Bartolomeu de Gusmão Raízes de um espírito inovador incompreendido

June 16, 2017 | Autor: A. Marques | Categoria: Historia da Ciência
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Bartolomeu de Gusmão: Raízes de um espírito inovador incompreendido Francisco Caruso CBPF / Universidade do Estado do Rio de Janeiro HCTE / Universidade Federal do Rio de Janeiro

Adílio Jorge Marques Proeper / Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Por que voar? No romance Memorial do convento, de José Saramago, há uma bela passagem na qual o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão (1685–1724) afirma que […] na Holanda soube o que é o éter, não é aquilo que geralmente se julga e ensina, e não se pode alcançar pelas artes da alquimia, para ir buscá-lo lá onde ele está, no céu, teríamos nós de voar e ainda não voamos, mas o éter, deem agora muita atenção ao que vou dizer-lhes, antes de subir aos ares para ser o onde as estrelas se suspendem e o ar que Deus respira, vive dentro dos homens e das mulheres.1 Enquanto nessa obra o autor, com maestria, transpõe o mito do sonho de liberdade inerente aos humanos, para a história real de seu país, contribuindo para perpetuar esse sonho, nesse trecho específico há uma referência poética à motivação de voar, aludindo à relação entre Deus e o homem. Trata-se de atingir o éter inatingível pela alquimia, como se somente o voo e a consequente proximidade com o céu, a morada de Deus, nos permitisse conhecer aquilo que já vive Autor Obra técnica, dimensões, ano acervo

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dentro de nós. Portanto, voar – metáfora da liberdade de sonhar – é entendido como essencial ao conhecimento de nós mesmos e, como disse Paulo Freire, “é impossível existir sem sonhos”.2 Em outras partes desse livro, identificam-se semelhanças entre o padre Bartolomeu e Dédalo. Conta a mitologia grega que Dédalo inventou e construiu dois pares de asas com penas e cera, para que ele e seu filho pudessem fugir da ilha de Creta. Ícaro, seu filho, ignora a recomendação de não se aproximar do Sol, sob pena de ter suas asas derretidas, e acaba sofrendo uma queda mortal. O Sol é o astro luz por excelência e, ao longo da história da humanidade, tem-se recorrido com frequência à luz, e ao próprio Sol, para representar o divino, como entre os povos semitas, os egípcios, os iranianos e também na platônica associação do Sol com a ideia de Bem.3 Pode-se considerar o fato de que mesmo na Antiguidade havia a percepção de que a luz era algo sutil e imaterial que se propagava no éter cósmico, perto dos astros (e assim pensaram os físicos até o início do século XX), transmitindo a ideia de liberdade entre o céu e a terra, nos dois sentidos. No Medioevo, por exemplo, a luz dos neoplatônicos desce do alto e se difunde criativamente nas coisas, enquanto a claritas de São Tomás de Aquino sobe a partir do baixo.4 Não por acaso, muitos religiosos dedicaram-se ao estudo da óptica. Assim, desde a idealização da Torre de Babel, o homem não tem medido esforços para chegar aos céus como forma de alcançar Deus. Ainda no plano das ideias, deve-se destacar a enorme contribuição de São Francisco de Assis (1182–1226) ao apontar uma nova forma de se chegar até Ele. É preciso lembrar que o pano de fundo cultural da Idade Média cristã é dominado por um estado mental religioso. “O Livro” ou a Bíblia, nesse período, é o símbolo por excelência da relação entre homem e Deus na Weltanschauung cristã. Só aos poucos, a partir de São Francisco, é que vão ser apontados dois livros capazes de levar a Deus: A Sagrada Escritura e o Livro da Natureza, expressão consagrada por Dante Alighieri (1265–1321) e Galileu Galilei (1564–1642). Essa “nova via” está predestinada a dar impulso à arte e à ciência. De fato, São Francisco lança um olhar diferente sobre a Natureza, buscando, na simplicidade e na harmonia das coisas, a beleza suprema da obra divina. Como afirma Walter Nigg, Autor Obra

