em ambiente externo (que aparenta ser uma cafeteria), sentado e fumando. Veste uma camisa com gravata e por cima um paletó.

Atrás de

Jango há uma pessoa sentada de costas para ele e ao lado esquerdo da

96 foto há uma mulher com guarda chuva. Essa foto foi tirada no exílio de João Goulart, na Argentina. TÉCNICA

Sobe trilha, vai a BG e corta BIP Final

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BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG

Janine

Foto 7 Foto Velório – Faixa 20 Esta é a foto foi tirada no dia 6 de dezembro de 1976, no cemitério

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Jardim da Paz, na cidade de São Borja/RS. O caixão do ex-presidente se encontra no meio da foto, cercado por várias pessoas. O tumulo da Família Goulart tem três cruzes uma seguida da outra.

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BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG Título: O texto sobre a morte– Faixa 21 Continuando as informações expostas no quadro, além das fotos, há um texto onde Jango declara todo o seu sofrimento.

João Batista

“...Essa gente pensa que eu tenho medo. Medo de quê? Ninguém neste país sofreu mais pressões que eu. A primeira ação agressiva dos militares contra um homem público, aqui, foi contra mim. Eles redigiram um manifesto e me derrubaram do Ministério do Trabalho. Quando fui candidato à vice-presidência da República, o Ministro da Guerra falou pelo rádio no dia da eleição para dizer que não adiantava me reelegerem. Não tomaria posse. Quando o Presidente (Jânio Quadros) renunciou, os três ministros militares decidiram não me empossar. Foi preciso uma revolução, quase uma guerra civil, para que eu chegasse ao poder. Agora é esse barulho todo porque quero fazer reformas. Mas vou fazer mesmo. Não adianta. Não tenho medo. Não tenho medo nem de morrer.” Sobe trilha, vai a BG e corta

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BIP Final

98 TÉCNICA Janine

BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG Título: Dos dias no exílio – Faixa 22 João Goulart nasceu desenganado e precisou lutar para sobreviver. Segundo a história familiar, sua avó, Maria Tomazia Vasquez Marques era muito devota e fez uma oração pela vida do neto, que aos poucos foi recuperando a respiração e momentos depois chorava como qualquer outro Bebê. A sua próxima luta foi permanecer no Brasil e lutar por reformas no país. Mas infelizmente, devido ao golpe militar de 64 foi banido de sua casa, estado, nação. Jango nunca deixou de tentar retornar ao Brasil quando estava exilado no Uruguai. Mas a ditadura estava cada vez mais forte e o impedimento de voltar também. João Goulart comprou, em Montevideo, um hotel para ajudar todos os brasileiros exilados que procuravam emprego.

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Baixa trilha e vai em BG O neto de Jango, João Alexandre, conta um pouco da sua infância no exílio:

99 “Me criei no Uruguai, morei bastante tempo com a minha mãe. Morei em Montevideo e Monte Everest. Minha mãe é Uruguaia, meu pai é brasileiro e se conheceram naturalmente no exilio. Então, quando eu era criança não tinha muito conhecimento das coisas. Logo, depois com a maturidade fui SONORA

entendendo, me aprofundando mais no assunto e naturalmente conhecendo a vida do meu avô. Que até então desconhecia. Na adolescência fui absorvendo mais o que o meu pai dizia sobre o meu avô, quem era o presidente João Goulart, de onde ele veio.”

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Sobe trilha e vai em bg

Janine

Em 1973, o Uruguai sofreu um golpe militar e para proteger sua família, Jango se muda para Buenos Aires, na Argentina. João Goulart permaneceu na capital argentina até o golpe de 1976, quando se muda para o interior do país em busca de segurança. Jango sofre um ataque cardíaco e morre às duas e meia da madrugada, do dia 6 de dezembro de mil novecentos e setenta e seis, na cidade de Mercedes, na Argentina. O Governo brasileiro não declarou luto oficial, mas permitiu que o corpo do ex-presidente retornasse para o Brasil, para ser sepultado em São Borja. Cerca de 30 mil pessoas se despediram de João Goulart.

100 Ramão Aguilar foi no velório de Jango e conta emocionado como foi SONORA

“Era voz corrente na cidade, todo mundo comentava, Dr. Jango morreu. No dia seguinte, conseguiram a liberação e o corpo foi trazido para São Borja, por Uruguaiana, passando pela ponte internacional de Uruguaiana....”

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BIP INICIAL Sobe trilha e vai a BG Título: Armas e relíquias – Faixa 23

Janine

Do outro lado da parede, de frente para o quadro impresso, há um expositor de vidro com a coleção particular das armas de Jango. Apoiado no chão há mais dois expositores de vidro. No mais alto está um pedaço do caixão de Jango, uma argola e uma cruz. Todos esses objetos podem ser tocados com a utilização de uma luva, para ter acesso às peças solicite ajuda à funcionária do museu.

101 Já, no outro expositor, há mais um pedaço do caixão e a bandeira do Brasil. Sobe trilha, vai a BG e corta BIP Final TÉCNICA ROTEIRO Créditos Locução: Janine Motta 123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012 TÉCNICA

BIP inicial Sobe trilha e vai a BG Créditos:

Janine

Programa televisivo: Over Fashion Site do PTB Canais do Youtube: Eduardo Oliveira Bernardo Smhith

102 Mídia Net Br História do Brasil Colaboradores Universidade Federal do Pampa Prefeitura Municipal de São Borja Instituto João Goulart Família Goulart Associação dos Deficientes visuais e amigos de São Borja - Adevasb Casa Memorial João Goulart Cristiele Lopes Eduardo Martinez Felipe Mianes João Batista Correa Luciane Molinos Mariah Smicht Maicon Lenon Melina Cardoso Phillipp Gripp Tabita Strassburger Viviane Sarraf

103 Narração: Janine Motta e João Batista Correa Audiodescrição Jornalística é um produto de Trabalho de conclusão de curso de Jornalismo da Universidade Federal do Pampa, realizado por Janine Motta, sob a supervisão e orientação do professor Marco Bonito. São Borja-2015. TÉCNICA

Sobe Trilha e vai a BG/Corta BIP Final

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