AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL EM DIFERENTES SUBSTRATOS DE Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt. & R.M. Sm ( Zingiberaceae)

June 30, 2017 | Autor: A. Rodrigues | Categoria: Substrate, Crescimento
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Descrição do Produto

01 a 04 de Outubro de 2012 Jequié, Bahia

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Programa de Pós-Graduação em Genética, Biodiversidade e Conservação

II WORKSHOP GENÉTICA, BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO ANAIS

01 a 04 de outubro de 2012 Jequié, Bahia

Editores: Christine Steiner São Bernardo e Isac Silva de Jesus

Jequié, BA 2012 2

COMISSÃO ORGANIZADORA

Presidente Dra. Christine Steiner São Bernardo – Docente do Programa de Pós-Graduação em Genética, Biodiversidade e Conservação (PPGGBC) Secretário Isac Silva de Jesus – Discente do PPGGBC Programação Bruno Santos Almeida – Discente do PPGGBC Isac Silva de Jesus – Discente do PPGGBC Marcio Neri – Discente do PPGGBC Anderson Gomes Bastos – Discente do PPGGBC Dra Caroline Garcia – Docente do PPGGBC Dra. Christine Steiner São Bernardo – Docente do PPGGBC Divulgação Fabio Pereira Alves – Discente do PPGGBC Wagner Rodrigues de Assis Soares – Discente do PPGGBC Alberto Leôncio Barreto Vasconcelos – Discente da graduação em Ciências Biológicas Joedison dos Santos Rocha – Discente da graduação em Ciências Biológicas Milena Ferreira dos Santos – Discente do PPGGBC Naiana Brito de Matos – Discente do

PPGGBC André L. Santos Mascarenhas – Discente do PPGGBC Nádia Amorim Pereira -Discente do PPGGBC Dra Caroline Garcia – Docente do PPGGBC Orçamento Dra. Christine Steiner São Bernardo – Docente do PPGGBC Dr. Juvenal Cordeiro – Docente do PPGGBC Isac Silva de Jesus – Discente do PPGGBC Marcos Vinícius Canário Viana – Discente do PPGGBC Avaliação científica Dra. Ana Maria Waldschmidt – Docente do PPGGBC (Presidente do grupo avaliador) Dra Caroline Garcia – Docente do PPGGBC Dra. Christine Steiner São Bernardo – Docente do PPGGBC Dr. Juvenal Cordeiro – Docente do PPGGBC Dr. Paulo Mello Affonso – Docente do PPGGBC Nádia Amorim Pereira – Discente do PPGGBC Isac Silva de Jesus – Discente do PPGGBC Anderson Gomes Bastos – Discente do PPGGBC

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APRESENTAÇÃO

É com bastante entusiasmo que o Programa de Pós-Graduação em Genética, Biodiversidade e Conservação (PPGGBC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Jequié, promove o II Workshop Genética, Biodiversidade e Conservação (WGBC). Um momento para discussão e divulgação da pesquisa científica no sudoeste baiano. Os estudos envolvendo as grandes áreas da Genética, Conservação da Biodiversidade e Caracterização e Análise Ambiental tem se mostrado cada vez mais necessários. Na sociedade moderna, são crescentes as necessidades de conhecer, trabalhar e avaliar os impactos das ações humanas sobre o ambiente natural, incluindo fatores bióticos e abióticos. O evento este ano é a reafirmação da proposta do I WGBC, que aconteceu no ano de 2011, que tinha como objetivo principal divulgar as linhas de pesquisa e os trabalhos desenvolvidos por docentes e discentes ligados ao PPGGBC, mantendo um espaço de discussão e aprimoramento da ciência no interior baiano. O II WGBC teve suas atividades desenvolvidas no auditório Wally Salomão da UESB, campus de Jequié, entre os dias 01 e 04 de outubro de 2012. Durante este período, pesquisadores trataram de temas de interesse à comunidade acadêmica em palestras e mesas redondas. Discentes e docentes divulgaram suas pesquisas através de pôsteres e comunicações orais. Eles abrangeram diversas linhas de pesquisa envolvendo estudos em genética molecular, citogenética, melhoramento genético animal e vegetal, descrição e conservação da biodiversidade, caracterização ambiental e análise toxicológica. Assim, buscando o desenvolvimento regional no campo científico, esperamos contribuir de modo positivo para que mais estudantes e a comunidade local conheçam o nosso trabalho e se interessem em ingressar no PPGGBC. Esta é mais uma oportunidade que se abre no estado da Bahia para que o Brasil atinja suas metas de crescimento e equidade em todas as regiões do país.

Isac Silva de Jesus Secretário do II WGBC

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SUMÁRIO Genética ..................................................................................................................................... 6 ANÁLISE CITOGENÉTICA COMPARATIVA ENTRE POPULAÇÕES DE PHYLLOPEZUS POLLICARIS POLLICARIS (SQUAMATA: PHYLLODACTYLIDAE) PROVENIENTES DA CAATINGA BAIANA............................................................................................................... 6 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO E MORFOLOGIA CROMOSSÔMICA DE CINCO ESPÉCIES DE VESPAS SOCIAIS (HYMENOPTERA, VESPIDAE, POLISTINAE) DA BAHIA, BRASIL ...................................................................................................................... 10 TRANSFERIBILIDADE DE LOCI DE MICROSSATÉLITES NO MUTUM-DO-SUDESTE, Crax blumenbachii (GALLIFORMES, CRACIDAE): UMA ESPÉCIE DE AVE AMEAÇADA DA MATA ATLÂNTICA......................................................................................................... 15 AMOSTRAGEM INTRACOLONIAL EM ABELHAS SEM FERRÃO .....................................20 ESTUDO DE SOBRENOMES EM UMA COMUNIDADE SEMI-ISOLADAS DA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA..........................................................................................................24 ESTUDOS CITOGENÉTICOS DO GÊNERO FRIESEOMELITTA (HYMENOPTERA, MELIPONINI) DA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA ........................................................... 30 SELEÇÃO DE PRIMERS ISSR PARA ESTUDOS DE DIVERSIDADE GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE Melipona scutellaris (HYMENOPTERA: APIDAE) ............................... 34 TESTES DE DOIS PARES DE PRIMERS E CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO PARA CAMARÕES MARINHOS ...................................................................................................... 38 Biodiversidade e Conservação .............................................................................................. 41 DESCRIÇÃO DE GALHAS INDUZIDAS POR GYNAIKOTHRIPS UZELI (THYSANOPTERA: PHLAEOTHRIPIDAE) EM FICUS BENJAMINA (MORACEAE) ......... 41 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL EM DIFERENTES SUBSTRATOS DE Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt. & R.M. Sm ( Zingiberaceae) .................................................... 46 FATORES ABIÓTICOS E FORMAS DE VIDA: ABORDAGEM ECOLÓGICA NA ANÁLISE DA VEGETAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL SERRA DO CONDURU................................ 51 COMPORTAMENTO TERRITORIAL DE UCA LEPTODACTYLA (CRUSTACEA, OCYPODIDAE) ..................................................................................................................... 60 Caracterização e Análise Ambiental ................................................................................... 68 AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA CONCENTRAÇÃO ELEMENTAR EM DIFERENTES ESPÉCIES DE FUNGOS LIQUENIZADOS DOS MUNICÍPIOS DE JEQUIÉ E ILHÉUSBAHIA ................................................................................................................................... 68 DETERMINAÇÃO DE CÁDMIO E CHUMBO EM AMOSTRAS DE CAMARÕES COMERCIALIZADS NA BAHIA ............................................................................................ 73

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Genética

ANÁLISE CITOGENÉTICA COMPARATIVA ENTRE POPULAÇÕES DE PHYLLOPEZUS POLLICARIS POLLICARIS (SQUAMATA: PHYLLODACTYLIDAE) PROVENIENTES DA CAATINGA BAIANA Thainá Souza Neri1, Juliana Zina Pereira Ramos2, Miguel Trefault Rodrigues3 Caroline Garcia4

¹Graduanda do Bacharelado em Ciências Biológicas ([email protected]) ² Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, campus Jequié, Departamento de Ciências Biológicas – DCB. ([email protected]) ³Professor da Universidade de São Paulo – USP, Instituto de Biociências, Departamento de Zoologia 4

Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, campus Jequié,

Departamento de Ciências Biológicas – DCB. ([email protected]) Palavras chave: cariótipo, espécies, lagartos.

1. Introdução Os lagartos apresentam uma grande diversidade de hábitos e formas e a relação desses animais com climas mais quentes e sua independência da água para completar seu ciclo de vida, explica a grande adaptabilidade destes animais ao domínio morfo-climático da caatinga nordestina, onde são representados por mais de 50 espécies, muitas endêmicas e ameaçadas (POUGH, 2008; RODRIGUES, 2003). O aumento constante do número de descrições de espécies de répteis para a caatinga, associado ao elevado nível de endemismo apresentado por estes animais, demonstram que o conhecimento de sua diversidade para o bioma é bastante subestimado e que está severamente ameaçado pela destruição e fragmentação de habitats, resultado de ação antrópica (FREITAS e SILVA, 2007; IBAMA/MMA, 2011). Para os representantes da família Phyllodactylidae somente os gêneros Phyllopezus e Gymnodactylus são descritos para esse domínio morfoclimático e estudos citogenéticos prévios demonstram grande variação na constituição microestrutural 6

do cariótipo para as espécies desses gêneros (PELLEGRINO et al., 1997; GAMBLE et al. 2008; REPTILE DATABASE, 2012; VANZOLINI, 1953). Tendo em vista o potencial do grupo para estudos cromossômicos e a carência de dados genéticos para os lagartos da caatinga, o presente trabalho teve por objetivo realizar a análise citogenética de indivíduos de três populações de Phyllopezus pollicaris pollicaris utilizando as técnicas de citogenética clássica buscando caracterizar essas populações e contribuir com novos dados para o grupo.

2. Material e Métodos Os exemplares de Phyllopezus pollicaris pollicaris analisados, foram coletados em áreas de Caatinga localizadas nos municípios de Morro do Chapéu, Contendas do Sincorá e Manuel Vitorino, estado da Bahia, por meio de armadilhas de interceptação e queda e captura ativa. As coletas foram realizadas entre os meses de Dezembro de 2011 e Julho de 2012, no qual foram capturados quatro indivíduos de Morro do Chapéu, cinco indivíduos de Contendas do Sincorá e um indivíduo de Manuel Vitorino. Os exemplares encontram-se depositados na Coleção do Prof. Dr. Miguel Trefaut Rodrigues da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – SP e na Coleção do Museu de História Natural de Jequié do Laboratório de Vertebrados, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, Bahia. A obtenção do material celular foi realizada seguindo o protocolo de Garcia (em publicação). Posteriormente deu-se o preparo das lâminas e a coloração convencional com Giemsa 5%. A banda C foi realizada segundo o protocolo de Sumner (1972) e para localização das Regiões Organizadoras de Nucléolo através da impregnação por Nitrato de Prata (Ag-RON) utilizou-se o protocolo de Howell e Black (1980). Após cada etapa, as imagens foram capturadas usando o software Image Pro-Plus versão 4.5.1. utilizando fotomicroscópio de epifluorescência Olympus BX50.

3. Resultados A análise citogenética revelou um cariótipo simétrico, com redução gradual de tamanho, e número diplóide de 2n = 40 cromossomos, sendo a fórmula cariotípica dada por 4st+36a, sem diferenças entre os sexos. A análise da BC+ revelou que há variação na quantidade de blocos heterocromáticos entre as populações, onde nos indivíduos de Morro do Chapéu e Contendas do Sincorá esses blocos se situaram nas regiões pericentroméricas de dois pares de cromossomos acrocêntricos e na população de Contendas do Sincorá seis pares de 7

cromossomos. As Ag-RONs mostraram-se localizadas nas regiões terminais dos braços longos de cromossomos acrocêntricos, entretanto, o número de marcações diferiu entre as populações analisadas, onde os indivíduos provenientes de Morro do Chapéu apresentaram até cinco marcações, Contendas do Sincorá quatro marcações e em Manuel Vitorino em apenas um cromossomo.

4. Discussão e Conclusão As cinco populações de P. pollicaris pollicaris analisadas por PELLEGRINO et al (1997) apresentaram o mesmo número diploide e fórmula cariotípica das populações de Contendas do Sincorá e Manuel Vitorino, entretanto, na população de Morro do Chapéu dá-se destaque ao ultimo par cromossômico, que apresentou tamanho muito menor do que nos outros cariótipos. Essa redução de tamanho deve-se, provavelmente, a algum rearranjo não-Robertsoniano, uma vez que o número diploide permaneceu constante. Analisando as marcações da banda C, pode-se verificar que a quantidade e localização das regiões BC+ apresentam uma variação que é comum para a espécie, podendo estar localizadas nas regiões terminais e/ou pericentroméricas. Um dado novo verificado é o maior número de cromossomos com regiões de heterocromatina presentes na população de Contendas do Sincorá, que ainda não havia sido descrito na literatura. Pode-se observar nos trabalhos publicados que para o gênero há uma acentuada variação no que se diz respeito ao número de marcações Ag-RONs+, sendo que os dados aqui obtidos reforçam a existência de RONs múltiplas para a espécie, porém a localização de todas as regiões organizadoras de nucléolo só poderá ser confirmada com a utilização de hibridação fluorescente in situ (FISH) com sondas apropriadas. Com a análise citogenética de P. pollicaris pollicaris pode-se observar que o número diploide e o cariótipo da espécie condizem com o descrito na literatura, porém as diferenças observadas na análise com a banda C e a análise com a marcação com a Ag-NOR demonstram que há muita variabilidade no grupo no que se diz respeito aos marcadores utilizados , indicando que uma análise mais aprofundada e com maior quantidade de indivíduos poderia auxiliar na descrição e diferenciação de espécies.

5. Literatura citada FREITAS, M. A.; SILVA, T. F. S.. Guia Ilustrado: a herpetologia das caatingas e Áreas de altitude do nordeste brasileiro. Pelotas: USEB, 2007

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GAMBLE T, BAUER AM, GREENBAUM E, JACKMAN TR: Out of the blue: a novel, trans-Atlantic clade of geckos (Gekkota, Squamata). Zool Scripta 37: 355–366 (2008). IBAMA/MMA. Monitoramento dos Biomas Brasileiros por satélite: Monitoramento do Bioma Caatinga 2008 – 2009. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Junho de 2011. Disponível em: http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/caatinga/caatinga.htm - Acesso em: 24/08/2012. Relatório PELLEGRINO, K. C. M., KASAHARA, S., RODRIGUES, M. T. & YONENAGAYASSUDA, Y. Pericentric inversion events in karyotypic distinction of Brazilian lizards of genus Phyllopezus (Squamata, Gekkonidae) detected by chromosomal banding patterns. Hereditas (27): 255-262. Lund, Sweden (1997). POUGH, F. H.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. A Vida dos Vertebrados. 4ª Ed. Atheneu Editora São Paulo, São Paulo: 2008. RODRIGUES, M. T. Herpetofauna da Caatinga. In: Ecologia e Conservação da Caatinga, (Ed. Leal I R, Tabarelli M, Silva J M C), cap. 4,: Universidade Federal de Pernambuco, pp: 181-236,

Recife:

2003.

