BASES DO SUCESSO DA EDUCAÇÃO NA COREIA DO SUL E NO JAPÃO

July 6, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: Sociology, Economics, Development Economics, Education
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BASES DO SUCESSO DA EDUCAÇÃO NA COREIA DO SUL E NO JAPÃO Fernando Alcoforado* Não apenas a Finlândia se destaca entre os países mais bem sucedidos no âmbito da educação como procuramos demonstrar em nosso artigo Finlândia: paradigma da educação no mundo publicado no website . A Coreia do Sul e o Japão estão também bem situados no ranking mundial da educação. A educação na Coreia do Sul A Coreia do Sul é admirada mundialmente ao ocupar lugar de destaque no PISA (Programme for International Student Assessment, ou Programa de Avaliação Internacional de Alunos) realizado em 2010 por sua educação de qualidade. Em sua última edição, a Coreia do Sul conquistou a 5ª posição na classificação geral que testou seus conhecimentos em matemática, ciências e leitura (Ver o artigo PISA - Coreia do Sul, campeã em Educação de Cynthia Costa publicado em 04/12/2013 no website ). Enquanto isto, o Brasil ficou em 58º entre os 65 países avaliados. Este resultado é fruto de muito esforço por parte do governo, dos pais, dos estudantes e, principalmente, dos professores os quais enfrentam uma formação exigente e provas difíceis para ingressar na carreira. O elevado patamar de qualidade em educação obtido pela Coreia do Sul foi atingido graças a um maciço investimento (em 2009, segundo o Banco Mundial, esse investimento foi de 5% do PIB, ou seja, US$ 47,1 bilhões) – principalmente na formação dos professores, no investimento em material de apoio e na melhoria da estrutura e funcionamento das escolas – combinado com a cultura asiática de disciplina e valorização do ensino. O desenvolvimento da educação na Coreia do Sul foi um dos fatores responsáveis pelo rápido crescimento econômico do país. Logo após a Guerra da Coreia (1950-1953), o PIB per capita do país no período era de US$ 883. Em 2004, seu PIB ultrapassou US$ 1 trilhão e, atualmente, o país figura como a 15ª economia do mundo, sendo exportadora de tecnologia de ponta (Ver o artigo Investimento e disciplina fizeram da Coreia do Sul uma campeã em educação de Bruna Carvalho publicado em 05/06/2013 no website ). Na Coreia do Sul, o sistema priorizou primeiramente a educação primária. Só quando esta se tornou universal, o governo passou a destinar recursos para o segundo e terceiro graus. Além de um plano de carreira consolidado, os professores sul-coreanos recebem altos salários e há investimentos e valorização de seus meios de trabalhos. Ser professor na Coreia do Sul, de acordo com especialistas, é ter uma carreira de prestígio. Professores são vistos pelas autoridades como cruciais para o projeto nacional de desenvolvimento, os quais são extremamente capacitados mesmo antes de começar a ensinar. Como outros países asiáticos, a Coreia do Sul realiza exames públicos competitivos para a seleção e para a mobilidade social, com a entrada em uma boa escola ou universidade dependendo unicamente do desempenho nas provas. As aulas das crianças 1

na Coreia do Sul começam às 7h30 e terminam às 17h. Às 18h, todos vão para uma escola privada, paga por seus pais, nas quais há aulas até tarde da noite. O alto grau de dedicação ao ensino pelos estudantes tem, entretanto, um aspecto negativo. Segundo dados do Ministério da Educação, 146 estudantes cometeram suicídio, incluindo 53 no ensino médio e três no fundamental, em 2010 no país. As crianças na Coreia do Sul se queixam da privação de sono, da falta de tempo, da pressão. Há preocupações de que um sistema como o da Coreia do Sul, muito concentrado no resultado de provas e testes, prejudique o pensamento crítico e a criatividade dos alunos. A educação no Japão Os artigos Educação no Japão publicado no website , Educação no Japão publicado no website e Sistema educacional japonês publicado no website informam sobre as características da educação no Japão na atualidade cuja síntese está apresentada nos parágrafos a seguir. O atual sistema educacional japonês foi estabelecido pelo governo dos Estados Unidos, baseado em seu próprio sistema, após a 2ª Guerra mundial. Ele consiste em 6 anos de escola elementar, 3 anos de ginásio, 3 anos de colégio, e mais 2 anos de ensino técnico superior, ou 4 anos de universidade. No Japão, desde 1947, a educação obrigatória no Japão inclui a educação infantil e o ensino fundamental o qual dura nove anos (dos seis aos 15 anos). Cerca de 75,9% dos formandos do ensino secundário cursam a Universidade e a educação profissional ou outros cursos pós-secundários. O currículo de cada série é determinado pelo Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia. A formação educacional é gratuita e compulsória para todos os que estejam na faixa etária localizada entre os seis e 15 anos. O material pedagógico é constantemente submetido a análises e apreciações. Ao mudar de instituição escolar, os alunos precisam prestar exames para entrar em ginásios, colégios e universidades. No caso de escolas públicas e de universidades, os alunos sempre têm de fazer exames de admissão. O exame de saúde é realizado para todas as crianças que vão ingressar na escola primária. Este exame serve para se conhecer as condições da saúde física e mental da criança e para o aconselhamento adequado durante o curso escolar. Estima-se que 99% das escolas do país sejam públicas. A escola primária começa aos 6 anos de idade cujo currículo acadêmico padrão inclui lingua japonesa, estudos sociais, aritmética e ciências completadas com outras matérias como educação moral, artes, artesanato, música, trabalhos domésticos, educação física e lingua inglesa. A escola secundária começa aos 12 anos de idade. Estima-se que 95% das escolas médias sejam publicas com a média de 38 alunos por classe. Ao contrário da escola primária, na escola média os estudantes têm diferentes professores para diferentes matérias. O currículo da escola secundária inclui lingua japonesa, estudos sociais, aritmética, ciências, música, artes, saúde e educação física. Também existem aulas de trabalhos domésticos e industriais, junto com educação moral e de cidadania. Também existem grupos de atividades especiais nas escolas. No Japão, aproximadamente 94% dos estudantes da escola secundária vão para o ensino superior. O ensino superior é pago, inclusive as públicas que representam 2

aproximadamente 76% dos estudantes. O currículo do ensino superior inclui disciplinas acadêmicas como lingua japonesa, matemática, ciências e inglês, história, geografia, atividades cívicas e economia doméstica, mais as disciplinas para áreas específicas, sendo as áreas econômicas e industriais as mais procuradas. A educação japonesa prima também por uma disciplina radical e uma tradição acirrada, fatores já responsabilizados várias vezes pelo alto índice de suicídios entre adolescentes e jovens, os quais são psicologicamente pressionados pelas famílias e por este sistema educacional altamente exigente. * Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015).

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