Autorregulação da aprendizagem e aprendizagem cooperativa: um diálogo na formação do violonista

September 8, 2017 | Autor: Luan Sodré | Categoria: Self-regulated Learning, Social Cognitive Theory, Cooperative Learning, Guitar Pedagogy
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Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014

Autorregulação da aprendizagem e aprendizagem cooperativa:

um diálogo na formação do violonista

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Luan Sodré de Souza

Universidade Federal da Bahia

[email protected]

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Ana Cristina Tourinho

Universidade Federal da Bahia

[email protected]

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Resumo: Este artigo pretende fazer um diálogo a respeito do conceito da autorregulação da aprendizagem à luz da Teoria Social Cognitiva aplicada ao processo de aprendizagem do violonista. Pretende-se  fazer um contraponto  com a aprendizagem cooperativa, traçando um caminho pelo qual existe uma confluência entre estes dois processos de aprendizagem. A partir das ideias desenvolvidas, o texto nos leva a refletir uma aprendizagem musical na qual tanto o professor, quanto o aluno tem responsabilidades no processo de construção da aprendizagem e ainda sugere um equilíbrio entre os momentos coletivos e individuais na aprendizagem do instrumento musical. A aprendizagem cooperativa se mostra como um caminho possível para aquisição de ferramentas autorregulatórias que são indispensável para a formação do instrumentista, visto que estes profissionais passam bastante tempo em um momento de estudo individual onde eles precisam auto gerenciar os seus processos de aprendizagem. Focado no processo de construção da aprendizagem musical, e mais especificamente, na formação do violonista, procura-se refletir a respeito de caminhos onde a formação do instrumentista seja mais do que desenvolvimento de habilidades técnicas. Um caminho onde impere a formação do indivíduo para as diversas demandas encontradas na profissão e na vida, levando em consideração os conhecimentos prévios do indivíduo, as suas motivações, ambições, a troca com os seus pares e o desenvolvimento da sua autonomia.

Palavras-chaves: autorregulação da aprendizagem, aprendizagem cooperativa, ensino de instrumentos, ensino de violão, teoria social cognitiva.

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Title: Self-regulation of learning and cooperative learning : A dialogue in formation of the guitarist

Abstract: This paper aims at a dialogue about the concept of self-regulation of learning in light of Social Cognitive Theory applied to the learning process of the guitarist . In order to make a counterpoint with cooperative learning , tracing a path along which there is a confluence between these two learning processes . The ideas developed , the text leads us to reflect a musical learning in which both the teacher and the student has responsibilities in the construction of the learning process and also suggests a balance between collective and individual moments in learning a musical instrument . Cooperative learning is shown as a possible way to acquire self-regulatory tools that are indispensable for the formation of the performer , as these professionals spend enough time in a moment of self-study where they need to self-manage their learning processes . Focused on the construction process of musical learning , and more specifically , in the formation of the guitarist , seeks to reflect on ways that the formation of the instrumentalist is more than development of technical skills . A path where reigns the formation of the individual to the various demands encountered in the profession and in life, taking into account prior knowledge of the individual, their motivations , ambitions , the exchange with their peers and develop their autonomy.

Keywords: self-regulation of learning , cooperative learning , teaching tools , teaching guitar , social cognitive theory.


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Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014 A Formação do Instrumentista e a autorregulação da aprendizagem

O instrumentista passa boa parte do seu período de formação desenvolvendo trabalhos solitários, visto que, são imprescindíveis os momentos de estudo individual para o seu crescimento. Esta fase implica em concentração e bom direcionamento do esforço dispendido, tarefa intransferível, visto que, é necessário que o estudante desenvolva habilidades que serão maturadas a partir do seu estudo individual. Alguns pesquisadores buscaram entender o processo de estudo do instrumentista, bem como a prática deliberada do instrumento musical.

Um significativo número de pesquisadores têm se dedicado a investigar a eficácia da prática deliberada para a aquisição de alto nível de performance em diferentes áreas de conhecimento. Segundo ERICSSON, KRAMPE E TESCH-RÖMER (1993, p. 368), a prática deliberada constitui-se de um conjunto de atividades e estratégias de estudo, cuidadosamente planejadas, que têm como objetivo ajudar o indivíduo a superar suas fragilidades e melhorar sua performance; a realização de tais atividades requer esforço, não sendo, portanto, inerentemente prazerosa. Porém, os indivíduos se vêm motivados a empreendê-las pelo avanço eminente que elas podem proporcionar à sua performance (Santiago, 2006, p.53).

