Avivamento e Missões

June 30, 2017 | Autor: Gedeon Lidório Jr | Categoria: Teologia, Biblia, Missiologia, Missões
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Artigo Práxis 14 – Faculdade Teológica Sul Americana

Avivamento e Missões: analisando nossa missiologia para descobrir um verdadeiro avivamento em nosso viver cristão.

Gedeon José Lidório Júnior1

Introdução

Não eram mais que dez horas da noite; estava frio, ventava e o escuro fazia o fogo que crepitava na fogueira no meio da mata ficar ainda mais vivo. Lembro-me bem desta fogueira, numa mata, ao sul de Minas Gerais em um acampamento de estudantes de teologia; estava sozinho olhando a fogueira e pensando em como o fogo queimava e consumia a madeira, nas vidas que aquecia e da escuridão que iluminava.

Hoje, lembrando dessa fogueira ainda sinto o calor provocado por suas chamas e penso no calor de homens e mulheres que desejam ser mais santos, de justos buscando justiça, de filhos sedentos do amor do Pai, de servos querendo tão somente servir e todos entregando tudo: vida, família, bens, saúde, vontade, para ver implantado o reino de amor de Jesus, sua legítima e última vontade – “sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1.8) – e isto é Missões!

Os ciclos de avivamento e os movimentos missionários

Ronaldo Lidório traz em seu livro Plantando Igrejas uma observação importante sobre o Espírito Santo e Missões, dando alguns tópicos sobre esta ligação clara entre os avivamentos históricos e os movimentos missionários. Vejamos:

1

Coordenador Geral de Educação a Distância e Professor na Faculdade Teológica Sul Americana.

1

“Fruto de um avivamento, a partir de 1730 John Wesley durante 50 anos pregou cerca de 3 sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175.000 km a cavalo pregando 40.000 sermões ao longo de sua vida.

Fruto de um avivamento, em 1727 a Igreja moraviana passa a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época, chegando ao longo de 100 anos enviar mais de 3.600 missionários para diversos países.

Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para alcançar os Indianos. Após uma vida de trabalho conseguiu traduzir a Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais e sua influência permanece ainda hoje.

Fruto de um avivamento, em 1806 Adoniram Judson tem uma forte experiência com Deus e se propõe a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia, onde é encarcerado e perseguido durante décadas, mas deixa aquele país com 300 igrejas plantadas e mais de 70 pastores. Hoje, Myamar, a antiga Birmânia, possui mais de 2 milhões de cristãos.

Fruto de um avivamento, em 1882 Moody pregou na Universidade de Cambridge e 7 homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os 7 de Cambridge”, que incluía Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil chama-se “O homem que obedecia”). Foi para a África, percorreu 17 países e pregou a mais de meio milhão de pessoas. Fundou A Missão de Evangelização Mundial (WEC International) que conta hoje com mais de 2.000 missionários no mundo.

Fruto de um avivamento, em 1855 Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável para se dispor ao trabalho transcultural em um país idólatra e selvagem. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadí-lo dizendo: “para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer? ” Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton (1833-1867) que veio ao nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil. 2

Fruto de um avivamento, em 1950 no Wheaton College cerca de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E obedeceram. Dentre eles estava Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a tribo Auca na Amazônia em 1956. A partir de seu martírio houve um grande avanço missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador. Outro que ali também se dispõe para a obra missionária foi o Dr Russel Shedd que é tremendamente usado por Deus em nosso país até o dia de hoje. ” (LIDÓRIO, 2007, pg 101 e 102)

Olhando para este simples pano de fundo histórico sobre movimentos missionários ligados a avivamentos históricos, podemos construir um ponto de inserção do assunto Avivamento e Missões e olharmos para a Bíblia, principalmente a textos já visitados, para dali extrairmos conceitos e práticas vivenciais para o dia a dia do povo missionário de Deus: a igreja!

Construindo uma missiologia através da leitura teológica de textos já conhecidos

Atos Olhando o texto em Atos, desde o seu início enxergamos que o escritor procurou trazer a mente dos seus leitores aquilo que era a vontade de Jesus ao falar com seus discípulos seu último discurso, ou deixar sua última vontade, para que se lembrassem do que ele tinha ensinado durante todo o tempo em que estivera com eles. É necessário entender que fazemos parte de um movimento histórico, cristocêntrico, vivencial e dinâmico, onde os fatos ocorridos desde o início da era cristã trazem um transfundo histórico extraordinariamente rico, onde se estabelecem os princípios que subjaz a obra de Cristo na terra, na continuidade da vida no meio da sua igreja; o fato de que o personagem principal do cristianismo não é a igreja, mas o seu criador, que também é o conteúdo do próprio evangelho que deve ser pregado e vivido é marcante – Jesus deixa sobre si mesmo o peso e a responsabilidade para com os eventos e deixa claro que é ele quem constrói a sua igreja; mesmo tendo ele subido aos céus, sua mensagem continua viva e eficaz através da vida da sua igreja – Jesus continua presente no meio e através das ações de amor e perseverança do seu corpo na terra; 3

ao olharmos para a igreja nestes dois mil anos que passaram enxergamos o dinamismo que esta comunidade tem, pois, mesmo tendo passado por tantos confrontos, conflitos e dores Cristo permanece vivo através dos seus no decorrer dos séculos – ele continua construindo sua igreja!