Francisco enxergou a realidade verdadeira da criação, que nós só conseguimos captar por meio de comparações. Sentimos em todas as suas palavras a imagem viva

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de Deus nas coisas. O comportamento de Francisco diante das criaturas mudas era um verdadeiro retorno ao paraíso.5

Portanto, não há motivos para se estranhar que muitos cientistas pertencessem a ordens religiosas ou fossem padres seculares e, mesmo assim, buscassem “ler” o Livro da Natureza. Isso é particularmente verdade também para os jesuítas, que tiveram forte influência na formação acadêmica de Bartolomeu Lourenço. De fato, podem ser citados outros como: José de Acosta (1539–1600),

um dos primeiros naturalistas e antropologistas das Américas; Francesco Maria Grimaldi (1618–1663), que estudou o fenômeno de difração da luz; Roger Joseph Boscovich (1711–1787), estudioso do atomismo; e, mais recentemente, Pierre Teilhard de Chardin (1881–1955), famoso geopaleontólogo. Deve-se ainda destacar nesta introdução uma tendência à inovação, que tem início com a descoberta do Novo Mundo e perdura ainda à época de Bartolomeu. O impacto da descoberta e conquista das Américas sobre os europeus, à luz da interação com novas terras e novos povos, levou à revisão das visões tradicionais de geografia, história e natureza humana, por exemplo, como descreve J. Elliot.7 Em particular, a questão da liberdade também será revista. As doutrinas filosóficas acerca da relação entre “liberdade e necessidade”, tal qual aparecem no Renascimento, são discutidas em profundidade por Ernest Cassirer.8 Ele destaca uma nova dinâmica do pensamento, segundo a qual a filosofia busca formas de conciliação “entre a confiança medieval em Deus e a confiança do homem do Renascimento em si mesmo”.9 Por outro lado, a redescoberta de um manuscrito em 1417 do De Rerum Natura (“Da natureza das coisas”), de Titus Lucrecius Carus, conhecido por Lucrécio, foi valorizada por parte dos humanistas, e fez com que esse poema fosse muito lido no século XVI. A defesa em favor da verdade científica, que se apreende desse texto, foi motivo de inspiração para vários criadores do Novo Mundo, dentre os quais o pensador italiano Giordano Bruno (1548–1600). Uma discussão mais detalhada desses pontos fugiria ao escopo deste ensaio e, portanto, destacam-se apenas algumas obras inovadoras como o De l’infinito universo e mondi, escrita pelo nolano em 1584, e dois outros trabalhos seminais que contém a palavra “nova”: os Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze attenenti alla meccanica e i movimenti locali, de Galileu (1638) e, de Giambatista Vico (1668–1744), A ciência nova, publicada pela primeira vez em 1725, e que foi o ápice de seu propósito, acalentado por mais de 30 anos, de promover o estudo das coisas humanas à esfera científica. Mais do que o estabelecimento de uma nova ciência, a obra de Vico foi o marco de fundação do projeto de constituição do estatuto epistemológico das ciências sociais. O projeto de Vico conciliou as duas grandes correntes da filosofia do século XVII, o racionalismo e o empirismo, encontrando uma harmonia entre a prática e o pensamento, harmonia esta muito associada à mentalidade portuguesa do período das Grandes Navegações e na própria manutenção do país, durante e após a União Ibérica.

