Bases Ecológicas para o Desenvolvimento Sustentável - Aula 3 - A água e o Homem.

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Cap. 03 – Água

Autores Principais: Russell Arthurton, Sabrina Barker, Walter Rast e Michael Huber. Outros autores: Jacqueline Alder, John Chilton, Erica Gaddis, Kevin Pietersen, and Christoph Zöckler,Contributing authors: Abdullah AlDroubi, Mogens Dyhr-Nielsen, Max Finlayson, Matthew Fortnam (GEO fellow), Elizabeth Kirk, Sherry Heileman, Alistair Rieu-Clark, Martin Schäfer (GEO fellow),Maria Snoussi, Lingzis Danling Tang, Rebecca Tharme, Rolando Vadas e Greg Wagner Revisão: Peter Ashton. Coordenação Geral: Salif Diop, Patrick M’mayi, Joana Akrofi, and Winnie Gaitho. Adaptação Brasileira: Ricardo Motta Pinto–Coelho.

Cap. 03

Introdução O bem-estar e saúde dos ecossistemas estão sendo seriamente afetados por mudanças no ciclo global da água, causadas, em grande parte, por pressões humanas. Os ecossistemas aquáticos estão sofrendo muitas ameaças: alterações climáticas, usos humanos dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos estão influenciando o estado do ambiente aquático. Na escala das bacias continentais, regionais e dos oceanos, o ciclo da água está sendo afetado por mudanças de longo prazo no clima, ameaçando a segurança humana. Estas mudanças estão afetando as temperaturas do Ártico, e a quantidade de gelo, incluindo as geleiras da montanha.

O nosso bem-estar requer água boa e em abundância. A disponibilidade de água de boa qualidade é essencial para a civilização humana. O homem depende de um aporte seguro de água de boa qualidade não somente para manter a sua boa saúde e para cultivar alimentos e produtos animais de boa qualidade. Várias atividades econômicas tais como a produção de hidroeletricidade, a navegação, o turismo e o lazer dependem e muito desse precioso líquido.

A energia solar é intensamente absorvida pela superfície da Terra. Essa energia é que move o ciclo da água. A água move dos oceanos para atmosfera via evaporação. As correntes oceânicas originam-se das diferenças de temperatura e de salinidade. O calor é transferido aos polos por meio de águas mais quentes superficiais enquanto as águas frias voltam ao equador via correntes profundas. As águas mais frias são mais salinas e mais densas. Essa contínua troca de calor nos oceanos é responsável pela retirada da maior parte do CO2 da atmosfera. Dessa forma, as correntes marinhas é que regulam o clima da Terra. As anomalias térmicas do Pacífico Central (El Nino) observadas, entre 1982 e 1983, provaram que os oceanos têm poder para afetar todo o clima terrestre (Philander, 1990). Existem evidências de que as mudanças climáticas poderão eventualmente afetar as correntes marinhas provavelmente diminuindo a troca de calor provida pela Corrente do Golfo nas altas latitudes.

Impactos sobre as águas Doces Degradação da qualidade da água das atividades humanas continua a prejudicar a saúde humana e dos ecossistemas. Três milhões de pessoas morrem de doenças transmitidas pela água a cada ano nos países em desenvolvimento, a maioria dos quais são crianças menores de cinco anos de idade. Um dos maiores problemas que afetam as reservas de água doce em todo o mundo são as cargas excessivas de nutrientes (N e P) que estão presentes em muitos mananciais (2). A eutrofização das águas está afetando quase todos os rios, lagos e reservatórios do Brasil (1). O seundo problema mais importante refere-se a contaminação das águas continentais por poluentes (2) ou patógenos microbianos (3) Água contaminada por micróbios continua a ser a maior causa de doença e morte humana em uma escala global

O homem interfere na estrutura e funcionamento dos ecossistemas aquáticos Eutrofização

Poluição

Espécies Exóticas

Fragmentação de Habitats

Aumento das temperaturas

Agua Doce (Superficial)

Oceanos Agua Doce (Subterrânea)