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É neste momento   imprescindível que acontecem os avanços e retrocessos considerando que estudar de forma equivocada pode causar danos a técnica dos instrumentistas. Nestas sessões são colocadas em prática as informações adquiridas em aulas, masterclasses, conversas, observações e tantas outras possibilidades de aprendizado. Quando novas informações são relacionadas com conhecimentos prévios, análises, e outras tantas conexões é que de fato irá ser gerado um novo conhecimento aplicado no instrumento. Stefanelli (2009), baseado em Sala e Goñi (2000) diz que "A aprendizagem é mais significativas na medida em que o novo material for incorporado às estruturas de conhecimento do aluno e procurar adquirir significado para ele a partir da relação com o seu conhecimento prévio". Desta forma, são feitas conexões entre conhecimentos anteriores, novas informações e as descobertas no momento da prática,  o que irá resultar na construção de novos conhecimentos. Ainda refletindo sobre o processo de estudo do instrumentista e a necessidade do seu momento de prática, Santiago (2010) diz que: "Embora a definição de música e, por conseguinte, da prática musical, varie de cultura a cultura, é da natureza humana que as habilidades psicomotoras necessitem de exercício (ou prática) para se manterem num nível de excelência" (Santiago, 2010, p.131).

Sobre isto, Gabrielsson (como citado em Santiago, 2010), destaca dois principais componentes relacionados ao alto nível da performance musical: a compreensão total da música,

Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014 sua estrutura e significado; e o domínio completo da técnica instrumental". O domínio é atingido por meio da prática.

  Tomando como ponto de partida esta reflexão, destaca-se a importância da investigação desse momento solitário do instrumentista, necessário para a construção da sua performance. Nessa etapa o estudante desempenha diversos papeis. Sozinho, irá tomar decisões com relação a seu processo de estudo incluindo a organização do trabalho e metas a serem alcançadas realizando uma auto avaliação, isto é, neste momento ele é o seu próprio professor. Esse processo possivelmente se perpetuará para o resto da sua vida profissional, ao decidir as peças para novos programas de concerto, expandir o repertório e outras situações típicas que envolvem decisões profissionais. Pensando na prática como autoinstrução, existem três fases propostas por Jorgensen (como citado em Fonseca, 2010), são elas: planejamento e preparação; realização, observação; e avaliação, que ainda

podem ser subdivididas em mais outras etapas. As estratégias de

planejamento e preparação abrangem estratégias para seleção de atividade, organização e estratégias para administração do tempo. As estratégias executivas incluem estratégias de ensaio, estratégias para repartição da prática ao longo da sessão de estudos e estratégias para a preparação de uma apresentação pública. Já as estratégias de avaliação incluem o conhecimento, o controle e a regulação das estratégias como um todo.

Com estas premissas, destaca-se a importância do professor de instrumento buscar desenvolver nos seus alunos a capacidade de autogerir seus estudos. Esse processo que pode ser chamado de autorregulação da aprendizagem consiste na capacidade de auto gerenciamento em várias situações do cotidiano. Durante toda a vida, em diversas áreas do desenvolvimento muitos indivíduos naturalmente realizam este processo, como explica a Teoria social Cognitiva:

O processo de auto-regulação está presente em todas as pessoas ao longo de toda sua vida, sendo que quanto mais sofisticados seus repertórios comportamentais e suas interações com o ambiente, mais complexos serão seus modos de atuação. Esse processo opera por meio de um conjunto de três subfunções psicológicas que devem ser desenvolvidas e mobilizadas para mudanças auto-diretivas voltadas aos objetivos pessoais: a auto-observação, os processos de julgamento e a auto-reação (Bandura, 1986) (Polydoro; Azzi, 2008. p.152).

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Na perspectiva da Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura, teórico que vai subsidiar as reflexões aqui apresentadas, a autorregulação é apresentada na perspectiva de "um processo consciente e voluntário de governo, pelo qual possibilita a gerência dos próprios comportamentos, pensamentos e sentimentos, ciclicamente voltados e adaptados para obtenção

Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014 de metas pessoais" (Bandura, 1991 como citado em Polydoro; Azzi, 2009, s/p). A autorregulação está presente em diversas áreas do desenvolvimento humano, inclusive, em processos de aprendizagem. Para Bandura, a autorregulação opera por meio de três processos que são: o auto monitoramento, os julgamentos avaliativos e as autorreações. As três subfunções atuam de forma integrada e em interação com o ambiente. Em se tratando da autorregulação da aprendizagem, a auto-observação permite que o indivíduo possa realizar um auto exame e identificar as suas necessidades. No processo de julgamento, a partir das detecções, o aluno irá buscar informações, fazer escolhas e buscar ações que possam suprir as necessidades detectadas. Na autorreação, o aluno coloca em prática as ações na intenção de reagir ao problema detectado. Esse ciclo se repete durante todo o tempo. (Polydoro; Azzi, 2009).

