AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE QUATRO ESPÉCIES FLORESTAIS PARA A REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL

May 28, 2017 | Autor: E. Bonfatti Júnior | Categoria: Forestry Science
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Trabalho 224

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE QUATRO ESPÉCIES FLORESTAIS PARA A REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL Felipe Stock Vieira¹; Eraldo Antonio Bonfatti Júnior ²; Gustavo Rocha e Oliveira ³ ¹ UnB, [email protected]; ²ESALQ/USP, [email protected]; ³ UnB, [email protected]

1. INTRODUÇÃO Para atender a crescente demanda das indústrias processadoras de madeira, tais como: celulose e papel, siderurgia, painéis de madeira e serraria, a área plantada com florestas no Brasil deve crescer. A expectativa do setor é que estados das regiões CentroOeste e Norte suportem esse crescimento. Dos 6,5 milhões de hectares de florestas plantas no Brasil 9,5% estão na região Centro-Oeste, destaque para o Mato Grosso do Sul que detém 7,5% das florestas plantadas do país (ABRAF, 2013). O presente trabalho teve por objetivo realizar análises econômicas de povoamentos florestais de Eucalipto, Teca, Mogno Africano e Acácia para a região Centro-Oeste. 2. MATERIAL E MÉTODOS Para o eucalipto e acácia, os dados de volume de madeira produzidos foram obtidos através de funções de crescimento específicas para as espécies. Para a teca, foram utilizados dados apresentados por Figueiredo et al. (2005) e Ângelo et al. (2009). Para o mogno africano, foram utilizadas projeções de custos própria da espécie. As estimativas foram feitas com base nos preços de mercado do metro cúbico (m3) de madeira em pé, os preços foram encontrados no site www.ciflorestas.com.br. Para Souza (1999), o critério do valor presente líquido (VPL) é o mais adotado na avaliação de projetos florestais. Segundo Contador (1996), este critério é rigoroso e isento de falhas, o que lhe confere credibilidade. O VPL consiste em trazer para o ano zero do projeto todos os valores constantes no seu fluxo de caixa e subtrair as receitas dos custos. A equação é expressa por:

Em que:

Rj = receita líquida no final do ano ou do período j considerado; Cj = custos no final do ano ou do período j considerado; j = períodos (anos); e i = taxa de desconto anual. Os valores dos povoamentos foram estimados através do VPL, para diferentes taxas de juros praticadas pelo mercado (6%, 8%, 10,75% e 12%). A idade ótima de corte foi escolhida de acordo com o maior VPL, ou seja, o maior retorno econômico oferecido pelo plantio, que varia de acordo com a taxa de desconto aplicada. Para avaliar a taxa de crescimento dos povoamentos foi adotada a taxa interna de retorno (TIR). A TIR de um projeto é a taxa anual de retorno do capital investido, tendo como propriedade ser a taxa de desconto que iguala o valor atual das receitas futuras ao valor atual dos custos do projeto (Rezende & Oliveira, 2001). Este critério também é empregado para avaliar a robustez do investimento quanto à sua taxa média de crescimento. A expressão pode ser definida por:

Em que: Rj, Cj, j e i definidos anteriormente. 3. RESULTADOS E DISCUSÕES Para taxas de 6%, 8%, 10,75% e 12% os plantios de eucalipto e acácia oferecem o maior retorno econômico sempre aos 7 anos, já o plantio de teca aos 20, 18, 16 e 15 anos respectivamente, para o plantio de mogno não é possível fazer esta estimativa devido a falta de dados volumétricos anuais, por isso o horizonte de corte foi fixado em 15 anos. A Tab.1 demonstra os valores de remuneração do capital investido nas quatro espécies florestais a diferentes taxas de juros.

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4. CONCLUSÕES Tab. 1: Rendimento esperado dos povoamentos estimado pelo VPL. VPL (US$/ha) Espécie 6% 8% 10,75% 12% Eucalipto 2764 2163 1491 1236 Teca 14413 9596 5491 4744 Mogno africano 15459 10313 5354 3693 Acácia 2809 243 1600 1350

Já utilizando a taxa interna de retorno como critério de escolha, os projetos de eucalipto e acácia apresentam as maiores taxas sempre aos 6 anos. Para o plantio de teca, a maior TIR se apresenta nos anos 10 e 11 sendo que o ano 11 possui maior VPL sendo desse modo preferível. Devido limitação de dados foi calculado para o projeto de mogno apenas a TIR referente ao ano de corte estabelecido (Tab.2). Tab. 2: Maior taxa interna de retorno obtida nos povoamentos. Espécie TIR Idade Eucalipto 22% 6 anos Teca 24% 11 anos Mogno africano 16% 15 anos Acácia 24% 6 anos

O plantio de teca apresenta a melhor TIR junto com o de acácia. Já o plantio de mogno apresenta o maior VPL, tendo o plantio de teca como o segundo maior. Devido a maior robustez dos dados de teca e a maior TIR, essa espécie foi considerada a melhor opção. Em relação a maior segurança do investimento, plantios de eucalipto, apesar do menor retorno econômico, são mais facilmente absorvidos pelo mercado e existe maior tecnologia disponível. Foram feitas simulações para determinar o preço mínimo por m³ de madeira e o custo de produção máximo ao longo da idade do projeto, para que o empreendimento pague o valor investido, de modo a não haver lucro nem prejuízo. Esta estimativa fornece parâmetros para determinar a segurança do investimento, diante de possíveis variações de preços. Mesmo utilizando os piores cenários possíveis, os projetos continuaram viáveis economicamente, o que demonstra uma boa margem de segurança do investimento.

Foi observado que os plantios das quatro espécies avaliadas são viáveis economicamente sendo que o plantio de teca foi selecionado como a melhor opção. O plantio de eucalipto não apresenta o melhor retorno, porém tem um horizonte temporal menor que a teca e possui vasta tecnologia disponível e maior aceitação do mercado interno. A análise de sensibilidade mostrou que os plantios das quatro espécies podem ser considerados seguros em relação a variações nas taxas de desconto, preço da madeira e custos de implantação do projeto. 5. BIBLIOGRAFIA ÂNGELO, H. et al. Aspectos financeiros da produção de teca no estado de Mato Grosso. Floresta. V.39, n.1, p.23-32. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS. Anuário Estatístico da ABRAF 2012 – Ano Base 2011. ABRAF: Brasília, 2012, 150p. CONTADOR, C. R. Projetos sociais: avaliação e prática. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996. 375p. FIGUEIREDO, E. O. et al. Análise econômica de povoamentos não desbastados de Tectona grandis L. f., na microrregião do Baixo Rio Acre. Cerne, v.11, n.4, p.342-353, 2005. REZENDE, J. L. P; OLIVEIRA, A.D. Análise econômica e social de projetos florestais. Viçosa, MG: UFV, 2001. 389p SOUZA, A. N. Estudos econômico da reforma de povoamentos de Eucalyptus spp. 1999. 140p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestais) - Universidade Federal de Lavras, Lavras.

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