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Esse legado frutifica, e passa a ser frequente encontrar franciscanos que se dedicaram a estudos científicos. Pode-se citar, a título de exemplo, Roger Bacon (1214–1294) que, por volta de 1240, ingressou para a Ordem Franciscana, na qual, sob influência de Roberto Grossatesta (1168–1253), se dedicou a estudos nos quais introduziu a observação da Natureza e a experimentação como fundamentos do conhecimento natural. Na verdade, ele foi além de seu tutor, afirmando que o método científico depende de observação, da experimentação, da elaboração de hipóteses e da necessidade de verificação independente. Também o nominalismo de William de Ockham (1280–1349), de raízes franciscanas, tende a considerar apenas a causa efficiens de Aristóteles como a única necessária para explicar o Mundo, e não se pode negar que isso será, mais tarde, importante para o desenvolvimento das técnicas e o fulcro da mecânica desenvolvida pelo grande Isaac Newton (1643–1727). No que se refere a essa compreensão embrionária de um novo método científico, é ela que, em última análise, irá libertar de vez a ciência, e em particular a astronomia, de todo um conjunto de atitudes cerceadoras, impostas pela representação artística sistemática do céu dourado, característica do medievo. Assim, há autores que consideram Nicolau Copérnico (1473–1543), que era um religioso, um divisor de águas. Alexander Koyré (1892–1964), importante historiador da Ciência, por exemplo, afirma que O ano de 1543, ano da publicação do De Revolutionibus Orbium Coelestium e o da morte do autor, Nicolau Copérnico, marca uma data importante na história do pensamento humano. Estamos tentados a considerar essa data como significando “o fim da Idade Média e o começo dos tempos modernos”, porque, mais que a conquista de Constantinopla pelos turcos ou a descoberta da América por Cristóvão Colombo, ela simboliza o fim de um mundo e o começo de outro.6

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O “Padre Voador”, como ficou conhecido o brasileiro nascido em Santos, São Paulo, Bartolomeu Lourenço de Gusmão é um personagem ímpar na história das técnicas. As suas múltiplas formações – inventor, naturalista, sacerdote secular –, aliadas às condições intelectuais de sua época, remetem à discussão do pensar a ciência portuguesa dos Setecentos e sua relação com o ambiente cultural, como indica Cruz Filho.10 O que representavam para Bartolomeu a natureza e o sentido de experimentá-la, dominá-la? Qual visão de mundo deveria ser privilegiada, a medieval-tomista, pré-reforma pombalina, que Gusmão encontrou aos quinze anos quando chegou a Portugal e estudou direito religioso em Coimbra, ou a dos novos ares da pós-Renascença, que pode ter encontrado em Lisboa, para onde se mudou em 1701 e estudou matemática e mecânica física? O iluminismo, cuja principal influência veio do mecanicismo newtoniano, espalhou-se entre os intelectuais do Novo e do Velho Mundo, e Bartolomeu percebeu que a physis deveria ser conhecida, do ponto de vista prático, por novos métodos, e do ponto de vista da razão, por uma forma original de ver o mundo. Alguns contextos históricos propiciaram a Gusmão ter orientado seus estudos para a experimentação técnica e científica, destacando-se o perfil inovador de um personagem luso-brasileiro que, ao contrário do que se pensa usualmente, não estava totalmente à margem das concepções científicas em voga na Europa. Bartolomeu percebeu a efervescência filosófica e científica oriunda do período renascentista, quando se vinham formulando na Europa vários processos de interpretação da natureza, a par da permanência da herança medieval nas universidades portuguesas. Foi época na qual, como sugere Claude G. Dubois,11 afirmaram-se três grandes maneiras de se conceber a natureza: - a primeira, aquela que sob um procedimento “mimético”, considerava o ponto de vista antropomórfico (o homem como microcosmo), e também o parâmetro teomórfico (o mundo à imagem de um Deus criador). Tais pontos de vista eram utilizados para o entendimento das regras naturais que cercavam a constituição das sociedades da época; - a segunda concepção considera a natureza um campo de significação extremamente vasto, o qual exige um processo de interpretação e analogias para o entendimento do sentido profundo dos significados. Como exemplo, havia a me-