Quando se olha para esta igreja, que está sendo construída por Jesus é necessário enxergar o próprio Jesus – o seu corpo manifestado continuamente através de pessoas em toda a face da terra que são chamadas pelo seu nome.

Atos 1 Fazendo e ensinando

A igreja é missionária na sua essência e se não for assim perde o propósito de ser igreja – ou seja, não é nada mais que um ajuntamento social, onde homens e mulheres se reúnem para satisfazer as suas próprias necessidades e não para glorificar o nome de Deus.

No princípio do livro de Atos, Lucas dá um molde textual de como ele enxerga na vida de Cristo na terra – segundo Ronaldo Lidório, em seu livro Atos: a história continua (LIDORIO: 2008, não publicado) Lucas escolhe com grande esmero as palavras iniciais do seu segundo livro justamente para demonstrar isso – expõe que a frase: “Escrevi o primeiro livro ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar" indica através das expressões gregas para “fazer” (poiein ) e “ensinar” (didaskein ) interpoladas por “te kai” (e) apontam para um Jesus que fazia e vivia antes de ensinar levando-nos a pensar que a ortopraxia (a forma como vivemos, nossa prática cristã) deve preceder ou homologar a nossa ortodoxia (aquilo que cremos). Este sutil sumário pode ter estado na mente de Lucas como proposta estrutural do texto quando os eventos de prática vivencial quase sempre precediam as afirmações doutrinárias ou propostas teológicas, sendo em todo o livro de Atos apresentada uma Igreja que vivia Jesus e, por vivê-lo, pregava quem Ele era. O texto tem uma conformação gramatical onde o verbo “começou” (erzato) indica uma ação que começou a fazer e continua fazendo (o verbo está em uma voz contínua). Jesus, que 4

esteve vivo, fez e ensinou, continua fazendo ainda hoje através de sua igreja, o seu corpo na terra.

Confirmando o comissionamento da Igreja

Após sua ressurreição há um período de 40 dias até a ascensão dele mesmo aos céus. Esse é um período de confirmação e de meditação entre os discípulos, esperando cada dia uma nova aparição do Jesus ressurreto, então acontece que estando ele no Monte das Oliveiras sobe ao céu perante suas vistas – antes disso, porém ele transforma o seu ensino de três anos para os discípulos em uma das afirmações sintéticas mais fortes para a vida da Igreja.

Jesus tivera que responder para seus discípulos que não formara sua igreja para se preocupar com tempos ou épocas (Atos 1.5ss) e então no versículo 8 Lucas introduz a continuidade do assunto utilizando a expressão grega “alla" (mas) que poderia ser traduzida da seguinte forma: “apesar do não entendimento da parte central do meu ensino (fala sobre o Reino de Deus) vocês serão revestidos com poder” – este poder é “dynamis” – poder do Espírito Santo de Deus – seu poder criador, seu poder preservador, seu poder transformador é agora um poder comissionador, onde a ênfase não recai sobre quem recebe o poder, mas sim que o poder pertence ao Espírito Santo e que ele revestirá sua igreja não apenas para proclamar o evangelho, mas para ser testemunha viva deste evangelho.

Algumas vezes enxergamos neste texto um Espírito que comissiona a igreja para falar, mas é pouco provável que o Espírito Santo iria proporcionar uma ação tão limitada ao seu próprio poder, ele, porém, tem gerado testemunhas e não somente capacitado sua igreja para pregar ou anunciar de modo audível – a ênfase do texto não recai sobre a mensagem (pregação do evangelho), mas na transformação de homens e mulheres em testemunhas que viverão no seu dia a dia e como disse muito bem Francisco de Assis: “Pregue o evangelho em todo o tempo. Se for necessário, use palavras”.

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Deste modo um avivamento não poderá ser forjado ou forçado, pois ele é de Deus e ele vem para nos transformar em pessoas tão parecidas com Jesus o quanto possível, portanto, há de se enxergar Cristo através do seu poder em nós e através de nossas ações práticas – fazendo; após isso é claro que falaremos, portanto, ensinaremos, cumprindo assim o mesmo molde textual de Jesus indicado por Lucas no primeiro versículo do livro de Atos.

É aqui que entra a questão do avivamento – fomos chamados para FAZER (ser alguém parecido com Cristo) antes de ENSINAR (pregar o evangelho). O avivamento consiste em transformar pessoas como eu e você em testemunhas verdadeiras de Cristo, através do poder do Espírito Santo para que este testemunho seja visto, ouvido e vivido entre todas as nações – isto é Missões!