Aumento dos níveis dos mares

Acidificação

Salinização

Alterações de Fluxo

Perigo de extinção em corais e moluscos

Pinto-Coelho, R.M. Original

A Crise das Águas, o Agronegócio e as Indústrias Todas as atividades econômicas (agricultura, pecuária, silvicultura, aquacultura, mineração, indústrias, etc.) geram poluição hídrica e depleção das reservas de água doce nos continentes. As atividades humanas levaram a um aumento considerável tanto das fontes pontuais quanto das fontes difusas de poluição. O controle e mesmo a identificação das fontes difusas é muito mais difícil. O “run-off” de nutrientes e de agrotóxicos provenientes da agricultura é a principal causa de poluição hídrica na maioria dos países industrializados (EPA, 2006). Em muitos países industrializados (ex: BRIC´s) ainda é muito comum o descarte de elevada carga poluidora a partir de efluentes domésticos e industriais sem nenhum ou com tratamento inadequado .. É imperativo que os países adotem normas ainda mais rigorosas no controle de toda essa poluição.

Mudanças no uso da água por setor

Agricultura

Indústrias

Uso da água (Atividade Industrial)

Crise das Águas e a Urbanização A tendência para o aumento da urbanização e desenvolvimento do turismo tem impactos consideráveis ​sobre os ecossistemas costeiros, bem como sobre os rios, lagos e reservatórios. Domicílios

Saneamento Básico em 2004: (a) água tratada; (b) esgotos.

Cólera Essa é uma doença de veiculação hídrica que tem experimentado notáveis avanços em algumas regiões tais como na Àfrica e na América Latina.

Impactos sobre as Águas Subterrâneas A quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas, bem como os serviços dos ecossistemas que sustentam a vida estão sendo ameaçadas pelos impactos do crescimento da população, pela migração rural-urbana e pela riqueza crescente e consumo de recursos, bem como pelas alterações climáticas. Se as tendências atuais continuarem, 1,8 bilhão de pessoas em diferentes países ou regiões estarão sofrendo escassez de água em 2025. Dois terços da população mundial pode estar sujeito a estresse hídrico.

A aplicação prática da Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH) na escala da bacia, incluindo a consideração de aquíferos subterrâneos conjuntivo e das zonas costeiras a jusante, é uma resposta essencial para a escassez de água doce.

Pinto-Coelho, R.M. & K. Havens. 2015. A Crise nas Águas.

Aquífero Guarani Trata-se de uma das maiores reservas de água doce da América Latina. Ele necessita de ações multilaterais visando a sua preservação e uso sustentável.

Pinto-Coelho, R.M. & K. Havens. 2015. A Crise nas Águas.

A crescente poluição por nitratos nas águas subterrâneas do Brasil é alarmante Um dos problemas mais comuns de qualidade de águas interiores são as elevadas concentrações de nutrientes, especialmente de N e P. O aporte excessivo desses dois nutrientes causa o fenômeno da eutrofização em 100% dos casos. Essa contaminação provém dos esgotos domésticos, do run-off de atividades agrícolas e também da atmosfera que retém esses elementos de várias fontes (queimadas, p.ex.). Estudos e projetos conduzidos numa escala global sugerem que haverá um aumento entre 10 2e 20 % dos níveis de N nos ecossistemas costeiros, por exemplo. No Brasil, existem poucos estudos sobre o aumento dos níveis de nitratos em rios e reservatórios afetados por atividades agropecuárias mas alguns deles sugerem que o problema já existe e poderá tornar-se grave em poucos anos.

Impactos ambientais, sócio-econômicos e na saúde humana causados por alterações nos níveis e na qualidade das águas subterrâneas.

Mudanças de Estado

Impactos

Saúde

Poços secos

Níveis e qualidade da água subterrânea

Aumento da salinização e da poluição Diminuição das descargas para recarga Instabilidade de solos Intrusões de água salina Fluxo reverso

Segurança Segurança Física Alimentar Queda na atividade de irrigação e na qualidade de água. Queda na qualidade de água.

Queda dos níveis de água disponível para as populações Possibilidades de acidentes graves.

Aumento da poluição em canais e do solo.