táfora do universo-espetáculo, onde o espectador tinha no deleite da observação sua maior característica, como nas composições barrocas: o “universo em acordes”, ainda de ressonância pitagórica, e que exaltava a glória da natureza através da aliança dos vários símbolos, gerando a harmonia do Cosmos; - a terceira, a já mencionada concepção mecânica de mundo, sintetizada na metáfora do “universo-máquina” ou “universo-relógio”, que alicerça o nascimento do um pensamento científico moderno. A noção de ordem e a razão tornam-se suporte para o entendimento da natureza. A rigor, o próprio termo “natureza”, que tanto fascínio sempre despertou no homem, encerra certa complexidade, não havendo dele uma definição clara.12 Na Encyclopédie, marco das Luzes na França e no mundo, encontra-se uma variedade de significados. Concepções como: “sistema do Mundo”, “máquina do Universo”, ou “conjunto de todas as coisas criadas ou não criadas” (corporais ou espirituais). Ainda relaciona-se à “essência”, ou mesmo às leis do movimento, estabelecidas, talvez, por um “Deus-motor”. A mesma preocupação enciclopédica já surge no famoso “Vocabulário” de Rafael Bluteau (1638–1734), o qual, partindo da Antiguidade, salienta como empregos mais correntes para “natureza” a referência ao “princípio de todos os movimentos necessários e operações naturais”,13 mencionando, ainda, a “máquina do Universo.14 Entre os séculos XVII e XVIII surgiu o iluminismo na Europa, cuja tendência marcou a transição da uma produção feudal para uma produção capitalista mais organizada, visando substituir a crença no mágico e mesmo na escolástica. O método experimental e classificacionista impõe-se entre os intelectuais europeus, aliando-se, posteriormente, às ideias mecanicistas e newtonianas da física. A época setecentista de Bartolomeu de Gusmão mostra uma mentalidade crescentemente orientada para o racionalismo científico, para a crença na possibilidade de domar a natureza e de colocá-la a serviço do homem e sua racionalidade. A renomada obra Nova Atlântida, de Francis Bacon (1561–1626), pode também ser considerada um marco que inspirou a muitos.15 Aprofunda-se o racionalismo português na busca por novas formas de ver o mundo.16 Joaquim Barradas coloca que “Portugal ao escolher o racionalismo francês, em prejuízo do empirismo inglês, não fez mais do que seguir um movimento, uma tendência bem generalizada”, referindo-se ao momento intelectual da pós-Restauração.17 Nesse contexto destacam-se personagens ideologicamente ilustrados no mundo luso-brasileiro, como Alexandre de Gusmão (1695–1753), importante diplomata em Portugal, irmão de Bartolomeu. Entre muitas funções e ações,

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O contexto intelectual no limiar do século xviii

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Alexandre participou diretamente da administração de D. João V (1730 a 1750) como secretário particular e membro do Conselho Ultramarino, destacando-se nas discussões que levaram ao Tratado de Madri (1750), o qual atualizava a linha divisória entre as possessões portuguesas e espanholas na América, fato importante para a constituição das fronteiras brasileiras até os dias atuais.18

O ambiente educacional no período de Bartolomeu

O ideário iluminista português é oriundo de três diferentes momentos: o período próximo ao joanino – a época de Bartolomeu –, o período pombalino e o póspombalino.19 Os dois últimos não serão considerados aqui. Para o correto entendimento do ensino das ciências em Portugal deve-se citar a chegada dos “missionários de Jesus” (chamados de jesuítas) ainda no reinado de D. João III, “O Piedoso” (1502–1557). Diogo de Gouveia (1471–1557) indicara ao rei a existência de um grupo de clérigos capazes de converter a Índia, velha ambição portuguesa. Com a permissão real, Ignácio de Loyola (1491–1556), fundador da Companhia de Jesus, enviou a Portugal em 1540 o padre Francisco Xavier (1506–1552). Graças a alguns benfeitores, em especial a família real portuguesa, o crescimento dos jesuítas em Portugal se deu de maneira extremamente rápida. Em 1542, foi fundado o Colégio de Jesus em Coimbra, o qual tinha como objetivo a formação dos noviços da Ordem. No ano de 1553, foi inaugurado, em Lisboa, o primeiro colégio no qual os jesuítas deram aulas públicas: o colégio de Santo Antão. Em 1559, surgiu a Universidade de Évora, e logo os membros dessa congregação dirigiam, em Portugal, algumas dezenas de estabelecimentos de ensino (além da catequese nas colônias), além da Universidade de Évora, formando assim a única rede escolar orgânica e estável do País.20 Os membros da Companhia de Jesus seguiam um plano educacional diretor, a “Ratio Studiorum”, cuja primeira edição nasceu em 1599. A “Ratio” era considerada, por essa ordem, como uma espécie de “ponte” entre o ensino medieval e o moderno.21 A pedagogia era permeada por um forte viés clássico, humanista e centralizado no aristotelismo. As ciências naturais tinham, na prática, uma importância menor entre estes religiosos.22 O plano educacional, com o tempo, extrapolou a esfera meramente pedagógica (como carisma religioso) e