Acessado

no

site

em Julho de 2012. UETZ, P. (editor), The Reptile Database. Disponível em: http://reptiledatabase.reptarium.cz/advanced_search?taxon=Phyllodactylidae&submit=Search



Acessado em 26/08/2012. VANZOLINI, P. E. Sobre o gênero Phyllopezus (Sauria: Gekkonidae). Papeis Avulsos Zool., S. Paulo 1 l(22): 353-369. São Paulo: 1953.

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DETERMINAÇÃO DO NÚMERO E MORFOLOGIA CROMOSSÔMICA DE CINCO ESPÉCIES DE VESPAS SOCIAIS (HYMENOPTERA, VESPIDAE, POLISTINAE) DA BAHIA, BRASIL Oziel Santana Neri Trindade1, Malu Andrade Santos1 e Juvenal Cordeiro Silva Júnior2 1

Pesquisadores do Programa de Pós Graduação em Genética, Biodiversidade e

Conservação, UESB, Campus de Jequié/BA ([email protected]) 2

Professor Adjunto do Departamento de Ciências Biológicas, UESB, Campus de

Jequié/BA.

Palavras-chave: citogenética, cariótipo, vespas sociais.

1. Introdução

A família Vespidae é constituída por cerca de 4.500 espécies distribuídas em 268 gêneros e seis subfamílias existentes atualmente: Euparagiinae, Stenogastrinae, Vespinae, Masarinae, Eumeninae e Polistinae, sendo que destas, apenas as três últimas ocorrem no Brasil (Carpenter & Marques, 2001). A subfamília Polistinae é cosmopolita, mas grande parte de suas 942 espécies agrupadas em 26 gêneros habitam a região neotropical, sendo que no Brasil ocorre uma alta diversidade com 21 gêneros e 304 espécies (Carpenter & Marques, 2001; Carpenter, 2004). A citogenética constitui uma ferramenta adicional aos estudos dos mecanismos envolvidos nos processos evolutivos das espécies. Sua aplicação é considerada cada vez mais importante para estudos de filogenia, taxonomia, mecanismos de especiação e da variabilidade genética (Gomes, 1995). São poucos os estudos citogenéticos associados à fauna de vespas sociais no Brasil. Os trabalhos mais expressivos foram realizados por Pompolo e Takahashi (1986, 1987, 1990a e 1990b), que cariotiparam 21 espécies. Assim, o objetivo deste trabalho foi gerar novas informações sobre a citogenética de vespas sociais (Hymenoptera; Polistinae; Epiponini), cariotipando cinco espécies de vespas sociais e determinando o número e morfologia dos seus cromossomos.

2. Metodologia 10

Cinco espécies de vespas sociais da subfamília Polistinae foram analisadas. O material biológico foi obtido no período de março de 2010 a maio de 2011, pela captura ativa dos ninhos em localidades rurais de municípios da região de Jequié, Bahia. Os cromossomos metafásicos foram obtidos a partir de gânglios cerebrais de prepupas, utilizando a metodologia proposta por Imai et al. (1988). As melhores metáfases foram analisadas e fotografadas sob objetiva de imersão (100x). O número cromossômico das espécies foi determinado a partir do número de ocorrência mais comum. Os cariótipos foram montados pareando-se os cromossomos em ordem decrescente de tamanho. Neste trabalho foi adotada a caracterização da morfologia cromossômica proposta por Levan et al. (1964), que considera quatro tipos cromossômicos em relação à razão de braços com a seguinte nomenclatura: M=Metacêntrico; Sm=Submetacêntrico; A=Acrocêntrico e T=Telocêntrico, e realizadas inferências comparativas considerando a nomenclatura proposta na Teoria da Interação mínima (Imai et al, 1988; Imai, 1991).

3. Resultados

Das cinco espécies de vespas sociais analisadas, quatro dessas geraram novas descrições para a subfamília Polistinae. apresentou

2n

= 64

cromossomos

O cariótipo de Apoica (Apoica) flavissima (fêmeas) com

morfologia

metacêntrica e

submetacêntrica. O cariótipo é simétrico e apresenta fórmula cariotípica 2n=48M+16SM (Figura 1A). As quatro espécies do gênero Polybia estudadas neste trabalho apresentaram números cromossômicos diferentes. A espécie Polybia (Myrapetra) occidentalis possui cariótipo formado por número diplóide de 44 cromossomos (fêmeas), e morfologias cromossômicas metacêntricas e acrocêntricas com variações no tamanho dos mesmos. Esta espécie apresentou fórmula cariotípica 2n=36M+8A (Figura 1B). Polybia (F.) rejecta apresentou um cariótipo simétrico composto de 2n=28 cromossomos (fêmeas) e fórmula cariotípica 2n=20M+8SM (Figura 1C). Polybia (M.) catillifex apresentou um cariótipo simétrico, embora com pequenas variações de tamanho, com 2n=40 cromossomos para as fêmeas (Figura 1D). A fórmula cariotípica diplóide observada foi 2n=30M+10SM. Polybia (T.) chrysothorax apresentou um cariótipo simétrico com 2n=58 cromossomos para fêmeas e n=29 para os machos (Figura 1E e F). Foi verificado nesta ultima espécie um único par

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telocêntrico menor que os demais cromossomos do conjunto. A fórmula cariotípica obtida foi: 2n=52M+4SM+2T. A

B

C

D

E

F

Figura 1. Cariótipos das espécies de vespas sociais capturadas no estado da Bahia. A. Apoica (A.) flavissima (fêmea); B. Polybia (M.) occidentalis (fêmea); C. Polybia (F.) rejecta (fêmea); D. Polybia (M.) catillifex (fêmea); E. Polybia (T.) chrysothorax (fêmea); F. Polybia (T.) chrysothorax: (macho). Barra=5µm.

4. Discussão e conclusão

A análise dos cromossomos de vespas sociais é escassa e o número cromossômico quando comparado com outros Hymenoptera é muito variável (Hoshiba et al. 1989). Os dados citogenéticos disponíveis na literatura somados aos obtidos no presente trabalho reforçam essa hipótese. Além disso, a analise dessas informações permite propor um padrão cariotípico, cujo cariótipo mais basal seria composto por 2n=34 cromossomos na sua maioria metacêntricos e submetacêntricos. A alta variação evidenciada no numero de cromossomos em Polistinae e a ocorrência de cariótipos com número elevado de cromossomos de tamanho reduzido com maioria do tipo metacêntrico e submetacêntrico pode ser explicada pela Teoria da Interação Mínima proposta por Imai et al. (1986; 1988). Adicionalmente, a baixa frequência nos cariótipos de cromossomos do tipo acrocêntrico e telocêntrico poderiam representar estágios intermediários da evolução cariotípica dos táxons nos quais estes tipos cromossômicos estão presentes. Estas afirmações só poderão ser melhor elucidadas com a realização de técnicas de caracterização da heterocromatina constitutiva para a maioria das espécies. 12

A classificação taxonômica controversa de Polybia é refletida na grande variação no número de cromossomos das espécies do gênero. No caso especifico de P. occidentalis os dados citogenéticos intensificam a problemática taxonômica do grupo com a presença de citótipos diferentes para a mesma espécie, a exemplo dos dados obtidos nesse trabalho quando comparados com os resultados propostos por Pompolo & Takahashi (1990b). A semelhança cariotípica entre Apoica (A.) flavissima com duas espécies do gênero Agelaia (Lepeletier, 1836) reforça a proximidade filogenética entre os gêneros. A análise citogenética pode ser considerada como uma importante ferramenta nos estudos taxonômicos, auxiliando na resolução dos polimorfismos morfológicos deste grupo de vespas sociais, principalmente quanto à definição de subgêneros, subespécies e a detecção de complexos de espécies crípticas.

5. Literatura citada

Carpenter, J.M. & Marques, O.M. 2001. Contribuição ao estudo dos vespídeos do Brasil (Insecta, Hymenoptera, Vespoidea, Vespidae). Cruz das Almas / BA. UFBA, Escola de Agronomia, Dpto Fitotecnia / Mestrado em Ciências Agrárias. Série Publicações Digitais, 2. Carpenter, J.M. 2004. Synonymy of the genus Marimbonda Richards, 1978, with Leipomeles Möbius, 1856 (Hymenoptera: Vespidae; Polistinae), and a new key to the genera of paper wasps of the New World. American Museum Novitates 3465: 1-16. Gomes, L.F. 1995. Estudos citogenéticos em vespas do gênero Trypoxylon (Hymenoptera, Sphecidae, Larrinae, Trypxylonini). Viçosa: UFV. Dissertação de Mestrado. 80 p. Hoshiba, H.; Matsuura, M. & Imai, H.T. 1989. Karyotype evolution in the social wasps (Hymenoptera, Vespidae). Jap. Journ. of Genet. 64: 209-222. Imai, H.T.; Maruyama, T.; Gojobori, T.; Inoue, Y. & Crozier, R.H. 1986. Theoretical bases for karyotype evolution. The minimum-interaction hypothesis. American Naturalist 128 (6): 900-920. Imai, H.T.; Taylor, R.W. & Crozier, R.H. 1988. Modes of spontaneous chromosomal mutation and karyotype evolution in ants with reference to the Minimun Interaction Hypothesis. Jap. Journ. of Genet. 63: 159-185. Imai, H.T. 1991. Mutability of constitutive heterochromatin (C-bands) during eukaryotic chromosomal evolution and their cytological meaning. Jap. Journ. of Genet. 66: 635–661. 13

Levan, A.K.; Fredga, K. & Sandberg, A.A. 1964. Nomenclature for centromeric position on chromosomes. Hereditas 52: 201-220. Pompolo, S.G. & Takahashi, C.S. 1986. Karyotype of two species of the genus Polistes (Polistinae, Vespidae, Hymenoptera). Insects Sociaux, 33: 142-148. Pompolo, S.G. & Takahashi, C.S. 1987. Cytogenetics of brazilian Polybiini wasps (Hymenoptera, Vespidae, Polistinae). Rev. Bras. de Genét. 10(3): 483-496. Pompolo, S.G. & Takahashi, C.S. 1990a. Chromosome numbers and C bands in two wasp species of the genus Polistes (Hymenoptera, Vespidae, Polistinae). Insects Sociaux 37: 251-257. Pompolo, S.G. & Takahashi, C.S. 1990b. Karyotype of ten species of social wasps (Hymenoptera, Polistinae, Polybiini). Rev. Bras. de Genét. 13(3): 469-477.

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TRANSFERIBILIDADE DE LOCI DE MICROSSATÉLITES NO MUTUM-DOSUDESTE, Crax blumenbachii (GALLIFORMES, CRACIDAE): UMA ESPÉCIE DE AVE AMEAÇADA DA MATA ATLÂNTICA Mariellen Cristine Costa1, Crisley de Camargo2, Natasha Macioli Laganaro3, Paulo Roberto Ramos Oliveira Jr.3, Luís Fábio Silveira4 e Mercival Roberto Francisco5

1 Graduanda da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar/Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais ([email protected]); 2 Mestranda da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – UNESP/Botucatu, Programa de Ciências Biológicas (Genética); 3 Mestrandos da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar/Sorocaba, Programa de Diversidade Biológica e Conservação; 4 Curador de Aves do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo – MZUSP. 5 Professor da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar/Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais;

Palavras-chave: cracídeos, microssatélites, genética da conservação

1. Introdução O Mutum-do-Sudeste, Crax blumenbachii, passou por um grande declínio populacional devido à perda de hábitat e efeitos de caça predatória, sendo atualmente listado na categoria “Em Perigo” (IUCN, 2011). Por isso, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) criou o “Grupo de Trabalho para a Conservação de Galliformes’’, visando a elaboração do Planos de Ação para a preservação destas aves (Silveira et al., 2008). Dentre as diretrizes apresentadas neste plano, encontra-se a necessidade do desenvolvimento de programas de reprodução em cativeiro. Entretanto, para realizar a manutenção das populações em cativeiro é de fundamental importância realizar conjuntamente o manejo genético dos indivíduos, para evitar o endocruzamento. Esse feito pode ser agravado, pois nem sempre o número de indivíduos fundadores da população cativa é suficiente para evitar a reprodução de indivíduos cosanguíneos. Dessa forma, técnicas moleculares podem determinar o grau de parentesco entre os indivíduos e auxiliar em estratégias de reintrodução (Frankham et al., 2008). 15

Os marcadores moleculares Microssatélites ou Repetições de Sequências Simples (SSRs) são repetições em tandem de um a seis pares de base que estão dispersas pelo genoma de todos os organismos já analisados (Zane et al., 2002). Devido ao elevado conteúdo de informação, polimorfismo e expressão co-dominante, esse marcador molecular permite identificar indivíduos homozigotos e heterozigotos para os loci analisados (Zane et al., 2002). Entretanto, como os loci são espécie-específicos, precisam ser isolados para cada espécie que esteja sendo avaliada pela primeira vez, o que pode gerar grande gasto de tempo e recursos financeiros, pois exige a utilização de técnicas dispendiosas (Zane et al., 2002; López-Vinyallonga et al., 2011). Contudo, é possível realizar a transferibilidade de primers desenvolvidos para uma espécie (espécie de origem) em espécies evolutivamente relacionadas (espécie alvo), uma vez que as regiões flanqueadoras dos microssatélites que podem ser altamente conservadas (Galbusera et al., 2000; Zane et al., 2002; Primmer & Merila, 2000; López-Vinyallonga et al., 2011). Dessa forma, a técnica de transferibilidade pode facilitar o uso dos microssatelites, uma vez que reduz esforço e custos com isolamento dos loci, principalmente quando os microssatelites apresentam baixa frequência, gerando aumento da relação custo-eficiência (Primmer e Merila, 2000; López-Vinyallonga et al., 2011). Sendo assim, o objetivo deste estudo foi testar a transferibilidade dos loci de microssatélites isolados para Aburria jacutinga e Pauxi tuberosa em C. blumenbachii. Com isto, fornecer subsídios para a implementação de um programa de monitoramento genético para esta espécie.