Sócio-economia Aumento geral do preços dos alimentos. Diminuição da vida útil de poços e outras estruturas. Aumento da desigualdade de salários e rendas. Aumento dos custos de tratamento da água.

Rios

Pinto-Coelho, R.M. & K. Havens. 2015. A Crise nas Águas.

Pinto-Coelho, R.M. & K. Havens. 2015. A Crise nas Águas.

Pinto-Coelho, R.M. & K. Havens. 2015. A Crise nas Águas.

Declínio (melhoras) na contaminação por substâncias orgânicas perigosas em alguns rios da China e da Rússia.

Impactos ambientais, sócio-econômicos e na saúde humana causados por alterações na vazão dos rios. Mudanças de Estado

Impactos

Perda de biodiversidade.

Aumentos na fragmentação dos ecossistemas e da eutrofização. Alterações na vazão Aumento da dos rios probabilidade de infestações por espécies exóticas.

Queda no transporte de sedimentos para as regiões costeiras

Saúde

Perda de qualidade de água à jusante. Aumento das doenças de veiculação hídrica

Segurança Alimentar Aumento da irrigação

Diminuição dos estoques de pesca Aumento da salinização

Segurança Física

Sócio-economia

Aumento de gastos com controle de enchentes. Aumento dos conflitos pelo uso da água. Aumento dos gastos com migrações internas e regionais.

Quedas na pesca, na navegação, na produção de hidroeletricidade. Perdas econômicas, aumento do desemprego. Perdas econômicas, aumento do desemprego. Perdas econômicas, aumento do desemprego. Perdas econômicas, aumento do desemprego. Perdas econômicas, aumento do desemprego.

Aumento da erosão costeira.

Perda de valor de propriedades.

Queda na produção agrícola das várzeas Queda na produção de áreas úmidas costeiras Queda na marinocultura e na produção de camarões. Queda no transporte de sedimentos para as várzeas inundáveis.

Águas Superficiais

Pinto-Coelho, R.M. & K. Havens. 2015. A Crise nas Águas.

Grandes Lagos A.N. Maior reservatório de água doce do mundo.

Impactos ambientais, sócio-econômicos e na saúde humana causados por alterações na qualidade das águas superficiais. Mudanças de Estado

Impactos

Contaminação Microbiológica Aumento da eutrofização Aumento dos Nutrientes

Aumento dos níveis de BOD

Aumento dos sedimentos em suspensão Presença dos POP´s

Poluição por metais traço Aumento do Lixo

Aumento dos blooms algais. Mortes de peixes Aumento das macrófitas Mau cheiro Queda dos níveis de oxigenação em lagos e rios. Extinção de espécies pouco tolerantes a depleção de OD.

Saúde

Segurança Alimentar

Aumento das doenças de veiculação hídrica. Aumento da contaminação de pescado, mariscos e moluscos usados como alimento. Contaminação por nitratos na água potável.

Sócio-economia Queda no número de dias trabalhados.

Possibilidade do uso de algas e macrófitas como ração, alimento ou biocombustíveis. Aumento da bioacumulação de Queda na saúde dos animais nutrientes em moluscos e (gado, etc.). aumento de doenças neurológicas Quedas na produção de e gastro-intestinais. alimentos. Queda na produção ou na qualidade do pescado.

Queda na produção ou na qualidade do pescado. Aumento dos níveis de Queda na produção ou na contaminação desses agentes nos qualidade do pescado. produtos de origem animal. Aumento das doenças crônicas. Aumento das doenças crônicas. Queda na produção ou na qualidade do pescado. Animais peçonhetos, aumento Queda na produção ou na nas pragas urbanas. qualidade do pescado.

Aumento nos custos de tratamento da água e dos esgotos. Quedas nas atividades de recreação ou do turismo. Quedas nas atividades de recreação ou do turismo.

