Avaliação do Risco de Extinção dos Xenarthros Brasileiros

June 28, 2017 | Autor: Flávia Miranda | Categoria: Conservation, Biodiversity, Xenarthra
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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

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Tolypeutes tricinctus (Liana Mara Mendes de Sena)

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE Presidente Cláudio Carrera Maretti Diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade Marcelo Marcelino de Oliveira Coordenador Geral de Manejo para Conservação Rosana Junqueira Subirá Coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros Leandro Jerusalinsky

Ponto Focal Amely B. Martins/Marcos de S. Fialho

Coordenador de taxón Flávia R. Miranda

Projeto Gráfico Eduardo Giovani Guimarães/DCOM

Diagramação

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Ian Felix/CPB

Imagens (capa) Bradypus variegatus - Gileno Xavier Choloepus didactylus - Fábio Röhe Euphractus sexcinctus - Kena Silva

Myrmecophaga tridactyla - Teresa Anacleto Tamandua tetradactyla - Teresa Anacleto Tolypeutes tricinctus - Liana Mara Mendes de Sena

Dados Internacionais de catalogação na Publicação - CIP Bibliotecário Responsável: XXXXX

Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros / editor Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Brasília, DF: ICMBio; 2015. 250p. :il. color. ; 24cm. ISBN: XXXXXXXXX 1. Biodiversidade brasileira. 2. Conservação. 3. Espécies ameaçadas. I. ICMBio. II. Título. III. Série.

CDD: XXXXXX

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Tamandua tetradactyla (Teresa Anacleto)

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Sumário Avaliação do Estado de Conservação de Pilosa e Cingulata no Brasil ........................................................... 07 Avaliação do Risco de Extinção de Bradypus torquatus Illiger, 1811 ............................................................ 13 Avaliação do Risco de Extinção de Bradypus tridactylus Linnaeus, 1758 no Brasil ....................................... 25 Avaliação do Risco de Extinção de Bradypus variegatus Schinz, 1825 no Brasil ........................................... 35 Avaliação do Risco de Extinção de Choloepus didactylus (Illiger, 1811) no Brasil ........................................ 55 Avaliação do Risco de Extinção de Choloepus hoffmanni Peters, 1858 no Brasil ......................................... 65 Avaliação do Risco de Extinção de Cyclopes didactylus (Linnaeus, 1758) no Brasil ...................................... 75 Avaliação do Risco de Extinção de Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 no Brasil ............................. 89 Avaliação do Risco de Extinção de Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) no Brasil ............................. 107 Avaliação do Risco de Extinção de Cabassous chacoensis Wetzel, 1980 no Brasil ...................................... 119 Avaliação do Risco de Extinção de Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) no Brasil .................................. 127 Avaliação do Risco de Extinção de Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) no Brasil ................................. 141 Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus hybridus (Desmarest, 1804) no Brasil ................................... 153 Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus kappleri Krauss, 1862 no Brasil .............................................. 163 Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 no Brasil ............................... 173 Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 no Brasil .............................. 185 Avaliação do Risco de Extinção de Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) no Brasil .............................. 197 Avaliação do Risco de Extinção de Priodontes maximus (Kerr, 1792) no Brasil ....................................... 209 Avaliação do Risco de Extinção de Tolypeutes matacus (Desmarest, 1804) no Brasil .............................. 225 Avaliação do Risco de Extinção de Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758) ............................................. 237

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Choloepus didactylus (Gilberto Nascimento)

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Avaliação do Estado de Conservação de Pilosa e Cingulata no Brasil Amely Branquinho Martins1, Kena Ferrari Moreira da Silva2, Marcos de Souza Fialho1 e Flávia Regina Miranda3

Resumo Esta seção da série “Estado de Conservação da Fauna Brasileira” visa apresentar o resultado completo da avaliação para o Brasil do estado de conservação das suas 19 espécies de xenartros, grupo exclusivamente americano que engloba as ordens Cingulata e Pilosa. Dentre as 19 espécies avaliadas, 18 possuem registros de ocorrência confirmados para o território brasileiro. A conversão de hábitats em lavouras e pastagens e a caça são os principais fatores de risco para este grupo. É esperado que a

presente avaliação e consolidação de informações naturalísticas sobre as espécies ora apresentadas sejam usados como instrumento de base para as avaliações futuras e para as tomadas de decisões voltadas à conservação de tamanduás, tatus e preguiças no Brasil. Vale lembrar, no entanto, que tal avaliação reflete o momento em que é feita, havendo por isso a necessidade de sua repetição periódica ao longo do tempo, a fim de detectar possíveis variações nos riscos à conservação dessas espécies.

Apresentação Os xenartros correspondem a um grupo de espécies exclusivamente americanas, essencialmente Neotropicais, à exceção de Dasypus novemcinctus (Eisenberg & Redford 1999), abrangendo os animais conhecidos como tatus, Ordem Cingulata, e as espécies conhecidas como preguiças e tamanduás, Ordem Pilosa. A despeito da atual modesta riqueza de espécies deste grupo - possível produto das extinções do Pleistoceno (Cartelle 1998) e, talvez, do fato de ser composto por espécies errantes, que não tem em rios, e outros elementos vicariantes, obstáculos relevantes à sua distribuição, e consequente especiação - são bastante conhecidos pelo público em geral. Parte disso se deve as peculiaridades morfológicas e comportamentais do grupo, parte por comporem um conjunto importante de espécies cinegéticas, p. ex., Myrmecophaga tridactyla e Priodontes maximus que podem passar dos 30kg (Eisenberg & Redford 1999). O processo de avaliação do estado de conservação dos xenartros brasileiros foi coordenado

pelo Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação dos Primatas Brasileiros, com a Analista Ambiental Amely B. Martins capitaneando os trabalhos, e tendo o suporte técnico de Flávia R. Miranda, na figura de Coordenadora de Táxon. Coube a Kena Ferrari M. da Silva, então bolsista pelo ICMBio, compilar as informações existentes e relevantes para o processo de avaliação e categorização dos tatus, tamanduás e preguiças. Esta consolidação foi aberta à consulta e à contribuição da comunidade científica, em dois momentos, primeiramente através de uma consulta ampla e posteriormente, por meio de uma consulta direcionada a um ou pequeno número de especialistas. Assim, a primeira etapa deste processo consistiu na compilação de informações sobre todas as espécies de Pilosa e Cingulata disponíveis na literatura científica, por meio de uma extensa revisão bibliográfica e montagem de uma base de dados consolidada no Sistema para Avaliação e Gerenciamento

1. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros – CPB/ICMBio/MMA. 2. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. 3. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil.

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de Informações de Primatas e Xenartros Brasileiros - SAGU-Í (Ramos-Filho et al. 2012), ferramenta esta também utilizada nas etapas de consulta e oficina de avaliação. Esta segunda etapa de consultas ampla e direcionada do processo contemplou a participação da comunidade científica, por meio do acesso, colaboração e complementação das informações compiladas nas fichas de cada espécie bem como dos mapas de distribuição de cada uma. As etapas de consulta contaram com a participação de 20 especialistas. O produto deste processo inicial de compilação de dados e consulta à comunidade científica subsidiou a oficina de avaliação ocorrida em Iperó, estado de São Paulo, nas dependências da Floresta Nacional de Ipanema, em julho de 2012. Contou esta, com a participação de 11 especialistas que colaboraram como avaliadores (Figura 1). No total, o processo de avaliação do estado de conservação dos tamanduás, tatus e preguiças do Brasil contou com a participação de 34 pesquisadores e colaboradores. As publicações que seguem correspondem aos dados compilados, organizados e chancelados por este grupo com as contribuições das consultas públicas. As autorias de cada capítulo correspondem aos pesquisadores responsáveis pela revisão final da ficha de cada espécie e, ao final de cada capítulo, encontram-se listados na ficha técnica todos os colaboradores. Entre a Lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, publicada pelo Mi-

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nistério do Meio Ambiente em 2003, e a avaliação ora apresentada, não observamos grandes discordâncias. As espécies ameaçadas continuam sendo as mesmas, embora o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) tenha sido categorizado em um grau de ameaça mais elevado (ICMBio 2014) neste último processo de avaliação. Ademais, as espécies agora avaliadas como ameaçadas (ICMBio 2014) foram também enquadradas em alguma categoria de ameaça em todas as listas nacionais oficiais de espécies ameaçadas de extinção anteriores (Carvalho 1968, Portaria 303 de 29/5/1968 – IBDF, Coimbra-Filho 1973, Portaria 3481 DN de 31/5/1973 – IBDF, IBAMA 1989, Bernardes et al. 1990, Instruções Normativas nº 03 e 05 – MMA, Machado et al. 2005). Neste processo de avaliação aqui apresentado, optou-se por conduzir uma avaliação do estado de conservação específica para determinado bioma para algumas espécies, esta etapa denominada como avaliação biomática foi realizada quando haviam evidências de que o estado de conservação da espécie avaliada era divergente do estado de conservação em um determinado bioma dentro da distribuição da espécie. Assim, as populações da Floresta Atlântica do tamanduaí (Cyclopes didactylus), de acordo com o proposto por Superina e colaboradores (2010), e do tatu-canastra (Priodontes maximus) foram avaliadas separadamente e avaliadas em categorias diferentes da espécie como um todo. Ademais, uma vez que este processo avaliou o estado de conservação de to-

Figura 1. Participantes da oficina de avaliação do estado de conservação de Xenarthra brasileiros, 2012, Iperó – SP.

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das as espécies de Xenarthra do Brasil, os resultados aqui apresentados se configuram como um panorama geral mais completo do estado de conservação dos xenartros brasileiros, pois são incluídas não apenas as espécies categorizadas como ameaçadas. A carência de dados sobre a bionomia para maior parte das espécies foi evidente, gerando discussões principalmente sobre o período referente a três gerações a ser considerado como a janela temporal para aplicação dos critérios IUCN de categorização do estado de conservação. As maiores necessidades de pesquisa apontadas para tamanduás, tatus e preguiças indicam que 83,3% das espécies carece de estudos sobre seus limites de distribuição geográficos ou novos inventários, 77,7% dos taxa avaliados apresentam lacunas referentes a dados sobre ecologia e 55,5% das espécies necessitam de maiores esforços de pesquisa sobre biologia ou reprodução (Figura 2). A perda e degradação de hábitat, principalmente provenientes do desmatamento e expansão agricultura ou pecuária, além da fragmentação da matriz florestal, foram apontados como principais ameaças para 88,8% das espécies de Xenarthra avaliados (Figura 3). Dentre as diversas ameaças aponta-

das, destacam-se ainda a existência de caça ou apanha para 72,2% das espécies avaliadas, distúrbios decorrentes do aumento da matriz rodoviária ou energética que afetariam cerca de 61,1% das espécies, e ainda a ocorrência de incêndios, que foi identificado como fator de risco para 50% das espécies de tatus, tamanduás e preguiças avaliados (Figura 3). Estas e outras ameaças, identificadas nos capítulos subsequentes para cada espécie, aliadas à indicação das principais ações de conservação necessárias ou existentes, constituem um importante subsídio para a tomada de decisões e priorização de ações que visem a conservação das espécies de Pilosa e Cingulata em território brasileiro. Ainda a partir dos dados apresentados nos capítulos posteriores, pode-se concluir que todas as espécies de xenarthros com distribuição confirmada para o Brasil possuem registros de ocorrência em áreas protegidas, e todas possuem ao menos um registro em Unidades de Conservação Federal de Proteção Integral. A espécie com menor número de registro em áreas protegidas é o tatu-mulita (Dasypus hybridus) com apenas 2 registros, enquanto outra espécie do gênero, o tatu-galinha (D. novemcinctus),

Figura 2. Principais pesquisas identificadas como necessárias para as espécies de tatus, tamanduás e preguiças no Brasil. A) Capacidade de dispersão; B) Biologia / Reprodução; C) Demografia; D) Distribuição geográfica / Inventário; E) Taxonomia; F) Ecologia; G) Clínico-Sanitária e H) Genética.

Número de espécies

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Grupo Preguiças Tamanduás Tatus 5

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Pesquisas

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possui 75 registros em áreas protegidas em território brasileiro (Silva et al. 2014, Faria-Corrêa et al. 2014). Estes dados indicam a importância da manutenção da efetividade na conservação destas áreas, além da pesquisa e o manejo para conservação dos tatus, tamanduás e preguiças dentro de Unidades de Conservação no Brasil, principalmente como mecanismo para o preenchimento de lacunas no conhecimento sobre distribuição, aspectos biológicos ou ecológicos bem como para redução do risco de extinção. Esta seção da série “Estado de Conservação da Fauna Brasileira” visa apresentar o resultado completo da avaliação do estado de conservação dos Xenartros no Brasil. É esperado que a presente avaliação e consolidação de informações naturalísticas sobre as espécies sejam usados como instrumento

de base para as avaliações futuras, e para tomadas de decisões voltadas à conservação de tamanduás, tatus e preguiças. Vale lembrar, no entanto, que tal avaliação reflete o momento em que é feita, havendo por isso a necessidade de sua repetição periódica ao longo do tempo, a fim de detectar possíveis variações nos riscos à conservação dessas espécies. O diagnóstico do estado atual de conservação de todos os táxons deste grupo constitui-se numa ferramenta imprescindível para o dimensionamento da intensidade de perturbação antrópica a que cada espécie está submetida, e para a priorização de esforços conservacionistas e de pesquisa para aquelas que apresentam um estado crítico de conservação.

Figura 3. Principais ameaças identificadas para os tatus, tamanduás e preguiças com ocorrência no Brasil. A) Aumento da matriz rodoviária / energética; B) Caça ou apanha; C) Incêndio; D) Perda ou degradação de hábitat / fragmentação; E) Predação por espécie exótica; F) Envenenamento indireto e G) Perda da variabilidade genética.

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Número de espécies

Grupo Preguiças Tamanduás Tatus

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D Ameaças

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Referências Bibliográficas Eisenberg, J.F. & Redford, K.H. 1999. Mammals of the Neotropics: the central Neotropics. Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. v.3. University of Chicago Press, Chicago. 610p. Bernardes, A.T.; Machado, A.B.M. & Rylands, A.B. 1990. Livro Vermelho: Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção da fauna de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. 65p. Cartelle, C. 1998. Há doze mil anos a grande extinção. Pp. 31-36. In: Machado, A. (Org.). Livro Vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. 605p. Carvalho, J.C.M. 1968. Lista das espécies de animais e plantas ameaçados de extinção no Brasil. Boletim Informativo da FBCN, 3: 11-16. Coimbra-Filho, A. 1972. Livro Vermelho: Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção: Mamíferos. ABC, Rio de Janeiro. 173p. Faria-Corrêa, M.A.; Vaz, S.M.; Anacleto, T.C.S. & Timo, T.P.C. 2015. Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus hybridus (Desmarest, 1804) no Brasil. Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira, 2: 153-160. ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). 2014. Diagnóstico do risco de extinção de espécies da fauna: 2012-2014. Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira, 1: 5-306. Machado, A.B.M.; Martins, C.S. & Drummond; G.M. 2005. Livro Vermelho: Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. 158p. Ramos-Filho, D.A.; Rolim, C.R.A.; Guimarães-Filho, J.B. & Martins, A.B. 2012. The development of SAGU-Í - System to Assessment and Management of Information About Brazilian Primates and Xenarthra - as a tool for species conservation status assessment. CD-ROM. In: 8th International Conference on Ecological Informatics: Informing decisions on biodiversity and natural resources conservation. Brasília. Silva, K.F.M.; Costa, J.F.; Anacleto, T. C. S. & Timo, T. P. C. 2015. Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758, no Brasil. Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira, 2: 172-182. Superina, M.; Miranda, F.R. & Abba, A.M. 2010. The 2010 Anteater Red List Assessment. Edentata, 11(2): 96-114.

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Bradypus torquatus (Sávio Freire Bruno)

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Avaliação do Risco de Extinção de Bradypus torquatus Illiger, 1811 Adriano Garcia Chiarello1, Flávia Regina Miranda2, Gileno Antonio Araújo Xavier3, Nadia de Moraes-Barros4, Sergio Maia Vaz5

Resumo Bradypus torquatus é a única das cinco espécies de preguiças que ocorrem no Brasil cuja distribuição geográfica está inteiramente contida e limitada ao bioma Floresta Atlântica. Uma recente revisão dos registros de localidade existentes indicou que esta preguiça ocorre quase que exclusivamente nas florestas ombrófilas entre o nível do mar e 1000m de altitude existentes entre o sul de Sergipe e o norte do Rio de Janeiro, incluindo também os estados da Bahia e do Espírito Santo. A espécie foi classificada como Vulnerável por possuir área de ocupação menor que 1000km2 localizada, majoritariamente, em região severamente fragmentada.

Ordem

Pilosa

Família

Bradypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – preguiça-de-coleira; aí-pixuna, preguiça-preta (Superina & Aguiar 2006). Inglês– maned three-toed sloth; maned sloth (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s Não houve mudanças. Descrita originalmente em 1811 por Johann Karl Wilhelm Illiger como Choloepus torquatus illiger, 1811 (Lambertz 2013).

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Vulnerável (VU) - B2a + b(ii,iii)

1. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 2. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 3. Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Área de Anatomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. 4. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos-Cibio/Inbio, Universidade do Porto – UP, Portugal. 5. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ.

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Justificativa A espécie Bradypus torquatus foi categorizada como Vulnerável, utilizando os critérios B2a + b(ii,iii), considerando a sua área de ocupação estimada de pelo menos 978km2, imersa em matriz florestal severamente fragmentada, sofrendo declínio continuado em sua área de ocupação e qualidade do hábitat. Para os últimos 23 anos não foram identificados eventos de extinção nas populações localizadas nas extremidades da extensão de ocorrência, pelo contrário, novos registros ampliaram esta extensão de ocorrência da espécie, justificando o não enquadramento no critério “B+bi” conforme ocorrido na última Avaliação IUCN em 2010.

Avaliação nacional anterior Vulnerável (VU) - A2cd (MMA 2003, Machado et al. 2008).

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Vulnerável (VU) - B2ab (i, ii, iii) (Superina et al. 2010, Chiarello & Moraes-Barros 2011). Avaliação Estadual: Espírito Santo – “Em perigo (EP)” - B1a,b(iii) (Passamani & Mendes 2007); Rio de Janeiro – “Criticamente em perigo (CP)” (Bergallo et al. 2000).

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Bradypus torquatus (Camila Cassano)

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Descrição geral do táxon Esta espécie caracteriza-se por uma pelagem espessa de cor castanho-claro, uniforme por todo o corpo, sem distinção entre o dorso e o abdomên, e uma coleira de pelos longos e pretos ao redor do pescoço, geralmente mais longa e nítida na região dorsal anterior. Este tufo de pelos pretos está ausente nos filhotes e juvenis, cujo dorso varia do castanho ao marrom-claro (Eisenberg & Redford 1999) e nos indivíduos adultos (acima de 4 anos), a coleira preta é maior e mais negra nos machos do que nas fêmeas (Lara-Ruiz & Chiarello 2005). Embora variável, o tufo preto é maior e composto por pelos mais longos nos machos

do que nas fêmeas (Lara-Ruiz & Chiarello 2005). Existem três populações geneticamente distintas desta espécie nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, respectivamente (Moraes-Barros et al. 2002, 2006, Lara-Ruiz et al. 2008). Os dados disponíveis até o momento indicam que a população localizada ao norte da distribuição da espécie (sul da Bahia) pode ser considerada, sob o ponto de vista genético, como uma subespécie separada (Lara-Ruiz et al. 2008), embora sejam indistinguíveis dos outros na morfologia externa (A. Chiarello, comunicação pessoal citado em Superina et al. 2010, p.119).

História de vida Biologia: A espécie possui hábitos solitário e arborícola restrito. Tem atividade diurna e noturna, dependendo da área ou região. É predominantemente diurna na Reserva Ecológica Santa Lúcia, Espírito Santo (Chiarello 1998a) e predominantemente noturna na Reserva Biológica do Poço das Antas, Rio de Janeiro (Pinder 1985). Estudos recentes indicam que alguns indivíduos, de uma mesma localidade, podem apresentar atividade diurna, enquanto outros têm atividade noturna (Chiarello 2008b). O nível de atividade de Bradypus torquatus é maior que a de outras espécies do mesmo gênero, e embora estas diferen-

ças possam ser específicas para cada espécie, acredita-se que o alto nível de atividade da preguiça-de-coleira possa ser uma adaptação ao ambiente mais frio das montanhas da Mata Atlântica (Chiarello 1998a). A dieta desta espécie é estritamente folívora, composta por espécies de árvores e cipós, sendo mais de 30 espécies até agora identificadas. Cada indivíduo consome cerca de 15 a 20 espécies/ano (Chiarello 1998b, Chiarello et al. 2004). Alimenta-se, preferencialmente, de folhas mais jovens e, raramente, flores e frutos (Chiarello 1998b).

Informações gerais Massa de adultos

Fêmea

Pode atingir 10kg de massa corpórea. No estudo de Lara-Ruiz & Chiarello (2005), o peso corporal médio entre 21 fêmeas capturadas foi de 6,9kg (5,1 a 10,1kg) sendo que as fêmeas foram significativamente mais pesadas do que os machos. Estas medidas são maiores do que as reportadas por Emmons (1990) (3,6 a 4,2kg).

Macho

Pode atingir 9kg de massa corpórea. Os 15 machos adultos capturados no estudo de Lara-Ruiz & Chiarello (2005) apresentaram peso médio de 6,15kg (4,6 a 7,5kg). Um macho adulto selvagem capturado em Santa Maria de Jetibá, ES, pesou 9kg (Dias et al. 2009). Comprimento total

Fêmea

Comprimento médio do corpo entre 45 e 50cm (Emmons 1990). No estudo de Lara-Ruiz & Chiarello (2005) o comprimento do corpo de fêmeas adultas (n= 21) variou de 59 a 75,2cm (média = 68,0cm).

Macho

No estudo de Lara-Ruiz & Chiarello (2005) o comprimento do corpo de machos adultos variou de 62 a 72cm, com média de 64,6cm (n= 15 machos adultos). As diferenças no tamanho corporal entre machos e fêmeas deste estudo não foram estatisticamente significativas. Um macho adulto capturado em Santa Maria de Jetibá, ES, apresentou comprimento corporal total de 74cm, o maior já obtido para machos adultos até o momento (Dias et al. 2009).

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Informações gerais (continuação) Comprimento cauda (cm) Fêmea

Em torno de 4,9cm (Wetzel 1985) e entre 4,8 e 5cm (Emmons 1990).

Macho

Em torno de 4,9cm (Wetzel 1985) e entre 4,8 e 5cm (Emmons 1990). Altura da Orelha

Fêmea

Não há informação.

Macho

Não há informação. 1:1,7 (M:F); estimativa baseada em 30 adultos, 11 machos e 19 fêmeas capturados no sul da Bahia, Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro (Chiarello 2008b).

Razão sexual

Sistema de acasalamento

Não há informação. Uma fêmea selvagem monitorada por mais de cinco anos na região serrana do ES pariu regularmente um filhote, entre os meses de fevereiro e março, de 1999 a 2004, indicando um intervalo anual entre partos (Lara-Ruiz & Chiarello 2005).

Intervalo entre nascimentos

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação é desconhecido, mas ao que tudo indica deve ser semelhante às demais espécies do gênero, ou seja, em torno de seis meses (Lara-Ruiz & Chiarello 2005). A ingestão de folhas pelo filhote começa com duas semanas de idade, entretanto a amamentação continua entre 2 e 4 meses de idade (Lara-Ruiz & Chiarello 2005).

Número de filhotes por gestação

As fêmeas parem apenas um filhote por ano, que atinge a independência por volta dos 8 a 10 meses de vida, quando abandona a área da mãe para se estabelecer em outro local da floresta (Chiarello 2008b).

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Idade de maturação dos indivíduos. Fêmea

O estudo de Lara-Ruiz & Chiarello (2005) sugere que fêmeas podem estar sexualmente ativas assim que atingem o tamanho de adultos (~59cm de tamanho corporal total), o que provavelmente ocorre a partir dos 3 anos de vida.

Macho

Não há informação.

Longevidade

Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Um macho desta espécie viveu no mínimo 12 anos (Lara-Ruiz & Chiarello 2005). A partir de Lara-Ruiz & Chiarello (2005), o tempo geracional sugerido para esta espécie é de 7,5 anos, logo 3 gerações corresponde à 23 anos. Os nascimentos ocorrem entre fevereiro e julho no Espírito Santo (Lara-Ruiz & Chiarello 2005), e no Rio de Janeiro ocorrem ao longo do ano (Pinder 1993). Na maioria dos casos, as fêmeas têm a gestação e a lactação ocorrendo durante o período do ano em que as temperaturas são favoráveis e os alimentos preferidos são abundantes (Dias et al. 2009). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Foram encontrados ectoparasitas na pelagem de 28 Bradypus torquatus, como os carrapatos Amblyoma varium e Boophilus sp., o besouro Trichilium sp. e a mariposa comensal Cryptosis sp. (Pinder 1993).

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Distribuição geográfica A espécie é endêmica ao Brasil e está presente apenas na Mata Atlântica costeira do Sudeste e Nordeste. Ocorre nos estados de Sergipe, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e provavelmente no extremo nordeste de Minas Gerais (Chiarello 2008a, Superina et al. 2010). Nos dias atuais está restrita à região de Mata Atlântica do sul de Sergipe (município de Estância) (Chagas et al. 2009), ao centro-norte do Rio de Janeiro (municípios de Macaé, Silva Jardim e Rio das Ostras), e recentemente nos municípios de Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu e Teresópolis (Boffy et al. 2010), passando pela Bahia (região do Recôncavo Baiano, municípios de Ilhéus e Itabuna, até o extremo sul), pelo Espírito Santo (região serrana e litorânea do centro-sul do estado, ao sul do rio Doce apenas). A espécie não ocorre a partir da margem esquerda (margem norte) do rio Doce até as proximidades do rio Mucuri. Foi registrada no extremo nordeste de Minas Gerais

(médio Jequitinhonha, no município de Bandeira, na divisa com Bahia) (Vaz 2003), mas este registro não é confirmado (Hirsch & Chiarello 2012). A espécie foi introduzida em Parques Nacionais do Espírito Santo (PARNA do Caparaó) e do Rio de Janeiro (PARNA da Tijuca) (Chiarello 2008a), mas não há informações sobre o estabelecimento ou não de populações nestes Parques. Existem registros para Minas Gerais e Pernambuco ainda não confirmados. Os estados de Sergipe e Rio de Janeiro têm apenas 2% e 7% dos registros confirmados, respectivamente (Hirsch & Chiarello 2012). B. torquatus está listado como Vulnerável, mas com a ressalva de que uma reavaliação deve ser realizada assim que dados sobre suas populações silvestres se tornem disponíveis (Superina et al. 2010). Esta espécie foi listada inicialmente como Em Perigo devido a sua extensão de ocorrência ser

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muito restrita. No entanto, novos dados e uma detalhada análise sobre distribuição geográfica revelaram que a extensão da ocorrência é maior do que se pensava anteriormente (Hirsch & Chiarello 2012). Historicamente é possível que tenha ocorrido redução em sua área de ocupação ou extensão

de ocorrência, visto que há um relato, não confirmado, para o estado de Pernambuco (Hirsch & Chiarello 2012), registro este localizado, portanto, ao norte do limite norte de sua distribuição atual, que é a região da Mata Atlântica costeira do sul de Sergipe.

Extensão de ocorrência e área de ocupação Sua extensão de ocorrência é estimada em 71.427,8km2 utilizando apenas registros confirmados e 116.170,9km2 utilizando tanto registros confirmados como não confirmados (Hirsch & Chiarello 2012). Segundo o mapa de distribuição elaborado pelo CPB/ICMBio a extensão de ocorrência é de 189.282km2, aproximadamente, incluindo os dois

hiatos de ocorrência, regiões no norte do Espírito Santo e entre o norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo. Não se sabe exatamente se a área de ocupação é maior que 2.000km2, entretanto, sabe-se que esta é de pelo menos 987km² (A. Hirsch & A.G. Chiarello, dados não publicados).

População

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Não há informações publicadas com relação à abundância de indivíduos ou densidade de populações. Entretanto, em algumas partes da Bahia e Espírito Santo é avistada com frequência, sugerindo que pode ser abundante em algumas localidades (A.G. Chiarello, dados não publicados.) A base de ocorrência desta espécie está em remanescentes florestais altamente fragmentados (Superina et al. 2010). Existem dois hiatos de distribuição geográfica desta espécie, sendo uma barreira natural que ocorre ao norte do Espírito Santo, provavelmente

devido ao alto grau de deciduidade das florestas desta região e outra entre o norte do estado do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo (Hirsch & Chiarello 2012). A tendência populacional é decrescente (A.G. Chiarello, dados não publicados). Embora partes da região serrana do Espírito Santo tenham recuperado parcialmente sua cobertura florestal nos últimos 2030 anos, desmatamentos ainda persistem nos demais estados e mesmo no Espírito Santo, conforme relatórios recentes da SOS Mata Atlântica, o que leva a inferir que vem ocorrendo um decréscimo populacional.

Hábitat e ecologia Habita tanto florestas localizadas ao nível do mar (sul da Bahia, centro-norte do Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro) como florestas baixo-montanas (600-900m de altitude). Até o momento, não foi encontrada acima dos 1.000m (região serrana do Espírito Santo). Parece preferir as matas ombrófilas densas e ainda não foi encontrada em florestas semidecíduas ou decíduas (Chiarello 2008a). Cerca de 80% dos pontos com ocorrência confirmada estão em Floresta Ombrófila (Hirsch & Chiarello 2012). O táxon não é restrito a hábitats primários. Bradypus torquatus é encontrada em matas primárias, mas também é capaz de sobreviver e até mesmo atingir altas densidades populacionais em matas

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secundárias, como já foi observado em fragmentos da região de Santa Maria de Jetibá e de Aracruz, na zona serrana e na baixada litorânea do Espirito Santo, respectivamente. Estudo recente sugere que a espécie ocorre também nas florestas de “cabrucas” (plantações de cacau sob matas nativas no sul da Bahia) (Cassano et al. 2011). Esta espécie foi avistada em fragmentos menores de 20 ha, embora a persistência no longo prazo das populações nesses locais seja desconhecida (Superina et al. 2010). As áreas de vida desta espécie raramente excedem a 10ha, muitas vezes são de 1 a 2ha por preguiça (Chiarello et al. 2004). Entre fêmeas, as áreas de vida têm pouca sobreposição com a de indivíduos

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vizinhos. As estimativas de área de vida desta espécie, em diferentes ambientes da Mata Atlântica do Brasil, foram de 5,7ha no Rio de Janeiro (Pinder 1985), de 0,8 a 10,8ha no Espírito Santo (Chiarello 2008b) e de 3 a 5ha na Bahia (Cassano 2006). Cassano et al.

(2011) obteve áreas de uso de 0,56ha (fêmea adulta), 2,28ha (macho juvenil) e até 29,33ha para uma fêmea jovem que provavelmente se encontrava em movimento de dispersão, segundo os autores.

Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: desmatamento decorrente de expansão agrícola ou pecuária, expansão urbana, aumento da matriz rodoviária e incêndios. As principais ameaças à espécie são a destruição das florestas (Emmons 1990) e a perda da variabilidade genética decorrente do isolamento das populações pela fragmentação e descaracterização de hábitats (Chiarello et al. 2004, Fonseca & Aguiar 2004, Lara-Ruiz et al. 2008). O isolamento de pequenas populações pode acarretar drástica redução de fluxo gênico, uma vez que a espécie tem movimentos

lentos e mostra grande dificuldade em se deslocar por paisagens desflorestadas. Outros fatores decorrentes da fragmentação são o aumento da incidência de incêndios em Unidades de Conservação e o aumento da malha viária e do fluxo de tráfego, deflagrando ameaças importantes às populações desta espécie. A caça é considerada como uma ameaça secundária, visto que em algumas regiões, particularmente no sul da Bahia, as preguiças podem eventualmente ser apanhadas para venda ou consumo (Chiarello 2008a).

Ações de conservação

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Necessárias: Como as preguiças só ocorrem em matas, é preciso viabilizar estratégias para redução do desmatamento e da incidência de incêndios florestais (Chiarello 2008a). Os estudos recentes indicam que suas maiores populações remanescentes estão localizadas no sul da Bahia (Ilhéus), centro-sul do Espírito Santo (Santa Teresa) e norte do Rio de Janeiro (Silva Jardim), estas populações apresentam diversidade genética reduzida e se encontram geneticamente isoladas umas das outras (Lara-Ruiz 2004, Lara-Ruiz & Chiarello 2005). Por este motivo, Chiarello (2008a) propõe que a estratégia que melhor resultaria em benefícios para

a conservação da espécie seria promover o aumento da conexão entre fragmentos, visando a restauração do fluxo gênico, pelo menos em nível regional, o que possibilitaria que populações isoladas constituíssem metapopulações de fato. A translocação também é sugerida por Chiarello (2008a), mas como as populações da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro têm composição genética própria (Lara-Ruiz 2004, Moraes-Barros et al. 2006), os locais de captura e soltura devem ser próximos e semelhantes do ponto de vista florístico e climático (o cruzamento de indivíduos de diferentes estados deve ser evitado).

Presença em áreas protegidas Segundo Chiarello (2008a, Hirsch & Chiarello 2012), ocorre nas seguintes Unidades de Conservação: Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães (observado), Reserva Biológica de Una (observado), Reservas Particulares do Patrimônio Natural Ecoparque de Una (observado), Serra do Teimoso (relato) e Água Branca (observado) e Parque Estadual da Serra do Conduru

(relato) na Bahia; Floresta Nacional de Goytacazes (observado), Reservas Biológicas de Comboios (Passamani et al. 2000, observado) e Augusto Ruschi (observado), “Estação Biológica” de Santa Lúcia (observado), “Parque Municipal Natural” de São Lourenço (observado) e Reserva Biológica Estadual de Duas Bocas (observado) no Espírito Santo; Reservas Biológicas de União

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(observado) e Poço das Antas (Pinder 199, observado), Parque Municipal Fazenda Atalaia (Cassano 2006, observado) e Parque Estadual do Desengano (S.M. Vaz, dados não publicados) no Rio de Janeiro. Boffy et al. (2010) fez registros desta espécie no município de Teresópolis, próximo ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no município de Cachoeiras de Macacu, na

região próxima ao Parque Estadual dos Três Picos e no município de Nova Friburgo, região próxima ao Parque Estadual de Nova Friburgo, sendo a presença desta espécie provável, mas ainda não confirmada para estas três UCs de Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Citado também para a Estação Experimental de Canavieiras, BA (relato) Chiarello (2008a, Hirsch & Chiarello 2012).

Pesquisas Necessárias: Dados de capacidade de dispersão, razão sexual, sistemas de acasalamento e densidade populacional são desconhecidos, porém necessários para planos de conservação e monitoramento desta espécie (Superina et al. 2010). Registros obtidos recentemente, como em um grande remanescente de Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro (Boffy et al. 2010), ilustram bem o quão pouco sabemos mesmo sobre distribuição geográfica. São necessários

também estudos taxonômicos, pois é possível que esta espécie seja um gênero diferente de Bradypus, (Scaeopus), conforme já sugerido por outros autores (Wetzel & Avila-Pires 1980, Barros et al. 2003). Estudos taxonômicos em nível de subespécie também são necessários, pois a população do sul da Bahia pode ser considerada uma subespécie separada das outras populações do Rio de Janeiro e do Espírito Santo) (Lara-Ruiz et al. 2008).

Existentes: 20

“Mamíferos arborícolas (Chaetomys subspinosus e Bradypus torquatus) e implicações sobre a supressão vegetal” (coordenador: Gastón Giné; Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade – UESC; SISBIOTA - Redes de pesquisa em funcionamento ecológico de paisagens florestais antrópicas/ Parceria UESC/UFPE/UnB/ UFBA/CENA-USP); “Área de vida e seleção de hábitat pela preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) no sul da Bahia (mestranda: Nereyda Falconi; Programa de Pós Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade – UESC; orientação: Emerson Vieira – Universidade de Brasília, UnB); Uma tentativa de análise da viabilidade populacional da espécie foi realizada para a região serrana do Espírito Santo, mediante projeto financiado pelo “Segundo Edital do Programa

de Espécies Ameaçadas da Fundação Biodiversitas/ CEPAN”, coordenado por A.G. Chiarello, em parceria com Valor Natural, PUC - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular), entretanto constatou-se falta de dados para uma modelagem segura (A.G. Chiarello, dados não publicados). Há pesquisas em andamento por A. Chiarello e A. Hirsh, para determinação precisa da área de ocupação; entre estes autores e K. Ferraz, avaliando a distribuição potencial desta espécie e estudos sobre diversidade genética nuclear, sob coordenação de N. Moraes-Barros (Programa de Pós-graduação em Biologia (Genética) e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos - Cibio-Inbio, Universidade do Porto).

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Adriano G. Chiarello (Departamento de Biologia, FFCLRP, USP); Paula Lara-Ruiz e Fabrício R. dos Santos (LBEM/UFMG); Camila Cassano (UESC); Nádia de Moraes-Barros, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Bio-

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diversidade e Recursos Genéticos-Cibio/Inbio, (Universidade do Porto, Portugal); Vera Lúcia de Oliveira (CEPLAC); Sérgio Lucena Mendes (UFES), André Hirsch (Universidade Federal de São João del-Rei, Campus Sete Lagoas).

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Ficha Técnica Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto.

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Bradypus tridactylus (Fábio Röhe)

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Avaliação do Risco de Extinção de Bradypus tridactylus Linnaeus, 1758 no Brasil Flávia Regina Miranda1, Fábio Röhe2, Nadia de Moraes-Barros3 Resumo Bradypus tridactylus é uma espécie amazônica e está presente nos estados do Amapá, Pará, Roraima e Amazonas. Possui extensão de ocorrência ampla sem grandes vetores de ameaças identificados, sendo, portanto, categorizada como Menos Preocupante.

Ordem

Pilosa

Família

Bradypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – aí, preguiça-de-bentinho, preguiça-de-três-dedos (Superina & Aguiar 2006) ou ainda preguiça-de-garganta-amarela (Medri et al. 2011). Inglês – pale-throated three-toed sloth, pale-throated sloth (Superina & Aguiar 2006). Outros - perezoso de tres dedos (espanhol); aï (francês), bradype (francês), paresseux tridactyle (francês); mouton paresseux (francês) (Superina & Aguiar 2006).

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Sinonímia/s Durante muitos anos, a sinonímia Bradypus tridactylus foi atribuído em muitos casos (principalmente em artigos publicados antes do anos 70) a espécie Bradypus variegatus.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

Justificativa A espécie Bradypus tridactylus possui extensão de ocorrência ampla, sem grandes vetores de ameaças identificados, sendo, portanto, categorizada como Menos Preocupante (LC).

1. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 2. Wildlife Conservation Society. 3. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos-Cibio/Inbio, Universidade do Porto – UP, Portugal.

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Avaliação nacional anterior Espécie não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Menos Preocupante (LC) (Superina et al. 2010).

Descrição geral do táxon A pelagem de Bradypus tridactylus é marrom-acinzentada, sendo que a região da testa e da garganta tem coloração amarela a região dos ombros possuem pelos escuros na maioria dos espécimes. Os machos podem se distinguir das fêmeas pela sua mancha dorsal amarelo-alaranjado com uma linha central preta larga (Hayssen 2009). Os juvenis são mais cinzentos do que os adultos (Gray citado em Hayssen 2009, p. 2). O padrão de coloração dorsal

da pelagem varia, mas frequentemente apresenta um padrão salpicado que a distingue do padrão de marrom ao marrom-amarelado da espécie B. variegatus (Eisenberg & Redford 1999). No campo, outra forma de distinguir esta espécie é observar a coloração da pelagem da garganta, pois em B. tridactylus é dourada enquanto que em B. variegatus é marrom (Anderson & Handley citado em Medri et al. 2011, p. 93). Contudo, algumas poucas populações de B.

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Bradypus tridactylus (Fábio Röhe)

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variegatus ditribuídas na região do baixo rio Tapajós, exibem uma cobertura dourada muito evidente na garganta. Ainda assim, tal coloração dourada não é encontrada na base dos pelos, os quais são marrons, diferente do observado em B. tridactylus onde o dourado segue por todo o pelo, da sua extremidade

até a base. Portanto, a falta de uma análise minuciosa da morfologia pode levar a erros de identificação (Moraes-Barros et al. 2011). Bradypus tridactylus possui 2n=52 cromossomos (Jorge & Pereira citado em Hayssen 2009, p. 6).

História de vida Biologia: Esta espécie tem hábito arborícola (Fonseca et al. 1996). Tem atividade variando entre diurna e noturna (Emmons 1990), mas os deslocamentos ocorrem com maior frequência no período noturno (Carmo 2002). Um indivíduo desta espécie dormiu em média até 18, 5 horas/dia (Beebe citado

em Hayssen 2009, p. 6). Em vida livre esta espécie tem como principais predadores os felinos, como a onça pintada (Panthera onca) e o gato-maracajá (Leopardus wiedii); cobras, como a sucuri (Eunectes) e a ave de rapina Harpia harpyja (Beebe, Hoke, Izor citado em Hayssen 2009, p. 6).

Informações gerais Massa de adultos Fêmea

Entre 3 e 6kg (Emmons 1990).

Macho Comprimento total Fêmea

Comprimento médio de 50cm (Eisenberg & Redford 1999).

Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea A cauda tem de 3 a 8cm (Eisenberg & Redford 1999). Macho Altura da Orelha Fêmea 1,3cm (1,0-1,5, N=3) Wetzel (1985). Macho Razão sexual Sistema de acasalamento Intervalo entre nascimentos

Em Manaus (Brasil) a razão sexual foi de 1:1 (Jorge et al. 1985). Não há informação. O intervalo entre os nascimentos é aproximadamente de 12 meses (Taube et al. 2001).

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação é de 106 dias de acordo com Nowak (1999) ou cerca de seis meses conforme Taube et al. (2001).

Número de filhotes por gestação

Nasce um único indivíduo por vez (Taube et al. 2001).

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Informações gerais (continuação) Idade de maturação dos indivíduos. Fêmea

Os indivíduos de ambos os sexos atingem a maturidade sexual com cerca de três anos de idade (Montgomery apud Medri et al. 2011, p. 94).

Macho Longevidade

Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Longevidade de no mínimo 12 anos (Lara-Ruiz & Chiarello 2005). Conforme informações para B.torquatus (Lara-Ruiz & Chiarello 2005), o tempo geracional seria em torno de 7,5 anos, logo 3 gerações correspondem à 23 anos. Há registros de nascimentos entre julho e setembro (Beebe citado em Wetzel 1982, p. 354), entre março a setembro (Richard-Hansen & Taube citado em Hayssen 2009, p. 4) e de janeiro a abril (Taube et al. 2001). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

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Endoparasitas incluem Endotrypanum schaudini (Shaw citado em Hayssen 2009, p. 5). Trypanosoma rangeli ocorreu em um animal selvagem (Dereure et al. citado em Hayssen 2009, p. 5). Parasitas externos incluem carrapatos: Amblyomma geayi e Amblyomma varium (Waage & Best, Marques et al. citado em Hayssen 2009, p. 5); ácaros: Edentalges bradypus, Lobalges trouessarti e Psoralges andrei (Fain citado em Hayssen 2009, p. 5); mosquitos: Aedes serratus (Pinheiro et al. citado em Hayssen 2009, p. 5), e Acaridada (Waage & Best citado em Hayssen 2009, p. 5). Em Manaus, a maioria dos indivíduos dos indivíduos de Bradypus tridactylus (99%) estavam infestados com uma média de 33 carrapatos/indivíduo (Waage & Best citado em Hayssen 2009, p. 5).

