AUTORIA E COOPERAÇÃO NA FORMAÇÃO CRÍTICA NAS REDES SOCIAIS E ESCOLA

June 8, 2017 | Autor: A. da Cunha | Categoria: Analise de Redes Sociais
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AUTORIA E COOPERAÇÃO NA FORMAÇÃO CRÍTICA NAS REDES SOCIAIS E ESCOLA¹

Arisnaldo Adriano da Cunha²

Resumo: Este artigo apresenta um modelo de investigação que permite analisar como as redes sociais podem contribuir para a formação crítica na web no contexto escolar. Consiste em uma metodologia de pesquisa cuja finalidade é demonstrar a partir de conceitos, indicadores e métricas a presença de autoria e cooperação na produção e publicação de conteúdos para a análise de conteúdo das trocas comunicativas entre alunos e professores no grupo fechado criado no Facebook Defendemos a hipótese que a Web, em si, pode promover a educação emancipadora que desejamos, como um espaço livre apropriado criticamente e criativamente por sujeitos autônomos. A aprendizagem seria, portanto, um exercício de autoria e cooperação, onde professores e alunos aprendem trabalhando em conjunto, colaborando e cooperando uns com os outros através da interação, o que é potencializado principalmente pelas redes sociais.

Palavras chaves: redes sociais, autoria e cooperação, pensamento crítico, web.

Introdução
A sociedade mudou e os alunos de hoje não são mais como de outrora. Nos deparamos com jovens e adolescentes "indisciplinados", apáticos, sem interesse de ouvir a récita do professor na sala de aula. Porém, quando "conectados", mostram-se ativos, criativos, empolgados, se comunicando, produzindo e compartilhando conteúdos. Bloquear Facebook, limitar sinal de internet, têm sido iniciativas de algumas escolas, em nome da qualidade da educação, que é entendida apenas em preparar alunos para dar boas respostas para melhorar índices do IDEB. Qual seria o papel da escola diante deste cenário?
As redes sociais na web têm sido a "onda" da vez, principalmente entre os jovens, provocando mudanças nas formas de fazer política, publicidade, notícias, TV, religião e de se relacionar. Estariam as pessoas como "zumbis" na era digital? Teriam perdido sua capacidade de reflexão, de organização e mobilização? "Acontecimentos como "Primavera Árabe"," movimento "vem pra rua" em 2013, e a ocupação das escolas de São Paulo por
estudantes recentemente, nos fazem pensar que os espaços públicos para debate democrático e também de aprendizagem são híbridos, possibilitando protagonismo.
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¹ Artigo para a disciplina - Espaços de formação para a cidadania na cultura digital – Profª Drª Andrea Brandão Lapa - Programa de Pós-Graduação em Educação/UFSC – CED, entregue dia 15/12/2015.
² Mestrando em Educação/Programa de Pós-Graduação em Educação/UFSC – CED.
estudantes recentemente, nos fazem pensar que os espaços públicos para debate democrático e também de aprendizagem são híbridos, possibilitando protagonismo.
Muitos desafios que se impõe à escola não são novos: uma formação crítica, para a cidadania, autonomia, emancipação e empoderamento dos sujeitos. Paulo Freire já defendia
esta educação antes da era digital. O contexto da comunicação digital pode catalisar e potencializar estas mudanças recorrentes, provocando nos indivíduos se tornarem sujeitos autores, através da politização, do diálogo, dissenso que instiga o debate democrático, como
aquele capaz de agir para transformar (JUNIOR, 2010). O principal desafio que se apresenta
à escola é não ser apenas repassadora de conteúdos, mas descobrir brechas de possibilidades para subverter o molde de reprodução.
Independente da utilização de tecnologias na escola, defendemos uma educação de qualidade, que passa pelo aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico de cidadãos atuantes na transformação social (LDB,1996). Nesta circunstância, a autoria e a cooperação são fatores, elementos que possibilitam a formação do pensamento crítico, e que podem ser identificados nas redes sociais informalmente e naturalmente.
Problematizamos como as redes sociais na web podem ser espaços de autoria e cooperação e contribuir para a formação do pensamento crítico e uma educação emancipadora no contexto escolar formal e presencial?
Partimos da hipótese que a inserção de intervenções pedagógicas adequadas com a mediação do professor, aliadas ao uso crítico e criativo de rede social como Facebook ou/e outros, poderão contribuir significativamente para a construção do conhecimento científico e a formação de sujeitos autônomos e críticos, refletindo, curtindo e comentando o que os colegas vão compartilhando, desafiando a escola a planejar coletivamente.
O objetivo principal deste artigo, portanto, é apresentar um modelo de investigação que permita analisar como as redes sociais na web podem contribuir para a formação do pensamento crítico a partir de fatores como a autoria e cooperação no contexto escolar. Apresentar uma metodologia de pesquisa, a partir de conceitos, indicadores e métricas, que possa auxiliar os professores na utilização da internet como fonte de pesquisa, produção e compartilhamento de conhecimento e cultura. Oferecer subsídios para a discussão de práticas e formas de estudo.
1. As Redes Sociais e a formação crítica na web