Blue Water and Green Water A poluição proveniente de fontes terrestres difusas, principalmente a agricultura e o run-off urbano, necessita de uma ação urgente por parte dos governos e do setor agrícola. Poluição por pesticidas, substâncias perturbadoras do sistema endócrino e sedimentos em suspensão também são difíceis de controlar. Estoques de água doce também sofrem com a degradação do habitat e reg

Fluxo Global das Águas (verdes e azuis)

Os valores para irrigação incluem também as frações de água não renovável subterrânea. Fonte: Falkenmark and Rockström 2004

Contaminação por Nitratos e Nitritos A contaminação por nitratos e nitritos (nitrogênio inorgânico solúvel) é muito variável segundo a região considerada. De um modo geral ela é alta na Europa e África e está aumentando. Os dados da América Latina não são muitos e nem confiáveis.

Atividades Humanas e o Ciclo do Nitrogênio

Aerossóis

Estratosfera

Ozônio Efeito Estufa NOx

NH3

NHx

Energia

Impactos dos Agroecossistemas

NOy

Impactos nos Ecossistemas Terrestres

Florestas Cultivo

Animal

NHx Adubos

Solo

Solo

N-Org

Nitratos

Pinto-Coelho, R.M. Original.

Águas Superficiais

Águas Subettrâneas Alimento, Fibras e Madeiras

Eutrofização e Contaminação das Águas na Europa - Teores de nitrogênio e fósforo

Represa de Nova Ponte Padrões espaçais sub-superficiais (agosto de 2008)

Área sob intenso Cultivo de Café

Nitratos (µg.L-1) N-NO3 Pinto-Coelho, R.M. & E. Vieira (in press)

Pinto-Coelho, R.M., M.B. Greco, R. Resck, M. Avila, J.F. Bezerra-Neto & L. Brighenti. 2008. Relatório de Estudo Ambiental e de Regularização do Parque Aquícola do Indaia 1, reservatório de T. Marias, MG (versão 24fev2008, rmpc). Secretaria Especial de Pesca da Presidência da República -SEAP-PR. Belo Horizonte (MG).

Três Marias Nitratos (µg.L-1) N-NO3

Produção de Alimentos e a Ecologia - Ciclagem de nutrientes (eutrofização) - Balanço Hídrico (déficit hídrico) - Mudanças Climáticas (emissões de GEE) -Biodiversidade (extinções/introduções)

Origens e efeitos do aporte externo de nutrientes no reservatório de São Simão (MG/GO)

Esse projeto demonstrou a relação entre a degradação da qualidade de água no reservatório, o aporte externo de fósforo e atividade sucroalcooleira na bacia do rio Tijuco, tributário do rio Paranaíba, Minas Gerais.

Em janeiro de 2002, constatou-se um extenso florescimento de cianobactérias no reservatório logo.. As fotos ilustram o evento no braço do Tijuco-Prata (Ponto C-09).

UFMG – ICB – Depto. Biologia Geral, Lab. Gestão Ambiental de Reservatórios

Fig. - Cianobactéria Anabaena circinalis fotografada em microscopia de campo claro, no aumento 1000X (com óleo de imersão) em microscópio Leica acoplado a vídeo câmera CCD-SONY. Imagem processada pelo software Photoimpact 3.2. Foto de Cid Antônio Morais Jr.

UFMG – ICB – Depto. Biologia Geral, Lab. Gestão Ambiental de Reservatórios

Do lado mineiro, a atividade agrícola também apresentou um padrão espacial heterogêneo com uma maior concentração dessa atividade na bacia do rio Tijuco e uma menor intensidade na bacia do rio São Gerônimo. UFMG – ICB – Depto. Biologia Geral, Lab. Gestão Ambiental de Reservatórios

O assoreamento é uma das piores formas de degradação ambiental dos recursos hídricos.

Em muitas regiões do globo tais como no Marrocos, Colômbia e mesmo no Brasil, muitos rios e reservatórios estão rapidamente sendo assoreados. Em alguns casos, tais como na represa Mohammed V (Marrocos), um grande empreendimento (300 MW,) as estimativas são de que em 2030 o reservatório esteja completamente assoreado. O rio São Francisco era antes navegável de Pirapora (MG) a Juazeiro na Bahia. Hoje, o que se vê são gaiolas abandonas às suas margens.