Atos 2 Entre o capítulo primeiro do livro e o segundo há uma ruptura no entendimento do que seja a função da igreja por parte dos discípulos. Em Atos 1 eles entenderam eu deveriam (e seriam!) testemunhas de Jesus entre todas as nações, mas com certeza muito (ou quase tudo) o que ocorreu quando da descida do Espírito sobre a Igreja eralhes estranho – tanto para os discípulos como para todos que viram e ouviram neste dia.

Eterais glossais – outras línguas

O texto usado por Lucas expõe que as línguas (glosse) que foram usadas pelos discípulos ao receber o dom do Espírito eram línguas humanas ou idiomas conhecidos. É um fato notável esta expressão, posto que naquela festa (Pentecostes), que era a festa judaica mais freqüentada onde milhares de pessoas, judeus de toda parte do mundo afluíam para Jerusalém. Para que não haja dúvidas que as línguas faladas ali no Pentecostes era um fenômeno de línguas humanas, no versículo 8 a expressão confirma ao dizer que cada um ouviu em sua própria língua – o termo usado aqui é dialektos – expressão usada para designar os dialetos humanos falados por aqueles que estavam ali presentes. 6

No meio da atordoante sensação de que o mar estava ruidoso (o termo usado para o som forte que ocorria no evento era “echos”, usado para designar o estrondo do mar) e adentrava os ouvidos de todos, o vento do Espírito sopra, derrama-se sobre aqueles homens e mulheres que ali se reuniam em nome de Jesus, dando-lhes condições sobrenaturais para que se transformem em testemunhas vivas do seu redentor – e como não poderia ser diferente, este ato, de capacitar a igreja sobrenaturalmente para ser testemunha de Jesus resulta (ou redunda) em uma pregação a respeito da vida do próprio Jesus, num testemunho proclamador a respeito do Filho de Deus e de sua obra – isso é Avivamento, isso é Missões!

O som abrupto e forte dos 120 discípulos chegava até a rua e atraía milhares dos que vieram para a festa judaica em Jerusalém e Deus queria com isso demonstrar que o poder que descia não era para a Igreja em primeiro lugar, no sentido de alegrá-los, confirmá-los ou mesmo produzir um culto “gostoso” em que se sentisse a presença, o toque e o poder do Espírito Santo, mas sim que a voz desta igreja agora revestida fosse ouvida pelos de perto, pelos de longe, por pessoas que representavam todas as nações da terra – a primeira ação da Igreja revestida foi a de proclamar a fé em Cristo e a sua salvação. O objetivo maior era que a igreja cumprisse a razão pela qual foi formada – uma ekklesia – um povo chamado por Deus para fora dos seus portões, um povo formado para Deus para que o seu reino fosse implantado em toda a terra, um povo capacitado por Deus para pregar o evangelho entre todos os povos – isso é Avivamento, isso é Missões!

Vicedom afirma que uma Igreja cheia do Espírito é uma igreja missionária, proclamadora do Evangelho, conduzida para as ruas (VICEDOM: 1965), portanto não é uma igreja que se aliena, se enclausura e fecha-se para o mundo que a cerca.

Deus quer sua igreja nas RUAS e não fechada no CÉNACULO. Saiamos fora de nossos portões!

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Vivendo em santidade de vida

Após um evento tão ruidoso e grande, aonde milhares chegam-se ao Senhor, escutam sua voz (tem seus corações compungidos – a expressão em grego é de algo que ferroa e traz dor) a igreja começa a viver sua vida quotidiana, em meio à normalidade de alimentação, instrução, trabalho, lazer, comunhão, dificuldades, ansiedades e tudo o mais que faz da vida uma rotina – era uma igreja que, apesar de ter sido revestida com um grande poder, precisava continuar vivendo na terra, sendo ainda seres humanos com necessidades e perspectivas humanas das mais variadas.

A sociedade local precisa ser impactada com a mensagem do evangelho que vêem e ouvem da igreja revestida, assim como as nações não alcançadas necessitam conhecer a Cristo e seu plano redentor – isso tudo como fruto do revestimento com o poder do Espírito Santo, numa demonstração do que Deus pensa sobre avivamento.

“Entendo que se desejamos nos tornar uma Igreja visionária onde a sociedade local seja chocada com o evangelho, onde as etnias sejam conquistadas pela pregação da Palavra e onde todo o mundo seja impactado com a mensagem, necessitamos ter vida santa na presença do Senhor. Estratégias evangelísticas, preparação de obreiros e uma situação econômica estável ajudaria muito nossa Igreja tornar-se um verdadeiro celeiro missionário para o mundo. Entretanto, se não houver santidade de vida nossas mensagens serão vazias e nossos esforços em vão. Teólogos poderão dar direcionamento à Igreja, porém somente homens cheios do Espírito Santo alcançarão o mundo. Costumo enfatizar que Deus nunca esteve, não está e nunca estará disposto a usar um povo que não seja santo” (LIDÓRIO: 2008, Atos: a história continua – não publicado).