Distribuição geográfica A espécie não endêmica ao Brasil, ocorrendo nas Guianas (Guiana Francesa, Guiana e Suriname) e na Venezuela. O único bioma brasileiro em que esta espécie pode ser encontrada é a Amazônia (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Está presente nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. Bradypus tridactylus só é encontrada na região centro-norte da América do Sul (Anderson & Handley citado em Moraes-Barros et al. 2010, p. 53). Ocorre desde o delta do rio Orinoco na Venezuela, nas terras altas do Amazonas, através das florestas da Guiana, Suriname, Guiana Francesa até o norte do Brasil (Wetzel 1982, 1985, Superina et al. 2010). O mapa

de distribuição apresentado por Moraes-Barros et al. (2010) apresentou divergências com os anteriores (Gardner 2007, Chiarello 2008) devido principalmente aos casos de troca na identificação taxonômica entre B. tridactylus e B. variegatus. Segundo estes autores, a simpatria com B. variegatus ocorre apenas ao longo da margem norte do rio Amazonas. No Brasil, B. tridactylus é encontrada somente ao norte do rio Amazonas e a leste do rio Negro (Moraes Barros et al. 2010). É necessária ainda maior amostragem e pesquisa sobre a distribuição da espécie, em especial a margem direita do rio Branco e zonas fronteiriças com as Guianas.

Extensão de ocorrência: 473.562km2 *

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População É uma espécie considerada comum (indivíduos da espécie são facilmente encontrados). Embora esta espécie sofra ameaça pela perda de florestas, ainda permanece localmente abundante em muitas áreas protegidas (Aguiar 2004). Estimativas de densidade ou de tamanho da população existentes: Estimada em 2,21 indivíduos/

ha ou 221 indivíduos/km2 pelo método de censo por transecto linear em Manaus, Brasil (Chiarello 2008). Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. A tendência populacional é desconhecida.

Hábitat e ecologia O táxon não é restrito a hábitats primários e habita as florestas Neotropicais. A área de vida registrada para a espécie, na Guiana Francesa, variou de

1,4 a 3,6ha (Taube citado em Taube et al. 2001, p. 174). Não há informações para o Brasil.

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Ameaças e usos Embora não existam ameaças eminentes para espécie (Superina et al. 2010) uma ameaça plausível para o futuro é o desmatamento.

Ações de conservação Necessárias: Inibir o desmatamento.

Presença em áreas protegidas No Amazonas: Reserva Biológica Adolpho Ducke (Ribeiro et al. 2004) e Parque Estadual do rio Negro – setor sul (F. Röhe, dados não publicados); no estado do Pará: Floresta Nacional Saracá-Taquera (Oliveira et al. 2006) e Reserva Biológica do Rio Trombetas (F.R. Miran-

da, dados não publicados); no Amapá: Floresta Nacional do Amapá (Laufer et al. no prelo) e Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (Silva 2008); por fim, em Roraima: Parque Nacional do Viruá (Oliveira et al. 2009) e ESEC Maracá (Barnett & Cunha 1998).

Pesquisas Necessárias: 30

Inventários em potenciais áreas de sua ocorrência, estudos ecológicos, demográficos e taxonômicos.

Existentes:

Não há informações de pesquisas em andamento.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Nadia de Moraes-Barros (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos - Cibio/Inbio, Universidade do Porto, Portugal e De-

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partamento de Genética e Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Especialistas em Xenartros da IUCN/SSC).

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Referências Bibliográficas Aguiar, J.M. 2004. Species summaries and species discussions. In: Fonseca, G.; Aguiar, J.M.; Rylands, A.; Paglia, A.; Chiarello, A.; Sechrest, W. (orgs.). The 2004 Edentate Species Assessment Workshop. Edentata, 6: 3-26. Barnett, A. & Cunha, A.C. 1998. Apendix 3 (Cap. 10) - Other mammals on the Ilha de Maracá. Pp. 449-450. In: Milliken, W.; Ratter, J. A. (org.). Maracá: The biodiversity and environment of an Amazonian rainforest. John Wiley & Sons, Chichester - England. 528p. Carmo, N.A.S. 2002. Distribuição, densidade e padrão de atividades de Bradypus tridactylus (Mammalia, Xenarthra) em fragmento florestal na Amazônia Central. Dissertação (Mestrado em Ecologia). Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 59p. Chiarello, A.G. 2008. Sloth ecology: An overview of field studies. Pp. 269-280. In: Vizcaíno, S.F. & Loughry, W.J. (eds.). The Biology of the Xenarthra. University Press of Florida. 370p. Eisenberg, J.F. & Redford, K.H. 1999. Mammals of the Neotropics: The Central Neotropics. Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. v. 3. The University of Chicago Press, Chicago & London. 610p. Emmons, L.H. 1990. Neotropical Rainforest Mammals. A Field Guide. 1. ed. University of Chicago Press, Chicago. 281p. Fonseca, G.A.B.; Herrmann, G.; Leite, Y.L.R.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A.B. & Patton, J.L. 1996. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occasional Papers in Conservation Biology, 4: 1-38. Gardner, A.L. 2007. Order Pilosa. Pp. 157-177 . In: Gardner, A. L. (ed.). Mammals of South America: Marsupials, Xenarthrans, Shrews, and Bats. Vol.1. The University of Chicago Press, Chicago. 690p. Hayssen, V. 2009. Bradypus tridactylus (Pilosa: Bradypodidae). Mammalian Species, 839: 1-9. Jorge, W.; Orsi-Souza, A.T. & Best, R. 1985. The somatic chromosomes of Xenarthra. Pp. 121-129. In: Montgomery, G.G (ed.). The evolution and ecology of armadillos, sloths, and vermilinguas. Smithsonian Institution Press, Washington, D.C. 451p. Lara-Ruiz, P. & Chiarello, A.G. 2005. Life-history traits and sexual dimorphism of the Atlantic Forest maned sloth Bradypus torquatus (Xenarthra: Bradypodidae). Journal of Zoology, 267: 63–73. Medri. Í.M.; Mourão, G.M. & Rodrigues, F.H.G. 2011. Ordem Pilosa. Pp. 91-106 . In: Reis, N.R.; Peracchi, A.L.; Pedro, W. A. & Lima, I.P. (eds.). Mamíferos do Brasil. 2. ed. Londrina. 439p. Moraes-Barros, N.; Giorgi, A.P.; Silva, S. & Morgante, J.S. 2010. Reevaluation of the geographical distribution of Bradypus tridactylus Linnaeus, 1758 and B. variegatus Schinz, 1825. Edentata, 11(1): 53-61. Moraes-Barros, N.; Silva, J.A.B. & Morgante, J.S. 2011. Morphology, molecular phylogeny, and taxonomic inconsistencies in the study of Bradypus sloths (Pilosa: Bradypodidae). Journal of Mammalogy, 92(1): 86-100. Oliveira, L.C.; Mendel, S.M.; Loretto, D.; Silva Júnior, J.S. & Fernandes, G.W. 2006. Edentates of the Sacará-Taquera National Forest, Pará, Brazil. Edentata, 7: 3-18. Oliveira, L.F.B.; Oliveira, J.A.; Bonvicino, C.R.; Tavares, F.E.; Cordeiro, J.L.P.; Coelho, I.P.; Vilela, J.; Caramaschi, F.P.; Silva, F.C.D.; Caetano, C.A. & Franco, S.M. 2014. Mamíferos. Pp. 6.6-1 - 6.6-21. In: ICMBIO. Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá. ICMBIO, Boa Vista. 626p. Paglia, A.P.; Fonseca, G.A.B.; Rylands, A.B.; Herrmann, G.; Aguiar, L.M.S.; Chiarello, A.G.; Leite, Y.L.R; Costa, L.P.; Siciliano, S.; Kierulff, M.C.M.; Mendes, S.L.; Tavares, V.C.; Mittermeier, R.E. & Patton, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. 2ª Edição. Occasional Papers in Conservation Biology, 6: 1-76.

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F. M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto.

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena F. M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Bradypus variegatus (Gileno Xavier)

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Avaliação do Risco de Extinção de Bradypus variegatus Schinz, 1825 no Brasil Gileno Antonio Araújo Xavier1, Guilherme de Miranda Mourão2, Jociel Ferreira Costa3, Nadia de Moraes-Barros4 Resumo Bradypus variegatus possui ampla extensão de ocorrência quando comparada com demais espécies de preguiças. Ocorre nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Sua área de ocupação está em declínio, o que é particularmente verdadeiro para a Mata Atlântica. As principais ameaças à espécie são indiscutivelmente a perda e a fragmentação dos hábitats naturais dos quais a espécie depende, o aumento da matriz rodoviária e energética, apanhas e quedas. Apesar de haver indícios de declínios populacionais, estes não afetam a população a ponto desta ser categorizada em algum nível de ameaça. Existe conectividade com as populações dos países vizinhos. Assim, a categoria indicada na avaliação regional não foi alterada. Portanto, a espécie é categorizada como Menos Preocupante.

Ordem

Família

Pilosa

Bradypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – preguiça-comum, preguiça-marmota e preguiça-de-bentinho (Superina & Aguiar 2006). É também é conhecida como preguiça-de-óculos (Superina et al. 2010), carneira (M.S. Fialho, comunicação pessoal) e preguiça-de-garganta-marrom. Inglês – brown-throated three-toed sloth e brown-throated sloth (Superina & Aguiar 2006). Outros - perezoso tridáctylo, perezoso bayo (espanhol) e paresseux tridactyle, bradype (frânces) (Superina et al. 2010).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

1. Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Área de Anatomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. 2. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal. 3. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA. 4. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos-Cibio/ Inbio, Universidade do Porto – UP, Portugal.

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Justificativa A espécie Bradypus variegatus possui extensão de ocorrência ampla, sem grandes vetores de ameaças identificados com exceção da Mata Atlântica, sendo, portanto, categorizada como Menos Preocupante (LC).

Avaliação nacional anterior Bradypus variegatus não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): É uma espécie considerada Menos Preocupante (LC) de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza IUCN e consta no Apêndice II da CITES (2011) (Chiarello et al. 2008, Superina et al. 2010). Avaliação Estadual: É considerado Regionalmente Extinta (REx) no estado do Paraná e Menos Preocupante (LC) no estado de São Paulo (Mikich & Bérnils 200 4, Vivo et al. 2009).

Descrição geral do táxon 36

Os pelos são longos, grossos e ondulados, com coloração que varia do marrom-pálido ao marrom-amarelado, com manchas esbranquiçadas concentradas na parte dorsal próxima aos membros posteriores (Emmons 1990, Eisenberg & Redford 1999). Os pelos da face são mais curtos e a na faixa suborbital apresenta cor mais clara, ressaltando uma faixa de cor negra que contorna os olhos, como uma máscara, e que se estende para baixo pelas laterais da face (Wetzel 1985, Miranda & Costa 2006, Silva 2012). Os pelos da garganta são castanhos em toda sua extensão. Em algumas localidade, principalmente na área de simpátrica com B. tridactylus, os pelos da garganta podem ser dourados, mas sempre com a base castanha. B. variegatus não apresenta o forame nasofaríngeo rostrodorsal, observados somente em B. tridactylus (Wetzel & Kcok 1973). O ventre possui uma coloração uniforme castanho acinzentado similar a do dorso, mas sem as manchas brancas (Silva 2012). Os machos adultos podem ser diferenciados das fêmeas por apresentarem, na região interescapular, uma área circunscrita com pelagem mais curta, formada por uma faixa mediana de cor preta e duas

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bandas laterais de pelos amarelados ou alaranjados, a mancha dorsal ou espéculo (Beebe 1926, Britton 1941, Wetzel & Ávila-Pires 1980, Eisenberg & Redford 1999, Anderson & Handley 2001, Xavier 2006). Entre machos jovens, a mancha dorsal, quando presente, apresentar-se com graus diferenciados de desenvolvimento, que vai desde uma pequena depressão, com pelos mais escuros e menores, até manchas de proporções reduzidas. Variações são observadas independentemente da idade e tamanho dos indivíduos jovens (Xavier 2006). Para a sexagem dos filhotes e jovens, as características externas são insuficientes para uma determinação conclusiva, sendo indicado o exame crítico da genitália externa (Pocock 1924, Britton 1941, Divers 1986, Xavier 2006). Dois casos de albinismo total nesta espécie foram reportados em Pernambuco por Xavier et al. (2010c). São reconhecidas nove subespécies (Wetzel 1982). Estudos moleculares indicam que a diversidade genética da subespécie B. v. variegatus é menor nas florestas da Mata Atlântica do Sudeste. No Nordeste, a diversidade genética é maior, contudo, é ainda menor quando comparadas a populações simpátricas de B. torquatus (Moraes-Barros et al. 2002,

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2006, 2007). Estudos filogeográficos recentes revelaram que B. variegatus da América Central, Amazônia ocidental e Mata Atlântica constituem únicas e distintas unidades evolutivas que são distinguíveis por

traços moleculares e morfológicos (Moraes-Barros et al., dados não publicados).

História de vida Bradypus variegatus é arborícola (Fonseca et al. 1996). A espécie tem atividade diurna ou noturna (Sunquist & Montgomery 1973, Queiroz 1995). Um único indivíduo pode estar no seu período ativo numa dada manhã e, em poucos dias, este período ativo pode ser realizado em plena madrugada (Queiroz 1995). Alimenta-se principalmente de folhas, ramos e brotos de várias plantas, frequentemente da família Moraceae (Chiarello 2008), Cecropiaceae e Clethraceae (Urbani & Bosque 2007). A mitológica

associação entre preguiças e embaúbas talvez só se explique pela facilidade em se localizar animais em árvores de copas tão escassas e desprotegidas quanto as de Cecropia (Queiroz 1995). Pelo seu hábito arborícola, B. variegatus é altamente vulnerável no chão (Moreno & Plese 2006). Foi reportado predação de um indivíduo, ao descer até o chão para defecar, por uma coruja murucututu Pulsatrix perspicillata no Panamá (Voirim et al. 2009).

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Bradypus variegatus (Gileno Xavier)

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Informações gerais Massa de adultos Fêmea

Média de 4,34 +/- 0,85kg (Wetzel 1985) e média de 4,67 +/- 0,92kg (DEPAVE/ SISFAUNA 2012)

Macho

Média de 4,77 ± 0,84kg (DEPAVE/SISFAUNA 2012). Comprimento total

Fêmea Média de 58cm (Wetzel 1985). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea 5,8cm em média (Wetzel 1985). Macho Altura da Orelha Fêmea 1,3 ± 0,3cm (0,8 - 2,2) (Wetzel 1985). Macho

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Razão sexual

Sistema de acasalamento

1: 1.0 - M:F (Queiroz 1995). Bezerra et al. (2008) observaram que o macho se posiciona sobre o dorso da fêmea durante a cópula e que a ela vocalizava continuamente. A dupla copulou por cerca de 7 minutos após terem sido avistados.

Intervalo entre nascimentos

O intervalo entre nascimentos em B. variegatus é de 10-12 meses (Herbig-Sandreuther 1964, Silveira 1968).

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação conhecido para indivíduos em cativeiro é de 120-180 dias (Taube et al. 2001). Em vida livre o intervalo entre gestações é de aproximadamente 19 meses (Bezerra et al. 2008, T. Plese, comunicação pessoal 2010 citado em Superina et al. 2010, p.125).

Número de filhotes por gestação

A fêmea de B. variegatus reproduz um filhote por gestação, embora já tenham sido observados dois filhotes aos cuidados de uma única fêmea (Queiroz 1995, Bezerra et al. 2008). Herbig-Sandreuter (1964) observou que um filhote de Bradypus variegatus, nascido no começo da estação seca no Brasil, começou a comer folhas no seu quarto dia de vida. O filhote para de mamar com três a quatro semanas e permanece no ventre da mãe por cerca de seis meses, e no final deste período a mãe deixa o filhote em sua área de vida e busca outra área para evitar a competição com a prole (Montgomery & Sunquist 1978). Idade de maturação dos indivíduos.

B. variegatus machos e fêmeas atingem a maturidade sexual com seis anos, quando então alcançam peso e tamanho de um adulto (Miranda & Costa 2006).

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Informações gerais (continuação) Longevidade

Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Como a maioria das observações sobre a tempo de vida de Bradypus variegatus tem sido insatisfatória, por viveram apenas alguns meses em cativeiro (Crandal 1964), estudos de campo, sem dúvida, são necessários para estabelecer o período de vida (Wetzel 1982).

Anderson & Handley (2002) calcularam o tempo de geração para a espécie em 6 anos, logo 3 gerações correspondem a 18 anos.

Período de acasalamento varia de acordo com a região geográfica e ano, mas ocorre principalmente na primavera, de julho a novembro na América do Sul e de fevereiro a maio na América Central (Bezerra et al. 2008, Superina et al. 2010). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Diversos parasitas foram encontrados em B. variegatus, dentre estes os ectoparasitas Edentalges bradypus (Fain 1965), Lobalges trouessarti e os ácaros da sarna Sarcoptes scabiei (Fonseca 1954, Oliveira et al. 2000); carrapatos: Amblyomma aureolatum = A. striatum (Aragão & Fonseca 1961), A. varium (Luederwaldt 1918, Marques et al. 2002), Boophilus microplus, em cativeiro (Aragão 1936), Microsporum canis e M. gypseum (Xavier et at. 2008). Os endoparasitas incluem Endotrypanum (Shaw 1985); Leishmania braziliensis (Zeledón et al. 1975); Trypanosoma cruzi e Trypanosoma leuwenhoeki (Shaw 1985) e Leiuris leptocephalus (Werneck et al. 2008).

Distribuição geográfica

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Bradypus variegatus não é endêmica do Brasil, ocorre de Honduras ao oeste da costa do Equador, através da Colômbia e Venezuela, continuando a leste dos Andes e através das florestas do Equador, Peru, Bolívia e Brasil. Não ocorre no Delta do Orinoco, Llanos, terras altas da Guiana e nas florestas do Amapá e norte do Pará. (Wetzel & ÁvilaPires 1980, Wetzel 1985, Superina et al. 2010). No mapa de distribuição atualizado, ao contrário do que mostram as descrições anteriores (Gardner 2007, Hayssen 2010), é encontrada ao norte do rio Amazonas e no noroeste do Brasil, entre os rios Negro e Branco (Moraes-Barros et al. 2010). Está presente nos estados do Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Goiás (não confirmada neste estado, somente possível, W. A. Fischer, comunicação pessoal), Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Sua distribuição mais austral no Brasil foi relatada por Cabrera (1957), no estado do Rio Grande do Sul, embora este único registro precise de confirmação, levando Gardner (2007) e Aguiar (2004) considerarem esta espécie ausente neste estado. É historicamente ausente no es-

tado de Santa Catarina e no Nordeste da Argentina; o registro atual mais ao sul, com confirmação da espécie é o de uma apreensão próxima à cidade de Londrina, no Paraná, mas hoje se considera que a espécie não está presente neste estado (Mikich & Bernils 2004). A espécie ocorre atualmente em áreas florestadas da Amazônia e Mata Atlântica (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Sua distribuição coincide com Bradypus torquatus na parte central da Mata Atlântica (Hirsch & Chiarello 2012). Há registros na porção norte do Bioma Cerrado (MMA 2001, Moraes-Barros et al. 2010) e, possivelmente, também em áreas florestadas na porção sul, em contato com o Pantanal (Fischer et al. 2004). A presença de B. variegatus no Bioma Pantanal ainda deve ser confirmada, pois apesar de Emmons (1990), Eisenberg & Redford (1999) e Aguiar (2004) apresentarem mapas que incluem o Pantanal em sua área de distribuição, levantamentos realizados por Schaller (1983) no norte do Pantanal e por Alho et al. (1987), na porção central, não registraram nenhuma espécie de preguiça. No entanto, Superina et al. (2010) sugerem que a espécie pode ocorrer em zonas de contato ao norte com a Floresta Amazônica.

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Fischer et al. (2004) coletaram dados de relatos de motoristas sobre atropelamentos e avistamentos de preguiças oriundas de locais florestados em rodovias que ligam o Pantanal ao Cerrado, no entorno do PARNA das Emas, GO. Segundo este autor, embora não seja possível confirmar ambiente, local e data de ocorrência de B. variegatus em estradas do Cerrado e Pantanal, a situação é bastante plausível. A modelagem de distribuição geográfica de B. variegatus para biomas da região Neotropical mostrou que as áreas mais suscetíveis de ocorrência desta espécie estão nos Biomas Floresta Amazônica e Mata Atlântica, embora algumas áreas do Cerrado fossem consideradas suscetíveis. Há registros recentes de B. variegatus no domínio do Cerrado, o que indica que regiões florestais dentro deste bioma, não devem ser descartadas como localidades de provável ocorrência (Moraes-Barros et al. 2010). Embora Hayssen (2010) considere a espécie distribuída por todo o Nordeste brasileiro, Silva (2012) avalia que sua ocorrência está concentrada na região da Mata Atlântica e que a forma dessa região estaria isolada, pelo Cerrado, das formas do sudoeste da Amazônia e separada, pela Caatinga, das formas da margem direta do rio Amazonas. A espécie B. variegatus não é mencionada nos trabalhos de Mares et al. (1981), Paiva (1983) e Mares et al. (1985), nem pelos inventários sistemáticos mais recentes, realizados por meio de registros bibliográficos de ocorrências dos mamíferos dentro dos limites do Bioma Caatinga, a exemplo de Monteiro da Cruz

et al. (2002), Oliveira (2003), Monteiro da Cruz et al. (2005) e Silva (2012). O único registro histórico é de B. tridactylus (= B. variegatus?), de Vieira (1953), para o município de Penedo, no estado de Alagoas, contudo tal registro foi considerado por Oliveira (2003) e Oliveira et al. (2003) como sendo um tipo de ocorrência característica de outros biomas, mas presente na Caatinga de forma pontual ou nas regiões limítrofes com os outros biomas. Em consulta a moradores, Sousa et al. (2004) verificaram a ausência de B. variegatus no Parque Ecológico Municipal Professor João Vasconcelos Sobrinho (PEMVS) localizado em Caruaru, no Agreste do estado de Pernambuco e sugerem que maior esforço de procura deve ser feito para verificar ausência de B. variegatus nos Brejos de Altitudes de Pernambuco e Paraíba. Estudos de campo adicionais são, portanto, necessários, a fim de definir adequadamente a distribuição atual de B. variegatus nas áreas de transições entre os biomas de ocorrência e os Biomas Pantanal, Cerrado e Caatinga. Bradypus variegatus é encontrada a partir do nível do mar até pelo menos 2.400m de altitude (Ureña et al. 1986). A extensão da ocorrência desta espécie equivale a mais de seis milhões de km2 e área de ocupação maior que 2.000 km2. Sua área de ocupação está em declínio, isto é particularmente verdadeiro para as populações da Mata Atlântica brasileira (Superina et al. 2010).

População É uma espécie considerada comum (indivíduos desta espécie são facilmente encontrados). A densidade populacional foi estimada em 2,2 a 6,7 animais/ha através do método de censo por transectos lineares na Reserva de Desenvolvimento Sustentável-RDS Mamirauá, na Amazônia brasileira (Queiroz 1995). Fragmentação severa tem sido relatada para o leste brasileiro, Mata Atlântica, onde se encontra a subespécie Bradypus variegatus brasiliensis. Esta

subespécie apresenta os mais baixos níveis de diversidade genética entre todos os B. variegatus, comparando-se somente a B. pygmaeus, preguiça avaliada como “Criticamente em Perigo” (Superina et al. 2010). Ademais, três distintas Unidades de Manejo (UM) foram até o momento propostas para B. v. variegatus (Moraes-Barros et al. 2007). Estudos recentes, com uma amostragem maior ao longo da Mata

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Atlântica, confirmam as três UMs, uma no Sudeste, uma na região norte-centro da Mata Atlântica e uma mais a norte deste bioma. Desta forma, ações de manejo como reintroduções ou translocações devem ser feitas com o devido cuidado para que não haja mistura entre as linhagens. Bradypus variegatus possui uma extraordinária capacidade de suportar tremendas alterações de seu hábitat (Queiroz 1995), sendo comumente encontrada em praças públicas na Bolívia (Martínez et al., 2004) e no Brasil (SP – Luederwaldt 1918, São Paulo 2010); (PE - Rocha et al. 1998); (RJ – Consen-

tino 2004, Ramos et al. 2007, Pinheiro 2008); (MG - Manchester et al. 2003a, Manchester et al. 2003b, Manchester & Jorge 2009); (PB - Souza Junior et al. 2010, Mello et al. 2010, Xavier et al. 2010a, Enedino et al. 2011, Pereira et al. 2011), em alguns casos a densidade pode chegar a 12,5 animais por hectare (Manchester & Jorge 2009). A tendência populacional é desconhecida, entretanto, estima-se que haverá aumento nos níveis de ameaça fora do Brasil, uma vez que tem sido relata fragmentação severa para as populações na Colômbia (Moreno & Plese 2006).

Hábitat e ecologia Bradypus variegatus não é restrita a hábitats primários. Foi registrada em uma série de tipos de floresta, incluindo floresta sazonal tropical, Floresta

Semi-decídua (Mata Atlântica do interior), floresta tropical e floresta tropical de planície. Segundo Oliver & Santos (1991) B. variegatus é capaz de sobre-

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viver nas plantações de cacau no sistema de cabruca existentes no sul da Bahia. Há registro desta espécie habitando plantações de cacau na Costa Rica (Vaughan et al. 2007). A área de vida registrada para esta espécie, na RDS Mamirauá (Amazônia), variou de 0, 9 a 1,4 ha, ao passo que os valores registrados na Ilha de

Barro Colorado, no Panamá, foram de 0,5 a 3,7 ha (Chiarello 2008). A área de vida da subespécie Bradypus variegatus griseus, na ilha de Barro Colorado, Panamá, foi de 6,6 ha (Montgomery & Sunquist, 1975). Na Costa Rica, a área de vida média dos machos desta espécie foi de 9,18 ha e a das fêmeas foi de 6,45 ha (Vaughan et al. 2007).

Ameaças e usos

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A nível global Bradypus variegatus parece não sofrer maiores ameaças, apesar de estar listada no apêndice II da CITES (2011). Algumas populações como na Colômbia e Brasil estão declinando devido à degradação e fragmentação dos hábitats (Moreno & Plese 2006). Na região Amazônica, esta espécie ainda é caçada por comunidades indígenas, mas este fator não se configura uma ameaça. Especialmente na Região Norte do Brasil e Colômbia, esta espécie é capturada para ser comercializada em feiras públicas para a venda de sua carne, fins medicinais e como animal de estimação. As preguiças não são animais comumente listados em estudos sobre caça na Mata Atlântica (Cassano 2006), mas Oliver & Santos (1991) indicam que os animais são caçados em eventos aleatórios, principalmente quando encontrados no chão atravessando áreas abertas. Além do consumo de carne, alguns autores registram a captura de preguiças para serem mantidas como animais de estimação (Oliver & Santos 1991, Robinson & Redford 1991), quando normalmente os animais morrem por falta de alimentação adequada (Oliver & Santos 1991). Na região da Mata Atlântica, por ter se tornado um ambiente bastante crítico para a sobrevivência de Bradypus variegatus, sobretudo devido ao elevado grau de antropização inserido pelas metrópoles e pelas inúmeras cidades ao longo da costa do Brasil, a espécie já pode ser considerada como mais um dos muitos animais nativos categorizados como animais sinantrópicos, ou seja, aqueles que perdem seus hábitats parcial ou totalmente e são forçados a viver ou utilizar os recursos oferecidos pelos fragmentos de vegetação nas áreas urbanas, tanto em áreas conservadas ou recuperadas (parques, reservas), como aquelas utilizadas para arborização urbana.

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As principais ameaças às populações de na Mata Atlântica são indiscutivelmente a perda e a fragmentação dos hábitats naturais dos quais a espécie depende, o aumento da matriz rodoviária e energética, apanhas e quedas. No atendimento realizado pelo Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre - DEPAVE/SISFAUNA foi observado que a maior parte dos indivíduos desta espécie procede de áreas de Mata Atlântica ou de bairros das Região Metropolitana de São Paulo ou da própria capital, localizados próximos a remanescentes de Mata Atlântica. A maioria dos históricos são relacionados aos resgates de B. variegatus que, ao realizar seus deslocamentos, atravessam rodovias, trilhas ou ruas; podendo ser encontrados também em árvores isoladas e em propriedades particulares. A maior parte não apresentam ferimentos graves, mas verificou-se alguns acidentados por eletrocussão (M.E.L. Summa, comunicação pessoal). Em Pernambuco, na Região Metropolitana do Recife, B. variegatus lidera a lista da mastofauna apreendida pelo CETAS/IBAMA (Amora, 2010, Xavier et al. 2010a) e pelo Corpo de Bombeiro Militar. A estrada de aldeia (PE-27), que percorre os municípios de Camaragibe, Paudalho, margeando o município do Paulista, Abreu e Lima até Araçoiaba foi a região de onde mais B. variegatus foram recolhidos com debilidades no estado (Amora 2010, Duque et al. 2012). Bradypus variegatus cai comumente do alto das árvores e com as quedas pode sofrer ferimentos com consequências graves e em alguns casos são letais (Luederwaldt 1918, Messias-Costa 2001, Consentino 2004). Uma das principais causas de acidentes para B. variegatus são os fios de alta tensão, que podem ser utilizadas pelos animais como apoio para se des-

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locarem, levando violentos choques que causam queimaduras, amputações e mortes (Xavier et at. 2010a). Oportunamente, diversos autores relatam casos semelhantes (Messias-Costa 2001, Consentino 2004, Martínez et al. 2004, Werneck et al. 2008, Souza Junior et al. 2010, Amora 2010, Lima et al. 2012, Duque 2012). Em Pernambuco foi registrado, no CETAS/ IBAMA, um total de 44 casos de acidentes por eletrocussão no período de 2008 a 2011 (Xavier et at.

2010a, Duque 2012). Esse tipo de acidente quando não leva o animal a óbito, acaba por ocasionar perda das garras ou de membros inteiros. Resultantes dos processos adaptativos, os membros e, especificamente, as garras são ferramentas corporais imprescindíveis para a sobrevivência da espécie no sistema arbóreo. Quando as funções destas estruturas são gravemente prejudicadas, impossibilita o retorno ou a reintrodução do animal na natureza (Xavier et al. 2010a).

Ações de conservação Até o momento não existe oficialmente um programa de conservação específico para Bradypus variegatus. O Centro de Reabilitação Reserva Zoobotânica da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira-CEPLAC, localizada no município de Ilhéus, Região Sul Baiano, desenvolve atividades de reabilitação de Bradypus variegatus e Bradypus torquatus apreendidos na região ou em outras loca-

lidades do Brasil. Sugere-se a seleção de ambiente naturais protegidos já existentes e o incentivo para criação de novas Unidades de Conservação para execução de programas de reintrodução ou soltura de animais apreendidos, além de programas intensivos de educação ambiental destinados às áreas de maiores riscos. 43

Presença em áreas protegidas Espécie distribuída por vários estados brasileiros. Em Roraima ocorre na Estação Ecológica de Maracá (Barnett & Cunha 1998); no Acre: Parque Nacional da Serra do Divisor (Calouro 1999); no Pará: Parque Estadual Monte Alegre (Lima et al. 2009) e Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns (Peres et al. 2003); no Amazonas: Parque Nacional do Jaú (Iwanaga 2004), Reserva Extrativista Arapixi (ICMBio 2010), Reservas de Desenvolvimento Sustentável do Juma, Mamirauá e Amanã e Parque Nacional Anavilhamas (Plenária da Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros 2012); no Tocantins: Parque Nacional do Araguaia (MMA 2001); no Maranhão: Reserva Biológica do Gurupi (Lopes & Ferrari 2000); na Paraíba: Reserva Biológica Guaribas (MMA 2003); em Pernambuco: Parque Estadual de Dois Irmãos (Monteiro da Cruz & Barreto Campelo 1998), Estação Ecológica de Caetés (Xavier et al. 2010b), “Reservas da Vida Silvestre” Charles Darwin (Soares & Carneiro 2002), Mata de Santa Cruz, Mata do Amparo, Mata do Engenho São João, Mata do Jaguaribe, Mata do Lanço dos Cações, Mata Engenho Macaxeira, Mata do Curado, Mata do São João da Várzea,

Mata Tapacurá, Mata do Engenho-Tapacurá, Mata do Toró, Mata Camucim, Matas do Sistema Gurjaú e Reserva Biológica de Saltinho (G.A.A. Xavier, observação pessoal); na Bahia: Reserva Biológica de Una (Cassano 2006) e Reserva Particular de Proteção Natural Estação Veracel (Veracel 2007); em Mato Grosso do Sul: Parque Nacional Serra da Bodoquena (Plenária da Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros 2012); em Minas Gerais: Reserva Biológica de Poço d’ Antas (Barros 2008) e Parque Estadual do Rio Doce (Stallings et al. 1990); no Espírito Santo: Floresta Nacional de Pacotuba (Moulin 2009); no Rio de Janeiro: Reservas Biológicas do Tinguá (IBAMA 2006) e Araras (Alves & Andriolo 2005), Parques Nacionais da Serra da Bocaína (Plenária da Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros 2012), da Serra dos Órgãos, de Itatiaia (Wetzel & Ávila-Pires 1980) e da Tijuca (Freitas et al. 2006), Parque Estadual do Desengano (Modesto et al. 2008); e em São Paulo: Parques Estaduais do Jurupará (São Paulo 2010) e da Serra do Mar (Marques 2004) e Reserva Biológica da Serra do Japi (Carvalho 2011).

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Pesquisas A espécie Bradypus variegatus tem sido objeto de uma série de estudos no Brasil, incluindo diversos aspectos como Genética da Conservação, Filogeografia, Identificação Molecular (Barcode) e Taxonomia, na Universidade de São Paulo (USP); Ecologia Básica na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Fisiologia na Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE) e Ecologia e Etologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB - Campus Rio Tinto). Atualmente, considera-se a necessidade de se intensificar pesquisas relacionadas à taxonomia, distribuição nas fronteiras dos biomas de ocorrência, ecologia urbana e levantamento sanitário.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Nádia de Moraes-Barros (Universidade de São Paulo, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos Cibio/Inbio - Universidade do Porto e membro do Grupo de Especialistas em Xenartros da IUCN/SSC); Gileno Antonio Araújo Xavier (Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE); Carlos José Eduardo das Dores Peres da Costa 44

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(Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, UFPE); Carla Soraia Soares de Castro (Departamento de Engenharia e Meio Ambiente, CECAE, UFPB- Campus Rio Tinto) e Vera Lúcia de Oliveira (Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira – CEPLAC, Ilhéus, BA).

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Flávia Regina Miranda (Coordenadora de táxon), Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Maria Eugênia L. Summa, Taissa Régis (Apoio), Wagner A. Fisher.

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Choloepus didactylus (Fábio Röhe)

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Avaliação do Risco de Extinção de Choloepus didactylus (Illiger, 1811) no Brasil Flávia Regina Miranda1, Fábio Röhe2, Sergio Maia Vaz3

Resumo Choloepus didactylus é encontrada nas planícies de floresta tropical úmida e floresta submontana, além de ocorrer em Igapós e Várzeas. Além disto, a espécie não é restrita a hábitats primários. Por possuir extensão de ocorrência ampla, sem grandes vetores de ameaças identificados, é categorizada como Menos Preocupante.

Ordem

Família

Pilosa

Megalonychidae

Nomes comuns por região/língua Português – preguiça-real ou Unau (Superina & Aguiar 2006). Inglês – southern two-toed sloth; Linnaeus’s two-toed sloth (Superina & Aguiar 2006). Outros – perezoso de dos dedos (espanhol); paresseux didactyle (francês), unau commun (francês) (Superina & Aguiar 2006).

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Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

Justificativa A espécie Choloepus didactylus possui extensão de ocorrência ampla, sem grandes vetores de ameaças identificados, sendo, portanto, categorizada como Menos Preocupante (LC).

1. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 2. Wildlife Conservation Society. 3. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ.

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Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Superina et al. 2010).

Descrição geral do táxon Choloepus didactylus é a maior espécie da família Megalonychidae. A coloração da pelagem é mar-

rom-acinzentada, com a face mais pálida e com o topo da cabeça e os ombros mais escuros (Nowak 1999).

História de vida Biologia: Possui hábito solitário e arborícola. Possui maior atividade durante a noite (Nowak 1999). A alimentação, em cativeiro, é constituída principalmente por folhas, mas frutos, brotos e pequenos ver-

tebrados também podem ser consumidos (Esbérard citado em Larrazábal 2004, p. 30). Não há estudos sobre a dieta desta espécie em vida livre (Chiarello 2008).

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Choloepus didactylus (Gilberto Nascimento)

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Informações gerais Massa de adultos Fêmea 4 a 8,4kg (Eisenberg & Redford 1999); 6,07 ± 1,09kg (Wetzel 1985). Macho Comprimento total Fêmea 60 a 86cm (Eisemberg & Redford 1999). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea 1,4 a 1,5cm (Eisemberg & Redford 1999). Macho Altura da Orelha Fêmea 2,8 ± 0,4cm (2,0-3,5) (Wetzel 1985). Macho Razão sexual

Não há informação.

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

O intervalo de nascimentos parece ser de 16 meses.

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação registrado para a espécie no estudo de Eisenberg & Maliniak (1985) foi de pelo menos dez meses, e o período máximo de gestação não excedeu 11 meses e 27 dias (Taube et al. 2001).

Número de filhotes por gestação

Veselovsky citado em Nowak (1999, p. 152) observou que uma fêmea de Choloepus didactylus, em cativeiro, pariu um filhote. Idade de maturação dos indivíduos.

Fêmea

As fêmeas atingem a maturidade sexual depois dos três anos de idade (Eisenberg & Maliniak 1985).

Macho

Os machos atingem a maturidade sexual depois de 4,5 anos (Eisenberg & Maliniak 1985), mas há um relato de machos atingindo a maturidade sexual durante seu terceiro ano de vida (Taube et al. 2001).

Longevidade

Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

De acordo com Moeller citado em Adam (1999, p. 5) um espécime viveu por mais de 27 anos em cativeiro. Não é possível calcular o tempo geracional desta espécie pela ausência de dados de idade máxima em vida livre. Os nascimentos ocorrem ao longo do ano sem época definida (Taube et al. 2001).

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Informações gerais (continuação) Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon Parasitas hemoflagelados incluem: Endotrypanum schaudinni, Leishmania brasiliensis e Trypanosoma mesnilbrimonti (Dedet et al. Shaw citado em Adam 1999, p. 5); nematódeos (vermes cilíndricos): Bostrichodera bequaerti, Dioctophyme renale e Diptetalonema spiralis (Frimeth & Arai, Goffart citado em Adam 1999, p. 5). Choloepus didactylus é hospedeiro de vírus como o da febre amarela e o Anhanga (Seymor citado em Adam 1999, p. 5).

Distribuição geográfica

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A espécie não é endêmica ao Brasil. Ocorre a leste dos Andes, no sul da Colômbia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru, e no norte do Brasil, no bioma da Amazônia (oeste do estado do Maranhão ao longo do rio Amazonas/Solimões) (Wetzel 1985, Fonseca et al. 1996, Eisenberg & Redford 1999, Nowak 1999, Superina et al. 2010), estando presente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso e Pará (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Seu limite sul na Amazônia ocidental do Brasil não é claro. Os mapas apresentados por Wetzel (1985), Emmons (1990) e Eisenberg & Redford (1999) sugerem que a oeste da Amazônia sua distribuição se estende a 10o latitude sul. Na Amazônia Central e Leste, entretanto a distribuição de C. didactylus se restringe a uma estreita faixa ao sul do rio Amazonas, sem nenhuma razão ecológica para a espécie ocorrer mais ao sul. Somente recentemente, alguns autores incluíram novos registros ao sul do Pará (região de Carajás, parte sul oriental da distribuição da espécie) (Toledo et al. 1999) e no norte de Mato Grosso (Trinca et al. 2006),

o que ampliou a distribuição de C. didactylus mais ao sul do que se pensava inicialmente. Há relatos que indicam a presença de Preguiça-real (C. didactylus) no centro-sul da Amazônia, interflúvios Tapajós-Madeira, Madeira-Purus, Purus-Juruá (F. Röhe, dados não publicados). Novos registros (Trinca et al. 2006) sugerem que a ausência presumida desta espécie na região centro-sul e leste da Amazônia deve-se à ausência de amostragem nesta região e que Choloepus didactylus tem uma distribuição geográfica mais ampla do que se imaginava anteriormente. Choloepus didactylus foi registrado recentemente no norte de Mato Grosso, região no interflúvio dos rios Juruena e Teles Pires, onde a vegetação original de floresta tropical densa, intercalada com floresta ombrófila aberta e áreas de transição estão sendo substituídas, pelo menos nos últimos 30 anos, pela agricultura e pastagens, fato que pode ter extinto C. didactylus de muitas áreas no centro-leste do Mato Grosso (Trinca et al. 2006).

Extensão de ocorrência: 2.587.122.61km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População É uma espécie considerada comum (indivíduos desta espécie são facilmente encontrados) e local-

mente abundante (Aguiar & Fonseca 2008). É possível que as populações do norte de

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Mato Grosso se encontrem fragmentadas pela substituição das Florestas Ombrófila Aberta por agricultura e pastagens, nos últimos 30 anos pelo menos (Trinca et al. 2006). Estimativas de densidade ou de tamanho da população existentes: Estimada em 0,88 indivíduos/ ha através de censo por transectos lineares na RDS

Mamirauá, Amazônia, Brasil (Queiroz 1995). Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. A tendência populacional é desconhecida.

Hábitat e ecologia Esta espécie de preguiça é encontrada nas planícies de floresta tropical úmida e floresta submontana, além de ocorrer em Igapós e Várzeas. Além disto, a espécie não é restrita a hábitats primários. Não existem estudos da área de uso de Choloepus didactylus, apesar de não haver muitas

diferenças nos valores disponíveis para as espécies de preguiças investigadas (Choloepus hoffmanni, Bradypus torquatus e Bradypus variegatus), sendo geralmente valores relativamente baixos de área de uso (0,5-10,8ha) (Chiarello 2008).

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Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram incêndio e desmatamento. Indivíduos desta espécie são normalmente encontrados no alto das copas, imóvel e praticamente invisível. C. didactylus não é tão comumente caçado, e há tabus no consumo de sua carne por parte de al-

guns grupos nativos. Eles provavelmente são caçados de forma oportunista, mas não há indícios de comércio de sua carne (Superina et al. 2010). Uma ameaça é a perda de hábitat por desmatamento, fragmentação e atropelamentos nas regiões mais desenvolvidas dentro de sua distribuição.