Impactos sobres as águas Oceânicas O homem já interfere até nos mares. A temperatura da água (1), a salinidade dos oceanos (2) estão sendo alteradas bem com a sua crescente acidificação (3) e os níveis do mar estão subindo (4). Essas mudanças afetam, por sua vez, padrões de precipitação, eventos climáticos extremos e possivelmente regime circulatório do oceano.

Correntes Marinhas e o Clima Global

Existem evidências de que as correntes marinhas regulam todo o clima na Terra. As mudanças climáticas poderão alterar alguns padrões dessas correntes, como por exemplo, diminuindo a quantidade de calor que a Corrente do Golfo leva a altas latitudes. Esse efeito poderá causar um aumento considerável das temperaturas de verão na Europa Ocidental

Os blooms algais afetam mares, lagos e rios em todo s os continentes.

Florações de algas (Algal blooms) Esse fenômeno é apenas um dos efeitos da eutrofização que causada pelo excesso de nutrientes (Ne P) às águas continentais e costeiras. O controle da eutrofização requer tecnologia, ações articuladas de governo e muitos recursos para que possa ter sucesso.

Florações de algas na Flórida, EUA.

Qualidade das Águas Superficiais dos EUA Florescimentos de algas e cianobactérias são um fenômeno comum no litoral dos EUA.

Impactos da indústria petrolifera sobre os ecossistemas aquáticos

Fig. 4.11 – Volumes globais de vazamento de óleo acima de 136 tons (1000 barris) no período 1974-1997.

O Futuro II: a pesca e aquicultura.

Recursos Pesqueiros Pesca marinha e de água doce globais mostram declínios em larga escala, causados ​principalmente pela pesca excessiva persistente. O Total de capturas marinhas estão sendo sustentado apenas pela pesca que explora cada vez mais áreas mais distantes e mais profundas nos oceanos, e progressivamente, explora os níveis tróficos mais baixos da cadeia alimentar.

Muitos governos investem recursos e subsídios em pesca ilegal, exploratória ou insustentável.

Fig. 4.13- Exploração dos estoques pesqueiro nos oceanos

Figura 7.18 Produção de pescado em alto mar pelos principais países da pesca marítima.

More recently, after the decline of traditional stocks, such as cod, attention has turned to deep-sea fishing (deeper than about 400 m), where fish are particularly vulnerable to overfishing because of their slow ability to reproduce (see Chapter 4). Several deep-sea stocks are now heavily exploited, and, in some cases, severely depleted (ICES 2006). A very small number of countries land most of the fish catch from the high seas (see Figure 7.18).

Alterações na qualidade e tipologia do pescado nos oceanos As estatísticas não deixam qualquer dúvida: há variações siginificativas na qualidade dos peixes capturados em várias regiões dos oceanos. A tendência é aumento das capturas de peixes herbívoros ou planctívoros.

A aquicultura A ativiade aquícola é uma das mais promissoras formas de produção de proteína animal no século XXI.

Importância do pescado e de outras fontes de proteína animal (em 2002 e uma projeção para o ano de 2012).

Tendências na produção aquícola e os níveis tróficos dos peixes mais usados na alimentação humana. Enquanto que as capturas de pescado cresceram a uma taxa 0,76% entre os anos de 1987 e 2004 (marinho+água doce), a produção aquícola cresceu a uma taxa anual de 9,1%, atingindo 45 milhões de toneladas em 2004 (FAO, 2006). Os hábitos de diversas populações humanas estão mudando e hoje pelo menos 46% de todas refeições a base de peixe em todo o mundo estão baseadas em produtos aquícolas (Malherbe, 2005). Cerca de 70% do óleo de peixe atualmente usado é proveniente da atividade aquícola (Wijkstrom, 2002).

Principais espécies cultivadas no Brasil (2006) Espécies

2006 Volume (t)

%

Camarão

65.000,00

23,92

Tilápia

71.253,50

23,23

Carpa

45.831,50

16,87

Tambaqui

26.662,00

9,81

Mexilhões

12.082,50

4,45

Tambacu

10.989,50

4,01

Pacu

10.625,50

3,91

Piau

3.542,50

1,35

Ostras

3.413,50

1,26

Outros

22.295,00

8,21

Total

271.695,50

100

Fonte: IBAMA (2008)

Pesca & Aquicultura 60000

Ton (1000 x)

50000 Crustáceos Outros

40000

Cefalópodes Moluscos

30000

Peixes Marinhos (lit.) Peixes Marinhos (Pel.)