2. Material e Métodos As amplificações dos loci de microssatélites foram realizadas em termociclador Eppendorf, programado para uma desnaturação inicial de 94°C por 3 minutos, e 29 ciclos de 94°C por 30 segundos, de 45° a 65,6°C (de acordo com a temperatura pré-definida para cada locus) por 30 segundos e 72°C por 30 segundos, seguido de uma extensão final de 72°C por 5 minutos. Para testar amplificação dos loci, utilizou-se o DNA extraído pelo método Fenol/ Clorofórmio/ Álcool Isoamílico (Sambrook et al., 1989)

de 15 amostras de C.

blumenbachii em reação de PCR com volume de 10 µL, contendo 2,0 µL de DNA, 2,0 µL do tampão de amplificação 10x, 1,6 µL de DNTPs, 1,0 µL de cada primer (Sigma® Life Science), 0,2 µL de Taq polimerase e 2,2 µL de Nuclease-Free Water. 16

Após a reação, realizou-se uma eletroforese em gel de agarose 1% para verificar a eficiência de amplificação dos loci em cada indivíduo testado e constatar possíveis alelos nulos. Para se avaliar a existência de polimorfismo nos loci, os produtos de PCR com resultados satisfatórios de amplificação foram separados em géis de poliacrilamida 7,5% em cuba de sequenciamento. A visualização foi feita através da coloração com nitrato de prata (Commincini et al., 1995).

3. Resultados Os primers heterólogos demonstraram eficiência de amplificação (Tabela 1), dado que 43 dos 47 amplificaram em C. blumenbachii.

Entre os loci heterólogos que

amplificaram com sucesso, dez foram polimórficos para C. blumenbachii (23%), sendo um espécie-especifíco de A. jacutiga (Aburria 36) e 9 espécie-específico de P. tuberosa (Pauxi 1-2, Pauxi 1-4, Pauxi 1-16, Pauxi 1-30, Pauxi 1-36, Pauxi 1-37, Pauxi 2-19, Pauxi 2-30 e Pauxi 3-4). O número de alelos variou de dois a três na espécie alvo. Analisando-se cada locus separadamente, observa-se que o locus Aburria36 apresentou polimorfismo para a espécie alvo C. blumenbachii, porém é monomórfico para a espécie-específica A. jacutinga. Além disso, os loci Pauxi1-16, Pauxi1-36 e Pauxi2-19 foram polimórficos para C. blumenbachii, e não demonstram variação de alelos em P. tuberosa, espécie de origem dos primers (tabela 1). As temperaturas de annealing espécie-específicas foram mantidas nos testes de transferibilidade e os primers heterólogos amplificaram sem a necessidade de ajuste na temperatura ou nos componentes da reação de PCR.

4. Discussão e Conclusão Segundo Primmer e colaboradores (1996), os loci desenvolvidos para as espécies de aves, que apresentaram sucesso de amplificação cruzada entre espécies próximas filogeneticamente, têm menos de 50% de probabilidade de serem polimórficos. Dentre os 47 loci testados, 23% apresentaram polimorfismo para C. blumenbachii, dados que corroboram com esse estudo. Os 10 loci polimórficos identificados para a espécie apresentaram dois ou três alelos, demonstrando uma riqueza alélica inferior a outras espécies de cracídeos estudados.

17

Os resultados revelaram evidencias de possível transferibilidade de loci de microssatélites entre espécies relacionadas de cracídeos, garantindo uma maneira rápida e de menor custo para a disponibilização desses marcadores moleculares para estudos ecológicos e evolutivos, além de apresentar grande importância para a realização de planos de manejo, a fim de garantir a conservação desse grupo de aves ameaçadas. Além disso, alguns loci que são monomórficos para a espécie-específica demonstraram polimorfismos ao serem testados em outras espécies. Muitas vezes, os loci monomórficos não são publicados em estudos de isolamento e caracterização de microssátelites, o que impossibilita a utilização desses loci em trabalhos de transferibilidade subestimando o nível de variabilidade genética que poderia ser identificado em outras espécies. O Plano de Ação para a Conservação do Mutum-do-Sudeste (C. blumenbachii) tem como um dos objetivos assegurar permanentemente a manutenção das populações e promover o aumento tanto do efetivo populacional quanto do número de populações, e proporcionar a expansão da distribuição geográfica da espécie na sua área de ocorrência original.

Portanto, um dos objetivos específicos do Plano de Ação é o manejo das

populações em cativeiro visando monitoramento genético e reintroduções em caráter essencial. Assim, os marcadores microssátelites transferidos para C. blumenbachii fornecem subsídios suficientes para se realizar as análises genéticas fundamentais para estudos de reintrodução visando definir os perfis genéticos e os melhores pareamentos para aumentar a diversidade genética das populações cativas. O presente estudo solucionou de maneira rápida e efetiva o problema de caracterização loci de microssátelites para essa espécie, sem a necessidade do longo processo de isolamento de marcadores moleculares específicos para C. blumenbachii.

5. Literatura citada

COMINCINI, S., LEONE, P., REDAELLI, L., DE GIULI, L., ZHANG, Y. & FERRETI, L. Characterization of bovine microsatellites by silver staining.

Journal of Animal

Breeding and Genetics. v. 112, p. 415-420, 1995. FRANKHAM, R.; BALLOU, J. D.; BRISCOE, D.

A. Reprodução em cativeiro e

reintrodução. In: ______. Fundamentos de Genética da conservação. Ribeirão Preto: SBG, 2008. 148-171 p. 18

GALBUSERA, P.; VAN DONGEN, S.; MATTHYSEN, E. Cross-species amplification microsatellite primers in passerine birds. Conservation Genetics. v. 1, n. 2, p. 163-168, ago. 2000. IUCN - International Union for Conservation of Nature. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2011.2. Disponível em: Acesso em: 18 jan. 2012. LÓPEZ-VINYALLONGA, S.; LÓPEZ-ALVARADO, J.; CONSTANTINIDIS, T. H.; SUSANNA, A.; GARCIA-JACAS, N. Microsatellite cross-species amplification in the genus Centaurea (Compositae). Collectanea Botanica, v. 30, p. 17-27, 2011. PRIMMER, C. R.; MERILÄ, J. A low rate of cross-species microsatellite amplification success in Ranid frogs. Conservation Genetics, v.3, p. 445-449, 2000. PRIMMER, C. R.; MOLLER, A. P.; ELLEGREN, H. A wide-range survey of crossspecies microsatellite amplification in birds. Molecular Ecology, v. 5, p. 365-378, 1996. SAMBROOK, J.; FRITSCH, E. F.; MANIATIS, T. Molecular cloning:

a laboratory

manual. 2ª Ed. Nova York: Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1989. SILVEIRA, L.F., SOARES, E.S. & BIANCHI, C. Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Galliformes Ameçados de Extinção (arucuãs, jacus, jacutingas, mutuns e urus). Série Espécies Ameaçadas, nº 6. Brasília: ICMBio, 90 p. 2008 ZANE, L.; BARGELLONI, L.; PATARNELLO, T. Strategies for microsatellite isolation: a review. Molecular Ecology, n. 11, pp. 1-16, 2002.

19

AMOSTRAGEM INTRACOLONIAL EM ABELHAS SEM FERRÃO Marcus Vinicius Canário Viana1, Bruno Santos Almeida1, Soraia Barreto Aguiar Fonteles2, Ana Karina de Francisco1, Carlos Alfredo Lopes de Carvalho2, Ana Maria Waldschmidt1. 1

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB - Departamento de Ciências Biológicas

([email protected]) 2

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, UFRB - Núcleo de Estudo dos Insetos –

Insecta.

Palavras-chave: genética molecular, microssatélites, diversidade

1. Introdução

Em espécies que apresentam comportamento eusocial o número de indivíduos observados não é o número de potenciais reprodutores (Graur, 1985), exigindo uma amostragem diferenciada. Para estudos de diversidade genética em abelhas eusociais são utilizados um ou dois indivíduos por colônia para marcadores de DNA mitocondrial (MayItiza et al., 2010; Francisco et al., 2006) e um ou cinco (Borges et al., 2010) para marcadores nucleares. O objetivo deste trabalho foi inferir um número ideal para amostragem em abelhas sem ferrão com marcadores nucleares tendo a abelha Mellipona scutellaris como modelo.

2. Material e Métodos

Amostras de deis colônias de M. scutellaris foram coletadas em meliponários nas localidades de Vera Cruz-BA (A), Catu-BA (B, E e F) e Tancredo Neves-BA (C e D). Cerca de 30 operárias foram utilizadas por colônia, totalizando 180 indivíduos em seis colônias. Foram coletadas adultas nas colônias A e B, e pupas nas colônias C, D, E e F. O DNA total foi extraído de acordo com o protocolo de Waldschmidt et al. (1997). Seis locos microssatélites foram amplificados e os produtos de PCR foram submetidos à eletroforese em gel de poliacrilamida não-desnaturante 8% e visualizados através de coloração com nitrato de prata. Os genótipos parentais e número de patrilineas foram 20

deduzidos de acordo com Estoup et al., (1994) e operárias invasoras foram identificadas de acordo com (Palmer et al., 2002). Para inferir um número ideal de amostras para estimativa de diversidade genética subamostragens de 1, 2, 3, 4, 5 e 10 indivíduos por colônia foram feitas a partir dos 30 iniciais. A heterozigosidade observada, percentual de locos polimórficos, desvios do Equilíbrio de Hardy-Weinberg, a diversidade alélica foram calculados com o programa TFPGA (Miller, 1997). Os resultados para as diferentes subamostragens foram comparados por um teste t pelo programa Assistat (Santos e Silva, 2012).

3. Resultados

O locos Mbi232, Mbi233, Mbi254, Mru03, Mru14, Tc4-287 apresentaram 4, 5, 5, 3, 3, 2 e 2 alelos, respectivamente. Operárias invasoras e duas patrilineas foram encontradas em colônias em que adultos foram amostrados. No teste t para comparação de médias a heterozigosidade observada e o percentual de locos polimórficos, total ou por colônia, não variaram significativamente (p>0,05). No entanto, a utilização de 5, 10 ou 30 indivíduos por colônia detectou o maior número de alelos (p Acesso em: 06 julh. 2012. MICHENER, C. D. The bees of the word. The Jhon Hopkins University Press, Baltimore. p. 779-805, 2000. MOURE, J. S.; URBAN, D.; MELO GAR (2007) Catalogue of Bees (Hymenoptera, Apoidea) in the Neotropical Region. Sociedade Brasileira de Entomologia, Curitiba, 1058 p. 2007. ROCHA, M. P.; POMPOLO, S. G.;CAMPOS, L. A. O. Citogenética da tribo Meliponini (Hymenoptera, Apidae). In: Melo GAR and Santos IA (eds) Apoidea Neotropica: Homenagem aos 90 anos de Jesus Santiago Moure. UNESC, Criciúma, pp 311-320. 2003. SUMNER, A. T. Chromosome Banding. London, Unwin Hyman Ltd. xiv + 434p. 1990. SUMMER, A. T. Chromossomes: Organization and Function. Blackwell Publishing. p. 285. 2003.

33

SELEÇÃO DE PRIMERS ISSR PARA ESTUDOS DE DIVERSIDADE GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE Melipona scutellaris (HYMENOPTERA: APIDAE) Bruno Santos Almeida1, Marcus Vinicius Canário Viana1 e Ana Maria Waldschmidt2. 1

Mestarando em Genética Biodiversidade e Conservação- UESB ([email protected]);

2

Professor (a) Dr(a) do Departamento de Ciências Biológicas – DCB (UESB/Campus de

Jequié-BA).

Palavras-chave: Abelha, Amplificação, Polimorfismo.

1. Introdução

As abelhas brasileiras sem ferrão são as principais polinizadoras das árvores nativas.. Atualmente está espécie está presumidamente ameaçada de extinção (KERR, 2002). Dentre as técnicas moleculares que podem ser utilizadas como ferramenta para estudo da diverisdade genética, destaca-se a ISSR (Inter Simple Sequence Repeat) por permitir a detecção de polimorfismos em regiões flanqueadas por DNA microssatélite sem a necessidade de se isolar e seqüenciar fragmentos específicos de DNA. Esta técnica baseia-se na amplificação por PCR do DNA de cada indivíduo, usando como oligonucleotídeos iniciadores (primers) seqüências de nucleotídeos complementares a sítios de SSR (Single Sequence Repeat) aleatórios (Gupta et al., 1994). O presente estudo objetivou-se selecionar primers ISSR que possam ser usados para estudos genéticos em populações de Melipona scutellaris visando estabelecer estratégias que permitam a conservação desse importante polinizador.

2. Material e Métodos

Foram amostradas oito colônias (oito operarias) das localidades de Rui Barbosa, Mundo Novo, Maracás e Pojuca, no Estado da Bahia, para a realização dos testes de polimorfismo de primers. O DNA foi extraído de acordo com o protocolo de Waldschmidt et al. (1997). Após a extração as amostras foram submetidas à eletroforese em géis de agarose a 0,8% para verificar a qualidade e a integridade do DNA. As reações de 34

amplificação foram realizadas via PCR-ISSR. Cada reação conteve um volume total de 25 μL contendo 10 ng de DNA, dNTPs a 200 μM, 1 U da enzima Taq polimerase, 50 pmoles de primer e 2,5 mL de tampão 10X. O termociclador foi programado para um passo inicial de desnaturação de 94°C/4min e 40 ciclos de 91°C/1mim, 53ºC/2min, 72ºC/ 2min e um passo final de 72ºC/7mim. As reações foram acompanhadas por controle negativo contendo todos os componentes, exceto o DNA genômico. Os fragmentos de DNA resultantes da amplificação foram separados por eletroforese em gel de agarose 1.2%. Foi construída uma matriz binária para quantificar o numero total de locus identificados. A presença de bandas foi atribuído o valor 1 e ausência o valor 0.

3. Resultados

As oito amostras extraídas de Rui Barbosa, Mundo Novo, Maracás e Pojuca apresentaram boa integridade e quantidades ótimas para a realização das amplificações (figura 1a e b). Foram testados 50 primers ISSR com a temperatura de anelamento de 53º sendo destes 23 amplificaram regiões do genoma de M. scutellaris. Contudo apenas 10 primers (UBC 808, 809, 811, 812, 834, 827, 825b, 889, 857, 888) (tabela 01) foram selecionados por apresentarem presença de bandas nítidas, quantidade de fragmentos gerados superior a cinco, polimorfismo e reprodutibilidade. O numero total de bandas obtidas foram 94, o primer UBC-888 apresentou o maior número (13) e o UBC-857 o menor (6). O numero médio de bandas por primer foi de 9,4. 1 2

a

3

4

5

6

7

8 1 2 3 4 5

6 7

8

b

Figura 1. a) Quantificação do DNA genômico extraído segundo o protocolo de Waldschmidt et al. (1997) das 8 colônias de M. scutellaris amostradas. b) Amplificação com primer 811 das amostras oriundas de Pojuca (1-2), Mundo Novo (3-4), Rui Barbosa (5-6) e Maracás (7-8), evidenciando o numero de bandas e o polimorfismo obtido.