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alcançou a esfera política, uma vez que exerceu importante influência nos meios administrativos de Portugal com o controle educacional.23 Em 1591, novos estatutos para a Universidade de Coimbra são promulgados por D. Felipe II durante a União Ibérica (1580–1640). Em 1659, chegou ao país a Congregação do Oratório. Esta, fundada em Roma no ano de 1565 por São Felipe Néri para padres seculares, dedicou-se à educação cristã da juventude e popular, além das obras de caridade. Introduzida em Portugal pelo padre Bartolomeu do Quental (1626–1698), foi a responsável pela ênfase na experimentação científica voltada para a educação, disseminando as ideias empiristas pela Europa católica.24 Por seu ideal de uma educação mais experimental, os oratorianos foram oponentes dos “missionários de Jesus” no campo pedagógico. Promoveram mais as ciências naturais do que as hoje chamadas ciências humanas, levando para Portugal, por exemplo, o pensamento de Francis Bacon, Descartes (1596–1650), John Locke (1632–1704) e Antonio Genovesi (1712–1769).25 Defendiam a importância do estudo da língua-mãe, da gramática e da ortografia portuguesa, sem a intermediação do latim. Os “néris”, como eram chamados em Portugal, estavam se tornando uma alavanca de modernização da sociedade portuguesa.26 Todavia, o destino dos oratorianos não seria muito diferente daquele que atingiu seguidores de Ignácio de Loyola em 1759, época posterior a Bartolomeu: um fim imposto por Sebastião de Carvalho e Melo (1699–1782), futuro Marquês de Pombal. O propósito de erradicação de setores intelectuais considerados “nefastos” para a implantação de uma nova cultura científica e pedagógica também se estendeu àqueles que foram considerados os principais antagonistas dos grandes bastiões do pensamento aristotélico (os jesuítas, no Colégio das Artes).27 Um longo processo de dificuldades, iniciado em 1760 com a perseguição à Congregação do Oratório, culminou com a extinção definitiva do Colégio da Casa das Necessidades no ano de 1768.28 As duas escolas de Lisboa, que haviam sido os mais ativos e importantes centros de ensino das ciências físico-matemáticas, acabam paralisadas. Cenário final da cultura educacional e científica de Portugal nos séculos XVII e XVIII, cultura esta da qual Bartolomeu era fruto.