Presença em áreas protegidas Presente em inúmeras unidades de conservação e parques urbanos (Aguiar & Fonseca 2008, Superina et al. 2010). No Pará ocorre nas: Florestas Nacionais do Tapajós (Sampaio et al. 2010), Saracá-Taquera (Oliveira et al. 2006) e do Crepori (ICMBio 2010), Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (Peres et al. 2003) e Parque Estadual Monte Alegre (Lima et al. 2009); no Amapá: Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (Silva 2008); no Amazonas: Parques Na-

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cionais do Jaú (Iwanaga 2004) e da Amazônia (George et al. 1998), Reserva Biológica Adolpho Ducke (Ribeiro et al. 2004), Reseva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Queiroz 1995), Floresta Nacional do Purus (ICMBio 2009) e Parque Nacional do Juruena (ICMBio 2011); no Maranhão: Reserva Biológica Gurupi (Lopes & Ferrari 2000) e em Roraima: Parque Nacional do Viruá (Oliveira et al. 2009) e Estação Ecológica de Maracá (Barnett & Cunha 1994).

Pesquisas Necessárias: Inventários em áreas de potencial ocorrência desta espécie e estudos ecológicos e demográficos estudos epidemiológicos (medicina da conservação).

Existentes: Filogeografia, identificação molecular (barcode) e genética da conservação (Nadia de Moraes-Barros/USP/IUCN-SSC)

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação:

Nádia de Moraes-Barros (USP/IUCN- SSC).

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Referências Bibliográficas Adam, P.J. 1999. Choloepus didactylus. Mammalian Species, 621: 1-8. Aguiar, J.M. & Fonseca, G.A.B. 2008. Conservation status of the Xenarthra. Pp. 215–231. In: Vizcaíno, S.F. & Loughry, W.J. (eds.). The Biology of the Xenarthra. University Press of Florida. 370p. Barnett, A. & Cunha, A.C. 1994. Notes on the small mammals of the Ilha de Maracá, Roraima State, Brazil. Mammalia, 58: 131-137. Chiarello, A.G. 2008. Sloth ecology: An overview of field studies. Pp. 269-280. In: Vizcaíno, S.F. & Loughry, W.J. (eds.). The Biology of the Xenarthra. University Press of Florida. 370p. Eisenberg, J.F. & Maliniak, E. 1985. Maintenance and reproduction of the two-toed sloth Choloepus didactylus in captivity. Pp. 327-331. In: Montgomery, G.G. (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press. 451p. Eisenberg, J.F. & Redford, K.H. 1999. Mammals of the Neotropics, Volume 3. The Central Neotropics: Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. The University of Chicago Press, Chicago. 610p. Emmons, L.H. 1990. Neotropical Rainforest Mammals. A Field Guide. 1. ed. University of Chicago Press, Chicago. 281p. Fonseca, G.A.B.; Herrmann, G.; Leite, Y.L.R.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A.B. & Patton, J.L. 1996. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occasional Papers in Conservation Biology, 4: 1-38. George, T.K.; Marques, S.A.; Vivo, M.; Branch, L.C.; Gomes, N. & Rodrigues, S. 1988. Levantamento de mamíferos do PARNA – Tabajós. Brasil Florestal, 63: 33-41. ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). 2009. Floresta Nacional do Purus: Plano de Manejo. Volume I - Diagnóstico. ICMBio/MMA. 663p. ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). 2010. Plano de Manejo: Floresta Nacional do Crepori. Volume III - Anexos: Relatório da Avaliação Ecológica Rápida. MMA/ICMBio. 317p. ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). 2011. Plano de Manejo: Parque Nacional do Juruena. MMA/ICMBio/ARPA. 163p. Iwanaga, S. 2004. Levantamento de mamíferos diurnos de médio e grande porte no Parque Nacional do Jaú: resultados preliminares. Pp. 195-207. In: Borges, S.H., Iwanaga, S., Durigan, C.C. & Pinheiro, M.R. (eds.). Janelas para a Biodiversidade no Parque Nacional do Jaú: uma estratégia para o estudo da biodiversidade na Amazônia. Fundação Vitória Amazônica, Manaus. Larrazábal, L.B. 2004. Crianza en cautiverio de perezoso de dos dedos (Choloepus didactylus). Edentata, 6: 30-36. Lima, E.M.; Muniz, I.C.M.; Ohana, J.A.B. & Silva Júnior, J.S. 2009. Ocorrência de Euphractus sexcinctus (Xenarthra: Dasypodidae) na região do Médio Rio Amazonas. Edentata, 8–10: 58–60. Lopes, M.A. & Ferrari, S.F. 2000. Effects of human colonization on the abundance on diversity of mammals in eastern Brazilian Amazonia. Conservation Biology, 14 (6): 1658-1665. Nowak, R.M. 1999. Walker’s Mammals of the World. v. 1. 6. ed. The Johns Hopkins University Press, Baltimore and London. 836p. Oliveira, L.C.; Mendel, S.M.; Loretto, D.; Silva Júnior, J.S. & Fernandes, G.W. 2006. Edentates of the Saracá-Taquera National Forest, Pará, Brazil. Edentata, 7: 3–18.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Oliveira, L.F.B.; Oliveira, J.A.; Bonvicino, C.R.; Tavares, F.E.; Cordeiro, J.L.P.; Coelho, I.P.; Vilela, J.; Caramaschi, F.P.; Silva, F.C.D.; Caetano, C.A. & Franco, S.M. 2014. Mamíferos. Pp. 6.6-1 - 6.6-21. In: ICMBIO. Plano de Manejo do Parque Nacional do Viruá. ICMBIO, Boa Vista. 626p. Paglia, A.P.; Fonseca, G.A.B.; Rylands, A.B.; Herrmann, G.; Aguiar, L.M.S.; Chiarello, A.G.; Leite, Y.L.R; Costa, L.P.; Siciliano, S.; Kierulff, M.C.M.; Mendes, S.L.; Tavares, V.C.; Mittermeier, R.E. & Patton, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. 2ª Edição. Occasional Papers in Conservation Biology, 6: 1-76. Peres, C.A.; Barlow, J. & Haugaasen, T. 2003. Vertebrate responses to surface wildfires in a central Amazonian Forest. Oryx, 37(1): 97-109. Queiroz, H.L. 1995. Preguiças e Guaribas, os Mamíferos Folívoros Arborícolas do Mamirauá. v. 2. CNPq/Sociedade Civil Mamirauá, Rio de Janeiro. 176p. Ribeiro, J.; Coimbra, A.B.; Do Vale, J.D. & Sanaiotti, T.M. 2004. Mamíferos diurnos de médio e grande porte de uma reserva florestal em Manaus, AM. In: XXV Congresso Brasileiro de Zoologia. Resumos...CBZ. 509p. Sampaio, R.; Lima, A.P.; Magnusson, W.E. & Peres, C.A. 2010. Long-term persistence of midsized to large-bodied mammals in Amazonian landscapes under varying contexts of forest cover. Biodiversity Conservation, 19: 24212439. Silva, C.R. 2008. Inventários rápidos de mamíferos não-voadores no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque: Resultados das Expedições I a V e Síntese. Pp. 51-58 . In: Bernard, E.(ed.). Inventários Biológicos Rápidos no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, Amapá, Brasil. RAP Bulletin of Biological Assessment, 48: 3-151. Superina, M. & Aguiar, J. M. 2006. A reference list of common names for the Edentates. Edentata, 7: 3344. 62

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Choloepus hoffmanni (Fundación Unau)

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Avaliação do Risco de Extinção de Choloepus hoffmanni Peters, 1858 no Brasil Kena Ferrari Moreira da Silva1, Nadia de Moraes-Barros2, Sergio Maia Vaz3 Resumo Choloepus hoffmanni possui distribuição disjunta, composta por duas populações, uma ocorrendo ao sul da Nicarágua até o oeste da Venezuela, Colômbia e Equador e outra população localizada na porção norte-central do Peru, extremo oeste do Brasil e a região central da Bolívia. Há poucos registros desta espécie em território brasileiro e existe grande semelhança morfológica com Choloepus didactylus. A falta de informações sobre a distribuição e tamanho populacional de Choloepus hoffmanni e a magnitude do impacto do desmatamento sobre a espécie, não permite uma aplicação adequada dos critérios para avaliar seu risco de extinção. Assim, C. hoffmanni foi considerada como Dados Insuficientes.

Ordem

Pilosa

Família

Megalonychidae

Nomes comuns por região/língua Português – preguiça-real, unau (Emmons 1990, Superina & Aguiar 2006). Inglês – Hoffmann’s two-toed sloth (Superina & Aguiar 2006). Outros – perezoso de dos dedos (espanhol); unau d’ Hoffmann (francês) (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s capitalis J. A. Allen, 1913; florenciae J. A. Allen, 1913; andinus J. A. Allen, 1913; augustinus J. A. Allen, 1913; juruanus Lönnberg, 1942; pallescens Lönnberg, 1928; peruvianus Menegaux, 1906 (Gardner 2005).

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso. Contudo, a similaridade morfológica entre C. hoffmanni e C. didactylus pode comprometer a correta atribuição taxonômica (Superina et al. 2008). Ademais, análises moleculares recentes apontam para inconsistências nas relações filogenéticas entre as populações “norte” e “sul” de C. hofffmanni e C. didactylus (N. Moraes-Barros, dados não publicados).

1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. 2. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos-Cibio/ Inbio, Universidade do Porto – UP, Portugal. 3. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Dados insuficientes (DD)

Justificativa A falta de informações sobre a distribuição e tamanho populacional de Choloepus hoffmanni e a magnitude do impacto do desmatamento sobre a espécie, não permite uma aplicação adequada dos critérios para avaliar seu risco de extinção. Assim, C. hoffmanni foi considerada como Dados Insuficientes (DD).

Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Superina et al. 2010).

Descrição geral do táxon 66

A coloração da pelagem de Choloepus hoffmanni é marrom, com tonalidade mais clara do que em Choloepus didactylus. A face também é caracteristicamente mais clara do que em C. didactylus, e em C. hoffmanni não há manchas escuras nos ombros e nas garras dianteiras como em C. didactylus (Meritt

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1985). São reconhecidas cinco subespécies (Gardner 2007). Há uma grande diversidade no número cromossômico da espécie, variando de 2n=49 a 2n=65 (Jorge & Pereira Jr. 2008). A hibridação entre C. hoffmani e C. didactylus em cativeiro foi confirmada por análises genéticas (Steiner et al. 2010).

Choloepus hoffmanni (Fundación Unau)

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História de vida Biologia: A espécie Choloepus hoffmanni tem hábito arborícola, solitário (Fonseca et al. 1996) e atividade estritamente noturna (Sunquist & Montgomery citado em Meritt 1985, p. 336). Na natureza, a alimentação é constituída de vários materiais vegetais, como brotos, folhas, flores, frutos e gemas apicais. As folhas jovens são preferidas em relação às folhas mais velhas, e em alguns casos, frutos passados são mais aceitos em relação àqueles em outros estágios de desenvolvimento

(Meritt 1985). Baseado em observações de cativeiro, Meritt (1985) menciona que algum material animal possivelmente pode ser consumido na natureza dependendo da sua disponibilidade, como ovos e filhotes de aves, insetos, lagartos e carniça. Na Costa Rica, C. hoffmanni visitou 101 espécies de árvores e utilizou 34 destas para alimentação (Vaughan et al. 2007). Não há informações sobre a biologia desta espécie no Brasil.

Informações gerais Massa de adultos Fêmea 2,7 a 8,1kg (Meritt 1985); A média de peso por Wetzel (1985) foi de 5,72 ± 0,69kg (N=13). Macho Comprimento total

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Fêmea O comprimento do corpo varia de 54 a 70cm (Eisenberg & Redford 1999). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea

2,1 ± 0,5cm (1,4 a 3,0 cm, N=12) baseado em adultos do Brasil e Costa Rica (Wetzel 1985).

Macho Altura da Orelha Fêmea 2,5 ± 0,4cm (2,0 – 3,7cm, N=33) (Wetzel 1985). Macho

Razão sexual

A razão sexual de 72 animais de três fontes no Panamá teve 93% de fêmeas, mas em animais nascidos em cativeiro se aproximou de 1:1 (6 machos e 5 fêmeas - Merrit, 1985; Merrit & Merrit citado em Hayssen 2011, p. 47).

Sistema de acasalamento Intervalo entre nascimentos

Não há informação. O intervalo entre os nascimentos aproxima-se de 15 meses (Taube et al. 2001).

Tempo médio e intervalo de gestação

O período máximo de gestação registrado para a espécie foi de 11 meses e 10 dias e o filhote torna-se independente com cerca de nove meses (Taube et al. 2001).

Número de filhotes por gestação

Um filhote por gestação (Merrit 1985, Genoways & Timm 2003).

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Informações gerais (continuação) Idade de maturação dos indivíduos. Fêmea

A maturidade sexual das fêmeas é atingida com cerca de dois anos (Meritt citado em Taube et al. 2001, p. 182).

Macho

A maturidade sexual dos machos é atingida por volta de três anos (Meritt citado em Taube et al. 2001, p. 182).

Longevidade

Um indivíduo em cativeiro viveu por mais de 32 anos (Jones citado em Hayssen 2011, p. 47).

Tempo geracional

O tempo geracional não pode ser calculado pela falta de dados.

Sazonalidade reprodutiva

Não há informação Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

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Os ectoparasitas incluem os ácaros (Acaria, Psoroptidae): Edentalges sp. (Christensen & Herrer citado em Hayssen 2011, p. 47) e Sarcoptes scabiei (Sibaja-Morales et al. citado em Hayssen 2011, p. 47); carrapatos (Acaria, Ixodidae): Amblyomma varium (Marques et al.; Sibaja-Morales et al. citado em Hayssen 2011, p. 47); Diptera (Culicidae, Culicini): Aedes terrens, A. angustivittatus, A. fulvus, Haemagogus lucifer, Mansonia venezuelensis, Psorophora ferox; (Sabethini) Trichoprosopon magnus, Wyeomyia; (Anophelini) Anopheles apicimacula, A. eiseni, A. punctimacula, A. neivai, Chagasia bathanus (Shaw citado em Hayssen 2011, p. 47); Diptera, (Psychodidae): Lutzomyia gomezi, L. ovallesi, L. sanguinaria, L. shannoni, L. trapidoi, L. trinidadensis, L. ylephiletor (Christensen & de Vasquez, Christensen & Herrer; Shaw, Thatcher & Hertig citado em Hayssen 2011, p. 47). Endoparasitas incluem os hemoflagelados como Endotrypanum monterogeii, E. schaudinni, Leishmania braziliensis, L. colombiensis, L. equatorensis, L. guyanensis, L. herreri, L. panamensis, Trypanosoma cruzi, T. leeuwenhoeki, T. rangeli, T. preguici, etc. (Hayssen 2011).

Distribuição geográfica Esta espécie não é endêmica ao Brasil, ocorrendo também em Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Bolívia (Superina et al. 2010). Em território brasileiro está presente apenas no bioma amazônico (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Choloepus hoffmanni tem duas populações disjuntas, sendo uma população localizada mais ao norte, ocorrendo ao sul da Nicarágua até o oeste da Venezuela, Colômbia e Equador e outra população com distribuição mais ao sul localizada na porção norte-central do Peru através do extremo oeste do Brasil (sudoeste do Amazonas, Acre e noroeste de Mato Grosso) até a região central da Bolívia (Wetzel 1985, Superina et al. 2010, Hayssen 2011). Há poucas informações sobre a distribuição de Choloepus hoffmanni no Brasil. A quase ausência de registros desta espécie nos estados do Amazonas (município de Santa cruz; Wetzel & Avila-Pires 1980)

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e Acre, provavelmente deve-se a inexistência de amostragem e pesquisa nestas regiões. A presença desta espécie era considerada incerta no norte de Mato Grosso, com um registro outliner duvidoso no rio Aripuanã (Wetzel 1985, Fonseca & Aguiar 2004), mas recentemente, J.C. Dalponte (Rocha 2010) a registrou no centro-norte deste estado, na região do rio Cristalino, município de Novo Mundo (MT). A região sob influência da FLONA do Crepori (PA; ICMBio 2010) deve ser melhor investigada quanto a presença desta espécie, devido a um registro visual não confirmado feito para o plano de manejo desta Unidade de Conservação. Há um registro pretérito de um espécime depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ) da região da Usina Hidrelétrica de Samuel (RO, S.M. Vaz, dados não publicados), sendo provável a ocorrência atual de C. hoffmanni em Rondônia, apesar de não haver registros recentes para a espécie neste estado.

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Extensão de ocorrência: A extensão de ocorrência desta espécie não foi calculada devida a incerteza de sua distribuição geográfica no território brasileiro, mas esta é maior que 20.000km2. Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População Não há informações com relação à abundância de indivíduos, nem informações sobre a fragmentação das populações. A tendência populacional da espécie é desconhecida. A população majoritária conhecida se encontra fora do Brasil e espera-se que a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais diminua no futuro. As

populações na porção noroeste da sua distribuição, especialmente na Colômbia e América Central, estão diminuindo devido à degradação e fragmentação do hábitat. Além disso, a espécie é caçada por comunidades indígenas. Indivíduos em vida livre, principalmente filhotes, são capturados e vendidos como animais de estimação para os turistas na Colômbia (Moreno & Plese 2006). Este comércio ilegal

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está aumentando e representa um motivo de preocupação devido ao seu impacto sobre as populações silvestres. Por conta dos altos níveis de desmatamento em curso, a população do norte desta espécie po-

deria ser avaliada como Quase Ameaçada (Superina et al. 2010). Apesar desta diminuição não se sabe se a população do Brasil pode declinar devido a modificações ocorridas em populações estrangeiras.

Hábitat e ecologia A espécie é encontrada tanto em floresta de terras baixas como montanhosa, decídua ou semi-decídua. Na América Central ocorre em floresta tropical úmida semi-decídua e em floresta secundária, mas é rara ou ausente nas terras baixas de floresta seca. Na Nicarágua pode ocorrer em pastagens com arbustos espinhosos e árvores (Genoways & Timm 2003). Para o Brasil, não há informações sobre uso ou preferência de hábitat. O táxon não é restrito a hábitats primários. Na Costa Rica esta espécie é capaz de atravessar plan-

tações de cacau e pastagens relativamente abertas em busca de alimentação em árvores isoladas (Vaughan et al. 2007), entretanto, não existem informações para o Brasil. A área de vida registrada para Choloepus hoffmanni foi de 2 ha (0,4 - 3,9 ha) na ilha de Barro Colorado, Panamá (Montgomery & Sunquist citado em Chiarello 2008). Na Costa Rica, os machos desta espécie tiveram uma área de vida média de 21,52 ha, e as fêmeas de 1,69 ha (Vaughan et al. 2007). Não há informações de áreas de uso desta espécie no Brasil.

Ameaças e usos 70

A principal ameaça identificada para o táxon foi o desmatamento, principalmente nos estados de Rondônia e norte do Mato Grosso.

Ações de conservação Necessárias: Esta espécie tem sido pouco registrada no Brasil, o que leva a uma ausência de informações essenciais para se traçar qualquer ação de conservação

para Choloepus hoffmanni. A população de C. hoffmanni da Costa Rica está no “apêndice III” da CITES (2011).

Presença em áreas protegidas A espécie ocorreria no Parque Estadual do Cristalino, MT (crânio depositado na coleção de mamíferos da UNEMAT, Nova Xavantina), com presença provável no Parque Nacional do Divisor no Acre. Há um registro visual duvidoso de Choloepus hoffmanni presente no Plano de Manejo da FLONA do Crepori

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(Jacareacanga, PA; ICMBio 2010), podendo se tratar de Choloepus didactylus, devido à região estar inserida na área de distribuição desta espécie e a possibilidade de haver uma incorreta identificação taxonômica por causa das semelhanças entre estas duas espécies de preguiça-real.

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Pesquisas Necessárias: Para o Brasil, há a necessidade básica de inventários principalmente no oeste do Amazonas, Acre, Rondônia e norte de Mato Grosso, a fim de estabelecer as localidades de ocorrência desta espécie, bem como definição dos limites da distribuição desta população disjunta localizada ao sul com relação a

população da América Central. Necessária também é a revisão taxonômica dos pontos existentes em literatura e museus para Choloepus hoffmanni no Brasil, além da verificação de possível sobreposição com as áreas de extensão de ocorrência de C. didactylus.

Existentes: Estudos genéticos sobre a diferenciação entre as populações Norte e Sul de C. hoffmanni, bem como as relações filogenéticas no gênero Choloepus são desenvolvidas sob coordenação de N. Moraes-

-Barros (Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos – Cibio/ Inbio, Universidade do Porto).

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Nádia de Moraes-Barros (USP/IUCN- SSC), Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos-Cibio/Inbio, Universidade do Porto.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

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Ficha Técnica Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Flávia Regina Miranda (Coordenadora de táxon), Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Cyclopes didactylus (Acervo CPB)

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Avaliação do Risco de Extinção de Cyclopes didactylus (Linnaeus, 1758) Flávia Regina Miranda1, Adriano Garcia Chiarello2, Fábio Röhe3, Guilherme Henrique Braga de Miranda4, Sérgio Maia Vaz5 Resumo Cyclopes didactylus, tamanduaí, é listado como Menos Preocupante, tendo em vista sua ampla distribuição, sua área de distribuição abrange um número significativo de áreas protegidas, sendo pouco provável que sofra um rápido declínio populacional, suficiente para ser categorizada em algum nível de ameaça. Embora a população encontrada na Mata Atlântica venha sendo ameaçada pelo rápido desmatamento de seu hábitat natural (florestas e mangues), devido ao aumento das plantações de cana-de-açúcar e outras culturas que, além da perda do hábitat, também leva à fragmentação e degradação. O grau de ameaça do tamanduaí na Mata Atlântica nordestina ainda é desconhecido.

Ordem

Família

Pilosa

Cyclopedidae

Nomes comuns por região/língua Português – tamanduá-i (Paglia et al. 2012), tamanduá-cigarra (Superina & Aguiar 2006 Superina et al. 2010); tamanduá-seda. Inglês – Silky anteater, pygmy anteater (Superina et al. 2010). Outros – Serafín (espanhol), serafín del platanar (espanhol), inti pelejo (espanhol) (Superina et al. 2010); myrmidon (francês), lèche main (francês) (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie, entretanto existe um estudo taxonômico da população brasileira onde o status taxonômico da população isolada de C. didactylus do nordeste deve ser confirmado. É reconhecida uma população do nordeste de Cyclopes didactylus isolada da população principal por apro-

1. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 2. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 3. Wildlife Conservation Society. < [email protected]> 4. Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça – DPF/ MJ. 5. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Notas taxonômicas (continuação) ximadamente 1.000km. Essa população, provavelmente, permaneceu separada das populações amazônicas desde o Pleistoceno, quando as florestas Atlântica e Amazônica retraíram, sendo substituídas pela Caatinga (Miranda et al. 2009, Miranda & Superina 2010). Como consequência, a população do litoral nordestino pode ser suficientemente diferenciada a nível genético para representar uma significativa unidade evolutiva. Esta subpopulação foi avaliada separadamente da população principal no workshop realizado pela IUCN/SSC Grupo de Especialistas em Tamanduás, Preguiças e Tatus (ASASG) e recebeu o status de Dados Insuficientes (DD).

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

Justificativa A espécie Cyclopes didactylus possui ampla distribuição e talvez apresente altas densidades, as ameaças detectadas não comprometem a população como um todo, sendo, portanto categorizada como Menos Preocupante (LC), embora a população nordestina mereça ações voltadas à sua conservação.

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Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Superina et al. 2010). A subpopulação do nordeste foi avaliada como Dados Insuficientes (DD).

Descrição geral do táxon O tamanduaí possui pelagem muito densa e curta com coloração amarelo-dourada, que se torna progressivamente mais cinzenta e com uma listra escura no dorso quanto mais ao sul de sua distribuição (Dickman citado em Medri et al. 2011, p. 98). A cauda do tamanduaí é relativamente longa e preênsil, sendo desprovida de pelos na face ventral (Nowak 1999). O membro anterior possui duas garras longas no segundo e terceiro dedo e o membro posterior apresenta quatro garras longas (Emmons 1990).

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Cyclopes didactylus possui uma junção na sola do pé que permite dobrar suas garras para trás sob o pé e isto, aliado à sua cauda preênsil, o auxilia a se agarrar nos galhos das árvores (Dickman citado em Medri et al. 2011, p. 98). São reconhecidas sete subespécies de Cyclopes didactylus (Gardner 2007). A Cordilheira dos Andes, devido a baixa taxa metabólica de C. didactylus, representa uma barreira significativa entre as populações do norte e do sul (Superina et al. 2010).

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História de vida Biologia: Esta espécie vive nas árvores (Fonseca et al. 1996) e raramente desce ao chão. É uma espécie pouco estudada devido ao seu hábito críptico, noturno e arborícola. São solitários, com exceção do par fêmea e filhote, ou de casais que podem ficar juntos por períodos breves durante a época de reprodução. Nesta espécie ambos os pais cuidam do filhote por tempo indeterminado, sendo que o macho algumas vezes carrega o filhote no dorso. Nos mangues do nordeste brasileiro foi observado o maior número de nascimento nos meses de setembro, outubro e novembro (F.R. Miranda, dados não publicados). A espécie apresenta a maior parte de sua atividade durante a noite e descansa durante o dia entre as copas das árvores, mas não passa mais que dois dias na mesma árvore de descanso (Nowak

1999). Seu alimento preferido são as formigas (Best & Harada 1985, Montgomery 1985, Miranda et al. 2009) que vivem nas hastes das lianas ou nos galhos das árvores, embora besouros tenham sido registrados em menores proporções em sua dieta (Best & Harada 1985). Miranda et al. (2009) analisaram o conteúdo estomacal de dois indivíduos capturadas na Ilha de São Luís do Maranhão (MA, Brasil) e encontraram fragmentos de quatro gêneros de formigas: Camponotus, Dolichoderus, Pseudomyrmex e Solenopsis, sendo que os dois primeiros gêneros citados estão entre os seis mais abundantes em florestas tropicais. Não existem informações sobre a biologia da subpopulação do nordeste (F.R. Miranda, dados não publicados).

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Cyclopes didactylus (Acervo CPB)

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Informações gerais Massa de adultos Fêmea Macho

Raramente é maior que 400g (Eisenberg & Redford 1999, Paglia et al. 2012). 300g aproximadamente para indivíduos da subpopulação nordestina (Miranda & Superina 2010).

Comprimento total Fêmea

15 a 23cm (Nowak 1999). Aproximadamente 35cm para a subpopulação do nordeste (Miranda & Superina 2010).

Macho

Comprimento cauda (cm) Fêmea 16 a 30cm (Nowak 1999). Aproximadamente 20cm para a subpopulação nordestina (Miranda & Superina 2010). Macho Altura da Orelha Fêmea

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1,27 ± 0,19cm (1,0 a 1,8cm, N=24), medidas para adultos do México ao Brasil (Wetzel 1985). Macho Razão sexual Sistema de acasalamento Intervalo entre nascimentos

Não há informação. Não há informação. Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

De 120 a 150 dias (Messias-Costa et al. citado em Medri et al. 2011. p. 98).

Número de filhotes por gestação

As fêmeas de tamanduaís geralmente produzem apenas um filhote por vez e o cuidado parental é intenso (Eisenberg & Redford 1999).

Idade de maturação dos indivíduos. Fêmea Não há informação. Macho Longevidade

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Não há informação

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Informações gerais (continuação) Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Não há informação. O estro dura de dezembro a janeiro (Grassé cidato em Silveira 1968, p. 16). Foi observado nascimento de filhotes nos meses de setembro, outubro e novembro nos mangues brasileiros (F.R. Miranda, dados não publicados). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon Não há informação.

Distribuição geográfica A espécie não é endêmica ao Brasil, ocorre desde o México (Veracruz e Oaxaca), por toda a América Central; oeste dos Andes, passando pela Colômbia até o sul do Equador. A leste dos Andes ela pode ser encontrada na Venezuela, ilha de Trinidad, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Brasil (Acre até o oeste do Maranhão), e ao sul até a Bolívia (La Paz e Santa Cruz) (Wetzel 1982 e 1985). A espécie não tem sido registrada em El Salvador e não está claro se a espécie sempre esteve presente neste país. No Brasil, o tamanduaí ocorre nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado (Paglia et al. 2012). A população principal está presente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e a subpopulação do nordeste nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte (Miranda & Superina 2010). Alguns indivíduos foram resgatados na área do reservatório da hidrelétrica de Luis Eduardo Magalhães, em Palmas, Tocantins entre 1999 e 2000. O local apresenta Cerrado, Cerradão e alguns trechos com mata de transição entre Cerrado e Floresta Amazônica. Recentemente a espécie foi encontrada no norte do Mato Grosso (F.R. Miranda, dados não publicados). Entretanto, a subpopulação do nordeste pode ser considerada endêmica se esta for caracterizada como uma unidade evolutiva distinta da população principal de C. didactylus. Avistamentos esporádicos no Nordeste do

Brasil sugerem a existência de uma subpopulação isolada de Cyclopes didactylus na costa atlântica. Aguiar (2004) inclui apenas a costa atlântica do estado de Pernambuco na ocorrência desta subpopulação, embora Wetzel (1985) descreva a distribuição a partir da costa de Pernambuco até Alagoas. Gardner (2007) menciona espécimes de museus provenientes da Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Pelo fato de todos os espécimes listados por Wetzel (1985) e Gardner (2007) terem mais de 50 anos e alguns até mais de 100 anos, Miranda & Superina (2010) consideraram necessário verificar a presença de C. didactylus no litoral do nordeste do Brasil. Com este estudo a área de distribuição desta espécie ampliou-se para o Rio Grande do Norte (Natal) e registros recentes foram obtidos para os estados da Paraíba (Zoológico de João Pessoa), Pernambuco (Recife e Igarassú) e Alagoas (Boca da Mata, Marechal Deodoro, Murici e Maceió). Nenhum C. didactylus foi recebido pelo IBAMA do estado do Ceará e não houve nenhum relato para os estados da Bahia e Sergipe (Miranda & Superina 2010). Regiões do nordeste brasileiro, portanto, necessitam de maior amostragem e pesquisa para a subpopulação do nordeste. Entretanto C. didactylus é um táxon críptico, muito difícil de ser registrado. Para a população da costa nordestina há indicações (inferências, suspeita) de que a distribuição atual do táxon está reduzida em relação a sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica.

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Extensão de ocorrência Foram estimadas para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenartha Brasileiros, através do MPC (Mínimo Polígono Convexo) dos pontos de registros, extensões de ocorrência de 3.297.363km2 para a população principal (Amazôni-

ca) e 32.793km2 para a subpopulação do litoral do nordeste brasileiro.* Superina et al. (2010) estimaram uma extensão de ocorrência em aproximadamente 25.000km2 para a subpopulação do nordeste.

Área de ocupação Apesar da área de ocupação ser maior que 2.000km2 para a população principal, este valor não é conhecido. Para a subpopulação da Mata Atlântica

do nordeste, não se sabe se a área de ocupação é maior que 2.000km2.

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* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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População Não há informações com relação à abundância de indivíduos e pouco se sabe sobre populações de vida livre do tamanduaí (Superina et al. 2010). A existência de um grande número de espécimes provenientes de Cametá (PA), conservados em museus, sugere que a densidade possa ser localmente alta. Não se tem informações sobre abundância da subpopulação da Mata Atlântica costeira nordestina, mas devido aos poucos registros, as populações podem ser consideradas raras (Miranda & Superina 2010). Houve uma redução da subpopulação de C.

didactylus do nordeste devido à conversão de hábitats por plantações de cana-de-açúcar nas regiões de sua ocorrência, uma das principais causas de fragmentação da Mata Atlântica remanescente. Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto para a subpopulação do nordeste este aporte não existe. Além disto, não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. A tendência populacional é desconhecida.

Hábitat e ecologia O tamanduaí habita as florestas tropicais. A baixa taxa metabólica desta espécie, que se traduz em uma temperatura corporal baixa (em torno de 33°C) e sua capacidade reduzida para termorregulação, limita a sua distribuição para as florestas abaixo de 1.500m (McNab 1985). No Brasil foi registrado na Ilha de São Luis do Maranhão (MA) em fragmento de floresta, mas esta região ainda possui vegetação secundária dominada por gramíneas (capoeira), intercalada com palmeiras de Babaçu (Attalaea speciosa) e Jucúm (Bactris setosa), além do açaí (Euterpe edulis) e buriti (Mauritia flexuosa) em áreas úmidas. Rios, mangues, várzeas e uma flora diversificada de árvores frutíferas nativas também existem na ilha (Miranda et al. 2009). A subpopulação do nordeste de C. didactylus é restrita a floresta tropical úmida de terras baixas (Superina et al. 2010) e mangues (F.R. Miranda, dados não publicados). Na região de Manaus (AM), a espécie ocorre em fragmentos urbanos (F. Röhe, dados não publicados).

A espécie não é restrita a hábitats primários, podendo ser encontrada em florestas secundárias. Esta espécie não é capaz de sobreviver em plantações de cana-de-açúcar e culturas agrícolas que substituiu a vegetação original na região que a população de C. didactylus ocupa na Mata Atlântica (F.R. Miranda, dados não publicados). As áreas de vida de dois tamanduaís translocados em Palmas, Tocantins, foram de 0,8 e 10ha (J.A. Silva et al., dados não publicados citado em Medri et al. 2011, p. 99). Dados semelhantes para a área de vida estimada desta espécie para um macho adulto foi de 11ha, na ilha de Barro Colorado, Panamá, e ocorreu sobreposição com as áreas de vida de duas fêmeas, mas sem sobreposição com a área dos machos adjacentes. A área de vida média para as fêmeas foi menor (2,8ha) e três fêmeas puderam viver na área de vida de um macho adulto (Montgomery 1985).

Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: agricultura, desmatamento, desconexão de hábitat, apanha e comércio ilegal. Embora o desmatamento esteja ocorrendo em muitas porções de sua distribuição, C. didactylus continua a ter uma ampla ocorrência na Bacia Amazô-

nica e atualmente não há grandes ameaças à sobrevivência desta espécie. Em algumas áreas é capturado e mantido como animal de estimação, embora geralmente não sobreviva por muito tempo em cativeiro. C. didactylus não é caçada, pois raramente é vista (Emmons 1990). Já a subpopulação do nordeste é amea-

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çada pela fragmentação da Mata Atlântica, devido às plantações de cana-de-açúcar que levaram a perda, fragmentação e degradação de hábitat. A área atual da Mata Atlântica remanescente nos estados de sua

ocorrência equivale a aproximadamente 3.000 km2 (Campanili & Prochnow 2006). Além disso, esta espécie pode ser capturada para o comércio ilegal.

Ações de conservação Necessárias: Para a subpopulação do nordeste de Cyclopes didactylus faz-se necessária a criação de novas Unidades de Conservação, implementação das mes-

mas, estabelecimento de um manejo metapopulacional que preveja corredores ecológicos.

Presença em áreas protegidas Florestas Nacionais de Saracá-Taquera (Oliveira et al. 2006) e do Tapajós (Sampaio et al. 2010, entrevista), Parque Estadual Monte Alegre (Lima et al. 2009) e Parque Nacional da Amazônia (George et al. 1988, entrevista) no estado do Pará; Reserva Extrativista Arapixi (ICMBio 2010), Parque Nacional do 82

Jaú no Amazonas (Iwanaga 2004); Parque Nacional Serra do Divisor e Floresta Nacional Macauã (speciesLink) no Acre; Parque Nacional do Viruá (Oliveira et al. 2009) e Estação Ecológica de Maracá (Nunes & Bobadilla 1997, Barnett & Cunha 1998) em Roraima e Parque Nacional do Araguaia.

Pesquisas Necessárias: São necessários aprofundamentos dos estudos taxonômicos, genéticos e de ecologia básica para a conservação deste táxon. Inventários populacionais para os fragmentos florestais da Mata Atlântica na área de ocorrência da espécie.

Existentes: O Instituto de pesquisa e conservação de Tamanduás no Brasil (coordenação: Flávia Miranda) desenvolve pesquisa de variação geográfica e distribuição de C. didactylus.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Flávia Miranda (Projeto Tamanduá e especialista no grupo ASASG – Anteater, Sloth and Armadillo Specialist Group da IUCN/SSC).

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Avaliação biomática Bioma: Mata Atlântica Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil: Dados Insuficientes (DD) Justificativa: A população da Mata Atlântica de Cyclopes didactylus carece de estudos que determinem sua real distribuição, sua frequência, sua abundância e a sua resiliência às alterações ocorridas em seu hábi-

tat. E, sendo exclusivamente florestal, com área de ocupação historicamente reduzida em mais de 90%, avaliou-se a população do nordeste de Cyclopes didactylus como Dados Insuficientes (DD).

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

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Ficha Técnica Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Myrmecophaga tridactyla (Fernanda Goss)

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Avaliação do Risco de Extinção de Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 no Brasil Flávia Regina Miranda1, Adriano Garcia Chiarello2, Fábio Röhe3, Fernanda Góss Braga4, Guilherme de Miranda Mourão5, Guilherme Henrique Braga de Miranda6, Kena Ferrari Moreira da Silva7, Mariana de Andrade Faria-Corrêa8, Sergio Maia Vaz9, Sonia Cristina da Silva Belentani10

Resumo Myrmecophaga tridactyla é a maior representante da ordem Pilosa. Sua distribuição geográfica conhecida se estende desde o sul de Belize e Guatemala, na América Central, até a América do Sul. No Brasil, sua distribuição abrange todos os biomas, embora seja considerada quase extinta na Mata Atlântica e possivelmente extinta no Pampa. No Cerrado, sua população está sendo drasticamente reduzida em função da conversão de hábitats para a agricultura e ampliação da infraestrutura. A redução e deterioração de hábitats são apontadas como as principais causas de declínio das populações de tamanduá-bandeira. Sendo assim, a espécie foi considerada Vulnerável conforme os critérios A2c.

Ordem

Família

Pilosa

Myrmecophagidae

Nomes comuns por região/língua Português – tamanduá-bandeira, papa-formigas, tamanduá-açú (Superina & Aguiar 2006); Jurumi ou jurumim, bandeira e bandurra (A. Bertassoni, comunicação pessoal). Inglês – giant anteater, ant bear (Be) (Superina & Aguiar 2006). Outros – oso hormiguero (espanhol); grand fourmilier (francês); tamanoir (francês) (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

1. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 2. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 3. Wildlife Conservation Society. 4. Bio situ Projetos e Estudos Ambientais Ltda., BIO SITU. < [email protected]> 5. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal. 6. Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça – DPF/ MJ. 7. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. 8. ONG THERIS - pesquisa, manejo e conservação da vida silvestre. 9. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ. 10.

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Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Vulnerável (VU) – A2c

Justificativa Considerando a perda ocorrida e contínua do Cerrado, 49,1% nos últimos 50 anos, bioma que provavelmente abriga a maior fração da população da espécie, o avanço do arco do desmatamento no bioma amazônico e perda de 88% do bioma Mata Atlântica, infere-se que pelo menos 30% da população foi perdida nos últimos 26 anos. Assim Myrmecophaga tridactyla foi considerada Vulnerável (VU) conforme os critérios A2c.

Avaliação nacional anterior Vulnerável (VU) – A2cd (MMA 2003, Machado et al. 2008).

Avaliações em outras escalas

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Avaliação Global (IUCN): Vulnerável (VU) – A2c (Superina et al. 2010, Miranda & Medri 2010). Avaliação Estadual: Pará: Vulnerável - VU (SEMA 2007a); Espírito Santo: Regionalmente Extinta - REx (Passamani & Mendes 2007); Rio de Janeiro: Provavelmente Extinta - PE (Bergallo et al. 2000); São Paulo: Vulnerável - VU A2c (SEMA 2008, Chiquito & Persequillo 2009); Minas Gerais: Vulnerável - VU (Biodiversitas 2007, Chiarello et al. 2007); Paraná: Criticamente em Perigo - CR (Mikich & Bérnils 2004, IAP 2010); Santa Catarina: Regionalmente extinta – REx (FATMA 2011); Rio Grande do Sul: Criticamente em Perigo - CR (Marques et al. 2002, Fontana et al. 2003).

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Myrmecophaga tridactyla (Teresa Anacleto)

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Descrição geral do táxon É facilmente reconhecido por seu tamanho, pela coloração distintiva da pelagem, com uma faixa diagonal preta de bordas brancas, pelo focinho longo e cilíndrico e cauda grande, com pelos grossos e compridos (Nowak & Paradiso 1983, Eisenberg & Redford 1999). Os membros anteriores são fortemente mus-

culosos e possuem quatro dedos todos com garras, sendo as do segundo e terceiro dedos as maiores. Os membros posteriores apresentam cinco dedos com unhas curtas (Silva 1994). Três subespécies são reconhecidas por Gardner (2007).

História de vida Biologia: A espécie tem hábito terrestre e é solitária com exceção da mãe com seu filhote, durante o período de amamentação, e da época de reprodução, quando podem ser formados casais. Podem ter atividade ao longo do dia e da noite, dependendo da temperatura e da chuva (Eisenberg & Redford 1999, Camilo-Alves & Mourão 2006). Sua alimentação é constituída principalmente por formigas e cupins (Drumond 1992, Medri et al. 2003, Rodrigues et al. 2008, Braga 2010). Entretanto, há registro do consumo de larvas e adultos de besouros (Silveira citado em Medri et al. 2011, p.100), de abelhas, e provavelmente mel (Miranda 2004). A espécie é considerada boa nadadora. Nos Campos Lavrados de Roraima foi registrado um ta-

manduá-bandeira em cima de uma árvore (L.S.M. Macedo, comunicação pessoal). Kreutz (2007) registrou tamanduás-bandeira efetuando marcações em troncos de árvores (arranhões), indicando que esse tipo de marcação pode ser resultado de uma maior competição intraespecífica resultante de um elevado nível de estresse em áreas de plantio da Acacia sp.. Braga (2010) também avaliou esse tipo de comportamento, sugerindo que o mesmo possa ser utilizado para comunicação entre co-específicos, relacionado ou não ao período de acasalamento, ou ainda ao nível de estresse ao qual estão submetidos os indivíduos em áreas de plantios de Pinus sp.. A referida autora salienta a importância da avaliação correta dessas hipóteses.

Informações gerais Massa de adultos

Fêmea Média de 31,5kg (variando entre 25,9 e 36kg, N=7; Silva 2004), podendo chegar até mais de 45kg (Silveira citado em Medri et al. 2011). Macho Comprimento total Fêmea É usualmente de 1 a 1,2m (Nowak 1999). Segundo Miranda (2004), média de 1,20m (variando entre 1,08 e 1,33m, n = 7). Macho

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Informações gerais (continuação) Comprimento cauda (cm) Fêmea

Varia entre 65 e 90cm (Nowak 1999). Segundo Miranda (2004), média de 67cm (n = 7).

Macho

Varia entre 65 e 90cm (Nowak 1999). Segundo Miranda (2004), média de 63cm (n = 18). Altura da Orelha

Fêmea

4,67 ± 0,47cm (3,5-5,0cm) (Wetzel 1985). Segundo Miranda (2004), média de 47,3mm (n = 7).

Macho

4,67 ± 0,47cm (3,5-5,0cm) (Wetzel 1985). Segundo Miranda (2004), média de 46,5mm (n = 18). 1,5: 1 (Miranda 2004); 1,25 : 1 (Shaw et al. 1987); 3 : 1 (Medri 2002); 2:1 (Camilo-Alves 2003).

Razão sexual Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

O intervalo entre os nascimentos pode atingir nove meses (Eisenberg & Redford 1999).

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação descrito para a espécie é em média de 183 a 190 dias.