A internet para Castells (2003) transforma o modo como nos comunicamos, e por outro lado ao usá-la de diversas maneiras, nós a transformamos com impactos sobre diversas esferas da vida humana, reconstruindo o padrão da interação social. A novidade, é que sem depender das organizações, a sociedade tem a capacidade de se organizar, debater e intervir no espaço público, que se articula na intersecção entre o físico e o virtual. A virtualidade faz parte essencial de nossas vidas. Não podemos pensar em nossas vidas fora da rede (CASTELLS,2013).
Na opinião de Silveira (2008), Fantin e Rivortella (2010) a arquitetura de rede da internet e a comunicação digital, multidiracional, multitelas, portabilidade e elevada interatividade, favoreceram a perda da centralidade da TV, pela centralidade dos sujeitos, que se tornam protagonistas de um cenário social e cultural, ampliando o potencial dos cidadãos de articular a resistência ao poder a partir do espaço público.
Exemplos como "Primavera Árabe", manifestações na Grécia, e movimentos de junho de 2013 no Brasil, têm demonstrado que a internet, principalmente as redes sociais, mais do que entretenimento e discurso de ódio, racismo e preconceitos, podem ser espaços para formação de identidades, cidadania, democracia e pensamento crítico através de organizações de movimentos sociais, exposição de outras fontes de informações e redes de solidariedade. Segundo Oliveira e Feldens (2014), estes movimentos funcionam como um ethos pedagógico, através da desterritorialização e reterritorialização das aprendizagens.
Ou seja, atuamos em espaços híbridos onde online e off-line se complementam e as redes sociais como espaços sociais de ação política democrática, podem contribuir para a formação crítica de sujeitos, podendo também estar presentes em uma educação que vise ser emancipadora, ajudando professores a experimentar uma apropriação crítica e criativa das redes sociais da Internet em suas práticas na educação formal (LAPA et al., 2015).
Como espaço educador, as redes sociais podem possibilitar ao aluno, sair da condição de ouvinte para sujeito, a partir da disponibilidade de materiais multimídia, maior acesso a várias fontes de pesquisa e informações, potencializando mudanças nas formas de comunicação e metodologias de aprendizagem na sala de aula, através da mediação do professor e do incentivo ao questionamento, reflexão e pesquisa.
Por outro lado as redes sociais da web podem ser alienantes, por provocar "distração", "consumindo" a vida alheia. E por não possuir em geral o caráter informativo de jornais ou sites, recebendo opiniões já formadas, impossibilita uma crítica mais consistente sobre o acontecimento visto de maneira imparcial, possibilitando que o indivíduo fica indiferente aos acontecimentos da sociedade em que ele vive.
Se faz necessária a mediação crítica do professor, que na opinião de Moran (2007), ajudará a questionar, a procurar novos ângulos, a relativar dados, a tirar conclusões, habilidades diante do acesso diversificado às informações sobre os fenômenos do mundo. E para a formação crítica, da ética, da cidadania e do discernimento capaz de lhe conferir autonomia e protagonismo enquanto sujeito (JUVENTUDE CONECTADA, 2014).
A formação crítica vai além de acumular o saber, mas uma aptidão geral para colocar e tratar os problemas, princípios organizadores que permitem ligar os saberes e lhes dar sentido (MORIN,2010). Para Lapa (2013) esta formação deve ir além da reflexão crítica, para uma ação política através de um projeto emancipatório que possibilite transformação. Neste sentido, conforme Giroux (1997, p.161) os professores devem ser vistos como intelectuais transformadores, profissionais reflexivos, com uma dedicação especial aos valores do intelecto e ao fomento da capacidade crítica dos jovens.
A formação crítica para Dalri;Junckes (2003,p.27-28) deve passar por cinco principais habilidades a serem desenvolvidas:

Investigação (formular problemas, hipóteses, medir e avaliar); raciocínio (inferir com argumentação lógica); conceituação (organização de informações); tradução (interpretação crítica, perceber implicações).

O grande desafio seria, agora, fazer uso das tecnologias dentro de uma mentalidade questionadora e crítica. Para Buckingham (2010, p.112) a crescente convergência da mídia atual significa que precisamos abordar as habilidades e competências, os múltiplos letramentos, demandados pelos conjuntos de formas contemporâneas de comunicação. Uma pedagogia nesta direção seria uma possibilidade prática de que os alunos se transformem em criadores de sentidos, entendendo como diferentes tipos de texto e de tecnologias operam, sendo analistas críticos na recepção e na produção e transformadores, usando o que foi aprendido de novos modos (ROJO;MOURA,2012).
Diante destas contribuições, entendemos que sujeito crítico é aquele que questiona, problematiza, constrói suas próprias ideias e contextualiza, tornando-se autor de seu processo de aprendizagem colaborando e cooperando, tornando-se um cidadão comprometido na transformação de sua realidade. Portanto, para a formação crítica de sujeitos na cultura digital, destacamos dois elementos fundamentais: a autoria e a cooperação.

2. Autoria e cooperação como fatores relevantes para a formação crítica

Nossos jovens estudantes, alienados ou críticos, estão nas redes sociais como autores, coautores e colaboradores, de forma natural e informal, produzindo, remixando, colaborando e compartilhando conteúdos.
A autoria estaria na ação do público não ser mais visto como mero consumidor de mensagens preconcebidas e sim como agente criador de valor e significado, pois ele escolhe, compartilha, reconfigura e remixa conteúdos de mídia (JENKINS; GREEN; FORD, 2014). Para Silva (2006), autoria está na qualidade e quantidade de interações, na expressão e confrontação, na co-autoria, co-criação; participar, compartilhar, modificar, construir, aumentar; a possibilidade de agir - interferir no programa e/ ou conteúdo.
No mundo da web 2.0, com a escrita colaborativa, a remixagem e circulação em rede de diferentes textos, a noção de autor como criador originário é deslocada. "O nascimento do leitor como sujeito engajado, com mais possibilidades de leituras, debates e produções que podem promover o seu protagonismo"(ROJO,2013,p.84). Isto é, a ideia do leitor como co-autor. Portanto, no contexto de sala de aula, para Demo (2012,p.3) "não adianta, pois, decorar conteúdos. Urge saber reconstruí-los interminavelmente. A cidadania que se acentua agora é aquela que sabe pensar, bem informada, capaz de produção própria de conhecimento, autora."
Para Dalri e Junckes (2003) a autoria estaria em incentivar os alunos a construírem suas próprias ideias e reformularem-nas a partir das ideias dos outros, falarem uns com os outros e ouvirem o que os colegas dizem. Buscarem razões para justificar suas próprias crenças e manifestarem o que pensam, incentivando o professor a não monopolizar o diálogo falando excessivamente.
A aprendizagem seria, portanto, um exercício de autoria e cooperação, onde professores e alunos aprendem trabalhando em conjunto, colaborando e cooperando uns com os outros através da interação, o que é potencializado principalmente pelas redes sociais. Para Pretto (2013, p. 20) "mais do que estar e participar da rede online, é trazer este diálogo, esta troca, descentralização de contatos, para o off-line". As redes sociais não são opostas à sala de aula, porque a aprendizagem em rede acontecerá neste espaço também.