Há algo muito interessante a notar em meio a esta vida comum da Igreja – Atos 2.4247 relata sistematicamente a vida que a igreja tinha nos dias que sucederam a descida do Espírito Santo e vemos que era uma igreja perseverante. A expressão grega usada aqui nesta frase é “proskartereo” e significa dar continuidade a uma ação após intenso esforço e esta ação, extraordinariamente, não é relatada aqui como uma busca de 8

mais poder, de movimentos estáticos e estanques de manifestações sobrenaturais, mas era uma perseverança, um esforço imenso e intenso em buscar a “doutrina dos apóstolos” – essa igreja, revestida com o poder do Espírito que passara por um evento grandiosamente maravilhoso como o do Pentecoste não estava apegada apenas ao sobrenatural, mas reconhecia na naturalidade da exposição e do ensino da palavra de Deus por parte dos apóstolos como uma continuidade natural da vida cristã, uma continuidade do próprio revestimento do Espírito algum tempo atrás. Eles esforçavamse imensa e intensamente para estarem aos pés dos apóstolos aprendendo mais de Jesus e de sua vontade.

Essa ação era perseverante também na “comunhão e no partir do pão” – as propriedades e bens que eram vendidos de acordo com a necessidade daqueles que estavam juntos e tinham tudo em comum mostrava que a igreja não apenas entregava tudo o que tinha como fruto de um movimento fanático empobrecedor, mas que estavam preocupados e atentos com as necessidades sociais daqueles que faziam parte da comunidade – e tudo era vendido de acordo com a necessidade e não de forma aleatória e descabida – esse também era um momento de perseverança – um movimento de esforço imenso e intenso de pensar em todos os que estão ao nosso lado devem ter suas necessidades supridas por aqueles que têm mais – João afirma que se vemos um irmão necessitado e não compartilhamos com ele nossas posses é porque não entendemos o amor de Deus (I João 3.17). O esforço é que cada um estava olhando para o outro em primeiro lugar e depois para suas próprias necessidades – isso não é natural em nós, por isso demanda um esforço perseverante.

O terceiro aspecto da perseverança neste texto é do movimento de oração – eles perseveravam na oração. Vejamos: os apóstolos estavam com a Igreja; ensinavam a Palavra de Deus; muitos sinais e prodígios eram feitos; tinham a nítida lembrança da prodigiosa promessa de Deus sendo cumprida no Pentecostes, mas mesmo assim, esta igreja sabia que havia necessidade de perseverar na oração – a comunhão com Deus não era fruto de um revestimento único, estático e estanque que perduraria por toda a vida, mas era uma busca contínua, imensamente e intensamente perseverante.

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O texto dá uma pausa e prossegue – e o Senhor – acrescentava-lhes dia-a-dia os que iam sendo salvos.

A frase o Senhor (de kyrios) tem uma explicação bem simples – a igreja sabia que quem construía a sua igreja era Jesus – e isso nos mostra alguns aspectos interessantes do seu crescimento:

- era evangelística sem campanhas ou cruzadas evangelísticas; - era evangelística sem evangelismo intencional e pessoal; - era evangelística sem folhetos, cultos na praça ou programas de televisão; - era evangelística sem estratégias especiais para chamar atenção sobre si e sobre a Igreja;

Eles viviam tão intensamente o evangelho que não precisavam de nenhuma ocasião especial para compartilhar de Jesus. Não eram necessários apelos, treinamentos especiais ou convocação pastoral – Jesus era o assunto maior em suas bocas e corações. Falar de Jesus era a principal ação da igreja, onde diariamente era feito isso – o impacto dessa vida era tão grande que de acordo com o texto de Lucas, todo dia eram acrescentadas à igreja pessoas novas na fé por causa do testemunho que davam.

Em 1421, Diego Moranis, cristão conhecido no sul da Espanha pelas suas ricas lojas de tecido, certo domingo após a siesta, momento em que todos os nobres andavam pelas ruas acompanhados de suas famílias, saiu correndo pelas ruas e praças rasgando suas roupas e gritando:

“Tenho tido mais lucro que devia; Tenho pagado mal meus empregados; Tenho roubado nos dízimos; Não tenho ajudado viúvas e órfãos e escolho minhas empregadas por me atraírem pela beleza, apesar de ter esposa. Oh! Deus, queima o meu coração ou não poderei viver!”

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Após três dias de joelhos na praça, com roupas rasgadas e sem comer ou beber, Moranis voltou para sua casa; havia um sorriso em seus lábios e um brilho em seus olhos. Reduziu o preço de suas mercadorias, aumentou o salário de seus empregados, entregou os dízimos atrasados, abrigou órfãos e viúvas em sua casa e no sótão de suas lojas e pediu perdão em público à esposa e empregadas. Uma nova frase foi colocada abaixo do nome DIEGO MORANIS esculpido nas lojas maiores – que dizia: “QUEIMADO EM NOME DO SENHOR”.