Zimmerman (como citado em Polydoro e Azzi, 2009), baseado nas ideias de Bandura, concorda que o processo de autorregulação da aprendizagem é cíclico. Para ele, esse formato de aprendizagem remete-se a pensamentos, sentimentos e ações autogeradas que são construídas e ciclicamente aplicadas para aquisição de metas pessoais. Zimmerman elaborou um modelo para organizar a autorregulação da aprendizagem que assim como o de Bandura, propunha três fases cíclicas da autorregulação. Em cada fase ele acrescenta ao modelo proposto por Bandura outras variáveis relacionadas diretamente com a aprendizagem. Uma das fases ele chama de "Fase prévia" onde abrange a análise das tarefas e crenças motivacionais, é importante que o aluno esteja motivado para ter êxito neste processo, e além disso, a crença de auto-eficácia é de extrema importância para o sucesso da autorregulação da aprendizagem, segundo Araújo (2010, p. 120), "uma relação significativa sobre o efeito da crença de auto-eficácia no indivíduo é o processo de autorregulação". Uma outra etapa, ele chama de "fase de realização", dentro desta etapa estão o autocontrole e a auto-observação.  A seguinte, ele intitula de "Autorreflexão" onde está contido o julgamento pessoal, reações e auto-reações (Polydoro; Azzi, 2009).

Esse modelo sugerido por Zimmerman, mais tarde originou o PLEA (Planejamento, Execução e Avaliação) defendido por Rosário (como citado em Polydoro; Azzi, 2009). Este é um modelo cíclico intrafase. Ele diz que as três fases estão contidas dentro de cada uma. É como se existissem micro fases dentro de cada macro fase, por exemplo: dentro do "Planejamento" teria um PLEA, na "Execução" outro PLEA e na "Avaliação" mais outro PLEA. Este formato deixa mais claro o processo de autorregulação da aprendizagem quando tratamos do estudo de

Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014 instrumentos musicais. Pois mostra que as tarefas de cada fase do processo são planejadas, realizadas e avaliadas (Polydoro; Azzi, 2009).

O estudante de violão no seu processo de formação precisa planejar suas jornadas de estudo, pois deve ter uma visão geral do que precisa fazer para chegar a determinado resultado musical. Após planejado o percurso a trilhar, é o momento de executar o que se planejou. Nesta fase, o instrumentista é o seu próprio professor, já que, julga-se que este processo ele fará sozinho. Ele é responsável por se auto-observar, detectar problemas e tomar decisões com o objetivo de resolvê-los. É possível ver claramente o planejamento, a execução e a avaliação nesta fase. A avaliação é indispensável, visto que, é a partir dela que o instrumentista irá, perceber o que funcionou, o que não ficou à contento e redefinir o seu estudo, ou seja, ré-planejar e começar um outro ciclo. Para Santiago (2006), é essencial o desenvolvimento de habilidades autorregulatórias no instrumentista, baseada em Nielsen (2001), ela diz que:

(...) Ainda um outro fator essencial para o estudo instrumental refere-se ao desenvolvimento das “habilidades auto-regulatórias” pelo músico instrumentista, ou seja, sua capacidade de planejar o próprio estudo e de se tornar participante ativo do seu próprio processo de aprendizado musical (NIELSEN, 2001, p. 156). Dentre as habilidades auto-regulatórias estão a capacidade de definir objetivos e de planejar e escolher estratégias de estudos, bem como a capacidade de auto-avaliação, autoinstrução e auto-monitoramento (NIELSEN, 2001, p. 165) (Santiago, 2006, p. 54-55).

Muitos fatores influenciam na autorregulação do indivíduo e por isso ela pode ser mais ou menos acentuada em cada pessoa. Segundo a Teoria Social Cognitiva "o comportamento é determinado a partir da interação contínua e recíproca entre as influencias ambientais, pessoais e comportamentais: o modelo triádico" (Polydoro; Azzi, 2008. p. 151). Neste caso, a história do indivíduo é fundamental para se entender o comportamento que ele tomará frente aos desafios, bem como, o tipo de educação e os estímulos que ele recebe para desenvolver a sua autonomia. A exemplo, posso citar alguém que foi condicionado a receber e executar ordens, sem que ele pudesse tomar decisões e fazer escolhas frente às situações, esta pessoa tende a ser menos autorregulada por ter sido condicionada a fazer apenas o que os outros mandavam. É possível concluir que o ambiente em que o indivíduo interage é fundamental para o desenvolvimento de habilidades autorregulatórias, sem deixar de falar no temperamento de cada um.