As teorias construtivistas, na visão de Mattar (2013), são as que mais teriam influenciado a aprendizagem mediada pela tecnologia: centrada no aluno, como processo ativo, e não passivo; o contexto, a linguagem e outras ferramentas sociais na construção do conhecimento. Para Demo (2012,p.6), a proposta de centrar no aluno implica focar na construção própria de conhecimento e controle próprio do processo de aprendizagem, valorizando a experiência anterior para reconstruí-la.
A aprendizagem cooperativa ocorre quando a aquisição de competências e de conhecimentos é resultado da integração (ou interiorização) de um ponto de vista de outrem, em um grupo de pares, no qual cada participante pode desenvolver competências individuais que não tinha no início. Projetos coletivos de trabalho ou de aprendizagem, realizados em ambientes computacionais, são meios adequados para desenvolver atividades cooperativas ou colaborativas mediadas pelas tecnologias (BELLONI; GOMES, 2008).
Este processo de interação em atividades em pequenos grupos, por exemplo, ajuda no desenvolvimento de habilidades de pensamento elaboradas e aumenta as habilidades individuais para o uso do conhecimento, a reflexão do aluno sobre suas próprias crenças e processos mentais, e estimulam sujeitos em grupos a construírem conhecimento e solucionarem problemas em comum (TORRES,2014).
Observa-se, portanto na cooperação uma importante habilidade para uma educação de qualidade, no aprender fazendo com os outros, dividindo tarefas com objetivos comuns, não somente no chão da escola, mas para uma sociedade mais ética e humanitária. Cooperação, implica em compartilhar conhecimentos, possibilitando a contribuição individual para a construção coletiva. Neste contexto, a questão do consenso é fundamental, uma vez que o grupo necessita acordar sobre a forma de registro de suas ideias, sejam elas divergentes ou não (SILVA, 2000).
Nesta perspectiva a autoria é construída na cooperação, no coletivo, na troca, no diálogo, na participação conjunta, porque a aprendizagem é um processo de construção do discente que elabora os saberes através das interações com os outros. Nesta interação o aluno não está mais reduzido a olhar, ouvir, copiar e prestar contas, mas cria, modifica, constrói, aumenta, torna-se co-autor (SILVA, 2006). 
Pesquisas têm utilizado os termos cooperação e colaboração como sinônimos. Porém, cada um deles, ao longo dos anos, desenvolveu distinções próprias e diferentes práticas em sala de aula. Porém, para este trabalho, assumiremos a cooperação, que para Belloni e Gomes (2008), vai além da colaboração, pois existe colaboração mesmo quando não há compromisso com a realização de um projeto.
A diferença da cooperação está quando há uma divisão de funções e tarefas entre os integrantes do grupo ou equipe de trabalho, na busca de um objetivo comum, e para isso é necessário a colaboração entre os integrantes e com o professor, através do consenso e ajuda mútua.
Vimos, portanto, que na web 2.0, especificamente nas redes sociais, podemos identificar elementos que indicam atitudes de autoria e cooperação. Fatores estes, que já se fazem presentes de forma livre e criativa na rede, proporcionando o empoderamento dos cidadãos, isto é: a capacidade para acessar informações e recursos, influenciar os problemas políticos que lhe dizem respeito, ampliar a confiança e a autonomia para fazer escolhas livres e significativas, traduzindo-as em ações e resultados que afetam suas vidas e da comunidade em que vivem (FORTUNATI, 2014 apud LAPA et al., 2015). E que podem estar presentes também no contexto escolar.
Mas como no espaço resistente da escola, onde na maioria das vezes o professor "expõe, explica e interroga", e os estudantes "devem escutar, compreender e responder", estas atitudes de fato podem se tornar presentes no currículo?