20000

Estuários Peixes A. Continentais

10000

il Br az

EU A Ja pa Th n ai la n N d or wa Vi et y N am

hi le C

es

ia

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ru Pe

C

hi n

a

0

O Brasil ocupa um tímido 31 lugar no ranking mundial de produção de pescado (2004). Enquanto a China (1 lugar no ranking) produz 48,9 milhões de toneladas por ano, o Brasil produz 50X menos (1,01 milhão de toneladas). Há algo errado com a pesca no Brasil. Fonte: FAO, Fisheries, 2004

Aqüicultura em gaiolas flutuantes no Mundo

Água salgada

Água doce

FAO - 2007

A Aqüicultura na América do Sul

País Chile

Produção (2006) 8,36 x 105

Contribuição Relativa (%) 70

Brasil

2,71 x 105

22

Outros

1,03 x 105

8

Total

1,21 x 106

100

Fontes: SOFIA (2008)

Impactos perversos da aquicultura em Honduras

O rápido desenvolvimento da aquicultura (camarões) em Honduras está causando sérios impactos no ambiente e para as comunidades locais. As fazendas aquícolas impediram o acesso de pescadores e coletadores aos mangues, estuários e lagunas. A proliferação dos tanques-redes causou a destruição de ecossistemas pristinos de grande valor ecológico e está associada a uma grande perda de biodiversidade. Por fim, aspectos ligados a hidrologia e a perda da qualidade de água ainda são visíveis. As fazendas aquícolas levaram ainda a uma grande queda nos estoques de pescado nativo.

Mudanças Climáticas Uma das consequências mais notáveis das mudanças climáticas são as alterações dos padrões regionais de pluviosidade. O mapa abaixo ilustra que certas regiões da África, América do Sul tornarão mais secas. A pluviosidade irá aumentar em áreas tais como Oceania, llesta da América do Norte e em Bangladesh

Distribuição espacial e tipologia das áreas áridas mundiais. Análise sistemática das diversas condições sócio-económicas e naturais em terras áridas aumentou a compreensão dos padrões específicos de vulnerabilidade. A distribuição global de vulnerabilidade foi investigada através de uma análise de cluster. A análise produziu oito constelações , ou " clusters de condições sócio- econômicas e naturais" em terras áridas , representadas por cores que variam do vermelho brilhante para os mais vulneráveis ​, a cinza neutro para o cluster menos vulnerável. Regiões úmidas são mostrados em branco.

Legend to the map: + = high value for the specific indicator – = low value for the specific indicator 0 = intermediate value for the specific indicator

Populações humanas que vivem em zonas áridas estão concentradas nos países menos desenvolvidos.

Aos eventos de secas causam sérios impactos na atividade econômica. Os impactos da seca podem causar reduções de 25% a 100% do PIB

A Governança Ambiental Recursos Hídricos

Associação entre mudanças nos ecossistemas aquáticos e o bem-estar da humanidade. Ecossistema Aquático

Pressões

Rios, córregos e vázeas alagáveis

Regulação do fluxo por represamento e captações, perdas por evaporação, eutrofização e poluição

Lagos e reservatórios

Alteraçoes na drenagem Eutrofização e poluição Sobrepesca Espécies exóticas Alterações na estrutura e função do ecossistema

Mudança de Estado Selecionada Aumento do tempo de detenção Fragmentação do ecossistema Interrupção da interação entre rio e várzea Interrupção das migrações dos peixes Blooms de algas Perda de habitat Algal blooms Condições anaeróbicas Peixes e moluscos exóticos Macrófitas

Saúde Humana

Segurança Alimentar

Segurança Física e Sócio-economia Outras

Aumento dos gastos de saneamento básico Aumento das doenças de veiculação hidrica