O que se mostra de avivamento em nossos dias reflete uma ação mais intimista da Igreja, onde o dom, os dons, a bênção e ação do Espírito Santo são principalmente para o bem-estar do povo, atender suas necessidades, alentar suas dores, sarar suas feridas e cuidar para que o desconforto que o mundo oferece não atinja os crentes.

Num mundo globalizado é uma tendência natural pensarmos que tudo já está pronto – usamos a internet e com isso nossa visão é de que o mundo usa a internet – de acordo com a empresa de pesquisa comScore (comScore, Inc. a Global Internet Information Provider) divulgado em março de 2008 apenas 824 milhões de pessoas em todo o mundo acessam a internet e de acordo com o indexMundi (site de informações catalogadas de CIA World Factbook) temos uma população estimada de 6,7 bilhões de pessoas em todo o globo com 1 bilhão de usuários de internet. Assim mesmo “sabemos” que a internet é usada por todo mundo (mesmo que os números mostrem o contrário). Usei a internet que é o ponto mais “globalizado” que temos em nossa aldeia, para mostrar que esta realidade – do que é de verdade e do que “sabemos” (ou afirmamos que é) é muito diferente.

E isso não seria diferente se olharmos para a maneira como pensamos no alcance de pessoas em todo o mundo pelo evangelho de Cristo. Os desafios são imensos e somente uma perseverança intensa e imensa pode avançar em meio tamanha necessidade.

Vejamos alguns dados para mensurarmos o que foi feito até hoje e o que ainda precisa ser feito. 11

Desafios no que tange as nações ainda não alcançadas

Há pelo menos 2227 grupos étnicos sem presença missionária ou que tenham conhecimento do evangelho e são estes justamente os grupos minoritários em todo o mundo com maior dificuldade e abertura política, lingüística, geográfica ou cultural. Ronaldo Lidório expressa que estes últimos grupos são os mais resistentes da história do cristianismo. A igreja, no decorrer dos séculos, foi realizando o trabalho mais fácil, onde estava mais permitido entrar, onde se estabeleceria primeiro, onde as barreias lingüísticas eram menores e assim por diante: estamos hoje, portanto, diante do maior desafio para a Igreja no tocando a nações (povos) não alcançados com o evangelho.

Desafios no que concerne a condições de língua e tradução bíblica

Das 6528 línguas vivas existentes no mundo hoje, apenas 336 possuem a Bíblia completamente traduzida e 928 tem o Novo Testamento completo, sendo que 918 têm grandes porções bíblicas apenas. De acordo com a Wyclife precisamos empenhar a tradução da Bíblia para mais de 4 mil línguas ainda, línguas estas que pertencem a estes povos ainda não alcançados, línguas minoritárias e faladas por uma pequena porcentagem da população mundial.

Desafios concernentes a nossa missiologia

Muito tem se falado, desde a década de 80 numa missiologia que estabelece como prioridade o alcance dos povos não alcançados (PNAs), mas o que se descobre recentemente (relatórios de crescimento de igreja da World Mission International confirmam) é que o evangelho não atingiu muitos dos povos ditos como alcançados satisfatoriamente, sendo que muitos destes (quase 4 mil) tem menos de 2% de população que conhece Jesus. Isso acontece também no Brasil, onde, segundo a Sepal, mais de 1000 municípios tem menos de 1% de pessoas que declaradamente se dizem evangélicas e conhecem pessoalmente seu Salvador.

Nesse universo estatístico há um total ainda de quase 2 bilhões de pessoas que não 12

tem acesso a leitura por falta de alfabetização ou porque pertencem a grupos em que a sua língua não tem escrita formalizada, são ágrafos e mesmo que fossem alcançados e tivessem a palavra traduzida para seus idiomas não conseguiriam ler pelo simples fato de serem analfabetos.

O Brasil não vive uma realidade diferente do mundo inteiro. Em nosso país temos 345 tribos indígenas e destas 206 não tem presença missionária (segundo dados do Instituto Antropos – http://www.instituto.antropos.com.br/).

E tem muito, muito mais mesmo! E o que fazer com tudo isso?

Atos 13.1-3 1 Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo. 2 E servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. 3 Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram. Antioquia era o último lugar de onde esperaríamos sair algum missionário.

1. Era uma cidade em expansão, o cristianismo estava começando ali e necessitavam de todas ajuda possível para a sustentação da obra local; 2. A situação política era instável por todo o país – perseguições e controle por parte do governo; altos níveis de corrupção e decadência moral; 3. A economia era precária pelo fato de que a grande maioria dos seus membros eram imigrantes e, portanto, ainda não estabelecidos – desempregados; 4. Por evidências históricas crê-se que a Igreja possuía dificuldades locais quanto à evangelização regional.

Gostaria de tirar deste texto alguns princípios importantes para que como igreja do Senhor entendamos que Deus espera que coloquemos as mãos no arado e literalmente aremos a terra mesmo em época de crise pessoal, financeira, política, emocional, moral ou mesmo eclesiástica, como resposta ao poder dele derivado o qual 13

já colocou a nossa disposição através do Espírito Santo que habita e dirige nossa vida – isso é AVIVAMENTO, isso é MISSÕES!