35

Tabela 01. Descrição dos dez primers ISSR selecionados, contendo as sequências, temperatura de anelamento e o numero de bandas obtidas. Primer

Seqüência

Temperatura de Numero de Anelamento (ºC)

Bandas

UBC 808

(AGA)3 (GAG)2

53

12

UBC809

(AGA)3 (GAG)3

53

11

UBC 811

(GAG)3 (AGA)2

53

12

UBC 812

(GAG)3 (AGA)2

53

9

UBC 834

(AGA)3 (GAG)2

53

8

UBC 827

(ACA)3 (CAC)2

53

7

UBC 825b

(ACA)3 (CAC)2

53

8

UBC 889

(CAT)2 (GGT)2

53

8

UBC 857

(ACA)3 (CAC)2

53

6

UBC 888

(CAC)2 (ACA)2

53

13

4. Discussão e Conclusão

O protocolo de extração proposto por Waldschmidt et al. (1997), foi eficiente para obtenção do DNA genômico das colônias analisadas, tanto em quantidade como em qualidade do DNA, não apresentando contaminação por compostos fenólicos ou proteínas que inviabilizam as amplificações. Segundo Carvalho e Vieira (2001) um dos fatores fundamentais para o sucesso da reação de PCR é a quantidade de DNA íntegro em relação ao primer uma vez que poderá não ocorrer a amplificação se a quantidade for excessivamente alta ou baixa. Os dez primers selecionados neste estudo podem ser usados para estudos de diversidade genética, dado ao alto numero de bandas obtidas e a presença de polimorfimos genéticos. Interessante notar que as sequências flanqueadas são ricas em adenina, citosina e guanina e somente o primer 889 franqueou regiões com timina, possivelmente as sequências ISSR do genoma da espécie apresentam elevada freqüência destas bases nitrogenadas. Os resultados deste trabalho são importantes para estudos de diversidade genética, pois a seleção de primers informativos é o primeiro passo da pesquisa. 36

5. Literatura citada

CARVALHO, A.O.R., VIEIRA, L.G.E. Determinação das condições ótimas para análises de PCR-RAPD em Atta sexdens rubropilosa Forel (Hymenoptera: Formicidae). Neotropical Entomology, Londrina, v.4, n.30, p.593-600, 2001.

GUPTA, M., CHYI, Y.S., ROMERO-SEVERSON, J., OWEN J.L. Amplification of DNA markers from evolutionarily diverse genomes using single primers of simple-sequence repeats. Theoretical and Applied Genetics, v. 89, p.998-1006, 1994.

KERR, W.E. Extinção de espécies: a grande crise biológica do momento e como afeta os meliponíneos. Anais do V Encontro sobre Abelhas. Ribeirão Preto/SP, 2002, p. 4.

WALDSCHMIDT, A. M., SALOMÃO, T. M. F., BARROS, E. G.; CAMPOS, L. A. O. Extraction of genomic DNA from Melipona quadrifasciata (Hymenoptera, Apidae Meliponinae). Revista Brasileira de Genética. v.20, p. 421-423, 1997.

37

TESTES DE DOIS PARES DE PRIMERS E CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO PARA CAMARÕES MARINHOS

Renata Vasconcelos Oliveira¹ ; Marcelo Cervini² ; Ana Maria Waldschmidt²; Paulo Roberto Antunes de Melo Affonso² ; Ana Karina de Francisco² ¹,²Laboratório de Genética Molecular - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié – BA ¹Graduanda do curso de Ciências Biológicas. ²Professores do Departamento de Ciências Biológicas-DCB ¹[email protected]

Palavras-chave: camarão, teste amplificação, barcode

1-Introdução Para o conhecimento de organismos que podem ou não pertencer a um mesmo grupo taxonômico, uma melhor definição e identificação das espécies se faz necessária para confirmação e/ou descoberta da diversidade biológica. O grupo dos camarões apresentam muitos problemas de espécies crípticas e talvez com identificações errôneas, as devidas medidas para conservação não estão sendo tomadas; ainda, estas espécies sofrem um intenso esforço de pesca, podendo prejudicar tanto as espécies de interesse comercial, como aquelas consideradas fauna acompanhante. A utilização de análises moleculares pode auxiliar na obtenção desse conhecimento. Uma dessas, é a técnica DNA barcoding a qual consiste na utilização de pequenas seqüências de genes padronizados que conduzirão para revelar novas espécie, identificá-las, podendo assim delimitar as espécies e revelar espécies crípticas (HEBERT et al., 2004). O objetivo deste trabalho foi testar os dois pares de primers de Barcode para as espécies Xiphopenaeus kroyeri, Exhippolysmata oplophoroides, Farfantepenaeus paulensis, Litopenaeus schmitti e Sicyonia typica. A região de interesse é um fragmento de aproximadamente 710 pb da região 5`do gene COI.

2- Material e Métodos As reações de amplificação foram realizadas em termociclador NYX Technik modelo ATC 201. Foram testadas as condições de amplificação propostas por COSTA et al (2007) a qual consta em um regime de termociclagem com um volume final de 50 μl em 38

um ciclo de 1min à 94°C; 5 ciclos de 30 seg à 94°C, 90 seg à 45°C e 60 seg à 72°C; 35 ciclos de 30 seg à 94°C, 90 seg à 51°C e 60 seg à 72°C; seguindo a extensão final de 5 min à 72°C. As condições de JEFFERY et al.( 2011) consistiu de um volume final de 12.5 μl em um ciclo de 1 min à 94°C; 5 ciclos de 94°C por 1 min, 45°C por 40 seg e 72°C por 1 min; seguido de 35 ciclos de 94°C por 1 min, 51°C por 40 seg e 72°C por 1 min; e depois um ciclo final de 72°C por 5 min. Também foram realizados testes com alterações de concentrações de DNA com 50, 25, 15 e 5 ng, concentração de Taq polimerase de 1 U para 2 U, temperatura de extensão de 72°C para 64°C, temperatura de anelamento de: 46, 47, 48, 49 e 50. Foi modificado também a primeira etapa de anelamento de 5 ciclos para 8 ciclos durante 1h e 20 min à 45°C; e a segunda etapa de anelamento com de 35 ciclos para 30 ciclos finais durante 1h e 20 min à 51°C. Os primers LCO 1490, HCO 2198 e Crust F1, Crust R2 descritos por FOLMER et al,(1994) foram empregados separadamente e os dois pares em conjunto.

3- Resultados

Houveram falhas em algumas amplificações com as espécies Xiphopenaeus kroyeri, Farfantepenaeus paulensis, Litopenaeus schmitti e Sicyonia typica. O melhor resultado foi obtido a partir das condições de amplificação com JEFFERY et al.( 2011), sendo uma concentração de DNA de 5 ng e Taq polimerase 1 U, e a espécie com melhor resultado para as amplificações em relação às outras foi Exhippolysmata oplophoroides. Não houve diferença na qualidade de amplificação para os diferentes primers.

4- Discussão e conclusão

A falha na amplificação das espécies Xiphopenaeus kroyeri, Farfantepenaeus paulensis, Litopenaeus schmitti e Sicyonia typica, pode estar relacionada não somente ao método de amplificação utilizado, mas também à má qualidade do DNA total extraído. A não distinção entre o uso de pares de primers diferentes pode possivelmente confirmar que para a técnica de Barcode um par de primer universal já é suficiente para bons resultados. Percebe-se que nem todo procedimento pode ser aplicado de forma genérica havendo uma necessidade de certos ajustes para que os estudos sobre determinada espécie possam ser

39

realizados com uma melhor qualidade, mesmo para uma metodologia como o Barcode que, aparentemente oferece primers praticamente prontos para amplificação.

5- Literatura citada

COSTA, F.O.; DE WAARD, J.R; BOUTILLIER, J.; RATNASINGHAM, S.; DOOH, R.T.; HAJIBABAEI, M.; HEBERT, P.D.N. 2007. Biological identifications through DNA barcodes: the case of the Crustacea. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 64: 272-295.

FRANCISCO, Ana Karina de. Caracterização genética populacional do camarão setebarbas Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) no litoral sudeste-sul do Brasil / Ana Karina de Francisco. -- São Carlos : UFSCar, 2010.

101 f.

HEBERT, P.D.N.; PENTON, E.H.; BURNS, J.M.; JANZEN, D.H.; HALLWACHS, W. 2004. Ten species in one: DNA barcoding reveals cryptic species in the neotropical skipper butterfly Astraptes fulgerator. Proceedings of the National Academy of Science of the United States of America 101, 1481214817

Suporte financeiro: FAPESB

40

Biodiversidade e Conservação DESCRIÇÃO DE GALHAS INDUZIDAS POR GYNAIKOTHRIPS UZELI (THYSANOPTERA: PHLAEOTHRIPIDAE) EM FICUS BENJAMINA (MORACEAE) André Luiz Santos Mascarenhas1 e Juvenal Cordeiro Silva Junior2 1

Mestrando

em

Genética,

Biodiversidade

e

Conservação

-

UESB

([email protected]); 2

Professor DSc. Departamento de Ciências Biológicas – DCB (UESB/Campus de Jequié-

BA).

Palavras-chave: tripes, galha foliar, Moraceae, razão sexual.

1. Introdução

Os Thysanopteros ou tripes apresentam uma ampla diversidade alimentar. Entre as espécies fitófagas várias são formadoras de galhas, inclusive espécies do gênero Gynaikothrips. Em alguns casos a associação entre tripes galhadores e a planta hospedeira é espécie-específica, apresentando-se como uma estratégia trófica especializada (Ananthakrishnan, 1993). As galhas induzidas por G. uzeli em F. benjamina, caracterizamse pela dobradura da folha ao alimentar-se dos tecidos foliares. Estas, além de ser fonte de alimento, servem como abrigo e proteção contra espécies predadoras e agentes naturais (Mound et al.,1995). Segundo Kranz et al., (2001), o conhecimento do papel ecológico e genético de tripes galhadores é de fundamental importância no estudo da evolução do comportamental social de espécies haplodiplóides, uma vez que seu ciclo de vida difere de outros insetos sociais. Frente à escassez de estudos sobre o G. uzeli, este trabalho tem como objetivo descrever galhas induzidas por G. uzeli em árvores de F. benjamina, relacionando a área e o aspecto foliar à quantidade de indivíduos adultos e imaturos, e analisar a razão sexual e fauna associada, contribuindo assim para melhor compreensão da biologia desta espécie.

2. Material e Métodos 41

As galhas foram coletadas em Ficus benjamina (Moraceae), no município de Jequié – BA (S 130 52’ 4,9” W 0400 04’ 26,7”), no mês de Fevereiro de 2012. Dez árvores de diferentes tamanhos de copa foram selecionadas e cada uma delas foi dividida em quatro quadrantes e em cada um deles foram coletadas, aleatoriamente, cinco galhas, perfazendo um total de 200 galhas. As mesmas foram acondicionadas, individualmente, em sacos plásticos e transportadas ao laboratório onde foram analisadas. Cada galha teve seu interior lavado com álcool 70% e do material obtido foi quantificado o número de larvas, o número de machos e fêmeas e a ocorrência de artrópodos associados. Os insetos foram fixados em etanol absoluto, armazenados em tubos plásticos de 2 mL e identificados. As galhas coletadas foram classificadas quanto ao aspecto foliar (jovem, madura ou velha) e a área foliar calculada por meio da fórmula desenvolvida por Amazonas e colaboradores (2008). As árvores foram categorizadas (categorização visual por comparação) em pequena, média e grande quanto o aspecto de sua copa. O cálculo da razão sexual de tripes adultos foi determinado pela razão entre o total de machos sobre o total de fêmeas de acordo com Quicke (1997).

3. Resultados

A tabela 1 sumariza os resultados obtidos na análise das 200 galhas. Tabela 1 – Parâmetros analisados nos três diferentes aspectos de galhas de G. uzeli em F. benjamina, coletadas no município de Jequié (BA), em fevereiro de 2012.

Parâmetro analisado

Tipo de galha Jovem

Madura

Velha

Número médio de adultos

8,29

9,21

9,52

Número médio de larvas

14,19

42,63

28,56

Número médio de indivíduos

18,37

45,49

31,29

10,14 ± 2,81

7,53 ± 2,41

Tamanho médio da área foliar (cm) 8,08 ± 3,48

A razão sexual observada em G. uzeli, considerando o total de galhas foi de 0,017 machos (N=1813 adultos). As copas maiores apresentaram médias de 119,95 indivíduos 42

por galha, enquanto que copas médias e pequenas apresentaram 36,41 e 25,18 indivíduos, respectivamente. Quanto à análise da fauna associada (Tabela 2) foram contabilizados adultos, imaturos e as exúvias (quando ausente qualquer forma imatura ou adulta da espécie). Tabela 2 – Análise da fauna associada a galhas de G. uzeli em F. benjamina, coletadas no município de Jequié (BA). TAXON

Nº DE INDIVÍDUOS TOTAL

Montandoniola moraguesi

95

95

THYSANOPTERA Androthrips ramachandrai

61

61

HEMIPTERA

Cardiocondyla sp.

01

Crematogaster sp.

05

Nylanderia sp.

01

ARANEAE

------

05

05

COLEOPTERA

------

01

01

HYMENOPTERA

07

4. Discussão e Conclusão

As médias encontradas quanto ao número de indivíduos adultos, larvas e o número total de indivíduos (larvas e adultos) de G. uzeli reforçam proposta de Ananthakrishnan e Raman (1989) de que galhas maduras apresentam populações maiores, enquanto que galhas em formação apresentam populações menores. Não foi observada relação entre tamanho médio da área foliar das galhas e quantidade média de adultos, imaturos e total de indivíduos (Tab. 01). Desta forma, áreas foliares maiores ou menores podem abrigar populações de tamanhos diferentes. A relação entre o tamanho da copa das árvores e a quantidade média de indivíduos por galha pode ser explicado pelo fato que copas maiores ofereceriam maior disponibilidade de alimento, folhas para o estabelecimento de novas galhas e maior proteção a agentes naturais (ventos, chuva, ação direta do sol, etc.). A espécie Montandoniola moraguesi (Hemiptera: Anthocoridae), associada às galhas é uma espécie predadora de tripes, utilizada desde 1966, no Havaí, como agente de controle biológico de G. uzeli (Dobbs e Jr., 2006). Da mesma forma o Androthrips ramachandrai (Thysanoptera: Phlaeothripidae) é citada na literatura como predadora de 43

várias espécies de tripes galhadores entre eles G. uzeli (Mound et al.,1995). A presença de formigas em galhas induzidas por G. uzeli já foi relatado no sudoeste dos EUA (Held et al., 2005), neste trabalho foram encontradas representantes dos gêneros Crematogaster, Nylanderia e Cardiocondyla. A presença de aranhas e um besouro provavelmente estariam associados a interações com a planta e não necessariamente com a galha. A razão sexual observada em G. uzeli (0,017 machos) leva a crer que para G. uzeli a fundação da galha aconteça por uma ou poucas fêmeas, e que possivelmente, as mesmas acasalem com machos irmãos no interior da galha da qual migraram. Estudos adicionais sobre o padrão de fundação de galhas, bem como estudos de parentesco genético entre indivíduos da mesma galha podem auxiliar na elucidação de aspectos relacionados às estratégias de acasalamento e dispersão das fêmeas para essa espécie, contribuindo assim para uma melhor compreensão da diferença da razão sexual entre galhas jovens quando comparadas as galhas maduras e velhas.