3. E a Escola?
Segundo Quartiero (2007) a inovação tecnológica está sendo introduzida sem que haja mudanças na organização curricular da escola, com a falta de clareza de entendimento do porquê informatizar a escola. Com o digital passando a permear todas as atuais tecnologias, deixou de fazer sentido colocar a ênfase no computador e no caráter instrumental da utilização das tecnologias como recursos pedagógicos, frustrando algumas expectativas mais otimistas. Muitos pesquisadores já afirmam que o modelo da escola atual precisa ser reformulado.
A "crise" e/ou descompasso da escola, apontados por Martin-Barbero (2004) e Sibilia (2012) consiste no distanciamento entre a cultura dos alunos e a que ensinam seus professores. Qual seria a função da escola?
Escola, conforme Martin-Barbero (2004, p. 352) tem como função formar recursos humanos, formar cidadãos e desenvolver sujeitos autônomos. O aluno nem precisa ir à escola para buscar informações. Mas, para interpretá-las, relacioná-las hierarquiza-las, contextualizá-las, só as tecnologias não são suficientes (MORAN,2007,P52). Não se trata de educar só pela internet, mas de uma educação que forme pessoas com capacidade mental autônoma de processar informação e aplicá-la a cada tarefa e projeto de vida (CASTELLS,2003).
O principal desafio que se apresenta é não ser apenas repassadora de conteúdos, sem "embarcar na pedagogia no equipamento, mas se constituírem em equipamentos de produção de conhecimentos e de culturas e não em meros reprodutores" (PRETTO,2013,p.35). Isto quer dizer que na perspectiva da "filosofia hacker" o universo da sala de aula pode ser ampliado, estimulando alunos e professores a produzirem bens culturais (como fotografias, músicas, programas de rádio, filmes e vídeos) articulando-os com seu contexto social e cultural, disponibilizando-os de forma livre e aberta na rede internet, visando a sua apropriação coletiva (PRETTO,2013).
Pensar uma educação de qualidade na web 2.0 na perspectiva cibercriticista de Rüdiger (2011) e da mídia-educação de Belloni (2011) e Lapa (2013), é incorporar tecnologias na escola além da instrumentalização, como espaço para a formação crítica dos sujeitos com potencial para a transformação social, a cidadania e a emancipação, através da ação coletiva e política. Que tenha consciência que as TIC (tecnologias de informação e comunicação) não são uma maravilha que vão resolver todos os problemas, como os tecnófilos defendem, que têm determinações impressas nela desde a sua concepção, mas que os homens podem impregnar nelas valores próprios, isto é, podem se apropriar segundo interesses e objetivos que são outros, subvertendo a ordem programada da técnica (MACHADO,2004).
Perceber que o contexto e a cultura são outros, demandando outras formas de ensinar e aprender, de pensar e se comunicar, que permite integração e protagonismo, para além de desenvolver a capacidade de ler e escrever, repetindo e reproduzindo conteúdos. Mas, desenvolvendo competências e saberes para contextualizar, problematizar, a partir de situações problema, resolvendo desafios, incentivando alunos e professores a tornarem-se autores e coautores, integrando os espaços da web e da escola como ambientes de aprendizagem.
Temos, portanto uma pressão do mercado que nos obriga a consumir, alunos utilizando artefatos digitais e uma educação que não avança e uma escola que resiste às tecnologias. Entendemos que isto não é em todo ruim, porque podemos transformar a escola. Acreditamos que esta transformação tem início dentro da escola, através de projetos e intervenções planejados coletivamente, que incentivem alunos, professores e gestão escolar a serem sujeitos autores, protagonistas, superando a cultura de reprodução.
E o legado político e pedagógico das ocupações das escolas de São Paulo recentemente? Segundo educadores, certamente é um "divisor de águas", ou seja, é provável que as escolas e a comunidade após ocupação não serão mais as mesmas. A mensagem que fica "é que esses estudantes têm projeção de vida, desejos próprios e condições de intervir na sua realidade, vencendo todo o aparato de subestimação." Demonstraram seu protagonismo, porque partiu da iniciativa e organização dos alunos; trouxeram a comunidade para dentro da escola, um objetivo do currículo difícil de realizar; e a valorização da escola contra o discurso de ataque à coisa pública (BRITO,2015).
Vivemos uma cultura paternalista de esperar do Estado soluções prontas para os problemas. É estratégico que a escola seja reprodutora, através da gestão, do salário, do horário do professor, para conter a transformação, a sua real missão. No entanto é possível subverter o sistema educacional através de iniciativas e projetos pedagógicos críticos e criativos das redes sociais, adotando novas formas de pensar, superando o modelo de escola centrado na transmissão de conhecimento, pois esta função está sendo dividida com a web 2.0.
Pensamento crítico e solução de problemas, colaboração, agilidade e adaptabilidade, comunicação, análise, curiosidade e imaginação, são competências e habilidades a serem desenvolvidas na cultura digital, através de projetos pedagógicos planejados pelo coletivo da escola.
No planejamento de projetos e intervenções pedagógicas, é importante ter cautela para não transformar, por exemplo, o Facebook em uma sala de aula "chata", onde alunos respondem e repetem o que professores falam, que por sua vez repetem e respondem o que o livro didático apresenta. Não adianta trabalhar com redes sociais na educação, se o que se espera da escola, em última instância, é que tudo se resuma a um professor dando aulas. As tecnologias, não podem ser vistas somente como meras auxiliares dos mesmos processos educacionais (PRETTO,2013).
A comunidade escolar é desafiada a planejar atividades de aprendizagens que incentivem a autoria e a cooperação, catalizando a criatividade e espontaneidade que os jovens manifestam naturalmente no espaço virtual, para o ambiente da sala de aula. Mas como mapear uma conversação ou publicação no Facebook? E como identificar que houve autoria e cooperação? A partir desta problemática, elaboramos uma metodologia, um modelo de investigação de análise das redes sociais na educação.