Número de filhotes por gestação

Esta espécie tem um filhote por gestação, embora já tenha nascidos gêmeos em cativeiro. A mãe carrega o filhote no dorso por cerca de seis a nove meses (Eisenberg & Redford 1999) e este, quando mais crescido, pode descer do dorso da mãe para forragear formigas e cupins, ficando com a mãe até a próxima gravidez.

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Idade de maturação dos indivíduos. Fêmea A espécie atinge a maturidade sexual entre os 2,5 e 4 anos de idade (Nowak 1999). Macho

Longevidade

Tempo geracional Sazonalidade reprodutiva

Em cativeiro, o tempo de vida registrado foi de 25 anos (Nowak & Paradiso 1983). No zoológico de Krefeld, Alemanha, uma fêmea de tamanduá-bandeira viveu por 30 anos (G.P. Jimeno, comunicação pessoal), e no Zoológico de São Paulo existe atualmente uma fêmea com 32 anos (F.R. Miranda, observação pessoal citado em Braga 2009). Não existem informações para animais de vida livre. Tempo geracional estimado em 8,5 anos, sendo considerado o período de 3 gerações, igual a 26 anos. Não há informação. Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Para o Pantanal Sul Mato-grossense foram coletados 309 ectoparasitas em 12 tamanduás-bandeiras, sendo a espécie mais freqüente, o carrapato Amblyomma cajennense, seguido de Amblyomma parvum (Medri 2002). Já no Pantanal Norte, foram encontrados Amblyomma cajennense, Amblyomma dubitatum, Amblyomma nodosum, Amblyomma naponense e Amblyomma parvum parasitando essa espécie (Miranda 2008). No estado do Paraná, Braga (2010) encontrou apenas Amblyomma calcaratum parasitando tamanduás-bandeira, reforçando o constatado por Arzua et al. (2005). Miranda (2008) ao levantar as enfermidades de tamanduás bandeira em vida livre de três diferentes áreas: Parque Nacional das Emas, Parque Nacional da Serra da Canastra e Pantanal Matogrossense, encontrou indivíduos soropositivos para Brucella abortus, Leptospira, Sorovar butembo, Australis, Icterohaemorrhagiae, Bataviae, Autumnalis, Shermani e Fortbragg.

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Distribuição geográfica A espécie não é endêmica ao Brasil, ocorrendo também em Honduras, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Equador (leste do Andes), Venezuela, Guianas (Guiana, Suriname, Guiana Francesa), Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina. No Brasil está presente em todos os biomas brasileiros (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012) e ocorre nos estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. A distribuição geográfica conhecida do tamanduá-bandeira vai desde o sul de Belize e Guatemala, na América Central, até a América do Sul. Abrange áreas como oeste dos Andes, noroeste do Equador, leste andino, Colômbia, sul da Venezuela, sudeste da Bolívia, oeste do Paraguai, noroeste da Argentina, leste do Uruguai e Brasil (Wetzel 1982, 1985). As áreas de ocorrência de M. tridactyla na costa brasileira foram recentemente retiradas de sua distribuição atual (Superina et al. 2010), embora estudos de inventário ainda sejam necessários nestas regiões (Miranda & Medri 2010). A presença desta espécie no bioma Caatinga ainda necessita de maiores pesquisas e amostragens. A ocorrência nos estados da PB, PE e CE foi primeiro mencionada por Marcgrave (1648 citado em Silva 2012, p. 38). Silva (2012), através de entrevistas em 2010 com moradores do município de Alagoa Grande (PB), obteve relatos da presença recente dessa espécie na região, embora este autor não tenha encontrado nenhum espécime proveniente dos estados da Paraíba e Pernambuco nas coleções visitadas (Coleções da UFPB, UFPE e Museu da Zoologia da Universidade de São Paulo, MZUSP), o que reduz a confiabilidade dos relatos acima. Paiva (1973 citado em Silva 2012, p. 38) cita a sua ocorrência no estado do Ceará com base em entrevistas a moradores, sendo considerada rara no estado. Há um registro de uma pele obtida de caçadores em 1999 no município de Parambu, Ceará (Silva 2012), o que reforça a necessidade de se confirmar as localidades de ocorrência atual de M. tridactyla neste estado. A ocorrência desta espécie deve

ser confirmada também para a região do Boqueirão do Onça, no norte baiano (município de Campo Formoso), onde C.B. de Campos (comunicação pessoal, 2012), trabalhando por seis anos consecutivos, obteve um possível rastro e alguns relatos, inclusive de um indivíduo de tamanduá-bandeira que supostamente teria sido caçado na região. Há indicações (inferências, suspeita) de que a distribuição atual do táxon está reduzida em relação a sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica. Esta espécie está possivelmente extinta no Rio Grande do Sul (Criticamente Em Perigo, Fontana et al. 2003). Vaz (2003), fazendo um levantamento nos três museus mais importantes do Brasil, encontrou apenas um registro histórico desta espécie no Museu de Zoologia da USP (MZUSP) para o Rio Grande do Sul que lista a localidade de São Lourenço (do Sul) como de ocorrência desta espécie. M. tridactyla também está possivelmente extinta no Rio de Janeiro (Bergallo et al. 2000) e é considerada regionalmente extinta no Espírito Santo (Passamani & Mendes 2007). É possível que M. tridactyla ainda ocorra em Santa Catarina, embora não haja registros confirmados e tenha sido considerada rara no estado desde o início do século 20 (Vieira da Rosa citado em Tortato & Althoff 2011, p. 146). É considerado extinto no município de Três Barras (SC) (Cherem & Perez citado em Tortato & Althoff 2011 p. 146) ou, também em todo o estado (Cherem et al. 2004, Cimardi citado em Tortato & Althoff 2011, p. 146). Nos municípios de Rio Negrinho e Itaiópolis (SC), Tortato & Althoff (2011) consideraram a presença desta espécie duvidosa na área de estudo, embora a região ainda tenha grandes remanescentes florestados, sendo precipitado considerar a espécie extinta (foi bem descrita em entrevista) na região. Segundo estes autores, a ausência de registros recentes para M. tridactyla no estado de Santa Catarina pode ser explicada por fatores biológicos como sua baixa densidade populacional e consequentemente baixa probabilidade de detecção, e poucos trabalhos envolvendo mamíferos, particularmente nas porções savânicas desse estado.

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Extensão de ocorrência: 6.680.891,92km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População

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Não há informações com relação à abundância de indivíduos. Embora esta espécie em alguns locais seja comum, como em Lavrados de Roraima (G.M. Mourão, dados não publicados), a espécie possui informações de densidade somente para os biomas Pantanal e Cerrado. Estimativas de densidade ou de tamanho da população existentes: Em Cerrado do PARNA das Emas, Miranda et al. (2006) estimaram a densidade de tamanduás-bandeira em 0,2 indiv./km2 usando transectos aéreos e 0,004 indiv./km2 usando transectos lineares terrestres. Ainda no PARNA das Emas, Silveira et al. (1999) obtiveram uma densidade de 0,63 indiv./ha, através de amostragem de distância (distance sampling) de tamanduás mortos em queimada que atingiu 100% do parque em 1994. Após este evento de fogo, Silveira et al. (1999) estimaram uma densidade de até 0,00085 indivíduos/ha. A densidade desta espécie estimada para o Cerrado da Serra da Canastra foi de 1,3 tamanduás/km2 pelo método de captura-recaptura (Shaw et al. 1987), 1-2 indivíduos/ km2 pelo método de contagem tempo/área e 0,171,31 indiv./km2 usando contagem por estradas (transectos) (Shaw et al. 1985). Para o Pantanal, Coutinho et al. (1997), estimaram uma densidade de 0,035 indivíduos/km2 através de levantamentos aéreos; e Desbiez & Medri (2010) uma densidade de 0,15 indivíduos/km2 através de transectos lineares. As populações do Cerrado e Mata Atlântica podem estar sofrendo com a fragmentação nestes biomas.

Embora relativamente estável no Pantanal e Amazônia, no Cerrado a população da espécie deve estar sendo drasticamente reduzida em função do desmatamento continuado decorrente da conversão de hábitats para a agricultura e ampliação da infraestrutura (por exemplo, construção de reservatórios de hidrelétricas e linhas de transmissão). Myrmecophaga tridactyla necessita de áreas florestadas e quando há a supressão total desta vegetação, esta espécie desaparece da região afetada. Esta espécie está quase extinta na Mata Atlântica e possivelmente extinta no Pampa, embora ainda seja possível sua ocorrência neste bioma. Além disto, considerando a perda ocorrida e contínua do Cerrado, 49,1% nos últimos 50 anos, bioma que provavelmente abriga a maior fração da população da espécie, o avanço do arco do desmatamento no bioma amazônico e perda de 88% do bioma Mata Atlântica (IBGE 2012) Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. Além disto, existem evidências de aumento nos níveis de ameaça fora do Brasil, uma vez que a espécie parece estar extinta em Belize e Guatemala, é considerada extinta também no Uruguai, e está provavelmente extinta na Costa Rica (Fallabrino & Castiñeira 2006, Superina et al. 2010).

Hábitat e ecologia Os tamanduás-bandeira toleram ampla variedade de hábitats, desde campos limpos, cerrados, florestas, até campos com plantações (Miranda 2004) a

diferentes altitudes. Embora se associe muito ao Cerrado e aos Campos Limpos, no Pantanal da Nhecolândia os ambientes florestais são utilizados pela espécie

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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para repouso e abrigo durante as horas mais quentes do dia, enquanto os Campos Limpos são utilizados durante as horas de temperatura mais amena para as atividades de alimentação (Medri 2002, Camilo-Alves 2003, Medri & Mourão 2005, Camilo-Alves & Mourão 2006). O uso e preferência de hábitats por esta espécie está amplamente relacionada com a temperatura ambiente e o que determina isso é a existência de um comportamento termorregulatório que influência também seu padrão de atividade (Camilo-Alves e Mourão 2006, Rodrigues et al. 2008). A espécie ocorre também em Campina e Campinaranas da Amazônia (AM) e Lavrados (RR) (F. Röhe, dados não publicados). O táxon não é restrito a hábitats primários. Em área de Cerrado com predominância de campos (Parque Nacional das Emas, Goiás), o tamanduá-bandeira foi capaz de utilizar áreas do entorno ocupadas por culturas agrícolas de algodão, milho e cana-de-

-açúcar; pastagens e remanescentes de vegetação natural para dispersão ou como parte ativa de sua área de vida (Vynne et al. 2010). Miranda (2004) também registrou o uso de plantações de soja adjacentes ao PARNA das Emas e Braga (2010) estudou tamanduás-bandeira em áreas de silvicultura no Paraná. Há registros desta espécie em plantações de Acacia mangium em Roraima (Kreutz 2007, Kreutz et al. 2012). Existem grandes variações da área de vida desta espécie, sendo que nos Llanos da Venezuela o valor encontrado foi de 2.500ha (Montgomery & Lubin citado em Medri et al. 2011, p.100), no Parque Nacional da Serra da Canastra, (Minas Gerais, Brasil), a área de vida média para as fêmeas foi de 367ha, e para os machos foi de 274ha (Shaw et al. 1987). No Parque Nacional das Emas (Goiás, Brasil) a área de vida média das fêmeas foi de 693ha, e dos machos de 1080ha (Miranda 2004), nas savanas de Roraima a área de vida média das fêmeas foi de 490ha, e dos

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machos igual a 380ha (Macedo 2008, Macedo et al. 2010), e no Paraná a área de vida de uma fêmea foi de 160ha, e de um macho foi de 892ha (Braga 2010). Já no Pantanal da Nhecolândia (porção centro-sul do Pantanal), a área de vida de uma única fêmea monitorada foi de 1190ha, enquanto que a área de vida média dos machos foi de 570ha (Medri & Mourão 2005). Estudos conduzidos com o uso de sistemas de posicionamento global – GPS registraram uma área de vida de 1.900ha de uma fêmea no Pantanal (Mourão & Medri 2002, Medri & Mourão 2005). O uso do sistema GPS indicou que em poucos dias (menos de vinte dias), os tamanduás-bandeira usam áreas equivalentes ou até maiores do que as áreas de vida es-

timadas após vários meses de monitoramento por radiotelemetria convencional VHF (Medri & Mourão 2005, Camilo-Alves & Mourão 2006, Rodrigues et al. 2008, Macedo et al. 2010, Silva 2010). Ocorre intensa sobreposição nas áreas de vida desta espécie, em ambos os sexos (Shaw et al. 1987, Camilo-Alves 2003, Miranda 2004, Medri & Mourão 2005, Macedo et al. 2010). Apesar da sobreposição, alguns encontros agonísticos já foram registrados no Parque Nacional da Serra da Canastra, no Pantanal da Nhecolândia e plantações de acácias e savanas de Roraima (Shaw et al. 1987, Rocha & Mourão 2006, Kreutz 2007, Kreutz 2012, Macedo et al. 2012).

Ameaças e usos

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As principais ameaças identificadas para o táxon foram: incêndio, agricultura, pecuária, desmatamento, aumento da matriz rodoviária, desconexão de hábitat e redução de hábitat. Outras ameaças secundárias ou regionais são: caça, perseguição, envenenamento indireto por inseticidas aplicados para o controle de formigas e cupins em áreas de plantios e de pecuária (Braga 2010, A. Bertassoni, comunicação pessoal) e enfermidades infecciosas reprodutivas. A deterioração e redução de hábitats são apontadas como as principais causas de declínio das populações de tamanduá-bandeira (Fonseca et al. 1999, Collevatti et al. 2007). Em regiões onde temperaturas atingem valores fora da variação de 15 a 36ºC (McNab 1985), a espécie necessita da disponibilidade de hábitats arbóreos para proteger-se do calor ou do frio excessivo (Camilo-Alves & Mourão 2006). Outros fatores que contribuem para a rarefação das populações desta espécie são a caça (Leeuwenberg 1997, Peres 2000), o fogo (Silveira et al. 1999) e os atrope-

lamentos rodoviários (Fischer 1997). Segundo a “Lista de Referência da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul” (Marques et al. 2002), o tamanduá-bandeira, avaliado como Criticamente Ameaçado neste estado, tem como principais ameaças a expansão da agricultura, fogo, perseguição e atropelamentos rodoviários. O “Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná” (Mikich & Bérnils 2004) inclui, além destas ameaças, a caça e cães domésticos, ameaças também citadas no Plano de Conservação para tamanduá-bandeira no Paraná (Braga 2009). Miranda (2008) relatou que por se tratar de uma espécie que possui baixo potencial reprodutivo, apresenta cuidado parental prolongado, longos períodos de gestação e somente uma cria por ano, patógenos que possam afetar o sucesso reprodutivo, podem ser extremamente nocivos para populações de tamanduás-bandeira em vida livre.

Ações de conservação Necessárias: Segundo Medri & Mourão (2008), a etapa inicial para a conservação do tamanduá-bandeira deve enfocar a realização de estudos sobre a situação atual e a biologia da espécie em sua área de distribuição. É importante também haver troca de infor-

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mações entre os pesquisadores de campo e os de cativeiro para o planejamento de ações adequadas à conservação da espécie in situ e ex situ. As áreas mais representativas para as populações de tamanduás-bandeira devem ser mais intensamente con-

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servadas com a criação de novas Unidades de Conservação ou a preservação daquelas que já existem. Além disso, será preciso efetivar a conexão dessas áreas pela implantação de corredores ecológicos. A manutenção de manchas de florestas e de cerradões em áreas de uso agropecuário e o controle da caça nessas áreas, podem favorecer populações locais de tamanduás-bandeira. Programas de educação ambiental, enfatizando a sobrevivência da espécie, devem ser implantados nas áreas de sua ocorrência, especialmente ao longo das rodovias, para minimizar os atropelamentos desses animais. Em especial, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tais programas deveriam desmistificar a crendice popular que associa o tamanduá-bandeira à má sorte. Nas áreas onde ocorre caça de subsistência sobre a espé-

cie, é necessário implantar alternativas de desenvolvimento sustentável para a comunidade humana local. Planos de manejo de incêndios devem ser feitos nas áreas em que esses eventos são comuns. O Plano de Conservação para Myrmecophaga tridactyla no Paraná propõe, além de outras medidas, assegurar que a análise, licenciamento e aprovação de empreendimentos econômicos desenvolvidos nas áreas de ocorrência atual da espécie contemplem medidas mitigadoras e compensatórias que gerem benefícios à sua conservação; e a avaliação do controle químico de formigas em áreas cultivadas e seu impacto sobre a espécie (Braga 2009). O tamanduá-bandeira está presente no Anexo II da “Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora” - CITES (2011).

Presença em áreas protegidas A espécie está presente nas Florestas Nacionais (FLONA) de Saracá-Taquera (Oliveira et al. 2006), de Caxiuanã (Martins et al. 2007) e Tapajós (S.M. Vaz, dados não publicados), Reserva Biológica (REBIO) do Rio Trombetas (IBAMA 2004), Reserva Extrativista (RESEX) Tapajós-Arapiuns (Peres et al. 2003) e Parque Nacional (PARNA) da Amazônia (George et al. 1988) no Pará; Estação Ecológica (ESEC) Juami-Japurá (F. R. Miranda, dados não publicados), FLONA do Purus (ICMBio 2009, F.R. Miranda, dados não publicados), REBIO de Uatumã (Cabral et al. 2008), RESEX Arapixi (ICMBio 2010) e PARNA do Jaú (Iwanaga 2004) no Amazonas; PARNA Serra do Divisor (Calouro 1999) no Acre; PARNA do Viruá (Oliveira et al. 2009) e ESEC de Maracá (Barnett & Cunha 1998) em Roraima; Parque Estadual (PE) do Araguaia (SEMA, 2007b), PARNA do Araguaia (MMA 2001) e PE do Cantão (Ribeiro et al. 2004, Zimbres 2010) em Tocantins; ESEC Serra Geral do Tocantins, entre Tocantins e Bahia (Carmignotto & Aires 2011); PARNA do Cabo Orange, ESEC do Jari, ESEC de Maracá-Jipioca (Medri & Mourão 2008), PARNA Montanhas do Tumucumaque (Silva 2008) no Amapá; PARNA da Chapada Diamantina (Medri & Mourão2008) na Bahia; PARNA da Chapada dos Guimarães, PARNA do Pantanal Mato-grossense (Medri & Mourão 2008), Reserva Biológica Municipal Mario Viana (Rocha & Dalponte 2006), Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Estância Ecológica

SESC-Pantanal (Medri & Mourão 2008), ESEC Serra das Araras (Santo-Filho & Silva 2002), Terra Indígena (TI) Xavantes do Rio das Mortes (vila Etinhiritipá, Leeuwenberg 1997), TI Parabubure (Rocha & Silva 2009) e Parque Estadual do Cristalino (Rocha 2010) no Mato Grosso; RPPN Engenheiro Eliezer Batista (V. Garcia, comunicação pessoal), RPPN Dona Aracy (A. Bertassoni, comunicação pessoal), PARNA da Serra da Bodoquena (Cáceres et al. 2007) no Mato Grosso do Sul; RPPN da Fazenda Rio Negro (Medri & Mourão 2008); PARNA da Chapada dos Veadeiros (Oliveira 2010), PARNA das Emas (Rodrigues et al. 2002, Sanderson & Silveira 2003), PARNA do Encantado (Zimbres 2010) em Goiás; PARNA de Brasília, “Reserva Ecológica” do IBGE e ESEC de Águas Emendadas (Juarez 2008, Oliveira 2010) no Distrito Federal; PARNA Grande Sertão Veredas (Oliveira 2010), PARNA das Sempre-Vivas (Medri & Mourão 2008), PARNA da Serra da Canastra (Shaw et al. 1985, Oliveira 2010), PE do Rio Preto (Lessa et al. 2008), RPPN Reserva do Jacob (Medri & Mourão 2008), RPPN Galheiros (Medri & Mourão 2008), ESEC do Panga (Bruna et al. 2010), ESEC de Pirapitinga (Medri & Mourão 2008); PE Veredas do Peruaçu (Ferreira et al. 2011) em Minas Gerais; PARNA das Nascentes do rio Parnaíba (Medri & Mourão 2008) entre Piauí e Maranhão; PARNA de Pacaás Novos (Medri & Mourão 2008) e FLONA do Jamari (Koester et al. 2008) em Rondô-

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nia; PARNA da Serra da Capivara (Olmos 1995, Perez 2008), PARNA da Serra das Confusões (Henrique et al. 2007); ESEC de Uruçuí-Una (Zimbres 2010) no Piauí; APA de Corumbataí, Botucatu e Tejupá (Alves 2009), ESEC de Angatuba (Medri & Mourão 2008), ESEC de Jataí (K.F.M. Silva, dados não publicados), ESEC de Paranapanema (Medri & Mourão 2008), Floresta Esta-

dual de Cajuru (chefe da unidade, comunicação pessoal) e PE do Morro do Diabo (Faria & Moreni 2000) em São Paulo; PE do Cerrado (Vidolin & Braga 2004), APA da Escarpa Devoniana (Braga 2010), PARNA do Iguaçu, PARNA de Ilha Grande e PE do Guartelá (Medri & Mourão 2008) no Paraná.

Áreas protegidas com confirmação de extinção local do táxon: Parque Estadual Vila Velha - PR (F.G. Braga, dados não publicados) e REBIO de Sooretama - ES (A.G Chiarello, dados não publicados).

Pesquisas Necessárias:

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Pesquisas científicas que levantem dados como densidade populacional, população mínima viável, análise genética das populações, tamanho da área de vida, dieta e utilização de hábitats são fundamentais para o entendimento dos requisitos ecológicos da espécie (Medri & Mourão 2008). Estudos sobre a reprodução, período de cio e acasalamento, comportamento reprodutivo, cuidado parental, dispersão de filhotes (relacionado com sobreposição da área de vida da mãe) da espécie são importantes, pois esses dados não são conhecidos para vida livre. Além disso, estudos em áreas fragmentadas, com

perturbações antrópicas e áreas de agro-silvicultura devem ser conduzidos para permitir a compreensão de como a espécie responde ecologicamente as alterações ambientais (A. Bertassoni, comunicação pessoal). Áreas do Estado de São Paulo e Nordeste do Brasil contam somente com registros de inventários, visualizações diretas, etc, sem haver estudo com foco na espécie (A. Bertassoni, comunicação pessoal). Devido a sua ampla distribuição no território brasileiro, o estudo de variação geográfica se torna necessário para analisar as diferentes populações existentes.

Existentes: “Ocupação da paisagem pelo tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) em áreas de cerrado com diferentes níveis de perturbação no nordeste

paulista” de Natália F. Versiani e Adriano G. Chiarello; - Ocorrência e distribuição de tamanduás no Rio Grande do Sul; Theris/Tamanduás – RS.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Flávia Miranda (Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil); Fernanda Góss Braga (UFPR); Ísis Meri Medri (Membro do grupo de especialistas em tamanduás, preguiças e tatus da IUCN); Guilherme Miranda Mourão (Embrapa Pantanal); Alessandra Bertassoni (UFMS); Luciana Surita da

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Motta Macedo (Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de Roraima); Mariana Faria-Corrêa (projeto Theris/Tamanduás do RS); Flávio Henrique Guimarães Rodrigues (UFMG); Guilherme Henrique Braga de Miranda.

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F. M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Alessandra Bertassoni, Amely B. Martins (Ponto Focal), Claudia Bueno de Campos, Estevão Carino (Facilitador), Guillermo Perez Jimeno, Ivy Nunes (Mapas), Kena F. M. da Silva (Compilação), Luciana Surita Macedo, Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Tamandua tetradactyla (Teresa Anacleto)

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Avaliação do Risco de Extinção de Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) no Brasil José Abílio Barros Ohana1, Alessandra Bertassoni2, Flávia Regina Miranda3, Guilherme de Miranda Mourão4, Guilherme Henrique Braga de Miranda5, Jociel Ferreira Costa6, Kena Ferrari Moreira da Silva7, Mariana de Andrade Faria-Corrêa8, Sonia Cristina da Silva Belentani9

Resumo Tamandua tetradactyla é endêmica da América cisandina. No Brasil a espécie é registrada em todos os biomas e comumente encontrada em ambientes antropizados, como estradas de rodagem e áreas urbanizadas às proximidades de ambientes naturais. A despeito do pouco conhecimento sobre ecologia e etologia, a espécie foi classificada como Menos Preocupante, pois as ameaças detectadas não comprometem severamente as populações brasileiras, amplamente distribuídas e em altas densidades.

Ordem

Pilosa

Família

Myrmecophagidae

Nomes comuns por região/língua Português – tamanduá-mirim, mambira e tamanduá-de-colete (Emmons & Feer 1997); lapichau (M.S. Fialho, dados não publicados), meleta (F. Röhe, dados não publicados); Inglês - southern tamandua (Wetzel 1985), collared anteater, lesser anteater (Superina et al. 2010); Espanhol - tamandua, hormiguero de collar, oso melero; Francês - fourmilier à collier, tamandou tétradactyle, tamandou à quatre doigts (Superina et al. 2010).

Sinonímia/s Tamandua nigra (É. Geoffroy St.-Hilaire 1803), Tamandua longicaudata (Turner 1853), Tamandua straminea (Cope 1889), Tamandua qichua (O. Thomas 1927).

1. Setor da Mastozoologia, Coordenação da Zoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará. 2. Programa de Pós-graduação em Biologia Animal da Unesp São José do Rio Preto / Lema - Laboratório de Ecologia de Mamíferos, FCAV - Unesp Jaboticabal. 3. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 4. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal. 5. Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça – DPF/ MJ. < [email protected]> 6. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA. 7. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. < [email protected]> 8. ONG THERIS - pesquisa, manejo e conservação da vida silvestre. < [email protected]> 9.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Notas taxonômicas As populações apresentam estruturação geográfica de padrões de coloração da pelagem e forma do crânio (J.A.B. Ohana, dados não publicados). Segundo o autor, dois grupos morfologicamente distintos e separados pelos rios Amazonas e Madeira podem ser identificados. Essa variação poderá acarretar em mudanças taxonômicas; porém, os resultados não foram corroborados por estudos recentes de genética de populações de tamanduás mirins (Clozato & Ohana, dados não publicados). Os estudos estão em andamento e poderão exigir uma reavaliação futura da espécie.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

Justificativa A espécie Tamandua tetradactyla é comum, possui extensão de ocorrência ampla, e as ameaças detectadas não comprometem severamente a população brasileira, sendo, portanto, categorizada como Menos Preocupante (LC).

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Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Superina et al. 2010); Avaliações Estaduais: Minas Gerais: (Fundação Biodiversitas 2007): Não Ameaçada (LC); Rio Grande do Sul: Vulnerável (VU) (Marques et al. 2002); São Paulo: Pouco Preocupante (LC) (SMA 2009).

Descrição geral do táxon A espécie caracteriza-se pela cabeça alongada, côncava e estreita. Os ossos frontais e nasais alongados formam o rostro tubuliforme. A boca caracteriza-se por uma pequena abertura circular, apresentando língua longa, delgada e viscosa. Olhos pequenos e pretos. Orelhas elípticas, nuas ou com poucos pelos. Região nua ou com pelos brancos escassos ao redor dos olhos até as narinas pretas. A pelagem é curta ou longa, densa, com coloração amarela e, dorsalmente, apresentando duas listras pretas, de largura variável, que avançam, antero-

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posteriormente, da região da escápula até o primeiro terço da cauda, e, dorsoventralmente, das escápulas à região toráxica e da cauda à genitália e coxas, envolvendo o animal e lembrando um colete. Dependendo da região geográfica, esta coloração preta pode estar ausente (animais monocromáticos amarelos), parcialmente presente (animais “com colete”) ou totalmente presente no corpo dos animais (monocromáticos pretos ou ruivos). Apresenta cauda preênsil, nua na face ventral e com manchas pretas irregulares na extremi-

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dade. Os membros anteriores possuem musculatura muito desenvolvida e cada um apresenta quatro dígitos com garras recurvadas, sendo a garra do terceiro dedo a maior, porém proporcionalmente menor à equivalente do tamanduá bandeira Myrmecophaga tridactyla (Linnaeus 1758). Já o membro posterior apresenta cinco dígitos com garras menores e musculatura menos desenvolvida (Wetzel 1975, Nowak 1999). G.A.A. Xavier (comunicação pessoal) relatou um caso de albinismo na Ilha de Itamaracá (PE). Tamandua tetradactyla não apresenta dimorfismo sexual evidente de forma e tamanho. A genitália localiza-se internamente à cavidade abdominal (Rodrigues et al. 2008).

Redi et al. (2005) reportaram um cariótipo de 2n=54, enquanto que Pereira et al. (2004) de 2n=56, diferindo de outros resultados em três pares de cromossomos metacêntricos no Grupo I e nove pares de submetacêntricos no Grupo III. Este resultado foi obtido para um espécime proveniente do sudeste brasileiro, sugerindo a existência de uma segunda espécie ainda não descrita para o Brasil. São reconhecidas quatro subespécies, segundo Gardner (2007): Tamandua tetradactyla nigra (Geoffroy 1803), T. tetradactyla quichua Thomas, 1927, T. tetradactyla straminea (Cope 1889) e T. tetradactyla tetradactyla (Linnaeus 1758). Todas ocorrem em território brasileiro (Gardner 2007).

História de vida Biologia: Os mambiras possuem hábito escansorial. A atividade é predominantemente noturna (Montgomery 1985). Quando não estão ativos, os tamanduás mirins descansam em ocos de árvores, tocas de tatus (Rodrigues & Marinho Filho 2003, Trovati & Brito 2009), ou em outras cavidades naturais.

Tamandua tetradactyla (Teresa Anacleto)

A alimentação do tamanduá mirim é constituída geralmente de cupins e formigas (Emmons 1990). Podem se alimentar no chão ou nas árvores, e deste modo acessar cupinzeiros arbóreos não disponíveis ao tamanduá bandeira.

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Informações gerais Massa de adultos Fêmea Cerca de 7kg (Nowak 1999). Macho Comprimento total Fêmea É, geralmente, entre 47 e 77cm (Nowak 1999). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea De 40 a 68cm (Nowak 1999). Macho Altura da Orelha Fêmea

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4,94 ± 0,46cm (4,1 – 5,7cm) (Wetzel 1985). Macho Razão sexual

Não há informação.

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação da espécie é de 130 a 150 dias de acordo com Silveira citado em Medri et al. (2011), e de 130 a 190 dias (Hayssen et al. 1993 citado em Hayssen 2011).

Número de filhotes por gestação

O único filhote é carregado no dorso da mãe por tempo indeterminado ou é deixado em um ninho, enquanto a mãe se alimenta (Naples 2001 citado em Medri et al. 2011). Idade de maturação dos indivíduos.

Fêmea Não há informação. Macho

Longevidade

Tempo geracional

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Um espécime em cativeiro viveu nove anos e seis meses (Jones citado em Nowak 1999, p. 157). Esta espécie pode viver até 19 anos em cativeiro (AnAge).

O tempo geracional de Tamandua tetradactyla não foi calculado por falta de dados.

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Informações gerais (continuação) Sazonalidade reprodutiva

Não há informação. Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Os ectoparasitas encontrados para esta espécie incluem os carrapatos: Amblyomma cajennense, A. calcaratum, A. göldii, A. maculatum, A. nodosum e A. rotundatum (Miranda 2004); ácaros: Psoralges libertus; pulgas: Pulex irritans e Tunga bondari. Endoparasitas incluem os acanthocephalos: Gigantorhynchus echinodiscus e G. ungriai; “chiggers”: Rhinibius tamandua; “coccidians”: Cryptosporidium, Eimeria corticulata, E. marajoensis, e E. tamanduae; hemoflagelados: Leishmania amazonensis, L. braziliensis panamensis, Trypanosoma cruzi, T. legeri e T. rangeli; nematóides: Aspidodera lacombeae, Bradypostrongylus panamensis, B. inflatus, Filicapitis longicollis, Graphidiops major, G. ruschii, Caenostrongylus splendidus, Fontesia fontesi, F. secunda, Graphidiops costalimai, e G. inaequalis; e protozoários: Trichomonas aragaoi. Ascaris ocorrem em suas fezes (Hayssen 2011).

Distribuição geográfica Tamandua tetradactyla é endêmica da América cisandina, sendo registrada em todos os países da região (Wetzel 1982, 1985, Nowak 1999). No Brasil a espécie ocorre em todos os biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012) e em todos os estados da federação; entretanto, J.A.B. Ohana (dados não publicados), baseado em material depositado em coleções científicas, aponta que existam lacunas de coleta para Rondônia, noroeste do estado

do Amazonas, interflúvios Tapajós-Madeira, nas regiões abrangidas pelos biomas Caatinga, Pantanal e Cerrado. Não há indicações da redução da distribuição atual do táxon em relação à área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica. A espécie ocorre em uma área estimada de 6.830.986,31km2* do território brasileiro, e a área de ocupação deve ser maior que que 2.000km², porém não existem estudos suficientes para comprovar essa suspeita.

População Tamandua tetradactyla é considerada relativamente comum por diversos autores (ver Hayssen 2011). A densidade da espécie no Pantanal central, por exemplo, foi de 0,12 indivíduos/km2 para área de planície alagada, 0,41 indivíduos/km2 para mata e 0,39 indivíduos/km2 para o cerrado (Desbiez et al. 2010). A tendência populacional é desconhecida, porém é provável que no estado do Rio Grande do Sul suas populações venham diminuindo nos últimos anos. São necessários estudos que quantifiquem o declínio populacional do tamanduá-mirim naquela região (Marques et al. 2002). Foi relatada extinção

local no Chaco paraguaio, causada por pressão de caça (Smith 2007). Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. Características particulares de populações fronteiriças no norte do Brasil podem depender do fluxo gênico com populações que habitam outros países, considerando as variações de coloração da pelagem registradas exclusivamente naquela região (J.A.B. Ohana, dados não publicados). Existem evidências de aumento nos níveis

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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de ameaça fora do Brasil. No Uruguai T. tetradactyla é afetada por perda de hábitat devido ao aumento nas plantações de eucalipto (A. Fallabrino, comunicação pessoal citado em Superina et al. 2010). Foi relatado caso de extinção local por atividades hu-

manas no leste do Paraguai (Smith 2007). Não existem estudos que comprovem um possível declínio da população do Brasil devido a modificações ocorridas em populações estrangeiras.

Hábitat e ecologia O tamanduá-mirim pode utilizar ambientes savânicos ou florestais, incluindo matas de galeria adjacentes a savanas e floresta tropical (Eisenberg 1989). A espécie pode também ser encontrada em mangues (F.R. Miranda, comunicação pessoal citado em Superina et al. 2010). O uso do hábitat está estritamente relacionado à temperatura ambiente (Rodrigues et al. 2008). A área de vida média registrada para esta espécie nos Llanos da Venezuela é de 380ha (Mon-

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tgomery & Lubin 1977) e a média da distância percorrida diária é de 3km (Montgomery & Lubin 1977, Montgomery 1985). Na Serra da Mesa, Goiás, a área de vida média de indivíduos translocados é de 100ha, entretanto o período de monitoramento foi curto e pode não representar o valor real da área de vida dos indivíduos estudados (Rodrigues & Marinho Filho 2001, Rodrigues et al. 2008). Em uma região de Cerrado no Tocantins, a área de vida de uma fêmea translocada é de 106ha (Trovati & Brito 2009).

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Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon são perda de hábitat causada por incêndio, conversão de terra para atividade agrária, predação por espécie exótica, desmatamento, aumento da matriz rodoviária e caça. Em algumas partes da sua distribuição é caçado para o consumo e utilizado como espécie de estimação (Aguiar & Fonseca 2008, Noss et al. 2008). Segundo Fonseca et al. (2003), o tamanduá-mirim tem como principais ameaças no estado do

Rio Grande do Sul a expansão da agricultura, incêndios, ataques por cães domésticos e atropelamentos rodoviários. Segundo Corrêa & Vilella (2009), de 98 tamanduás-mirins registrados em 63 localidades do Rio Grande do Sul, 59 estavam mortos, sendo 49% por atropelamentos (também fruto da fragmentação de hábitat), 24.6% por atividades de caça e o restante por outros fatores, como o impacto de barragens e doenças.

Presença em áreas protegidas Amplamente distribuído pelo país, este tamanduá, no Acre, ocorre no Parque Nacional Serra do Divisor; no Amazonas: Parque Nacional do Jaú, Floresta Nacional do Purus, Estação Ecológica Juami-Japurá e Reserva Biológica Adolpho Ducke; no Amapá: Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque; na Bahia: Reserva Biológica de Una, Parque Estadual Lages e Monumento Natural Cachoeira do Ferro Doido; no Ceará: Floresta Nacional Araripe-Apodi e Parque Nacional de Ubajara; no Espírito Santo: Estação Biológica de Santa Lúcia; em Goiás: Parque Nacional das Emas e Área de Proteção Ambiental do Encantado; no Distrito Federal: “Reserva Ecológica” do IBGE/RECOR, Área de Proteção Ambiental Gama/ Cabeçade-Veado e Parque Nacional de Brasília; no Maranhão: Reserva Biológica do Gurupi; em Minas Gerais: Parques Estaduais do Rio Doce, do Biribiri ,Veredas do Peruaçu e do Rio Preto, Parque Nacional Serra do Cipó, Estações Ecológicas do Panga e Fechos; no Mato Grosso: Parques Nacionais da Chapada dos Guimarães e do Juruena, Parque Municipal Mário Viana, Estação Ecológica Serra das Araras, Parque Estadual do Cristalino; em Mato Grosso do Sul: Parques Nacionais Serra da Bodoquena e Ilha Grande; no Pará: Florestas Nacionais Saracá-Taquera, Trairão e do Tapajós, Reservas Biológicas do rio Trombetas (F.R. Miranda, dados não publicados) e Nascentes

do Cachimbo, Estação Ecológica Juami-Japurá (F.R. Miranda, dados não publicados), Parques Nacionais da Amazônia e do Jamanxim, Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, Parque Estadual Monte Alegre; em Pernambuco e Ceará: Floresta Nacional Araripe-Apodi; no Piauí: Estação Ecológica Uruçuí-Una, Parques Nacionais Serra das Confusões e Serra da Capivara; no Paraná: Parque Nacional Ilha Grande, Parques Estaduais do Cerrado e do Rio Guarani; no Rio de Janeiro: Reservas Biológicas Araras, Poço das Antas e do Tinguá, Parque Nacional Serra dos Órgãos e Reserva Particular do Patrimônio Natural do Rio das Pedras; em Roraima: Parque Nacional do Viruá e Estação Ecológica de Maracá, no Rio Grande do Sul: Floresta Nacional de São Francisco de Paula, Parque Nacional dos Aparados da Serra, Parques Estaduais Itapuã e do Turvo; em Santa Catarina: Parque Estadual Serra do Tabuleiro, Unidade de Conservação da UHE Campos Novos, Parque Nacional das Araucárias e Floresta Nacional de Três Barras; em São Paulo: Estação Ecológica de Jataí e Parque Estadual do Morro do Diabo; no Tocantins: Área de Proteção Ambiental Lago de Palmas, Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e Parque Nacional do Araguaia. Ainda é citado para as Terras Indígenas (TI) Xavantes do Rio das Mortes - Vila Xavante Etenhiritipá e TI Parabubure, MT, e TI Aldeia Condá, SC.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Pesquisas Necessárias: São necessários estudos de ecologia e dinâmica de suas populações em diferentes porções de sua distribuição. No Brasil existe a necessidade de es-

tudo taxonômico, incluindo caracterização genética, assim como levantamento de sua área de ocorrência atual.

Existentes: Levantamento de enfermidades em tamanduás–mirins no Pantanal Sul Mato-grossense – Flávia Miranda; Estudo genético das populações de tamanduás-mirins no Brasil – Camila L. Clozato; Analise morfológica dos tamanduás mirins cisandinos – J. Abílio

B. Ohana; Área de vida e uso de espaço de tamanduá-mirim no Pantanal Sul Matogrossense – Talita Vieira Braga; Ocorrência e distribuição de tamanduá-mirim no Rio Grande do Sul – Theris/Tamanduás.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação:

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Instituto de Pesquisa e Conservação de tamanduás no Brasil - Projeto Tamanduá (Coordenadora F.R. Miranda); Talita Guimarães (mestranda no Programa de pós-graduação de Ecologia e Conservação da UFMS, orientador Guilherme Miranda Mourão); Mariana Faria-Corrêa (projeto Theris/Tamanduás do

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RS); José Abílio Barros Ohana (revisão dos tamanduás mirins cisandinos); Camila Lara Clozato (doutoranda no programa de pós-graduação em Genética da Universidade de São Paulo, orientador João Morgante/ co-orientadora Nádia Barros. Estudos filogeográficos sobre os tamanduás-mirins-sulamericanos).