5. Literatura citada

AMAZONAS, IRAMI B. et al. Modelagem da estimativa da área foliar da mangueira (Mangifera indica L.). In: ENCONTRO REGIONAL DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL, 8., 2008, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal). Resumos...São Carlos-SP: Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional, 2008. ANANTHAKRISHNAN, T.N. Bionomics of Thrips. Annual Review of Entomology, n. 38, p.71-92, 1993. ANANTHAKRISHNAN, T.N.; RAMAN, A. Thrips and Gall Dynamics. Bril Archieve, New Delhi, 1989. DOBBS, THOMAS T.; JR., DAVID W. Status and distribution of Montandoniola moraguesi (Puton) (Hemiptera: Anthocoridae) in the United States, Florida Entomologist. v. 89, n. 1, 2006.

44

HELD, DAVID W. et al. Gynaikothrips uzeli (Thysanoptera: Phlaeothripidae) in the southeastern United States: distribution and review of biology. Florida Entomologist, Mississippi, v. 88, n. 4, p. 538-540, 2005. KRANZ, B. D. et al. Social biology and sex rations in the gall-inducing thrips, Oncothrips waterhousei and Oncothrips habrus. Insectes Sociaux, Basel, v. 81, p. 315-323, 2001. MOUND, LAURENCE A.; WANG, C.; OKAJIMA. S. Observations in Taiwan on the identity of the Cuban laurel thrips (Thysanoptera: Phlaepothripidae). Journal of the New York Entomological Society, v. 103, p. 185–190, 1995. QUICKE, D. L. J. Parasitic wasps. London, UK: Chapman and Hall,1997.

45

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL EM DIFERENTES SUBSTRATOS DE Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt. & R.M. Sm ( Zingiberaceae) Flávia Pereira de Sousa1 e Ana Carolina da Cunha Rodrigues2 1Bolsista

PIBIC/UFBA.Graduanda de Bacharelado em Ciências Biológicas pela

Universidade Federal da Bahia. UFBA – IMS – CAT. ([email protected]); 2Docente

– Orientadora. UFBA-IMS-CAT. Mestre em Botânica.

Palavras-chave: colônia, desenvolvimento, mudas

1. Introdução

Alpinia zerumbet é uma erva rizomatoza, conhecida popularmente como colônia, paco-seroca, cuité-açu, pacová (Almeida, 1993) e chorão que pertence à família Zingiberaceae, sendo nativa do continente asiático. Devido à beleza de suas flores é amplamente utilizada como ornamental, além de apresentar propriedades medicinais. Dentre as propriedades medicinais destacam-se as propriedades hipotensoras e diuréticas (Mendonça et al.1991 ; Laranja et al.1991). Para Magalhães (1986) a análise de crescimento delineia as condições morfofisiológicas da planta em diversos intervalos de tempo entre duas amostragens consecutivas. O substrato é extremamente importante para o crescimento das plantas e segundo Silva et al. (2000) o substrato adequado deve ser fácil de ser adquirido e transportado, não conter patógenos e plantas daninhas, além de ser rico em nutrientes essenciais, ter um pH adequado e uma boa textura e estrutura , além de manter uma proporção adequada entre a disponibilidade de água e aeração (Popinigs, 1985). Entretanto, dificilmente um material sozinho apresentará todas as características desejáveis para formação de mudas. A partir disso, é preferível misturar dois ou mais materiais para a obtenção de um substrato adequado a uma determinada espécie (Biasi et al. 1995). Diante do exposto, o objetivo da pesquisa é avaliar a influência de diferentes substratos no crescimento inicial de A.zerumbet.

2. Materiais e métodos 46

O experimento foi conduzido em viveiro telado com sombrite de 50% instalado na Universidade Federal da Bahia, Campus Anísio Teixeira em Vitória da Conquista, BA entre os meses de Outubro a Fevereiro de 2012. Foram utilizados rizomas de Alpinia zerumbet provenientes de uma planta matriz em Vitória da Conquista - BA, sendo os mesmos plantados em sacos de polietileno preto em seis tipos de substratos, representando seis tratamentos, tais como: (T1) Terra local, (T2) Terra preta, (T3) Terra preta + Areia (1:1), (T4) Areia, (T5) Bioplant® e (T6) Vermiculita + Húmus (1:1) com dez repetições por tratamento em um delineamento experimental Inteiramente Casualizado, totalizando dez rizomas por tratamento. As medidas de altura (cm), diâmetro do caule (mm), número de folhas e comprimento e largura das três maiores folhas (cm) foram obtidas a cada 15 dias até que as plantas, inicialmente com um mês de idade, atingissem 75 dias de idade, com auxílio de régua e paquímetro. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância através do Software Sisvar versão 4.3 com aplicação do teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade para a comparação das médias.

3. Resultados

Os resultados obtidos demonstram que para o parâmetro número folhas os substratos Vermiculita com Húmus (T6) e Bioplant® (T5) mostraram-se mais significativos que os demais tratamentos. Os substratos terra preta (T2) e terra preta + areia (T3) mostraram significativos para a variável altura da planta. Para diâmetro do pseudocaule, comprimento e largura das três maiores folhas não houve variância significativa entre os valores, submetidos ao teste Tukey a 5% de probabilidade. Abaixo segue as médias para cada parâmetro analisado durante as medidas de crescimento.

Tab.1- Médias para o número de folhas

Tab.2- Médias para o diâmetro do pseudocaule

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Médias com a mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Tab.3 - Médias para o comprimento das três maiores folhas

Tab.4 - Médias para largura das três maiores folhas

Médias com a mesma letra não diferem entre si pelo teste de

Médias com a mesma letra não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5% de probabilidade

Tukey a 5% de probabilidade

Tab.5 - Médias para a altura da planta

Médias com a mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

4. Discussão e conclusão

O emprego da combinação da Vermiculita com o Húmus (T6), nas proporções empregadas e do Bioplant® (T5) mostraram-se eficientes para o parâmetro número de folhas, mostrando-se significativo aos trinta e aos setenta e cinco dias de análise, pois segundo Costa et al. (2012) a vermiculita é um mineral com boa retenção de umidade e aeração, além de disponibilizar magnésio e potássio para a planta e o húmus de minhoca melhora as condições físicas do substrato, acelerando o processo microbiológico, além de apresentar uma alta capacidade de troca catiônica, logo é rico em nutrientes que são 48

rapidamente liberados para as plantas. A eficiência da utilização do Bioplant® como substrato para o crescimento de mudas também foi relatada no trabalho de Ferreira et al. (2009) que estudava a influência do substrato no crescimento de mudas de cupuaçu.Tais características apresentadas podem ter contribuído para a eficiência do substratos utilizados. A Terra preta (T2) e a Terra preta + Areia (T3) proporcionaram maior desenvolvimento das mudas (altura da planta), com valores médios de 27,40 cm e 28,4 cm, respectivamente aos sessenta e cinco dias de análise, provavelmente devido aos altos teores de nutrientes desse substrato como demonstrado no trabalho de Coelho et al. (2010) que evidencia que a terra preta é rica em fósforo, potássio, magnésio dentre outros minerais. Nesse contexto, conclui-se que nas condições em que este trabalho foi realizado, a utilização dos substratos, Bioplant®, Vermiculita com Húmus, Terra preta e Terra preta mais Areia apresentaram os maiores valores médios para número de folhas e altura da planta durante o experimento.

5. Literatura citada ALMEIDA, E. R. Plantas medicinais brasileiras – conhecimentos populares ecientíficos. São Paulo, Hemus Editora, 1993. 341 p. BIASI, L. A.; BILIA, D. A. C.; SÃO JOSÉ, A. R.; FORNASIERI, J. L.; MINAMI, K. Efeito de misturas de turfa e bagaço de cana sobre a produção de mudas de maracujá e tomate. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 2, n. 52, p. 239-243, 1995. COELHO, M.F. B; SOUZA FILHO, J. C.; AZEVEDO, R.A. B; DOMBROSKI, J.L. D; MAIA, S. S. S. Substratos para a emergência de plântulas de Magonia pubescens St. Hil. Revista Brasileira de Ciências Agrárias. v.5, n.1, p.80-84, 2010. COSTA, A.M.G.; CAVALCANTI JÚNIOR, A. T; DIVA CORREIA; COSTA, J. T. Influência de Diferentes Substratos na Formação de Porta-Enxerto de Graviola (Annona

muricata

L.)

em

Tubetes.

Disponível

em:4Aces so em 4-Set-2012. FERREIRA, M.G.R; ROCHA, R B; GONÇALVES, E. P; ALVES, E. U; RIBEIRO, G.D. Influência do substrato no crescimento de mudas de cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum.). Maringá, v. 31, n. 4, p. 677-681, 2009 49

MAGALHÃES, A. C. N. Análise quantitativa do crescimento. In: FERRI, M. G. (Coord.). Fisiologia vegetal 1. São Paulo: EPU. Ed. Da Universidade de São Paulo, 1979. v.1, cap. 8,.331-350 p. MENDONÇA, V. L. M.; OLIVEIRA, C. L. A.; CRAVEIRO, A. A.; RAO, V. S. e FONTELES, M. C.1991. Pharmacological and toxicologicalevaluationof Alpinia speciosa.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 86: 93-97, Supl. 2. POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. 2. ed. Brasília, DF: [s.n.], 1985. 289 p.

50

FATORES ABIÓTICOS E FORMAS DE VIDA: ABORDAGEM ECOLÓGICA NA ANÁLISE DA VEGETAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL SERRA DO CONDURU Laís Machado de Souza1, Meriane Ribeiro de Lima1, Moab Coelho dos Santos1, Osiane Silva da Hora1, Pedro Manoel Matos de Santana1, Rosana Silva Souza1 e Paulo Oliveira Borges2. 1

Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia – UESB – Campus de Jequié – Ba. ([email protected]); 2

Especialista em Meio Ambiente e Professor do Departamento de Ciências Biológicas –

DCB – UESB;

Palavras-chave: Biodiversidade vegetal, umidade relativa, temperatura

1. Introdução Embora seja possível distinguir facilmente os fatores bióticos dos abióticos, eles não existem isoladamente. Os organismos não somente Absorvem energia e matéria do meio, mas também estão sujeitos aos fatores físicos como temperatura, umidade, salinidade e outros. O desenvolvimento das plantas está diretamente associado a fatores abióticos como, intensidade e distribuição da radiação luminosa, temperatura e umidade relativa (LARCHER, 2000). Esses fatores induzem uma série de respostas fisiológicas em organismos que determinam o tipo de formação vegetal predominante, a estrutura e complexidade das comunidades vegetais. As condições ambientais atuam como estímulos importantes para o crescimento e desenvolvimento, sendo a intensidade e a incidência dos fatores abióticos no meio determinam o a germinação, a taxa de crescimento, senescência, distribuição, reprodução e outros parâmetros da vegetação (BEGON et al, 2010). Partindo desse pressuposto, esse trabalho buscou analisar a vegetação de três parcelas do Parque Estadual da Serra do Conduru, relacionando os fatores abióticos com a diversidade, distribuição e formas de vida.

2. Material e Métodos

51

O estudo foi conduzido no Parque Estadual da Serra do Conduru (14 º 20’ – 14º 30’ S; 39 º 02’ – 39º 08’ W) que ocupa um total de 9.275ha situada em áreas dos municípios de Uruçuca - BA, Itacaré-BA e Ilhéus-BA. Foram demarcadas na mata três parcelas com formato retangular e área de 50m2. Em cada parcela foi realizado o levantamento das formas de vida segundo a classificação de RAUNKIAER (1934). A umidade relativa (UR) foi mensurada com auxílio de psicrômetros e tabelas psicrométricas em três períodos definidos: 09h – 10h, 16h – 17h, 18h – 19h e 20h-21h. Compararam-se os dados de umidade relativa considerando os possíveis fatores ambientais que podem ter influência sobre a UR. Após a coleta dos dados foram realizadas análises estatísticas e qualitativas da estrutura da comunidade amostrada. As temperaturas foram mensuradas nas parcelas com auxílio de termômetros de máxima e mínima. A umidade relativa e a temperatura foram correlacionadas com o perfil da vegetação encontrada em cada parcela demarcada.

3. Resultados

A primeira parcela de área delimitada está localizada a 14º S 29` 39.75.``e 39º W 0,8.`88.`` com altitude de 149 m. Esta área corresponde a uma mata em recuperação, resultado de reflorestamento, e por esta razão apresenta uma vegetação homogênea. Apresenta intensidade luminosa média, com temperatura máxima de 38°C e mínima de 24°C, e é caracterizada por grande abundância de microfanerófitas e nanofanerófitas e ausência de mesofanerófitas. A segunda parcela está localizada a 14° S 29` 41.5`` e 39° W 08` 45`` com altitude de 198m. Essa área apresenta o dossel mais fechado e consequentemente maior quantidade de epífitas devido à falta de radiação suficiente para suprir sua necessidade no solo, pois nesta área a mata é bastante densa. Apresenta intensidade luminosa baixa, apresentando temperatura máxima de 38°C e mínima de 23°C, e predominância de nanofanerófitas. A terceira parcela está localizada a 14° S 29` 44.85`` e 39° W 07` 57.1`` com altitude de 195m, com temperatura máxima de 36°C e mínima de 27°C. Nesta área foi encontrado predominância de mesofanerófitas devido ao dossel mais aberto em relação à segunda parcela. Com relação aos fatores abióticos, constatou-se que a Umidade Relativa do Ar (UR) apresentou aumento gradativo no período de 09h – 21h devido à diminuição da incidência solar e da variação na temperatura. A partir das 18h a umidade relativa do ar nas 52

três parcelas tende a se estabilizar. No período de 9h – 10h há uma grande variação nos valores da UR entre as parcelas, sendo que a parcela um apresenta menor UR devido à maior incidência solar por ser uma área mais aberta, provocando maior perda de água das plantas para o meio. Enquanto as parcelas dois e três apresentam níveis intermediário e alto, respectivamente. O período de 16h – 17h apresentou um aumento nas taxas de UR nas parcelas um e dois, enquanto a parcela três sofreu um decréscimo. No período de 18h – 19h foi possível observar que os níveis de UR nas três parcelas se estabilizaram, devido à diminuição da irradiação solar e o decréscimo da temperatura. No período de 20h – 21h observou-se que os níveis de UR nas três parcelas se mantiveram estáveis (Figura 1). Quanto à variação de temperatura em relação ao tempo, observou-se que a parcela 1 apresentou maior variação, visto que a mesma possui intensidade luminosa média, devido às clareiras existentes por se tratar de uma área em recuperação há onze anos, em decorrência de derrubadas das plantas para confecção de estacas; enquanto nas parcelas com vegetação mais densa, a temperatura tende ser menor. De maneira geral, ao decorrer do dia a temperatura sofreu queda significativa, sendo que em determinado horário observado (18h – 19h) no qual a luminosidade diminui ocorreu uma homogeneização da temperatura nas três parcelas observadas, como mostra a Figura 2:

4. Discussão e Conclusão

Os biomas não são homogêneos dentro de suas fronteiras hipotéticas; todo bioma tem gradientes de condições físicas e químicas relacionadas à topografia e geologia locais. As comunidades vegetais que ocorrem em diferentes partes desse mosaico heterogêneo 53

podem ser bastantes distintas devido à influência de diversos fatores (BEGON et al, 2010). as diferentes interações dos fatores como incidência luminosa, altitude, UR e temperatura com a vegetação provocam o surgimento de microhabitats característicos mesmo dentro de uma comunidade vegetal aparentemente homogênea. A abundância de epífitas em algumas parcelas evidencia o sucesso de uma estratégia de sobrevivência em áreas onde a luminosidade ao nível do solo seria limitante para estas plantas (BEGON et al., 2010). Detalhar as interações dos fatores abióticos com a comunidade vegetal pode ajudar a entender como as ações humanas, principalmente o desmatamento contribui para fenômenos globais como mudanças climáticas, regime de chuvas, manutenção da qualidade do solo, umidade do ar, entre outros. A análise dos fatores abióticos na parcela 01 (Reflorestamento) evidenciou que mesmo após 11 anos o processo de recuperação florestal não está completo e esta área apresenta diferenças importantes em relação às áreas mais preservadas (Parcelas 2 e 3).