(...)a noção de auto-regulação não implica em redução da influencia ambiental, pois o contexto afeta os comportamentos da agência pessoal, como também interfere nas próprias funções auto-regulatórias. Como indica Bandura (1986), isso ocorre por meio de três grandes condições:

Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014 1. o ambiente contribui para o desenvolvimento das subfunções que compões o sistema de auto-regulação, oferecendo parte do suporte para a aderência aos padrões internos e facilita seletivamente a ativação ou desengajamento do processo de auto-regulação;

2. a experiência (direta ou vicária) possibilita a aprendizagem de como e o que observar, participar no estabelecimento dos padrões pessoais de julgamento;

3. a experiência interfere na decisão do tipo e da força das auto-reações dirigidas à própria conduta (Polydoro; Azzi, 2008. p.157).

É necessário que os estudantes adquiram ao longo da vida um repertório de experiências que proporcionem suportes para futuras ações autorregulatórias. No caso do estudo do violão, é importante que o aluno tenha um leque de informações a respeito da execução do instrumento, para que nos momentos de estudo, possa tomar decisões e fazer escolhas com base em suas informações. Desta forma, a figura do professor é indispensável, pois ele instrumentalizará os alunos para os momentos particulares. Porém, o professor não é a única fonte de instrumentalização, pois nos estudos os alunos não recorrem apenas aos ensinamentos do seu professor, nestas horas também existem influências das suas leituras, dos masterclasses, das conversas tidas com seus pares, de suas observações e do seu conhecimento prévio. O professor ainda pode ajudar, conscientizando os alunos da necessidade de organizar as suas sessões de estudo visando uma prática deliberada, além de direcioná-los para uma prática focada e consciente, mostrando caminhos para tal.

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Aprendizagem Cooperativa e a aquisição de habilidades autorregulatórias

"Aprendizagem é o resíduo da experiência. É o que fica conosco quando as atividades acabam, as técnicas e a compreensão que nós obtemos". (Swanwick, 2003, p. 94). Acreditando que a aprendizagem não é o professor que transfere para o aluno, e sim o resultado de experiências vivenciadas pelos mesmos, o professor passa a ser aquele que irá criar oportunidades de construção da aprendizagem. Segundo Paulo Freire (1996), "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção". Desta forma, no caso do instrumentista a aprendizagem de fato acontecerá nos seus momentos de estudo e a sala de aula passa a ser o local onde ele irá se abastecer de experiências e informações. Estas, por sua vez, serão desenvolvidas e relacionadas com o conhecimento prévio do educando, o resultado de todo este processo pode ser que gere um novo conhecimento. Nem sempre o processo de aprendizagem do violão é entendido desta forma, como reflete Tourinho (2007) defendendo o ensino coletivo de violão:

Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014 O professor de aulas tutoriais se baseia no modelo de Conservatório e defende a atenção exclusiva ao estudante como a única forma de poder conseguir um resultado efetivo. Pode-se argumentar em favor do ensino coletivo que o aprendizado se dá pela observação e interação com outras pessoas, a exemplo de como se aprende a falar, a andar, a comer. Desenvolvem-se hábitos e comportamentos que são influenciados pelo entorno social, modelos, ídolos.  (Tourinho, 2007, p. 2)

Pensando nisso, pode-se observar a aprendizagem cooperativa como uma forma de criar oportunidades de construção da aprendizagem através da troca com os pares, além de ser um ambiente cheio de informações e ferramentas autorregulatórias, visto que, os acertos, as dificuldades, as estratégias e os erros de cada participante do grupo se torna uma potencial ferramenta autorregulatória.

Ao afirmar que o/a aluno/a constrói seu próprio conhecimento a partir de um processo interativo, no qual o papel do/a professor/a é mediar entre o /a aluno/a e os conteúdos, o construtivismo sugere a possibilidade de que, em determinadas circunstancias, os alunos possam ser protagonistas desse papel mediador. Os alunos também aprendem com os outros (Monereo, 2005, p. 11).