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Referências Bibliográficas Aguiar, J.M. & Fonseca, G.A.B. 2008. Conservation status of the Xenarthra. Pp. 215–231. In: Vizcaíno, S.F. & Loughry, W.J. (eds.). The Biology of the Xenarthra. University Press of Florida. 370p. Cope, E.D. 1889. On the Mammalia obtained by the Naturalists Exploring Expedition to southern Brazil. The American Naturalist, 23 (266): 128-150. Corrêa, M.F. & Vilella, F.S. 2009. Projeto Tamanduás do Rio Grande do Sul. http://www.theris.org.br/projetos/ tamanduas/tamandua.htm. (Acesso em 16/12/2011). Desbiez, A.L.J.; Bodmer, R.E. & Tomas, W.M. 2010. Mammalian densities in a Neotropical Wetland subject to extreme climatic events. Biotropica, 42(3): 372-378. Eisenberg, J.F. 1989. Mammals of the Neotropics. The Northern Neotropics: Panama, Colombia, Venezuela, Guyana, Suriname, French Guiana. vol.1. The University of Chicago Press. 550p. Emmons, L.H. 1990. Neotropical Rainforest Mammals. A Field Guide. 1. ed. University of Chicago Press, Chicago. 281p. Fonseca, G.A.B.; Herrmann, G.; Leite, Y.L.R.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A.B. & Patton, J.L. 1996. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occasional Papers in Conservation Biology, 4: 1-38. Fundação Biodiversitas. 2007. Revisão das listas das espécies da Flora e da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado de Minas Gerais (Resultados: Lista Vermelha da Fauna de Minas Gerais). http://www.biodiversitas.org. br/listasmg/RelatorioListasmg_Vol3.pdf. (Acesso em 16/11/2011). Gardner, A.L. 2007. Magnorder Xenarthra. Pp. 127–177. In: Gardner, A.L. (ed.). Mammals of South America: Marsupials, Xenarthrans, Shrews, and Bats. The University of Chicago Press. 690p. Geoffroy St.-Hilaire, E. 1803. Catalogue des mammifères du Muséum National d`Histoire Naturelle. Paris. Hayssen, V. 2011. Tamandua tetradactyla (Pilosa: Myrmecophagidae). Mammalian Species, 43(1): 6474. Marques, A.A.B.; Fontana, C.S.; Vélez, E.; Bencke, G.A.; Schneider, M. & Reis, R.E. 2002. Lista de Referência da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Decreto nº 41.672, de 10 de junho de 2002. FZB/MCT-PUCRS/PANGEA, Porto Alegre. 52p. Medri. Í.M.; Mourão, G.M. & Rodrigues, F.H.G. 2011. Ordem Pilosa. Pp. 91-106. In: Reis, N.R.; Peracchi, A.L.; Pedro, W.A. & Lima, I.P. (eds.). Mamíferos do Brasil. 2 ed. Londrina. 439p. Miranda, G.H.B. 2004. Ecologia e conservação do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) no Parque Nacional das Emas. Tese (Doutorado em Ecologia). Universidade de Brasília, Brasília. 73p. Montgomery, G.G. 1985. Movements, foraging and food habits of the four extant species of Neotropical Vermilinguas (Mammalia: Myrmecophagidae). Pp. 365-377. In: Montgomery, G.G. (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press, Washington and London. 451p. Montgomery, G.G. & Lubin, Y.D. 1977. Prey influencis on movements of neotropical anteaters. Pp. 103-131. In: Philips, R.L. & Jonkel, C. (eds.). Proceedings of the 1975 predator symposium. University of Montana, Missoula. Noss, A.J.; Cuéllar, R.L. & Cuéllar, E. 2008. Exploitation of xenarthrans by the Guarani-Isoseño indigenous people of the Bolivian Chaco: comparisons with hunting by other indigenous groups in Latin America, and implications for conservation. Pp. 244–254. In: Vizcaíno, S.F. & Loughry, W.J. (eds.), The Biology of the Xenarthra. University Press of Florida, Gainesville. 370p. Nowak, R.M. 1999. Walker’s Mammals of the World. v. 1. 6. ed. The Johns Hopkins University Press, Baltimore

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

and London. 836p. Paglia, A.P.; Fonseca, G.A.B. da; Rylands, A.B.; Herrmann, G.; Aguiar, L.M.S.; Chiarello, A.G.; Leite, Y.L.R; Costa, L.P.; Siciliano, S.; Kierulff, M.C.M.; Mendes, S.L.; Tavares, V. C.; Mittermeier, R.E. & Patton, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. 2ª Edição. Occasional Papers in Conservation Biology, 6: 1-76. Pereira, H.R.J.; Jorge, W. & da Costa, M.E.L.T. 2004. Chromosome study of anteaters (Myrmecophagidae/Xenarthra) – Preliminary report. Genetics and Molecular Biology, 27(3): 391-94. Redi, C.A, Zacharias H.; Merani, S.; Oliveira-Miranda, M.; Aguilera M.; Zuccotti M., Garagna, S. & Capanna, E. 2005. Genome sizes in Afrotheria, Xenarthra, Euarchontoglires and Laurasiatheria. Journal of Heredity, 96: 485-493. Rodrigues, F.H.G. & Marinho Filho, J.S. 2003. Diurnal Rest Sites of Translocated Lesser Anteaters (Tamandua tetradactyla) in the Cerrado of Brazil. Edentata. 5: 44-46. Rodrigues, F.H.G; Medri, Í.M.; Miranda, G.H.B.; Camilo-Alves, C. & Mourão, G. 2008. Anteater Behavior and Ecology. Pp. 257-268. In: Vizcaíno, S.F. & Loughry, W.J. (eds.). The Biology of the Xenarthra. University Press of Florida, Gainesville. 370p. SMA (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo). 2009. Anexo 5: Lista de Mamíferos do Estado de São Paulo. Pp. 599-606. In: Bressan, P.M.; Kierulff, M.C.M. & Sugieda, A.M.. Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. Fundação Parque Zoológico de São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo. 648p. Smith, P. 2007. Southern Tamandua Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758). Handbook of the Mammals of Paraguay. Número 3. http://www. faunaparaguay.com. (Acesso em 06/12/2011). 116

Superina, M.; Miranda, F.R. & Abba, A.M. 2010. The 2009/2010 Anteater Red List Assessment. Edentata, 11 (2): 96-114. Trovati, R.G. & Brito, B.A. 2009. Nota sobre deslocamento e área de uso de tamanduá-mirim ( Tamandua tetradactyla) translocado no Cerrado brasileiro. Neotropical Biology and Conservation, 4(3): 144-149. Turner Jr., H.N. 1853. On the arrangement of the edentate Mammalia. Proceedings of Zoological Society of London, 1851: 205-21. Wetzel, R.M. 1975. The species of Tamandua Gray (Edentata, Myrmecophagidae). Proceedings of the Society of Washington, (88): 11. Wetzel, R.M. 1982. Systematics, distribution, ecology, and conservation of South American edentates. Pp. 345– 375. In: Mares, M.H. & Genoways, H.H. (eds.). Mammalian Biology in South America. Special Publication Series of the Pymatuning Laboratory of Ecology, University of Pittsburgh. 539p. Wetzel, R.M. 1985. The identification and distribution of recent Xenarthra (=Edentata). Pp. 5-21. In: Montgomery, G.G. (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press. 451p.

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Fábio Röhe, Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Cabassous chacoensis (Thomas & Sabine Vinke)

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Avaliação do Risco de Extinção de Cabassous chacoensis Wetzel, 1980 no Brasil Teresa Cristina da Silveira Anacleto1, Adriano Garcia Chiarello2, Flávia Regina Miranda3, Guilherme de Miranda Mourão4

Resumo Cabassous chacoensis é a menor das quatro espécies do gênero e foi descrita por Wetzel, em 1980. É endêmica da região do Gran Chaco que compreende a Argentina, o Paraguai, a Bolívia e a fronteira com o Brasil, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O único registro indicando ser procedente do Brasil é de 1904, posteriormente esse registro foi identificado como Cabassous unicinctus. Devido a ausência de registro em território brasileiro, Cabassous chacoensis ficou na categoria Não Aplicável para uma avaliação regional do estado de conservação pelos critérios IUCN para o Brasil.

Ordem

Cingulata

Família

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – tatu-de-rabo-mole Inglês – chacoan naked-tailed armadillo (Wetzel 1982) Espanhol – cabasú chico, tatu de rabo molle (Canevari & Vaccaro 2007) e cabasú chaqueño (Nellar et al. 2008).

Sinonímia/s Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Não Aplicável (NA)

1. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 2. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 3. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 4. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal.

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Justificativa Cabassous chacoensis está distribuída pelo chaco em países vizinhos, mas conhecida para o Brasil por apenas um registro de 1904 sem procedência, que teve sua identificação corrigida em 2008 para Cabassous unicinctus. Sendo assim, a espécie Cabassous chacoensis foi considerada Não Aplicável (NA) para uma avaliação regional do estado de conservação pelos critérios IUCN para o Brasil.

Avaliação nacional anterior Dados Insuficientes (DD) (Biodiversitas 2005, Machado et al. 2008).

Razão para alteração de categoria atual Novas informações disponíveis.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Quase ameaçada (NT) (Abba & Superina 2010).

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Cabassous chacoensis (Thomas & Sabine Vinke)

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

Descrição geral do táxon Cabassous chacoensis foi descrita por Wetzel, em 1980, e pertence a subfamília Tolypeutinae (McKenna & Bell 1997). É a menor espécie do gênero, possui focinho curto e largo, olhos pequenos, cabeça com uma média de 38,7 escudos cefálicos (de 34 a 42), carapaça com 12 cintas móveis, cinco dedos em ambos os membros posteriores e anteriores, mas somente os anteriores com garras longas, a cauda

possui somente alguns escudos espaçados (Wetzel 1980). As orelhas são as menores do gênero em largura e comprimento e possuem expansões carnosas nas bordas anteriores (Wetzel 1985). A carapaça varia de marrom a marrom–escuro com as bordas um pouco amareladas, o ventre é acinzentado e com poucos pêlos (Smith 2008).

História de vida Biologia: Possui hábito solitário, altamente fossorial e raramente é observada. Durante contenção física, o macho emite um grunhido em protesto,

enquanto a fêmea nesta mesma situação permanece silenciosa (Canevari & Vaccaro 2007).

Informações gerais Massa de adultos Fêmea Não há informação. Macho Comprimento total Fêmea 30,3cm (30,0-30,6cm) (Wetzel 1980). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea 9,3cm (9,0-9,6) ) (Wetzel 1980). Macho Altura da Orelha Fêmea 1,45cm (1,4 -1,5cm) (Wetzel 1980). Macho Razão sexual Sistema de acasalamento Intervalo entre nascimentos

Não há informação. Não há informação. Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

Não há informação.

Número de filhotes por gestação

Nasce um filhote por gestação (Adamoli et al. 2001, Canevari & Vaccaro 2007).

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Informações gerais (continuação) Idade de maturação dos indivíduos. Fêmea Macho Longevidade Tempo geracional Sazonalidade reprodutiva Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Não há informação.

Não há informação. Não há informação. Não há informação. Não há informação.

Distribuição geográfica A ocorrência da espécie em território brasileiro é incerta. Cabassous chacoensis ocorre na região do Gran Chaco, do noroeste da Argentina, oeste do Paraguai e sudeste da Bolívia até as áreas adjacentes do estado de Mato Grosso do Sul, Brasil (Wet-

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zel 1980). Não há registros dessa espécie na Bolívia (Fonseca & Aguiar 2004). No Brasil, o único registro de ocorrência estava em um crânio (MACN4388), procedente do Jardim Zoológico de Buenos Aires (Argentina), com etiqueta mencionando “Brasil”

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

(Wetzel 1980). Este mesmo autor considerou o registro duvidoso, já que os demais exemplares por ele examinados, procedentes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul eram C. unicinctus squamicaudis. Posteriormente, o crânio MACN 4388 foi identificado como C. unicinctus por Abba & Vizcaíno (2008).

No Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai, predomina a vegetação do Chaco paraguaio; sendo possível que o táxon ocorra nessa área e a ausência de registros se deve à falta de pesquisa na região. Entretanto, até o momento, não existe registro de Cabassous chacoensis em território brasileiro.

Extensão de ocorrência: Não aplicável para o Brasil. Globalmente, em torno de 438.000km2 (Abba & Superina 2010).

Área de ocupação: Não aplicável para o Brasil.

População Não há informações populacionais para o território brasileiro. A tendência populacional é desconhecida.

Hábitat e ecologia Cabassous chacoensis habita o Gran Chaco e é endêmica de ambientes secos (xéricos), um registro ocorreu em área de floresta espinhosa mesclada com gramíneas (Smith 2008). Outros dois registros foram feitos durante trabalhos de campo ao longo de

20 anos, no Chaco paraguaio central, em área de floresta aberta com arbustos espinhosos (Meritt 2008). Não há informações se o táxon é restrito a hábitats primários, nem sobre sua área de vida. 123

Ameaças e usos Não aplicável, uma vez que a espécie não ocorria em território brasileiro.

Ações de conservação A presença de Cabassous chacoensis no Brasil ainda é incerta, o que leva a uma ausência de informa-

ções essenciais para se traçar qualquer ação de conservação.

Presença em áreas protegidas Não há informações, pois sua presença é incerta no território brasileiro.

Pesquisas Necessárias: Realizar excursões a campo em busca de visualizações ou vestígios no Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai, visando reunir dados incon-

testáveis sobre a presença dessa espécie em território brasileiro.

Existentes: Não há pesquisas em andamento no Brasil. Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação:

No Brasil não há especialistas ou núcleos de conservação.

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Referências Bibliográficas Abba, A.M. & Superina, M. 2010. The 2009/2010 Armadillo Red List Assessment. Edentata, 11(2): 135-184. Abba, A.M. & Vizcaíno, S.F. 2008. Los xenartros (Mammalia: Xenarthra) del Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia y del Museo de La Plata (Argentina). Contribuciones del MACN, 4: 5-37. Adamoli, V.C.; Cetica, P.D.; Merani, M.S. & Solari, A.J. 2001. Comparative Morphologic Placental Types in Dasypodidae (Chaetophractus villosus, Cabassous chacoensis, Tolypeutes matacus and Dasypus hybridus). Biocell, 25: 17-22. Biodiversitas. 2005. Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção: incluindo as espécies quase ameaçadas e deficientes em dados. Machado, A.B.M.; Martins, C.S. & Drummond, G.M. (eds.). Fundação Biodiversitas. 160p. Canevari, M. & Vaccaro, O. 2007. Guía de Mamíferos del Sur de América del Sur. Literature of Latin America LOLA, Buenos Aires. 424p. McKenna, M.C. & Bell, S.K. 1997. Classification of Mammals Above the Species Level. Columbia University Press, New York. 631p. Machado, A.B.M.; Drummond, G.M. & Paglia, A.P. 2008. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Vol. 2. Ministério do Meio Ambiente e Fundação Biodiversitas, Brasília e Belo Horizonte. 1420p. Merrit Jr., D.A. 2008. Xenarthrans of the Paraguayan Chaco. Pp. 294-299. In: Vizcaíno, S.F. & Loughry, W.J. (eds.). The Biology of the Xenarthra. University Press of Florida, Gainesville. 370p. 124

Nellar, M.M.; Chebez, J.C. & Nigro, N.A. 2008. Hallazgo del Cabasú Chaqueño, Cabassous chacoensis Wetzel 1980 en la Provincia de San Luis y Datos Sobre su Distribución. Notulas Faunisticas, 25: 1-4. Smith, P. 2008. Chaco Naked-Tailed Armadillo Cabassous chacoensis Wetzel, 1980. Handbook of the Mammals of Paraguay. Number 25. http://www. faunaparaguay.com. (Acesso em 06/12/2011). Wetzel, R. 1980. Revision of the naked-tailed armadillos, genus Cabassous McMurtrie. Annals of Carnegie Museum, 49: 323–357. Wetzel, R.M. 1982. Systematics, distribution, ecology and conservation of South American edentates. Pp. 345375. In: Mares, M. A. & Genoways, H. (eds.). Mammalian biology in South America. Special Publication Series, Pymatuning Laboratory of Ecology, University of Pittsburgh, Pittsburgh. 539p. Wetzel, R.M. 1985. Taxonomy and distribution of armadillos, Dasypodidae. Pp. 23-48. In: Montgomery, G.G. (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press, Washington. 451p.

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Ficha Técnica Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F. M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena F. M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Cabassous tatouay (Fábio Ubaid)

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Avaliação do Risco de Extinção de Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) no Brasil Teresa Cristina da Silveira Anacleto1, Adriano Garcia Chiarello2, Kena Ferrari Moreira da Silva3, Guilherme de Miranda Mourão4, Sergio Maia Vaz5 Resumo Cabassous tatouay é a maior espécie do gênero. Possui ampla distribuição geográfica, que abrange Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil, onde ocorre nos biomas: Mata Atlântica, Cerrado, Pampa e Caatinga. Há muitas incertezas com relação a exata distribuição dessa espécie e é possível que muitos espécimes (principalmente registros históricos) tenham identificação equivocada. Como Cabassous tatouay ocorre nas regiões com as maiores áreas antropizadas do país, é provável que a sua distribuição atual seja bem menor em relação à sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica. Entre os fatores que ameaçam essa espécie, como o aumento da matriz rodoviária e a caça, o mais preocupante é a falta de informações científicas, o que dificulta uma avaliação mais precisa sobre o status de conservação e, por isso, encontra-se atualmente na categoria Dados Deficientes.

Ordem

Cingulata

Família

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – tatu-de-rabo-mole-grande Inglês – greater naked-tailed armadillo (Redford & Eisenberg 1992) Espanhol - cabasú de orejas largas (Abba & Superina 2010), tatú de rabo molle (González 2001), armadillo de cola pelada grande (Esquivel 2001)

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Dados Insuficientes (DD)

1. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 2. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 3. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. 4. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal. 5. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ.

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Justificativa Considerando a perda ocorrida e contínua do Cerrado, 49,1% nos últimos 50 anos, e a perda de 88% da Mata Atlântica, biomas que compõem praticamente toda a área de distribuição da espécie e, somada ao desconhecimento sobre o grau de tolerância à degradação ambiental pela espécie, Cabassous tatouay foi considerada Dados Insuficientes (DD).

Avaliação nacional anterior Dados Insuficientes (DD) (Biodiversitas 2005, Machado et al. 2008).

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Abba & Superina 2010). Avaliação Estadual: Espírito Santo - Dados Deficientes (DD) (Passamani & Mendes 2007); Rio de Janeiro - Presumivelmente Ameaçada (PA) (Bergallo et al. 2000); São Paulo - Dados Deficientes (DD) (SEMA 2009); Minas Gerais - Quase Ameaçada (NT) (Biodiversitas 2005); Paraná - Dados Deficientes (DD) (Mikich & Bérnils 2004); Rio Grande do Sul - Dados Insuficentes (DD) (Fontana et al. 2003).

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Cabassous tatouay (Fábio Ubaid)

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Descrição geral do táxon Cabassous tatouay é a maior espécie do gênero (Wetzel 1980). A carapaça possui de 10 a 13 cintas móveis e a cauda tem poucos escudos dérmicos, o que é uma característica desse gênero (Nowak 1999). Possui cinco dedos, nos membros anteriores as unhas são grandes e falciformes, a do meio é a maior (Nowak 1999). C. tatouay pode ser distinguido de C. unicinctus pelos escudos cefálicos, a disposição

em C. tatouay é simétrica (organizada) e em C. unicinctus é irregular (Cabrera 1958) e a quantidade em C. tatouay é menor (menos que 50 escudos) enquanto C. unicinctus possui mais de 50 escudos (Wetzel 1985a). Outra diferença está nas orelhas, C. tatouay tem orelhas grandes que se extendem acima do topo da cabeça e apresentam um aspecto granular em sua superfície externa (Wetzel 1985b).

História de vida Biologia: Esta espécie é considerada fossorial, como as demais do gênero, e de difícil visualização (Eisenberg & Redford 1999). Apresenta período de atividade principalmente noturno (Merrit 1985), mas pode ter atividade diurna (Encarnação 1987). Alimenta-se principalmente de cupins e formigas, podendo forragear tanto na superfície como

no subsolo (Redford 1985). Um espécime que foi acompanhado por 25 dias não retornou às tocas previamente utilizadas, com mudanças diárias de toca (Encarnação 1987). As tocas têm o formato oblongo com largura maior que altura (Carter & Encarnação 1983).

Informações gerais

129 Massa de adultos

Fêmea Varia de 4,8 a 6,2kg (Wetzel 1980, 1985b). Macho Comprimento total Fêmea 45,7 ± 3,3cm (Wetzel 1985b). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea 17,9 ± 1,9cm (Wetzel 1985b). Macho Altura da Orelha Fêmea 4,17cm (4,0-4,4cm) (Wetzel 1980). Macho Razão sexual Sistema de acasalamento

Não há informação. Não há informação.

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Informações gerais (continuação) Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

Não há informação.

Número de filhotes por gestação

Os Cabassous geram um filhote por gestação (Eisenberg & Redford 1999). Idade de maturação dos indivíduos.

Fêmea Não há informação. Macho Longevidade

Não há informação.

Tempo geracional

O tempo geracional não foi calculado por falta de dados.

Sazonalidade reprodutiva

Não há informação. Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon Não há informação.

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Distribuição geográfica Cabassous tatouay ocorre no nordeste do Uruguai, nordeste da Argentina e sudeste do Paraguai (Wetzel 1980, 1985a, 1985b). Registros da Província de Buenos Aires (como indicado por Wetzel et al. 2007) são considerados errôneos por Abba & Vizcaíno (2008). No Brasil a distribuição é ampla e abrange os biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Pampa (Paglia et al. 2012). Embora Paglia et al. (2012) inclua o Pantanal, não há registros nesse bioma. Na Amazônia há três registros procedentes do Pará (dois exemplares do Museu Britânico e um do Museu de Berna), que foram examinados por Wetzel (1980), entretanto, não há dados da exata localização. Os limites da distribuição geográfica no Brasil ainda são incertos, mas segundo Wetzel (1980) e Wetzel et al. (2007), esta espécie limita-se ao norte pelo sul do Pará (com dúvida), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina até o sul do Rio Grande do Sul. A Mata Atlântica nordestina foi indicada como área de ocorrência

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potencial de C. tatouay (Anacleto et al. 2006). Dois estudos realizados na Bahia indicam a ocorrência no nordeste, um na Caatinga, na Chapada Diamantina (Pereira & Geise 2009), onde há remanescentes de Cerrado e Mata Atlântica (Juncá et al. 2005); o outro na Mata Atlântica, no Complexo de Reservas Particulares do Patrimônio Natural Serra Bonita (Ribeiro et al. 2014). As dúvidas sobre a distribuição desta espécie se deve à sobreposição e à semelhança morfológica com as outras espécies de Cabassous. É possível que muitos espécimes (principalmente registros históricos) tenham identificação equivocada. A ocorrência no sul do Pará é mencionada por Wetzel et al. (2007) e foi considerada duvidosa no mapa. Segundo Oliveira et al. (2004), o tatu-de-rabo-mole (Cabassous sp.) estaria representado em pelo menos 108 municípios brasileiros. Na revisão de Wetzel (1980), baseada nas amostras de 34 coleções incluindo as maiores brasileiras, não foi relacionado sequer um indivíduo para a Caatinga. Além da

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ocorrência registrada na Chapara Diamantina (Pereira & Geise 2009), a outra foi no Parque Nacional Serra da Capivara mas sem material comprovativo (Olmos 1995). Alguns autores consideravam C. unicinctus como a única espécie presente no nordeste (Cabrera 1958, Wetzel 1980, Guerra 1981, Wetzel et al. 2007). No entanto, há cinco espécimes depositados nas coleções científicas das Universidades Federais de Pernambuco e da Paraíba, os quais foram examinados e teriam sido identificados como C. tatouay (Feijó & Langguth 2013). Estes espécimes são do interior do Ceará (Crato - UFPE 1288 e Barbalha - UFPE 462), de Pernambuco (Sertânia - UFPE 839) e da Paraíba (Cruz do Espírito Santo - UFPB 7613 e Rio Tinto - UFPB6449). As localidades do interior de Ceará e Pernambuco estão associadas às matas de regiões elevadas (brejos de altitude), como a Floresta Nacional do Araripe, a região de Arejara e a Serra do Jabitacá. Na Paraíba a região é de Mata Atlântica. Outros registros obtidos

através de entrevistas e, portanto, com menor grau de confiança foram para os municípios de Caucaia, Várzea Alegre e Cratéus, no Ceará (Silva 2012). Oliveira et al. (2003) citam ocorrência em Cacimbinha, Alagoas, mas não existe material testemunho que confirme esse registro (Feijó & Langguth 2013). Pelo histórico confuso dos limites de distribuição geográfica de C. tatouay é preciso investir em pesquisas de campo para confirmar a ocorrência atual no nordeste brasileiro e assim ampliar a sua extensão de ocorrência. Na última década, os registros de C. tatouay ocorreram em: Minas Gerais (Melo et al. 2005, Leal et al. 2008), Espírito Santo (Chiarello 2000, Moreira et al. 2008), Goiás (Sanderson & Silveira 2003), Mato Grosso (Anacleto et al. 2005), Paraná (Peraccchi et al. 2002, Rocha-Mendes et al. 2005, Dias & Mikich 2006), Rio de Janeiro (Rocha et al. 2004, Modesto et al. 2008), Rio Grande do Sul (Cherem 2005, Oliveira

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2006) e Santa Catarina (Graipel et al. 2001, Cherem et al. 2004, Mazzolli 2006, Castilho 2008) e São Paulo, em três municípios (Ubaid et al. 2010). Muitos desses registros são de regiões bem desenvolvidas e C.

tatouay tem a distribuição sobreposta às áreas mais antropizadas do país, sendo provável que a sua distribuição atual esteja retraída em relação a sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica.

Extensão de ocorrência: 1.415.844,83km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População Não há informações sobre a abundância de indivíduos. Cabassous tatouay raramente é visto, os registros se baseiam em dados de armadilhamento fotográfico, técnica relativamente eficiente na sua detecção e dados de coleções científicas. Não há informações disponíveis para a real causa de sua raridade, mas provavelmente é uma soma de fatores como, por exemplo, o hábito fossorial aliado a uma baixa densidade natural, ou mesmo pelo desaparecimento da espécie em áreas ampla132

mente degradadas. Não há dados para confirmar se as populações estão fragmentadas, mas é possível que as populações da Mata Atlântica e do Cerrado estejam se tornando isoladas. A tendência populacional é desconhecida. Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais.

Hábitat e ecologia Cabassous tatouay não é restrito a hábitats primários, habitando áreas de floresta primária e hábitats secundários, desaparecendo de locais amplamente degradados ou com atividades agrícolas (Fonseca & Aguiar 2004). Já foi registrado em áreas de florestas (Esquivel 2001, Smith 2008) e de cerrado (Esquivel 2001, Wetzel et al. 2007). No Brasil ocorre nos biomas Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Campos Sulinos, neste último é menos comum (Fonseca et al. 1996, Anacleto et al. 2006). De fato, no Rio Grande do Sul, os poucos registros de ocorrência predominam na subre-

gião Chaquenã (Morrone 2001), tanto em áreas abertas (restinga e campos) como nas florestadas (Floresta Estacional Decidual e Floresta Ombrófila Mista) (Anacleto 2013). Em Indiara, município ao sul de Goiás, foi capturado um indivíduo adulto de C. tatouay em um fragmento de mata seca (Floresta Estacional Decidual) sob influência de pastagem e presença de gado (N. Attias, comunicação pessoal). Em São Paulo foi registrado em área de grandes mosaicos de vegetação nativa de Cerrado e Floresta Estacional Semidecidual com plantios de Pinus spp. e Eucaliptus spp. (Ubaid et al. 2010)

Ameaças e usos Grande parte da área de distribuição de C. tatouay encontra-se em situação acelerada de perda de hábitat, sendo Cerrado, 49,1% nos últimos 50 anos,

e Mata Atlântica, 88% (IBGE 2012). Dessa forma, as principais ameaças identificadas são a modificação do ambiente natural em áreas destinadas à agropecuária,

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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o aumento da matriz rodoviária e a caça. No Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná, as principais ameaças são a destruição de hábitat, o fogo e a perseguição (Mikich & Bérnils

2004). Segundo estes autores, a espécie é bastante perseguida em áreas cultivadas devido ao dano causado pela escavação de suas tocas.

Ações de conservação Necessárias: Com exceção das listas estaduais de Minas Gerais (classificada como Quase Ameaçada - QA) e do Rio de Janeiro (como Presumivelmente Ameaçada - PA), C. tatouay está na categoria Dados Deficientes (DD) em todas as outras listas estaduais (Fontana et al. 2003, Mikich & Bérnils 2004, Passamani & Mendes 2007, SEMA 2009) e a nacional (Biodiversitas 2005, Machado et al. 2008). Isso significa que, segundo os critérios

da IUCN (2001), Cabassous tatouay necessita de mais informações, principalmente de abundância e distribuição, para que seu status seja corretamente avaliado e que ações de conservação sejam tomadas. Esta espécie está listada no Apêndice III da CITES (2011) exclusivamente para o Uruguai. Na região dos Pampas foi considerada Em Perigo - EP (Queirolo 2009).

Presença em áreas protegidas Em Goiás: Parque Nacional das Emas (Sanderson & Silveira 2003), provável ocorrência no Parque Estadual Serra de Caldas Novas; no Ceará: provável ocorrência na Floresta Nacional do Araripe-Apodi (Silva 2012); em Minas Gerais: Parque Nacional Serra da Canastra (Carter & Encarnação 1983) e Reserva Particular do Patrimônio Natural Dr. Marcos Vidigal Vasconcelos (Melo et al. 2005); no Paraná: Parque Nacional do Iguaçú (Manfroi-Maria et al. 2008); no Rio de Janeiro: “Santuário da Vida Silvestre” da Serra da Concórdia (Modesto et al. 2008) e Reserva Biológica do Tinguá (IBAMA 2006, dados secundários); no Espírito Santo: “Reserva Florestal” de Linhares (Chiarello 2000, visualização e fotografia), Reservas Biológicas do Córrego

do Veado (Chiarello 2000, relato de funcionário e/ou pesquisador), de Sooretama (Chiarello 2000, presença provável, não confirmada), Córrego Grande (Chiarello 2000, presença provável, não confirmada) e Parque Estadual Paulo César Vinha (AnAge 2012); em Santa Catarina: Parque Estadual Serra do Tabuleiro (Cherem et al. 2011, Lima 2009); em São Paulo: Estação Ecológica Juréia-Itatins (Sanches 2001) e no Rio Grande do Sul: Estação Ecológica Estadual de Aratinga (SEMA 2007), Floresta Nacional de São Francisco de Paula (Fialho 2007, relato) e Parque Natural Municipal de Uruguaiana (Tumeleiro & Oliveira 2006). Citado ainda para a Terra Indígena da Guarita no Rio Grande do Sul (Fialho 2007, relato).

Pesquisas Necessárias: Considerando a ausência de dados sobre Cabassous tatouay, são necessários estudos sobre aspectos ecológicos, biogeográficos (Ubaid et al. 2010) e genéticos.

Existentes: Não há pesquisas em andamento no Brasil. Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação:

Não há especialistas para esta espécie.

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Flávia Regina Miranda, Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Nina Attias, Taissa Régis (Apoio).

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Cabassous unicinctus (Teresa Cristina da S. Anacleto)

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Avaliação do Risco de Extinção de Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) no Brasil Teresa Cristina da Silveira Anacleto1, Adriano Garcia Chiarello2, Flávia Regina Miranda3, Kena Ferrari Moreira da Silva4, Sergio Maia Vaz5, Thiago Philipe de Camargo e Timo6

Resumo Para Cabassous unicinctus são descritas duas subespécies: C. u. unicinctus e C. u. squamicaudis. Ambas possuem carapaça com 10 a 13 cintas móveis com coloração marrom, sendo que C. u. unicinctus tem a carapaça com bordas amareladas. Possui ampla distribuição geográfica, que abrange Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Paraguai e Brasil, onde ocorre nos biomas: Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Mata Atlântica. O rio Amazonas foi considerado como zona de integração das duas subespécies. Entretanto há registros de C. u. unicinctus mais ao sul de sua distribuição, chegando em áreas de Cerrado no Mato Grosso. Grande parte da área de distribuição de C. unicinctus está no Cerrado e esse bioma já perdeu 49,1% de suas áreas naturais nos últimos 50 anos. Entretanto, essa espécie possui ampla distribuição geográfica é tem sido registrada em áreas alteradas, dessa forma foi categorizada como Menos Preocupante.

Ordem

Família

Cingulata

Dasypodidae

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Nomes comuns por região/língua Português – tatu-de-rabo-mole, tatu-rabo-de-couro, tatu-de-rabo-mole-pequeno, cabassú (variação de capacou, tatu em Galibi, grupo indígena da Guiana Francesa) (Gotch 1979). Inglês – southern naked-tailed armadillo (Redford 1994), leatheredtail armadillo (Tomas et al. 2009). Espanhol – cabasú de orejas largas (Eisenber & Redford 1999).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

1. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 2. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 3. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 4. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. 5. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ. 6. Pesquisador Associado a Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR.

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Notas taxonômicas Duas subespécies são reconhecidas: Cabassous unicinctus unicinctus e C. unicinctus squamicaudis (Wetzel 1980). É possível, entretanto, que este táxon compreenda mais de uma espécie. Pesquisas são necessárias para esclarecer se as populações do norte e do sul representam espécies distintas (Anacleto et al. 2013).

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

Justificativa Cabassous unicinctus é comum e possui ampla distribuição, é relativamente tolerante a alterações ambientais e as ameaças detectadas não comprometem a população como um todo, sendo, portanto categorizada como Menos Preocupante (LC).

Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

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Cabassous unicinctus (Carla Leal)

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Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Abba & Superina 2010). Avaliação Estadual: Espírito Santo - Dados Deficientes (DD) (Passamani & Mendes 2007); Rio de Janeiro - Presumivelmente Ameaçada (PA) (Bergallo et al. 2000); Minas Gerais - Não Ameaçada (LC) (Biodiversitas 2007).

Descrição geral do táxon Cabassous unicinctus possui uma carapaça com 10 a 13 cintas móveis não muito demarcadas com coloração marrom-escura com bordas amareladas (Emmons 1990). A espécie possui cinco dedos, nos membros anteriores a unha do meio é maior e em forma de foice, altamente adaptada à escavação. Cabassous unicinctus pode ser confundida com C. tatouay, embora seja menor, com orelhas pequenas e muitos escudos cefálicos (acima de 50 e distribuídos irregularmente) (Wetzel 1980). O rio Amazonas foi

considerado por Wetzel (1980) como zona de integração das duas subespécies (C. u. unicinctus e C. u. squamicaudis). Entretanto há registros de C. u. unicinctus mais ao sul de sua distribuição, chegando em áreas de Cerrado no Mato Grosso (Anacleto et al. 2013). A faixa clara que margeia a carapaça é observada nos indivíduos que ocorrem mais ao norte de sua distribuição (C. u. unicinctus). Os indivíduos que ocorrem mais ao sul (C. u. squamicaudis) não possuem essa faixa e são menores (peso entre 1,5 e 2kg).

História de vida Biologia: Cabassous unicinctus tem hábito fossorial, é solitário e tem atividade predominantemente diurna, por volta das 14 horas (Mato Grosso do Sul; A. Desbiez, comunicação pessoal). No Cerrado paulista, a maioria das capturas manuais foram diurnas (97%), entre 10:00h e 14:00h e somente uma noturna (Bonato et al. 2008). Neste estudo, as capturas não diferiram das estação seca para a chuvosa, embora as capturas por mês tenham aumentado com o decréscimo da biomassa de artrópodes.

No Cerrado mato-grossense (Nova Xavantina) os indivíduos sempre foram capturados durante o dia (T.C.S Anacleto, dados não publicados). Escava com rapidez, pode desaparecer em 45 segundos em solos macios e não reutiliza suas tocas (Redford 1994). Em relação a dieta, é considerado um insetívoro especialista (Redford 1985) e estudos indicam a preferência por cupins (Bonato 2002, Anacleto 2006).

Informações gerais Massa de adultos Fêmea

Macho

Varia de 2,2 a 4,8kg (Merrit 1985, Redford 1994). Segundo Emmons (1990) o peso varia de 1,6 a 4,8kg (sul da Amazônia) e 2,5 a 3,6kg (Amazônia). Cabassous u. squamicaudis capturados no Mato Grosso tiveram massa corporal entre 0,95 a 2,1kg (Coleção Científica de Mamíferos da UNEMAT).

Comprimento total Fêmea De 34,7 a 44,5cm (Amazônia) e 29,0 a 34,5cm (sul da Amazônia) (Eisenberg & Redford 1999). Macho

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Informações gerais (continuação) Comprimento cauda (cm) Fêmea De 16,5 a 20,0cm (Amazônia) e 8,7 a 14,0cm (sul da Amazônia) (Emmons 1990). Macho Altura da Orelha Fêmea 2,7cm (Wetzel, 1985a,b); 3,0 a 4,0cm (Amazônia) e 2,5 a 3,0cm (Sul da Amazônia) (Emmons 1990). Macho Razão sexual

Não há informação.

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

Não há informação. Cabassous gera um filhote por gestação (Eisenberg & Redford 1999).

Número de filhotes por gestação

Idade de maturação dos indivíduos.

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Fêmea Não há informação. Macho Longevidade

Não há informação.

Tempo geracional Sazonalidade reprodutiva

Não há informação. Bonato et al. (2008) sugerem ausência de sazonalidade reprodutiva, podendo se reproduzir durante todo o ano. Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon Não há informação.

Distribuição geográfica Cabassous unicinctus não é endêmica ao Brasil, ocorrendo em outros países da América do Sul: Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname (Wetzel 2007) e recentemente Paraguai (Smith et al. 2011). No Brasil, está presente na Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Mata Atlântica (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Cabassous sp. estaria representado em pelo menos 108 municípios brasi-

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leiros (Santos 1993). Entretanto, na revisão de Wetzel (1980) baseada nas amostras de 34 coleções, incluindo as maiores brasileiras, não menciona sequer um indivíduo para a Caatinga. Silva (2012) analisou espécimes (crânios e peles) de Cabassous provenientes da Paraíba, Pernambuco e Ceará e constatou que todos seriam C. tatouay. Para os estados de Pernambuco (Silva & Pontes 2008, relato) e Rio de Janeiro (Loughry & McDounoug 1997, captura), os registros

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não são confirmados. Estudo sobre distribuição potencial indica que a presença na Caatinga e na Mata Atlântica nordestina é duvidosa e deve ser confirmada (Anacleto et al. 2006). Há registros para os estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia (oeste), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (onde está o registro mais ao sul, em Maracajú), Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo. Para o Espírito Santo, há o registro de dois espécimes depositados no museu Elias Lorenzutti de C. unicinctus (MEL034 e MEL036), sem mais detalhes (data ou município de coleta) (Lorenzutti & Almeida 2006). O outro registro para este estado, feito na Reserva Florestal Linhares (Chiarello 1999), posterior-

mente foi verificado que se tratava de um C. tatouay (A.G. Chiarello, dados não publicados). No Pantanal a espécie pode ser mais comum do que se pensava, a ausência de registros é resultado da falta de inventários adequados para a região (Tomas et al. 2009). No Paraguai a espécie foi registrada recentemente em uma região de campo cerrado, no nordeste do país, esse lugar não recebia a devida atenção de pesquisadores (Smith et al. 2011). Esse táxon é difícil de registrar devido, principalmente, ao hábito fossorial e inventários com metodologias inadequadas. A subespécie C. unicinctus unicinctus precisa ser melhor estudada em campo, são poucos os espécimes depositados em museus.

Extensão de ocorrência: 5.468.238,87km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População C. unicinctus é de difícil visualização, mesmo assim, estudos tem mostrado ser uma espécie comum (Bonato 2002, Tomas et al. 2009). A tendência populacional é desconhecida. A densidade estimada foi de 0,27 indivíduos por hectare em estudo realizado na Estação Ecológica

de Itirapina, SP, Brasil, através do método de captura-recaptura (Bonato et al. 2008). Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais.

Hábitat e ecologia Cabassous unicinctus não é restrito a hábitats primários e situações de uso de paisagens bastante diversificadas podem estar refletindo a flexibilidade da espécie. A espécie já foi capturada em talhões de Pinus com sub-bosque de cerrado em recuperação (A.G. Chiarello, dados não publicados). No Pantanal foi registrado desde densas manchas florestais (cerradão) até vegetação do tipo savana (cerrado) e pastagens nativas inundáveis e não inundáveis, além de pastagem cultivada e terras de agricultura (Tomas et al. 2009). No cerrado de São

Paulo foi capturado mais em campo sujo, seguido de campo cerrado e mata de galeria (Bonato et al. 2008). Em Roraima, a espécie é relatada exclusivamente para as áreas abertas dos lavrados (savanas) (S.M. Vaz, dados não publicados). Uma restrição de hábitat é sugerida para C. u. unicinctus, devido aos registros feitos somente em áreas florestadas (Anacleto et al. 2013). A maior área de vida obtida para esta espécie foi de 101,6ha no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais (Encarnação 1987).

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: incêndios, agricultura e redução de hábitat. A caça ocorre somente de forma oportunista, já que C. unicinctus é de difícil visualização devido ao hábito fossorial. No Cerrado, dois indivíduos foram capturados pelos índios Xavante, ao longo de 33 meses, em comparação com 138 Euphractus sexcinctus e 18 Pridontes maximus, no mesmo período

(Leeuwenberg 1997). As queimadas podem reduzir a população. Em Roraima, na Terra Indígena São Marcos, C. u. unicinctus se tornou rara após um grande evento de fogo na região (S.M. Vaz, dados não publicados). A perda de hábitat é uma ameaça indicada para as populações do Cerrado (Fonseca & Aguiar 2004).

Ações de conservação Necessárias: Apesar de sua ampla distribuição geográfica, ainda é uma espécie pouco conhecida cientificamente quanto a sua biologia, ecologia e distribuição geográ-

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fica, informações necessárias para se traçar qualquer ação de conservação para Cabassous unicintus.

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Presença em áreas protegidas No Amazonas a espécie ocorre no Parque Nacional do Jaú (Iwanaga 2004), Floresta Nacional do Purus (ICMBio 2009), em Roraima: Parque Nacional do Viruá (Oliveira et al. 2009), no Acre: Parque Nacional Serra do Divisor (AnAge), no Pará: Parque Estadual Monte Alegre (Lima et al. 2009), Parque Nacional do Tapajós (George et al. 1988, entrevista), Florestas Nacionais de Carajás (Dutra 2009), de Tapajós (Sampaio et al. 2010), do Trairão (ICMBio 2010), em Mato Grosso: Parque Municipal Mario Viana (Rocha & Dalponte 2006), Parque Nacional do Juruena (ICMBio 2011), em Minas Gerais: Parque Estadual Veredas do Peruaçu (Ferreira et al. 2011), Parques Nacionais da Serra da Canastra (Carter & Encarnação 1983), Grande Sertão Veredas (Vila Sumurú; A.G. Chiarello, dados não publicados), Estação Ecológica do Panga (Bruna et al. 2010), Parque Estadual do Rio Preto (Lessa et al.

2008), no Goiás: Parque Nacional das Emas (Rodrigues et al. 2002) e no Distrito Federal: Área de Proteção Ambiental Gama/Cabeça de Veado, Estação Ecológica de Águas Emendadas, “RESEC” do IBGE (Fonseca & Redford 1984, Juarez 2008). No Tocantins: Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (Carmignotto & Aires 2011), em São Paulo: Estação Ecológica de Jataí (K.F.M. Silva, dados não publicados), Estação Ecológica de Itirapina (Bonato et al. 2008), no Rio de Janeiro: Reserva Biológica Poço das Antas (dúvida de táxon, Loughry & McDounoug 1997), no Maranhão: Reserva Biológica do Gurupi (Lopes & Ferrari 2000), no Piauí: Parque Nacional Serra da Capivara (Olmos 1995). Também citado para a Terra Indígena São Marcos, em Roraima (S.M. Vaz, dados não publicados) e TI Xavante do Rio das Mortes - vila Etinhiritipá (Leeuwenberg 1997).

Pesquisas Necessárias: Uma revisão taxonômica se faz necessária para a espécie. Devido à falta de conhecimento, é necessário investir em pesquisas que resultem em

informações biológicas, genéticas (barcode) e ecológicas sobre C. unicinctus.

Existentes: Está em andamento o projeto “Estudo das variações geográficas de Cabassous unicinctus (Cingulata, Mammalia) no Brasil”, que visa investigar o grau de diferenciação entre os C. unicinctus e entre

as demais espécies de tatus que ocorrem no Cerrado e proceder a modelagem de nicho dos Cabassous com projeções sobre a distribuição geográfica no futuro e no passado.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Teresa Cristina Anacleto UNEMAT, Nova Xavantina, MT); Walfrido Moraes Tomás (Embrapa-Pantanal), Marco Antonio Schetino (UFMG).

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Ficha Técnica Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F. M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena F. M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Maria Nazareth F. da Silva, Taissa Régis (Apoio).

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Dasypus hybridus (Agustín M. Abba)

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Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus hybridus (Desmarest, 1804) no Brasil Mariana de Andrade Faria-Corrêa1, Sergio Maia Vaz2, Teresa Cristina da Silveira Anacleto3, Thiago Philipe de Camargo e Timo4 Resumo O Dasypus hybridus ocorre no leste do Paraguai e da Argentina, sul do Brasil, oeste do Uruguai até o norte da Argentina. No Brasil tem poucos registros confirmados, presente nos biomas Mata Atlântica e Pampa, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É uma espécie vulnerável a caça, e sua população pode estar sendo reduzida devido à perda de hábitat pela agricultura e urbanização, mortalidade acidental nas estradas e predação por cães. Contudo, pela falta de informações sobre a resistência à degradação ambiental, a espécie foi considerada como Dados Insuficientes.