5. Literatura Citada

BEGON, M.; TOWNSEND, C.R. & HARPER, J.L. 2010. Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 3ª ed. ROBERT E. RICKLEFS. A Economia da Natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 5 ed., 2001. RAVEN, P; EVERT. R; EICHHORN. S; Biologia Vegetal; 1938; Sétima Edição – Rio de Janeiro. RAUNKIAER, C. The life forms of plants and statistical geography. 1934. Claredon, Oxford.

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COMPARAÇÃO DE FATORES ABIÓTICOS E ÁGUA DE BROMÉLIAS EM TRÊS AMBIENTES NO ESTUÁRIO DO RIO TIJUÍPE (BAHIA-BRASIL)

João Leno P. de Sousa¹, Tecavita Ananda S. Rodrigues, Eliane da Silva Ferreira¹, ¹, Zaira Souza Saback¹ e Paulo Oliveira Borges2

¹ Graduando do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), BA-Brasil, Campus de Jequié, ([email protected]). 2

Prof. Substituto – Laboratório de Botânica, DCB – Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia (UESB), BA-Brasil, Campus de Jequié.

Palavras-chave: Fitotelmo, Restinga, Manguezal.

1. Introdução

As florestas tropicais possuem a maior biodiversidade do planeta (Townsend, 2006). A Mata Atlântica é um dos representantes dessas florestas e segundo o Mapa de Vegetação do Brasil do IBGE (2004) umas de suas delimitações são os manguezais e as restingas. O mangue forma uma zona de transição desde o mar aberto até a região das marés máximas. Ele é representado por plantas lenhosas que toleram a salinidade do mar (Odum, 2011) e ainda por outras espécies vegetacionais associadas. A restinga corresponde a formações vegetacionais que cobrem as areias holocênicas desde o oceano formando uma paisagem sobre o areal justamarítimo e ainda corresponde a vegetação lenhosa dos pontos interiores da costa (Rizzini, 1979). Veloso et al. (1991) reconheceu três tipos de vegetação da restinga: arbóreo, arbustivo e herbáceo. Nesses ecossistemas, as epífitas são responsáveis por grande parte da diversidade (Narvaes, 2009). Bromeliaceae é uma das principais famílias entre as epífitas. Essa família possui uma grande representatividade na Mata Atlântica e nas florestas de restinga dominam o estrato herbáceo. São ervas que também podem ser terrestres, de folhas alternas espiraladas, frequentemente formando densas rosetas, dispostas de forma a acumular água da chuva (Lorenzi, 2008). Segundo Oliveira (2004), essas reservas funcionam como ampliadores da diversidade, pois diversas espécies de animais a utilizam para forrageamento, reprodução e refúgio. O objetivo desse trabalho foi investigar a variação dos parâmetros físicos-químicos e a concentração de 55

alguns elementos – cloro (Cl), iodo (I), ferro (Fe) e fósforo (P) - e íons - fosfato (P-) e nitrito (NO-) - na água retida no fitotelmo de bromélias e suas relações com a estrutura da vegetação e o clima.

2. Material e Métodos

O estudo foi realizado no mês de abril do ano de 2012 em três parcelas: Mata de restinga (MR) (14°S 25’ 24,1”; 0,39°W 0,1’ 09,5”) restinga arbustiva (RA) (14°S 26’54”; 0,39°W 0,1’ 22,3”), e no estuário do rio Tijuipe - Manguezal (M) (14°S 25’ 14,7”; 0.39°W 0,1’ 16,8”) todas na reserva da Natura em Serra Grande –Distrito de Uruçuca- Bahia, Brasil (Figura 1). Uma parcela 10x10m foi demarcada em cada área estudada. Mensuramos em cada parcela a temperatura ambiente (TA), Temperatura da água das bromélias (TB) e do solo (TS). Em cada parcela foi medida a umidade relativa (UR) do ar com auxílio de psicrômetros e tabela psicométrica. A temperatura da água das bromélias foi medida através do termômetro digital (INCONTERM). A temperatura do solo foi medida com um termômetro convencional. Dentro de cada parcela coletamos a água de três bromélias aleatoriamente com uma pipeta de 50 ml. Esta foi submetida a uma filtração simples e condicionada em um vaso plástico. A partir dessa amostra foram analisados dados físicoquímicos com um medidor multiparamétrico PH 1.500 (INSTRUTHERM) com eletrodos para Oxigênio dissolvido (SO-400), pH (EPC-60), condutividade e total de sólidos dissolvidos ( SC-100). Com fotômetro de mão Checker (HANNA INSTRUMENTS) e o Kit de reagentes (HANNA INSTRUMENTS) foram medidas as concentraões de cloro livre (Cl-), fósforo (P), nitrito (NO-), fosfato (P-), ferro (Fe) e iodo (I) presentes nas amostras. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva em planilha de cálculo BrOffice-Calc (Oracle).

3. Resultados

A temperatura média ambiente mensurada na Mata de Restinga (MR) e no Manguezal (M) foi de 30ºC, enquanto a Restinga Arbustiva (RA) apresentou 33,7°C. Já a temperatura mensurada na água das bromélias foi de 25,6°C na Mata de Restinga, 28,9°C no Mangue e de 29,1°C na Restinga Arbustiva. A temperatura mensurada no solo da Mata

56

de Restinga foi de 27,2ºC, no solo do Mangue foi de 29,5°C e no solo de Restinga Arbustiva foi de 30,5°C. Foi verificada uma umidade relativa de 74% na Mata de Restinga e Restinga Arbórea e 82,5% no Mangue. A luminosidade média na Mata de Restinga foi 0,005 LUX, no Mangue foi 0,330 LUX e na Restinga Arbustiva foi 0,390 LUX. A cor da água na RM foi de 110 PCU, no M foi de 310 PCU e na RA foi de 500 PCU. O oxigênio dissolvido foi 18.30% na RM, 8.7% no M e 8.8% na RA. O pH foi de 4,6 na RM, 5,8 no M e 4,7 na RA. O total de sólido dissolvido (TDS) foi de 135 p na RM, 185 p no M e 291 p na RA. A condutividade foi 0,206 ms na RM, 0,273 ms no M e 0,428 ms. A concentração de elementos químicos na água das bromélias foi a seguinte: P- = 0.01 ppm na RM, 0.45 ppm no M e 29 ppm na RA; NO- = 5 ppb na RM e nas outras duas localidades não foi encontrado; o Cl- = 0.18 ppm na RA, 0.8 na RA e não foi encontrada em M; I = 1.6 ppm na RM, 0,8 ppm no M e 0.5 ppm na RA; Fe não foi encontrado em nenhuma das amostras e; P = 200 ppb na RM, 100 ppb no M e 66 ppb na RA.A cor da água teve uma relação positiva com o Fosfato, Cloro e condutância e uma relação negativa com o Nitrito, Iodo, Fósforo, pH e Oxigênio dissolvido (OD). O fosfato teve uma relação positiva com o Cloro, Total de Sólidos Dissolvidos e Condutância. E uma relação negativa com fósforo e um pouco menos significativa com o OD. O Nitrito apresentou relação positiva com o Iodo, Fósforo, pH, e OD. Cloro teve uma relação positiva significativa com o Total de Sólidos Dissolvidos e Condutância. O Iodo revelou uma alta relação positiva com o fósforo, pH e OD. O Fósforo mostrou uma forte relação positiva com o pH e o OD.

4. Discussão e Conclusão

O tipo de vegetação da Restinga Arbustiva explica a maior temperatura e luminosidade, devido a sua proximidade com o litoral, com predominância de arbustos, ervas e vegetação pouco densa, o que permitia uma grande incidência de radiação solar. Já a Mata de Restinga era densamente habitada por árvores de grande porte, formando um dossel que tornava o ambiente pouco luminoso. Segundo Silva (2003), a Mata de Restinga varia desde formações com altura do estrato superior a partir de 5m até formações mais desenvolvidas com alturas em torno de 15-20m. Portanto, O denso dossel da Mata de Restinga explica o ambiente com baixa luminosidade e temperatura. O Manguezal apresentou a maior Umidade Relativa do ar, o que pode estar ligado ao solo alagado 57

(substrato aluvial), submetidas a grande amplitude de marés (Soares, 2003). A análise das águas retidas nas bromélias mostrou que a coloração mais intensa foi o da Restinga Arbustiva. O coeficiente de correlação entre o oxigênio dissolvido e a cor da água mostra uma relação negativa significativa, indicando que quanto maior for a turbidez da água menor será a concentração de oxigênio dissolvido. Pode-se inferir a partir disso, que a turbidez estaria relacionada a uma maior quantidade de matéria orgânica resultando em maior taxa de atividade microbiana e consequente consumo de oxigênio. Em contrapartida, a coloração da água retida nas bromélias da Mata de Restinga foi menos intensa e provavelmente por isso apresentou uma grande taxa de oxigênio dissolvido. O Fósforo foi o elemento que apresentou a maior concentração nos três ambientes. Esse elemento é de grande importância por estar envolvido em processos fundamentais do metabolismo dos seres vivos, tais como: armazenamento de energia e estruturação da membrana celular. No entanto, Esteves, (1998) ressalta que pode haver superestimação da concentração do verdadeiro fosfato inorgânico dissolvido por que este pode estar ligado a coloides. E ainda deve ser considerado que a presença de fosfato na água depende também da densidade e da atividade dos organismos. O coeficiente de correlação entre pH e fósforo revelou uma associação forte e positiva. De acordo com Ricklefs (2003) a acidez afeta a disponibilidade de fósforo para as plantas. Em solos muito ácidos ou muito básicos, o fósforo pode se ligar na forma de compostos relativamente insolúveis com ferro, alumínio ou cálcio, sendo que a maior disponibilidade de fósforo ocorre num pH entre 6 e 7.

5. Literatura citada

LORENZI, H.; SOUZA, V. C.. Botânica Sistemática. 2.ed. Instituto Plantarum, pag 177, 2008. NARVAES, P.; BERTOLUCI, J.; RODRIGUES, M. T. Composição, uso de hábitat e estações reprodutivas das espécies de anuros da floresta de restinga da Estação Ecológica Juréia-Itatins, sudeste do Brasil. Biota Neotrop., vol. 9, no. 2. 2009. ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. 5.ed. Norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2011. OLIVEIRA, R. R. de. Importância das bromélias epífitas na ciclagem de nutrientes da Floresta Atlântica. Acta bot. bras. 18(4): 793-799. 2004.

58

RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5.ed. Guanabara koogan S. A. Rio de Janeiro, 2003. RIZZINI, C.T. Tratado de Fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. Âmbito Cultural Edições Ltda., Rio de Janeiro. 747p. 1979. SILVA, S. M. Diagnóstico das restingas, no Brasil. Depto. de Botânica – Setor de Ciências Biológicas Universidade Federal do Paraná, 2003. SOARES, M. L. G.; CHAVES, F. de O.; CORRÊA,F. M.; JÚNIOR,C. M. G. da S. Diversidade Estrutural de Bosques de Mangue e sua relação com Distúrbios de Origem Antrópica: o caso da Baía de Guanabara (Rio de Janeiro). Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 26 / 2003. TOWNSEND, C. R.; BEGON, M.; HARPER, J. L. Fundamentos em Ecologia. 3.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2006. VELOSO, H. P.; RANGEL Fo, A. L. R. & LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro. IBGE - DERMA. 124 p. 1991.

59

COMPORTAMENTO TERRITORIAL DE UCA LEPTODACTYLA (CRUSTACEA, OCYPODIDAE) Joedison dos Santos Rocha¹, Luane da Guarda Nepomuceno¹, Prissilla A. Nascimento¹, Rogério Silva Moraes¹, Samara Santos Andrade¹ e Sérgio Siqueira Júnior² ¹Graduandos da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, Departamento de Ciências Biológicas, Campus de Jequié - [email protected] ²Docente do Departamento de Ciências Biológicas – UESB/ Campus de Jequié

Palavras-chaves: comportamento, manguezal, distribuição espacial

1. Introdução Os caranguejos “chama-maré” (Uca) são crustáceos que vivem em regiões entremarés de estuários tropicais, subtropicais e temperado quentes (Masunari, 2006), dentre as aproximadamente 100 espécies do gênero Uca (Nabout, 2009), a espécie Uca leptodactyla, é uma das mais abundantes nos mangues; encontrada em diferentes substratos, como: solos mais compactados, lodosos ou pouco inundados. São animais que apresentam marcante dimorfismo sexual, evidenciado pela quela desenvolvida dos machos (Oliveira, 2005; Moreira et al, 2010; Oliveira et al, 2007), que pode medir em média 2,10 a 23,30 mm (Masunari & Swiech-Ayoub, 2003). A espécie distribui-se uniformemente nos substratos onde é encontrado e esta distribuição (assim como, o de outros crustáceos do mesmo gênero) é influenciada por vários fatores bióticos e abióticos, como: umidade, solo, locais de maior proteção (vegetação e matéria orgânica) (Masunari, 2006). Por ocorrer abundantemente, este hábito gregário é atribuído ao comportamento de multidão egoísta (“Selfish herd”) ou como medida para limitar a perda de água por desidratação (Masunari, 2006). A espécie, bem como outras, tem um papel importante como agentes decompositores de matéria orgânica, atuando também no processo de oxigenação do solo, sendo um componente importante da biomassa local, servindo de alimento para outros organismos (Masunari, 2006). Este estudo teve como objetivo observar o comportamento de distribuição de U. leptodactyla nos diferentes extratos de zonação de maré no mangue, associando ao comportamento territorial e identificando o fator decisivo para esta distribuição.