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Algumas criações: da primeira inovação à fama de “Padre Voador” Nos séculos XI e XIV houve um crescente interesse pela geometria, associado, em uma primeira fase, ao desenvolvimento da técnica, notadamente a invenção do moinho de vento e de artefatos mecânicos movidos pela força hidráulica, aperfeiçoamentos náuticos e na área têxtil, a invenção do relógio e a construção das catedrais. O impulso nas técnicas será acelerado tanto por necessidades socioeconômicas como pela invenção da imprensa e pela rápida propagação do livro impresso. Em um segundo momento, já na segunda metade do século XV, o livro Os elementos, de Euclides, figurava entre os mais procurados pelos scholars.29 Assim, não parece sem propósito que Benedito Calixto tenha retratado Bartolomeu segurando um compasso e apoiando um esquadro sobre livros à sua direita. Leonardo da Vinci (1452–1519), ícone do homem renascentista e da genialidade, destacou-se por suas múltiplas habilidades e interesses, dentre os quais as técnicas, sendo considerado um precursor da aviação.30 Na realidade, o gênio florentino dedicou-se a estudar o voo a partir da observação das estruturas anatômicas dos pássaros e morcegos. Até onde se tem conhecimento, não há evidências de que tenha influenciado o “Padre Voador”. Mas os caminhos de um espírito inovador podem ser infinitos e difíceis, senão impossíveis, de serem retraçados, e nem mesmo uma política retrógrada,31 imposta por uma metrópole estagnada, impediu a eclosão de talentos e inventividade na história da técnica colonial no Brasil,32 como é o caso de Bartolomeu de Gusmão, considerado por muitos o primeiro cientista brasileiro.33 Ainda na adolescência, passou a se interessar pelas ciências da natureza e por experimentos práticos que a explicassem. Como foi educado em um seminário, obteve acesso a obras educacionais e filosóficas do pensamento antigo e de sua contemporaneidade, inclusive no que tange aos conceitos da física, disciplina que o filósofo Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.) já examinara e cujo pensamento permeou toda a estrutura católica durante vários séculos. Não há registro inequívoco de sua primeira invenção: a construção de uma espécie de bomba ou máquina hidráulica com o objetivo de transportar água do rio Paraguaçu a quase cem metros de altura, quando estava no Seminário de ~ 13 ~

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Belém, em Salvador, Bahia. O “pedido de privilégio” foi feito ao Rei D. João V em 23 de março de 1707, mas não explicava o mecanismo.34 Gostaríamos, no escopo deste texto, de incluir a possibilidade de Bartolomeu ter se valido do uso de um mecanismo chamado desde a Antiguidade (Mesopotâmia, Babilônia, Egito, Roma) de “parafuso de Arquimedes”, atribuído ao inventor grego Arquimedes de Siracusa (287 a.C.–212 a.C.), filho do astrônomo Fídias. Tal artefato, muito conhecido ao longo dos séculos, era constituído de várias hélices, presas a um eixo circular, inseridas num tubo de comprimento variável na posição de um plano inclinado, e era capaz de elevar Autor Obra

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desde água até lama, esgoto, grãos etc. Também é possível atrelar esse sistema a moinhos de vento para drenar terrenos, e sabe-se que Bartolomeu fez propostas de moinhos mais eficazes. Na Torre do Tombo há uma “Memória” de Bartolomeu na qual ele descreve na folha 315 (verso), entre outros engenhos, a utilização do moinho de vento que o mesmo teria aperfeiçoado.35 Em 1707, Bartolomeu ainda se dedicou a outras criações do mesmo gênero, como o “Processo para esgotar água sem gente dos navios alagados”, que pode ser exatamente o mesmo de todos os demais inventos relacionados à extração ou movimentação mecânica de líquidos de um lugar para outro, já que a rotação de grandes eixos talvez pudesse ser feita através de tração animal ou de energia eólica (como nos moinhos de vento). Gusmão inaugurou, assim, uma proposta oficial para o sistema de drenagem de embarcações.36 Antes, porém, Bartolomeu esteve em Portugal (1708) para tirar o curso de Cânones da Universidade de Coimbra, curso esse que foi interrompido e apenas concluído em 1720, depois de ter viajado de 1713 a 1716 pela Europa e, em particular, pela Holanda. Ainda em 1720 foi fundada a Academia Real de História, da qual Bartolomeu acabará por fazer parte, época na qual mantinha boa relação com a corte portuguesa e mesmo entre os religiosos, já que chegou a ser nomeado capelão da Casa Real. O ano de 1708 também marca o início da sua tentativa de realizar os famosos experimentos com objetos “mais leves que o ar”, ou seja, os balões ou aeróstatos. Já em 1709, dirigiu petição a D. João V anunciando uma máquina de “se andar pelo ar, da mesma sorte que pela terra e pelo mar”.37 O privilégio para o seu aparelho foi expedido no alvará de 19 de abril de 1709, e as custas foram pagas pela Coroa. Ao contrário de Leonardo que se fixou na anatomia dos pássaros para compreender o voo, Bartolomeu muda o enfoque inicial do problema. Consta que ele teria observado uma pequena bolha de sabão pairando no ar e posteriormente notado que, ao passar sobre uma fonte de calor, a bolha é fortemente impelida para cima. A chave para a construção do balão está na compreensão de um fenômeno físico envolvendo as propriedades do ar, como a sua densidade, além do entendimento do princípio de Arquimedes. O ar quente, mais leve do que o frio, tende a subir e pode, portanto, gerar uma força ascensional sobre o balão. Na prática, Bartolomeu realizou várias experiências com balões de ar aquecido, algumas delas na presença de D. João V e da corte. Algumas funcionaram, outras não (em alguns casos, o balão pegava fogo). No dia cinco de agosto de 1709, Bartolomeu efetivou a primeira demonstração pública do engenho, que ~ 16 ~