4. Metodologia de análise do Facebook na educação

Com o objetivo de contribuir para o campo da educação, na pesquisa da internet e na formação de professores sobre a apropriação crítica das tecnologias digitais, apresentamos um modelo de análise da utilização das redes sociais, principalmente o Facebook, por alunos e professores no contexto escolar de ensino formal e presencial. Consiste em uma metodologia de pesquisa cuja finalidade é demonstrar a partir de conceitos, indicadores e métricas a presença de autoria e cooperação nas atividades de pesquisa, interação, produção e publicação de conteúdos no ambiente virtual.
Para análise de conversações nas redes sociais, segundo Recuero (2014), é necessário observar alguns aspectos a serem mapeados:
O conteúdo e o sequenciamento das interações, ou seja, é preciso coletá-las e tentar compreender o que se diz e como elas se relacionam entre si;
Identificação dos pares conversacionais: identificar quais mensagens estão relacionadas a quais outras e qual mensagem é resposta a qual ator, pois contribui para a compreensão da estrutura da conversação e das interações;
Reciprocidade e persistência: avaliar a quantidade de mensagens que parte de uma determinada conversação entre um par de atores e suas inter-relações para se definir que tipo de conexão essas trocas constituem;
A multiplexidade está relacionada com a qualidade dos laços sociais, mantidos em espaços conversacionais diferentes (RECUERO,2014).
Apresentamos um modelo de análise de conversação e produção de conteúdos a serem realizados em um grupo fechado e/ou fan page do Facebook. Os professores podem planejar intervenções ou projetos pedagógicos organizando com os alunos, por exemplo, um grupo de estudos para o ENEM, uma página da disciplina para compartilhamento de pesquisas, campanhas sociais ou para comunicação do grêmio estudantil da escola.
Para análise dos dados coletados, o pesquisador deverá utilizar os indicadores e métricas (conforme tabelas 1,2 e 3) para mensurar e qualificar os resultados das interações e produções realizados nas intervenções, nos grupos ou páginas organizados para este fim.
Os indicadores se referem às características, referências e atitudes necessárias para que se configurem o conceito e/ou a presença dos elementos (autoria e cooperação) no contexto da conversação e/ou publicação de conteúdos. Enquanto que as métricas têm a finalidade de mensurar e demonstrar como os indicadores ocorrem na prática.