60

2. Material e Método

As observações da espécie Uca leptodactyla foram efetuadas no Estuário do Rio Tijuípe, Serra Grande, distrito de Uruçuca, Bahia, em uma pequena área com uma grande concentração da espécie em questão, durante a maré baixa. O estudo foi realizado a partir da observação direta do comportamento de U. leptodacyla em diferentes extratos de zonação de maré no mangue, onde uma sombra artificial (SA) de 50x50 cm e 40 cm de altura foi confeccionada a partir da utilização de um sombrite suspenso por canos de PVC. Esta SA foi posicionada no centro de uma área de zonação e de ocorrência de Uca leptodactyla por volta das 12h00 hs onde a sombra estava praticamente vertical em relação a SA e observada durante 3 horas. Foram realizadas também observações em regiões com sombras naturais geradas pela vegetação do mangue.

3. Resultados e Discussão

Ao iniciar o experimento os indivíduos que estavam dispersos no substrato recolheram-se em suas tocas, mais ou menos 5 minutos após a montagem do sombrite, os caranguejos voltaram à atividade. Os indivíduos que estavam na SA se sentiram aparentemente mais protegidos do que os estavam ao redor, expostos ao sol. Cerca de cinco minutos após a montagem do sombrite constatou-se maior atividade de U. leptodactyla sob a SA, sendo que estes não eram afetados diretamente com a presença dos pesquisadores, ao contrário dos que estavam expostos ao sol, que recolhiam-se para suas tocas, ao menor movimento humano, no entanto, ao redor da SA mostrou-se machos maiores distribuídos entre a vegetação rasteira, que é um local de alta luminosidade em relação a SA. Houve alta ocorrência de indivíduos maiores em solos arenosos, lodosos ou com baixa umidade, ao contrário de locais com maior umidade que apresentou exclusivamente indivíduos jovens, sendo a distribuição uniforme dos organismos, machos maiores foram vistos em locais com maior grau de proteção, comparando aos menores que foram vistos em locais de pouca proteção ou de alta umidade (e.g: extrato muito próximo as águas), o grau de proteção é também preponderante no maior tempo de coorte dos machos maiores observados mais distantes da margem, sendo assim vantajoso. A SA promoveu um falso abrigo (ou falsa proteção) levando assim a ter mais disputas por este espaço em relação aos que estavam expostos ao sol, sem nenhuma proteção direta, ou seja, 61

o fator em questão é a falsa proteção propiciada pela SA e não a pouca luminosidade do sombrite. Á medida que as horas passavam e a sombra deslocava em relação ao sol notouse que o local anteriormente sombreado teve redução da atividade comportamental. Os indivíduos expostos a proteção da SA e nas gramíneas sofreram menor alteração em relação aos que estavam localizados em alta luminosidade e mais sujeitos a predação, tendo em vista que a vegetação rasteira localizaram-se em lugares menos úmidos, com maior afastamento das marés e mais incidência luminosa. Disputas territoriais por tocas foram observadas neste estudo. Masunari (2006) relata que o comportamento territorialista tem relação com comportamento gregário, porém não foi observado relações quanto a prevenção de desidratação, ainda segundo o mesmo autor, fatores como proteção, umidade e luminosidade são cruciais na disputa territorial entre U. leptodactyla. As observações realizadas confirmam a necessidade de proteção e alguma relação com a umidade, entretanto o fator luminosidade não foi crucial no processo comportamental territorialista da espécie, o que observou-se neste estudo foi uma tendência a busca por locais de maior proteção e mais elevados, ao invés de áreas com maior incidência da luz solar.

4. Conclusão

Os resultados demonstram que o fator principal na distribuição de Uca leptodactyla é a busca por abrigos e locais com maior proteção. Concluí-se também que o tempo de corte foi uma característica primordial para ocorrência de machos nos extratos superiores mais distantes da maré e tais extratos propiciam também um melhor forrageamento para a espécie.

5. Literatura citada

MASUNARI, S. & SWIECH-AYOUB, B.P. 2003 Crescimento relativo em Uca leptodactyla Rathbun (Crustacea Decapoda Ocypodidae). Rev. Bras. de Zoologia 20 (3): 487-491. MASUNARI, S. 2006. Distribuição e abundância dos carangueijos Uca Leach (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) na Baía de Guaratuba, Paraná, Brasil. Rev. Bras.de Zoologia 23 (4): 901-914.

62

MOREIRA, R.P.G. RAMOS, R.J. FREITAS-NETTO, R.. 2010. Composição faunística dos crustáceos do gênero Uca (Ocypodidae) em manguezal do município de Serra, ES. Natureza on line 8 (1): 46-50. NABOUT, J.C. 2009. Macroecologia do gênero Uca (Crustacea, Decapoda): padrões de diversidade, distribuição e respostas às mudanças climáticas globais. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Goiás, Goiânia. OLIVEIRA, D.A.F. 2005 Distribuição Espacial do Carangueijo-Uçá, Ucides cordatus, (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Brachyura, Ocypodidae). Trabalho de conclusão de curso, Universidade Estadual Paulista (UNESP), São Vicente, SP. OLIVEIRA, T.S. PAIXÃO, V.M. COELHO, A.P. SILVA, A.C.F.L. RIBEIRO,E.B. ALVITE, T.U. MACEDO, A.R.C. SOUSA, A.F.A. CARVALHO-NETA, R.N.F. 2007. Alometria no crescimento de Uca rapax (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) na ilha de São Luís, Maranhão. In VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Sociedade de Ecologia do Brasil, Caxambu, p.1-2.

63

CONCEPÇÕES DOS ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE JEQUIÉ/BA SOBRE O PROBLEMA DA EXTINÇÃO DE ESPÉCIES Isis OrbilenTorres1, Rita de Cássia Anjos Bittencourt Barreto2 e Paulo Marcelo Marini Teixeira2 1

Graduada no Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia – UESB ([email protected]); 2

Docentes do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia – UESB.

Palavras-chaves: extinção de espécies, ensino de ecologia, concepções dos estudantes

1. Introdução

O ensino de Ciências e de Biologia nas escolas públicas ainda é permanentemente influenciado por práticas tradicionais de ensino, baseadas na transmissão de conteúdos, em que os alunos participam timidamente das aulas (KRASILCHIK, 2004). Desta forma, encontramos nos documentos vinculados aos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e os Parâmetros Curriculares Nacionais Mais: Ensino Médio (BRASIL, 2002) uma proposta que possibilita mudanças significativas na realidade escolar. E quando pensamos em desequilíbrio ambiental e em propostas para a conservação do meio ambiente, um problema sério que enfrentamos na atualidade refere-se à extinção de diversas espécies de seres vivos. “A perda de espécies que está ocorrendo no presente não tem precedentes, é única, e pode ser irreversível” (PRIMACK e RODRIGUES, 2001, p. 36). Percebe-se “curiosamente, contudo, que o estudo da extinção permanece um dos mais negligenciados em ecologia” (WILSON et al., 1997, p. 03). Baseado nisto, este trabalho propõe fazer uma análise da compreensão dos estudantes sobre a temática da extinção de espécies, relacionando a importância da conservação da biodiversidade para a sustentabilidade do planeta; compreendendo os diferentes processos da extinção de espécies e o reconhecimento da potencialidade no Ensino de Ecologia na construção de uma nova mentalidade ambiental.

2. Material e Métodos 64

A pesquisa realizada pode ser caracterizada como de natureza quali-quantitativa. Como cita Maria Cecília Minayo, “o objeto da pesquisa qualitativa dificilmente pode ser traduzido em números e indicadores quantitativos” (MINAYO, 2010, p. 21). A coleta de dados foi realizada entre os dias 29 e 30 de novembro de 2011, em um colégio estadual situado na cidade de Jequié, cujo instrumento de pesquisa foi um questionário constituído de sete perguntas para promover uma maior participação dos estudantes e descoberta das principais influências e a compreensão da temática exposta pelos pesquisadores. O público-alvo era constituído por estudantes de 2º e 3º ano do ensino médio no período noturno. Sendo que, a aplicação do questionário ocorreu nos intervalos ou em horários vagos, após o consentimento dos mesmos, com assinatura de um Termo de compromisso assinados por eles. Participaram da pesquisa 47 sujeitos com idades entre 17 a 47 anos. A análise de dados foi por categorização das questões respondidas pelos discentes.

3. Resultados

Na primeira questão indagamos os alunos sobre o que eles sabiam a respeito do fenômeno da extinção de espécies. Na segunda questão solicitamos aos estudantes que mencionassem seres vivos extintos ou pelo menos estivesse sob risco de extinção muitos citaram animais da fauna brasileira e espécies bandeira que estão ameaçadas de extinção. Na terceira questão os estudantes mencionaram as principais causas de extinção de espécies. Já a quarta questão as principais consequências decorrente a existência do fenômeno de extinção de espécies. Na quinta questão os discentes mencionaram algumas propostas para enfrentar o problema da extinção de espécies. A penúltima questão procurou identificar as principais fontes de informação utilizadas pelos estudantes e a última questão perguntou aos discentes se a extinção já existiu em períodos remotos.

4. Discussão e Conclusão

Na análise das afirmações dos estudantes diante das perguntas propostas na pesquisa, verificamos que as ideias de alguns autores, como por exemplo, “No âmbito do ensino de Ciências, em geral, pretende-se enfatizar, nos temas comumente incluídos (ambiente, ser humano e saúde), aspectos práticos e do cotidiano dos alunos” (KRASILCHIK, 2004, p.18). “Daí, a necessidade no âmbito escolar, de tratar esta temática 65

de forma interdisciplinar, como um meio de superar a fragmentação do ensino” (BIANCHI, 1998, p. 27) a respeito do ensino de Ciências e Biologia, podem ser confirmadas, pois estas afirmações apontam um conhecimento fragmentado para definir o termo extinção de espécies e as suas principais consequências. Dessa forma, constatamos que o ensino de ecologia não é trabalhado em sala de aula numa perspectiva de um ensino interdisciplinar, ao verificarmos que apenas o professor de biologia trata de questões relacionadas à conservação da biodiversidade, quando o assunto deveria ser tratado de forma ampla com uma preocupação pautada na sustentabilidade planetária. Outro ponto relevante da pesquisa os estudantes não demonstraram conhecer a relação extinçãoevolução e nem reconhecerem a extinção como um processo natural, mas como um problema ambiental. Contudo, percebe-se que os discentes apesar de apresentarem muitas dificuldades

para

responderem

algumas

perguntas

do

questionário,

conhecem

empiricamente muitos aspectos relacionados às questões ambientais e em especial à extinção das espécies, e estes aspectos, quando bem trabalhados e de forma contextualizada, poderá de modo significativo para que os mesmos compreendam de forma mais aprofundada a temática da extinção de espécies até podendo mudar de conduta, ou seja, pensando e refletindo sobre novas estratégias de amenizar ações agressivas contra o meio ambiente.

5. Literatura citada

BRASIL, Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL, Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias/ Secretaria da Educação Média e Tecnologias – Brasília: MEC; SEMTEC, 2002. BIANCHI, V. A construção dos conceitos sobre as interações ecológicas e suas implicações nas práticas agrícolas/ Vidica Bianchi. Ijuí, 1998. Dissertação ( Mestrado em Educação nas Ciências) – UNIJUÍ, 1998. KRASILCHIK, Myrian. Prática de Ensino de Biologia/ Myrian Krasilchik. – 4 ª. Ed. Ver. E ampl. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. MINAYO, M. C. de S., DESLANDES, S. F. e GOMES, R. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade/ Maria Cecília de Souza Minayo (organizadora); Suely Ferreira Deslandes e Romeu Gomes. 29. Ed. – Vozes. Petrópolis, Rio de Janeiro, 2010. 66

PRIMACK, R. B. e RODRIGUES, E. Biologia da conservação/ Richard B. Primack, Efraim Rodrigues, Londrina: E. Rodrigues, 2001. WILSON, E. O. et al. Biodiversidade/ E. O. Wilson, editor; Frances M. Peter, subdiretor; Carlos Gabglia Penna, coordenador da edição brasileira; tradução de Marcos Santos, Ricardo Silveira. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

67

Caracterização e Análise Ambiental AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA CONCENTRAÇÃO ELEMENTAR EM DIFERENTES ESPÉCIES DE FUNGOS LIQUENIZADOS DOS MUNICÍPIOS DE JEQUIÉ E ILHÉUS-BAHIA Tamires Santos Vaz1, Gissele Souza Valasques1, Marcos de Almeida Bezerra2, Paulo Borges Oliveira3, e 4Marla Thaís Fernandes Teodoro. 1

Mestranda

do

Programa

de

Pós-graduação

em

Química



PGQUI-(UESB)

([email protected]); 2Pesquisador do Programa de Pós-graduação em Química – PGQUI-(UESB); 3Mestrando do Programa de Pós-graduação em Genética, Biodiversidade e Conservação – PPGGBC-(UESB). 4Graduanda em licenciatura em Química (UESB).

Palavras-chave: Fungos liquenizados, metais, PCA.

1. Introdução

Os fungos liquenizados são estruturas resultantes da simbiose entre um fungo e uma ou mais algas ou cianobactérias (GRUBE, M et al, 2002). São encontrados em todas as regiões do mundo, e geralmente, em áreas submetidas a condições climáticas severas; vivem por décadas ou centenas de anos, apresentam crescimento lento e mantém uniformidade morfológica durante o ciclo de vida (NASH III, T. H.; 2008). Diferente das plantas perenes, estes organismos não possuem sistema vascular para condução de água ou nutrientes, como consequência, eles desenvolveram eficientes mecanismos de absorção através de fontes atmosféricas. Os fungos liquenizados absorvem e retém íons metálicos, elementos radioativos, substâncias orgânicas, dentre outros poluentes. Devido a esses fatores estes organismos são úteis como bioindicadores em estudos de deposição atmosférica (SAIKI, M et al, 2007). O trabalho tem como objetivo avaliar a concentração dos elementos Cu, Zn, Fe, Mg, P, K, S, Mn, Ni, Cr, Na, Al e Pb por espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP OES) em fungos liquenizados dos municípios de Jequié e Ilhéus, coletados em áreas urbanas e rurais e explorar os dados obtidos utilizando a análise de componentes principais (PCA) .

2. Matérias e métodos 68

Vinte amostras de fungos liquenizados corticícolas de talos folhosos, fruticosos e gelatinosos foram coletadas nos municípios de Ilhéus e Jequié em zonas urbanas e rurais em 2011. Cada espécie, após limpeza, foi seco em estufa durante 24 horas a 60°C, triturada, peneirada na malha 65µm. Massas de aproximadamente 0,2 g das amostras foram pesadas e transferidas para tubos de quartzo. Adicionou-se à amostra um volume de 3 mL de ácido nítrico concentrado (P.A.; Vetec) e 2 mL de peróxido de hidrogênio 60% (Vetec). As amostras foram digeridas em sistema aberto a 130°C durante 4 horas, em seguida a solução foi filtrada para um balão volumétrico de 10 mL. As determinações dos elementos foram realizadas por espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP OES). A interpretação dos resultados foi realizada com auxílio de um método quimiométrico multivariado de exploração de dados, a Análise por Componentes Principais (PCA) usando-se o programa Statistica 6.0.