Quedas na produção de peixes

Aumento das doenças de veiculação hidrica

Quedas na produção de peixes Aumento na produção de biocombustíveis Queda na agricultura de várzea

Aumentos de conflitos pelo uso da água Aumento dos movimentos migratórios Alterações nos padrões de uso agrícola Aumento dos grandes projetos agro-pastoris Aumentos de conflitos pelo uso da água Aumento dos movimentos migratórios Alterações nos padrões de uso agrícola Aumento dos grandes projetos agro-pastoris

Aumentos da concentração da renda e das desigualdades entre classes sociais Perda de empregos

Aumentos da concentração da renda e das desigualdades entre classes sociais Perda de empregos

Associação entre mudanças nos ecossistemas aquáticos e o bem-estar da humanidade. Ecossistema Aquático

Pressões

Mudança de Estado Selecionada

Saúde Humana Segurança Alimentar

Segurança Física e Outras

Sócioeconomia

Lagos sazonais Brejos e outras áreas úmidas, etc.

Alterações nos padrões de drenagem Mudanças nos ritmos dos fluxos

Perda de habitat e de espécies Queda nos fluxos e na qualidade de água Aumento dos blooms algais Condições anaeróbicas Ameaças a flora e fauna locais

Perda da capacidade de recarga Diminuição da qualidade de água

Aumento da freqüência e da magnitude de “flash floods”. Perda de capacidade local em gerir eventos extremos (secas e enchentes).

Diminuição de áreas agricultáveis e de pastoreio. Perda de capacidade de crescimento econômico

Excesso de herbivoria Espécies invasoras

Queda na pesca;

Ecossistema Aquático

Pressões

Manguezais e brejos salinos

Conversões para outros usos Escassez de água doce Exploração da madeira Exposição a tempestades e tsunamis Recifes de corais Aumentos na Eutrofização e Sedimentação Aumentos da temperatura superficial Queda na densidade de peixes Acidificação dos oceanos Estuários e Eutrofização comunidades intertidais Poluição (restingas, etc.) Exploração acima da capacidade de suporte local Dragagem

Bancos de macrófitas, comunidades lodosas de fundo marinho raso e comunidades em substratos rochosos em zonas de marés

Poluição Contaminação com POP´s e metais Mineração

Mudança de Estado Selecionada Queda na distribuições dos manguezais Queda da densidade de árvores e na diversidade em espécies

Saúde Humana

Segurança Alimentar Segurança Física e Outras Queda dos estoques Diminuição da de peixes, capacidade de caranguejos e tamponamento moluscos de ecológico mangues

Sócio-economia

Queda na disponibilidade de pescado originário dos recifes de corais

Diminuição da capacidade de tamponamento ecológico

Diminuição na atividade do turismo Diminuição da pesca em pequena escala Aumento da pobreza Diminuição do padrão de vida das sociedades locais

Queda geral na qualidade de água e aumento dos níveis de sedimentação.

Queda na pesca

Diminuição da capacidade de tamponamento ecológico

atividade do turismo Diminuição da pesca em pequena escala Aumento da pobreza Diminuição do padrão de vida das sociedades locais

Degradação ecológica da costa e da qualidade da água costeira.

Quedas na pesca

Diminuição da capacidade de tamponamento ecológico

Aumento da pobreza Diminuição do padrão de vida das sociedades locais

Aumento do risco de malária e dengue.

Aumento do branqueamento e mortalidade dos corais Perdas generalizadas na comunidade de peixes.