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depois ficou conhecido por Passarola ou “Balão de São João”. Essa espécie de balão, construído pelo próprio padre, segundo relatos da época, elevou-se a quatro metros de altura, assombrando a todos. O aeróstato foi construído de papel pardo, pouco leve, e não era de grandes dimensões. Era inflado com ar quente produzido em uma tigela de barro presa na base do balão. Tais demonstrações, mais do que ajudá-lo, parecem tê-lo exposto às intrigas e invejas palacianas, inclusive pelo fato de que havia o subsídio do rei nas experiências. A partir de então, Bartolomeu de Gusmão passou a ser chamado de “Padre Voador” de naves que na verdade eram não tripuladas e sequer haviam sido construídas, e a notícia correu por outros países da Europa. Gusmão mostrou seu entusiasmo pelo voo de um objeto mais pesado do que o ar, para o qual (curiosamente) afirma que há de se considerar asas (a causa efiAutor Obra técnica, dimensões, ano acervo

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ciente do vôo) e tentou explicar o engenho no seu Manifesto Sumário,38 como indicam suas palavras nas folhas 234 (verso) e 235:

forma de proteger seus direitos sobre uma invenção que ainda não se tornara uma realidade. Seria um exemplo notável de (auto)-proteção intelectual. Bartolomeu pode realmente ter sonhado com as grandes e lendárias Passarolas, com espaços na parte inferior, na qual caberia um navegador que moveria cabos e foles que alimentavam uma grande vela na parte inferior, surgindo também desenhos apócrifos e fantásticos da “máquina voadora”.41 Até onde sabemos, não há evidências objetivas deste sonho, mas isto não impediu alguns estudiosos de afirmarem que tal representação fortemente inverossímil iria abalar por muito tempo os créditos do inventor de Santos.

Tres couzas pois saõ necessarias à ave para voar, convem a saber: Azas, vida e ar; azas para sobir; vida para as mover; e ar para as sustentar: De sorte que faltando hu[m] destes tres requezitos, ficaõ inuteis os dous; porque azas sem vida naõ podem ter movimento; vida /f. 235/ sem azas naõ pode ter elevaçaõ: ar sem estes individuos naõ pode ser surcado: Porem dandoce [sic] estas tres circunstansias de azas, vida e ar, a qualquer arteficio conforme [repete conforme] a necesaria proporsaõ, he infalivel o voo no lenho, como o estamos vendo na ave. Entra agora o nosso invento com as mesmas tres circunstancias, em que infalivelmente devemos dar lhe o voo por certo. O nosso invento tem azas, tem ar e tem vida. Tem azas porque lhas formamos à mesma imitaçaõ e proporsaõ das da ave; tem ar, porque este se acha em toda a parte, e tem vida nas peçoas que o ha de animar para o movimento. 39 As demonstrações de Bartolomeu deram também asas à imaginação, e surgiram na Corte muitas variações fantasiosas de seu balão de ar quente. Desde a possibilidade de visitar as regiões do éter divino, permitindo transportar ao menos um homem a grandes distâncias e levando-o, desta feita, para mais próximo de Deus. Tudo isso passou a ser cogitado e pode ter contribuído para propalar uma imagem negativa do inventor, como exemplificam sumariamente as palavras de Taunay: “uma única peça iconográfica, antiga, portuguesa, existe contemporânea das experiências de Gusmão: a desastrada, a estapafúrdia, a mistificatória estampa de 1709, chamada de Passarola.40 Como se acredita que Gusmão tenha tido participação na concepção de tal desenho, e como nenhum inventor, em princípio, quer ver sua criação como objeto de chacota, não se pode desconsiderar uma intenção deliberada por parte do “Padre Voador” de fantasiar como ~ 18 ~