Ordem

Cingulata

Família

Dasypodidade

Nomes comuns por região/língua Português - tatuíra, tatu-mulita (Superina & Aguiar 2006) Inglês - southern long-nosed armadillo; southern lesser long-nosed armadillo (Superina & Aguiar 2006) Espanhol - mulita; mulita orejuda (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s Por muitos anos Dasypus septemcinctus foi considerado sinonímia de Dasypus hybridus (Abba & Superina 2010).

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Dados Insuficientes (DD)

1. ONG THERIS - pesquisa, manejo e conservação da vida silvestre. 2. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ. 3. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 4. Pesquisador Associado a Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR.

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Justificativa Dasypus hybridus possui uma distribuição restrita no país e sua população em países vizinhos vem sendo reduzida. Sendo assim, considerando a sua vulnerabilidade à caça, a conversão contínua de hábitats para a agricultura e pecuária intensiva em toda a área de distribuição da espécie no Brasil, o baixo número de registros confirmados para o país e o desconhecimento sobre o grau de tolerância à degradação ambiental pela espécie, Dasypus hybridus foi considerada como Dados Insuficientes (DD).

Avaliação nacional anterior Dasypus hybridus foi considerado Dados Insuficientes (DD) na avaliação Nacional anterior (Biodiversitas 2005, Machado et al. 2008).

Avaliações em outras escalas É considerado Quase Ameaçado (NT) pela IUCN (Abba & Superina, 2010).

Descrição geral do táxon 154

A carapaça é alta, oval e geralmente apresenta de seis a sete cintas móveis. A cauda é curta e protegida por escudos dérmicos, a cabeça é comprida e as orelhas são altas e inclinadas para trás, assemelhando-se a uma mula, por isso o nome tatu-mulita (Silva citado em Medri et al. 2011, p.77). Possui cinco dedos em cada membro poste-

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rior e quatro em cada anterior, sendo que nestes as duas garras do meio são as maiores (Nowak 1999), não sendo tão robustas como as de outros tatus (Silva citado em Medri et al. 2011, p. 77). O cariótipo é 2n=64, FN=76 (Gardner 2007). Redi et al. (2005) encontrou um genoma de tamanho 4.89pg (+/-0.34) ou 4782Mbp.

Dasypus hybridus (Agustín M. Abba)

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História de vida Biologia: Existem poucas informações sobre a sua biologia. Sabe-se que se alimenta principalmente de cupins e formigas, outros invertebrados e até restos de um pequeno roedor já foram achados compondo a dieta desta espécie (Eisenberg & Redford 1999). Abba & Cassini (2010) consideraram esta espécie com hábito alimentar fortemente mirmecófago, pois quase metade dos itens consumidos em 33

amostras fecais foram da família Formicidae. Nesse mesmo estudo, folhas, sementes, Coleoptera e Blattaria foram significativamente menos representados. Dasypus hybridus escava tocas geralmente em solos arenosos, com uma única entrada com menos de 25 cm de largura e cerca de dois metros de comprimento (Eisenberg & Redford 1999). Indivíduos desta espécie já foram observados durante o período diurno (Abba & Cassini 2008, Abba et al. 2009).

Informações gerais Massa de adultos Fêmea Cerca de 2,04kg (Wetzel 1985). Macho Comprimento total Fêmea Em média 29,7cm (Wetzel 1985). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea Em média 16,9cm (Wetzel 1985). Macho Altura da Orelha Fêmea 2,74 ± 0,26cm (N=11) (Wetzel 1985). Macho Razão sexual

Não há informação.

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

Aproximadamente 120 dias incluindo a implantação tardia do óvulo (Abba & Superina 2010).

Número de filhotes por gestação

Podem nascer quatro, oito ou raramente 12 filhotes (Wetzel & Mondolfi citado em Wetzel 1982, p. 367). Idade de maturação dos indivíduos.

Machos e fêmeas atingem a maturidade com um ano de idade (Abba & Superina 2010).

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Informações gerais (continuação) Longevidade

Não há informações.

Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Não há informações. Os nascimentos ocorrem geralmente em outubro (Barlow citado em Nowak 1999, p. 166.). Ferrari et al. (1997) publicaram os primeiros dados sobre a reprodução em cativeiro da espécie em Buenos Aires, Argentina. Eles observaram que o ciclo de reprodução começa em março com as primeiras cópulas e os nascimentos ocorrendo em outubro e novembro. Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon Não há informação.

Distribuição geográfica

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Dasypus hybridus não é uma espécie endêmica do Brasil, ocorrendo também na Argentina, Uruguai e Paraguai (Abba & Superina 2010). No Brasil, está presente nos biomas Mata Atlântica e Pampa (Fonseca et al. 1996, Anacleto et al. 2006, Paglia et al. 2012), nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A espécie ocorre no leste do Paraguai e da Argentina, sul do Brasil, oeste do Uruguai até o norte da Argentina (Wetzel 1982) do nível do mar até 2000 metros de altitude (Abba & Superina 2010). A distribuição é mais restrita do que descrito por Redford e Eisenberg (1992) e Wetzel (1985), pois localidades de registro para esta espécie no oeste, perto da Cordilheira dos Andes são baseadas na identificação incorreta de indivíduos (Abba & Superina 2010). No Brasil, a distribuição parece estar restrita a região sul, mas o limite norte de sua distribuição

neste país é incerta, dada a sua similaridade morfológica com D. septemcinctus. Registros em coleções internacionais de animais oriundos de Goiás (Anápolis) e Minas Gerais (Lagoa Santa) identificados como D. hybridus devem ser revistos. No Rio Grande do Sul, faltam espécimes tombados em coleções científicas. Além de ser uma espécie de difícil individualização taxonômica, é facilmente confundida com outras espécies do mesmo gênero. Segundo Abba & Superina (2010), o mapa de distribuição geográfica global desta espécie abrange uma pequena parte do sudoeste do estado do Paraná (sul do Parque Nacional do Iguaçu, municípios de Capanema e Santo Antônio do Sudoeste), mas os limites de sua distribuição no Brasil ainda são incertos, havendo a necessidade de maior amostragem e pesquisa nos estados da região sul do país (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná).

Extensão de ocorrência: 140.943km2* para o território brasileiro. Área de ocupação: Não se sabe.

População No passado era considerado comum, com a ressalva de que não existem estimativas de densida-

de para suas populações (Abba & Superina 2010). Entretanto, esta espécie é sensível à perda de há-

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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bitat através da urbanização e expansão agrícola, o que fez com que suas populações entrassem em declínio ou estejam ausentes em boa parte de sua distribuição (Abba et al. 2007). Continua a ser comum em parte de sua distribuição geográfica (por ex. província de Buenos Aires, Argentina) (Abba & Superina 2010). Para o Brasil, não há informações sobre a abundância desta espécie. A tendência populacional é desconhecida.

Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. Entretanto, existem evidências de aumento nos níveis de ameaça fora do Brasil, visto que a espécie é considerada prioritária para a conservação no Uruguai (Abba & Superina 2010).

Hábitat e ecologia É geralmente encontrado em campos nativos e pampas da porção central e norte da Argentina. Está também presente em áreas florestais, mas é menos comum (Abba & Superina 2010) chegando a altitudes de 2300m (Gardner 2007). No Brasil os registros disponíveis indicam que a espécie ocorreria preferencialmente em ambientes campestres.

O táxon não é restrito a hábitats primários. Na Argentina, pode ser encontrada em alguns hábitats degradados como pastos, terras agricultáveis e plantações (Abba & Superina 2010), mas segundo Abba et al. (2007, 2009), tende a evitar pastagens cultivadas. Não existem informações sobre a área de vida de Dasypus hybridus.

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Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: perda de hábitat pela agricultura, pecuária e urbanização, predação por espécie exótica, caça e atropelamento nas rodovias. No nordeste da Província de Buenos Aires (Argentina), Abba et al. (2009) encontraram esta espécie em menor abundância em áreas onde havia cães do que nas áreas onde estes estavam ausentes. É caçado no Uruguai e tem sido usado na fabricação

de artesanato desde os tempos pré-hispânicos, embora é reportado que esta pressão sobre esta espécie tenha sido significativa apenas durante o século XX (Fallabrino & Castañeira citado em Smith 2008, p. 5). Não há informações das ameaças no território brasileiro, mas provavelmente são semelhantes às ocorridas na Argentina e Uruguai, principalmente quanto à caça, perda de hábitat e predação por cães.

Presença em áreas protegidas Há a informação da presença desta espécie somente na Área de Proteção Ambiental Lagoa Verde (Quintela et al. 2007) e na Estação Ecológica Estadual de Aratinga (SEMA/RS 2007), ambas no Rio Grande do Sul (RS). Todas as demais UCs deste estado apre-

sentam registros de mulitas, embora suas identificações locais não sejam confirmadas ou definitivas, podendo se referir a D. septemcinctus, D. hybridus ou mesmo aos dois.

Ações de conservação 158

Até o momento não há oficialmente nenhum programa de conservação específico para essa espécie no Brasil.

Pesquisas Necessárias: Faz-se necessária a formação de coleção de referência no Brasil para as duas espécies de mulitas (Dasypus hybridus e D. septemcinctus), além de inventários e estudos de ecologia e biologia básica, caracte-

rização genética (barcode) da espécie no Brasil, que contribuam para dirimir as dúvidas de identificação que vem ocorrendo no Sul do Brasil.

Existentes:

Não existem pesquisas em andamento.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação:

Não há especialistas no Brasil para esta espécie.

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Ficha Técnica Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F.M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Flávia Regina Miranda, Ivy Nunes (Mapas), Kena F.M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Maria Nazareth F. da Silva, Taissa Régis (Apoio).

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Dasypus kappleri (Fábio Röhe)

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Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus kappleri Krauss, 1862 no Brasil Flávia Regina Miranda1, Fábio Röhe2, Sergio Maia Vaz3, Teresa Cristina da Silveira Anacleto4, Thiago Philipe de Camargo e Timo5 Resumo Dasypus kappleri é a maior espécie de tatu do gênero Dasypus e o menos estudado. Possui características diagnósticas bem demarcadas, escudos dérmicos nos membros posteriores. É uma espécie amazônica com ampla distribuição e grande flexibilidade adaptativa, sendo, portanto, classificada como Menos Preocupante.

Ordem

Família

Cingulata

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português - tatu-quinze-quilos, tatu-tinga (Superina & Aguiar 2006), tatu-açu (Acre, Lopes 2005), tatu-verdadeiro (F. Röhe, dados não publicados) e tatu-canastra (Maranhão; M.S. Fialho, dados não publicados). Inglês - greater long nosed armadillo (Superina & Aguiar 2006). Outros - mulita de Kappler (espanhol), tatú peba grande (espanhol, Equador), tatú quinze quilos (espanhol, Bolívia), armadillo aracacho (espanho, Colômbia); tatou de Kappler (francês); grand tatou (francês) (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

1. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 2. Wildlife Conservation Society. 3. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ. 4. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 5. Pesquisador Associado a Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Justificativa Dasypus kappleri é uma espécie amazônica com ampla distribuição, e as ameaças detectadas não comprometem a população como um todo, sendo, portanto categorizada como Menos Preocupante (LC).

Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Abba & Superina 2010).

Descrição geral do táxon

164

É a maior espécie de tatu do gênero Dasypus. Possui de sete a oito cintas móveis na região mediana da carapaça e como característica diagnóstica apresenta escudos dérmicos nos membros posteriores

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(Eisenberg & Redford 1999). Duas subespécies foram descritas: D.k. kappleri (Maranhão, Pará, Amazonas) e D.k. pastasae (bem restrita; Acre, Rondônia, Bolívia) (Cabrera 1957, Gardner 2005).

Dasypus kappleri (Fábio Röhe)

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

História de vida Biologia: Pouco se sabe sobre sua história natural. Dasypus kappleri possui hábito solitário e noturno e escava tocas com mais de uma entrada (Emmons 1990). Barreto et al. (1985) estudaram a dieta e esta espécie se alimentou de insetos, outros

invertebrados e vertebrados pequenos. A ingestão de material vegetal também ocorre (Szeplaki et al. 1988). Não existem informações sobre a biologia desta espécie no Brasil.

Informações gerais Massa de adultos Fêmea

De 8,5 a 10,5kg (Eisenberg & Redford 1999). 14,8kg (Amazônia, Santa Isabel do Rio Negro; F.R. Miranda, dados não publicados).

Macho

De 8,5 a 10,5kg (Eisenberg & Redford 1999). 15,2kg (Amazônia, BR – 319; F.R. Miranda, dados não publicados). Comprimento total

Fêmea Varia de 51,0 a 57,5cm (Eisenberg & Redford 1999). Macho Comprimento cauda (cm)

165

Fêmea Varia de 32,5 a 48,3cm (Eisenberg & Redford 1999). Macho Altura da Orelha Fêmea 4,8 a 5,5cm (Emmons 1990). Macho Razão sexual Sistema de acasalamento Intervalo entre nascimentos

Não há informação. Não há informação. Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

Não há informação.

Número de filhotes por gestação

Pode ter de dois a doze filhotes por ninhada (Nowak 1999). Idade de maturação dos indivíduos.

Fêmea Não há informação. Macho Longevidade

Não há informação.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Informações gerais (continuação) Tempo geracional

Não há informação

Sazonalidade reprodutiva

Não há informação

Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Foi encontrado o carrapato Amblyoma parvum parasitando esta espécie (AM, Mullins et al. 2004).

Distribuição geográfica

166

Dasypus kappleri ocorre na Colômbia (leste do Andes), Venezuela (sul do Orinoco) e sul das Guianas através da bacia Amazônica do Equador, Peru, Brasil e norte da Bolívia (Wetzel 1982, 1985). No Brasil está presente no bioma Amazônia (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012) e regiões de ecótono deste bioma com o Cerrado (leste de Mato Grosso, Schittini 2009, T.C.S. Anacleto, dados não publicados). Além disto, D. kappleri ocorre nos estados do Amazonas, Roraima, Acre, Pará, Mato Grosso, Maranhão (relato e observado, Oliveira et al. 2007), região que necessita de maior amostragem e pesquisa para este táxon, e ainda Amapá e Rondônia, através

de registros baseados em espécimes conservados em museus (S.M. Vaz, dados não publicados). O registro para o estado do Maranhão feito por Oliveira et al. (2007) é o único na literatura. Emmons (1990) considera a região de Belém como o limite leste da distribuição geográfica desta espécie e Eisenberg & Redford (1999), apesar de incluírem o oeste do Maranhão na distribuição de Dasypus kappleri, não estão certos da presença desta espécie neste estado (registros conhecidos somente em localidades longe do estado). Não tem sido registrado no sul do Pará, leste do rio Tapajós. Há uma população potencialmente disjunta ao sul da Ilha de Marajó (Eisenberg & Redford 1999).

Extensão de ocorrência: 3.755.877,25km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População A tendência populacional deve ser decrescente considerando a redução de hábitat. Não há estimativas de densidade ou de tamanho da população existentes. Suspeita-se que

exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais.

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Hábitat e ecologia Habita as florestas tropicais da bacia da Amazônia e do Orinoco (Wetzel 1982). É pouco comum em savanas e áreas abertas. Pode habitar o Tabocal (F. Röhe, dados não publicados) e Campina Amazônica (Röhe 2007). O táxon é restrito a hábitats primários. A frag-

mentação da cobertura florestal e a pressão de caça levaram a extinção local da espécie em duas áreas estudadas nas proximidades de Santarém, margem direita do rio Tapajós/PA (Sampaio et al. 2010).

Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: desmatamento, aumento da matriz energética, aumento da matriz rodoviária e caça. Localmente Dasypus kappleri é ameaçada pelo desflorestamento e sujeito a caça no Equador e

Brasil (Tirira 2001, T.C.S. Anacleto citado em Abba & Superina 2010, p.158). A ampliação das obras de infraestrutura (Hidrelétricas e rodovias) previstas para a Amazônia pode levar a uma redução populacional da espécie.

167

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Presença em áreas protegidas Presente nas Terras Indígenas Jaminauá/Envira e Kampa do Rio Envira (Species Link), Parque Nacional da Serra do Divisor, Acre (Calouro 1999 – relato, Mullins et al. 2004 - captura); Parque Nacional do Viruá (Oliveira et al. 2009) e Estação Ecológica de Maracá (Nunes & Bobadilla 1997) em Roraima; Reserva Biológica de Uatumã (Lopes 2005), Parque Nacional do Jaú (Iwanaga 2004) e Nascentes do Lago Jari (F.R. Miranda, dados não publicados), Floresta Nacional do Purus (ICMBio 2009a), Reservas de Desenvolvimento Sustentável do Rio Amapá e do Igapó- Açu, a Reseva Extrativista do Lago do Capanã Grande no Amazonas; Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, Amapá (Silva 2008); Florestas Nacionais Saracá-Taquera (Oliveira et al. 2006), do Crepori (ICM-

Bio 2010a), do Trairão (ICMBio 2010b, F.R. Miranda, dados não publicados), de Altamira, do Jamanxim (MMA 2008) e do Tapajós (Sampaio et al. 2010, entrevista semi-estruturada), Parque Estadual Monte Alegre (Lima et al. 2009), Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (Peres et al. 2003), Parque Nacional da Amazônia (George et al. 1988, entrevista), Resevas Biológicas do Rio Trombetas (F.R. Miranda, dados não publicados), de Tapirapé (MMA 2009) e Nascentes da Serra do Cachimbo (ICMBIO 2009b) no Pará; Postos Indígenas (PIN) Guajá e PIN Awa por relato de captura na área de Gurupi pelos povos Ka´apor e Awá-Guajá (Maranhão, Oliveira et al. 2007); Parque Nacional do Juruena (ICMBio 2011) e Parque Estadual do Cristalino (Rocha 2010) em Mato Grosso.

Pesquisas Necessárias: 168

Principalmente, inventários em áreas de potencial ocorrência, estudos de biologia, genética (barcode) e ecologia básica. Também são necessárias pesquisas que investiguem e esclareçam a distribuição geográfica e estado de conservação das populações das duas subespécies reconhecidas de Dasypus kappleri (D. k. kappleri e D. k. pastasae). D. k. kappleri

está bem distribuída por toda a região amazônica e pode ser considerada comum. Entretanto, D.k. pastasae já tem uma ocorrência mais restrita na porção oeste da bacia amazônica, como em Rondônia, estado com histórico de degradação e substituição de hábitats florestais, o que pode estar comprometendo as populações desta subespécie nesta região.

Existentes: Atualmente está sendo feito levantamento envolvendo espécimes conservados em instituições científicas com o propósito de obter informações registradas nas etiquetas dos animais (locais de ocorrência, data de coleta, medidas, peso, etc.) e observações de

campo nos arredores da Floresta Nacional do Tapajós utilizando inclusive depoimentos de moradores locais (S.M. Vaz, dados não publicados). Levantamentos de área de ocorrência da espécie na Amazônia (F. Röhe e F.R. Miranda, dados não publicados/rede SISBIOTA).

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação:

Não há especialistas no Brasil para esta espécie.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

de Ucs da Terra do Meio, estado do Pará. Relatório Técnico Preliminar: Mastofauna. MMA/ICMBio/CENAP. 52p. MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2009. Reserva Biológica do Tapirapé: Plano de Manejo. MMA/ ICMBio/ Ambiental Consulting: Soluções Ambientais. 363p. Mullins, M.C.; Lazzarini, S.M.; Picanço, M.C. & Serra-Freire, N.M. 2004. Amblyoma parvum a parasite of Dasypus kappleri in the state of Amazonas, Brazil. Revista de Ciências Agrárias, 42: 287-291. Nowak, R. M. 1999. Walker’s Mammals of the World. v. 1. 6. ed. The Johns Hopkins University Press, Baltimore & London. 836p. Nunes, A.P. & Bobadilla, U. 1997. Mamíferos de Roraima: status de diversidade e conservação (Cap. 27). Pp. 566580. In: Barbosa, R. I.; Ferreira, E. J. G. & Castellón, E. G. Homem, ambiente e ecologia no Estado de Roraima. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, Manaus. 613p. Oliveira, L.C.; Mendel, S.M.; Loretto, D.; Silva Júnior, J.S. & Fernandes, G.W. 2006. Edentates of the Saracá-Taquera National Forest, Pará, Brazil. Edentata, 7: 3–18. Oliveira, L.F.B.; Oliveira, J.A.; Bonvicino, C.R.; Tavares, F.E.; Cordeiro, J.L.P.; Coelho, I.P.; Vilela, J.; Caramaschi, F.P.; Silva, F.C.D.; Caetano, C.A. & Franco, S.M. 2009. Diagnóstico Ambiental do Parque Nacional do Viruá: Relatório de Mastozoologia. 123p. Oliveira, T.G.; Gerude, R.G. & Silva Júnior, J.S. 2007. Unexpected mammalian records in the State of Maranhão. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais, 2(2): 23-32.

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Paglia, A.P.; Fonseca, G.A.B.; Rylands, A.B.; Herrmann, G.; Aguiar, L.M.S.; Chiarello, A.G.; Leite, Y.L.R; Costa, L.P.; Siciliano, S.; Kierulff, M.C.M.; Mendes, S.L.; Tavares, V.C.; Mittermeier, R.E. & Patton, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. 2ª Edição. Occasional Papers in Conservation Biology, 6: 1-76. Peres, C.A.; Barlow, J. & Haugaasen, T. 2003. Vertebrate responses to surface wildfires in a central Amazonian Forest. Oryx, 37(1): 97-109. Röhe, F. 2007. Mamíferos de médio e grande porte. Pp. 195-209. In: Rapp Py-Daniel, L.; Deus, C.P.; Henriques, A.L.; Pimpão, D.M. & Ribeiro, O.M. (orgs.). Biodiversidade do Médio Madeira: Bases científicas para propostas de conservação. INPA, Manaus. 244p. Rocha, E.C. 2010. Mamíferos em unidades de conservação na região do Cristalino, Mato Grosso – composição, estrutura e avaliação de impactos ambientais. Tese de Doutorado (Doutorado em Ciência Florestal). Universidade Federal de Mato Grosso. 105p. Sampaio, R.; Lima, A.P.; Magnusson, W.E. & Peres, C.A. 2010. Long-term persistence of midsized to large-bodied mammals in Amazonian landscapes under varying contexts of forest cover. Biodiversity Conservation, 19: 24212439. Schittini, A.E.F.B. 2009. Mamíferos de médio e grande porte no Cerrado Mato-Grossense: caracterização geral e efeitos de mudanças na estrutura da paisagem sobre a comunidade. Dissertação (Mestrado em Ecologia). Universidade de Brasília. 154p. Silva, C.R. 2008. Inventários rápidos de mamíferos não-voadores no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque: Resultados das Expedições I a V e Síntese. Pp. 51-58. In: Bernard, E. (ed.). Inventários Biológicos Rápidos no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, Amapá, Brasil. RAP Bulletin of Biological Assessment, 48: 151. Species Link. Apoio: FAPESP; GBIF; JRS Foundation; MCT; CNPq; FINEP & CRIA. http://splink.cria.org.br/. (Acesso em 05/01/2012). Superina, M. & Aguiar, J.M. 2006. A reference list of common names for the Edentates. Edentata, 7: 33-44.

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Szeplaki, E.O.; Ochoa, J.G. & Clavijo, J.A. 1988. Stomach contents of the rater long-nosed armadillo (Dasypus kappleri) in Venezuela. Mammalia, 52: 422-425. Tirira, D. 2001. Libro Rojo de los Mamíferos del Ecuador. Sociedad para la Investigación y Monitoreo de La Biodiversidad Ecuatoriana (SIMBIOE)/ Ecociencias/Ministerio del Ambiente/UICN. Publicación Especial sobre los Mamíferos Del Ecuador, Quito, Ecuador. Wetzel, R.M. 1982. Systematics, distribution, ecology, and conservation of South American edentates. Pp. 345– 375 In: Mares, M.H. & Genoways, H.H. (eds.). Mammalian Biology in South America. Special Publication Series of the Pymatuning Laboratory of Ecology, University of Pittsburgh. 539p. Wetzel, R.M. 1985. Taxonomy and distribution of armadillos, Dasypodidae. Pp. 23–48. In: Montgomery, G.G (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press, Washington. 451p.

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F.M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena F.M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Maria Nazareth F. da Silva, Taissa Régis (Apoio).

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

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Dasypus novencinctus (Gerson Buss)

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 no Brasil Kena Ferrari Moreira da Silva1, Jociel Ferreira Costa2, Teresa Cristina da Silveira Anacleto3, Thiago Philipe de Camargo e Timo4

Resumo Dasypus novemcinctus é uma espécie comum, possui a maior distribuição geográfica dentre as espécies de Xenarthra e é a espécie de tatu mais bem estudada quanto a sua biologia, pelo menos na porção extremo norte de sua distribuição. Esta espécie é relativamente tolerante a alterações ambientais e as ameaças detectadas, como a caça, não comprometem a população como um todo, sendo assim categorizada como Menos Preocupante.

Ordem

Cingulata

Família

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – tatu-galinha, tatuetê, tatu-folha, tatu-nove-bandas, tatu-veado, tatu-verdadeiro (Superina & Aguiar 2006). Inglês – nine banded armadillo; common long nosed armadillo (Superina & Aguia 2006). Outros – mulita grande (espanhol), tatú, cachicamo (espanhol), tatú-mula (espanhol); tatou à neuf bandes (francês) (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. 2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA. 3. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 4. Pesquisador Associado a Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Justificativa Dasypus novemcinctus é comum e possui ampla distribuição, é relativamente tolerante a alterações ambientais e as ameaças detectadas não comprometem a população como um todo, sendo, portanto categorizada como Menos Preocupante (LC).

Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Abba & Superina 2010). Avaliação Estadual: São Paulo - Pouco Preocupante (LC) (SMA 2009).

Descrição geral do táxon 174

Dasypus novemcinctus é a segunda maior espécie do gênero (a maior é D. kappleri). A cabeça é alongada, com escudo cefálico que se estende quase até a extremidade do focinho longo e pontudo. A carapaça é de coloração pardo-escura, com escudos amarelados de intensidade variável principalmente nas cintas móveis (Parera citado em Medri et al. 2011, p. 78). Possui geralmente nove cintas móveis, entretanto este número pode variar de 8 a 11 cintas móveis. Possui como diferença com relação a outras espécies de Dasypus, um maior número de placas osteodérmicas na quarta cinta móvel (Wetzel 1985). A cauda tem de 12 a 15 anéis de escudos dérmicos que

decrescem em tamanho rumo à porção distal, onde os escudos estão distribuídos de maneira irregular. Tem quatro dedos em cada membro anterior e cinco no posterior (Mcbee & Baker 1982). Os indivíduos jovens de D. novemcinctus geralmente são confundidos com adultos de D. septemcinctus. O número de cromossomos é 2n=64 e o tamanho do genoma de 5.291 Mpb (Redi et al. 2005). São reconhecidas seis subespécies por Gardner (2005), sendo que quatro delas ocorrem na América do Sul (Gardner 2007). A subespécie Dasypus novemcinctus mexianae é endêmica ao delta do Rio Amazonas, Pará, Brasil (Abba & Superina 2010).

História de vida Biologia: É a mais bem conhecida espécie de tatu quanto a sua biologia, embora quase a totalidade dos trabalhos com esta espécie seja na porção extremo norte de sua distribuição (Estados Unidos). Os adultos de D. novemcinctus têm hábito crepuscular e/ ou noturno, mas também podem ser observados durante o dia dependendo da temperatura ambiente. Os juvenis têm seu máximo de atividade durante a manhã e no final das tarde (MacDonough & Loughry citado

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em Medri et al. 2011, p. 78). Esta espécie alimenta-se principalmente de invertebrados (Breece & Dusi 1985, Anacleto 2007, Cuéllar 2008), mas pode consumir material vegetal, pequenos vertebrados, ovos e carniça (Kalmbach citado em McBee & Baker 1985, p. 4). Esta espécie também possui variação sazonal em sua dieta em sua distribuição norte (Fitch et al. citado em McBee & Baker 1985, p. 4, Sikes et al. 1990). Esta espécie pode nadar (Parera citado em Medri et al. 2011, p. 78).

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

Informações gerais Massa de adultos Fêmea Entre 3,2 e 4,1kg (Eisenberg & Redford 1999). Pode chegar a 7,7kg (Mcbee & Baker 1982). Macho Comprimento total Fêmea Varia de 39,5 a 57,3cm (Eisenberg & Redford 1999). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea Varia de 29,0 a 45,0cm (Eisenberg & Redford 1999). Macho Altura da Orelha Fêmea De 40% a 50% do comprimento da cabeça (McBee & Baker 1982). Macho Razão sexual

Dasypus novencinctus (Gerson Buss)

Não há informações para o Brasil.

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

Informações gerais (continuação) Sistema de acasalamento

Durante o período de acasalamento o macho segue a fêmea e ambos forrageiam juntos por vários dias.

Intervalo entre nascimentos

Não há informações para o Brasil.

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação é de 120 dias (Nowak 1999) ou 70 dias conforme Eisenberg & Redford (1999). Gestação de 140 dias incluindo diapausa (Abba & Superina 2010).

Número de filhotes por gestação

Geralmente nascem quatro filhotes de 30 a 50g cada do mesmo sexo e provenientes de um mesmo óvulo fecundado (poliembrionia monozigótica) (Nowak 1999). O desmame ocorre depois de quatro a cinco meses (Nowak 1999). Idade de maturação dos indivíduos.

Fêmea

Aos 18 meses de idade (Nowak 1999).

Macho

Aos 12 meses de idade (Nowak 1999).

Longevidade

Segundo Abba & Superina (2010), pode viver em torno de 8 a 12 anos. Uma fêmea de Dasypus novemcinctus em cativeiro viveu por mais de 22 anos (Mcphee citado em McDonough 1994, p. 196). Um antigo registro em cativeiro indicou que esta espécie foi capaz de viver por 22,3 anos (Ernest 2003 citado em AnAge), embora Weigl, (2005 citado em AnAge) informa que a longevidade em cativeiro seja de apenas 14,8 anos.

176 Tempo geracional

Segundo Abba & Superina (2010), é estimado em torno de 5 anos.

Sazonalidade reprodutiva

Não há informações para o Brasil. Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Os carrapatos documentados para esta espécie são as espécies Amblyomma concolor, A. pseudoconcolor, A. parvum (Argentina, Guglielmone & Nava citado em Smith 2007, p. 15); A. auricularuim (Goiás, Brasil, Szabó et al. 2007). Antunes et al. (2006) registrou pela primeira vez a pulga Tunga terasma parasitando Dasypus novemcinctus para o estado do Espírito Santo, Brasil. A espécie também é conhecida como portadora do protozoário Trypanosoma cruzi, o responsável pela doença de Chagas. É suscetível à infecção pelo Schistosoma haematobium, mas não desenvolve sintomas e os ovos e parasitas não atingem o sistema urogenital. Foram documentados diversos helmintos para esta espécie (Ascarops sp., Aspidodera fasciata, Brachylaemus virginianus, Hamanniella sp., Mazzia mazzia, Oncicola canis, Oochoristica sp., Physocephalus).

Distribuição geográfica A espécie não é endêmica ao Brasil, ocorrendo também nos Estado Unidos, México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas (Ilhas de Granada, Trindade e Tobago), Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai (Abba & Superina 2010). Esta espécie tem a maior distribuição geo-

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gráfica dentre todas as espécies de Xenarthra. Ocorre desde o sul dos Estados Unidos atravessando a América Central indo até o noroeste da Argentina e Uruguai (McBee & Baker 1982, Wetzel 1985). Ocorre ao longo de todo o território brasileiro, em todos os biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Pampa e Cerrado (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012).

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

É o táxon relativamente fácil de ser registrado, principalmente através de armadilhas fotográfi-

cas, provavelmente devido a suas maiores densidades e hábitos.

Extensão de ocorrência: 8.060.677km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000 Km2

População É uma espécie considerada comum (indivíduos da espécie são facilmente encontrados). A densidade de Dasypus novemcinctus foi estimada em 18,9 (15,1 – 25,8) indivíduos/km2 por transectos lineares na REBIO de Poço das Antas, RJ (Araújo et al. 2008). Desbiez et al. (2010) através de transectos lineares encontraram uma densidade de 0,26 indivíduos/km2 para esta espécie no Pantanal central e Schaller et

al.(1983), também no Pantanal em hábitat de cerrado (Fazenda Acurizal, MT), estimaram em 0,36 indivíduos/km2. A tendência populacional é desconhecida. Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais.

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* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Hábitat e ecologia Esta espécie ocupa uma variedade de hábitats como florestas decíduas, florestas tropicais e até ambientes áridos como os Llanos da Venezuela e Colômbia e a Caatinga brasileira (Eisenberg & Redford 1999). A espécie não é restrita a hábitats primários, podendo ser encontrada em ambientes degradados de floresta tropical e subtropical, terra arável, pastagens, jardins rurais, áreas urbanas e plantações (Abba & Superina 2010).

Existem informações sobre a área de uso do táxon somente de indivíduos nos Estados Unidos, onde esta espécie teve uma área de vida de 20,3ha no estado da Louisiana (Fitch et al. citado em Mcbee & Baker 1982, p. 5). Na Flórida, os valores estimados de área de vida variaram de 1,1ha a 13,8ha com sobreposição destas áreas (Layne & Glover 1977). Não há informações de área de vida desta espécie para o Brasil.

Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: Incêndio, desmatamento, aumento da matriz rodoviária, caça e atropelamento rodoviário. Atropelamentos rodoviários são uma das principais causas de mortes não naturais desta es178

pécie nos Estados Unidos (Loughry & McDonough 1996, Fischer 1997), ameaça também para o Brasil. Esta espécie também é muita caçada, mas pela sua ampla distribuição não sofre ameaça de extinção (Aguiar 2004).

Presença em áreas protegidas No estado do Amapá esta presente no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque; no Amazonas: Reserva Biológica Adolpho Ducke, Parques Nacionais do Jaú e dos Campos Amazônicos, Floresta Nacional do Purus; no Pará: Reservas Biológicas do Tapirapé e do Rio Trombetas, Forestas Nacionais do Crepori, do Trairão, Tapajós, Caxiuanã e Saracá-Taquera, Parque Estadual Monte Alegre, Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns; no Acre ocorre no Parque Nacional da Serra do Divisor; em Roraiama: Parque Nacional do Viruá e Estação Ecológica de Maracá; no Maranhão: Parque Estadual do Mirador; em Mato Grosso: Parques Nacionais do Juruena e Chapada dos Guimarães, Parque Municipal Mário Viana, Parque Estadual do Araguaia, Estação Ecológica Serra das Araras; no Mato Grosso do Sul: Parque Nacional da Serra da Bodoquena; em Tocantins: Parques Nacionais do Araguaia e das Emas; no Distrito Federal: Estação Ecológica de Águas Emendadas, Reserva Ecológica do IBGE – RECOR e Parque Nacional de Brasília; em Minas Gerais: Parques Nacionais da Serra do Cipó, da Serra da Canastra e Sempre Vivas, Estações Ecológicas do Panga e Fechos, Parques Estaduais Rio

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Preto, Biribiri, Pico do Papagaio, Veredas do Peruaçú, Rio Doce e Pico do Itambé, Parque Municipal Mangabeiras, Reservas Biológicas Poço D´Antas Santa Rita do Sapucaí, Área de Proteção Especial Mutuca; no Piauí: Parque Nacional da Serra da Capivara; em Pernambuco: Parque Ecológico Professor João Vasconcelos Sobrinho; na Bahia: Parque Nacional Chapada Diamantina, Parque Municipal Mucugê, Parque Estadual Lages e Monumento Natural Cachoeira do Ferro Doido; no Ceará: Parque Nacional de Ubajara; na Paraíba: Reserva Biológica Guaribas; no Espírito Santo: Reservas Biológicas de Sooretama, Córrego do Veado e do Córrego Grande, “Reserva Florestal de Linhares”, Estação Biológica de Santa Lúcia e Floresta Nacional Pacotuba; no Rio de janeiro: Reservas Biológicas Araras, Tinguá, Poço das Antas e União, Parques Nacionais Serra da Bocaina e Serra dos Órgãos; em São Paulo: Estação Ecológica Jataí, Área de Proteção Ambiental Corumbataí, Botucatu e Tejupá e “Reserva Florestal” Morro Grande; Em Santa Catarina: Floresta Nacional de Três Barras e Parque Estadual Serra do Tabuleiro; no Paraná: Parque Estadual do Cerrado e Parque Nacional Ilha Grande (PR/MS); no Rio Grande

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do Sul: Parque Estadual do Turvo, Reserva Particular do Patrimônio Natural UNISC e Parque Estadual do Espinilho. Citado também para a Terra Indigena (TI) do

Alto Turiaçu e Caru (MA; Oliveira et al. 2011), TI Xavantes do Rio das Mortes (MT; Vila Xavante de Etenhiritipá) e TI Parabubure (MT).

Pesquisas Necessárias:

Pesquisas de biologia, genética e ecologia básica no Brasil.

Existentes:

Não há pesquisas em andamento envolvendo o táxon.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Guilherme Miranda Mourão (UFMS e Embrapa/Pantanal); Arnaud Léonard Jean Desbiez.

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F.M. da Silva, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Flávia Regina Miranda, Ivy Nunes (Mapas), Kena F.M. da Silva (Compilação), Maria Nazareth F. da Silva, Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Dasypus septemcintus (Teresa Cristina da S. Anacleto)

Série Estado de Conservação da Fauna Brasileira - Nº 2

Avaliação do Risco de Extinção de Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 no Brasil Mariana de Andrade Faria-Corrêa1, Kena Ferrari Moreira da Silva2, Teresa Cristina da Silveira Anacleto3, Thiago Philipe de Camargo e Timo4

Resumo Dasypus septemcimctus se distribui a partir da porção sudeste da Bacia Amazônica até o extremo norte da Argentina, limita-se a oeste pelo Mato Grosso e Chaco no Paraguai, englobando as áreas centrais do Brasil até o Rio Grande do Sul, leste do Brasil, leste da Bolívia e Paraguai. Parte da carência de informações sobre a ecologia de Dasypus septemcinctus deve-se a semelhança com outras espécies do gênero Dasypus, caso estas ocorram em sintopia, o que dificulta a separação acurada dessas espécies em campo. É uma espécie considerada comum, relativamente tolerante a alterações ambientais, com extensa distribuição e, como as ameaças detectadas não comprometem sua população, foi categorizada como Menos Preocupante.

Ordem

Cingulata

Família

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – É conhecido popularmente como tatu-í, mulita, tatu-mirim; tatu-mula; muleta; tatu-china (Superina & Aguiar 2006) ou ainda tatu-bolinha (Pedro et al. 2005). Inglês – seven-banded armadillo; seven-banded long-nosed armadillo (Superina & Aguiar 2006). Outros – mulita chica (espanhol); tatu mulita (espanhol, Argentina) (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s Por muitos anos Dasypus septemcinctus foi considerado sinonímia de Dasypus hybridus (Abba & Superina 2010).

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

1. ONG THERIS - pesquisa, manejo e conservação da vida silvestre. 2. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/ BA. 3. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 4. Pesquisador Associado a Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR.

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Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC)

Justificativa Dasypus septemcinctus é comum e possui ampla distribuição, é relativamente tolerante a alterações ambientais e as ameaças detectadas não comprometem a população como um todo, sendo, portanto categorizada como Menos Preocupante (LC).

Avaliações nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Abba & Superina 2010). Avaliação Estadual: Espírito Santo - Dados Deficientes (DD) (Passamani & Mendes 2007); Rio de Janeiro - Presumivelmente Ameaçado (PA) (Bergallo et al. 2000); Minas Gerais - Deficiente em Dados (DD) (Biodiversitas 2007); Paraná - Dados Insuficientes (DD) (Mikich & Bérnils 2004); São Paulo - Pouco Preocupante (LC) (SMA 2009).

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Descrição geral do táxon É a menor espécie do gênero Dasypus, entretanto possui orelhas maiores que Dasypus hybridus (Eisenberg & Redford 1999). A carapaça tem de seis a sete cintas móveis. A coloração da carapaça é escura com alguns escudos amarelados e sua cauda é relativamente curta (Eisenberg & Redford 1999). Assim como os demais tatus deste gênero, possui quatro

dedos nos membros anteriores e cinco nos posteriores (Nowak 1999). Os indivíduos adultos de D. septemcinctus podem ser confundidos com os jovens de D. novemcicntus. Possui um cariótipo de 2n=64 cromossomos e um genoma de tamanho 5.17pg (+/0.25) ou 5056 Mbp (Redi et al. 2005).

História de vida Biologia: Segundo Nowak (1999), Dasypus septemcinctus tem hábito solitário e noturno, mas esta espécie tem sido observada geralmente em atividade durante o dia. Em área de cerrado, foram observados indivíduos ativos entre 10:00 e 17:00hrs em censos diurnos (Silva 2006). Também em área de cerrado, Bonato (2002) encontrou indivíduos ativos somente entre 6h e 14h. Em área de cerrado do Brasil Central, Dasypus

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septemcinctus alimentou-se principalmente de insetos (formigas e cupins), sendo o gênero Camponotus (Formicidae) a categoria alimentar mais frequente em sua dieta (presente em 95% das amostras fecais), seguido de Velocitermes (Isoptera; presente em 51,7% das amostras fecais). D. septemcinctus eventualmente ingeriu aracnídeos, outros artrópodes e frutos de Miconia sp. (Melastomataceae) (Silva 2006).

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Informações gerais Massa de adultos

Fêmea

Em média de 1kg +/- 0,3kg (acima de 0,7kg; N=5) no Cerrado do Brasil central (Silva 2006), podendo atingir até 1,5kg (Wetzel 1985a).

Macho

Em média 0,9kg +/- 0,2kg (acima de 0,7kg; N=8) no Cerrado (Silva 2006) Comprimento total

Fêmea

Em média 26,5cm (Wetzel 1985a).

Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea Em média 14,7cm (Wetzel 1985a). Macho

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Dasypus septemcintus (Teresa C.S. Anacleto)

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Informações gerais (continuação) Altura da Orelha Fêmea 3,0 a 3,8cm (Emmons 1990).

Macho Razão sexual

Silva & Henriques (2009) encontraram uma razão sexual de 1:1 (6 machos para 5 fêmeas) em área de Cerrado sensu stricto do Brasil Central (DF).

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

Não há informação.

Número de filhotes por gestação

A poliembrionia monozigótica (geneticamente idênticos) é exclusividade de Dasypus (Galbreath, 1985, pgs. 243-246). Segundo Esquivel citado em Smith (2008), as fêmeas tem ninhadas de 7 a 9 indivíduos. Idade de maturação dos indivíduos.

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Fêmea

274 dias (AnAge).

Macho

Não há informação.

Longevidade Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Um espécime viveu por 16,8 anos em cativeiro (Weigl 2005 citado em AnAge). Tempo geracional estimado em 8,5 anos, sendo considerado o período de 3 gerações, igual a 26 anos. Em cerrado, indivíduos adultos (≥ 0,7 kg) em condição reprodutiva foram capturados em novembro e junho e filhotes (considerando indivíduos entre 150 e 300 g; N=5) somente em dezembro e janeiro, sugerindo que o período reprodutivo desta espécie ocorre no meio do período do seco e início do período do chuvoso (junho-setembro) e que os jovens da população são recrutados na estação chuvosa (Silva & Henriques 2009, K.F.M. Silva, dados não publicados). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

No Paraguai, Nava citado em Smith (2008, p. 4) registrou o carrapato Ixodidae, Ambliomma auricularum em Dasypus septemcinctus. Esta espécie é naturalmente afetada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis causador de uma micose que contamina humanos através da inalação de esporos. Richini-Perreira et al. citado em Smith (2008) encontraram um indivíduo atropelado desta espécie no estado de São Paulo (Brasil) infectado com P. brasiliensis em parte dos pulmões, baço, fígado e linfonodos mesentéricos.

