UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Departamento de Parasitologia e Microbiologia
PARASITOLOGIA GERAL
Profª Drª Daniela Reis Joaquim de Freitas
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Parte 1 Sistemática
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
Taxonomia ou Sistemática é o ramo das ciências naturais que se ocupa com a classificação dos organismos.
Existe uma Taxonomia Animal e uma Taxonomia Vegetal (cada uma com seus princípios e regras particulares).
“Taxis” do grego → ordenamento “Nomos” do grego → norma
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS Aristóteles:
Fez uma das primeiras classificações.
* Animais de sangue quente * Animais de sangue frio Platão:
Classificou vegetais quanto ao tamanho. * Gramíneas
* Ervas
* Arbustos
* Árvores
OBS: Ambas são classificações artificiais pois, observam apenas um critério de classificação escolhido aleatoriamente.
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS Histórico
•
John Ray (1627 - 1705) → Foi o primeiro a desenvolver um conceito moderno de espécie
•
Karl von Linné (1707 – 1787) → Lançou as
bases da classificação biológica em sua obra “Sistema Naturae”. - estabeleceu a nomemclatura binomial para espécie.
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
O trabalho classificatório processa-se em 2 etapas:
•
Trabalho analítico → Descrição do organismo (estabelecimento da espécie).
•
Trabalho sintético → Formação (categorias taxonômicas).
de
grupos
mais
amplos
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS Whittaker (1969): 5 reinos, divididos principalmente pelas características morfológicas e fisiológicas:
Monera: Procariotos Protista: Eucariotos unicelulares - Protozoários (sem parede celular) e Algas (com parede celular) Fungi: Eucariotos aclorofilados Plantae: Vegetais Animalia: Animais
É a classificação ainda mais aceita
No entanto, a partir dos estudos de C. Woese (1977) sistema de classificação baseado principalmente em aspectos evolutivos (filogenética), a partir da comparação das sequências de rRNA de diferentes organismos. Com esta nova proposta de classificação, os organismos são agora subdividos em 3 domínios (contendo os 5 reinos), empregando-se dados associados ao caráter evolutivo.
Archea Domínios
Bacteria Eukarya
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
Categorias taxonômicas
•
Obrigatórias → Espécie.
•
Facultativas → Subphylum, Superclasse, Subclasse, Infraclasse, Coorte, Superordem, Subordem, Infraordem, Superfamília, Tribo, Subtribo, Subgênero, Subespécie.
Phylum, Classe, Ordem, Família, Gênero e
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
O procedimento biológico classificatório obedece aos seguintes parâmetros:
•
Observações empíricas
•
Observações biológicas
•
Observações genéticas
EVOLUÇÃO E SISTEMÁTICA A EVOLUÇÃO sistemática é a área da Biologia que se preocupa principalmente em compreender a filogenia: filogenia que é a história evolutiva das espécies de seres vivos. Sistemática evolutiva X sistemática filogenética ou cladística: • Diferem nos critérios para se definir os táxons: a filogenética usa apenas as novidades evolutivas para formar grupos e há um método para se testar hipóteses de parentesco. A cladística foi introduzida a partir da divulgação dos trabalhos de Willi Hennig, em 1966.
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA OU CLADÍSTICA Entende-se que a diversidade de seres vivos é resultante de processos evolutivos e que esses processos ocorrem por anagênese e por cladogênese.
As relações evolutivas entre os seres vivos são representadas por diagramas denominados cladogramas (clado = ramo), em que se destacam os pontos onde ocorreram os eventos cladogenéticos e se considera a anagênese como processo que origina as novidades evolutivas.
A filogenia só pode ser reconstruída com base em caracteres derivados compartilhados.
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA OU CLADÍSTICA
Anagênese: processo pelo qual um caráter surge ou se modifica numa população ao longo do tempo, sendo responsável pelas novidades evolutivas.
Cladogênese: processo responsável pela ruptura da coesão inicial numa população, gerando duas ou mais populações que não mais se comunicam.
ÁRVORE FILOGENÉTICA DA VIDA
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
1758 (Sistema Naturae) → Lançou as bases da moderna nomenclatura zoológica.
1898 (Congresso Internacional de Zoologia) → Criação do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica.
1901 → Entraram em vigor as normas do Cód. Intern. de Nomencl. Zool.
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS ♦ Algumas das principais regras de nomenclatura zoológica:
Os nomes científicos devem ser escritos com raízes gregas ou latinas (ou, na falta delas, com palavras latinizadas).
* Anthropoidea (gr.: anthropus → homem) * Marsupialia (lat.: marsupium → bolsa) * Homo (lat.: homo → homem)
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
Nomes geográficos são nomes próprios e, portanto, não aceitam traduções, devendo ser latinizados na declinação neutra (“us” ou “is”).
* Australopithecus afarensis * Mesosaurus brasiliensis * Australopithecus africanus
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
Nomes patronímios são nomes próprios e, portanto, não aceitam traduções, devendo ser latinizados na declinação masculina (“i”) ou na feminina (“ae”).