Tabela 1= Categoria Analítica: Autoria
Conceito
Indicadores
Métricas
A autoria está na qualidade e quantidade de interações, na expressão e confrontação, na co-autoria, co-criação; participar, compartilhar, modificar, reconfigurar e remixar conteúdos de mídia; construir, aumentar; a possibilidade de agir - interferir no programa e/ ou conteúdo (SILVA,2006).
1. Quando o estudante defende suas ideias com argumentação e amplia o seu repertório a partir da 1ª ideia.
2. É criativo, questiona, analisa, avalia, sugere, critica, modifica, elogia, contextualiza, sintetiza e questiona.
3. É produtor de conteúdo (além de leitor/receptor). Elabora e organiza vídeos didáticos.
1. Argumenta: "Segundo e/ou conforme autor"; "Penso e/ou acredito que".
2.Contextualiza:"por exemplo".
Elogia: "Legal"; Sugere: "devem e/ou poderiam ser"; Sintetiza: "concluo que"; Questiona: Por que? Como? Onde?
3.Edição, enquadramento, comunicação e audiência.
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)
A métrica contextualizar se refere à atitude de utilizar exemplos, analogias e situações problema para apresentar ou explicar um conceito ou tema. A atitude de sintetizar é mensurar quanto o aluno apresenta as suas ideias, o seu entendimento, a sua conclusão de forma original e condensada. Argumentação é a métrica que demonstra como as ideias são organizadas e fundamentadas. As críticas são comentários que indicam percepções de algo inadequado e que necessita de correção ou mudança. Entendemos por sugestões, as dicas e recomendações para alterações no texto. O elogio representa o comentário de avaliação positiva do texto. Questionar, se refere ao ato de perguntar, de problematizar. Modificar, especificamente na produção de vídeos, é a atitude de criar outras performances e edições diferenciadas além da comumente utilizada, como vídeo selfies, por exemplo ou reproduzir vídeos conhecidos com pequenas modificações e adaptações.

Tabela 2 – Fator Autoria = Análise de vídeos elaborados pelos alunos


Edição
Apresenta legendas, animações efeitos sonoros, fotos, imagens, remix, roteiro. Utiliza adequadamente os recursos da linguagem audiovisual ou é apenas um discurso verbal ilustrado por imagens e acrescido de uma música de fundo? A duração é adequada?

Enquadramento
Ângulo, movimento e distanciamento das imagens.

Comunicação
Interage, a mensagem é entendida com facilidade, conhece o assunto, expressão corporal, argumenta e faz pensar ou refletir. A quantidade de informação é: insuficiente / superficial; suficiente / adequada; demasiada / complexa? Valoriza a exposição, a discussão, a prática/aplicação ou a crítica ?

Audiência
Desperta interesse, estimula a curiosidade, a pesquisa, a discussão, a polêmica?
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

A autoria, conforme indicador e métrica nº 3 da tabela 1, estaria também na elaboração de vídeos educativos ou didáticos, organizados por equipes de alunos. A tabela 2, portanto, tem o objetivo de descrever as métricas de análise de vídeos produzidos pelos alunos, no propósito de identificar e qualificar atitudes de autoria na produção e apresentação de conteúdos.




