Aula de discussão de \"A Sociedade Feudal\", de Marc Bloch. História Medieval. UFU, 2016.

Discussão de Marc Bloch – A Sociedade Feudal Capítulos selecionados: Introdução; Condições Materiais e Tonalidade Econômica; A Feudalidade como Tipo Social; Prolongamentos da Feudalidade Europeia. © Guilherme Amaral Luz, 2016.

Até o séc. XVII (Richelet)

Valor Jurídico (palaciano) – modo de posse dos bens reais; encargos próprios

(Boulainevilliers) Classificação Histórica. Apologia da Nobreza. Século XVIII – Singularidade mais impressionante: fragmentação da soberania. Montesquieu e Revolução Francesa.

Feudalismo

Atualmente

Sociedade Feudal como conjunto que vai além do “feudo propriamente dito”.

Potencialidade do Conceito

Questões quanto ao uso de Feudalismo para Civilizações fora da Europa

Classificação Históricojurídica. Sentido pejorativo das Leis Feudais. “Antigo Regime”

“A civilização antiga centrava-se ao redor do Mediterrâneo”.

“Primeiro, foram as invasões dos Germanos” Sécs. III - VI

“Depois, as conquistas muçulmanas” Séculos VII a IX

Feixe romanogermânico limitado por três blocos: maometano, bizantino e eslavo. “A Europa foi uma criação da alta Idade Média. Já existia quando se iniciam para ela os tempos feudais propriamente ditos.”

“Entre o Tirreno, o Adriático, o Elba e o Oceano”.

A Sociedade Feudal • Sociedade Feudal / Feudalismo como “estrutura social” e suas conexões. “Quais foram as singularidades que mereceram a este fragmento do passado ter sido destacado dos seus vizinhos?” • Divisão da investigação: “condições gerais do meio social”, “constituição dos laços de dependência de homem para homem”, “desenvolvimento das classes e a organização dos governos”.

Duas Idades Feudais: traços comuns e características diferentes Século IX ao XI (o “Românico”)

Primeira Idade Feudal

Séculos XI ao XIII (o “Gótico”)

Descida da curva demográfica; ausência de densidade; dispersão; sobreposição da natureza.

Movimento de povoamento e alargamento das zonas de cultivo; aproximação dos grupos humanos; redução das distâncias.

Comunicações difíceis e inseguras; predomínio do mar; “nomadismo”; flexibilidade de itinerários; lentidão; casualidade dos encontros.

Aperfeiçoamento do transporte, do tráfico e do comércio; consolidação de podres (burguesias urbanas, realezas e principados); maior ligação com outras Civilizações; revitalização das rotas do Mediterrâneo.

Comércio enfraquecido; balança deficitária do Ocidente; sangria e anarquia monetária; irregularidade das trocas; lugar premente dos serviços; papel reduzido dos salários nos laços humanos.

Expansão dos negócios (Veneza – Bruges); reequilíbrio da balança comercial (Ocidente exportador de manufaturas); Expansão dos tecidos (norte da Europa); desafogo monetário; revisão dos valores sociais e novas modalidades de remuneração.

Segunda Idade Feudal (Revolução Econômica) – Constituição de corrente poderosa de relações mundiais.

Características centrais da Sociedade Feudal Europeia • “A feudalidade europeia... supunha um profundo abrandamento da vida de relação, uma circulação monetária que demasiado atrofiada não permitia um funcionalismo assalariado, uma mentalidade ligada ao sensível e ao próximo”.

• “Na sociedade feudal, o vínculo humano característico foi o elo entre o subordinado e o chefe mais próximo. De escalão em escalão, os nós assim formados unia, tal como se se tratasse de cadeias infinitamente ramificadas, os mais pequenos aos maiores”.

Síntese da Feudalidade Europeia: • “Sujeição rústica; em lugar do salário, geralmente impassível, o largo uso da tenure-serviço, que, no seu sentido exacto, é o feudo; supremacia duma classe de guerreiros especializados; vínculos de obediência e de proteção que uniam o homem e, nesta classe guerreira, revestem a forma particularmente pura da vassalagem; fraccionamento dos poderes, gerador da desordem; no meio de tudo isso, no entanto, a sobrevivência doutros modos de agrupamento, parentela e Estado, devendo este, durante a segunda idade feudal, retomar um novo vigor: parecem ser estes os traços fundamentais da feudalidade europeia”.

Comparação – Japão Feudal (séc. XI) • Bloch não o nomeia assim, mas trata-se do “Periodo Heian” da história Japonesa, que vai do final do século VIII ao final do século XII. • Características principais: predomínio político do Clã Fujiwara, que dominaria os cargos de Sekkan (regentes auxiliares do Imperador); expansão do budismo via contatos com a China; ascensão da classe dos Samurai (elite militar leal aos senhores e que seguia um código ético de honra nomeado Bushido). • Período de enfraquecimento comercial do Japão; poder político e econômico associado ao controle das terras de produção de arroz (fonte de poder do Clã Fujiwara); declínio monetário (arroz passa a ser utilizado como moeda de troca); concentração da terra nas mãos de poucos clãs em grande propriedades rurais nomeadas Shoen, que funcionavam quase como Estados autônomos.

“A feudalidade não foi ‘um acontecimento que teve lugar uma só vez no mundo’. Tal como a Europa – ainda que com as inevitáveis e profundas diferenças – O Japão atravessou esta fase.” • “Abrandamento das trocas econômicas”; • “Monarquia (...) subsistiu, em direito, como sendo a fonte teórica de todo o poder”. No entanto: “a divisão dos direitos de comando (...) apresentou-se oficialmente como uma sucessão de usurpações ao Estado”; • “Acima do campesinato, elevara-se uma classe de guerreiros profissionais”. Desenvolvimento de dependências pessoais e de laços rigorosos de vassalagem; • Senhorios fortes (dos Shoen) e expansão dos templos (budistas).

Prolongamentos da Feudalidade Europeia

Sobrevivência do Regime senhorial, das obrigações vassálicas e feudais, recriação de ordens de cavalaria, rituais de compromisso e de recomendação.

Simbolização Militar da nobreza, sentimento de supremacia moral do guerreiro.

Noção de Chefe como responsável pelo bem estar dos súditos; mito da realiza sobrenatural e sagrada; direito de resistência (à tirania).