É necessário entender a conceituação de missionário como algo mais abrangente do que normalmente pensamos, pois o que está em jogo aqui não são somente povos não alcançados no sentido restrito da palavra, mas todo o envolvimento da Igreja local com esses missionários que alcançarão estes povos, bem como, com toda a vida da igreja local que deverá ser vivida dentro dos moldes do Senhor, onde a perseverança na palavra de Deus, no seu estudo e meditação, na comunhão entre os irmãos para suprimento de suas necessidades e convivência mútua, na oração buscando um relacionamento eficaz com o Senhor. A vida normal da igreja é justamente o palco perfeito de Deus para um verdadeiro avivamento – é o Senhor (e não nós ou nossos métodos) que acrescenta dia a dia aqueles que são salvos em nosso meio – isso é o fruto de avivamento e missões, é o fruto de uma vida saudável na igreja, de uma vida normal.

Em primeiro lugar no texto em questão, Atos 13 o versículo 1 há uma descrição de cinco líderes da igreja em Antioquia (“en Antiocheia” é a expressão usada demonstrando que ‘ekklesia’ era aqui usada no sentido de igreja local. Não se refere, portanto, a qualquer ajuntamento de igrejas como pensam alguns, mas sim à uma comunidade local) descritos sob a categoria de “profetai kai didaskaloi” (profetas e mestres).

‘Profetes’ era aquele que “falava em nome de Deus” e também utilizado no grego ático tanto para “pregador” quanto “expositor das leis”.

O ‘Didaskalos’ é o mestre (de ‘didasko’: ensino) aplicado para aquele que possui discípulos e parece-me que neste caso estes ‘didaskaloi’ estavam mais ligados à instrução dos novos convertidos em Antioquia.

Nesta lista primeiramente é mencionado Barnabé o qual era “natural de Chipre” (Atos 4.36). Logo após Lucas cita Simeão referindo-se provavelmente a um africano “Níger” 14

(negro) e menciona Lúcio “de Cirene” provindo do norte da África. Também lista Manaém, colaço (syntrophos: irmão de leite) de Herodes e finalmente Saulo.

Em segundo lugar o versículo 2 começa com uma ação coletiva: “e servindo eles ao Senhor...” e as duas perguntas que devem ser aqui levantadas são: quem são “eles” e como serviam ao Senhor?

Há três possibilidades para a definição de “eles” já que o texto não o define:

a) refere-se a toda a igreja em Antioquia; b) refere-se aos cinco líderes do verso anterior; c) refere-se a Paulo e Barnabé.

Por ausência de ligação textual creio que podemos excluir a “igreja em Antioquia” sendo uma terminologia usada para expor os cinco líderes mencionados nominalmente. Restam-nos assim os líderes do versículo 1 e Paulo e Barnabé do versículo 2. De qualquer forma estes últimos são também mencionados na lista de líderes, portanto os utilizaremos como pressuposto para “eles” – os líderes, todos os citados.

Em terceiro lugar o verbo “servindo” (leitourgounton) utilizado aqui aponta para aqueles que serviam ao Senhor como ‘leitourgoi’. Havia três formas (mais comuns) de apresentar uma pessoa como “servo” no contexto neotestamentário:

Como "doulos" - o escravo. Nas palavras de Candus "Aquele que pessoalmente acompanha o seu Senhor para realizar os desejos do seu coração". "Doulos" em um contexto neotestamentário é aquele que tem um compromisso direto com Deus; que serve diretamente ao seu Senhor.

Como "diakonos" - o mordomo. Aquele que serve ao seu Senhor através do serviço à comunidade. Na palavra o termo é usado para aqueles que, sensíveis à necessidade do corpo de Cristo - física e espiritual - servem a Deus; 15

Como "leitourgos" - o edificador. O termo, ligado à "leitourgia" não é restrito como o usamos hoje para liurgia. Refere-se àquele que serve ao Senhor sendo um canal de bênção para seus irmãos. O texto afirma que Paulo e Barnabé eram antes de qualquer coisa "abençoadores, edificadores do Corpo de Cristo". Uma bênção! Como podemos falar hoje. Eram "leitourgoi" e em última análise serviam ‘to Kuryo’, ao Senhor.

A característica apontada pelo texto a respeito destes dois homens que iniciaram a obra missionária como a conhecemos hoje não foi competência intelectual, título, ou profundidade teológica, mas sim a fidelidade; e fidelidade de vida em relação ao grupo.