3. Resultados A concentração média de elementos Cu, Zn, Fe, Mg, P, K, S, Mn, Ni, Cr, Na, Al de todas as amostras estão representados na Tabela 1. Tabela 1. Valores médios de concentração elementar (g/g) nas vinte amostras de fungos liquenizados. Amostras

Cu

Zn

Fe

Mg

P

K

S

Mn

Ni

Cr

Na

Al

Pb

1

2,125

6,138

814,2

403,9

435,0

2375

260,7

4,600

5,375

9,200

692,0

2015

1,846

2

7,000

192,2

9463

860,7

945,5

3366

0,7740

21,15

1,900

5,650

672,0

18398

0,000

3

7,100

1166

3937

555,0

1193

4719

1,586

36,85

1,525

2,475

906,5

8563

15,12

4

20,73

114,1

4168

1034

875,3

3792

3,327

36,05

5,150

10,43

712,7

7238

5,222

5

6,725

39,64

2588

830,2

1041

4057

1,771

23,43

3,500

6,600

896,5

4178

3,380

6

9,750

72,04

3577

1432

1085

4250

2,900

51,45

11,63

20,15

450,1

5620

1,190

7

0,2500

4,388

11,55

10,40

997,3

265,1

0,015

0,1000

0,0500

0,1250

9,650

16,78

0,5210

8

0,025

2,313

6,125

5,175

969,5

256,0

0,0490

0,0500

0,0250

0,050

15,00

11,45

0,6630

9

0,0750

6,963

21,80

10,03

598,3

209,4

0,1970

0,1000

0,1000

0,050

20,95

34,48

0,8970

10

0,1000

7,388

14,38

15,85

1191

412,0

0,3050

0,1500

0,150

0,1250

16,38

19,73

1,044

11

35,58

260,0

2067

403,9

2164

5491

2,076

210,9

37,65

16,40

729,5

7900

14,75

12

6,300

39,24

286,4

403,9

1801

5331

1,296

36,38

0,9000

0,1250

783,0

439,5

0,0130

13

7,875

39,29

371,3

2060

1722

4426

0,820

114,9

1,250

1,975

806,0

502,4

2,814

14

17,15

51,59

1159

1312

1442

4671

1,018

27,55

3,175

2,900

709,0

2356

1,863

15

51,43

473,1

5081

2049

1181

4322

2,442

55,70

57,88

40,78

2104

5893

107,5

16

68,90

670,6

5745

3590

1269

5820

4,402

73,30

52,15

48,78

935,5

6968

101,3

69

17

9,450

92,59

2681

990,7

507,0

2461

0,8750

73,93

2,175

5,475

774,0

3723

1,684

18

9,375

94,09

2505

1438

1042

3642

2,072

287,0

2,450

3,800

758,2

3678

1,060

19

9,375

67,19

2464

1509

1347

5191

2,214

114,5

5,650

15,55

991,2

3373

1,195

20

9,850

64,74

1527

2033

2263

7379

2,628

91,40

1,900

3,575

740,0

1721,3

1,645

Dentre os íons inorgânicos estudados, Fe, Al e P foram os mais abundantes na maioria das amostras, enquanto o Cu, S e Pb apresentaram as menores concentrações. Para os íons Fe a maior concentração foi de 20669,9 µg g-1 no fungo liquenizado Physcia sp, de talo folhoso e a menor foi 6,125 µg g-1 no fungo liquenizado Ramalina sp2, de talo fruticoso. O maior valor de concentração para a espécie inorgânica P foi encontrada na amostra Leptogium sp1 (2263,5 µg g-1), de talo gelatinoso e o menor valor na amostra Telochistes sp (435,0 µg g-1), de talo fruticoso. E para o Al a maior concentração encontrada foi na amostra Punctelia sp (18398,0 µg g-1), talo folhoso e a o menor valor na amostra Ramalina sp2 (11,45 µg g-1), talo fruticoso. O fungo liquenizado do gênero Ramalina sp2 de morfologia fruticosa, coletadoa na zona urbana no município de Jequié, não só apresentou baixa concentração de Cu, S e Pb, mas também de Zn, Fe, Mg, Mn, Ni, Cr e Al em relação a outras amostras analisadas. As maiores concentrações de Cu, Mg, K e Cr foram encontrados no gênero Physcia sp1, de talo folhoso, coletados na zona urbana de Ilhéus.

4. Discussão e Conclusão

A análise multivariada revelou que duas componentes principais explicam 62,6% (46,99% da PC1 e 15,65% da PC2) da variância dos dados. O gráfico de escores (Figura 1) revela que as amostras coletadas se dividem em quatro grupos. O grupo marcado em cor verde representa, em sua maioria, amostras coletadas na zona rural de Jequié de talos folhosos; grupo em cor vermelho representa a Zona urbana de Jequié de talos fruticosos; grupo em azul representa o complexo industrial de Ilhéus de talos folhosos e o grupo em amarelo representa as zonas rurais e urbanas de Ilhéus de talos folhosos. O gráfico dos loadings (não apresentado) revela que todas as variáveis são significativas na separação dos grupos, os elementos que separam as amostras do complexo industrial de Ilhéus das demais são Cu, Pb, Ni, S e os que separam as amostra da Zona rural de Jequié das zonas urbanas de Jequié e Ilhéus são Na, Al e Zn. As amostras de fungos liquenizados em sua maioria de talos folhosos coletados no complexo industrial de Ilhéus apresentam as 70

maiores concentrações dos elementos estudados, devido à atividade industrial e a maior retenção de metais nas espécies de talos folhosos. As menores concentrações foram encontradas nos fungos liquenizados fruticosos coletados na zona urbana de Jequié, devido à estrutura dos talos possuírem uma pequena área superficial dificultando a deposição atmosférica e consequente acumulação desses elementos. Alguns estudos têm mostrado que os fungos liquenizados folhosos acumulam quantidades maiores de elementos aerotransportados quando comparados com fungos liquenizados fruticosos (NASH III, T. H.; 2008).

Complexo industrial de Ilhéus

Zona Urbana e rural de Ilhéus

Zona Rural de Jequié

Zona Urbana de Jequié

Figura 1. Gráfico dos escores para PC1 e PC2 mostrando tendência de agrupamento das amostras analisadas.

A contribuição mais importante do PCA neste estudo preliminar foi deduzir fontes características de contaminação e investigar as possíveis correlações entre as concentrações dos metais e as espécies de fungos liquenizados, na zona rural e no perímetro urbano dos municípios de Ilhéus e Jequié.

5. Literatura citada

71

GRUBE M., WINKA K. 2002 Progress in understanding the evolution and classification of lichenized ascomycete. Mycologist, Cambridge University Press, Cambridge, v. 16, Part 2, p. 67-76. NASH III, T.H.; Lichen Biology - Lichen sensitivity to air pollution; In Lichen Biology; Nash III, T. H.; Ed.; Cambridge University Press, Cambridge, 2008; p 299. SAIKI, M., FUGA, A., ALVES, E.R., VASCONCELLOS, M.B.A. & MARCELLI, M.P. 2007. Biomonitoring of the atmospheric pollution using lichens in the metropolitan area of São Paulo city, Brazil. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, v. 127, n. 1, p. 213-219.

72

DETERMINAÇÃO DE CÁDMIO E CHUMBO EM AMOSTRAS DE CAMARÕES COMERCIALIZADS NA BAHIA Klebson Souza Santos1*(PG), Valfredo Azevedo Lemos1(PQ), Lívia Oliveira Correia1(PG), Eldevan Dos Santos Silva1(PG), Márcio José Silva Santos1(PQ) . 1

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Laboratório de Química Analítica - LQA, Jequié,

Bahia.

*[email protected]

Palavras-chave: Amostras Ambientais, Bioindicadores, Dieta Humana e Espectrometria de Absorção Atômica.

1. Introdução

Grande parte da população mundial passa por uma nova cultura alimentar, devido aos variados fatores que são associados à saúde. A atividade pesqueira, ao longo dos tempos, tem sido responsabilizada pelo sustento de grande parte da população mundial (OLIVEIRA, 2002). A pesca, uma das atividades econômicas mais antigas do homem, possui enorme relevância na alimentação de vários povos, tendo apresentado crescimento acelerado desde o fim da Segunda Guerra Mundial até os anos 80, devido à escassez de carne suína e bovina (CABRAL, 1997). Assim, é justificada a entrada de alimentos funcionais que são considerados como fonte primordial de saúde, reforçando a entrada de carnes brancas no cardápio de várias pessoas em todo mundo. A carcinicultura é uma atividade que cresceu bastante nos últimos anos. A produção nacional de 2010 foi de 80.090 toneladas, consolidando o Brasil na posição líder do hemisfério ocidental CEPENE/IBAMA (2010). As avaliações dos níveis de metais traços em alimentos consumidos localmente é o primeiro passo para se avaliar os riscos à população humana devido à contaminação ambiental por esses metais (NIENCHESKI et al., 2000). Tanto os elementos essenciais quanto os não-essenciais são tóxicos aos organismos vivos, quando presentes em altas concentrações. Muitos metais traço podem ser acumulados no organismo marinho até níveis que podem ser prejudiciais às pessoas que os consomem (GOLDBERG et al.,1983).

Portanto sempre necessário um estudo sobre a matriz 73

ambiental, comparando os resultados encontrados com os dados tabelados pelos órgãos competentes como a OMS, o CONAMA e IBAMA.

2. Material e Métodos

As amostras foram obtidas em doze diferentes cidades das regiões Sul, Recôncavo, Sudoeste e das cidades de Feira de Santana e Salvador, na Bahia, em centros de abastecimentos e feiras livres nos meses de fevereiro, março, maio e junho de 2011, totalizando número de 23 amostras de camarões. As amostras foram colocadas para secagem em estufa à temperatura de 150ºC por um período de 01h e 30min. Os camarões foram divididos em músculo, exoesqueleto abdominal e carapaça. O processo de digestão das amostras foi executado de acordo com o seguinte procedimento. Cerca de 1,00g das amostras de camarões foi pesado. Cada amostra foi transferida para um béquer de 25,00 mL. Então, foram acrescentados 10,00 mL de HNO3 a 65% (v/v) e 2,00 mL de H2O2. As misturas foram mantidas em placa de aquecimento sob temperatura de 130ºC por um período de 6 a 8 horas. Após esta etapa, os digeridos foram diluídos com água ultrapura em balões volumétricos, até o volume final de 25,00 mL.

3. Resultados

As concentrações de metais encontradas nas amostras de camarões defumados comercializados nas regiões Sul, Sudoeste, Recôncavo e na cidade de Feira de Santana estão apresentados no gráfico da figura 01. As amostras foram analisadas em triplicata.

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Figura 1: Gráfico - Determinações dos teores de cádmio e chumbo em pg/g nas amostras de camarões comercializados nas 12 cidades baianas em estudo.

Quando comparados os níveis de cádmio e chumbo entre as amostras de camarão, provenientes das cidades citadas na tabela 01 e no gráfico 04, é possível apontar a diferença entre as concentrações médias, que variam entre 28,14 pg/g para Cd e 21,18 pg/g para chumbo. Todos os valores encontrados ficaram abaixo do limite permitido pela OMS para gêneros alimentícios, que é de 1,0 mg/Kg para cádmio e 2,0 mg/Kg para chumbo. Conforme Portaria 685 da ANVISA (Brasil, 1998), os níveis toleráveis de Cd em alimentos variam de 0,1 mg/kg a 1,0 mg/kg, enquanto os níveis toleráveis de Pb em alimentos variam de 0,2 mg/kg a 2,0 mg/kg. Nenhum dos valores obtidos nas análises se apresentaram acima de 0,1 mg/kg para os dois metais, no entanto, é válido fazer um estudo detalhando os níveis de cádmio e chumbo por região.

4. Discussão e Conclusão

As amostras de camarões comercializadas nas cidades citadas nesse estudo apresentam quantidade de cádmio e chumbo baixos, quando comparadas com legislação do órgão de saúde e pesca federal que regulamenta o consumo de pescado. Porém se faz necessário estudos mais aprofundados sobre a contaminação de metais traço nessas regiões, uma vez que, algumas amostras coletadas nas cidades de Jequié e Vitória da Conquista, ambas da região sudoeste são as que apresentam maiores concentrações para cádmio e chumbo de todas as regiões estudadas, levando em consideração que as cidades das regiões sul e recôncavo da Bahia apresentam concentrações menores, mas que no futuro podem ser preocupantes. Todas as amostras coletadas são apresentadas numa faixa aceitável em relação à quantidade média dos metais traço em pg/g de amostra bruta sendo que o teor de cádmio é 38,77 pg/g e para chumbo 26,83 pg/g.

5. Literatura citada

OLIVEIRA, F.C. ; MATIAZZO, M.E. ; MARCIANO, C.R. &ROSSETO, R. Efeitos de aplicações sucessivas de lodo de esgoto em Latossolo Amarelo distrófico cultivado

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com cana-de-açúcar: carbono orgânico, condutividade elétrica, pH e CTC. R. Bras. i. Solo, 26:505-519, 2002.

CABRAL, C.A.R. A educação ambiental ma pesca artesanal do camarão rosa (Penaeus paulensis) em Rio Grande: Análise de uma tentativa.Dissertação de mestrado em Educação Ambiental, FURG. 237 p. 1997.

ANVISA,

1998;

Portaria



222,

de

24

de

março

de

1998,

http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/regutec.htm,

acessada

em

Março

2011.

IBAMA, Relatório das reuniões dos Grupos Permanentes de Estudos, Peixes demersais. Série Estudos de Pesca, 8: 93p. 1993

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE-OMS. Guidelines for drinking-water quality. Recommendations, 2.ed., Geneva, WHO, . v.1. 1993

CONAMA 20 (1986). Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA 20 de 12 de junho de 1986. In: Coletânea de Legislação Ambiental Federal – Estadual, 1991. Imprensa Oficial do Estado do Paraná.

NIENCHESKI, L.F.H. & BAUMGARTEN, M.G. Distribution of particulate trace metal in the southern part of the Patos Lagoon estuary. Aquatic Ecosystem Health & Management, Canadá, v. 3, n. 4, p. 515-520, 2000.

GOLDBERG, E. D.; KOYDE, M; HODGE, V.; FLEGAL, A. R. & MARTIN, J., 1983. U.S. Mussel Watch 1977-1978: Results on trace metals and radio nuclides. Estuarine Coastal and Shelf Science, 16:69-83.

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