A incompreensão O padre Bartolomeu de Gusmão voltou a Portugal, mas foi vítima de insidiosa campanha de difamação e incompreendido por muitos, tanto no meio intelectual, quanto no Santo Ofício. Como apontou Gustavo T. Correia Neves, em 1911, No século 18 era grande, como é sabido, o atrazo das ciências físicas em Portugal, que permanecia indiferente aos progressos deste ramo científico. / Este atrazo era devido, além de outras coisas importantes, às dificuldades que existiam na impressão de qualquer obra exigindo esta um grande número de licenças e formalidades, o que concorria para que grande quantidade de trabalhos científicos ficasse apenas em manuscritos.42 Assim, poucos seriam aqueles conterrâneos preparados para compreender os princípios físicos de sua descoberta. Quanto à Igreja, embora não se possa afirmar que as experiências com os aeróstatos não teriam despertado alguma atenção por parte da Inquisição em Lisboa, também não há provas contundentes de que o problema do “Padre Voador” com a Inquisição se coloque no plano da “ameaça obscurantista inquisitorial contra o engenho inventivo baseado na ciência”.43 Cabe notar que houve um aumento significativo da ação persecutória no domínio português da América no período em que Bartolomeu viveu.44 Provavelmente por manter contato com a comunidade de cristãos-novos do Rio de Autor Obra técnica, dimensões, ano acervo

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Janeiro, acabou acusado pela Inquisição de simpatizar com o judaísmo. Perseguido pelo Santo Ofício, foi obrigado a fugir para a Espanha. Ao passar pela cidade de Toledo adoeceu, sendo recolhido ao Hospital da Misericórdia daquela cidade, no qual veio a falecer.

Conclusão Em um momento no qual as comunidades cultas de Portugal e do Brasil estavam em constante embate entre os novos pensamentos da razão ilustrada e os antigos costumes religiosos e escolásticos, Bartolomeu de Gusmão mostrou erudição e coragem para enfrentar o status quo, contribuindo para a formação de um ambiente ilustrado, no qual havia espaço para o sonho e para as aplicações práticas da física. Seus estudos empíricos, seus êxitos e mesmo eventuais logros, inspirados no devaneio de voar, contribuíram, a seu modo, para a consolidação das confianças em Deus e no próprio homem – à qual Cassirer se referiu – que eram características, respectivamente, dos espíritos dos homens medievais e renascentistas. De qualquer forma, é inconteste que o “Padre Voador” foi o pioneiro da física aplicada nas Américas! Note-se que Benjamin Franklin (1706–1790) só iniciou seus estudos sobre eletricidade em 1745. Seus estudos deixam entrever seu acesso à informação dos mais diferentes pensadores, desde as óbvias concepções aristotélicas que permeavam os seminários brasileiros e portugueses, a Arquimedes e o estudo do empuxo nos fluidos, além dos pensadores franciscanos. Contudo, seus inventos não lograram maior destaque em sua época. Com a afirmação do iluminismo ao longo dos Setecentos, os experimentos com balões ganhariam notoriedade e se afirmaram em 1783 com os irmãos Montgolfier , mesmo em Portugal, apenas com o naturalista Domingos Agostinho Vandelli (1735–1816). Os feitos de Vandelli foram noticiados pela Gazeta de Lisboa, que registrou os lançamentos dos aeróstatos nos dias 25 e 27 de junho de 1784 em Coimbra.

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Autor Obra técnica, dimensões, ano acervo

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