Distribuição geográfica Dasypus septemcinctus não é uma espécie endêmica do Brasil, ocorrendo também na Bolívia, Paraguai e Argentina (Abba & Superina 2010). A espécie se distribui a partir da porção sudeste da Bacia Amazônica até o extremo norte da Argentina. Limita-se a oeste pelo Mato Grosso e Chaco no Paraguai,

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englobando as áreas centrais do Brasil até o Rio Grande do Sul, leste do Brasil, leste da Bolívia e Paraguai (Wetzel 1985a, 1985b, Emmons 1990, Eisenberg e Redford 1999). A sua distribuição ao sul é incerta devido às semelhanças morfológicas com Dasypus hybridus, D. yepesi e D. novemcinctus. A presença

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de D. septemcinctus no norte da Argentina é incerta (Abba & Superina 2010). A distribuição abrange em todos os biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Para o Pampa, os registros de tatus-mulitas não especificam ou deixam dúvidas a qual espécie pertencem (D. hybridus ou D. septemcinctus). Além disto, D. septemcinctus ocorre nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. Parte da carência de informações sobre a ecologia de Dasypus septemcinctus deve-se a semelhança com outras espécies do gênero Dasypus caso estas ocorram em sintopia, o que dificulta a separação acurada dessas espécies no campo, em especial D. hybridus no Rio Grande do Sul. Muitos estudos

baseados em observações de campo podem estar registrando indivíduos jovens de D. novemcinctus como adultos de D. septemcinctus ou de modo inverso (Silva & Henriques 2009). Outro fator que dificulta o registro de ocorrência de D. septemcinctus é que esta espécie na maioria dos casos não é detectada por estudos utilizando armadilhas fotográficas, mesmo em locais onde sua presença é muito provável ou certa (Santos-Filho & Silva 2002, Sanderson & Silveira 2003, Silveira et al. 2003, Trolle & Kéry 2005, Ciochete 2007, Perez 2008, Prado et al. 2008, Schittini 2009, Oliveira 2010, Zimbres 2010). Juarez (2008) teve três registros de D. septemcinctus com armadilhas fotográficas em áreas onde a presença desta espécie já foi confirmada (DF), apesar da identidade da espécie ser duvidosa, conforme o autor. Não se sabe se a distribuição atual do táxon está reduzida em relação a sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica.

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Extensão de ocorrência: 4.274.823,41km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População É uma espécie considerada comum, já que indivíduos da espécie são facilmente encontrados. A densidade populacional estimada através do método captura-recaptura no Cerrado do Brasil Central foi 0,3 indivíduos/ha (Silva & Henriques 2009). Não se sabe se há fragmentação das populações, todavia, se considerados os dados de densidade de adultos (0,30 indivíduos/ha), razão sexual (1:1) e a proporção de jovens e adultos (50:50) para D. septemcinctus do estudo de Silva & Henriques (2009), estes autores estimaram que seja necessária uma área de aproximadamente 6.700ha para manter esta espécie, supondo um tamanho populacional viável mínimo (TPVM) de 1.000 indivíduos adultos (Tho-

mas 1990). Usando um valor de TPVM igual a 4.169 indivíduos como sugerido por Traill et al. (2007), a área mínima estimada aumenta para 27.800 hectares. Apenas unidades de conservação maiores que esse valor poderiam manter populações viáveis dessa espécie. Nas áreas menores e onde a densidade dessa espécie for baixa, a chance de populações viáveis será reduzida. A tendência populacional é desconhecida. Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais.

Hábitat e ecologia 190

Aparentemente, Dasypus septemcinctus prefere áreas secas, em oposição às áreas úmidas, principalmente em hábitats abertos, prados e pastagens, incluindo Cerrado e Chaco. No Paraná, essa espécie de tatu ocorre nos Campos, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista (Margarido & Braga 2004). Em Cerrado do sudeste do Brasil, Bonato (2002) encontrou dois indivíduos, um em campo sujo e outro em campo cerrado. Dasypus septemcinctus foi a principal espécie encontrada por Silva & Henriques (2009) em cerrado sensu stricto do Brasil Central, próximo a Brasília - DF. Ainda em Cerrado do Brasil Central (DF), esta espécie também foi capturada e/ou avistada em fisionomias de campo sujo, cerradão e mata de galeria (utilizando toca adjacente ao leito do córrego) (Silva 2006). No Parque Municipal do Bacaba, Nova Xavantina-MT, foi registrado durante o dia (pela manhã) em cerradão alterado (T.C.S. Anacleto, dados não publicados). O táxon não é restrito a hábitats primários. Esta espécie, aparentemente, é capaz de resistir a níveis moderados de perturbação humana (Mcdo-

nough et al. 2000). Na Mata Atlântica essa espécie foi registrada para áreas alteradas de campos e de mata (Loughry & McDonough 1997, McDonough et al. 2000, Araújo et al. 2008). Esta espécie foi observada em áreas queimadas, logo após eventos de fogo na Fazenda Água Limpa (cerradão) e na Reserva Ecológica do IBGE (RECOR, cerrado sensu stricto e campo sujo), ambas próximas a Brasília (DF) (K.F.M. Silva, dados não publicados). O valor da área de vida mínima estimada para uma fêmea adulta foi estimada em 0,44ha no Parque Nacional Serra da Canastra, Minas Gerais (Encarnação 1987). O maior tamanho da área de vida encontrado até o momento foi de 1,6ha referente a um macho monitorado em um cerrado do Brasil Central (Silva & Henriques 2009). D. septemcinctus e E. sexcintus foram registrados forrageando muito próximos (5m). Não há registros de sobreposição interespecífica de área de vida entre os tatus. Estudos com D. novemcinctus indicam que a área de vida está correlacionada positivamente com a idade e a massa corpórea. D. septemcinctus é a menor espécie do gê-

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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nero, consome basicamente cupins e formigas (Wetzel & Mondolfi 1979), costuma utilizar escavações de outras espécies de tatu (Eisenberg & Redford 1999) e possui pequena área de vida (Encarnação 1987, Silva & Henriques 2009). E. sexcinctus tem maior por-

te, consome grande variedade de animais e plantas (Redford & Wetzel 1985) e sua área de vida pode chegar a 900 ha (Encarnação 1987). Provavelmente há sobreposição das áreas de vida dessas espécies (Anacleto 2006).

Ameaças e uso As principais ameaças identificadas para Dasypus septemcinctus foram: Predação por espécie exótica e caça. A caça, apesar de proibida no Brasil é um fator que pode diminuir a densidade dessa espécie. Outro

fator de ameaça a essa espécie, ainda pouco conhecida, é a predação por cães ferais (Canis familiaris) em áreas de conservação, como registrado no Parque Nacional de Brasília (DF) por Lacerda et al. (2009).

Presença em áreas protegidas Dasypus septemcinctus já foi registrado em diversas Unidades de Conservação no país, tais como: Floresta Nacional Saracá – Taquera no Pará; Parque Municipal do Bacaba no Mato Grosso (T.C.S. Anacleto, dados não publicados); Parque Nacional das Emas em Goiás; Área de Proteção Ambiental Gama/Cabeça de Veado e Parque Nacional de Brasília no Distrito Federal; Parque Estadual do Turvo, Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde no Rio Grande do Sul; Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e Floresta Nacional Três Barras em Santa Catarina; na Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Monte Alegre e Parque Estadual Vila Velha no Paraná; Estações Eco-

lógicas de Jataí e de Itirapina em São Paulo; Reseva Biológica Duas Bocas no Espírito Santo; Resevas Biológicas de Poço das Antas e União, Parque Nacional da Serra do Órgãos no Rio de Janeiro; Parque Estadual Veredas do Peruaçu, Estação Ecológica Fechos e Área de Proteção Especial Mutuca em Minas Gerais; Estação Ecológica Raso da Catarina na Bahia; Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí e Parque Estadual do Mirador no Maranhão. Citado também para as Terras Indígenas (TI) Xavantes do Rio das Mortes (Vila Xavante de Etenhiritipá), TI Parabubure e TI Areões (etnia Xavante) (MT; T.C.S. Anacleto, dados não publicados).

Ações de conservação Até o momento não há oficialmente nenhum programa de conservação especifico para Dasypus septemcinctus.

Pesquisas Necessárias: É de grande relevância a realização de inventários na região sul do Brasil a fim de esclarecer a sobreposição de distribuição com outras espécies de Dasypus (em especial, D. hybridus), além de pesqui-

sas de biologia, genética e ecologia básica sobre esta espécie. Estudos que visem a quantificação do real impacto dos vetores de ameaças (caça e predação por cães).

Existentes:

Não se tem conhecimento de pesquisas em andamento com o táxon.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Teresa Cristina Anacleto (UNEMAT/MT) e Kena F. M. da Silva (Programa de Pós-Graduação em

Ecologia e Conservação da Biodiversidade, UESC/BA)

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F.M. da Silva, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Flávia Regina Miranda, Ivy Nunes (Mapas), Kena F.M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio).

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Euphractus sexcinctus (Kena Silva)

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Avaliação do Risco de Extinção de Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) no Brasil Kena Ferrari Moreira da Silva1, Jociel Ferreira Costa2, Teresa Cristina da Silveira Anacleto3, Thiago Philipe de Camargo e Timo4

Resumo Euphractus sexcinctus está presente em uma ampla área da América do Sul. Os novos registros no começo do século XXI para os estados do Maranhão, Amapá, Pará e Piauí sugerem que a distribuição disjunta desta espécie pode ser um artefato de falta de amostragem, ao invés de uma genuína distribuição geográfica disrupta. O tatu-peba é considerado comum e tolerante a alterações ambientais. A caça é extensiva em escala local e atropelamentos rodoviários são frequentes em toda sua área de ocorrência. Entretanto, essas ameaças não comprometem a população como um todo, sendo, portanto categorizada como Menos Preocupante.

Ordem

Cingulata

Família

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – tatu-peba, tatu-peludo (Superina & Aguiar 2006); ou ainda tatu-testa-de-ferro e tatu-papadefunto (Peracchi et al. 2002). Inglês – six-banded armadillo; yellow armadillo (Wetzel 1985b). Outros – gualacate (espanhol); tatou à six bandes (francês); tatou jaune (francês) (Superina & Aguiar 2006).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Menos Preocupante (LC);

1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) – UESC. 2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA. 3. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT. 4. Pesquisador Associado a Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR.

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Justificativa Euphractus sexcinctus é comum e possui ampla distribuição, é tolerante a alterações ambientais e as ameaças detectadas não comprometem a população como um todo, sendo, portanto categorizada como Menos Preocupante (LC).

Avaliação nacional anterior Táxon não consta na última avaliação nacional.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Menos Preocupante (LC) (Abba & Superina 2010). Avaliação Estadual: Minas Gerais - Não Ameaçada (LC) (Fundação Biodiversitas 2007); São Paulo - Pouco Preocupante (LC) (SMA 2009).

Descrição geral do táxon 198

A carapaça é pardo-amarelada a marrom clara, possui de 6 a 8 cintas móveis, os pelos são esbranquiçados e longos, a cabeça é cônica com um achatamento na parte superior, a cauda é longa e protegida por anéis córneos (Silva 1994). Esta espécie possui 2 a 4 orifícios no dorso da carapaça na altura da cintura pélvica próximo a

base da cauda por onde sai a secreção de glândulas odoríferas, utilizadas para a marcação de tocas (Redford & Wetzel 1985). O número de cromossomos encontrado para esta espécie foi de 2n=58 e são reconhecidas cinco subespécies (Gardner 2007). O tamanho do genoma é de 4068Mbp (Redi et al. 2005).

História de vida Biologia: Hábito solitário, exceto na época reprodutiva e no caso da mãe acompanhada de filhote(s). No Pantanal do Mato Grosso do Sul, já foi observado por duas ocasiões, de três e até oito indivíduos desta espécie em um comportamento de perseguição. Nos dois casos, os animais foram observados correndo em alta velocidade formando uma fileira única. Segundo os autores, o comportamento de perseguição observado pode ter uma função reprodutiva, onde os machos perseguiriam a fêmea no cio (Desbiez et al. 2006), suspeita confirmada com a observação, no mesmo local, do mesmo comportamento de perseguição seguido de cópula (Walfrido Moraes Tomás, filmagem e comunicação pessoal citado em Medri et al. 2011, p. 80).

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Esta espécie tem hábito alimentar generalista que inclui invertebrados (principalmente insetos), material vegetal (frutos de bromélias e palmeiras, tubérculos, etc.), pequenos mamíferos (foram encontrados quatro roedores silvestres Calomys sp. em um estômago de um indivíduo, Bezerra et al. 2001), animais mortos e carniça (Emmons 1990, Redford 1985, Medri 2008). Vários indivíduos já foram observados em conjunto se alimentando de carne e larvas de carcaça de animal morto (Moeller citado em Nowak 1999, p. 160). Euphractus sexcinctus tem atividade principalmente diurna, mas pode ter atividade à noite (Schaller 1983, Encarnação 1987, Trolle 2003, Anacleto 2006, Bonato et al. 2008, Medri 2008).

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Informações gerais Massa de adultos Fêmea De 3,2 a 6,5kg (Redford & Wetzel 1985). Macho Comprimento total Fêmea Mais de 40cm de comprimento (Redford & Wetzel 1985). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea De 11,9 a 24,1cm (Redford & Wetzel 1985b). Macho Altura da Orelha Fêmea 3,89 ± 0,35cm (N=14) (Wetzel 1985b).

199

Macho

Euphractus sexcinctus (Kena Silva)

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Informações gerais (continuação) Razão sexual

Não há informação.

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

De 60 a 65 dias de gestação (Redford & Wetzel 1985) e de 68 dias.

Número de filhotes por gestação

De um a três filhotes por gestação (sexos iguais ou diferentes) e não ocorre poliembrionia (McDonough & Loughry 2003). Idade de maturação dos indivíduos.

200

Fêmea

A idade de maturação sexual das fêmeas é de aproximadamente 274 dias (AnAge). Os filhotes abrem seus olhos depois de 22 a 25 dias, consomem alimento sólido em torno de um mês e tem sua maturidade sexual em torno dos nove meses de idade (Gucwinska citado em Redford & Wetzel 1985, p. 2) a um ano de idade, para ambos os sexos (Abba & Superina 2010).

Macho

A idade de maturação sexual dos machos é de aproximadamente 274 dias (AnAge). As características reprodutivas da espécie ainda são incipientes, a descrição do sêmem foi realizada recentemente (Serafim et al. 2010).

Longevidade

Em cativeiro esta espécie pode viver 18 anos e dez meses (Jones citado em Nowak 1999, p. 160) ou até 22,1 anos (Weigl 2005 citado em AnAge).

Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Não há informação Provavelmente não exista sazonalidade reprodutiva para esta espécie no Cerrado, podendo se reproduzir durante todo o ano (Bonato et al. 2008). No Chaco Boliviano registrou-se para esta espécie um curto e concentrado período reprodutivo no final da estação seca (Cuéllar 2008). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Hoppe et al. citado em Smith (2007), p. 7 registrou cinco helmintos intestinais em espécimes de Euphractus sexcinctus da Paraíba (Brasil): Ancylostoma caninum (Ancylostomatidae), Trichohelix tuberculata e Hadrostrongylus ransomi (Molineidae), Aspidodera fasciata e A. scoleciformis (Aspidoderidae). De 31 tatus-peba capturados no Pantanal da Nhecolândia, apenas um (fêmea adulta) apresentou pulgas, na quantidade de 10 espécimes. Os exemplares foram identificados como da espécie Tunga terasma Jordan, 1937 (Siphonaptera: Tungidae) (Medri 2008). No mesmo estudo, dentre os 31 tatus-peba capturados (16 machos e 15 fêmeas), 23 apresentaram carrapatos (12 machos e 11 fêmeas). Deste total, 56% foram da espécie Amblyomma cajennense Fabricius, 1787 e 6% foram da espécie Amblyomma parvum Aragão, 1908. O restante foi representado por imaturos do gênero Amblyomma, sendo 32% ninfas e 6% larvas (Medri 2008).

Distribuição geográfica A espécie não é endêmica ao Brasil, ocupando uma ampla área da Ámerica do Sul. De acordo com Wetzel (1985a, 1985b) e Redford & Wetzel (1985), a

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espécie ocorre no norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, bem como em áreas adjacentes da Bolívia, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina.

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Há, no entanto, uma ocorrência pequena e isolada na região de fronteira entre Brasil e Suriname, ao norte do Rio Amazonas que por mais de 20 anos se pensava ser uma população disjunta. A presença de populações desta espécie no Peru deve ser confirmada (Abba & Superina 2010) e não ocorre na província de Buenos Aires, Argentina (Flores et al. 2009). No Brasil está presente nos Biomas: Amazônia, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Além disto, Euphractus sexcicntus ocorre nos estados do Amapá, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os registros recentes de E. sexcinctus através

de sistemáticos levantamentos no leste da Amazônia, confirmaram a ocorrência desta espécie em novas localidades no Maranhão (parte amazônica do Maranhão entre os Rios Gurupi e Parnaíba, Silva Junior et al. 2001; área costeira, Hass et al. 2003), Amapá (Silva Junior & Nunes 2001), partes do norte, noroeste, centro e leste do Pará (Ilha de Marajó, Silva Junior et al. 2005a, 2005b, interflúvio entre os Rios Tocantins e Gurupí - leste do Pará, Andrade et al. 2006, médio Rio Amazonas, Lima et al. 2009) e Piauí (Andrade et al. 2006). Após a descoberta de novos registros no Maranhão, Amapá, Pará e Piauí (Silva Junior & Nunes 2001, Silva Junior et al. 2001, Silva Junior et al. 2005a, 2005b, Andrade et al. 2006), diminuiu significantemente o tamanho da área que separa as duas partes da distribuição geográfica antes conhecida desta espécie (Wetzel 1985a, 1985b, Redford & Wet-

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zel 1985, Emmons 1990). Os registros de novas localidades para E. sexcinctus sugerem que a distribuição disjunta desta espécie pode ser um artefato de falta de amostragem, ao invés de uma genuína distribuição geográfica disrupta. Os registros de Andrade et al. (2006) estendem a distribuição de E. sexcinctus até o interflúvio entre os Rios Tocantins e Gurupí. Tomados em conjunto com as localidades apresentadas por Silva Júnior & Nunes (2001) e Silva Junior et al. (2001),

parece provável que E. sexcinctus é continuamente distribuído pelo menos para a margem sul da foz do Rio Amazonas. Pesquisas adicionais entre os Rios Tocantins e Xingu podem proporcionar evidências de uma distribuição total muito mais ampla do que havia sido previamente assumida (Andrade et al. 2006). Não há indicações (inferências, suspeita) de que a distribuição atual do táxon está reduzida em relação a sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica.

Extensão de ocorrência: 5.670.105,36km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População

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É uma espécie considerada comum (indivíduos da espécie são facilmente encontrados) (Redford & Wetzel 1985). A densidade de E. sexcinctus foi estimada em 0,14 indivíduos/ha pelo método de captura-recaptura na ESEC de Itirapina, SP (Bonato et al. 2008). Desbiez et al. (2010) obteve a densidade desta espécie no Pantanal central, por transecto linear em planície alagada (1,79 indivíduos/km2), mata (1,06 indivíduos/ km2) e cerrado (0,55 indivíduos/km2). Schaller (1983),

também para o Pantanal, através de transectos lineares, obteve valores de densidade de 0,48 indivíduos/ km2 para cerrado; 0,59 indivíduos/km2 na floresta secundária; 2,0 indivíduos/km2 na mata de galeria e 2,9 indivíduos/km2 na floresta decidual. Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. A tendência populacional é estável.

Hábitat e ecologia Euphractus sexcinctus é encontrada em áreas abertas, savanas, florestas secas, florestas semi-decíduas, bordas de florestas (Eisenberg & Redford 1999, Abba & Superina 2010) e florestas ombrófilas densas (A. Chiarello, dados não publicados) O táxon não é restrito a hábitats primários, podendo ser encontrado em florestas secundárias bem como em floresta amazônica primária (Redford & Wetzel 1985) ou mesmo em floresta ombrófila densa no Espírito Santo (A. Chiarello, dados não publicados). Euphractus sexcinctus é comumente registrada em extensas áreas plantadas com cana-de-açú-

car no nordeste paulista (Dalponte & Tavares-Filho 2004). Pode também ser encontrada em áreas com pastagens exóticas (Anacleto 2007). O valor de área de vida registrado para esta espécie no Parque Nacional da Serra da Canastra (Minas Gerais) variou de 6 a 958ha para machos, e 3 a 132ha para fêmeas, com um deslocamento diário de até 2.250 metros (Encarnação 1987). Medri (2008) no Pantanal registrou a área de vida mínima para machos desta espécie variando de 1 a 96ha e para fêmeas de 0,1 a 19ha.

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: Incêndio, caça e aumento da matriz rodoviária, principalmente pela ocorrência de atropelamentos. A caça é extensiva em escala local (Abba & Superina 2010). Atropelamentos rodoviários são mui-

to comuns em toda sua área de ocorrência. No nordeste do estado de São Paulo, onde esta espécie é relativamente abundante, é um dos mamíferos mais atropelados nas rodovias que cortam as propriedades que cultivam extensivamente a cana-de-açúcar na região (Dalponte & Tavares-Filho 2004).

Presença em áreas protegidas Euphractus sexcintus está presente em diversas Unidades de Conservação, portanto esta lista é necessariamente incompleta. A espécie ocorre no Parque Estadual Monte Alegre, Floresta Nacional de Altamira e Parque Nacional do Jamanxim no Pará; no Mato Grosso: Parque Municipal Mario Viana e Parque Estadual do Araguaia; no Mato Grosso do Sul: Parque Nacional da Serra da Bodoquena; em Goiás: Parques Nacionais das Emas e Chapada dos Veadeiros, Área de Proteção Ambiental do Encantado; no Distrito Federal: “Reserva Ecológica” do IBGE/RECOR e Parque Nacional de Brasília; no Piauí: Parques Nacionais da Serra da Capivara e de Sete Cidades; no Maranhão: Parque Estadual do Mirador; na Bahia: Parque Nacional da Chapada Diamantina e Estação Ecológica Raso da Catarina; no Ceará: Parque Nacional de Ubajara e Floresta Nacional do Araripe – Apodi (CE/PE); em Per-

nambuco: Parque Ecológico Professor João Vasconcelos Sobrinho, Estação Ecológica de Tapacurá; em Sergipe: Parque Nacional da Serra de Itabaiana; em Minas Gerais: Parque Nacional da Serra da Canastra, Estações Ecológicas do Panga e Fechos, Parques Estaduais do Biribiri, Pico do Papagaio, Veredas do Peruaçu e Pico do Itambé, “Parque Florestal” Estadual do Rio Doce; em São Paulo: Estações Ecológicas de Itirapina, de Jataí e Juréia-Itatins, “Reserva Florestal” do Morro Grande e Parque Estadual do Morro do Diabo; no Rio Grande do Sul: Parques Estaduais do Turvo e do Espinilho e Parque Eólico do Chuí; em Santa Catarina: Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e no Paraná: Parque Estadual do Cerrado. Citado também para as Terras Indígenas (TI) Xavantes do Rio das Mortes - Vila Xavante de Etenhiritipá e TI Parabubure (MT).

Pesquisas Necessárias: Inventários em áreas de savana na Amazônia brasileira são importantes para se conhecer melhor sua distribuição geográfica nesta região. Mensurar o

impacto das rodovias (atropelamento) sobre as populações silvestres. Estudos de biologia, genética (barcode) e demografia também são necessários.

Existentes:

Não existem atualmente.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Ísis Meri Medri (membro do grupo de especialistas em tamanduás, preguiças e tatus – ASASG/

IUCN); José de Sousa e Silva Júnior (Departamento de Zoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi).

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F.M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Fávia Regina Miranda, Ìsis Meri Medri, Ivy Nunes (Mapas), Jociel Ferreira Costa, Kena F.M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Taissa Régis (Apoio), Thiago Philipe de Camargo e Timo.

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Priodontes maximus (Fábio Röhe)

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Avaliação do Risco de Extinção de Priodontes maximus (Kerr, 1792) no Brasil Adriano Garcia Chiarello1, Fábio Röhe2, Flávia Regina Miranda3, Guilherme de Miranda Mourão4, Kena Ferrari Moreira da Silva5, Sergio Maia Vaz6, Teresa Cristina da Silveira Anacleto7 Resumo Apesar do porte avantajado, o tatu-canastra é uma das espécies menos estudadas de tatus, principalmente em relação à densidade e tamanhos populacionais. A espécie é amplamente distribuída pela Amazônia, Pantanal e Cerrado. A carência de registros sugere, entretanto, que o táxon nunca é abundante localmente. A situação é ainda pior na Mata Atlântica, onde as populações remanescentes estão confinadas em duas localidades apenas. Considerando a caça, a perda ocorrida e contínua do Cerrado, o avanço do arco do desmatamento no bioma amazônico e a perda de mais de 80% do bioma Mata Atlântica, infere-se que pelo menos um terço da população foi perdida nos últimos 24 anos. Assim, Priodontes maximus foi considerada Vulnerável conforme os critérios A2cd.

Ordem

Família

Cingulata

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – tatu-canastra; tatu-açú (Superina & Aguiar 2006). Inglês – giant Armadillo (Superina & Aguiar 2006). Outros – tatú guazú (espanhol), tatú carreta (espanhol), armadillo gigante (espanhol), carachupa maman (espanhol), cuspón (espanhol); tatou géant (francês) (Abba & Superina 2010).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

1. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 2. Wildlife Conservation Society. 3. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 4. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal. 5. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/ BA. 6. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ. 7. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

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Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Vulnerável (VU) - A2cd

Justificativa Considerando a caça direcionada, a perda ocorrida e contínua do Cerrado, 49,1% nos últimos 50 anos, o avanço do arco do desmatamento no bioma amazônico e perda de 88% do bioma Mata Atlântica, infere-se que pelo menos 30% da população foi perdida nos últimos 24 anos. Assim, Priodontes maximus foi considerada Vulnerável conforme os critérios A2cd. É estimado que, assumindo a densidade da espécie para uma área conhecida no Cerrado, PARNA de Emas, o quantitativo remanescente da mesma nos poucos fragmentos de Mata Atlântica com ocorrência confirmada, não superaria os 250 indivíduos maduros, e considerando que a maior área contigua de floresta está na casa dos 40 mil ha, nenhuma população possuiria mais de 50 indivíduos maduros. Assim para a Mata Atlântica a espécie Priodontes maximus foi categorizada como Criticamente Em Perigo (CR) pelos critérios C2ai.

Histórico das avaliações nacionais anteriores Vulnerável (VU) - A2cd (MMA 2003, Machado et al. 2005, Machado et al. 2008).

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Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Vulnerável (VU) - A2cd (Abba & Superina 2010). Avaliação Estadual: Pará - Vulnerável - VU - SEMA (2007a); Espírito Santo - Criticamente Em Perigo - CR A2c,d (Passamani & Mendes 2007); Rio de Janeiro - Criticamente Em Perigo - CR (Bergallo et al. 2000); São Paulo - Criticamente Em Perigo - CR A2c (Chiquito et al. 2009); SEMA (2008); Minas Gerais - Em Perigo - EN - Fundação Biodiversitas (2007).

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Priodontes maximus (Daniel Velho)

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Descrição geral do táxon O tatu-canastra (Priodontes maximus) é a maior espécie vivente da Magna Ordem Xenarthra. Pode possuir de 11 a 13 cintas móveis altamente flexíveis, poucos pêlos esparsos pelo corpo, coloração marrom-escura, exceto na cabeça e na cauda e ao redor da borda de sua carapaça, que apresenta uma fai-

xa clara (Nowak 1999). A cauda longa e afilada é coberta por pequenos escudos pentagonais (Emmons 1990). A garra do terceiro dedo mede cerca de 20cm ao longo de sua curvatura (Nowak 1999), utilizada na escavação de tocas e procura de alimentos. Tem cromossomos diplóides 2n=50 (Redi et al. 2005).

História de vida Biologia: A espécie tem hábito solitário e só encontra outros indivíduos na época do acasalamento. Fonseca et al. (1996) a consideraram semi-fossorial, discordando parcialmente de Eisenberg & Redford (1999), que a consideraram fossorial, pois pode permanecer na toca por vários dias, sendo raramente vista. A espécie tem hábito principalmente noturno (Eisenberg & Redford 1999, Noss et al. 2004). Silveira et al. (2009) com armadilhas fotográficas encontraram um pico de atividade entre 02:01h às 04:00h no Parque Nacional das Emas-GO. As duas únicas visualizações de espécimes ativos durante o dia neste estudo foram de um indivíduo caminhando em uma estrada às 10:15h em abril de 2007 e outro escavando uma toca às 12:30h, em junho de 2007. Para a Mata Atlântica, Srbek-Araujo et al. (2009) registraram esta espécie por armadilhas fotográficas entre 22:00h e 03:30h no Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais. Neste mesmo Parque, estudo mais recente registrou a espécie, também por armadilhas fotográficas, entre 00:42h e 05:34h (A. Chiarello

et al., dados não publicados). A dieta do tatu-canastra é constituída principalmente de cupins e formigas e ocasionalmente de outros insetos, aranhas, minhocas, larvas, cobras e carniça (Nowak & Paradiso 1983, Redford 1985, Anacleto & Marinho Filho 2001). Muitas vezes, as tocas do tatu-canastra são utilizadas para determinar a existência das populações na natureza e a preferência de hábitats da espécie. As tocas desta espécie são muitas vezes escavadas na base de cupinzeiros e têm em média cerca de 31 cm de altura e de 47 cm de largura (Carter & Encarnação 1983). Ao contrário de outros tatus, esta espécie frequentemente destrói os cupinzeiros quando está se alimentando (Eisenberg & Redford 1999). Portanto, o tatu-canastra tem papel, provavelmente importante, na regulação das populações desses insetos. Cupinzeiros destruídos até o nível do solo e espalhados numa área circular considerável, são boas evidências da presença da espécie no local (Lima Borges & Tomás 2004).

Informações gerais Massa de adultos Fêmea

A espécie pode chegar a 60kg (Nowak 1999), enquanto que em cativeiro até 80kg (Parera 2002). Média de 28,0kg no PARNA das Emas (GO) (Silveira et al. 2009).

Macho

Média de 44,40kg no PARNA das Emas (GO) (Silveira et al. 2009). Comprimento total

Fêmea

Em torno de 75 a 100cm (Nowak 1999). No PARNA das Emas (GO), tiveram uma média de 137,74cm (Silveira et al. 2009).

Macho

Em torno de 75 a 100cm (Nowak 1999). No PARNA das Emas (GO) os machos (155,90cm) foram maiores do que as fêmeas (Silveira et al. 2009).

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Informações gerais (continuação) Comprimento cauda (cm) Fêmea Cerca de 50cm (Nowak 1999). Macho Altura da Orelha Fêmea Entre 4,7 a 5,9cm (Emmons 1990). Macho Razão sexual

Não há informação.

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

Em torno de 4 meses e o desmame ocorre quando o filhote atinge cerca de 4 a 6 semanas de idade (Merret citado em Nowak 1999, p. 162).

Número de filhotes por gestação

A fêmea do tatu-canastra possui duas mamas (Nowak & Paradiso 1983) e usualmente tem apenas um filhote por vez, mas o nascimento de dois filhotes já foi registrado (Krieg 1929 citado em Marinho Filho & Medri 2008, p. 707).

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Idade de maturação dos indivíduos. Fêmea Ocorre por volta dos 9 aos 12 meses (Merret citado em Nowak 1999).

Macho Longevidade

De 12 a 15 anos (Merret citado em Nowak 1999, p. 162).

Tempo geracional

8 anos, logo 3 gerações correspondem a 24 anos.

Sazonalidade reprodutiva

Não há informação. Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

No norte do Pantanal Mato-grossense foram coletados cinco espécimes de Amblyomma cajennense (Ixodidae) em dois indivíduos adultos de Priodontes maximus (Miranda et al. 2010). Linardi & Guimarães (2000) coletaram e identificaram a pulga Tunga terasma (Siphonaptera) parasitando indivíduo capturado em Anápolis (Goiás). A toxoplasmose é uma zoonose amplamente difundida que afeta animais silvestres e o homem, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Sogorb et al. (1977) registraram testes positivos para toxoplasmose para P. maximus no Estado de São Paulo. A infecção de seres humanos através do consumo de carne mal cozida é uma possibilidade de contágio.

Distribuição geográfica A espécie não é endêmica ao Brasil, ocorrendo também na Venezuela, Guianas (Guiana Francesa, Guiana, Suriname), Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai e na Argentina (Abba & Superina 2010). Segundo Wetzel (1982, 1985a, 1985b), com

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base em informações de material depositado em museus, coleções científicas e outros registros disponíveis na época, a distribuição geográfica do tatu-canastra cobre grande parte da América do Sul, a leste dos Andes, noroeste da Venezuela e sul das Guianas,

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Colômbia, Equador, Peru e Bolívia até o noroeste da Argentina, Paraguai e Sudeste do Brasil, incluindo um registro no Rio Grande do Sul, embora possa se tratar de um equívoco (T.C.S. Anacleto, dados não publicados). Esta espécie tem atualmente seus registros concentrados para a Amazônia, Pantanal e Cerrado (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012). Os registros na Mata Atlântica são muito raros, sendo que recentemente alguns registros foram feitos apenas para remanescentes florestais de Minas Gerais e Espírito Santo (Srbek-Araujo et al. 2009). O tatu-canastra possui registros confirmados para os estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e oeste do estado da Bahia. Existem áreas onde o táxon supostamente ocorra ou que necessitem de maior amostragem e pesquisa. Extensivos levantamentos da mastofauna realizados nos remanescentes de Mata Atlântica têm falhado em detectar a presença desta espécie, apesar do tatu-canastra deixar rastros (tocas e pegadas) bem conspícuos no ambiente. Um exemplo é que inventários anteriores ao de Srbek-Araújo et al. (2009),

foram incapazes de registrar a presença desta espécie em dois fragmentos de Mata Atlântica do Espírito Santo e Minas Gerais. Os escassos registros, históricos e recentes, de Priodontes maximus na Mata Atlântica sugerem que esta espécie nunca foi abundante neste bioma (Srbek-Araújo et al. 2009), o que não exclui a necessidade de estudos em remanescentes ainda não investigados, e que potencialmente, podem estar abrigando populações desta espécie. Provavelmente a distribuição atual do táxon está reduzida em relação a sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica. A distribuição original da espécie abrangia quase todo o Brasil, à exceção de alguns estados do Nordeste, como Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Sergipe, onde parece nunca ter sido registrada (Marinho Filho & Medri 2008). Esta espécie desapareceu em boa parte de sua distribuição sul. Atualmente, a espécie está extinta no Paraná e restrita a poucas localidades no Sudeste do Brasil (Marinho Filho & Medri 2008). Está provavelmente extinta no estado de São Paulo e em vias de extinção no Espírito Santo.

Extensão de ocorrência: 5.996.921,1km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População Esta espécie é naturalmente rara (Marinho Filho & Medri 2008, Srbek-Araújo et al. 2009, Abba & Superina 2010). Silveira et al. (2009) estimam uma população de 50 indivíduos para o PARNA das Emas. Foi estimada uma densidade média mínima de 3,36 animais/100km2 através de armadilhas fotográficas no Parque Nacional das Emas - GO (Silveira et al. 2009). Noss et al. (2004), também através de armadilhas fotográficas, estimaram densidades entre 5,77 a 6,28 indivíduos por 100km² em Santa Cruz, na Bolívia.

Existe uma tendência alta de fragmentação de suas populações em áreas de Cerrado e remanescentes de Mata Atlântica. Segundo Srbek-Araujo et al. (2009), as populações no sudeste do Brasil estão muito reduzidas e fragmentadas. Considerando a caça direcionada, a perda ocorrida e contínua do Cerrado, 49,1% nos últimos 50 anos, o avanço do arco do desmatamento no bioma amazônico e perda de 88% do bioma Mata Atlântica, infere-se que pelo menos 30% da população foi per-

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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dida nos últimos 24 anos (IBGE 2012). Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, entretanto não há informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. Entretanto, existem evidências de aumento nos níveis de

ameaça fora do Brasil. O Centro de “Datos de Conservación” no Paraguai considera esta espécie em eminente perigo de extinção (código N1 – “criticamente em perigo”) (Smith 2007). Esta espécie está ameaçada (Em Perigo) na Venezuela (Rodríguez & Rojas-Suaréz 2010).

Hábitat e ecologia O tatu-canastra é encontrado em áreas de Cerrado e florestas tropicais (Eisenberg & Redford 1999). Segundo Parera (2002) habita florestas tropicais e subtropicais, cerrado, ambientes xerófilos e planícies de inundação. No Brasil Central, a espécie utiliza preferencialmente o Cerrado, enquanto outros hábitats, como mata e campo úmido, são utilizados em menor proporção, principalmente para as atividades de alimentação (Anacleto 1997). Santos-Filho & Silva (2002) encontraram a espécie em cerrado

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sensu strictu, mas ausente da mata ciliar e floresta de palmeira dominada por Orbignia martiniana no Mato Grosso, Brasil. Os animais no PARNA Emas (GO) mostraram uma forte preferência por hábitats abertos, como campos, cerrados abertos, pastagens e as bordas de várzeas (Silveira et al. 2009). No sul do Amazonas, esta espécie foi encontrada em floresta de tabocas (F. Röhe, dados não publicados). O táxon não é restrito a hábitats primários. No PARNA das Emas (GO) esta espécie foi capaz de utili-

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zar áreas do entorno do PARNA ocupadas por culturas agrícolas de algodão, milho e cana-de-açúcar; pastagens e remanescentes de vegetação natural para dispersão ou como parte ativa de sua área de vida, embora as evidências de escavação ou amostras de fezes não foram encontrados a mais de 100 metros de hábitat nativo (Silveira et al. 2009, Vynne et al. 2010). A seleção de hábitat aparentemente não é afetada pelo fogo, pois em um estudo no cerrado do Mato Grosso, Brasil, Prada & Marinho Filho (2004) observaram que Priodontes maximus utilizou as áreas queimadas com a mesma frequência do que áreas

não queimadas para forrageamento. O fato de não haver diferença significativa no uso das áreas, sugere que o fogo não estaria alterando diretamente as presas principais desta espécie, os cupins. A área de vida mínima registrada para um indivíduo foi de 726,5ha (Encarnação 1987). Para os tatus-canastras monitorados no Parque Nacional das Emas (GO) a média da área de vida foi de 1000ha (Silveira et al. 2009). O maior valor estimado para a área de vida do tatu-canastra até o momento foi de 1500ha, registrado por Noss et al. (2004) no Chaco Boliviano.

Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: incêndio, agricultura, desmatamento, aumento da matriz rodoviária e caça. A espécie é naturalmente rara, mas está se tornando ainda mais rara pela alteração e destruição de seu hábitat (Marinho Filho & Medri 2008). O tatu-canastra é uma das espécies mais diretamente ameaçadas pela atividade humana. É apreciado como alimento e muito caçado em sua área de distribuição

(Wetzel 1985b, Hill et al. 1997, Leeuwenberg 1997, Peres 2000). Outros fatores que contribuem para a rarefação das populações desta espécie, ao longo do território nacional, são o fogo (Silveira et al. 1999) e os atropelamentos rodoviários (Marinho Filho & Medri 2008). A desconexão de hábitat parecer ser mais evidente para as populações do Cerrado e Mata Atlântica. Na região de Alter do Chão (PA), a espécie desapareceu devido a caça (Sampaio et al. 2010).

Ações de conservação Necessárias: Segundo Marinho Filho & Medri (2008), é necessário a proteção dos hábitats utilizados pela espécie com implantação de novas Unidades de Conservação, especialmente nas áreas em que se sabe que o tatu-canastra ocorre em densidades favoráveis para assegurar uma população mínima viável e desenvolver estratégias que permitam a conexão de Unidades de Conservação já existentes e futuras por meio de corredores ecológicos. Devido a perseguição sofrida por estes animais para alimentação, a fiscalização e controle da caça e apanha são necessários, especialmente nas Unidades de Conservação. Nas áreas onde o tatu-canastra é ainda utilizado como alimento (Amazônia), por meio de caça de subsistência, é importante a realização de estudos que quantifiquem tanto o impacto desta atividade nas populações deste tatu como também analisem e proponham alternativas econômicas para as populações humanas locais.

Em áreas com alta incidência de caça e atropelamentos, Marinho Filho e Medri (2008) sugerem a implantação de programas de educação ambiental voltados à conservação do tatu-canastra. Ainda é possível a realização de campanha educativa voltada aos proprietários e às comunidades rurais que valorize a espécie, informando sobre a importância do tatu-canastra no controle de formigas e cupins. Segundo Chiquito et al. (2009) são necessários inventários, prioritariamente em remanescentes de Cerrado que objetivem confirmar a presença atual da espécie em São Paulo, uma vez que não existem registros confiáveis há décadas, além da criação de Unidades de Conservação e obtenção de dados básicos da biologia e ecologia da espécie. Vários estudos realizados nas últimas duas décadas no maior remanescente de Cerrado de estado de São Paulo (Estação Ecológica de Jataí) não confirmaram a presença local desta espécie.