Tabela 3= Categoria Analítica: Cooperação
Conceito
Indicadores
Métricas





Para existir cooperação deve haver interação, colaboração, mas também objetivos comuns, atividades e ações conjuntas e coordenadas (BELLONI; GOMES,2008).
Quando há na interação entre os alunos, e entre professores e alunos:
1. Colaboração entre membros do grupo;
2. Objetivos comuns e participação dos membros das equipes;
3. Produção coletiva do grupo partindo das ideias e posicionamentos individuais dos alunos, e confronto de opiniões.
1. Demonstração de apoio e coesão no grupo, com interações como: saudações, diálogos, perguntas e respostas, menção nominal de outro integrante, confronto respeitoso de ideias.
2. Participação equitativa entre professores e alunos (comparação da quantidade de curtidas, visualizações, comentários e publicações).
3. Compartilhamento de recursos e troca de informação no grupo.
4.Se identificam como um coletivo (não competitivo) com metas em comum
Fonte: Elaborado pelo autor (2015)

Entende-se por interação o diálogo, a troca de ideias e conteúdos, a resolução de dúvidas, o confronto de opiniões entre os membros de um grupo e entre grupos. A atitude de escolher visualizar, curtir e comentar um post e não outro pode caracterizar uma ação de autoria, que se configura como participar, modificar e agir. Da mesma forma a mesma atitude pode se caracterizar como cooperação quando o aluno e professor como membros da equipe de trabalho e do grupo de estudos no Facebook, contribuem com a sua participação individual na execução da tarefa proposta.
A partir dos indicadores e métricas definidas nas tabelas anteriores, o pesquisador poderá analisar os dados coletados com o propósito de identificar e demonstrar atitudes de autoria e cooperação no ambiente virtual. Após seleção das mensagens publicadas, o pesquisador poderá organizar uma tabulação de dados, categorizando as frases de acordo com os indicadores e métricas. A partir da categorização dos dados, é possível mensurar a quantidade de interações, questionamentos ou argumentações, apresentando tabelas ou gráficos, e posteriormente a análise da qualidade das mensagens.




Considerações Finais

Entendendo que a Web 2.0 em si pode contribuir para a formação crítica dos sujeitos para uma educação emancipatória que desejamos, considerando os riscos de alienação aos interesses capitalistas presentes, acreditamos que a escola se aproprie das TIC, como as redes sociais, não apenas como auxiliares no processo ensino aprendizagem, no formato professor dando aula, mas que se transforme, conforme Pretto (2013), num espaço de produção, de troca e compartilhamento de conhecimento e cultura, a partir do "jeito hacker de ser", uma cultura de criatividade intelectual fundamentada na liberdade, na cooperação, na reciprocidade e na informalidade (CASTELLS,2003).
Acreditamos que o protagonismo e o empoderamento de cidadãos são fortalecidos por fatores como autoria e a cooperação, devido às circunstâncias de imersão digital, portabilidade e mobilidade. Nesta perspectiva os professores podem subverter o currículo conteudista e reprodutor, planejando coletivamente intervenções e projetos pedagógicos, que possam integrar os diversos contextos educacionais, online e off-line, e diferentes linguagens midiáticas.
Buscamos formas de estudar as conversações, interações e produções de conteúdos, especificamente para a rede social Facebook. Procuramos oferecer subsídios à comunidade escolar, através de um mapeamento das participações dos alunos e professores na rede, com a finalidade de impactar os sujeitos, influenciar e provocar brechas de possibilidades de mudanças no "chão" da escola, identificando e demonstrando atitudes de autoria e cooperação, como elementos determinantes para a formação de cidadãos críticos. É preciso, entretanto, ir mais além. Como as conversações online nas redes sociais podem impactar o diálogo e o processo ensino e aprendizagem em sala de aula? Novos estudos poderão partir daqui para compreender questões importantes na sociedade digital e em rede.
Ainda em fase de análise o modelo de investigação já se mostrou instrumento capaz de colaborar para pesquisa ação de professores interessados na investigação qualitativa de suas práticas nas redes sociais. Como principal contribuição está a complexidade da pesquisa nas redes sociais, a grande quantidade de dados, a busca de métodos e técnicas de investigação qualitativa e a carência de casos de estudo.

Referências
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