Balada dos enforcados

July 5, 2017 | Autor: Damnus Vobiscum | Categoria: Poetry
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BALADA DOS ENFORCADOS

François Villon

BALADA DOS ENFORCADOS Irmãos humanos, que após morrermos viverão Não endureçais contra nós o vosso coração Pois apiedando-vos daquilo que fomos um dia Deus por vós também há de ter simpatia. Cá estamos, amarrados, cinco ou seis de nós Carne empanturrada que a vilania compôs De há muito já rota e apodrecida Até a cinza dos ossos consumida. De nossas maldades já não há quem reclame: Rogai, portanto, que o bom Deus nos ame.

Se vossos irmãos nos consideramos, sem ironia Aceitai-nos, apesar desta morte que expia Nossos crimes. Procurai reconhecer Que a nem todos é dado o senso de ser Sensatos. Perdoai-nos pois, porque morremos E diante do Filho da Virgem logo estaremos. Que Ele não nos negue o seu perdão eterno Condenando-nos ao fogo furioso do Inferno. Mortos estamos, que ninguém nos difame: Rogai, contudo, que o bom Deus nos ame.

O batismo da chuva nos lavou e limpou O ácido sol nos enegreceu e secou Vermes e corvos nossos olhos escavaram Nossas barbas e sobrancelhas arrancaram. Em nenhum tempo estivemos parados Pelo vento sempre nos vimos arrastados Sempre pelas circunstâncias fomos impelidos Pelas garras da má sorte fomos sempre feridos. Não queremos partilhar da nossa vida infame: Rogai unicamente que o bom Deus nos ame.

Príncipe Jesus, que sobre tudo tens o poder Não deixai o Inferno sobre nós prevalecer Mas comprai nossas dívidas, sob o Teu exame. Homens, não existe aqui anedótico ditame: Rogai ao bom Deus que Ele nos ame.

13/08/2015

Tradução de Damnus Vobiscum

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