Variações abruptas no equilíbrio das comunidades intertidais Depleção do oxigênio dissolvido Queda na densidade dos moluscos bivalves Perdas de habitats pristinos

Diminuição da madeira Diminuição da atividade da pesca Aumento das migrações Queda no Turismo

Questão

Meta

Monitoramento

Perda em Biodiversidade Mudanças climáticas Perda e degradação das florestas Poluição do Ar (dentro dos domicílios) Gestão integrada de recursos hídricos Poluição do solo Degradação do solo e desertificação Pesca marinha em larga escala Poluição do ar residual POP´s Camada de Ozônio (estratosfera) Abastecimento e saneamento Segurança hídrica Metas Nenhuma meta Metas quantitativas mas sem base legal Metas quantitativas com base legal

Monitoramento Nenhum monitoramento Monitoramento irregular Monitoramento regular

Estado das Mudanças Aumento da temperatura da superfície dos oceanos

Impactos

Saúde

Mudanças na estrutura Perda de trófica e nas teias qualidade na alimentares. nutrição Branqueamento de corais

Aumento do nível dos mares

Variações na precipitação

Aumento da freqüências de tempestades tropicais e sub-tropicais Aumento da freqüência das enchentes

Aumento da frequência das secas

Degelo e Perda do Permafrost

Variações nos padrões de circulação dos oceanos Degelo das geleiras de montanhas Alterações profundas na Tundra Aumento do nível dos oceanos

Acidificação dos Oceanos

Perda de diversidade e biomassa dos organismos bio-calcificadores.

Interrupção de serviços públicos essenciais Aumento nas doenças de veiculação hídrica Desnutrição

Segurança Alimentar

Segurança Física

Variações na qualidade do pescado e perda de valor na aquacultura. Queda na pesca tradicional. Diminuição da conservação de parques e outras reservas de corais. Impacto na aquacultura. Inundações freqüentes em importantes áreas da costa.

Variações na produção agro-pastoril e perda de cultivos. Perda de cultivos.

Prejuízos econômicos e na infra-estrutura habitacional e de transportes. Prejuízos econômicos e na infra-estrutura habitacional e de transportes.

Sócio-economia Quedas acentuadas na perfomance econômica de vários países. Queda no Turismo em algumas áreas tais como o Caribe. Aumento dos prejuízos econômicos causados pelos danos na infraestrutura e dos gastos para contenção das marés. Danos a propriedades públicas e particulares. Aumento dos gastos com manutenção da infra-estrutura. Danos a propriedades públicas e particulares. Aumento dos gastos com manutenção da infra-estrutura.

Perda ou redução severa de Aumento dos conflitos Queda do crescimento econômico das cultivos. relacionados ao uso da água. áreas agrícolas afetadas. Queda na produção de hidroeletricidade. Queda na disponibilidade Aumento da erosão em Melhorias na navegação costeira em de água para irrigação. áreas costeiras. altas latitudes. Perda de estabilidade dos Danos a propriedades públicas e solos. particulares. Aumento dos gastos com manutenção da infra-estrutura. Início do uso agrícola da Tundra. Aumento dos gastos com conervação de ecossistemas críticos. Queda na pesca costeira. Queda no turismo. Queda na pesca. Outros prejuízos ainda não previstos.

Observações Finais A disponibilidade de água doce e de utilização, bem como a conservação dos recursos aquáticos, são fundamentais para o bem-estar humano. O equilíbrio entre progresso econômico e a obediência à capacidade de suporte exige tecnologia, quadros legais e institucionais, e, quando possível, abordagens baseadas no mercado. Há evidências de que a Gestão Integrada de Recursos Hídricos - GIRH na escala da bacia, a melhoria do tratamento de efluentes. As consequências socioeconómicas de todas essas mudanças são potencialmente imensas. São necessárias ações globais concertadas para combater as causas profundas, enquanto os esforços locais podem reduzir a vulnerabilidade humana.

Devemos focar nossos esforços para uma melhor gestão das águas na agricultura que é responsável por mais de 70 por cento do uso global da água. Há uma escassez de acordos internacionais que tratam sistemas de água doce transfronteiriças, uma fonte significativa de potencial conflito no futuro. Existem evidências de que a implementação de respostas políticas para os problemas ambientais melhora a saúde humana, o crescimento sócio-econômico e sustentabilidade ambiental aquático.

Muito Obrigado ! Prof. Dr. Ricardo Motta Pinto-Coelho LGAR – ICB - UFMG

Para outras informações LGAR-ICB-UFMG Sala I3 254 Telefone: 031 3409 2574 E-mail: [email protected] http://ecologia.icb.ufmg.br/~rpcoelho/BEDS/

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