* Paranthropus boisei → du Bois * Latimeria chulmanae → Chulmann * Carodinia vieirai → Vieira * Ramapithecus nyanzae → Nyanz
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
A nomenclatura estrutura-se a partir do nome da espécie, formado pelo nome “genérico” e “específico”.
* Homo habilis
Numa publicação científica, deve-se acrescentar o nome do autor, uma vírgula e o ano da publicação.
* Parapanochthus jaguaribensis Moreira, 1971
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS A nomenclatura da subespécie é tri nominal (nome genérico + nome específico + nome subespecífico).
* Homo sapiens neanderthalensis
A nomenclatura do subgênero é tri nominal (nome genérico + nome subgenérico + nome específico).
* Australopithecus (Plesianthropus) transvalensis
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
Os nomes empregados para denominar as categorias taxonômicas de gênero para cima são sempre uninominais (escritas com inicial maiúscula).
* Gorilla * Perissodactyla * Canidae * Mollusca
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
Lei
da
Tautonomia
→
Os
nomes
específico,
genérico,
subespecífico e subgenérico (na composição do nome) podem ser repetidos.
* Gorilla gorilla * Smilodon populator populator * Rattus rattus * Paranthropus robustus robustus
■ A TAXONOMIA E A NOMENCLATURA EM ANIMAIS
Alguns nomes devem ser escritos com terminações fixas:
* Tribo → ini (Hominini) * Subfamília → inae (Homininae) * Familia → idea (Hominidae) * Superfamília → oidea (Hominoidea) * Subordem → ina/dina (Hominina)
ALGORITMO EVOLUTIVO PARA FILOGENIA Problema de determinação de árvores filogenéticas Encontrar a melhor árvore que melhor descreve a relação entre um conjunto de objetos (espécies ou táxons)
Cenoura
Baleia
Chimpanzé
Humano
ALGORITMO EVOLUTIVO PARA FILOGENIA Táxons e Explosão Combinatorial
Alguns Algoritmos de Busca
Branch and Bound
Branch Swapping
testa todas possibilidades minimizando os caminhos da raiz às folhas
Restrutura a árvore obtida procurando uma melhor (podas e enxertos)
Divide and Conquer
Divide n táxons em subconjuntos (subproblemas) Si
Encontra as melhores sub-árvores por Si e as combina em uma
Algoritmo Evolutivo para Filogenia Exemplo Pai2 Pai1 S2 S1 A
B
C
D
C
D
A
E
F
G
F
B
Pai1
S2
Podar C
A F
B
D
E
E F
G
G
FIM DA PARTE 1
Parte 2
Reino Protista Sub-reino Protozoa
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Protozoários – dentro de sub-reino Protozoa, Reino Protista Origem polifilética Organização eucariota e nutrição holozóica Protozoários de vida livre podem ser vistos a olho nu
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Formas parasitas podem ter 2-4 m; > 100 mm os maiores Maioria mede entre 5 e 25 m Forma corporal variada – dependente entre outras coisas da camada celular que protege e limita o corpo. Membrana plasmática simples – forma alternante ou amebóide
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Estruturas associadas a membrana plasmática confere rigidez corporal – forma constante e definida
Ciclo de vida de muitos parasitas mostram uma forma corporal alternante (trofozoítos, formas císticas, formas sexuadas ou gaméticas, estágios multiplicativos (esquizontes) ou subseqüentes a um processo sexuado (esporontes)
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Complexidade estrutural: organelas
1. Membrana e película Membrana plasmática trilaminar – lipídeo, proteína, lipídeo confere proteção Permite alimentação por fago e pinocitose Película é mais resistente que MP, surge sob a MP
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
2. Citoplasma Matriz citoplasmática constituída de grânulos e filamentos suspensos Endoplasma: interno, contém núcleo e organelas; em forma de sol Ectoplasma: externo, aspecto hialino, em forma de gel No ectoplasma estão mergulhados os microtúbulos sub-peculiares (resistência e locomoção)
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Apresentam ainda: Mitocôndrias Microssomos RE liso e rugoso Ribossomos Núcleo – micro e macronúcleos
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Microtúbulos e organelas de sustentação Axostilo Costa Fibrilas Funis Anéis polares
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Organelas relacionadas à nutrição: pseudópodes e citóstoma
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Organelas de função cinética Pseudópodes Flagelo Cílios Microtúbulos sub-peculiares (movimento deslizante)
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Habitats Extracelulares – trechos do sistema digestório; maioria são de habitat entérico
Sistema circulatório é um dos habitats mais importantes (tripanossomas no plasma e Plasmodium nas células circulantes.
Vida livre: ambiente úmido - Volvox
CARACTERÍSTICAS, TAMANHO, FORMA E COMPLEXIDADE ESTRUTURAL
Alimentação Euglena: autotrófica
Fagocitose e pinocitose
Fim da segunda parte