Stefanelli (2009), baseado em Cochito (2004) chega a conclusão que "esse tipo de aprendizagem rege um modelo de aprendizagem democrática que beneficia a assistência mútua de todos integrantes, pois eles se envolvem em diálogos, adquirem o espírito de cooperação (...)". Quando o professor está fazendo considerações em relação a execução de um dos alunos, todos os participantes da classe podem aproveitar as informações como matérias primas para o seu momento de estudo que vem atrelado ao seu momento de autorregulação da aprendizagem.  

A Aprendizagem Cooperativa é uma metodologia de ensino que utiliza as interações entre os alunos como ferramenta para a construção do conhecimento. Esta alternativa de ensino e aprendizagem potencializa as relações interpessoais na sala de aula, facilitando as trocas de experiências, de dúvidas, de informações e de descobertas. Além disso, essa prática permite que os alunos também se coloquem como responsáveis pela aprendizagem da turma.

Pode-se notar os processos de aprendizagem cooperativa através de formatos de aulas que potencialize a interação entre os estudantes de violão como um contraponto aos momentos necessários e solitários de estudo do instrumento e de autorregulação da sua aprendizagem. Pensando nesta perspectiva, os dois momentos se completam. Não isentando a responsabilidade do professor de prover informações e apresentar caminhos onde instrumentistas possam trilhar, nem deixando de considerar a responsabilidade que cada estudante tem na construção do seu aprendizado técnico-musical.

Anais do X Simpósio de Cognição e Artes Musicais – 2014 Conclusão

Como foi possível observar ao longo dessas reflexões existem diversos fatores que interferem diretamente no processo de aprendizagem do instrumento musical. Concordando com a conclusão de Santiago (2006), que "a prática deliberada e a aquisição de habilidades autoregulatórias são de extrema relevância para o desenvolvimento musical dos instrumentistas, favorecendo o alcance de melhores níveis de performance instrumental ",   e acreditando que o processo de aprendizagem cooperativa é um caminho viável para a aquisição de habilidades autorregulatórias, concluo que estes dois caminhos podem dialogar de forma bastante eficaz no processo de ensino   e aprendizagem.   Além disso, pode favorecer um equilíbrio entre um momento solitário de estudo do instrumento e um momento rico em trocas, cooperação e cheio de aprendizados que vão além dos musicais, como aquisição de habilidades sociais. Isso pode levar o ensino de instrumento a expandir seus horizontes, caminhar da aquisição de habilidades musicais, para aquisição de habilidades para a vida.

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Referencias

Araújo, R. C. (2010). Motivação e ensino de música. In: Ilari, B. S., Araújo, R. C. Mentes em Música. (pp. 111-130). Curitiba: Ed. UFPR.

Fonseca, D. S. (2010). Estratégias e técnicas para a otimização da prática musical: algumas contribuições da literatura em língua inglesa. In: Ilari, B. S., Araújo, R. C. Mentes em Música. (pp. 131-151). Curitiba: Ed. UFPR.

Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra.

Monereo, C., Gisbert, D. D. (2005) Tramas: procedimentos para a aprendizagem cooperativa. Trad. Schilling, C. Porto Alegre: Artmed.

Polydoro, S. A. J.; Azzi, R. G. (2009). Autorregulação da aprendizagem na perspectiva da teoria sociocognitiva: introduzindo modelos de investigação e intervenção. In: Psicol. educ.  no. 29.  São Paulo: extraído de:  http://pepsic.bvsalud.org/scielo.

Polydoro, S.; Azzi, R. G. (2008). Auto-regulação: aspectos introdutórios. In: Polydoro, S., Azzi, R. G. Teoria Social Cognitiva: conceitos básicos. (p. 149–164). Porto Alegre: Artmed.

Santiago, P. F. (2006). A integração da prática deliberada e da prática informal no aprendizado da música instrumental. In: Per Musi. n.13, (pp. 52-6). Belo Horizonte.

Stefanelli, R. (2009). Aprendizagem Cooperativa na Educação Musical Popular: Estudo de caso curricular no Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo. Dissertação de Mestrado não publicada, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.

Swanwick, K. (2003). Ensinando música musicalmente. Trad. Oliveira, A., Tourinho, C. São Paulo: Editora Moderna.

Tourinho, C. (2007). Ensino Coletivo de Instrumentos Musicais: crenças, mitos, princípios e um pouco de história. Extraído de: http://www.abemeducacaomusical.org.br/Masters/anais2007/Data/html/ pdf/art_e/Ensino%20Coletivo%20de%20Instrumentos%20Musicais%20Ana%20Tourinho.pdf.

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