O texto diz que então, servindo eles ao Senhor, “disse (eipen que vem de ‘lego’: falar, se comunicar. Pode ser usado tanto para uma comunicação direta quanto via um mensageiro. Alguns exegetas afirmam que para esclarecer o fato do Espírito ter falado à igreja Lucas afirmara no primeiro verso a existência de profetas na comunidade. Outros defendem que, por deixar indefinido “através de que” o Espírito falou, provavelmente haveria falado através de uma unânime convicção de chamado nos corações da igreja e liderança em relação a Paulo e Barnabé. O texto, entretanto, não esclarece como o Espírito falou, porém deixa bem claro a postura da igreja que ouviu: estavam jejuando e orando) o Espírito Santo: separai-me...”. O texto não esclarece como o Espírito se manifestou e ‘eipen’ – falou – à igreja, mas toda a ação deixa bem claro que a igreja prontamente ouviu. O conteúdo do que Ele falara foi “separai-me” (aphorisate), do verbo ‘aphorizo’ o qual é um verbo exclusivista também usado em Mateus 25.32 quando o pastor ‘separa’ as ovelhas dos carneiros. ‘Aphorizo’ se diferencia de ‘ekklio’ pois não se trata de uma separação de relacionamento (eles não foram excluídos da igreja de Antioquia), mas sim uma separação para uma função (eles permaneceram ligados à igreja são agora designados para uma função a parte). É o mesmo termo usado nos “Documentos de Cartago” quando cidadãos comuns eram chamados para engrossar as fileiras do exército romano. Portanto Paulo e Barnabé seriam separados por que primeiramente haviam sido chamados (‘proskeklemai’ de kaleo: chamar com um propósito. Possivelmente o propósito não fora mencionado por 16

ser plenamente conhecido por toda a igreja. A expansão do evangelho entre os não alcançados).

Ainda no versículo temos ‘ergon’ (a obra) para a qual foram chamados é um termo genérico que tanto pode significar um ato quanto uma função e poderia ser usado por ser esta obra já bem conhecida por todos na Igreja – a evangelização dos gentios – ou também para chamar a atenção para o ponto principal deste comando: não a obra, mas sim quem os chamou para esta obra. Demonstra também flexibilidade ministerial: a obra pode mudar, mas o chamado permanece, pois se baseia naquele que nos chamou.

Em quarto lugar - A expressão “jejuando e orando” vem como um conjunto que se completa já que, segundo John Stott, “o jejum é uma ação negativa (abstenção de comida e outras distrações) em função de uma ação positiva (culto e oração) ” (STOTT, 1994, pg 243), e em subseqüência “impondo sobre eles as mãos...” traz a expressão ‘epithentes tas cheiras’ que possui vasto significado para o conceito de envio missionário.

Sinal de autoridade. Este “impor de mãos” remonta ao grego clássico quando um pai ‘impunha suas mãos’ sobre o filho que lhe sucederia na chefia da família, ou seja, uma transposição de autoridade. Para Paulo e Barnabé isto significaria que eles possuíam a autoridade eclesiástica para fazer tudo o que a Igreja faria mesmo onde a Igreja não estivesse presente. É, portanto ao mesmo tempo uma carga de autoridade e responsabilidade. Como a igreja em Antioquia eles poderiam pregar a Palavra, orar pelos enfermos e desafiar os incrédulos, mas ao mesmo tempo precisariam também compartilhar da mesma fidelidade e dedicação que existia em Antioquia.

Sinal de reconhecimento. Também era usado em momentos oficiais como na cidade de Alexandria quando vinte oficiais foram escolhidos especialmente para guardar a entrada da cidade que sofria com freqüentes ataques de nômades, e sobre eles ‘foram impostas as mãos’ em sinal de reconhecimento de que eram dotados das qualidades para aquela função. Para Paulo e Barnabé consistia no fato de que a liderança da igreja 17

reconhecia não apenas o chamado (que era acima de tudo bem claro), mas também a capacidade e dons para cumprirem a missão.

Sinal de Cumplicidade. Encontramos também no grego clássico o “impor de mãos” no sentido de cumplicidade quando generais eram enviados a terras distantes para coordenar uma província e as autoridades enviadoras “impunham as mãos demonstrando ao povo que eles não seriam esquecidos”, ou seja: permaneciam como parte do corpo. Para Paulo e Barnabé significaria dizer que, por mais distantes que fossem, permaneceriam ligados à igreja de Antioquia. Que esta igreja continuaria responsável por eles, amando-os, torcendo para que tudo desse certo e com certeza os sustentando. A meu ver impor as mãos como sinal de autoridade e reconhecimento não é tão difícil como impor como sinal de cumplicidade, pois este último é um ato contínuo que demanda dedicação e profundo amor. Kent Norgan afirmou que “é mais fácil amar aquele que se vê e ter compaixão ao que está sempre ao seu lado” (NORGAN, 1996).

Por fim a igreja “... os despediu” (apelusan), do grego ‘apoluo’ que significa “fazer as honras do envio” e também pode ser usado no sentido de “liberar, soltar, permitir que vá”. Creio que havia aqui um aspecto prático onde líderes e irmãos pensaram também nas necessidades práticas de Paulo e Barnabé. ‘Apoluo’ é uma expressão formal, portanto leva-nos a crer que não foram despedidos de forma simples, mas antes houve um culto onde a igreja oficialmente se reunira para enviá-los: um abençoado culto de envio.