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Presença em áreas protegidas

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Resevas Biológicas do Rio Trombetas (Vaz 2003, IBAMA 2004) e Nascentes da Serra do Cachimbo (ICMBio 2009a), Posto Indígena (PIN) Aukre, PIN Kô Kraimôrô, Gorotire (Vaz 2003), Florestas Nacionais de Altamira (MMA 2008), de Tapajós (Sampaio et al. 2010), do Trairão (ICMBio 2010a), de Caxiuanã (Martins et al. 2007), Sacará-Taquera (Oliveira et al. 2006, entrevista) e do Crepori (ICMBio 2010b), Parques Nacionais da Amazônia (George et al. 1988) e do Jamanxim (MMA 2008) e Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (Peres et al. 2003) no Pará; Parques Nacionais dos Campos Amazônicos (ICMBio 2011), do Pico da Neblina (Marinho Filho & Medri 2008) e do Jaú (Iwanaga 2004), Floresta Nacional do Purus (ICMBio 2009b), Reseva Extrativista Arapixi (ICMBio 2010c) no Amazonas; Parque Nacional da Serra do Divisor, TI Jaminauá/Envira e Kampa do Rio Envira (jan. 2012) (Calouro 1999) e ESEC do Rio Acre (ICMBio 2010d) no Acre; Parques Nacionais do Cabo Orange (Marinho Filho & Medri 2008) e Montanhas do Tumucumaque (Silva 2008), Estação Ecológica do Jari (Marinho Filho & Medri 2008) no Amapá; Parque Nacional do Viruá e Estação Ecológica de Maracá (Barnett & Cunha 1998) em Roraima; “Reserva Ecológica” do Xixuaú-Xiparinã (AM/RR, Marinho Filho & Medri 2008); Parque Nacional de Pacaás Novos (Marinho Filho & Medri 2008) e Floresta Nacional do Jamari (Koester et al. 2008) em Rondônia; Parque Estadual do Cantão (Ribeiro et al. 2010, Zimbres, 2010) e Parque Nacional do Araguaia (MMA 2001) no Tocantins; TI Xavantes do Rio das Mortes - Vila de Etenhiritipá (Leeuwenberg 1997), TI Parabubure (Rocha & Silva 2009), Estação Ecológica da Serra das Araras (Santos-Filho & Silva 2002), Parques Estaduais do Araguaia (SEMA 2007b), da Serra Azul (Marinho Filho & Medri 2008), da Serra de Santa Bárbara (Marinho Filho & Medri 2008) e do Cristalino

(Rocha 2010), Parque Municipal Mario Viana ou do Bacaba (Rocha & Dalponte 2006), Parques Nacionais da Chapada dos Guimarães (Marinho Filho & Medri 2008) e do Pantanal Mato-Grossense (Marinho Filho & Medri 2008) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Estância Ecológica SESC-Pantanal (Trolle & Kéry 2005, Miranda et al. 2010) em Mato Grosso; RPPN da Fazenda Rio Negro (Marinho Filho & Medri 2008) em Mato Grosso do Sul; Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros (Marinho Filho & Medri 2008) e das Emas (Rodrigues et al. 2002, Sanderson & Silveira 2003, Silveira et al. 2003, Silveira et al. 2009, Ribeiro et al. 2010), Parque Estadual Serra de Caldas Novas (N.M. Torre, comunicação pessoal, fotografia de armadilha fotográfica 2004) e APA do Encantado (Zimbres 2010) no Goiás; Parque Nacional de Brasília (Juarez 2008, Lacerda et al. 2009), “RESEC” do IBGE (Fonseca et al. 1984, D.M.A. Velho fotografia e comunicação pessoal) e Estação Ecológica de Águas Emendadas (Marinho Filho & Medri 2008) no Distrito Federal; Parques Nacionais Grande Sertão Veredas (MG/BA) (Marinho Filho & Medri 2008); Nascentes do Rio Parnaíba (BA/MA/PI/TO) (Marinho Filho & Medri 2008) e Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (TO/BA; Marinho Filho & Medri 2008); Parques Estaduais do Rio Doce (Srbek-Araujo et al. 2009), do Rio Preto (Lessa et al. 2008) e Veredas do Peruaçu (Ferreira et al. 2011), Parques Nacionais das Sempre-Vivas (Lessa et al. 2008) e da Serra da Canastra (Carter & Encarnação 1983) e RPPN Galheiros (Marinho Filho & Medri 2008), em Minas Gerais; Reserva Biológica de Sooretama (Srbek-Araujo et al. 2009) e Reserva Natural Vale (Srbek-Araujo et al. 2009) no Espírito Santo; por fim, Estação Ecológica Uruçui-Una (Zimbres 2010) e Parque Nacional Serra das Confusões (Henrique et al. 2007) no Piauí.

Áreas protegidas com confirmação de extinção local do táxon Priodontes maximus foi extinta na Reserva Biológica de Córrego do Veado, município de Pinheiros, Espírito Santo (A. Chiarello, comunicação pessoal citado em Marinho Filho & Medri 2008, p. 708) e no Parque Estadual do Mirador, no Maranhão (nenhum registro depois de 1985, T. Oliveira, comunicação pessoal citado em Marinho-Filho & Medri 2008, p.

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708). Em 1995, uma toca foi fotografada por A.G. Chiarello na Floresta Estadual do Rio Preto, ocasião em que presença de pegadas também foi confirmada por funcionários desta Unidade de Conservação localizada no município de Pedro Canário, Espírito Santo. Não há notícias, entretanto, da presença atual da espécie nesta UC.

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Pesquisas Necessárias: Pesquisa científica sobre a história de vida, demografia e genética do tatu-canastra ainda é necessária, para melhor esclarecer seus requerimentos ecológicos e subsidiar o manejo e conservação da es-

pécie. Estudos demográficos, inclusive em ambientes florestais. Apesar de ser amplamente distribuído na Floresta Amazônica, praticamente nada é conhecido sobre a ecologia da espécie neste Bioma.

Existentes: Ecologia (PARNA das Emas) - Anah Jácomo e Leandro Silveira (Instituto Onça Pintada); Ecologia (Pantanal) - Arnaud Desbiez.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Jader Marinho Filho (UnB); Teresa Cristina da Silveira Anacleto (UNEMAT – Campus Nova Xavantina e UFG); Arnaud Desbiez (Royal Zoological Society

of Scotland); Anah Tereza Jácomo e Leandro Silveira (Instituto Onça Pintada/Pró-Carnívoros).

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena F.M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ísis Meri Medri, Ivy Nunes (Mapas), Kena F.M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Maria Nazareth F. da Silva, Taissa Régis (Apoio).

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Tolypeutes matacus (Nina Attias)

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Avaliação do Risco de Extinção de Tolypeutes matacus (Desmarest, 1804) no Brasil Marcelo Lima Reis1, Guilherme de Miranda Mourão2, Sergio Maia Vaz3, Sonia Cristina da Silva Belentani4, Teresa Cristina da Silveira Anacleto5 Resumo Tolypeutes matacus é um tatu de pequeno porte, que habita áreas de Chaco e Cerrado da Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil (Pantanal do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Possui atividade tanto diurna como noturna e alimenta-se basicamente de insetos (cupins e formigas), mas também consome frutos durante a estação chuvosa - insetívora oportunista. Tem o corpo coberto por placas dérmicas (carapaça) que possui a capacidade de se curvar completamente, ficando no formato de uma bola e totalmente protegido pela carapaça. É uma estratégia de defesa contra predadores naturais, porém o torna presa fácil para caçadores. A caça predatória e de subsistência (carne) parece ter sido a principal ameaça à sobrevivência da espécie, seguida pela destruição e alteração do hábitat, e predação por animais exóticos. Devido a falta de informações sobre a espécie no Brasil (apenas quatro registros), somados à perda ocorrida para o Cerrado e Pantanal nos últimos anos e ao desconhecimento sobre o grau de tolerância à degradação ambiental da espécie, Tolypeutes matacus foi considerada como Dados Insuficientes.

Ordem

Família

Cingulata

Dasypodidae

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Nomes comuns por região/língua Português – tatu-bola (Superina & Aguiar 2006). Inglês – southern three-banded armadillo (Superina & Aguiar 2006). Outros – quirquincho bola (espanhol); mataco (espanhol, Argentina); mataco bola (espanhol, Argentina); pejiche (espanhol, Bolivia) (Superina & Aguiar, 2006); corechi (espanhol, Bolivia) (Cuéllar 2002).

Sinonímia/s

Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

1. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. 2. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal. 3. Departamento de Vertebrados, Seção de Mamíferos, Museu Nacional – MN/ UFRJ. 4. 5. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

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Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Dados Insuficientes (DD)

Justificativa Considerando a vulnerabilidade à caça de Tolypeutes matacus, a perda ocorrida e contínua do Cerrado, de 49,1% nos últimos 50 anos, bioma que aliado ao Pantanal compõe praticamente toda a área de distribuição da espécie no Brasil, o baixo número de registros, apenas quatro no Brasil, somados ao desconhecimento sobre o grau de tolerância à degradação ambiental da espécie, Tolypeutes matacus foi considerada como Dados Insuficientes (DD).

Avaliação nacional anterior Dados Insuficientes (DD) (Biodiversitas 2005, Machado et al. 2008).

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Quase Ameaçada (NT) (Abba & Superina 2010).

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Tolypeutes matacus (Nina Attias)

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Descrição geral do táxon Tolypeutes matacus possui a carapaça marrom e a maioria dos indivíduos tem três cintas móveis, mas este número pode variar de duas a quatro cintas móveis (Nowak 1999). Cada membro anterior tem quatro dedos, enquanto T. tricinctus possui cinco. Os membros posteriores em ambas as espécies do gênero possuem cinco dedos, sendo que, o segun-

do, terceiro e quarto dedos são fundidos e o primeiro e quinto ligeiramente separados. As orelhas são amplas, ásperas e com bordas levemente serreadas (Parera citado em Medri et al. 2011, p. 85). A cauda é coberta por escudos dérmicos e tem pouca flexibilidade (Nowak 1999). Esta espécie possui 2n=38 cromossomos (Nowak citado em Smith 2007, p. 3).

História de vida Biologia: Tolypeutes matacus alimenta-se basicamente de insetos (Cuéllar 2008). Merrit citado em Redford (1985, p. 433) registrou que esta espécie pode comer carniça. Um estudo de Bolkovic et al. (1995) sugere que a espécie é insetívora oportunista ao invés de especialista. Isto porque, em estudo no Chaco argentino, esta espécie apresentou variação sazonal em sua dieta, consumindo mais cupins e formigas durante a estação seca e mais frutos durante a estação chuvosa, além de larvas de besouro sendo consumidas ao longo de todo o ano. Tolypeutes matacus pode ter atividade tanto noturna quanto diurna, dependendo da temperatura ambiente e chuva (Eisenberg & Redford 1999).

Barrientos e Cuéllar (2004) observaram através de localizações por radiotelemetria e armadilhas fotográficas que T. matacus, no Chaco Boliviano, estava em atividade principalmente a partir do meio dia até às 4:00hrs da madrugada. Em dia de frio extremo até seis indivíduos desta espécie foram encontrados inativos e compartilhando o mesmo abrigo, deixando estes locais após o aumento da temperatura ambiente (Merrit 2008). No Brasil, Mato Grosso, a maioria dos encontros foi ao meio dia e às 18:00hrs (Smith 2007). As duas espécies do gênero Tolypeutes são as únicas que não cavam as próprias tocas, utilizando as tocas feitas por outros animais.

Informações gerais Massa de adultos Fêmea Macho

Cerca de 1,6kg (Wetzel 1985b). No Chaco Boliviano, teve uma média de 1,163kg (1,0 a 1,5kg) (Cuéllar 2002).

Comprimento total Fêmea Variam de 21,8 a 43cm (Redford & Eisenberg 1992, Cuéllar 2002, Ceresoli et al. 2003). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea De 6 a 8cm (Redford & Eisenberg 1992, Cuéllar 2002). Macho

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Informações gerais (continuação) Altura da Orelha Fêmea

2,62cm (P. Smith, dados não publicados citado em Smith 2007, p. 3); 2,28 (1,9 a 4,1cm) (Redford & Eisenberg 1992); 2,6cm (20 a 30cm) (Cuéllar 2002).

Macho Razão sexual

Não há informação.

Sistema de acasalamento

Não há informação.

Intervalo entre nascimentos

Não há informação.

Tempo médio e intervalo de gestação

O período de gestação é de 120 dias (Eisenberg & Redford 1999).

Número de filhotes por gestação

Nasce um filhote por vez (Eisenberg & Redford 1999). Idade de maturação dos indivíduos.

Fêmea O desmame ocorre com 72 dias e a maturidade sexual com 9 a 12 meses (Merret citado em Nowak 1999, p. 164). Macho

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Longevidade

Tempo geracional

Sazonalidade reprodutiva

Um indivíduo viveu por 11 anos (Sanborn citado em Wetzel 1982, p. 368). Em cativeiro, a espécie foi capaz de viver por 36,8 anos (AnAge 2012).

Não há informação.

A maioria dos nascimentos ocorre entre os meses de outubro e janeiro, o que significa que os acasalamentos podem ocorrer de julho a outubro (Redford & Eisenberg 1992). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Membros desta espécie têm frequentemente uma pesada carga parasitária e indivíduos no Parque Nacional Tte Enciso, Departamento Boquerón (Paraguai) freqüentemente apresentam carrapatos (Acari) em seu ventre (P. Smith, comunicação pessoal citado em Smith 2007, p. 6). No Paraguai, Nava et al. citado em Smith (2007, p. 6), listam carrapatos ixodídeos Amblyomma pseudoconcolor, A. auricularium e A. parvum parasitando esta espécie. A. pseudoparvum foi registrada em T. matacus na Argentina (Guglielomone & Nava citado em Smith 2007, p. 6). Navone citado em Smith (2007, p. 6) registrou os seguintes parasitas de Tolypeutes matacus no Chaco argentino, Nematódeos: Aspidodera scoleciformis (Aspidoderidae), Pterygodermatites chaetophracti (Rictularidae), Dipetalonema anticlava (Dipetalonematidae), Mazzia bialata (Cosmocercidae), Maciela elongata e Moennigia virilis (Molineidae); Cestódeos: Mathevotaenia matacus (Anoplocephalidae) e Acanthocephala: Travassosia sp. (Oligacanthorrhinchidae). Smales citado em Smith (2007, p. 6) descreve o primeiro registro de Oligacanthorhynchus carinii (Oligacanthorrhinchidae) num espécime paraguaio. Não há informações de doenças e parasitas de T. matacus no Brasil.

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Distribuição geográfica A espécie não é endêmica ao Brasil, ocorrendo também na Bolívia, Paraguai e Argentina (Abba & Superina 2010). Sua distribuição vai desde Santa Cruz na Bolívia, sul do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no Brasil, passando através do Chaco no Paraguai, até as províncias de Buenos Aires, na Argentina (Wetzel 1985a, 1985b) (Schaller 1983, Alho et al. 1987, Cáceres et al. 2007). Ocorre no Cerrado e Pantanal (Fonseca et al. 1996, Paglia et al. 2012), mas esta espécie muito provavelmente está restrita ao bioma Pantanal. Entretanto são necessárias maiores amostragens para o Pantanal e o Cerrado do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Esta espécie tem ocorrência confirmada para os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Como a distribuição de T. tricinctus não abrange a região sudoeste do estado de Goiás, as informações referentes ao PARNA das Emas se referiam muito provavelmente a T. matacus que ocorre nos estados vizinhos (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) (Redford 1983, Rodrigues et al. 2002). Existe ainda um registro desta espécie para o município de Chapadão do Sul, na Fazenda Pouso Frio, realizado através de entrevistas com locais e um avistamento não confirmado (MS; nascentes do rio Aporé; Bordigon et al. 2006), o que indica uma possibilidade desta espécie ainda ocorrer em baixas densidades nesta região entre o PARNA das Emas e o Pantanal sul Mato-grossense. A possibilidade de Tolypeutes matacus ainda ocorrer nestas áreas e relatos de sua presença no passado sugere que esta espécie provavelmente teve uma redução em sua área de ocupação histórica.

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Extensão de ocorrência: Estimada em 106.835km2*, incluindo um registro com dúvida de táxon de um

espécime depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro (MN) procedente de Nova Xavantina - MT (S.M. Vaz, dados não publicados).

Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

População Existe uma única informação de abundância relativa desta espécie no Pantanal Matogrossense (Schaller 1983). Na maioria das áreas de vegetação seca do Chaco Paraguaio é abundante (Redford & Eisenberg 1992). Estimativas de densidade ou de tamanho da população existentes: Schaller (1983), no Pantanal Matogrossense, obteve uma densidade de 0,96 indivíduos/km2 para o cerrado, 0,59 indivíduos/km2 para a floresta secundária, nenhum indivíduo para mata de galeria e 0,42 indivíduos/km2 para a floresta decidual. Barrientos & Cuéllar (2004), no Chaco Boliviano, registraram 7 indivíduos/km2 utilizando o método de censo por transecto com apoio de cão de caça. 230

Não há informações sobre a fragmentação das populações. Suspeita-se que exista aporte de indivíduos de fora do Brasil, embora não haja informações sobre a contribuição relativa de populações estrangeiras para a manutenção das populações nacionais. Entretanto, existem evidências de aumento nos níveis de ameaça fora do Brasil. A espécie foi avaliada como Quase Ameaçada globalmente, mas ficou perto de se qualificar como Vulnerável no critério A2cd (Abba & Superina 2010). Na avaliação boliviana foi considerada Vulnerável (Tarifa & Aguirre 2009). A tendência populacional é desconhecida.

Hábitat e ecologia Tolypeutes matacus habita áreas de vegetação seca, sendo muito abundante nas regiões áridas do Chaco Argentino e Paraguaio (Parera citado em Medri et al. 2011, p. 85). Para o Brasil não há informações de uso do hábitat. Não se sabe sobre a tolerância da espécie a

ambientes perturbados. Barrientos & Cuéllar (2004) registraram uma área de vida de até 46,4ha para esta espécie na Bolívia. Não há informações de área de uso desta espécie no Brasil.

Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: agricultura, predação por espécie exótica e caça. Esta espécie é caçada para consumo de sua carne e por não ser fossorial, ser uma espécie de fácil perseguição e ter o comportamento de se enrolar em forma de bola quando tocada, está mais suscetível de ser capturada do que outras espécies de tatus. É

ameaçada também pela conversão de hábitats naturais em terras para agricultura. Também pode ser exportada para zoológicos e como animal de estimação, havendo uma grande mortalidade de indivíduos neste processo (Abba & Superina 2010). Para o Brasil, não há informações sobre o grau e extensão dessas ameaças.

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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Presença em áreas protegidas Apesar de não estar presente no Plano de Manejo do PARNA do Pantanal Matogrossense (MT, IBAMA 2003), Tolypeutes matacus foi registrado por Schaller (1983) na RPPN Fazenda Acurizal que tem ligação com este PARNA na fronteira brasileira, portanto sua presença nesta unidade é provável. Parque Nacional Serra da Bodoquena (MS, entrevista no entorno do PARNA, presença provável) (Cáceres et al. 2007). Área de Proteção Ambiental Estrada Parque de Piraputanga (MS), segundo o mapa de distribuição

de Abba & Superina (2010). Presença possível nas Terras Indígenas de Kadiwéu, Cachoeirinha; Taunay/Ipegue, Lalima; Limão Verde no Mato Grosso do Sul; Não se sabe ao certo se existem áreas protegidas com confirmação de extinção local do táxon, entretanto, Rodrigues et al. (2002) relatam que a espécie pode ter sido extinta no Parque Nacional das Emas (GO).

Pesquisas Necessárias: Esta espécie foi considerada com Dados Insuficientes (DD) na última e na atual avaliação nacional. Isto significa que não há informação adequada para se fazer uma avaliação direta ou indireta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estado da população, abundância e tendências. Logo

estudos ecológicos e genéticos são necessários, bem como inventários na região do Pantanal Matogrossense e em outras localidades (regiões de contato Cerrado-Pantanal) onde a espécie foi registrada ou mesmo naquelas em que sua ocorrência seja possível, dando prioridade às UCs.

Existentes:

Não há pesquisas atualmente com o táxon.

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação:

Não há especialistas no Brasil.

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Paglia, A.P.; Fonseca, G.A.B. da; Rylands, A.B.; Herrmann, G.; Aguiar, L.M.S.; Chiarello, A.G.; Leite, Y.L.R; Costa, L.P.; Siciliano, S.; Kierulff, M.C.M.; Mendes, S.L.; Tavares, V. da C.; Mittermeier, R.E. & Patton, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. 2ª Edição. Occasional Papers in Conservation Biology, 6: 1-76. Redford, K.H. & Eisenberg, J.F. 1992. Mammals of the Neotropics, Volume 2. The Southern Cone: Chile, Argentina, Uruguay, Paraguay. The University of Chicago Press, Chicago. 460p. Redford, K.H. 1983. Lista preliminar dos mamíferos do Parque Nacional das Emas. Brasil Florestal, 55: 29-33. Redford, K.H. 1985. Food habits of armadillos (Xenarthra, Dasypodidae). Pp. 429-437. In: Montgomery, G.G. (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press, Washington & London. 451p. Rodrigues, F.H.G.; Silveira, L.; Jácomo, A.T.A.; Carmignotto, A.P.; Bezerra, A.M.R.; Coelho, D.C.; Garbogini, H.; Pagnozzi, J. & Hass, A. 2002. Composição e caracterização da fauna de mamíferos do Parque Nacional das Emas, Goiás, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 19(2): 589-600. Schaller, G.B. 1983. Mammals and their biomass on a Brazilian ranch. Arquivos de Zoologia, 31: 1–36. Smith, P. 2007. Southern three banded armadillo Tolypeutes matacus (Desmarest, 1804). Handbook of the Mammals of Paraguay. Número 7. http://www. faunaparaguay.com. (Acesso em 06/12/2011). Superina, M. & Aguiar, J. M. 2006. A reference list of common names for the Edentates. Edentata, 7: 33- 44. Tarifa, T. & Aguirre, L.F. 2009. Mamíferos. Pp. 419-572. In: Libro Rojo de la Fauna Silvestre de Vertebrados de Bolivia. Ministerio de Medio Ambiente y Agua, La Paz. 776p. Wetzel, R.M. 1982. Systematics, distribution, ecology, and conservation of South American edentates. Pp. 345– 375. In: Mares, M.H. & Genoways, H.H. (eds.). Mammalian Biology in South America. Special Publication Series of the Pymatuning Laboratory of Ecology, University of Pittsburgh. 539p. Wetzel, R.M. 1985a. The identification and distribution of the recent Xenarthra. Pp. 5-21. In: Montgomery, G.G. (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press, Washington. 451p. Wetzel, R.M. 1985b. Taxonomy and distribution of armadillos, Dasypodidae. Pp. 23-46. In: Montgomery, G.G. (ed.). The Evolution and Ecology of Armadillos, Sloths, and Vermilinguas. Smithsonian Institution Press, Washington. 451p.

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Ficha Técnica

Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Flávia Regina Miranda, Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Sonia Cristina da Silva Belentani, Taissa Régis (Apoio).

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Tolypeutes tricinctus (Liana Mara Mendes de Sena)

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Avaliação do Risco de Extinção de Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758) no Brasil Marcelo Lima Reis1, Adriano Garcia Chiarello2, Claudia Bueno Campos3, Flávia Regina Miranda4, Gileno Antonio Araújo Xavier5, Guilherme de Miranda Mourão6, José Abílio Barros Ohana7, Nadia de Moraes Barros8, Teresa Cristina da Silveira Anacleto9 Resumo O tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) é a menor, menos conhecida e única espécie de tatu endêmica do Brasil, pois a sua distribuição se restringe à Caatinga e ao Cerrado brasileiro. Possui atividade tanto diurna como noturna e alimenta-se basicamente de insetos (principalmente cupins), mas pode eventualmente consumir outros invertebrados e material vegetal. Normalmente não cava buracos, utilizando-se das tocas de outros animais ou depressões no terreno como abrigo. A parte dorsal, a cabeça e a cauda são totalmente cobertas por placas dérmicas (carapaça) e possui a capacidade de se curvar completamente sobre o corpo, adquirindo o formato de uma bola, sendo totalmente protegido pela mesma. Essa peculiaridade pode ser considerada como uma excelente estratégia de defesa contra predadores naturais, mas ineficiente em relação a caçadores. Essa facilidade de captura, aliada a baixa taxa reprodutiva intrínseca da espécie, a torna muito suscetível à pressão de caça. O abate para consumo (caça predatória e de subsistência) parece ter sido a principal ameaça à sobrevivência da espécie, seguido pela destruição e alteração do hábitat (principalmente pela expansão da fronteira agrícola no Cerrado, especialmente da monocultura mecanizada de grãos). Devido à continuada pressão de caça, e a perda da cobertura da vegetação original, inclusive com o registro de extinções locais, tanto na Caatinga onde a espécie praticamente só possui populações dentro de unidades de conservação, como também nas áreas de ocorrência da espécie no Cerrado, infere-se que nos últimos 27 anos, a espécie tenha sofrido uma redução de sua população em pelo menos 50%. Portanto, a espécie foi categorizada como Em Perigo.

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Ordem

Cingulata

Família

Dasypodidae

Nomes comuns por região/língua Português – tatu-bola (Superina & Aguiar 2006), tatu-apara, bola, bolinha, tranquinha, tatu-bola-do-nordeste (Marinho Filho & Reis 2008). Inglês – brazilian three banded armadillo (Superina & Aguiar 2006). Outros – tatú bola (espanhol) (Superina & Aguiar 2006).

1. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. 2. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP. 3. Pesquisadora Colaboradora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio). 4. Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 5. Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Área de Anatomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. 6. Laboratório de Fauna Silvestre, Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal, Embrapa/Pantanal. 7. Setor da Mastozoologia, Coordenação da Zoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará. 8. Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo e Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos-Cibio/ Inbio, Universidade do Porto – UP, Portugal. 9. Laboratório de Mamíferos, Departamento de Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.

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Sinonímia/s Não houve mudanças.

Notas taxonômicas Não há problemas relevantes para a validade da espécie e não existem revisões taxonômicas em curso.

Categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil

Em Perigo (EN) - A2cd

Justificativa A Caatinga, principal bioma de ocorrência para Tolypeutes tricinctus foi reduzido em 45% de sua cobertura original a uma taxa estimada, entre os anos de 1965 e 1985, de 1% ao ano, de acordo com Mapa de Cobertura Vegetal do Bioma Caatinga. Considerando que esta perda de hábitat pode ter aumentado desde então, a drástica perda do Cerrado no oeste baiano e sul do Piauí, a alta vulnerabilidade à caça e o registro recorrente de extinções em municípios do Estado de Pernambuco, infere-se que nos últimos 27 anos, a espécie tenha sofrido uma redução de sua população em pelo menos 50%. Assim sendo, a espécie foi categorizada como Em Perigo (EN) segundo o critério A2cd.

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Avaliação nacional anterior Vulnerável (VU) – A2cd (MMA 2003, Biodiversitas 2005, Machado et al. 2008).

Razão para alteração de categoria atual “Mudança genuína no estado de conservação do táxon” e “Novas ou melhores informações disponíveis”.

Avaliações em outras escalas Avaliação Global (IUCN): Vulnerável (VU) (Abba & Superina 2010). Avaliação Estadual: Pará – Vulnerável (VU) (SEMA 2007); Minas Gerais - Não Aplicável (NA) (Biodiversitas 2007, obs: esta espécie foi classificada como Criticamente Em Perigo (CR) na lista anterior - Biodiversitas 1998).

Descrição geral do táxon O tatu-bola tem a capacidade de curvar completamente sua carapaça sobre o corpo, ficando assim no formato de uma bola, totalmente protegido pela mesma, refletindo em uma estratégia contra

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predadores - apesar de haver observações de que alguns canídeos conseguem perfurar sua carapaça porém essa tática o torna presa fácil para caçadores. Possui três bandas móveis na carapaça, mas

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já foram registrados indivíduos com duas ou até quatro bandas móveis. Tolypeutes tricinctus possui cinco dedos em cada membro anterior, enquanto T. matacus possui quatro. Em seus membros posteriores, assim como T. matacus, possui cinco dedos, sendo

que o segundo, terceiro e quarto dedos são fundidos e o primeiro e o quinto são ligeiramente separados. A cauda é totalmente coberta por escudos dérmicos sendo quase inflexível (Nowak 1999).

História de vida Biologia: A espécie não é considerada de hábito fossorial (Santos 1993), pois não cava tocas, mas utiliza as feitas por outros animais (Guimarães 1997). Para abrigo também pode utilizar depressões do terreno ou se cobrir com folhas (Santos 1993). Redford (1985) classificou T. tricinctus como sendo insetívoro especialista. No Cerrado, alimenta-se principalmente de cupins (100% das amostras, 34% da frequência relativa e 80% da biomassa), porém outros invertebrados e material vegetal podem constituir a dieta desta espécie (Guimarães 1997). Esta espécie pode ainda utilizar frutos durante a época chuvosa (Machado et al. citado em Guimarães 1997, p. 48). Em estudo em área de Cerrado com a presença de Pinus sp., o tatu-bola foi avistado ao longo de todo o dia, sendo mais registrado durante o período noturno (56%). Neste mesmo estudo, a espécie apresentou dois picos de atividade: um no período

Tolypeutes tricinctus (Liana Mara Mendes de Sena)

vespertino, entre às 14h e 18h e outro entre às 20h e 23h (Bocchiglieri 2010). Durante a época de acasalamento, observa-se mais de um macho acompanhando uma mesma fêmea (Moojen 1943, Santos 1993, Guimarães 1997, Bocchiglieri 2010, Marini-Filho & Guimarães 2010), o que facilita ainda mais a captura de vários exemplares por vez. Em relação aos aspectos morfológicos, Reis et al. (2005) observaram uma variação no sentido de fechamento da carapaça, sendo majoritariamente no sentido destro (em relação a cabeça) e uma pequena variação em relação ao número das placas laterais das cintas. Apesar de a espécie possuir um padrão na distribuição das placas da cabeça, que é diferente da encontrada em T. matacus (Anderson Feijó, comunicação pessoal), o número e o arranjo específico das placas da cabeça é sempre diferente de um espécime para o outro, podendo funcionar como uma marcação individual.

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Informações gerais Massa de adultos Fêmea Entre 1,0 e 1,8kg (Marinho Filho et al. 2002). Macho Comprimento total Fêmea Cerca de 30cm (Eisenberg & Redford 1999). Macho Comprimento cauda (cm) Fêmea Cerca de 6,5cm (Eisenberg & Redford 1999). 5,0 a 6,0cm (M.L. Reis, dados não publicados). Macho Altura da Orelha Fêmea 2,3cm (Wetzel 1985). 3,0 a 3,5cm (M.L.Reis, dados não publicados). Macho 1:1 (Reis et al. 2002).

Razão sexual

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Sistema de acasalamento Intervalo entre nascimentos

Tempo médio e intervalo de gestação

Número de filhotes por gestação

Não há informação. Não há informação. Provavelmente o tempo de gestação é de 120 dias, semelhante a Tolypeutes matacus, pois não há informações específicas de biologia reprodutiva para esta espécie (Medri et al. 2011). As fêmeas produzem, por ninhada, um ou, mais raramente, dois filhotes, que nascem completamente formados (Moojen 1943, Santos 1993, Guimarães 1997). Idade de maturação dos indivíduos.

Fêmea

Não há informações para a espécie, mas para T. matacus é de 320 dias para fêmeas (AnAge 2012).

Macho A longevidade máxima ainda não foi estabelecida, mas um indivíduo em cativeiro viveu por mais de 17 anos (Nowak 1999).

Longevidade Tempo geracional

O tempo geracional inferido foi de 9 anos, logo o período de avaliação é igual a 27 anos.

Sazonalidade reprodutiva

Guimarães (1997) registrou um nascimento entre 15 e 30 de novembro (estação chuvosa) em área de cerrado do município de Jaborandi (BA). Enfermidades: doenças e parasitas encontradas para o táxon

Esta espécie é encontrada frequentemente com carrapatos (M.L. Reis, dados não publicados).

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Distribuição geográfica Tolypeutes tricinctus é a menor, menos conhecida e única espécie de tatu endêmica do Brasil, pois a sua distribuição se restringe à Caatinga e ao Cerrado brasileiro (Paglia et al. 2012). A distribuição desta espécie sempre foi referida muito vagamente, com poucos espécimes depositados em museus e coleções científicas, adicionado à falta de dados de coleta na maior parte do material depositado (Marinho Filho & Reis 2008). Há cerca de duas décadas, um conjunto de registros de diversos autores veio a permitir melhor apreciação da distribuição atual da espécie (Santos 1993, Santos et al. 1994, Silva & Oren 1993, Marinho Filho et al. 1997, Reis et al. 2002). Tolypeutes tricinctus vinha sendo considerado como endêmico da Caatinga (Wetzel 1985, Silva & Oren 1993, Santos et al. 1994), mas desde o primeiro registro para o Cerrado (Marinho Filho et al. 1997), outros achados confirmam que a distribuição da espécie avança para os Cerrados do Brasil Central, pelo menos até a região da divisa de Goiás, Bahia e Minas Gerais e, mais ao norte, nos cerrados do Tocantins, Piauí (Reis et al. 2002) e Maranhão (Oliveira et al. 2007). Oliveira et al. (2004) listaram 74 municípios de ocorrência de T. tricinctus na Caatinga, distribuídos pelos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. T. tricinctus ainda possui registros em Tocantins e Maranhão. A presença atual do tatu-bola nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Sergipe é incerta (Tabarelli & Silva 2002, Marinho Filho & Reis 2008, Silva 2012). T. tricinctus está presente na lista de es-

pécies ameaçadas do estado do Pará (SEMA 2007), embora não se conheça registros na literatura para esta espécie neste estado. Há indícios de que a distribuição atual do táxon está reduzida em relação a sua área de ocupação ou extensão de ocorrência histórica. Embora os dados escassos e fragmentados para a distribuição da espécie não permitam precisar a distribuição geográfica no passado, as informações da literatura indicam que T. tricinctus ocorreria originalmente em todo o Nordeste brasileiro, além de uma sugestão de sua ocorrência nos cerrados limítrofes à Caatinga (Marinho Filho & Reis 2008). Em Pernambuco, Tabarelli & Silva (2002) indicam que o tatu-bola está extinto localmente nos municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Ouricuri, Bodocó, Exu, Moreilândia e Serrita (APA Chapada do Araripe). Silva (2012) comenta que esta espécie sempre que mencionada em entrevistas a moradores locais da Paraíba, Pernambuco e Ceará é relatada como presente no passado, mas atualmente extinta. O mesmo autor cita relatos de caçadores antigos no município de Santa Quitéria (CE), em que essa espécie não é mais encontrada na região devido a sua fácil captura. O Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS/IBAMA) do Ceará registrou um espécime em janeiro de 2008, embora seja de procedência desconhecida (Silva 2012). São necessárias maiores amostragens no extremo norte e nordeste de Minas Gerais e áreas de Cerrado de Goiás e Tocantins.

Extensão de ocorrência: Estimada em 1.064.901km2* Área de ocupação: Não se sabe, entretanto é maior que 2.000km2

* Valor calculado para a Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros.

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População Esta espécie de tatu tem uma distribuição irregular e sua densidade populacional pode ser relativamente alta em algumas porções (Jader Marinho Filho, comunicação pessoa citado em Abba & Superina 2010, pag. 176), exceto em áreas onde a espécie é exposta à pressão humana, como, por exemplo, no norte da Bahia, onde sofre pressão de caça intensa. Entretanto, de maneira geral, é uma espécie considerada rara. Esta espécie teve 23,76% dos 362 registros de mamíferos de médio e grande porte feitos por censo em transectos lineares em cerrado de Jaborandi/ BA (Bocchiglieri 2010). Estudos genéticos preliminares nesta mesma região apontam baixa diversidade genética. Contudo, estudos numa escala geográfica

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mais ampla são necessários antes de confirmar o padrão de baixa diversidade genética para a espécie (Moraes et al. 2012). A maior população conhecida da espécie no Cerrado, descoberta no final dos anos 90 na Fazenda Jatobá (Jaborandi – BA), com aproximadamente 90 mil hectares, atualmente está praticamente extinta devido à modificação do ambiente em área de monocultura mecanizada de grãos a partir do final da década passada. (M.L. Reis & A. Bocchiglieri, dados não publicados). As populações atuais de tatu-bola estão praticamente restritas às unidades de conservação na região da Caatinga e do Cerrado e em remanescentes naturais com baixa den-

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sidade humana, (M. L. Reis, dados não publicados). Estimativas de densidade ou de tamanho da população existentes: A densidade de T. tricinctus foi estimada em 1,2 indiv./km2 (N=46) através de censo por transectos lineares em uma área de cerrado do município de Jaborandi/BA (Bocchiglieri 2010). A tendência populacional é decrescente, devido a redução da área nativa de Caatinga, principal bioma de ocorrência para T. tricinctus (46,6% em

2009 – MMA1 2011) e também da perda de hábitats do Cerrado (54,8% em 2010), principalmente no oeste baiano e sul do Piauí (MMA2 2011), área de ocorrência da espécie. A alta vulnerabilidade à caça e o registro recorrente de extinções locais (Tabarelli & Silva 2002) também contribuem para essa tendência de redução populacional. Portanto, infere-se que nos últimos 27 anos, a espécie tenha sofrido uma redução de sua população em pelo menos 50%.

Hábitat e ecologia Tolypeutes tricinctus habita a Caatinga, remanescentes de Floresta Estacional Decidual (Silva & Oren 1993) e em diferentes hábitats de Cerrado sobre solo arenoso (Guimarães 1997, Reis et al. 2005). Em estudo no oeste baiano (Jaborandi-BA) T. tricinctus foi observado em áreas de reflorestamento de Pinus sp. que ainda conservavam corredores de vegetação original do Cerrado (Reis et al. 2005, Bocchiglieri 2010). Oliveira et al. (2007) registraram esta espécie no nordeste do estado do Maranhão em uma área de mosaico de vegetação de cerradão, babaçual e Caatinga. A área de vida registrada para a espécie foi de 122ha no município de Jaborandi (BA), sendo

que as áreas de vida dos machos adultos (238ha) foram significantemente maiores do que de fêmeas adultas (Guimarães 1997). Este autor também encontrou sobreposição entre as áreas de vida de machos adultos de idades diferentes, e entre machos e fêmeas, porém entre os machos adultos a sobreposição foi pequena e se restringiu às bordas da área de vida. Alguns resultados e observações nos estudos de Guimarães (1997) com radiotelemetria, Reis et al. (2005) e A. Bocchiglieri (comunicação pessoal) com captura-marcação-recaptura indicam que a espécie pode ser territorialista.

Ameaças e usos As principais ameaças identificadas para o táxon foram: a caça e a perda de hábitat (agricultura, desmatamento e aumento da matriz energética). A caça predatória e de subsistência (carne) parece ter sido a principal ameaça à sobrevivência da espécie, seguida pela destruição e alteração do hábitat, sendo que esta é representada no Cerrado, atualmente, pela expansão da monocultura extensiva (Marinho Filho & Reis 2008). O tatu-bola não escava buracos e suas únicas estratégias de defesa são a fuga e o ato de enrolar-se no formato de uma bola. Mesmo correndo, em fuga, ele pode ser facilmente alcançado por uma pessoa; ao parar e se enrolar, quando acuado, pode ser apanhado, sem qualquer risco para quem o captura. A ocorrência de Tolypeutes tricinctus no

passado em áreas onde ainda hoje se encontram outras espécies de tatus sugere que o tatu-bola seja uma das espécies de dasypodídeos mais sensíveis a alterações do hábitat (Marinho Filho & Reis 2008). Segundo Bocchiglieri et al. (2010) e M.L. Reis (dados não publicados), a substituição da vegetação nativa e dos plantios de Pinus spp. por soja em área de Cerrado no município de Jaborandi, BA, ameaçam a maior população já conhecida para a espécie no bioma. A baixa taxa metabólica (alimentação de baixo teor calórico), o pequeno tamanho de ninhada, o cuidado parental prolongado e longo período de gestação não permitem que a espécie tenha altas taxas intrínsecas de crescimento populacional, o que dificulta a recuperação da população sobre forte pressão antrópica (Santos 1994).

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Ações de conservação Necessárias: Marinho Filho & Reis (2008) sugerem a criação de uma Unidade de Conservação na região da divisa dos estados de Goiás e Bahia, que esta sob grande pressão antrópica pela conversão de cerrados nativos em áreas de agricultura mecanizada e onde se encontra atualmente a maior população da espécie. Segundo estes autores, programas para o aumento de renda, inclusão social e educação nas regiões onde a espécie ainda existe e é intensamente caçada são extremamente necessários para reduzir a pressão de caça sobre a espécie. A população de tatu-bola existente no norte da Bahia ainda não foi estudada, mas é possível ser umas das maiores no bioma Caatinga e se encontra em uma das áreas prioritárias para a conservação (MMA 2007). Esta mesma área está sob processo de criação de uma unidade de conservação de proteção integral, o Parque Nacional do Boqueirão da Onça. O 244

Centro Nacional de Pesquisa para Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP-ICMBio) vem registrando ao longo de cinco anos de pesquisas com onças-pintadas (Panthera onca), várias ocorrências de tatu-bola nesta região, o que aumenta ainda mais a urgência e importância da criação desta UC. Atualmente a Associação Caatinga, em parceria com a TNC (The Nature Conservancy) e o grupo de especialistas ASASG/IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), desenvolve o Projeto de Conservação do Tatu-bola, cujo objetivo é promover a conservação do Tolypeutes tricinctus visando à manutenção da espécie na natureza reduzindo o seu risco de extinção. A área de intervenção consiste nos biomas Caatinga e Cerrado dos estados do Ceará e Piauí. Para os outros estados de ocorrência da espécie serão formadas parcerias ao longo do projeto (Associação Caatinga).

Presença em áreas protegidas Parques Nacionais da Serra da Capivara (Vaz 2003, Olmos 1995, Perez 2008), Serra das Confusões (Silva et al. 2004, Henrique et al. 2007, Marinho Filho & Reis 2008) e Nascentes do Parnaíba (Zimbres 2010 – armadilha fotográfica, dados Instituto Onça Pintada) no estado do Piauí; Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins entre Tocantins e Bahia (Carmignotto & Aires 2011); Parque Estadual do Jalapão (TO, Reis et al.

2002, Marinho Filho & Reis 2008), Estação Ecológica do Raso da Catarina (BA, Silva et al. 2004), Refúgio da Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano (BA, Marinho Filho & Reis 2008, Abba & Superina 2010, p. 176; Paula et al. 2011), Parque Nacional Grande Sertão Veredas entre Minas Gerais e Bahia (Abba & Superina 2010, p. 176, Paula et al. 2011); Parque Estadual do Mirador no Maranhão (observado, Oliveira et al. 2007).

Áreas protegidas com confirmação de extinção local do táxon: Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe (Tabarelli & Silva 2002) e Floresta Nacional de Negreiros (R. Barreto, comunicação pessoal), ambas localizadas no estado de Pernambuco.

Pesquisas Necessárias: Tendo em vista a grande carência de informações sobre a espécie, são apontadas como principais estratégias de conservação: pesquisa científica sobre sua biologia, genética, ecologia, demografia, distribuição geográfica e influência dos impactos ambien-

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tais sobre sua distribuição, bem como a realização de inventários em áreas adicionais nas proximidades dos limites de distribuição conhecidos (Marinho Filho & Reis 2008).

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Existentes: Análise da dieta e parasitas de espécimes de tatu-bola da Fazenda Jatobá (Jaborandi, BA) por Adriana Bocchiglieri (Universidade Federal de Sergipe) e analise genética da população da Fazenda Jato-

bá por Nádia Moraes Barros (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos – Cibio Universidade do Porto Portugal).

Especialistas e Núcleos de Pesquisa e Conservação: Jader Soares Marinho Filho (UnB); Marília Marques Guimarães (ICMBio); Adriana Bocchiglieri (Professor Adjunto I da Universidade Federal de Sergipe) e Marcelo Lima Reis (ICMBio).

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Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros

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Ficha Técnica Oficina de Avaliação do Estado de Conservação de Xenarthra Brasileiros. Data de realização: 18 a 20 de julho de 2012. Local: Iperó, SP.

Avaliadores Adriano Garcia Chiarello, Fábio Röhe, Flávia Regina Miranda, Gileno Antonio Araújo Xavier, Guilherme de Miranda Mourão, José Abílio Barros Ohana, Kena Ferrari M. da Silva, Marcelo Lima Reis, Mariana de Andrade Faria-Corrêa, Sergio Maia Vaz, Teresa Cristina da Silveira Anacleto

Colaboradores Adriana Bocchiglieri, Amely B. Martins (Ponto Focal), Estevão Carino (Facilitador), Ivy Nunes (Mapas), Kena Ferrari M. da Silva (Compilação), Marcos de S. Fialho (Ponto Focal), Marília M. Guimarães, Taissa Régis (Apoio).

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