Conclusão

Pensado isso, de acordo com o texto bíblico, quero então concluir com alguns princípios que podem ser observados no envio missionário por parte da igreja local e que se aplica a cada um de nós:

No processo do chamado não há apoio bíblico ao ostracismo. Ou seja, irmãos que alegam terem ouvido a direção do Espírito Santo quanto à vocação missionária, mas 18

que desejam levar adiante esta missão sem a participação da igreja local. Mesmo em um contexto para-eclesiástico a igreja local precisa permanecer na linha de frente no processo de seleção e confirmação do chamado. Precisamos crer que o Espírito fala à Igreja e devemos esperar submissão daqueles que foram chamados.

No processo de chamado não há apoio para a falta de iniciativa. Não há de se esperar apenas pelos “oficialmente” missionários, pois todos devem ter a ação de evangelizar, de anunciar, de pregar – é certo que os apóstolos e líderes da igreja davam o tom da evangelização, mas a grande massa de evangelização era feita pelos leigos.

No desafio ao envio missionário devemos evitar o institucionalismo. Ou seja, a Igreja tomando decisões e definindo metas, estratégias e prioridades a despeito da visão daqueles que foram chamados. Precisamos crer que Deus colocará nestes corações os desejos certos e a motivação que vem do Alto.

No desafio de pregar o evangelho, de testemunhar, deve-se primar pelo preparo, em todo nível que seja possível. Um missionário de nome A.F., após um ano de trabalho num mundo muçulmano converteu-se ao Islamismo. Tinha apenas um ano de convertido e feito um curso de preparo bíblico de um ano.

Não devemos enviar para longe aqueles que não são bênção perto. Ou seja, um critério bíblico que aqui encontramos é que irmãos sob os quais pesam nossa esperança de abençoarem os que estão distantes de nós devem primeiramente ser reconhecidamente uma bênção para nós que estamos pertos.

Devemos cobrar de todos os missionários que tenham um PROJETO bem definido, não um projeto de longo prazo, mas um PROJETO DE VIDA. Ao viver no meio da Igreja cria-se expectativa daquilo que somos chamados por Deus a fazer – música, pregação, evangelização na rua, cuidados com outros, serviço, ensino etc. Não ter um projeto de vida para ação missionária na vida é jogar fora todo o tempo e não querer ser reconhecido como abençoador do povo de Deus. 19

A Igreja deve se envolver no TREINAMENTO MISSIONÁRIO – não esperar que as ESCOLAS treinem os seus missionários – é necessário um acompanhamento pessoal integral, testando dons, capacidades e um acompanhamento psicológico/emocional. Uma missionária inglesa bem preparada, com cursos de mestrado e doutorado em lingüística e antropologia, se transforma numa das melhores lingüistas do país onde trabalhou – instável emocionalmente tenta o SUICÍDIO por duas vezes no campo e teve que ser retirada do campo e proibida de voltar. O preparo missionário deve iniciar-se na Igreja local e não nas escolas missionárias que devem dar continuidade.

No momento do envio passamos para os enviados autoridade eclesiástica, reconhecimento de que são qualificados e especialmente cumplicidade com a obra para o qual foram separados. Ou seja, no processo do envio missionário o cordão umbilical não é cortado.

Ninguém sabe ao certo como e quando Deus falará, mas o jejum e oração – sinais de uma comunidade piedosa e crente – são a postura daqueles que ouvirão a voz do Senhor. Isso é Missões! Isso é Avivamento!

Que Deus, em sua misericórdia e poder, nos use, através do poder do Espírito Santo, para que um avivamento real desça sobre a Igreja e que coloquemos a mão no arado para não mais olhar para trás.

................................................. (Parte deste material foi retirado do livro Entre todos os povos de Gedeon e Ronaldo Lidório, esgotado e em fase de nova publicação. Publicado na revista Práxis com autorização dos autores)

REFERÊNCIAS

LIDÓRIO, Ronaldo. Atos: a história continua – Manaus, não publicado ________________. Plantando igrejas. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007 20

LIDÓRIO JR, Gedeon J. LIDÓRIO, Ronaldo A. Entre todos os povos. Vila Velha: Editora Fronteiras, 1997 NORGAN, Kent. Sharing the Gospel. England, 1996 STOTT, John. A mensagem de Atos. ABU: São Paulo, 1994 VICEDOM, George F. 1965. The Mission of God. St. Louis: Concordia.

WEBGRAFIA

conSCORE Inc. Global Internet Information Provider – http://www.comscore.com/ acessado dia 20 de agosto de 2008, 13h30 indexMUNDI. Site de Miguel Barrientos – baseado em dados divulgados por CIA World Factbook - http://indexmundi.com/ - acessado dia 14 de agosto de 2008, 17h30 Instituto Antropos – http://instituto.antropos.com.br/ - acessado dia 14 de agosto de 2008, 12h00 Ronaldo e Rossana Lidório – http://www.ronaldo.lidorio.com.br/ - acessado dia 12 de agosto de 2008, 13h40

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